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SLIDES DE DIREITO PENAL

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“O Direito Penal é o primeiro amor dos grandes estudantes, fascinados pelo conteúdo humano, pela palpitação social, pela intensidade dos dramas, pela glória das legendas. O Direito Penal fornece a emulsão vivificante ao berçário das vocações jurídicas” 
Roberto Lyra
Aula 1 
 Introdução ao 
Estudo do Direito Penal
2
Introdução
O fato social é sempre o ponto de partida na formação 
da noção do Direito
fato social contrário à norma
ilícito jurídico
ILÍCITO PENAL
O Estado estabelece normas jurídicas com 
a finalidade de combater esses ilícitos
Conjunto de normas jurídicas
DIREITO PENAL
=
Estudo
- Do crime 
- Da pena
- Do delinqüente
3
Código Penal
O Código Penal vigente é o 
Decreto-Lei nº 2848 
de 07 de dezembro de 1940
É dividido em:
 PARTE GERAL - dos artigos 1º ao 120
 PARTE ESPECIAL - dos artigos 121 ao 361
4
Conceito de Direito Penal
Von Liszt define o Direito Penal como “o conjunto das prescrições emanadas do Estado, que ligam ao crime – como fato – à pena, como conseqüência”
Crítica: o direito penal, hoje, não se preocupa somente com a pena. 	Tanto que existem as medidas de seguranças (inimputáveis)
Damásio E. de Jesus dá uma definição mais completa de Direito Penal, afirmando que ele consiste em:
 “Um conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, à pena como conseqüência e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado" 
5
Caracteres do Direito Penal 
O Direito Penal, por regular as relações do indivíduo com a sociedade, pertence ao Direito Público. Isso porque em um dos lados da relação jurídica nascida com a prática do crime temos a figura do Estado, que exercerá o direito de punir e do outro lado teremos o indivíduo, detentor do direito à liberdade. 
prática do crime
faz nascer
relação entre
SUJEITO
que tem o 
Direito à Liberdade
(princípio da legalidade)
ESTADO
que tem o 
Direito de Punir
(“jus puniendi”)
Verifica-se que mesmo nas hipóteses em que a ação se movimenta por iniciativa do particular (AÇÃO PRIVADA), o direito de punir continua a pertencer exclusivamente ao Estado
6
Caracteres do Direito Penal
O Direito Penal é ciência cultural, 
normativa, valorativa e finalista
CULTURAL porque pertence à classe das ciências do "dever-ser" e não à do "ser". Ele diz como as coisas, em verdade, deveriam ser.
NORMATIVA, porque tem a finalidade de estudar a norma, ou seja, a regra de conduta.
VALORATIVA porque o Direito coloca uma hierarquia entre as normas, não lhes dando o mesmo valor. 
FINALISTA porque tem como fim a defesa da sociedade, através da proteção de bens jurídicos fundamentais.
É ainda, sancionador porque através da cominação da sanção (previsão de penas), protege outra norma jurídica de natureza extra-penal.E é também é dogmático porque expõe o seu direito através de normas jurídicas, exigindo o seu cumprimento sem reservas.
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Direito Penal subjetivo e 
Direito Penal objetivo
O Direito Penal tem na sanção 
seu meio de ação
SUBJETIVO
OBJETIVO
É o direito de punir do Estado (“jus puniendi”).
Esse direito tem limites no Direito Penal Objetivo (= conjunto de normas), não sendo ilimitado.
É o próprio ordenamento jurídico-penal, correspondendo, portanto, à sua definição.
É, justamente, o conjunto de normas colocadas pelo Estado para regular as relações humanas.
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Direito Penal comum e 
Direito Penal especial
O critério para diferenciação entre o Direito Penal 
COMUM e ESPECIAL reside no órgão encarregado 
de aplicar o direito objetivo
COMUM
ESPECIAL
Aplica-se a todos os cidadãos.
Se a aplicação do direito ao caso concreto não demandar jurisdições próprias, sua qualificação será de norma penal comum.
Tem seu campo de incidência restrito a uma classe de cidadãos conforme qualidades particulares.
Se a norma objetiva somente se aplicar por meio de órgãos especiais constitucionalmente previstos, a norma terá caráter especial.
JUSTIÇA
Comum [Federal e Estadual]
Especial [Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, Justiça Militar]
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Direito Penal material e 
Direito Penal formal
MATERIAL
(substantivo)
FORMAL
(adjetivo)
É representado pela Lei Penal, que define as condutas típicas e estabelece as sanções.
É o Direito Processual Penal que determina as regras de aplicação do Direito Penal substantivo.
crítica: O Direito Processual Penal não é complemento do Direito Penal material e sim, um Direito autônomo que não pode ser considerado “adjetivo” do Direito Penal
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Aula 2
 Princípios fundamentais do Direito Penal
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Introdução
BRASIL
Estado Democrático de Direito
DIREITO PENAL
Princípios Constitucionais
Definição de 
condutas delituosas
Justa interpretação e aplicação da lei
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Princípio da legalidade
 Princípio da reserva legal
 artigo 5° , XXXIX, da CF
 artigo 1° do CP
 "Não há crime sem lei anterior que o defina. 
Não há pena sem prévia cominação legal." 
LEI
CRIME
PENA
Portanto: a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito não podem instituir delitos ou penas
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Princípio da legalidade
Entendimento Jurisprudencial:
 
	“PENAL E PROCESSUAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. PENA-BASE ACIMA DO PREVISTO LEGALMENTE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. FIXAÇÃO DA PENA-BASE ACIMA DO PATAMAR ESTABELECIDO NO ART. 8º DA LEI 8.072/90 E DE PENA PECUNIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF. ORDEM CONCEDIDA. A aplicação da pena-base fora do patamar estabelecido pela referida norma e a imposição de pena pecuniária aos condenados pela prática do delito de associação para o tráfico de entorpecentes configura constrangimento ilegal, pois viola o princípio da legalidade.” 
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Princípio da 
anterioridade da lei 
 artigo 5° , XXXIX, da CF
 artigo 1° do CP
 "Não há crime sem lei anterior que o defina. 
Não há pena sem prévia cominação legal." 
10/04/04
JOÃO PRATICOU CONDUTA A
20/09/05
ENTROU EM VIGOR A LEI X QUE INCRIMINA A CONDUTA A
 
JOÃO NÃO PODE SER PUNIDO PELA CONDUTA A QUE PRATICOU
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Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa 
 artigo 5° , XL, da CF
 artigo 2° do CP
 “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu." 
10/04/04
JOÃO PRATICOU CONDUTA A CUJA PENA ERA DE 6 A 20 ANOS
20/09/05
ENTROU EM VIGOR A LEI X QUE DETERMINA QUE A CONDUTA A TERÁ PENA DE 15 A 30 ANOS
 ,
A LEI X 
NÃO RETROAGE
JOÃO 
NÃO PODE 
SER PUNIDO 
COM PENA 
DE 15 A 30 ANOS
30/01/06
JULGAMENTO 
DE JOÃO
16
Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa
10/04/04
JOÃO PRATICOU CONDUTA B CUJA PENA ERA DE 8 A 12 ANOS
20/09/05
ENTROU EM VIGOR A LEI Y QUE DETERMINA QUE A CONDUTA B TERÁ PENA DE 4 A 6 ANOS
 ,
A LEI Y 
RETROAGE
JOÃO 
SERÁ PUNIDO 
COM PENA 
DE 4 A 6 ANOS
30/01/06
JULGAMENTO 
DE JOÃO
 Diferente se:
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Princípio da insignificância 
Tal princípio está ligado aos chamados crimes de bagatela 
	(ou delito de lesão mínima)
Segundo ele, o Direito Penal só deve intervir nos casos de lesão de certa gravidade, reconhecendo a atipicidade do fato nas hipóteses de perturbações jurídicas mais leves.
Neste sentido, as seguintes decisões:
“Princípio da insignificância - Aplicabilidade - Descaminho - Aquisição de objetos no exterior em pequena quantidade e de valores reduzidos, sem a devida documentação - Adequação social da conduta.” (RT-753/706)
“Furto - Agente que subtrai uma cédula de um real - Aplicação do princípio da insignificância - Absolvição decretada.” (RT-738/652)
REQUISITOS
DESVALOR
conduta
dano
culpabilidade
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Princípio da presunção do estado de inocência
 artigo 5° , LVII, da CF
 "Ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória." 
PROCESSO
TRÂNSITO EM JULGADO DE SENTEÇA CONDENATÓRIA
NÃO CABE MAIS NENHUM RECURSO
=
 RÉU CULPADO
 EXECUÇÃO DA PENA
Neste sentido:
 "Rol dos culpados
- Lançamento do nome do réu - Impossibilidade antes do trânsito em julgado da sentença condenatória - Consagração do princípio constitucional da presunção da inocência."(RESE 134.320-3/4 - 4° C., j.20.6.94)
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Princípio do "ne bis in idem" 
Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato.
Duplo significado:
PENAL MATERIAL: ninguém pode sofrer duas penas em face de um mesmo crime
PROCESSUAL: ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pela mesma conduta.
A
MATA
B
USO DE
EXPLOSIVO
= qualificadora (art. 121,2º, III) 
= agravante (art. 61, II, d) 
O USO DO EXPLOSIVO NÃO PODERÁ SER LEVADO EM CONTA PARA QUALIFICAR E AGRAVAR A PENA NO MESMO CRIME.
EXEMPLO:
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Princípio do “in dúbio pro reo” 
O acusado da prática de uma infração penal em seu julgamento final, havendo dúvida deverá ser absolvido. 
Corolário do campo das provas, tal princípio deve ser aplicado toda vez que houver dúvida, a interpretação deve ser feita de maneira mais favorável ao réu. 
HAVENDO DÚVIDA EM RELAÇÃO A QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA 
DO CASO
A DECISÃO TEM QUE SER NO SENTIDO DE FAVORECER O RÉU
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Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
“A República Federativa do Brasil, ... , constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;” (art. 1º, III da CF)
 Este princípio é fundamento da República e do Estado Democrático de Direito assim, o homem, antes de ser considerado como cidadão, vale como pessoa. 
 Defender a dignidade do ser humano significa protegê-lo de ações arbitrárias e indevidas por parte do Estado ou de todos aqueles que detém poder sobre outrem. 
 A intervenção jurídico-penal jamais deve servir-se de instrumento vexatório ou repugnante, mesmo que seja contra o pior dos delinqüentes, devendo a razão estar acima de tudo para tratar a criminalidade. 
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Convenção Americana de Direitos Humanos (1969) (Pacto de San José da Costa Rica)
	Preâmbulo 
	
