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1 PROCESSOS ORGANIZACIONAIS –Resumo dos principais aspectos conceituais Elaborado por: Professor Paulo Matta -2013 Obras consultadas:- Chiavenato - Administração dos novos tempos; Cury - Organização e métodos. ADAIR, C. B.; MURRAY, B. A. Revolução total dos processos. São Paulo: Nobel, 1996 e a Apostila do prof. Marcos Eduardo de Mattos - UNIP AGOSTO 2013). 1. A Visão Organizacional 1.1. Introdução Segundo Chiavenato, desde 5.000 a.C. os sumérios já utilizavam registros escritos a respeito de suas atividades comerciais e governamentais. Também os egípcios demonstraram nas construções de suas pirâmides um alto grau de planejamento e organização, assim como no império romano a comunicação e organização estiveram certamente presentes. Contudo a grande virada se deu no século XVIII com a Revolução Industrial, que mudou profundamente o mundo com o aparecimento das máquinas à vapor, substituindo as oficinas artesanais pelas fábricas, a agricultura para a indústria. Mas somente em 1903, quando Taylor (Frederick Winslow Taylor 1856 – 1915), escreveu o primeiro livro sobre administração, é que foi inaugurada a teoria administrativa. 1.1.1. Definições: Administração, administrador e organização. A essência da Administração é o ser humano. Seu objetivo é tornar as pessoas capazes do desempenho em conjunto. Tornar suas forças eficazes e suas fraquezas irrelevantes. Transformar a informação em conhecimento e este em ação efetiva é a função específica do Administrador e da Administração. (Peter Drucker) A Administração existe em função dos resultados da organização. É o órgão que faz com que a instituição (empresa, universidade, hospital, ongs, etc.) seja capaz de produzir resultados fora dela própria. (Peter Drucker) A Administração é um tipo de esforço humano cooperativo que possui um alto grau de racionalidade. (Antonio Cury, 2006) Administração é o processo de Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar a aplicação dos recursos organizacionais para alcançar objetivos de maneira eficiente e eficaz. Administração é o processo pelo qual um grupo de pessoas dirige as ações de outras no sentido de alcançar objetivos comuns. (Chiavenato, 2004) Ao Administrador cabe não mais a tarefa de apenas tornar o trabalho mais fácil, mais produtivo e melhor, mas sim aplicar os recursos organizacionais para alcançar os objetivos e atingir desempenho excepcional. 2 O Administrador dá direção e rumo às organizações, proporciona liderança às pessoas e decide como os recursos organizacionais devem ser arranjados e aplicados em busca dos objetivos da Organização. (Chiavenato, 2004) Organização é um empreendimento humano criado para atingir objetivos. Organização é um arranjo sistemático de duas ou mais pessoas que cumprem papéis formais e compartilham de um propósito comum. (Robbins, Stephen). Organizações são entidades sociais que são divididas por metas, são desenhadas como sistemas de atividades deliberadamente estruturadas e coordenadas e são ligadas ao ambiente externo. Organização é um conjunto de pessoas cujos esforços foram coordenados para conseguir certo resultado no qual todos estão interessados, embora seu interesse se possa dever a motivos muito diferentes. (Lopez, José A. Peres) As definições acima permitem algumas reflexões: a primeira delas é a de que vivemos num mundo onde as organizações (empresas, entidades, órgãos públicos, industrias, etc) estão presentes em todas as atividades necessárias à vida em sociedade. Por qualquer lado que olharmos estaremos diante de uma Organização: necessitamos de moeda aí estarão as entidades financeiras, de locomoção as empresas de transporte, de conhecimento as universidades e escolas, de saúde os hospitais, de lazer as empresas de entretenimento, de serviços as diversas prestadoras, etc, etc, etc. Trabalhamos nas organizações, passamos a maior parte de nosso tempo nelas. Outra reflexão diz respeito à razão de ser de uma Organização, que é o de trazer algum benefício à sociedade ou aos indivíduos, na forma de produtos ou serviços. A Organização existe para atender demandas das pessoas. Para serem bem sucedidas é necessário que a sociedade perceba e usufrua seus benefícios, formando um ciclo virtuoso de produção e demanda. Em outras palavras: os resultados são essenciais para tornar as Organizações perenes. Uma terceira abordagem é sobre as pessoas. Uma Organização é composta de recursos físicos (insumos, matéria primas, instalações, equipamento, etc.) e recursos humanos, isto é, pessoas. Portanto uma Organização pode ser considerada um ser dinâmico, não estático, que possui reações, interesses e motivos, da natureza humana. Por fim uma análise sobre o caráter cooperativo e racional da Administração. Ação humana é cooperativa se produzir efeitos que estariam ausentes caso a cooperação não se efetivasse. É racional quando dotada de reflexão, de pensamento e de estudo na consecução das metas a serem atingidas. (Antonio Cury). 1.1.2. Visão histórica da administração Administração Científica - enfatizando as tarefas do operário. Taylor, um engenheiro mecânico que trabalhou como torneiro, chefe de equipe e gerente de ferramentaria, observa que o trabalhador comum era incapaz de entender a complexidade da ciência que rege as operações no trabalho, quer seja por falta de estudo, quer seja por insuficiência mental e a partir dessa observação, propõe a divisão das atividades entre planejamento e execução, 3 além de subdividir as tarefas mais complexas em tarefas simples como forma de otimizar o desempenho humano. O planejamento e controle das tarefas seriam de responsabilidade da elite pensante e a execução seria de responsabilidade dos trabalhadores comuns. É o início da teoria da administração científica, segundo a qual são implantados os conceitos de se produzir em escala, através da racionalização de tarefas, tempos e métodos, o chamado “the best way”. Apresenta os primeiros conceitos à respeito da eficiência. Taylor escreve em seu primeiro livro, Princípios de administração científica, que os empregados devem ser cientificamente adestrados para aperfeiçoar suas aptidões e, portanto, executar um serviço de modo que a produção seja cumprida e escreve também que uma atmosfera de cooperação deve ser cultivada entre a administração e os trabalhadores para garantir a continuidade da produção. Era a chamada abordagem tecnicista e mecanicista. Princípios de Taylor: 1- Planejamento – substituir a improvisação pelo método científico. 2- Preparo – selecionar, treinar para o que foi determinado. 3- Controle – controlar para certificar-se de que seja cumprido as normas 4- Execução – distribuir atribuições e responsabilidades. Garantir disciplina. Princípios secundários de Taylor: 1- Estudo de tempos e movimentos – racionalizar. 2- Seleção científica do trabalhador – adequação das pessoas às tarefas 3- Preocupação com a fadiga – como acontece e como evitar. 4- Padrão de produção – eficiência 100%. 5- Plano de incentivo salarial – remunerar por produção (movidas por $) 6- Supervisão funcional – oposto ao comando único. 7- Condições ambientais de trabalho – iluminação, ruído, temperatura, etc. As ideias de Taylor representaram uma revolução à época, iniciando um movimento de organização racional do trabalho, rapidamente estendido por todo o mundo industrializado. Quem melhor aplicou essas idéias foi Henry Ford. Teoria clássica e modelo burocrático enfatizando a estrutura organizacional. Enquanto Taylor se preocupava com as tarefas no chão de fábrica, uma nova corrente de estudos surgia na Europa preocupando-se comos aspectos gerais da administração e a estrutura das empresas, ou seja, as relações entre os órgãos que compõe uma organização e seus princípios universais. A teoria clássica, que visa à estrutura nas organizações, teve início com o francês Henry Fayol (1841 – 1925) em 1916. Para ele as empresas são compostas por 6 funções básicas (financeira, técnica, comercial, contábil, de segurança e administrativa), sendo a função administrativa aquela que coordena e integra todas as demais. Para Fayol, administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Desenvolveu 14 princípios gerais de administração e pretendia, com isso, padronizar e proporcionar regras genéricas de aplicação, como uma espécie de receita para lidar com assuntos administrativos. 1-Divisão do trabalho – especialização 2-Autoridade e responsabilidade devem ser proporcionais. 3-Disciplina – como resultado de liderança eficaz. 4 4-Unidade de comando – cada empregado deve ter apenas um superior. 5-Unidade de direção – cada grupo um mesmo objetivo. 6-Subordinação dos interesses pessoais aos gerais. 7-Remuneração – salários adequados. 8-Centralização – a tomada de decisão deve ser centralizada. 9-Cadeia escalar – comunicação seguir a linha de autoridade. 10-Ordem – pessoas e materiais no lugar certo e no tempo certo. 11-Equidade – tratamento igual. 12-Estabilidade no emprego. 13-Iniciativa – esforço e dedicação. 