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Resumo de Esclerose Sistêmica - Reumatologia

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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Curso de Medicina
Departamento de Clínica Médica
Clínica Médico-Cirúrgica II
Acadêmico: Fábio Ferreira Bueno
Semestre: 7°
						
						Santa Maria, 29 de novembro de 2015
Esclerose Sistêmica
Conceito: é uma doença cosmopolita que é caracterizada por inflamação crônica do tecido conjuntivo, relacionada a fibrose acometendo a pele e vísceras.
Epidemiologia: é considerada uma doença rara (prevalência 30-300 casos por milhão de habitantes), com predomínio no sexo feminino, (3-8 M: 1 H), maior incidência durante o período fértil feminino (15M:1H) e menor após a menopausa (2M:1H), sem predileção de raça, sendo ainda mais rara em crianças, adolescentes e homens menores de 30 anos. Sua manifestação inicia-se entre a 3ª e 6ª década de vida.
 Patogênese: a esclerose sistêmica é associada a inúmeros fatores, sendo sua etiopatogênese extremamente complexa. Entre os fatores estão:
Fatores genéticos: há uma relação com auto anticorpos e antígenos de histocompatibilidade DR e anti-Scl 70 e entre DR1 e anticentrômero. A manifestação entre membros de mesma família não é frequente;
Fatores Imunológicos: há aumento da atividade linfocitária (principalmente linfócitos T), de mastócitos, ativação de fatores de crescimento de fibroblastos e de células endoteliais; ativação plaquetária (associada a fatores endoteliais). Há também a produção de auto anticorpos contra antígenos celulares e tissulares (por exemplo: FAN +, anticentrômero e antitopoisomerase I (anti-Scl 70), Anti-RNA polimerase I, II e III, antifibrilarina, anti-Th/To e anti-PM-Scl);
Endotélio: há aumento da permeabilidade e vasorreatividade, um estado funcional alterado. Há aumento da expressão de moléculas de adesão e plaquetas e redução de oxido nítrico, causando isquemia crônica de alguns órgãos; devido a citotoxidade endotelial circulante ocorre alteração da função e crescimento de células adjacentes (fibroblastos e musculatura lisa) e da matriz extracelular;
Fibrose: há aumento do estímulo a secreção de colágeno e outros componentes da matriz celular intermediados pelas citosinas TGF-Beta, TNF, CTFG, Inter leucinas 1 e 2, além da expressão de genes específicos, conferindo certa “resistência” à apoptose;
Fatores Ambientais: a exposição a alguns fatores ambientais está associada a maior incidência de esclerose múltipla, entre ele estão solventes orgânicos, sílica, silicone, e uso de algumas drogas (inibidores do apetite, L-triptofano, bleomicina).
Manifestações Clínicas, Classificação e Diagnóstico:
Diagnóstico é dado perante a presença do critério maior ou a combinação de dois critérios menores: 
Critério maior: esclerodermia proximal (às metacarpofalanges);
Critérios menores: esclerodactilia, ulcerações de polpas digitais ou reabsorção das falanges distais; fibrose nas bases pulmonares.
Classificação: a esclerose sistêmica é dividida em dois grupos:
	