	Os Estados Americanos signatários da presente Convenção, reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime 
de liberdade pessoal e de justiça social, 
fundado no respeito dos direitos humanos essenciais;
reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana (...); 
reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos.
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QUESTÃO para REFLEXÃO
Lei atentamente o caso abaixo:
	“Daniella Perez foi morta com 18 facadas num matagal no Rio, aos 22 anos, a três dias do réveillon de 1993, pelo ator Guilherme de Pádua, que contracenava com ela na novela da Globo De Corpo e Alma, e pela mulher dele, Paula Thomaz, 19 anos, que estava grávida de quatro meses. Casada com o ator Raul Gazolla, Daniella Perez recebeu 18 golpes de tesoura e teve quatro perfurações no pescoço, oito no peito e mais seis que atingiram pulmões e outras regiões. Em 1997, Guilherme foi julgado e condenado a 19 anos de prisão. Três meses depois, Paula foi condenada a 18 anos e seis meses – mais tarde teve a pena reduzida para 15 anos. Após colher 1,3 milhão de assinaturas, Glória conseguiu a aprovação de um projeto de lei para incluir o homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos, que recebem tratamento legal mais severo e impossibilitam o pagamento de fiança e o cumprimento da pena em regime aberto ou semi-aberto. Paula e Guilherme como não responderam por crime hediondo, ficaram presos por sete anos.”
Qual foi o Princípio Constitucional aplicado a este caso?
	
24
 
 Fontes do Direito Penal
25
Introdução
FONTES
lugar de onde provém 
a norma de Direito
DIREITO PENAL
FONTES DE PRODUÇÃO
(MATERIAL)
FONTES DE CONHECIMENTO
(FORMAL)
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FONTES DE PRODUÇÃO
FONTE
MATERIAL
=
órgão encarregado da elaboração da norma penal
ESTADO
O Brasil é composto de alguns entes federativos:
 União
 Estados-membros
 Municípios 
 Distrito Federal 
compete à União legislar sobre Direito Penal (artigo 22, I da CF)
Quem é o órgão competente para a produção das leis penais? 
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FONTES DE CONHECIMENTO 
FONTES
FORMAIS
fonte formal imediata
fonte formal mediatas
LEI
costumes e princípios gerais do direito
Como o direito penal se revela?
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Fonte Formal IMEDIATA
A única fonte imediata de conhecimento é a lei 
Através dela, o Direito se revela imediatamente, de forma direta.
NORMA
LEI
Mandamento de um comportamento normal, retirado do senso comum da coletividade
refere-se ao conteúdo
pode estar em um ou mais dispositivos legais
ato em que se expressa a função legislativa do Estado
texto
simples veículo de norma
Aleié o texto comoexpressão formal. Compõe o dispositivo. Anormaé o significado jurídico desta, é a expressão dodever ser jurídico.
O texto é oveículo, enquanto a norma é odever serveiculado.
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Fonte Formal MEDIATA
Princípios gerais do direito 
o artigo 4° da LICC permite que, nas hipóteses em que a lei for omissa, o juiz poderá utilizar-se dos princípios gerais de direito, para solucionar a questão.
No entanto, somente pode suprir as normas penais não incriminadoras. Não pode criar crimes nem cominar penas.
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Fonte Formal MEDIATA
Costume
	conjunto de normas de comportamento a que pessoas obedecem de maneira uniforme (ELEMENTO OBJETIVO) e constante pela convicção de sua obrigatoriedade (ELEMENTO SUBJETIVO) 
ESPÉCIES
"contra legem"
"secundum legem"
"praeter legem"
Conflita com a lei sem poder de modificá-la
Esclarece e auxilia na aplicação dos dispositivos legais
Cobre lacunas, especificando o conteúdo ou a extensão da lei
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Classificação 
das normas penais 
As normas penais classificam-se em:
1. normas penais incriminadoras
2. normas penais não incriminadoras: 
permissivas
explicativas (ou finais ou complementares)
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Normas Penais Incriminadoras
descreve uma conduta ilícita (contrária ao direito, ao ordenamento jurídico), impondo uma sanção ao agente.
norma penal incriminadora
preceito primário
preceito secundário
definição do comportamento humano ilícito
exposição da sanção que se associa à conduta
EXEMPLO: o legislador não diz expressamente que "matar é crime". Ele descreve a conduta "matar alguém", estabelecendo determinada sanção. Assim, o princípio imperativo que deve ser obedecido (não matar ninguém) não está de maneira expressa na norma penal.
Somente quando uma conduta se amolda a uma norma penal incriminadora é que o Estado adquire o direito concreto de punir.
=
+
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Normas Penais 
Não Incriminadoras
PERMISSIVAS: 
	determinam a licitude ou a não punibilidade de certas condutas, embora estas sejam típicas em face das normas incriminadoras. Exemplos: arts. 20 a 27, 28, parágrafo segundo e art. 128 do CP.
A
MÉDICA
PRATICA ABORTO COM CONSENTIMENTO
B
GESTANTE
art. 126
norma penal incriminadora
art. 128, II
norma penal permissiva
TORNA A CONDUTA LÍCITA
gravidez resultante de estupro
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Normas Penais 
Não Incriminadoras
EXPLICATIVAS:
Também chamadas finais ou complementares
	Esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam o âmbito de sua aplicação
	Exemplos: artigos 4°, 5°, 7°, 10 a 12, 33, 327 do CP.
Peculato - Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
NORMA 
EXPLICATIVA
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Normas Penais em Branco
Necessitam de complementação (de outro diploma) para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário.
EM SENTIDO GENÉRICO:
são aquelas cujo complemento está contido em norma procedente de outra instância legislativa, como, por exemplo, uma portaria ou decreto. 
EM SENTIDO ESTRITO:
são aquelas em que o complemento da norma é determinado pela mesma fonte formal da norma incriminadora, ou seja, a lei é complementada por outra lei.
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Normas Penais em Branco
EXEMPLOS:
GENÉRICA:
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória.
O rol de doenças está no Código Sanitário Estadual. 
ESTRITA:
Art. 237 - Contrair casamento conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade. 
Esses impedimentos estão no art.183, I e VIII do CC.
Sebastián Soler: “No entanto, a lei penal em branco não pode ser entendida como uma carta branca outorgada a determinado poder para que assuma funções repressivas, e, sim, deve ser entendido como o reconhecimento de uma faculdade meramente regulamentar.”
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Suponha que em algum lugar do Brasil, a comunidade tenha como costume constante expulsar da cidade os que cometem crime de roubo (art. 157 do Código Penal). Levando isso em conta, o juiz pode aplicar, além da pena privativa de liberdade, a pena de banimento para esse fato? 
	