14-Espírito de equipe – harmonia e unidade. Outros autores clássicos se preocuparam com a estrutura organizacional como uma rede de relacionamento entre órgãos e pessoas. No sentido vertical (vários níveis hierárquicos) e no sentido horizontal (vários departamentos). Daí decorre a estrutura piramidal da organização formal provocado pela cadeia escalar (linha ininterrupta de autoridade que liga todas as pessoas na organização e define a autoridade e responsabilidade dentro da organização). A teoria da burocracia surgiu por volta de 1947, com a tradução para o inglês dos escritos de Max Weber (1864 – 1920). Para ele a burocracia é a organização racional e eficiente por excelência. Se fundamente em 6 divisões: 1-Divisão do trabalho – permite a especialização, define as tarefas. 2-Hierarquia – organização dos cargos. 3-Regulamentação – normas, regras, procedimentos. 4-Comunicação formalizada – escritas e documentadas. 5-Impessoalidade – ênfase nos cargos e não em pessoas. 6-Competência profissional – promoção baseada em competência. Weber pressupõe como condição indispensável para a existência dessa estrutura formal, denominada burocracia, a predominância da lógica e da razão no comportamento funcional dos servidores e em impessoalidade ou neutralidade de atitudes. Para Weber eficiência é a adequação dos meios aos fins visados, isto é, a organização é racional se os meios mais eficientes são escolhidos para a implementação das atividades. Com a burocracia ocorre a separação entre a propriedade e a administração. O proprietário não qualificado se afasta da administração cedendo- a para o administrador profissional selecionado por competência técnica e, por ser assalariado, pode ser demitido ou exonerado. Teoria das Relações Humanas: enfatizando o papel das pessoas nas organizações. Elton Mayo (1880 – 1949), no inicio da década de 1920 foca seus estudos numa visão mais humanista das organizações e, numa experiência que se tornou um marco nestas relações, conhecida como Caso Hawthorne, cria, literalmente, a escola das relações humanas. O indivíduo passa a ser considerado como ser humano ou ser social, com objetivos e inserção próprios. O caso Hawthorne (1927-1932) compreende-se de uma pesquisa desenvolvida por Mayo e seus colaboradores numa fábrica situada no bairro de Hawthorne, Chicago, chamada Western Eletric Company, fabricante de equipamentos para empresas de telefonia. Os experimentos pretendem determinar uma possível relação entre intensidade de iluminação dos ambientes de trabalho e a eficiência dos trabalhadores. Mayo observa que após melhorar os níveis de luminosidade da linha de produção, a produção também melhora. A fim de comprovar a influencia da iluminação na 5 produtividade das pessoas, o nível de iluminação é reduzido novamente, mas surpreendentemente a produtividade não diminui, na verdade aumenta. E por quê? Porque as pessoas estavam “gostando” de serem observadas, tratadas de forma diferente... Com o advento da Teoria das Relações Humanas, uma nova linguagem surge: motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo, etc. O método e a máquina perdem espaço para as relações entre pessoas. No entanto, após uma década de domínio da teoria das relações humanas, muitas críticas surgiram, tais como: inadequada visualização dos problemas das relações industriais, concepção ingênua e romântica do operário, parcialidade nas conclusões, enfoque manipulativo das relações, entre outras. A contribuição maior da Teoria das Relações Humanas foi ressaltar a necessidade de boas relações humanas no ambiente de trabalho, o tratamento mais humano às pessoas, a adoção de administração mais democrática e a participação nas decisões. 1.1.3. Administração é fazer acontecer. O administrador não é aquele que faz, mas o que faz fazer. A administração faz as coisas acontecerem através das pessoas. É uma ciência social, pois lida com negócios e organizações através de pessoas. Critérios de eficiência e eficácia: Eficiência é fazer certo as coisas. Está relacionada com os meios, isto é, a relação entre os recursos utilizados e os produzidos. As medidas de eficiência pode ser o custo, a utilização do equipamento, a manutenção, o retorno do capital, etc. Um administrador eficiente é aquele que utiliza bem e corretamente as coisas. 6 Eficácia é fazer as coisas certas. Está relacionada com os fins, os resultados. É o atingimento dos objetivos. Nem sempre estes dois conceitos andam juntos. Às vezes o administrador consegue extrair o máximo dos recursos disponíveis, mas não é eficaz porque não alcançou os objetivos esperados. Outras vezes é eficaz ao atingir suas metas, mas queimando recursos desnecessariamente. Ganha a guerra, mas deixa mortos por todos os lados. O ideal é ser eficiente e eficaz ao mesmo tempo. A isto se dá o nome de excelência. EFICIENCIA EFICÁCIA Fazer corretamente as coisas Fazer as coisas necessárias Preocupação com os meios Preocupação com os fins Ênfase nos métodos e procedimentos Ênfase nos objetivos e resultados Cumprir os regulamentos internos Atingir metas Treinar e aprender Saber e conhecer Jogar futebol com arte Ganhar a partida de futebol Saber batalhar Ganhar a guerra Ser pontual no trabalho Agregar valor a organização Utilizar método de trabalho Alcançar resultados Não faltar a missa aos domingos Ganhar o céu 1.1.4. Níveis organizacionais O administrador pode estar situado em um dos três níveis organizacionais. Em cada nível ele desempenha um papel diferente: Nível Institucional ou Estratégico: É o nível administrativo mais elevado da organização. Normalmente constituído pelo Conselho de administração, Presidente e Diretores, compondo a chamada alta administração. Está em contato direto com o ambiente externo, sujeito às pressões ambientais e aos impactos das 7 mudanças. É responsável pela definição do futuro do negócio, devendo possuir visão estratégia e orientada para o futuro. Define a missão, visão e objetivos fundamentais do negócio. Nível Intermediário ou Gerencial ou Tático: É o nível administrativo que articula internamente os níveis Institucionale o Operacional. É o nível do meio campo. Funciona amortecendo os impactos recebidos pelo ambiente externo por decisões tomadas pelo nível Institucional. Transforma as estratégias em planos de ação para o nível Operacional. Interpreta a missão, visão e os objetivos fundamentais do negócio. Deve possuir visão tática, orientada para sua unidade de negócios. Nível Operacional: É o nível operacional mais próximo ao chão de fábrica, mais íntimo da organização. É o nível que administra a execução das tarefas e atividades do cotidiano. Deve possuir visão operacional e recebe o nome de supervisão de primeira linha, pois tem contato direto com os funcionários não administrativos. Algumas características dos níveis administrativos: Institucional: atuação estratégica, abrangência global (toda organização), longo prazo. Intermediário: atuação tática, abrangência parcial (uma unidade), médio prazo. Operacional: atuação operacional, abrangência específica (tarefa), curto prazo. 1.1.5. O processo administrativo O processo administrativo é composto de quatro macro atividades ou funções específicas: planejamento, organização, direção e controle (PODC). Dessa forma podemos definir administração como sendo o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos organizacionais disponíveis com o objetivo de alcançar metas previamente estabelecidas. Recurso organizacional pode ser entendido como todo aquele que é necessário na obtenção dos resultados, ou seja: capital, trabalho, matérias primas, informação e tecnologia. Numa rápida visão podemos definir: Planejamento como o ato de definir o que a organização pretende. Organização como a função alocação e arranjo dos recursos para o atingimento dos objetivos. Direção é a orientação, a influência e a colocação dos planos em marcha. Finalmente ao Controle é a função que monitora as atividades da organização. 8 Em resumo para o bom desempenho de um administrador é recomendável que desenvolva habilidades nas quatro funções, no entanto sabemos que há excelentes planejadores e ótimos organizadores, mas nem tão bons em dirigir, há também aqueles que são excelentes na direção e pouco eficazes em controles. Afinal, ninguém é perfeito. 1.1.6. As habilidades do administrador O desempenho de um administrador é fruto das habilidades que possui e usa. Habilidade é a capacidade de transformar conhecimento em ação que resulta num resultado desejado. Existem, segundo Kats, 3 tipos de habilidades: Habilidade conceitual Habilidade humana Habilidade técnica Habilidade conceitual implica na capacidade de se trabalhar com idéias, estratégias, teorias, conceitos, visão do todo (holística), visão de futuro, formulação de cenários, percepção de oportunidades e ameaças, visão sistêmica, etc. Também estão relacionadas ao pensamento, ao raciocínio, ao diagnóstico e à solução de problemas. São capacidades cognitivas elevadas do administrador que o credencia a desenvolver a missão, a visão e os objetivos estratégicos da organização. Habilidade humana está relacionada ao relacionamento com pessoas, isto é, relacionamento grupal e interpessoal. Diz respeito à capacidade de interagir, comunicar, influenciar, liderar, motivar, administrar conflitos e tudo o mais que se relaciona às pessoas, grupos e equipes. Habilidade técnica está relacionada ao uso do conhecimento específico, ou técnico na realização das atividades. Está também relacionada ao fazer, aos processos e aos procedimentos. 