	Esclerose Sistêmica Limitada
	Esclerose Sistêmica Difusa
	Espessamento cutâneo
	Restrito as extremidades (cotovelos, joelhos e face)
	Generalizado, afetando tronco, membros e face
	Ritmo espessamento cutâneo
	Ritmo lento
	Tendência a rápida progressão
	Relação temporal pele e fenômeno de Raynaud
	Precede por alguns meses até por anos
	Simultâneo
	Articular
	Contraturas pouco frequentes
	Contraturas articulares e crepitação articular
	Calcinose
	Presente
	Rara
	Vísceras
	Incidência tardia
	Comprometimento precoce
	Auto-anticorpos
	Anticentrômero pode ser positivo
	Anticorpo antitopoisomerase I (anti-Scl 70) e anticorpo anti-RNA polimerase III
Manifestações:
Pele: principal manifestação da doença. O aspecto típico é pele espessada, endurecida, aderida a planos profundos, não-depressível e não-pregueável, com ausência progressiva de anexos. A avaliação do espessamento da pele é dada pelo método de Rodnan modificado. Ocorre calcinose, teleangiectasias, leucomelanodermia, hiperpigmentação, despigmentação, prurido intenso, microúlceras e úlceras nos dedos e regiões extensoras. Vascular: caracterizada por instabilidade vasomotora (associada ao fenômeno de Raynaud), anormalidades estruturais de pequenos vasos (hiperproliferação da camada íntima), anormalidades intravasculares (aumento da atividade plaquetária). Articular: poliartralgia, poliartrite e tenossinovites, contraturas em flexão, crepitação tendínea, acrosteólise. Musculo esquelético: fraqueza e atrofia muscular, miopatia inflamatória. Trato gastrointestinal: ocorre em mais de 90% dos pacientes, ocorrendo disfagia, perda de peso, dor retroesternal e regurgitação. Acometimento do esôfago (esofagite por refluxo – associada a metaplasia Barret e adenocarcinoma-, hérnia deslizamento, dilatação esofágica). Acometimento gástrico é incomum. Intestino se manifesta como síndrome de má absorção, diarreia, caquexia, pseudo-obstrução intestinal, pneumatose cística intestinal, pseudodiverticulos. Pulmões: principal causa de morte nos pacientes, associada a doença pulmonar restritiva, hipertensão pulmonar, doença pleural, pneumonia aspirativa e neoplasia. Coração: pericardite, miocardite e arritmia cardíaca, derrame pericárdico, ICC, isquemia crônica. Rins: é a forma mais grave de manifestação, associada a crise renal (hipertensão arterial grave de início abrupto, podendo cursar com insuficiência renal rapidamente progressiva, hematúria microscópica, proteinúria, retinopatia, convulsões insuficiência cardíaca esquerda e anemia hemolítica. Sistema nervoso: acometimento do SNC é raro, sando mais comum acometimento periférico, manifestando-se como neuropatias. História ginecológica: maior incidência de partos prematuros e bebes com baixo peso, porém sem aumento em abortos e mortes no puerpério. Associação com neoplasias: predomina a relação com adenocarcinoma de esôfago, carcinoma broncoalveolar, neoplasias linfo-proliferativas e adenocarcinoma mamário.
Alterações laboratoriais: geralmente são inespecíficas e estão diretamente relacionadas ao acometimento visceral.
Hematológicas: anemia leve, anemia hemolítica, pancitopenia e aplasia de medula;
Provas de atividade inflamatória: VHS, mucoproteína e proteína C-reativa estão aumentadas;
Auto anticorpos:
FAN: fator anti-nuclear positivo em mais de 60% dos pacientes;
Anticorpo anticentrômero: positivo em até um terço dos pacientes;
Anticorpo antitopoisomerase I: positivo em até um terço dos pacientes;
Anti-RNA polimerase III;
Anti-Th/To RNP;
Anti-Pm-Scl;
Prognóstico: sobrevida em média é de 60-70% em 5 anos e de 50% em 10 anos, sendo fatores de pior prognóstico sexo masculino, etnia negra, acometimento cutâneo difuso e acometimento visceral.
Tratamento: é feito por intermédio de drogas 1) antifibróticas; 2) drogas vasoativas; 3) imunossupressores e 4) estimuladores da motilidade;
Antifibróticos: Penicilamina; asiaticosídeo; relaxina humana recombinante, gama interferon, transplante de fibroblastos heterólogos; para o prurido cetotifeno, colchicina, varvarin, diltiazem para calcinose.
Drogas vasoativas: nifedipino, diltiazem; pentoxifilina; simpatectomia, epoprosterenol, captopril nas crises renais.
Imunossupressores: ciclofosfamida; metotrexate.
Pró-cinéticos/antissecretores/antibióticos: cisaprida, ranitidina, omeprazol, metronidazol, sulfametoxazol-trimetoprim, tetraciclina, ampicilina, ciprofloxacino.

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