QUESTÕES para REFLEXÃO
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Tempo do Crime 
Introdução
 a LEI PENAL nasce, vive e morre 
sanção
promulgação
publicação
revogação
é o ato pelo qual o Presidente da República aprova e confirma uma lei. Com ela, a lei está completa. Ela transforma um “projeto de lei” em “lei” 
ato pelo qual se atesta a existência da lei e se determina a todos que a observem. Sua finalidade é conferir-lhe autenticidade
ato pelo qual a lei se torna conhecida de todos, tornando-se, assim, seu cumprimento obrigatório
expressão genérica que traz a idéia de cessação da existência de regra obrigatória
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sanção
promulgação
publicação
revogação
 ab-rogação
a lei se extingue totalmente
 derrogação autoridade da lei cessa em parte
expressa 
a lei, expressamente, determina a cessação da vigência da norma anterior
tácita 
o novo texto é incompatível com o anterior ou regula inteiramente a matéria precedente
Em regra, o fato, para ser punido, deve ser cometido entre o momento em que a lei nasce – tornando-se obrigatória – até o momento em que ela morre – é revogada
"tempus regit actum"
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Tempo do crime
Em que momento podemos dizer que a infração foi praticada? 
TRÊS TEORIAS
teoria da atividade: momento em que o agente executa a conduta criminosa – ação ou omissão – independentemente do momento do resultado
teoria do resultado: momento da produção do resultado, independentemente do momento da ação ou da omissão. 
teoria da ubiqüidade: tanto o momento da ação ou da omissão quanto o momento do resultado. 
Art. 4°: "Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado"
= teoria da atividade
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Regra de aplicação da Lei Penal no Tempo
ENTRADA EM VIGOR
REVOGAÇÃO
EFICÁCIA DA LEI
FATO
FATO
FATO
NÃO RETROAGE
NÃO ULTRA-AGE
a lei penal não retroagirá, salvo 
para beneficiar o réu
CONCLUSÃO
salvo para beneficiar o réu 
(art. 5º, XL da CF e art. 2º p. único do CP)
 EXCEÇÃO
"tempus regit actum“
a lei penal NÃO retroage e NÃO ultra-age 
 REGRA
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Conflitos de lei penal no tempo 
2) a lei nova incrimina fatos antes considerados lícitos, permitidos 
= (novatio legis incriminadora)
3) a lei nova modifica o regime anterior, agravando a situação do sujeito
= (novatio legis in pejus)
a lei nova suprime normas incriminadoras anteriormente existentes
= (abolitio criminis)
4) a lei nova modifica o regime anterior, beneficiando o sujeito
= (novatio legis in mellius)
2005 – LEI “A” = 
conduta “X” deixa de ser crime
“P” não será punido
= abolitio criminis
2004 – LEI “B” = 
conduta “Y” 
passa a ser crime
2002 - “M” pratica 
conduta “Y”
“M” não será punido
= novatio legis incriminadora
2003 – LEI “C” = 
conduta “W” 
pena de 10 a 15 anos
2000 - “J” pratica 
conduta “W” com pena de 4 a 6 anos
“J” será punido com pena de 4 a 6 anos
= novatio legis in pejus
2002 – LEI “D” = 
conduta “Z” 
pena de multa
2001 - “K” pratica 
conduta “Z” com pena de 7 a 9 anos
“K” será punido com 
pena de multa
= novatio legis in mellius
2004 - “P” pratica 
conduta “X”
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Abolitio Criminis
lei posterior que deixa de considerar um fato como crime 
(art. 2º, caput do CP)
Fundamento:
	A ab-rogação de lei penal incriminadora supõe que o Estado já não mais considera aquele fato contrário aos interesses da sociedade.
 
Natureza jurídica:
	Constitui fato jurídico extintivo da punibilidade (art. 107, III do CP). 
	O Estado, portanto, perde a possibilidade de punir o agente.  
Exclusão de todos os efeitos jurídico-penais:
	1) Se a persecução criminal ainda não foi movimentada, o processo não poderá sequer ser iniciado.
	2) Se o processo estiver em andamento, deverá ser trancado mediante decretação da extinção da punibilidade.
	3) Se já existe sentença condenatória com trânsito em julgado, a pretensão executória não pode ser efetivada.
	4) Se o condenado está cumprindo pena, deve ser decretada a extinção da punibilidade, devendo o sujeito ser solto.
	5) Cessam todos os efeitos da condenação.
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Novatio Legis in Pejus 
A sanção imposta hoje ao crime é mais grave em qualidade que a da lei precedente.
A sanção imposta hoje, embora da mesma qualidade, é mais severa quanto à maneira de execução.
A quantidade da pena em abstrato é aumentada.
A quantidade da pena em abstrato é mantida, mas a maneira de sua fixação é mais rígida que a determinada pela lei anterior.
Inclusão de qualificadoras antes inexistentes.
Lei nova suprime benefícios determinados pela lei anterior, referente à suspensão ou interrupção da execução da pena.
Lei nova exclui causas de extinção da punibilidade.
Lei nova exclui escusas absolutórias anteriormente existentes.
Lei nova exclui causas de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade. 
ATENÇÃO! todas as vezes que a lei nova prejudica o sujeito, ela não poderá retroagir
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Novatio Legis in Mellius 
Lei nova inclui circunstâncias que beneficiam o sujeito.
Lei nova cria causas extintivas da punibilidade não reconhecidas pela lei anterior.
Lei nova permite a obtenção de benefícios não permitidos ou facilita sua obtenção.
Lei nova acresce causas de exclusão da ilicitude, da culpabilidade, ou escusas absolutórias, antes inexistentes.
Lei nova exclui a concessão de extradição.
Lei nova que comina penas menos rigorosa (em qualidade, quantidade ou modo de execução).
ATENÇÃO! O princípio da retroatividade da lei mais benéfica é incondicional, podendo aplicar-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado 
(art. 2º, p. único do CP)
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Lugar do Crime 
Lugar do Crime 
Art. 6°: "Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão , no todo ou em parte , bem como onde se produziu ou devia produzir-se o resultado." 
= teoria da ubiqüidade
EFEITO INTERMÉDIO
CRIME CONSUMADO
CRIME TENTADO
LUGAR DO CRIME
ONDE ACONTECERAM TODOS OS ATOS EXECUTÓRIOS
ONDE ACONTECEU ALGUM DOS ATOS EXECUTÓRIOS
ONDE ACONTECEU O IMPEDIMENTO PARA O RESULTADO
ONDE ACONTECEU O RESULTADO
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Territorialidade 
Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
território 
nacional
conceito jurídico: o território abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania 
O solo ocupado pela corporação política com limites reconhecidos
Regiões separadas do solo principal
Rios, lagos e mares interiores
Golfos, baías e portos
A faixa de mar exterior, que corre ao longo da costa e constitui o "mar territorial“ (= 12 milhas)
Todo espaço aéreo correspondente
Embarcações e aeronaves, em determinadas situações
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Embarcações e Aeronaves
EMBARCAÇÕES
AERONAVES
SÃO
TERRITÓRIO BRASILEIRO
Em qualquer lugar que estiverem
PÚBLICAS
ou
a serviço
do 
GOVERNO BRASILEIRO
EMBARCAÇÕES
AERONAVES
SÃO
TERRITÓRIO BRASILEIRO
Apenas em território nacional
MERCANTES ou de
PROPRIEDADE PRIVADA
Art. 5º, §1º CP
EMBARCAÇÕES
SÃO
TERRITÓRIO BRASILEIRO
Quando estiverem em território nacional
de
PROPRIEDADE PRIVADA
AERONAVES
Art. 5º, §2º CP
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Extraterritorialidade
Ficam sujeitos à lei brasileira – INDEPENDENTEMENTE DE QUALQUER CONDIÇÃO – embora cometidos no estrangeiro:
INCONDICIONADA – ART. 7º, I 
 Os crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
 Os crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
 Os crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
 O crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
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Extraterritorialidade
Ficam sujeitos à lei brasileira embora cometidos no estrangeiro:
CONDICIONADA – ART. 7º, II 
 crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
 crimes praticados por brasileiro no estrangeiro;
 delitos praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados;
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Pena cumprida no Estrangeiro 
	A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Art. 8º CP)
PENAS
DIVERSAS
PENAS IDÊNTICAS 
ATENUA
 FUNDAMENTO: proibição do "bis in idem" 
COMPUTA
EXEMPLOS:
“A” recebeu pena de multa no estrangeiro e uma pena de reclusão, no Brasil. A pena de multa que foi paga no estrangeiro atenua, obrigatoriamente, a pena privativa de liberdade imposta no Brasil.
“A” recebeu pena de detenção de 2 anos no estrangeiro e uma pena de detenção de 5 anos, no Brasil. A pena de detenção que foi cumprida no estrangeiro é computada, (5 – 2 = 3) obrigatoriamente, na pena de reclusão imposta no Brasil (=DETRAÇÃO).
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Prazo Penal
Contagem de prazo 
O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. 
	Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
	(art. 10 do CP) 
O dia é o lapso temporal entre meia-noite e meia-noite. 
O mês é contado de determinado dia à véspera do mesmo dia do mês seguinte, terminando às 24 horas, pouco importando quantos são os dias de cada mês.
O ano é contado de certo dia às 24 horas da véspera do dia de idêntico número do mesmo mês do ano seguinte, não importando seja bissexto qualquer deles. 
Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia. 
	(art. 11 do CP)
EXEMPLO:
A
condenado a 
3 anos e 20 dias
06
Janeiro
2000
25
Janeiro
2003
A
terá cumprido 
a pena
57
Conflito Aparente de Normas/Leis
DIREITO PENAL
Teoria Geral do Crime
INFRAÇÃO PENAL
	
 	Conceito de infração penal:
	 Segundo a doutrina, o termo “infração” é utilizado genericamente, englobando os “crimes” e as “contravenções”. Crime é sinônimo de delito. O Código Penal usa as expressões “infração”, “crime” e “contravenção”, sendo que aquela abrange estes.
		 	Espécies infrações penais: crimes ou delitos e contravenções.
	Conceito de crime
 	Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal: 
	“considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa”.
	
Aos crimes a lei comina as seguintes penas:
	reclusão
	reclusão e multa
	reclusão ou multa
	detenção
	detenção e multa
	detenção ou multa
	Conceito de contravenção
 	Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal: 
	“considera-se contravenção, a infração penal a que lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente”.
	