9 Essas três habilidades para serem colocadas em prática requer que o administrador tenha um conjunto de outras capacidades: Conhecimento Perspectiva ou habilidade Atitude Conhecimento é o conjunto de informações, conceitos, idéias, experiências e aprendizado que o administrador possui. É adquirido pela formação e mantido pelo contínuo aprendizado, atualização e auto-desenvolvimento. Contudo apesar de necessário, o conhecimento não basta. É preciso que o administrado tenha capacidade de transformá-lo em ação. Conhecimento é o saber. Perspectiva ou habilidade é a capacidade de aplicar os conceitos. Transformar a teoria em prática, aplicar o conhecimento na análise e solução de problemas. Mais uma vez, no entanto, não basta conhecimento e habilidade. É necessário que o administrador queira fazer o que sabe e é capaz. Perspectiva ou habilidade é o fazer. Atitude é a pro atividade, é o comportamento frente às situações, é o compromisso, é fazer as coisas acontecerem, é de fato a atitude. Envolve a determinação, a convicção de melhoria contínua, o inconformismo, a motivação, o empreendedorismo, etc. É a atitude que faz a diferença. A estas 3 capacidades juntas damos o nome de competência, portanto competência é ter conhecimento, habilidade e atitude. (C.H.A). 10 1.2 A Visão Departamental: conceitos e problemas 1.2.1 Estrutura organizacional É o modo pelo qual as atividades de uma organização são divididas e organizadas. É o formato, a espinha dorsal da organização a qual sustenta e permite a interação de suas partes. É o resultado de um processo através do qual a autoridade é distribuída, as atividades desde os níveis mais baixos até a alta administração são especificadas e um sistema de comunicação é delineado permitindo que as pessoas realizem as tarefas e exerçam a autoridade que lhe competem para atingir os objetivos organizacionais. É o desenho dos órgãos de uma organização. É o agrupamento dos elementos que constituem uma organização. A estrutura organizacional é eficaz na medida em que facilita a obtenção dos resultados e eficiente quando utiliza os recursos adequadamente. 1.2.2 Organograma O organograma é a representação gráfica da estrutura organizacional. É composto de retângulos que são as unidades, órgãos ou cargos e de linhas verticais e horizontais que são as relações de autoridade e de responsabilidade. Os retângulos mostram as divisões, departamentos, seções, etc., as linhas mostram como as pessoas se reportam uma às outras e como os retângulos se relacionam entre si e com a hierarquia. Em resumo, a finalidade do organograma é representar: 11 Os órgãos da organização; As funções desenvolvida pelos órgãos; As relações de interdependências entre os órgãos; Os níveis administrativos da organização; A via hierárquica 1.2.3 Desenho Departamental A departamentalização é uma característica fundamental da estrutura organizacional. Significa o agrupamento de atividades em unidades organizacionais e o agrupamento dessas unidades em uma organização total. A departamentalização é uma forma de utilizar a cadeia de comando para agrupar pessoas. Tradicionais: a cadeia de comando define agrupamentos e as relações de subordinação ao longo da hierarquia. 1- Departamentalização funcional. 2- Departamentalização divisional. 3- Departamentalização matricial. Funcional – As pessoas são agrupadas em departamentos pelas habilidades e conhecimentos similares além de atividades comuns. A principal característica é a natureza da atividade. Podemos definir como sendo aquela em que atividades análogas são agrupadas em um órgão específico, constituindo a grande unidade setorial da organização. Por exemplo, quando todas as atividades diretamente associadas à produção são centralizadas num único órgão. É o tipo mais comum de departamentalização. Na maioria das empresas está sempre presente o conhecido trio: produção, comercial e financeiro. A ênfase é colocada na especialização,trata-se de uma abordagem mais voltada para dentro da empresa, não observando o que se passa ao redor. 12 Vantagens: Excelente coordenação intradepartamentos, pois as pessoas são especialistas, falam a mesma linguagem técnica. Baixo custo administrativo pela centralização de especialidades, evitando desperdícios de pessoal. Desvantagens: Visão parcial da organização e conflitos entre departamentos causados pela visão do especialista. Autonomia limitada ao departamento. Isolamento causado pelas diferentes prioridades. Excesso de especialização. Dificuldade de formação de pessoal generalista. Ocupar o cargo do superior se torna difícil, pois só se tem a visão de sua unidade. Divisional – São agrupadas baseados em um produto comum, um projeto ou programa comum, uma região geográfica, etc. A departamentalização divisional se baseia em diferentes habilidades conjuntas e não em habilidades similares, como na funcional. Cada unidade é auto- suficiente para produzir. Possui todos os departamentos funcionais necessários para gerar o produto. Por exemplo, existem vários departamentos de compra nas diversas divisões da organização. A abordagem divisional apresenta as seguintes variantes: Baseadas em produtos ou serviços. Baseadas em clientes. Baseada em área geográfica. Baseadas em processos. Desenho Departamental da Estrutura Divisional baseada em produtos/serviços. A organização forma divisões em torno de seus produtos ou serviços, isto é, cada divisão desempenha todas as funções necessárias ao produto/serviço. A principal visão é a do produto final. A organização se amolda aos diversos produtos. Vantagens: Foco no produto. A responsabilidade é clara; Melhor qualidade e inovação; Visão gerencial ampla. Cada gerente aprende as várias funções administrativas; Autonomia; Desvantagens: Duplicação de recursos; Especialização demasiada; Cliente de mais de um produto tem várias interfaces; Competição por recursos entre as divisões; Desenho Departamental da Estrutura Divisional baseada em clientes. 13 A organização se estrutura em unidades ao redor de seus clientes ou mercados. Neste caso o foco é o cliente e a organização deve existir para que ele seja atendido da melhor maneira. Vantagens: Conhecimento melhor do cliente; Visão mais externa e menos interna da organização (o cliente está fora da organização); Agilidade. Desvantagens: Duplicação de recursos (como na departamentalização por produtos). Desenho Departamental da Estrutura Divisional baseada na Área Geográfica. A organização se estrutura próximos aos clientes ou mercados, amoldando-se à dimensão geográfica destes. Vantagens: Cada área geográfica é mais bem atendida; Maior sensibilidade em relação aos mercados; Maior velocidade de retroação. Desvantagens: Duplicação de recursos. Exemplos de Desenho Departamental: Estrutura Funcional. 14 Estrutura Divisional: Baseada em Clientes: Estrutura Divisional: Baseada em Área geográfica: 15 Notas: I- As diversas abordagens apresentadas até aqui mostram que as Organizações são dinâmicas, isto é, dependendo do foco ela pode ser orientada de diversas maneiras. Na prática vemos não apenas um tipo de abordagem, mas uma junção dos diversos desenhos numa mesma estrutura. Podemos dizer que há quatro passos na tarefa de organizar uma Organização: 1- Divisão do trabalho e especialização consiste na divisão da carga de trabalho em tarefas que possam ser logicamente executadas por pessoas ou grupos. 2- Departamentalização consiste em combinar e agrupar as tarefas e pessoas de modo lógico e eficiente em unidades organizacionais. 3- Hierarquia consiste em especificar a quem se deve subordinar na organização. 4- Coordenação consiste em estabelecer mecanismo para integrar as unidades em um todo e monitorar a eficácia dessa integração. II- Algumas vantagens e limitações da Estrutura Funcional. Vantagens: Uso eficiente dos recursos e economia de escala. Forte especialização de habilidades. Progresso no encarreiramento interno. Direção e controle pela cúpula. Boa coordenação interdepartamental . Boa solução de problemas técnicos. Desvantagens: Comunicação precária entre os departamentos funcionais. Respostas lentas às mudanças externas. Decisões concentradas no topo. Responsabilidade parcial por problemas. 16 Péssima coordenação entre os departamentos. Visão limitada dos objetivos organizacionais. III- Algumas vantagens e desvantagens da estrutura divisional. Vantagens: Resposta rápida e flexível em ambientes de mudança. Preocupação com os clientes. Boa coordenação entre os departamentos. Atribuição de responsabilidades pelos problemas. Ênfase nos objetivos gerais. Desenvolvimento de habilidades generalistas. Desvantagens: Duplicação de recursos entre divisões. Menor especialização e menor profundidade técnica nas divisões. Coordenação precária entre os departamentos. Menor controle da alta administração. Competição pela obtenção de resultados. 2. A Visão Organizacional sob a ótica de Processos. 