Para as contravenções a lei comina as penas de:
	prisão simples
	prisão simples e multa
	prisão simples ou multa	
	multa
Diferenças entre crime e contravenção:
Conceito de Crime
O crime pode ser conceituado sob os seguintes aspectos:
•	material;
•	formal (ou analítico);
•	formal e material;
•	formal, material e sintomático.
Desses quatro, predominam dois: o formal (analítico) e o material.
Conceito Material de Crime
“É aquele que busca estabelecer a essência do conceito, isto é, o porquê de determinado fato ser considerado criminoso e outro não. Sob esse enfoque, crime pode ser definido como todo fato humano que propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social”
Conceito Formal (Analítico) de Crime
“É aquele que busca, sob um prisma jurídico, estabelecer os elementos estruturais do crime. A finalidade deste enfoque é propiciar a correta e mais justa decisão sobre a infração penal e seu autor, fazendo com que o julgador ou intérprete desenvolva o seu raciocínio em etapas. Sob esse ângulo, crime é todo fato típico e ilícito”.
Crime é um fato típico e antijurídico. A culpabilidade constitui pressuposto da pena.
Alguns doutrinadores, entretanto, entendem que crime é fato típico, antijurídico e culpável. 
Como podemos perceber, existem, entre as consagradas, duas teorias que estudam a estrutura do crime sob o aspecto formal, de acordo com a concepção por elas adotada a respeito do conceito de conduta. Logo, cumpre observar que, a depender da teoria adotada, diferentes serão os requisitos de existência do crime.
Das Teorias Clássica e Finalista
Teoria clássica: para esta teoria, crime é fato típico, antijurídico e culpável. Segundo seus adeptos, o dolo e a culpa estão na culpabilidade, razão pela qual, ausente o dolo ou a culpa, ausente está o crime. Assume, portanto, obrigatoriamente a concepção tripartida a respeito do conceito formal de crime. 
Teoria finalista: os adeptos desta teoria conceituam crime como fato típico e antijurídico, isto em sua acepção bipartida, coerente com a reforma penal operada no ano de 1984, uma vez que, para o Código Penal, a ausência de culpabilidade acarreta a isenção de pena (subsistindo o crime, em todos os seus elementos, como típico e ilícito)
A doutrina majoritária entende que o Código Penal adotou a teoria finalista da ação (conduta). Com efeito, crime é fato, e a culpabilidade recai sobre o sujeito e não sobre o fato, ou seja, não há fato culpável, mas sim sujeito culpável. É a teoria que vamos adotar.
Note-se que a grande diferença entre as duas teorias reside no fato de que para a teoria clássica o dolo e a culpa estão na culpabilidade, enquanto os finalistas consideram a conduta como sendo dolosa ou culposa. 
Crime 
 Teoria Clássica
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Crime 
 Teoria Finalista
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Caracteres do Crime
Fato Típico
Antijuridicidade ou Ilicitude
Culpabilidade (teoria clássica)
Punibilidade
Situação Paradigma : A esfaqueia B, causando-lhe a morte. O artigo 121, caput, do Código Penal assim define o crime de homicídio simples: matar alguém. Assim, a conduta de A corresponde ao fato que a lei penal descreve como crime. Ocorreu nesse exemplo a subsunção do fato a uma norma penal incriminadora
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“A esfaqueou B”, logo: A praticou a conduta esfaquear (conduta); B morreu (resultado); B morreu em conseqüência das lesões produzidas pelas facadas (nexo causal); todo esse acontecimento se enquadra no artigo 121 do Código Penal (tipicidade). 
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FATO TÍPICO 
1) CONDUTA DOLOSA OU CULPOSA
2) RESULTADO
3) NEXO CAUSAL
4) TIPICIDADE
Conceito: É fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal.
CRIME = FATO TÍPICO + Antijurídico ou Ilicitude
Elementos do FATO TÍPICO:
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Conduta é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, voltada a uma finalidade.
O pensamento não existe para o Direito Penal, ou seja, uma pessoa não pode ser punida somente por pensar em praticar um crime (cogitationis poenam nemo patitur).
Se alguém, por exemplo, pensa em matar outrem, somente será punido se exteriorizar seu pensamento praticando a ação ou a omissão delitiva.
A ação é um comportamento positivo, é um fazer.
A omissão é uma abstenção de movimento, é um não fazer. 
A conduta é, portanto, a exteriorização de um pensamento por meio de uma ação ou uma omissão.
Somente a pessoa física pode praticar fato típico, visto que este pressupõe vontade e somente os seres humanos possuem vontade. Quanto à pessoa jurídica, embora haja divergência, grande parte da doutrina sustenta que não poderá praticar o fato típico por não possuir vontade. 
Hoje, no entanto, em relação aos crimes ambientais (Lei n. 9.605/98, artigos 3.º e 21 a 24), a pessoa jurídica pode praticar fato típico, sendo possível ser responsabilizada criminalmente.
Não haverá conduta sem vontade, ou seja:
o caso fortuito ou força maior eliminam a vontade, inexistindo a conduta e, por conseqüência, o fato típico; 
os reflexos (causados por excitação de um nervo sensitivo) não caracterizam a conduta, pois não há vontade; 
a conduta praticada mediante coação física (vis absoluta) elimina a vontade, no entanto, a conduta praticada mediante coação moral (vis compulsiva), ainda que seja irresistível, não exclui a vontade, apesar de neste caso não haver culpabilidade.
também não há conduta nos casos de movimentos praticados durante o sonho ou sonambulismo, sob sugestão ou hipnose e em estado de inconsciência.
Teorias da conduta
Teoria naturalista ou causal
Teoria finalista
Teoria social
Teoria naturalista ou causal
Suas ideais pretendiam incorporar as leis da natureza no Direito Penal (daí o nome naturalista). Para essa teoria, a ação é considerada um puro fator de causalidade (daí o nome causal), uma simples produção do resultado, mediante o emprego de forças físicas. A conduta é simples exteriorização de movimento ou abstenção de comportamento, desprovida de qualquer finalidade, sendo desnecessário para caracterização do crime saber se houve dolo ou culpa, sendo necessário somente indagar quem foi o causador material
Nessa linha de ideais, citamos um exemplo: um sujeito conduz seu veículo com prudência na via pública e, sem que possa prever, um suicida se joga na frente do veículo e, atingido por este, vem a falecer. 
Para a teoria naturalista, o motorista, que não quis matar nem agiu com culpa, cometeu homicídio, ficando a análise do dolo e da culpa para um momento posterior, quando da aferição da culpabilidade.
Teoria finalista
Constitui uma reação à teoria causal.
A finalidade é elemento inseparável da conduta, ou seja, não existe conduta típica sem vontade e finalidade. Para a teoria finalista, a vontade gera a conduta.
Nosso ordenamento legal filiou-se à teoria finalista. O Código Penal, em seu artigo 18, reconhece que o crime deve ser doloso ou culposo. No caso, portanto, de o sujeito vir a matar alguém, sem dolo ou culpa, como no exemplo do motorista, citado anteriormente, embora tenha se produzido o resultado morte, não se pode falar em crime.
Observe-se que o finalismo retirou o dolo e a culpa da culpabilidade, trazendo-os para o fato típico (conduta dolosa ou culposa). Assim, sem dolo e culpa não há fato típico. 
Nessa linha de pensamento, podemos imaginar a seguinte hipótese: 
Um homem, vestido de bata branca, toca fisicamente em uma moça despida. 
Observando esse acontecimento objetivamente, é possível saber se o homem praticou uma conduta desonesta? 
Não, pois, conforme sua vontade, pode ter praticado um exame médico ou uma ação desonesta punível. Nesse caso, observando somente o resultado, é impossível saber se houve crime ou mero exame clínico, sendo imprescindível descobrir qual era a vontade do agente. 
Teoria social
Para essa teoria, somente haverá crime se a conduta do agente for socialmente inadequada. Para ele, o Direito Penal só deve cuidar daquelas condutas voluntárias que produzam resultados típicos de relevância social. 
Se, por exemplo, um jogador de futebol, durante o jogo, desfere um pontapé no adversário para evitar que este marque um gol, não comete crime, pois praticou um fato típico, mas socialmente compreensível. 
Critica-se essa teoria sob o argumento de que o costume não pode revogar a lei. Ao julgador não é dado legislar, mas somente aplicar as leis postas
100
Teoria naturalista ou causal
Vontade
Conduta 
Resultado
CAUSA
CAUSA
Os causalístas:
Ao examinarem a conduta de uma pessoa, não realizam nenhuma valoração acerca do FIM pretendido pelo agente;
100
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Teoria finalista
Hans Welzel primeiras décadas do século XX;
“Todo e qualquer acontecimento humano é um acontecimento FINALISTA 
E não puramente CAUSAL, pois o homem, enquanto ser consciente das
leis naturais de causa e efeito, pode prever as conseqüências de seu
 comportamento e tem condições de dirigir sua atividade no sentido da 
Produção de um ou de outro resultado.”
Ação
Externamente
(concretiza sua vontade)
Internamente
(pensamento)
Finalidade
Conclusão: somente analisando o conteúdo da vontade é que se pode afirmar a realização de um tipo legal de crime, já que a finalidade é parte integrante da conduta, dela inseparável. Esta é a essência do FINALISMO. 
101
102
Teoria social
JESCHEK E WESSELS entenderam que o finalismo de Welzel era INSUFICIENTE para conceituar conduta porque esquecia uma característica essencial de todo comportamento humano, que é o seu LADO SOCIAL (TELES, 2005). 
Ação é a causação de um resultado típico SOCIALMENTE RELEVANTE”
“a Teoria social da ação vê na relevância social do fazer ou da omissão humanos, o critério conceitual comum a todas as formas de comportamento”.
Críticas: Damásio e Assis Toledo
Para Damásio essa teoria não deixa de ser CAUSAL
102
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Teoria Adotada no Direito Penal
 A Teoria Finalista é a que mais atende aos interesses do Direito Penal;
 É a teoria que consegue explicar a conduta com base no próprio direito positivo.
Conduta 
VONTADE
FINALIDADE
103
104
é ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada finalidade (DAMÁSIO, 1998);
É ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade (CAPEZ,2005).
CONDUTA
AÇÃO
OMISSÃO
VONTADE
FINALIDADE
CONSCIÊNCIA
Conceitos de Conduta
104
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Elementos da Conduta
Vontade
Finalidade;
Exteriorização (inexiste quando é pensamento)
Consciência
Conduta – é realização material da vontade humana, mediante a prática de um ou mais ATOS.
Ato – é apenas uma parte da conduta.
105
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Ausência de Conduta
Só existe conduta quando houver vontade do agente.
ATO VOLUNTÁRIO (JOLIVET, apud Damásio, 1998)
1. Deve ser espontâneo, isto é, proceder de uma tendência própria e interior à vontade; se não é coagido e forçado;
2. O fim deve ser conhecido como tal; se não, o ato não é voluntário mas natural ou instintivo.
DÁ-SE AUSÊNCIA DE CONDUTA QUANDO OCORRE LESÃO A BEM JURÍDICO, COM A INTERFERÊNCIA DO HOMEM, SEM TER HAVIDO CONDUTA, POR INEXISTIR VONTADE.
Ex: enfermeira imobilizada por imobilizada, é impedida de administrar medicamento imprescindível para a manutenção da vida do paciente. 
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São três os casos possíveis:
Coação física absoluta ou força irresistível;
Movimentos Reflexos;
Estados de Inconsciência
Coação física absoluta ou força irresistível – trata-se de força absoluta, que não se pode resistir. (Vis absoluta).Essa é uma força tão forte que elimina a vontade do homem – logo não há conduta.
	Ex: enfermeira imobilizada por imobilizada, é impedida de administrar medicamento imprescindível para a manutenção da vida do paciente. 
	Forçar fisicamente alguém a assinar documento falso. Autor do falso é o coator.
	Se a coação for moral (vis compulsiva), há conduta, porém viciada. Não há culpabilidade. Ex: gerente do banco que tem sua esposa e filhos ameaçados e rouba banco.
Ausência de Conduta
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2. Movimentos Reflexos – movimentos do corpo ditados por reflexos naturais.
Ex: Um indivíduo que tem um reflexo rotuliano
e danifica um bem valioso. Não pode ser considerado crime de dano pois não há vontade, logo não há FATO TÍPICO (Fato típico = conduta (não há conduta, pois não há vontade) + resultado+ nexo causal+ tipicidade).
Ex: Um indivíduo que ao levar um choque elétrico, tem um movimento involuntário no braço e atinge o rosto de uma mulher, causando-lhe um hematoma.
3. Estados de Inconsciência – não existe a consciência do fato. Ex: sonambulismo; atos praticados sob efeito de hipnose ou em estados de inconsciência.
Ausência de Conduta
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Formas de Conduta
Ação 
comportamento positivo, movimentação corpórea, facere. (CAPEZ,2005);
Omissão 
comportamento negativo, abstenção de movimento, non facere (CAPEZ, 2005).
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Conduta comissiva
Ação é o comportamento positivo, movimentação corpórea, facere.
Segundo o Professor Damásio de Jesus, a ação é a que se manifesta por intermédio de um movimento corpóreo tendente a uma finalidade.
A maioria dos núcleos dos tipos se consubstancia em modos positivos de agir, como matar, apropriar-se, destruir etc.
Conduta omissiva
Existem duas teorias a respeito da omissão:
Teoria naturalística da omissão: a omissão é um fazer, é perceptível no mundo natural como algo que muda o estado das coisas, ou seja, quem se omite dá causa ao resultado.
Teoria normativa da omissão: quem se omite não faz nada e o nada não causa coisa alguma, não tem relevância causal. Excepcionalmente, porém, embora não tendo produzido o resultado, o omitente responderá por ele quando a lei lhe impuser o dever jurídico de agir. Por isso é chamada teoria normativa, pois, para que a omissão tenha relevância causal (por presunção legal), há necessidade de uma norma impondo, na hipótese concreta, o dever jurídico de agir.
Resultado
Para grande parte da doutrina, não há diferença entre resultado e evento, entretanto, há quem entenda que evento é qualquer acontecimento (exemplo: um raio provoca um incêndio) e resultado é a consequência de uma conduta humana juridicamente relevante.
Há duas espécies de resultado: resultado jurídico e resultado naturalístico.
Resultado jurídico
É a consequência jurídica do crime, ou seja, é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido. 
Sob o aspecto jurídico, não há crime sem resultado, pois todo crime fere ou expõe a perigo um bem jurídico.
Resultado naturalístico
É a modificação que a conduta provoca no mundo natural, no mundo concreto (exemplo: antes do furto, a vítima tinha posse do seu patrimônio). Nem todos os crimes possuem resultado naturalístico. De acordo com a existência ou não do resultado naturalístico, é possível classificar os crimes em três espécies:
Crimes materiais;
Crimes formais;
Crimes de mera conduta
Crimes materiais: são crimes que somente se consumam com a produção do resultado naturalístico, ou seja, o resultado naturalístico integra o próprio tipo penal (exemplos: homicídio, furto, seqüestro etc.).
Crimes formais: são crimes em que a ocorrência do resultado naturalístico, apesar de admitida, não é relevante, pois se consumam antes e independentemente de sua produção. exemplo de crime formal: extorsão mediante seqüestro: nesse crime, o resultado naturalístico visado é a obtenção da vantagem econômica e conseqüente diminuição do patrimônio da vítima; no entanto, o crime se consuma no momento em que a vítima é seqüestrada, independentemente do recebimento ou não do resgate).
Crimes de mera conduta: o tipo não prevê a ocorrência de resultado naturalístico (exemplos: crime de desobediência, violação de domicílio).
Crimes formais: são crimes em que a ocorrência do resultado naturalístico, apesar de admitida, não é relevante, pois se consumam antes e independentemente de sua produção. exemplo de crime formal: extorsão mediante seqüestro: nesse crime, o resultado naturalístico visado é a obtenção da vantagem econômica e conseqüente diminuição do patrimônio da vítima; no entanto, o crime se consuma no momento em que a vítima é seqüestrada, independentemente do recebimento ou não do resgate).
Crimes de mera conduta: o tipo não prevê a ocorrência de resultado naturalístico (exemplos: crime de desobediência, violação de domicílio).
Tipicidade
O tipo é o modelo descritivo da conduta contido na lei. Quando o fato praticado pelo agente se enquadra no tipo, ocorre a tipicidade.
 	RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Nexo de causalidade (nexo causal): é o elo físico que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado.
É O NEXO DE CAUSALIDADE OU A RELAÇÃO ENTRE O COMPORTAMENTO HUMANO E O RESULTADO OCORRIDO.
Art. 13, caput, CP: “o resultado de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
“Suponha-se que ‘A’ tenha matado ‘B’. 
A conduta típica do homicídio possui uma série de fatos, alguns antecedentes, dentre os quais sugerem-se os seguintes: 
a produção do revólver pela indústria; 
aquisição da arma pelo comerciante; 
compra do revólver pelo agente; 
refeição feita pelo homicida; 
emboscada; 
disparo dos projéteis na vítima; 
resultado morte. 
Dentro dessa cadeia, excluindo-se os fatos sob os números 1 a 3, 5 e 6, o resultado não teria ocorrido. Logo, são considerados causa.
Excluindo-se o fato sob o número 4, ainda assim o resultado teria ocorrido. Logo, a refeição feita pelo sujeito não é considerada causa. 
A esse sistema, preconizado por Thyrén, de aferição, dá-se o nome de “procedimento hipotético de eliminação”. 
Teoria da equivalência dos antecedentes: conhecida como teoria da conditio sine qua non, segundo a qual causa é toda ação ou omissão anterior que contribui para a produção do resultado. 
Concausa
É uma causa que concorre paralelamente à conduta, contribuindo para a produção do resultado. A reforma penal de 1984 abandonou totalmente o conceito de concausa. Como foi adotada a teoria da conditio sine qua non, não há por que fazer diferenciação entre causa e concausa, tendo em vista que tudo o que acontecer para a produção do resultado será considerado causa.
Espécies de causas
Causas dependentes: são aquelas que se encontram dentro da linha normal de desdobramento causal da conduta. É causa decorrente logicamente da conduta, um encadeamento causal previsível e esperado. As causas dependentes jamais rompem o nexo causal (exemplo: disparo de arma de fogo, ferimento, rompimento de artérias, hemorragia interna e morte).
Causas independentes: são aquelas que se encontram fora da linha normal de desdobramento causal da conduta. Seu surgimento não é uma decorrência esperada, lógica, natural do fato anterior, mas, ao contrário, um fenômeno totalmente inusitado, imprevisível. A causa independente se destaca da conduta, ou seja, não se sabia que, ao praticar a conduta, haveria aquela causa. Exemplo: não é uma conseqüência normal de um simples susto a morte por parada cardíaca.
Causas absolutamente independentes
Além de produzir sozinha o resultado, a causa absolutamente independente tem uma origem completamente diversa da conduta, ou seja, ocorreria ainda que a conduta nunca tivesse sido praticada (exemplo: o agente planeja a morte da vítima; quando esta está passando, antes de o agente atirar, a vítima sofre um ataque cardíaco e vem a falecer; independentemente da conduta, o resultado aconteceria). 
Preexistentes
Concomitantes
Supervenientes 
Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: o genro, com intenção de envenenar a sogra, ministra arsênico no jantar da vítima. Ao terminar o jantar, a vítima morre. Constata-se, então, que a causa da morte da vítima foi o envenenamento produzido pela filha no café da manhã. Observe-se que a morte não foi causada pela conduta do genro, pois o arsênico leva 16 horas para fazer efeito. Não há, portanto, nexo causal. Nesse caso, o genro responderá por tentativa de homicídio. 
Concomitantes: atuam ao mesmo tempo da conduta. Exemplo: durante o jantar, 4 assaltantes invadem a residência de
uma pessoa que está sendo envenenada. Esta pessoa reage ao assalto e é assassinada. Não há nexo causal.
Supervenientes: atuam após a conduta. Exemplo: após ser envenenada, mas ainda viva, desprende-se o lustre sobre a cabeça da vítima, matando-a. Não há nexo causal.
Observe-se que, nos exemplos citados, as causas rompem totalmente o nexo causal, razão pela qual o agente só responderá pelos atos até então praticados. 
Causas relativamente independentes
A causa relativamente independente produz por si só o resultado, contudo origina-se da conduta, ou seja, a causa apareceu por conta da conduta e, inesperadamente, produziu o resultado.
Preexistentes
Concomitantes
Supervenientes 
Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: o agente corta o braço da vítima, que é hemofílica, e esta morre em decorrência da hemorragia. A hemofilia é causa preexistente ao resultado. Existe nexo causal, mas o autor deverá responder por lesão corporal, diante da ausência de dolo de matar (se o agente não sabia que a vítima era hemofílica).
 