17 Até aqui vimos algumas formas de desenhos das estruturas das empresas, isto é, a divisão funcional e a divisional. Estes tipos de estruturas, conhecidas por departamentalização, propicia a atribuição, localização e especialização das tarefas, facilitando o controle e a atribuição de responsabilidades, assim como propicia decisões hierarquizadas. No entanto, podem causar diversos problemas, pois a eficiência dos departamentos pode ser atingida em detrimento da eficiência da empresa como um todo. É o chamado problema da compartimentação de “silos”, ou espaços em branco na organização, que impede o contato interdepartamental e funcional, tornando a estrutura ineficaz, quando é necessária maior dinâmica e maior rapidez. Entender como funcionam os processos e quais são os tipos existentes é importante para determinar como eles devem ser gerenciados para a obtenção do máximo resultado. Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e deve ser gerenciado de maneira específica. É importante também para aperfeiçoar as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho que está sendo realizado é transferido de uma unidade organizacional para a seguinte. São nessas transferências que ocorrem os erros e a perda de tempo. A razão primordial dessa deficiência é que os gestores encaram as empresas na forma dos relacionamentos hierárquicos verticais dos organogramas. As atividades e os fluxos de produção com a interação entre os departamentos não são evidenciados. Esse fato se agrava mais quanto maior e mais complexa é a organização. Os gestores tendem a tratar a empresa de forma estanque, e os conflitos sendo levados para cima na cadeia de comando, dificultando a solução nos níveis mais baixos. Durante muito tempo as empresas foram dirigidas por meio de metas estabelecidas para as áreas funcionais, mas hoje as metas são definidas para os processos essenciais, que constituem um nível fundamental de avaliação de desempenho da organização. Afinal são esses processos os geradores de produtos que apresentam valor para os clientes da empresa. A gestão de processos difere da gestão tradicional por 3 pontos: 1- Emprega objetivos externos; 2- Empregados e recursos são agrupados para produzir um trabalho completo; 3- A informação seguesem o filtro da hierarquia; Por outro lado a gestão por processos traz desafios, pois na ausência da hierarquia o pessoal precisa se organizar para garantir o andamento do processo. A liderança passa da tarefa para o 18 processo, muito diferente dos modelos tradicionais. A participação deve ser incentivada, a autonomia reforçada, o auto desenvolvimento estimulado, abrindo espaço para a formação de grupos de auto-gestão. 2.1. Conceitos básicos da visão por processos. Sob a ótica dos processos a estrutura permite a ampliação do foco da empresa sobre as atividades executadas. Se antes a visão era segmentada, com a adoção da gestão dos processos a visão é ampliada visualizando o processo desde o início até seu fim, identificando os reais problemas e potenciais soluções. Adaptado de Slack et alli. Administração da produção. Edição compacta. (p. 464) e José Ernesto Lima Gonçalves. Processo, que processo? RAE v. 40, p. 8-19. O foco das empresas em seus processos leva a desenhos organizacionais diferentes dos que conhecemos atualmente. Num primeiro momento vemos a redistribuição dos recursos humanos e técnicos das empresas ao longo dos processos. As parcerias e as redes de empresas surgem num segundo momento desse movimento de reforma conceitual. Dessa forma nem todos os recursos essenciais para a operação da empresa, necessariamente, vão estar dentro da empresa. O raciocínio baseado em processos funciona da seguinte maneira: os membros da equipe dão início ao trabalho, e se asseguram de que o seu trabalho seja realmente executado, estabelecem padrões para a avaliação da performance da equipe e de seus membros, dão apoio e encorajam e reconhecem as contribuições dos colegas de equipe. Em resumo, o foco no processo define a responsabilidade pelo andamento do processo (dono do processo), minimiza as transferências para reduzir esperas, maximiza o agrupamento de atividades (usando a tecnologia da informação) e propicia o aperfeiçoamento do processo. 2.1.1. O que é um Processo? Processo é um grupo de atividades realizadas numa seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico de clientes. (Hammer e Champy, 1994). CLIENTE Proprietário do Processo "A" Proprietário do Processo "B" Proprietário do Processo "C" Proprietário do Processo "D" Gerência Geral f o r n e c e d o r c l i e n t e Proce sso "A" Proce sso "B" Proce sso "C" Proce sso "D" 19 Processo é uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim, inputs e outputs claramente identificados. Tais atividades são estruturadas com a finalidade de agregar valor aos inputs, resultando em um produto para um cliente. (Davenport, 1994). Processo é um conjunto de atividades seqüenciais que apresentam relação lógica entre si, com a finalidade de atender e, preferencialmente, suplantar as necessidades e expectativas dos clientes externos e internos da empresa. (Oliveira, 1996). Processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. A maioria dos processos empresariais, especialmente os processos-chave ou primários, atravessa as fronteiras das áreas funcionais da organização, podendo envolver não só aspectos intra-organizacionais (interação entre os processos internos da empresa), mas também inter-organizacionais (interação com os processos de outras organizações). (Gonçalves, 2000). Processo consiste em um conjunto de tarefas executadas seqüencialmente com a finalidade de gerar um resultado identificável, que pode ser um bem, um serviço, dados, ou informações. O resultado do processo é sempre direcionado a um cliente - seja ele interno ou externo - que é quem define e avalia esse resultado. (Adair e Murray, 1996). Segundo Harrington “processo é qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe valor e gera uma saída (output) para um cliente interno ou externo. Os processos fazem uso dos recursos da organização para gerar resultados concretos“. O processo de fabricação recebe como entrada uma solicitação do cliente e matéria prima, trabalha esta matéria prima, segundo as especificações do produto gerando o produto solicitado pela cliente. Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo. Não existe produto ou serviço sem um processo. Da mesma forma que não há processo que não ofereça um produto ou serviço. Processo é: Transformação de um conjunto de Entradas (materiais, pessoas e/ou informações) em Saídas adequadas (materiais, pessoas, informações e/ou serviços). Seqüência coordenada de atividades, com o objetivo de produzir um dado resultado. O resultado da articulação de pessoas, instalações, equipamentos, e outros recursos materiais. Conjunto de atividades inter-relacionadas que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas). Qualquer atividade que toma um input adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. Essa idéia de processo como um fluxo de trabalho com entradas e saídas claramente definidas e tarefas que seguem uma seqüência e que dependem uma das outras numa sucessão clara, vem da engenharia industrial. Entende-se por inputs ou entradas, materiais, equipamentos, pessoas, informações, conhecimento. Por outputs ou saídas, materiais, serviços, informações, pessoas, informações, que se transformam em entradas para o cliente posterior. 20 No entanto o fluxo do trabalho é apenas um dos tipos de processo empresarial. Há outros processos nos quais as seqüências não estão claramente perceptíveis, mas que são tão ou mais importantes que aqueles, por exemplo, o processo de sucessão na empresa, ou o processo de treinamento ou o de avaliação de desempenho dos funcionários. 2.1.2. O que é um processo produtivo e um processo empresarial? Porter (1992) classifica o conjunto das atividades de uma empresa em duas categorias, conforme representado na Figura abaixo. Na primeira categoria encontram-se as Atividades Primárias, que são aquelas relacionadas com a "criação física do produto, venda e transferência para o comprador" e com a "assistência pós-venda". Segundo o autor, tais atividades abrangem: Logística interna: recebimento / armazenagem / gestão de estoques de materiais, fornecimento à produção e gestão da frota interna de veículos. Operações: atividades ligadas à transformação dos insumos no produto final. Logística externa: coleta, armazenagem e entrega do produto final, gestão da frota de veículos externos e processamento de pedidos. Marketing e Vendas: propaganda, promoção, administração da força de vendas, definição de preços e canais de distribuição. Serviço: atividades relacionadas à assistência técnica ao cliente. Na segunda categoria estão as Atividades de Apoio, que dão suporte ao funcionamento das atividades primárias e a si mesmas. Englobam: Aquisição: atividades ligadas à "função de compra dos insumos" utilizados na empresa. Desenvolvimento de tecnologia: atividades ligadas ao aperfeiçoamento do produto e dos processos da organização. Gerência de recursos humanos: atividades de recrutamento, seleção, admissão, desenvolvimento, motivação e remuneração do pessoal, as quais não estão restritas somente ao órgão deRecursos Humanos, mas fazem parte também das atividades dos gerentes. Infra-estrutura da empresa: abrange atividades de planejamento, gestão financeira, contabilidade, sistemas de informações gerenciais, solução de problemas jurídicos, gestão da qualidade e relações públicas. Infra-estrutura da Empresa Gerência de Recursos Humanos Desenvolvimento de Tecnologia Aquisição Logística Operações Logística Marketing e Serviço Interna Externa Vendas Atividades de Apoio 21 Adaptado de Michael E. Porter. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 35 Atividades Primárias e de Apoio em uma Organização Processo produtivo é aquele que entra em contato físico com o produto ou serviço que será fornecido a um cliente externo até o ponto em que ele é embalado. Não incluem os processos de transporte e distribuição. Processo empresarial é todo aquele que dá apoio aos processos produtivos ou gera serviços. Consiste num grupo de tarefas interligadas logicamente que fazem uso dos recursos da organização para gerar resultados definidos em apoio aos objetivos da organização. Outra tipologia de processos do negócio é apresentada por Adair e Murray (1996), segundo os quais praticamente todas as empresas se organizam em torno de quatro processos centrais fundamentais, dos quais depende, em última análise, a sua capacidade de proporcionar significativo valor ao cliente, fator de sobrevivência e crescimento. Na opinião dos autores, esses quatro processos centrais englobam: 1. Processo de Desenvolvimento do Produto, que abrange as atividades de projeto do produto / serviço. 2. Processo de Geração de Pedidos, que contempla as atividades de marketing e vendas ligadas à propaganda e promoção, gerando no cliente o desejo de compra. 3. Processo de Execução do Pedido, que engloba as atividades de entrada do pedido, fabricação e entrega ao cliente. 4. Processo de Atendimento ao Cliente, que diz respeito às atividades do pós-venda, como assistência técnica e atendimento / solução das reclamações ou sugestões dos clientes. Segundo esses autores, o aspecto exterior desses quatro processos pode variar de uma indústria para outra e entre diversas empresas da mesma “indústria”, mas eles estão sempre presentes, mesmo que o seu aspecto exterior não seja uniforme e é para eles que converge a maior parte da atenção da empresa. Adair e Murray citam também os processos de apoio em uma organização, “tais como o financeiro e o de recursos humanos”, que servem de suporte a esses quatro processos centrais. Atividades Primárias Quadro: Processos centrais em diferentes indústrias 22 Adaptado de Charlene B. Adair e Bruce A. Murray. Revolução total dos processos. São Paulo: Nobel, 1996(1996) Podemos considerar que as organizações apresentam a tipologia genérica de processos do negócio representada na Figura e descrita a seguir. O conteúdo desses processos pode variar de uma organização para outra. Tipologia geral de processos do negócio 2.1.3. Vantagens da Visão por Processos. A representação da organização como um conjunto de processos é uma maneira mais intuitiva e natural de compreendê-la. Ao se orientar pelos processos, a organização estará trabalhando de forma holística, integrada, considerando todas as dimensões do seu negócio e poderá utilizar, não mais de forma isolada, todos os seus esforços para adquirir diferenciais e/ou vantagens competitivas. Setor da Indústria Processos Centrais Desenvolvimento do Produto Geração do Pedido Execução do Pedido Atendimento ao Cliente Manufatura Projeto do produto e do processo de produção Publicidade Vendas Entrada do pedido Fabricação Expedição Serviços em garantia Atendimento de sugestões e reclamações Construção civil Projeto de arquitetura Projeto de engenharia Publicidade Vendas Seleção de opções para construção Construção Serviço de garantia Hospitais Serviços a serem prestados Publicidade Convênios Prestação dos serviços médicos Acompanhamento do paciente Solução de reclamações / sugestões Processos-chave Desenvol vimento do Produto Desenvol vimento do Produto Desenvol vimento do Produto Geração do Pedido Atendime nto do Pedido Serviços Pós- Venda c l i e n t e c l i e n t e Processos de apoio 23 As principais vantagens potenciais associadas à visão por processos de uma organização são: · A organização passa a ser direcionada aos clientes; · As atividades passam a ser melhor coordenadas e integradas; · Possibilita tempos de respostas menores; · Permite à organização antecipar e controlar às solicitações do mercado; · Auxilia a organização a gerenciar integradamente seus inter-relacionamentos; · Possibilita uma visão sistêmica das atividades da organização; · Possibilita a prevenção erros; · Permite o desenvolvimento de um sistema integrado de avaliação do o negócio como um todo; · Possibilita uma maior satisfação com o trabalho por parte dos colaboradores, pela maior interação e participação no dia a dia da organização. 2.1.4. Elementos de um Processo / Características de Processos bem definidos. Três elementos principais podem ser identificados na gestão por processos: Transformação - (onde os insumos de entradas são convertidos em saídas de maior valor); Retro alimentação e controle - (que asseguram os atributos especificados para as saídas); Repetitividade - (que traz previsibilidade das atividades executadas) O fluxo de transformação deve ser mapeado para que o gestor reconheça as fronteiras de seu processo, para definição da responsabilidade operacional. Deve, também, reconhecer os principais fornecedores de apoio, que provêem os recursos transformadores (instalações e pessoas ligadas ao processo). Na retroalimentação e controle os dados de desempenho do processo são analisados, com a proposição de ações corretivas e de melhoria. Para o controle são utilizadas as normas e padrões, instruções de trabalho, especificações de produtos, programas de produção, informação sobre pedidos dos clientes, afim de que os índices de excelência sejam atingidos. A repetitividade é o elemento que dota o processo de previsibilidade dos seus resultados. Qualquer processo apresenta certa variabilidade em sua saída, devido a diferenças nos recursos de entrada, variações entre operadores, instalações, entre outras. As causas especiais de variação dos processos devem ser eliminadas para que a operação esteja sob controle. Todos os processos bem-definidos e bem-gerenciados têm algumas características em comum: Alguém é responsável pelo processo (Dono do processo). O início e o fim do processo estão bem definidos (Fronteiras do processo). Relações internas e o sistema autoridade e responsabilidades bem-definidas. Procedimentos, tarefas e especificações de treinamento bem entendidas e, preferencialmente, documentadas. (Documentação de todo fluxo do processo) Sistemas de controle. (Pontos de Controle e Medidas de desempenho) Cultura da Melhoria Contínua. (Ações sobre desvios) 24 De uma formagenérica, tem-se: As Entradas podem ser as solicitações de clientes, materiais, serviços contratados, entre outras; que são processadas pela organização (Transformadas); são Avaliadas (medidas) quanto aos seus resultados e como foram processadas. Estas avaliações são então analisadas e estas análises retornam para as partes envolvidas (os “donos” / responsáveis pelos processos), para que possam melhorar seus processos. O responsável pelo processo: é uma das mais visíveis diferenças entre a gestão por processos e a gestão tradicional. O gestor deve medir a performance, treinar, acompanhar, propor ações de correção, agindo permanentemente. Seu papel é o de obter comprometimento do começo ao fim do processo. Não é apenas o chefe. Muitas vezes ele não tem autoridade sobre todos que trabalham no processo, pois alguns são de outros departamentos. Fronteiras e Documentação: para organizar os processos com sucesso é necessário ter uma visão completa deles, saber como são compostos, onde começa e termina e quem são os envolvidos. É de importância vital organizar e documentar seus processos de produção como forma de reconhecer seus limites ou fronteiras Pontos de controle e medidas de desempenho: medir o desempenho é um recurso poderoso, no entanto, a escolha do que medir é questão central. Escolher indicadores inadequados, ou número excessivo de indicadores pode ser fatal. Deve-se levar em consideração: a. Indicadores chaves que mostrem o rumo do processo b. Indicadores que respondam aos anseios dos acionistas c. Uso de um número racional de indicadores simples Deve-se procurar medir a eficiência, a eficácia, a qualidade, produtividade e lucratividade de maneira geral. Mantendo-se alto desempenho nessas áreas assegurar-se-á crescimento, excelência e sobrevivência organizacional por longo tempo. As ações sobre os desvios: particularmente importante para a estabilização, repetitividade e melhoria contínua dos processos. Há várias abordagens sobre como melhorar os processos, uma delas são as 7 ferramentas do controle de qualidade. O benchmarking é uma outra: 1- Histograma 2- Gráfico de Pareto 3- Estratificação 4- Diagrama de causa e efeito 25 5- Lista de verificação 6- Diagrama de dispersão 7- Gráficos de controle 8- Benchmarking Iremos abordar algumas ferramentas mais utilizadas, mas antes daremos uma idéia geral sobre todas. Histograma - é um diagrama de barra que representa a distribuição de freqüência de uma determinada amostra. Serve para dispor os dados de maneira que possam ser interpretados racionalmente, definindo ações para controle. Gráfico de Pareto – é um diagrama de barras que representa a freqüência dos problemas do maior para o menor. Serve pra hierarquizar o ataque aos problemas. Estratificação – diversas maneiras de se agrupar os mesmos dados. Serve para pesquisar os caminhos que contribuem com maior intensidade na identificação de um determinado problema. Diagrama de causa e efeito (conhecido também como espinha de peixe)– é a estrutura do método que expressa de maneira simples e fácil, a série de causas e efeito de um problema. Serve para ordenar as causas que atuam em um determinado efeito. Lista de verificação – é uma planilha para coleta de dados referente a um determinado problema. Serve para facilitar a coleta de dados pertinentes a um determinado problema. 