Concomitantes: atuam ao mesmo tempo da conduta. Exemplo: o ladrão anuncia o assalto apontando um estilete para a vítima, que desmaia e morre de infarto. Há nexo causal, mas não houve dolo nem culpa em matar. Nesse caso o agente responderia por tentativa de roubo. 
Supervenientes: atuam após a conduta. Exemplo: uma pessoa baleada no peito está sendo levada ao hospital, quando a ambulância que a transporta capota, fazendo com que a vítima morra em decorrência de ter sua cabeça esmagada. 
As causas relativamente independentes não têm o condão de romper o nexo causal. No caso das causas preexistentes e concomitantes, como existe nexo causal, o agente responderá pelo resultado, a menos que não tenha concorrido para o mesmo com dolo ou culpa. Afinal, dizer que existe nexo causal não dispensa a presença do elemento psicológico (dolo) ou normativo (culpa) da conduta, sem os quais o fato será atípico.
Na hipótese, porém, das supervenientes, embora exista nexo causal físico-naturalístico, o Código Penal, por expressa disposição do artigo 13, § 1.°, excepcionando a regra geral, manda desconsiderá-lo, não respondendo o agente pelo resultado, mas somente por tentativa. 
Ex. 01: A atira em B, que provavelmente faleceria em razão dos disparos. B é socorrido por ambulância que vem a se envolver em acidente, que mata todos que nela estavam. Comprova-se que B morreu em razão do acidente, e não em razão dos disparos. 
O ACIDENTE NÃO PODE SER CONSIDERADO DESDOBRAMENTO FÍSICO NATURAL DA CONDUTA DE A.
 Quem é baleado, via de regra, não morre por acidente de trânsito. Assim, A somente responderá pelo seu dolo, ou seja, pela tentativa de homicídio.
Ex. 02: A atira em B, que provavelmente faleceria em razão dos disparos. B é socorrido por ambulância e chega com vida no hospital. Enquanto se tratava, contrai infecção hospitalar e, embora já estivesse se recuperando, vem a falecer em virtude da infecção.
A INFECÇÃO PODE SER CONSIDERADA DESDOBRAMENTO FÍSICO NATURAL DA CONDUTA DE A.
Quem é baleado possui grandes chances de contrair infecção hospitalar. Assim, a responde por homicídio doloso consumado.
Ex. 03: se alguém ferir o dedo mínimo de outrem com canivete enferrujado e esta pessoa, sem o devido tratamento, contrair tétano e vier a falecer, podemos imputar o resultado morte ao agente?
NÃO
Essa regra não é absoluta. Para que não cheguemos a conclusões absurdas somente deve ser considerado como consequência da linha de desdobramento da conduta aquele resultado que seja produto de uma lesão relevante, grave, que tenha relevo.
CONCLUSÃO:
causas relativamente independentes PREEXISTENTES e CONCOMITANTES 
O agente responderá pelo resultado desde que estas causas estejam dentro do conhecimento do agente, senão estaríamos admitindo responsabilidade penal objetiva, ou seja, sem culpa.
Causas relativamente independentes SUPERVENIENTES possuem uma peculiaridade 
Não podem estar dentro do conhecimento do agente, pois são supervenientes. O resultado precisa estar dentro de uma linha natural de desdobramento fático da ação do agente e, além disso, a lesão advinda da ação deve ser significante, passível de produzir o resultado mais grave.
DIREITO PENAL
Crime Consumado
Tentativa
Arrependimento Posterior
Iter criminis é o itinerário do crime. A doutrina aponta quatro etapas diferentes no caminho do crime:
Cogitação: nesta fase, o agente somente está pensando, idealizando, planejando a prática do crime. Nessa fase o crime é impunível.
Preparação: é a prática dos atos antecedentes necessários ao início da execução. Não existe fato típico ainda, salvo se o ato preparatório constituir crime autônomo.
Execução: começa a agressão ao bem jurídico. Nessa fase, o agente inicia a realização do núcleo do tipo, e o crime já se torna punível.
Consumação: quando todos os elementos do fato típico são realizados.
Pergunta: Em que momento o crime sai de sua fase preparatória e começa a ser executado?
Resposta: A execução começa com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco à consumação do crime. Ato idôneo é o capaz de produzir o resultado e ato inequívoco é o que, fora de qualquer dúvida, induz ao resultado. Assim, a execução está ligada ao verbo de cada tipo. Quando o agente começa a praticar o verbo do tipo, inicia-se a execução.
CRIME CONSUMADO
Crime consumado é aquele em que foram realizados todos os elementos da definição legal. 
Crime exaurido é aquele em que o agente já consumou o crime, mas continua atingindo o bem jurídico. 
O exaurimento influi na primeira fase da fixação da pena (artigo 59, caput, do Código Penal).
TENTATIVA
Tentativa é a não-consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente.
 