26 Diagrama de dispersão – é um gráfico cartesiano que representa a relação entre duas variáveis. Serve para verificar a existência ou não de relação entre elas Gráficos de controle – é um gráfico para monitorar o processo, através dos limites de controle. Serve para identificar o aparecimento de causas especiais de um processo. Benchmarking – é o processo contínuo de avaliação de produtos e serviços, comparando ao que se tem de melhor. Pode ser a concorrência, práticas internas, padrões internacionais, etc. Serve para estabelecer novas metas ou melhorias no processo. 2.1.5. Desdobramento dos Processos. Dependendo do grau de detalhamento exigido para apresentar um processo, dependendo muitas vezes para quem for apresentado ou de quem for executá-lo (diretoria, gerência, operacional), pode-se hierarquizar um processo, conforme a seguir: 27 Macro - processo: geralmente apresenta um conjunto de processos, e cuja operação tem impacto significativo na organização. Processo: divisões do macro-processo com objetivos específicos, organizado seguindo linhas funcionais. Os processos recebem entradas e geram suas saídas, que se iniciam e terminam com o cliente externo. Sub-Processos: grupos de atividades da organização que envolvem um ou mais departamentos. Atividades e Tarefas: trabalho tipicamente executado por um departamento ou pessoa. Tente desmembrar um processo de uma organização de seu conhecimento em sub-processos, atividades e tarefas. 2.2. Identificação dos Processos Organizacionais. Toda organização possui processos que descrevem seu dia a dia. Estes processos podem ser divididos em processos Chave e de Apoio. Os processos Chave são aqueles que representam os processos de Marketing e Produção, considerados processos Fim ou que atendem a finalidade do negócio. · O Marketing tem a função inicial de coletar dados para direcionar a produção da organização. Estes dados devem ser suficientes para, após tabulação e análise, gerar as informações sobre: a) Características físicas e de desempenho do(s) produto(s) ou serviço(s), características de assessórios, características de embalagem, quantidade estimada de consumo: cor, desempenho, tamanho, funções, múltiplos de venda, etc. b) Preço que o consumidor esta disposto a pagar pelo produto ou serviço, com as características solicitadas; condições e formas de pagamento: R$, prazo, promoções, etc. 28 c) Condições de divulgação do produto ou serviço, definindo canais de comunicação, períodos de divulgação e forma da divulgação: TV, rádio, revistas; horário matutino, noturno; início de mês, fim de mês; etc. d) Abrangência da região de atendimento e formas de atendimento ao cliente: venda direta, no varejo ou no atacado: regional, estadual, nacional, mundial. De posse destas informações a produção deve ser informada, para avaliar a possibilidade de se produzir o produto ou oferecer o serviço. A produção, com as informações geradas pelo Marketing, deve: a) Definir as condições de fabricação: maquinário necessário, quantidade de pessoas e qualificação necessárias; área necessária, tempo de fabricação, etc. b) Plano de Manutenção: preventiva, corretiva e, se possível, preditiva. c) Controle de avaliação da produção, de forma a garantir que o cliente receba o produto nas características solicitadas. Os Processos de Apoio (Processos Meio) são aqueles que suportam os Processos Chave, ou seja, dão condições para que os Processos Chave possam acontecer. Os principais Processos de Apoio são: a) Administração de Recursos Humanos (Gestão de Pessoas), que tem as atribuições de Recrutamento, Seleção, Contratação, Integração, Avaliação, Qualificação (treinamento), Controle de freqüência (faltas, atrasos, afastamentos), geração folha pagamento e guias de encargos, contatos com sindicatos, entre outras. b) Administração de Materiais, que compreende as funções de Compras (baseadas em especificações definidas pelos usuários), Armazenamentoe Distribuição. c) Administração de Serviços, que concentra as atividades de Arquivamento, Segurança, Limpeza, Alimentação, Contabilidade, Jurídico, Informática (TI), Transporte; que podem ser terceirizadas ou não. d) Administração Financeira, que contempla a montagem de Orçamento, Contas a Pagar, Contas a Receber, montagem das Demonstrações Financeiras (Balanço Patrimonial, DRE, Fluxo de Caixa), geração de Indicadores (Liquidez, Atividade, Endividamento, Lucratividade, entre outros), acompanhamento de Seguros, análise dos indicadores, etc. e) Gestão Integrada, que contempla a análise de todos os indicadores que permitem o acompanhamento sistêmico do negócio, normalmente a cargo da Alta Direção. 2.3. Modelagem de Processos: 2.3.1. Técnicas de Mapeamento e Documentação: A representação gráfica de como os processos acontecem (são executados) denomina-se Fluxograma. Os fluxogramas são um importante instrumento para compreensão e avaliação de como ele é executado, indicando a sua sequência e os responsáveis por sua execução. Através do Fluxograma pode-se visualizar a sequência de execução de um processo; analisar se esta sequência é a que representa a melhor forma de sua execução, considerando a sua eficiência, eficácia e flexibilidade; se as pessoas (em suas funções) que participam do processo são as mais adequadas; e observar se existem duplicidades na sua execução ou tarefas dispensáveis. A partir da identificação das oportunidades de melhoria ou inadequações dos processos, pode-se propor melhorias (otimizações) ou mudanças nestes processos. 29 Ao se montar um Fluxograma deve-se ter em mente que o nível de detalhamento deverá ser aquele necessário para o bom entendimento do processo e, principalmente ser considerado a que destina ou quem o utilizará. Um dos erros mais comuns na descrição de um processo é fazê- la para si próprio e não para quem vai utilizá-lo (aquilo que é obvio para alguns não o é para outros). Principais vantagens do uso do fluxograma para representar um processo: • Identificação fácil de duplicidade de tarefas, de tarefas desnecessárias e/ou que podem ser fundidas; • Percepção da melhor sequência das tarefas a serem executadas; • Facilidade de compreensão do processo, principalmente em condições de treinamento; • Permite a visão holística (sistêmica) dos processos, representada pelo fluxograma do macro processo; Para que os fluxogramas apresentem um processo é necessário: • A definição do que será representado (processo de compras, processo de escovar os dentes, processo de estudar, processo de armazenamento, etc); • A definição de onde começa e onde termina o processo em questão; • Que se identifiquem cada uma das tarefas que compões o processo; • Que se identifiquem os registros (formulários, instruções, Normas) utilizados no processo. 2.3.2 - Tipos e Padrões de Fluxogramas Existem várias formas de representar graficamente um processo. Serão apresentadas três diferentes formas de fluxograma, que são as mais comumente encontradas nas organizações: • diagrama de blocos, que fornece uma visão geral do processo; • o fluxograma padrão da American National Standards Institute (ANSI), que apresenta o processo de forma mais detalhada, considerando seus inter-relacionamentos; • fluxograma funcional, que apresenta o fluxo do processo entre organizações ou áreas, considerando os responsáveis pelas tarefas apresentadas. 2.3.2.1 - Diagrama de blocos. Um diagrama de blocos é a representação mais simples de um processo. A figura a seguir mostra um diagrama de blocos que fornece uma visão geral do processo de compras. Os retângulos representam atividades / tarefas, e as linhas com setas interligam os retângulos para mostrar o sentido do fluxo de informação e/ou o relacionamento entre as atividades / tarefas. 30 31 2.3.2.2 - Fluxograma Funcional padrão ANSI. Um fluxograma padrão ANSI é uma representação detalhada de um processo, mais rica daquela dada por um diagrama de blocos. Normalmente o diagrama de blocos é usado como ponto de partida, um rascunho do processo a ser representado. Neste tipo de fluxograma pode-se apresentar um processo no nível de detalhe desejado / necessário. Embora este tipo de fluxograma tenha vários blocos para representar as diferentes atividades de um processo. Um processo pode ser representado pelo conjunto apresentado a seguir. 