Aplicação da Pena
A tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. O critério para essa redução é a proximidade do momento consumativo, ou seja, quanto mais próximo chegar da consumação, menor será a redução.
Espécies de Tentativa
Tentativa imperfeita ou inacabada
Ocorre quando a execução do crime é interrompida, ou seja, o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a praticar todos os atos de execução do crime .
 
Tentativa perfeita ou acabada
Também conhecida como “crime falho”. Ocorre quando o agente pratica todos os atos de execução do crime, mas o resultado não se produz por circunstâncias alheias à sua vontade.
 
Tentativa branca ou incruenta
Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando a vítima não é atingida.
 
Tentativa cruenta
Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando a vítima é atingida, mas o resultado desejado não acontece por circunstância alheia à vontade do agente.
Infrações que Não Admitem Tentativa
 
Crimes culposos 
Parte da doutrina admite no caso de culpa imprópria.
 
Crimes preterdolosos
No caso dos crimes preterdolosos ou preterintencionais, o evento de maior gravidade, não querido pelo agente, é punido a título de culpa. No caso de latrocínio tentado, o resultado morte era querido pelo agente; assim, embora qualificado pelo resultado, o latrocínio só poderá ser preterdoloso quando consumado. 
 
Crimes omissivos próprios
São crimes de mera conduta (exemplo: artigo 135 do Código Penal).
 
Contravenção penal
A tentativa não é punida (artigo 4.º do Decreto-lei n. 3.688/41).
 
Delitos de atentado
São crimes em que a lei pune a tentativa como se fosse consumado o delito (exemplo: artigo 352 do Código Penal).
Crimes habituais
	Tais crimes exigem, para consumação, a reiteração de atos que, isolados, não configuram fato típico. Inviável a verificação da tentativa, posto que uma segunda conduta já caracteriza o delito.
Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado
	Trata-se, por exemplo, do artigo 122 do Código Penal.
Tentativa Abandonada ou Qualificada
Ocorre quando, iniciada a execução, o resultado não se produz por força da vontade do próprio agente.
É chamada pela doutrina de ponte de ouro. Comporta duas espécies: desistência voluntária e arrependimento eficaz.
 
Desistência voluntária
Arrependimento eficaz
Desistência voluntária
O agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua consumação. Ocorre antes de o agente esgotar os atos de execução, sendo possível somente na tentativa imperfeita ou inacabada..
Arrependimento eficaz
O agente executa o crime até o último ato, esgotando-os, e logo após se arrepende, impedindo o resultado. Só é possível no caso da tentativa perfeita ou acabada. Ocorre somente nos crimes materiais que se consumam com a verificação do resultado naturalístico. 
A desistência ou o arrependimento não precisa ser espontâneo, mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência ou a resipiscência for sugerida por terceiros subsistirão seus efeitos. A tentativa abandonada, em suas duas modalidades, exclui a aplicação da pena por tentativa, ou seja, o agente responderá somente pelos atos até então praticados.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
 
Artigo 16 do Código Penal:
Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
A expressão utilizada pelo legislador é redundante, pois todo arrependimento é posterior.
 Na verdade o arrependimento é posterior à consumação do crime.
Trata-se de causa obrigatória de redução de pena. 
É causa objetiva de diminuição de pena, portanto, estende-se aos co-autores e partícipes condenados pelo mesmo fato.
Requisitos
Só cabe em crime cometido sem violência ou grave ameaça contra a pessoa. Reparação do dano ou restituição da coisa (deve ser integral).
Por ato voluntário do agente. Não há necessidade de ser ato espontâneo, podendo haver influência de terceira pessoa.
O arrependimento posterior só pode ocorrer até o recebimento da denúncia ou queixa. Após, a reparação do dano será somente causa atenuante genérica (artigo 65, inciso III, alínea “b”). 
Critérios para Aplicação da Redução da Pena
São dois os critérios para se aplicar a redução da pena: espontaneidade e celeridade. 
O arrependimento posterior não precisa ser espontâneo, mas se for, a pena sofrerá maior diminuição. Também, quanto mais rápido reparar o dano, maior será a diminuição.
Relevância da Reparação do Dano
Cheque sem fundos: o pagamento até o recebimento da denúncia ou queixa extingue a punibilidade (Súmula 554 do Supremo Tribunal Federal).
Crimes contra a ordem tributária: o pagamento do tributo até o recebimento da denúncia ou queixa também extingue a punibilidade.
Peculato culposo (artigo 312, § 3.º): se a reparação do dano precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior reduz de metade a pena imposta.
Crimes de ação penal privada ou pública condicionada à representação (artigo 74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95): havendo composição civil do dano em audiência preliminar, extingue-se o direito de queixa ou representação.
TENTATIVA INIDÔNEA OU INADEQUADA
 
Também chamada “quase crime” ou “crime impossível”, ocorre quando a consumação é impossível pela ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto.
A consequência do crime impossível é a atipicidade do fato. 
Ineficácia Absoluta do Meio
Impropriedade Absoluta do Objeto
Ineficácia Absoluta do Meio
O meio empregado jamais poderia levar à consumação do crime. A ineficácia do meio deve ser absoluta (exemplo: um palito para matar um adulto, uma arma de brinquedo). Deve-se lembrar, entretanto, que um determinado meio pode ser ineficaz para um crime, mas eficaz para outro (exemplo: num crime de roubo, uma arma totalmente inapta a produzir disparos pode ser utilizada para intimidar a vítima).
Impropriedade Absoluta do Objeto
 
O crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto é também chamado delito putativo por erro de tipo, pois se trata de um crime imaginário; o agente quer cometer um crime, mas devido ao desconhecimento da situação de fato, comete um irrelevante penal (exemplo: mulher pensa que está grávida e ingere substância abortiva). Não se confunde com o erro de tipo, pois neste o agente não sabe, devido a um erro de apreciação da realidade, que está cometendo um crime (exemplo: compra cocaína pensando ser talco). 
A pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta jamais poderia ser alvo do crime
Crime de ensaio ou experiência
 
	Também chamado “delito putativo por obra do agente provocador” ou “crime de flagrante preparado”, ocorre quando a polícia ou terceiro (agente provocador) prepara uma situação, que induz o agente a cometer o delito (exemplo: detetive simula querer comprar maconha e prende o traficante). O agente é protagonista de uma farsa. A jurisprudência considera a encenação do flagrante preparado uma terceira espécie de crime impossível, entendendo não haver crime ante a atipicidade do fato (Súmula n. 145 do Supremo Tribunal Federal). 
Complicações cirúrgicas e infecção hospitalar
Nesses casos, a causa é dependente ou relativamente independente?
O Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que nesses casos a causa é dependente, porque estatisticamente complicações cirúrgicas ocorrem com freqüência. Nesse caso o agente responde por homicídio consumado se agiu com dolo ou culpa.
Uma pessoa baleada no peito está sendo levada ao hospital, quando a ambulância que a transporta capota, fazendo com que a vítima morra em decorrência de ter sua cabeça esmagada. Supondo que o agente teve dolo de matar, por qual crime ele deverá responder? 
DIREITO PENAL
 
Tipo Penal
Dolo e Culpa
Crimes Qualificados pelo Resultado
Erro de Tipo
TIPO PENAL
 
O tipo legal é um dos postulados básicos do princípio da reserva legal. A Constituição Federal consagra expressamente que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (artigo 5.º, inciso XXXIX), deixando à lei a tarefa de definir, descrever, os crimes.
Conceito
Consiste na descrição abstrata da conduta humana feita, pormenorizadamente, pela lei penal e correspondente a um fato criminoso – também chamado de tipo incriminador. 
O tipo é, então, um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos, sendo que alguém cometerá um delito se realizar uma conduta idêntica à constante no modelo legal.
O conceito de tipo é expresso pelo Professor Fernando Capez como “o modelo descritivo das condutas humanas criminosas, criado pela lei penal, com a função de garantia do direito de liberdade”.
Da Adequação Típica e suas Formas
	
Adequação típica é o enquadramento do fato ocorrido concretamente ao tipo legal.
Adequação típica de subordinação imediata
Adequação típica de subordinação mediata
Adequação típica de subordinação imediata: é o ajuste integral, perfeito, entre o fato e o tipo legal, sem que para a sua subsunção se exija o concurso de qualquer outra norma.
Adequação típica de subordinação mediata, ampliada ou por extensão: o fato não se enquadra imediatamente na norma penal incriminadora; exige para isto o concurso de outra disposição, por exemplo, tentativa (artigo 14, inciso II, do Código Penal) e concurso de agentes (artigo 29) – há necessidade de se combinar a norma contida na Parte Geral com o dispositivo da Parte Especial para que ocorra a exata modelagem da conduta à norma.
Dolo e Culpa
Crime doloso: segundo a teoria finalista da ação, dolo é um elemento subjetivo do tipo, manifestado pela vontade de concretizar as características objetivas do tipo. O dolo é a regra geral dos delitos descritos no CPB e normalmente está expresso no tipo penal.
Teorias sobre o conceito de dolo 
Vontade
Representação
Assentimento:
Vontade: Elaborada por Carrara, que diz “ dolo é a intenção mais ou menos perfeita de praticar um fato que se conhece contrário à lei” (Teles, p. 161). Compõe-se de dois
elementos – o intelectivo referente a consciência do fato (representação do resultado, pois o sujeito sabe e prevê o resultado) e o volitivo (corresponde a vontade de causar e querer o resultado).
Ex: João tem consciência de que, se deixar cair uma pedra de 20 kg, sobre a cabeça de Rita, sua esposa, que dorme, poderá matá-la. Querendo ficar viúvo, porque quer se casar com Luiza, desfere o golpe violento em sua esposa, com a pedra, mantando-a. 
Representação: dolo é previsão do resultado. Não é necessário que o agente tenha vontade de alcançar o resultado, bastando que o preveja, que o represente. 
Ex: Nascimento dirigindo seu veículo em avenida movimentada, avistando Silva tentando atravessar a via, continua diringindo em sua direção , vindo a atropelá-lo, causando-lhe ferimentos. Só por ter previsto o resultado , representando-o, já teria agido com dolo. 
Assentimento: dolo é a previsão do resultado como certo ou possível. Não exige que o agente queira o resultado, bastando que o aceite e consinta, caso ele aconteça.
Ex: O caçador Daniel, durante uma caçada, vê um animal ao lado de Duarte, desejando atingir o animal, sabe que pode errar o alvo e atingir Duarte, a quem não deseja matar, porém, pensa ”não quero atingir o homem, mas se o atingir, tudo bem, não posso fazer nada” e no final mata Duarte com um tiro. Significa que aceitou o resultado, embora não o desejasse, portanto, agiu com dolo
O Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento. Ao conceituar crime doloso, o legislador indiretamente conceituou dolo: “quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo” (artigo 18, inciso I, do Código Penal). 
Elementos do dolo:
intelectivo – saber que está realizando os elementos objetivos do tipo penal. É a consciência da conduta e do resultado.
volitivo – além de ter conhecimento sobre os elementos constitutivos do tipo, para agir dolosamente é preciso que o autor queira realizá-los. O querer pressupõe o saber.
Espécies de Dolo
Dolo normativo
Dolo natural
Dolo genérico
Dolo específico
Dolo de perigo
Dolo de dano
Dolo direto ou determinado
Dolo indireto ou indeterminado
Dolo geral ou erro sucessivo
TRABALHO
CULPA
 
Culpa é o elemento normativo da conduta (não confundir com elemento normativo do tipo), pois sua existência decorre da comparação que se faz entre o comportamento do agente no caso concreto e aquele previsto na norma, que seria o ideal. Essa norma corresponde ao sentimento médio da sociedade sobre o que é certo e o que é errado.
“é a conduta voluntária que produz resultado ilícito, não desejado, mas previsível e excepcionalmente previsto, que pode, com a devida atenção, ser evitado.” (Teles, p. 166)
Elementos:
conduta humana
previsibilidade 
inobservância do dever geral de cuidado objetivo.
ausência de previsão
resultado naturalístico indesejado
nexo de causalidade objetivo
tipicidade
conduta humana voluntária: a ação ou omissão que causa o resultado deve se iniciar de forma voluntária e espontânea.
previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer pessoa ter previsto o resultado; o que se leva em conta é se o resultado era ou não previsível para uma pessoa de prudência mediana, e não a capacidade do agente de prever o resultado;
inobservância do dever geral de cuidado objetivo: existem regras legais e sociais que impõe ao cidadão mediano, o cuidado em sua conduta cotidiana para evitar lesão a bens alheios. Ex: no trânsito existem regras de velocidade, placas sinalizadoras, faixas de pedestres e outros.
ausência de previsão: não há certeza da ocorrência do resultado, embora este possa ser previsível em certas circunstâncias.
resultado naturalístico indesejado: a modificação no mundo externo deve ser causada pelo agente por ter deixado de observar o dever geral de cuidado e nunca por desejar praticá-lo. 
nexo de causalidade objetivo: o resultado deve decorrer da linha de desdobramento causal referente a negligência, imprudência ou imperícia. Ex: médico esquece de suturar um órgão do paciente e este vem a falecer por hemorragia interna.
tipicidade: o crime culposo é excepcional e só será punido quando houver expresa previsão legal no tipo penal.
Modalidades de Culpa
 
Imprudência
 
Negligência
 
Imperícia
Imprudência
É a culpa de quem age (exemplo: passar no farol fechado). É a prática de um fato perigoso, ou seja, é uma ação descuidada. Decorre de uma conduta comissiva.
 