32 O mesmo processo de Compras representado no diagrama de blocos será agora representado de forma mais detalhada. Será acrescentado uma pequena tarja na parte inferior do bloco de Execução da Tarefa, para designar o responsável pela tarefa. 33 2.3.2.3 - Fluxograma Funcional (outra forma de apresentação). Ele mostra a seqüência das tarefas entre as diferentes áreas de trabalho, que se torna especialmente útil quando o tempo de ciclo é um problema. Onde o tempo de ciclo é o tempo total para execução da tarefa: recebimento, processamento e envio até o destinatário. 34 No caso, temos para cada tarefa os seguintes tempos de processamento e ciclo: Neste caso fica evidente que algumas tarefas devem ser otimizadas, de forma a reduzir seus tempos de ciclo e proporcionar maior rapidez nas decisões. 2.4- Avaliação e Desempenho dos Processos. 2.4.1- Objetivos da Organização x Objetivos dos Processos. Para o sucesso de uma organização é importante que os objetivos da mesma sejam divulgados e compreendidos para todas as partes interessadas, os Stake Holders (acionistas, clientes, colaboradores, fornecedores e sociedade). Para que isto aconteça é preciso inicialmente que a Direção da organização defina a sua Visão. Após esta definição, os objetivos da organização podem ser identificados, bem como suas metas. Com os objetivos organizacionais definidos, o desdobramento é identificar como os processos afetam estes objetivos; definindo assim os objetivos dos processos e suas metas. Deve existir especial cuidado com o alinhamento dos objetivos dos Processos com os objetivos Organizacionais. Os envolvidos no processo devem ser capazes de identificar todos os produtos / serviços finais, bem como estabelecer quais produtos / serviços são os mais percebidos pelos clientes, de forma a satisfazê-los. Por exemplo, se um dos objetivos da organização é garantir a satisfação dos clientes, como os processos Chave e de Apoio participam deste objetivo. O processo de Marketing deve estar em permanente contato com os seus clientes, identificando claramente suas necessidades e expectativas e, isto pode ser observado pelas vendas, pela participação no mercado, entre outros. O processo de produção deve ter equipamentos em boas condições de trabalho, pessoas qualificadas e tarefas bem definidas. Pode-se observar isto através da produtividade, do retrabalho, do desperdiço, entre outros. O processo de gestão de pessoas deve garantir a contratação de pessoas adequadas às necessidades e a qualificação de todos na organização. Que será percebido pela rotatividade (turn over) de pessoal, pela satisfação interna, etc. 35 O processo de Administração de Materiais, deve comprar conforme o especificado (o que, quanto, para quando, a que preço, em que condições) e armazená-lo adequadamente. Que será observado por paradas de produção por falta de matéria prima, perda no estoque, etc. O processo financeiro deve controlar as finanças e realizar análises adequadas da situação financeira da organização. Que será observado pelo grau de endividamento, de liquidez, entre outros.2.4.2 Objetivos e Medições de Desempenho dos processos organizacionais orientados e desdobrados segundo o negócio (eficácia, eficiência e adaptabilidade). As organizações para serem competitivas neste mundo globalizado, onde basicamente não existem fronteiras, são impelidas a continuamente aperfeiçoarem a sua gestão, reduzindo custos e melhorando a qualidade dos serviços prestados. Todos os esforços de organização estão concentrados na busca de resultados e na satisfação do cliente, com especial atenção em como se executam os processos. Desta forma, os processos devem ser eficazes, eficientes, flexíveis, perfeitamente compreendidos por todos os envolvidos; com profissionais altamente qualificados, profissionalizados e comprometidos. Uma gestão voltada para resultados necessita que todos os processos e sistemas de apoio estejam integrados. As principais características desse tipo de gestão: Toda atividade é precedida de planejamento, que deve estabelecer seus objetivos e metas (para que fazer? o que se espera ao fazer?); Participação de representantes dos processos envolvidos neste planejamento; Avaliação sistemática das condições (dos recursos) para que os resultados possam ser atingidos; Definição e comunicação do como fazer a todos os envolvidos; Existe a compreensão de como cada um (pessoas e processos) contribuem para os resultados organizacionais; Preserva a cultura básica da organização, mantendo seus valores e finalidade. Para que se possa medir o desempenho organizacional, a organização deve definir seu conjunto de medidores de desempenho, também denominados Indicadores. Estes indicadores devem representar ou quantificar uma característica ou o desempenho de uma organização, de um processo, de um produto ou serviço. Um indicador pode ser simples (resultado de uma única medição) ou composto (resultado de um conjunto de medições integradas). Os indicadores podem ser classificados em: 2.4.2.1- Indicadores Estratégicos Indicadores de Processo: · Indicadores de Eficácia · Indicadores de Eficiência · Indicadores de Flexibilidade. Indicadores de Projetos Nesta disciplina o foco encontra-se nos processos organizacionais, portanto serão tratados os Indicadores de Processo. 36 Os indicadores têm a característica de: § Explicitar (divulgar) para a organização as necessidades e expectativas dos clientes sejam internos ou externos; § Proporcionar uma análise crítica dos resultados de ações tomadas, com o objetivo de aperfeiçoar o processo de tomada de decisão na organização; § Continuamente avaliar e racionalizar (melhorar) os processos organizacionais; § Permitir a análise comparativa dos resultados (desempenho) da organização 2.4.2.2- Principais Atributos dos Medidores (indicadores) Para que os indicadores se tornem viáveis e práticos, devem possuir algumas características. § Adaptabilidade – capacidade de atendimento às exigências dos clientes e às suas continuas mudanças de comportamento. Os indicadores podem tornar-se desnecessários ao longo do tempo e devem ser imediatamente eliminados ou substituídos por outros de maior utilidade. § Representatividade – As medições definidas devem ocorrer de forma estruturada, sistemática, por pessoa qualificada e no momento e local adequado. Dados desnecessários não devem ser coletados. Este atributo merece certa atenção, pois indicadores muito representativos tendem a ser mais difíceis de ser obtidos. Deve-se, portanto, haver um certo equilíbrio entre a representatividade e a disponibilidade para coleta. § Simplicidade – Deve ser entendido facilmente. Os termos e expressões devem ser conhecidos e compreendidos por todos os envolvidos de forma homogênea. Ao definir um indicador lembrar quem vai gerá-lo e utilizá-lo. § Rastreabilidade – A origem dos dados deve ser bem identificada, bem como seu registro e manutenção. Sempre que possível, deve-se apresentar os resultados de forma gráfica para uma melhor visualização dos resultados e comparação com desempenhos anteriores. § Disponibilidade – Os indicadores devem estar disponíveis a tempo e para as pessoas certas para que as decisões sejam tomadas. De nada adiantam informações fora do prazo, embora corretas, ou informações no prazo, mas para a pessoa errada. § Economia – Os benefícios trazidos com os indicadores devem ser maiores que os custos incorridos na medição. § Praticidade – Deve permitir a tomada de decisões. Para isso, deve ser testado, sua validade verificada e, se necessário, modificado ou excluído. § Estabilidade – Conseguir manter a medição por um tempo, de forma a permitir a formação de série histórica, que possa ter seus resultados comparados e sua tendência avaliada. É fundamental que os indicadores sejam direcionados para a tomada de decisões voltadas para o gerenciamento da organização ou de seus processos, servindo de base inclusive para a revisão de metas já estabelecidas. Desta forma os indicadores não podem significar mais trabalho e necessidade de tempo excessivo para serem coletados e obtidos. Devem ser representativos para os processos, levando a análises e melhorias da forma mais prática e objetiva possível. 