Negligência
	É a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação (exemplo: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em movimento).
 
Imperícia
	É a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou atividade
Excepcionalidade da Culpa
Um crime só pode ser punido como culposo quando há previsão expressa na lei. Se a lei é omissa o crime só é punido como doloso (artigo 18, parágrafo único, do Código Penal).
 
Compensação de Culpas
No Direito Penal, não existe compensação de culpas. O fato de a vítima ter agido também com culpa não impede que o agente responda pela sua conduta culposa. Somente nos casos em que existir culpa exclusiva da vítima haverá exclusão da culpa do agente.
Não confundir com concorrência de culpas que ocorre quando dois ou mais agentes, culposamente, contribuem para a produção do resultado (exemplo: choque de dois veículos num cruzamento).
Graus de Culpa
Para efeito de cominação abstrata de pena, não há diferença. Na dosagem da pena concreta, entretanto, é levado em conta o grau da culpa na primeira fase de sua fixação (artigo 59 do Código Penal). São três níveis: grave, leve e levíssima.
Participação no Crime Culposo
Sobre a possibilidade de participação em crime culposo, há duas posições na doutrina:
1.ª posição: não é possível a participação em crime culposo. Isto porque, o tipo culposo é aberto, logo não há descrição da conduta. Assim, não há que se falar em conduta acessória e em conduta principal. 
2.ª posição: é possível a participação em crime culposo, sendo o autor aquele que realiza o núcleo do tipo doloso e partícipe quem concorre para tal. Exemplo: motorista dirige de forma imprudente e, instigado pelo acompanhante, acaba atropelando uma pessoa. O motorista matou a vítima, pois foi ele quem a atropelou; o acompanhante teve participação nesta morte.
Espécies de Culpa
 
Culpa inconsciente ou sem previsão
Culpa consciente ou com previsão
Culpa indireta ou mediata
Culpa imprópria
TRABALHO
ILICITUDE
OU 
ANTIJURIDICIDADE
CONCEITO
	“É a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, pela qual a ação ou omissão típicas tornam-se ilícitas” 
Fernando Capez.
Caráter indiciário
Constatada a tipicidade de uma conduta, passa a incidir sobre ela uma presunção de que seja ilícita;
Em regra, todo fato típico também será ilícito;
Espécies de ilicitude
formal: contradição do fato com a norma de proibição (é o mesmo conceito de antinormatividade). É o fato típico não acobertado pelas causas de exclusão da ilicitude; 
material: a antijuridicidade ocorre quando o fato contraria a norma e causa uma lesão ou um perigo concreto de lesão ao bem jurídico. A conduta não somente está contrária à lei, mas também contraria o sentimento de justiça da sociedade (é injusta);
Espécies de ilicitude
subjetiva: o fato só é ilícito se o agente tiver capacidade de avaliar seu caráter criminoso (para essa teoria, inimputável não comete fato ilícito)
objetiva: independe da capacidade de avaliação do agente. Nosso sistema adota essa teoria – porque o inimputável comete fato ilícito.
Análise por exclusão
A ilicitude de um fato típico é constatada pela mera confirmação de um prognóstico decorrente da tipicidade, o qual somente é quebrado pela verificação da existência de causas de exclusão da ilicitude.
A antijuridicidade é sempre objetiva porque independe da culpabilidade do agente. Exemplo: menor pode praticar fato antijurídico, contudo não responde porque não tem
culpabilidade.
Crime, sob o aspecto analítico, é um fato típico (já estudado) e antijurídico. A antijuridicidade é o segundo requisito do crime.
Causas de exclusão da ilicitude
Causas Legais:
	Estado de necessidade;
	Legítima defesa;
	Estrito cumprimento do dever legal;
	Exercício regular de direito;
Causas supralegais:
	A tipicidade é material, e a ilicitude meramente formal, de modo que causas supralegais são excludentes de tipicidade;
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
Excesso punível 
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
ESTADO DE NECESSIDADE
“Causa de exclusão da ilicitude de quem, não tendo o dever legal de enfrentar um situação de perigo atual, a qual não provocou por sua vontade, sacrifica um bem jurídico ameaçado por esse perigo para salvar outro, próprio ou alheio, cuja perda não era razoável exigir” 
Fernando Capez.
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
TEORIAS
UNITÁRIA: É sempre causa de exclusão da ilicitude - considera-se a razoabilidade de acordo com o senso comum (adotada pelo CP).
DIFERENCIADORA: Será excludente de ilicitude somente quando o bem sacrificado for reputado de menor valor. Quando o bem sacrificado for de valor igual ou maior será circunstância de exclusão da culpabilidade;
EQÜIDADE: Fato deixa de ser punido por razões de eqüidade.
Requisitos para a existência do estado de necessidade
O perigo deve ser atual ou iminente. 
O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio. 
O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo agente. 
Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode invocar o estado de necessidade, pois deve afastar a situação de perigo sem lesar qualquer outro bem jurídico 
Inevitabilidade do comportamento lesivo, 
Proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade da lesão causada. Requisito 
subjetivo: os finalistas consideram mais um requisito do estado de necessidade; o conhecimento da situação justificante. Para os clássicos, esse conhecimento é irrelevante.
O perigo deve ser atual ou iminente. A lei só fala em perigo atual, mas a doutrina considera que o agente não precisa aguardar o perigo surgir para só então agir. Assim, o perigo deve estar acontecendo naquele momento ou prestes a acontecer. Quando, portanto, o perigo for remoto ou futuro, não há o estado de necessidade.
O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio. Necessário se faz que o bem esteja protegido pelo ordenamento jurídico (exemplo: o condenado à morte não pode alegar estado de necessidade contra o carrasco). No caso de situação de perigo a bem de terceiro, não há necessidade da autorização deste.
O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo agente. Quem dá causa a uma situação de perigo não pode invocar o estado de necessidade para afastá-la. Aquele que provocou o perigo com dolo não age em estado de necessidade porque tem o dever jurídico de impedir o resultado. Mas, se o perigo foi provocado culposamente, o agente pode se valer do estado de necessidade. Observação: há, entretanto, quem defenda que, mesmo se o perigo foi provocado culposamente, o agente não pode se valer do estado de necessidade.
Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode invocar o estado de necessidade, pois deve afastar a situação de perigo sem lesar qualquer outro bem jurídico (exemplo: bombeiro). Observe-se que a lei fala em dever legal e não dever jurídico, sendo este mais amplo do que aquele. 
Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja, somente deverá ser sacrificado um bem se não houver outra maneira de afastar a situação de perigo.
É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade da lesão causada. Trata-se da razoabilidade do sacrifício, ou seja, se o sacrifício for razoável, haverá estado de necessidade, excluindo-se a ilicitude. Se houver desproporcionalidade o fato será ilícito, afastando-se o estado de necessidade, e o réu terá direito à redução da pena de 1/3 a 2/3 (artigo 24, § 2.º, do Código Penal).
Formas
Quanto a titularidade do interesse protegido: próprio ou de terceiro;
Quanto ao aspecto subjetivo do agente: real ou putativo;
Quanto ao terceiro que sofre a ofensa: defensivo ou agressivo;
Próprio ou de terceiro: é próprio quando há o sacrifício de um bem jurídico para salvar outro que é do próprio agente. É de terceiro quando o sacrifício visa a salvar bem jurídico de terceiro.
Real ou putativo: é real quando se verificam todos os requisitos da situação de perigo. É putativo quando não subsistem, de fato, todos os requisitos legais da situação de necessidade, mas o agente os julga presentes. 
Defensivo ou agressivo: é defensivo quando há o sacrifício de bem jurídico da própria pessoa que criou a situação de perigo. É agressivo quando há o sacrifício de bem jurídico de terceira pessoa inocente.
EXCESSO
Desnecessária intensificação de uma conduta inicialmente justificada;
	Doloso – responderá dolosamente pelo resultado produzido;
	Culposo – responderá culposamente pelo resultado produzido;
	CRIME
	CONTRAVENÇÃO
	Ação pública incondicionada, condicionada ou privada
	Ação pública sempre incondicionada
	A peça inicial do processo é a denúncia ou a queixa
	A peça inicial do processo é sempre a denúncia
	A tentativa é punível
	A tentativa não é punível
	O elemento subjetivo é o dolo ou a culpa
	Basta a voluntariedade

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