37 Os Indicadores de Processos devem representar as características dos processos de forma a permitir que possa ser continuamente melhorado. Os Indicadores de Processos podem ser divididos em: a. Indicadores da eficiência b. Indicadores de eficácia c. Indicadores de flexibilidade Indicadores da Eficiência Os Indicadores de Eficiência medem como os produtos ou serviços são executados pela organização ou, como os recursos são utilizados para atingir os resultados. Uma organização precisa racionalizar o uso dos recursos utilizados na execução de qualquer trabalho e eliminar / reduzir ao mínimo o desperdício e as tarefas que não agregam valor. Os Indicadores de Eficiência usualmente utilizados pelas organizações são: § Tempo de processo ou tempo de ciclo: tempo total para que o processo seja integralmente executado (no exemplo de Fluxograma Funcional ficou evidente que o tempo de ciclo precisa ser otimizado); § Recursos gastos por unidade de produzida. § Porcentagem do tempo na execução de atividades que agregam valor em relação à que não agregam valor; § Custo de falta de qualidade na produção: desperdício, refugos (perdas), retrabalhos; § Relação entrada / saída: custos operacionais por colaborador; § O tempo para efetuar uma contratação é uma medida de eficiência da contratação de pessoal; § A disponibilidade de recursos financeiros é uma medida de eficiência do planejamento financeiro e seu acompanhamento; § O tempo para atendimento de solicitação de separação de material no almoxarifado é uma medida de eficiência do armazenamento; Indicadores da Eficácia Os Indicadores de Eficácia indicam como o produto ou serviço é percebido pelo cliente e também a capacidade do processo em atender os requisitos definidos. Devem-se determinar estes requisitos, transformá-los em termos que possam ser medidos (definir uma fórmula de cálculo) e definir como coletar os dados (onde, quem, quando). Para avaliar o grau de conformidade da saída com o solicitado pelo cliente deve-se aplicar pesquisas, entrevistas e/ou questionários, que são atividades relacionadas à Pós-Venda. Os indicadores mais utilizados para medir a eficácia são: § Produtividade: total de produtos ok para venda / total de produtos produzidos; § Quantidade de pessoas atendidas / total de pessoas que procuraram atendimento; § Entregas no prazo / total de entregas; § Lucratividade do negócio: Lucro líquido / total receitas; § Quantidade de problemas solucionados/ total de problemas identificados; 38 § Km / litro; § Prazo de garantia; § Rotatividade de pessoal; § Recebimentos no prazo / total dos recebimentos; Indicadores de Flexibilidade Num mundo cada vez mais competitivo e sem fronteiras as organizações precisam exceder às necessidades e expectativas dos clientes. Desta forma há a necessidade de: • delegar às pessoas autoridade para tomar providências especiais; • buscar identificar as expectativas dos clientes e consumidores e, ir além; • aperfeiçoamento continuo dos processos para se manter competitivo em relação à concorrência; Os processos flexíveis devem ter a capacidade de atender às expectativas dos clientes e, também de inserir inteligência nos processos da organização, de forma que eles possam atender as necessidades e expectativas especiais individuais. O processo tradicional é definido para atender e satisfazer à maioria dos clientes, na maior parte do tempo. Processos flexíveis são aqueles que são projetados para que possam ser facilmente alterados para atender ás expectativas futuras dos clientes, visando torná-los mais atraentes e reduzindo os custos de processamento. A única certeza que se tem é que os processos que estamos aperfeiçoando hoje serão alterados, para serem ainda melhores no futuro. Enquanto a equipe estiver trabalhando para aperfeiçoar um processo, a facilidade de mudança e a flexibilidade devem sempre serem observadas. Das três características-chave do processo - eficácia, eficiência e flexibilidade, a flexibilidade é a mais difícil de ser medida, mas será uma das primeiras a provocar reclamações de seus clientes. Podem ser considerados indicadores de flexibilidade: 1. O tempo médio necessário para atender a uma solicitação especial do cliente, comparado com o tempo de atendimento padrão. 2. A porcentagem de solicitações especiais que não são aceitas em relação ao total de solicitações especiais. 3. A porcentagem de vezes que uma solicitação especial precisa ser levada à chefia imediata ou mesmo mediata, para aprovação. Exemplo de alinhamento de objetivos e definição de Indicadores: Organização Metalúrgica do ramo Agrícola: VISÃO Valores básicos: Comprometimento, Seriedade, Honestidade, Transparência, Dinamismo. Finalidade Básica: Contribuir ativamente para o desenvolvimento agrícola através da inovação contínua. Super meta: Em 10 anos participar com 70% do mercado de máquinas agrícolas no Brasil. Política: Atender as necessidades dos clientes, oferecendo produtos e serviços competitivos, melhorando continuamente, satisfazendo aos colaboradores e acionistas. 39 Desdobramento dos indicadores estratégicos 1. Financeiro: a. Vendas / faturamento mês b. Custo fixo / faturamento mês c. Endividamento d. Lucratividade e. Liquidez 2. Mercado (clientes) a. Reclamações mês b. Clientes ativos mês 3. Processos: a. Compras: problemas com fornecedores (atrasos, especificação errada), atendimento aos preços objetivos b. Engenharia: desenhos emitidos; novos projetos; alterações c. Produção: produtividade; retrabalho; tempos de ciclo; tempo de transferência. d. Recursos humanos: horas extras, absenteísmo, rotatividade.. 40 e. Almoxarifado: itens prazo validade vencidos; itens armazenados. f. Assistência técnica: clientes atendidos; principais solicitações; peças de reposição. g. Não conformidades. Com base neste exemplo, desenvolva um conjunto de Indicadores para a organização que trabalha ou para uma organização que conhece. Resumo: Vimos que um processo é qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega- lhe valor e gera uma saída (output) para um cliente interno ou externo; os principais tipos de processos organizacionais (Marketing, Produção, Adm Financeira, Adm. de Recursos Humanos, Adm. Materiais, etc.); as vantagens da visão por processos e suas principais características; os objetivos de um processo (eficiência, eficácia e flexibilidade); o Fluxograma como principal forma de representação gráfica de um processo e como avaliar os processos através do uso de indicadores. 3. A melhoria dos Processos Organizacionais visando o melhor desempenho. 3.1. Por que aperfeiçoar processos? Com os consumidores cada vez mais exigentes e com mais opções de compra, já que o mundo transformou-se num grande shopping, a busca da competitividade é um imperativo. Todas as organizações, sejam elas privadas ou públicas devem buscar maior eficiência, eficácia e flexibilidade; investindo seus recursos (financeiros e humanos) na melhoria da organização (seus processos). Este aperfeiçoamento (racionalização) dos processos objetiva a satisfação e fidelização dos clientes atuais e atração de novos clientes, sejam eles novos consumidores ou ex-clientes dos concorrentes. O objetivo é um só: garantir a sustentabilidade do negócio. 3.1.1 Objetivos de Melhoria · Eliminação da duplicidade. Removendo as atividades iguais, que são executadas em diferentes partes do processo. · Eliminação da burocracia. Suprimindo (eliminando) tarefas administrativas, fluxo de aprovações e documentos desnecessários. · Simplificação. Reduzindo a complexidade dos processos. · Avaliação do valor agregado. Avaliando todas as atividades do processo organizacional para determinar sua importância no atendimento às solicitações dos clientes. · Tornando o processo à prova de erros. Reduzindo a possibilidade de erros na execução dos processos. · Redução do tempo de ciclo do processo. 41 Determinando formas de reduzir os tempos de ciclo para atender ou superar as expectativas dos clientes e reduzir os custos dos processos. · Linguagem simples. Expressando de forma que todos possam entender facilmente os processos definidos, bem como os documentos especificados. · Modernização. Fazendo uso de equipamentos e do ambiente de trabalho disponíveis para otimizar o desempenho geral. · Parcerias com os fornecedores. A saída de um processo depende diretamente da qualidade das entradas. A execução e os resultados de qualquer processo melhoram quando as entradas melhoram. · Padronização. Definição de uma maneira única de execução das tarefas operacionais. · Automação e/ou mecanização. Na execução de tarefas insalubres, rotineiras e repetitivas, para os colaboradores atuarem na execução de tarefas mais nobres. · Aperfeiçoamento do quadro geral. Essa técnica é usada quando as formas de melhorias incrementais não dão o resultado desejado. É uma forma de a organização a buscar maneiras criativas para mudar drasticamente o processo. Os Indicadores têm papel fundamental no processo de melhoria, pois ao medir os processos e os resultados da organização pode-se identificar tendências e atuar preventivamente nos processos organizacionais, promovendo as melhorias necessárias. 3.2 Abordagem de Melhoria de Processos Dependendo das condições da organização pode-se optar por um processo de melhoria contínua, onde a melhoria é incremental ou opta-se pela melhoria radical, que tem mais a ver com um processo de mudança geral da operação da organização; também chamada de Reengenharia. Quando a organização encontra-se minimamente organizada a opção é pela melhoria contínua e quando não existe esta mínima organização ou quando se questiona os próprios processos e seus executores a opção é pela reengenharia. Em determinado momento a reengenharia passou a ser apenas um instrumento de corte de pessoal para redução de custos, onde os princípios de foco nos processos foram esquecidos. Atualmente é uma ferramenta para redirecionar totalmente os rumos de uma
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