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LÓGICA JURÍDICA -ARGUMENTOS

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Lógica jurídica
Os argumentos em particular
Definição de argumentação
Argumentar é conduzir o interlocutor à razão para fazê-lo admitir a conclusão desejada e incitá-lo a adotar os comportamentos esperados. 
A argumentação é uma operação que se sustenta sobre um enunciado já aceito para se chegar a um enunciado menos aceito: a conclusão.
Finalidade da argumentação
Conseguir que a tese proposta seja admitida pelo interlocutor.
A eficiência da argumentação consiste em imprimir vitalidade e força à tese expressa a fim de conduzir os interlocutores ao caminho desejado. 
Importância da argumentação
Permitir a supressão da falta de provas cabais no que diz respeito à veracidade ou à falsidade da tese objeto da argumentação.
Âmbito da aplicação
O campo da aplicação da argumentação é o campo do cognitivo: linguística, oratória, arte, poesia, literatura, direito...
No campo jurídico a argumentação diz respeito a todos os operadores do Direito.
1- O argumento a simili ou por analogia
Define-se a analogia como a aplicação de um enunciado jurídico para uma finalidade distinta da original. Passagem do referente (conhecido) ao referido (por conhecer), a qual se fundamenta pelo princípio de identidade.
O argumento a simili ou por analogia
A analogia não pressupõe que o exemplo usado como analogia seja absolutamente igual ao exemplo da conclusão. As analogias somente requerem semelhanças (similitudes) relevantes entre as partes em jogo. 
O argumento a simili ou por analogia
O argumento por analogia é um dos argumentos interpretativos mais usados pelo Direito e o que possui a história mais antiga, o que se pode constatar pelo aforismo: “Onde existe a mesma razão deve existir a mesma disposição”, empregado comumente em nossa jurisprudência.
O argumento a simili ou por analogia
O núcleo do argumento a simili, ou por analogia, supõe que existindo uma obrigação jurídica a um determinado sujeito, a mesma se estende a toda classe de indivíduos que com aquele outro tenham uma semelhança suficiente.
O argumento a simili ou por analogia
Quando os juristas falam de analogia, costumam referir-se a um procedimento argumentativo que permite transladar a solução prevista para um determinado caso a outro distinto não regulado pelo ordenamento jurídico, porém que se assemelhe ao primeiro enquanto com este compartilha certas características essenciais ou a mesma razão. 
Semelhança e identidade da razão
Por sua vez, o Direito não proporciona ao juiz referências objetivas para determinar quando dois casos são semelhantes ou gozam de igual razão. Deste modo se permite ao juiz apreciar de forma significativamente livre.
Semelhança e identidade da razão
Nó da questão: o nexo que justifica a extensão da regulação de um caso a outro distinto. A similitude entre eles acaba sem justificar-se, ou, no melhor dos casos, se justifica exclusivamente a partir dos valores próprios do juiz. 
Considerações gerais 
A analogia não é aplicável para restringir direitos.
A analogia não é possível quando os pressupostos não conservam semelhança ou similaridade.
Não é possível aplicar uma regra que não pertença ao âmbito da analogia. 
2- Argumento de autoridade
Deve satisfazer os seguintes critérios, quanto às fontes:
- devem ser citadas;
- devem ser qualificadas para compor as afirmações que sustentam;
devem ser imparciais;
devem ser comprovadas;
- possíveis ataques pessoais não desqualificam as fontes. 
Argumento de autoridade
O argumento de autoridade se sustenta mediante a afirmação das opiniões de um expert.
Usa-se este argumento quando se recorre à autoridade, à jurisprudência e à doutrina para respaldar nossas conclusões.
Tal argumento deve ser usado com moderação. 
Argumento de autoridade
Na prática, o argumento de autoridade é um dos mais frequentes. Isto porque por ele se recorre à jurisprudência e à doutrina que são as vertentes (fontes) principais do âmbito jurídico.
 por meio do argumento de autoridade se recorre a uma citação da jurisprudência ou da doutrina para reafirmar ou reforçar as razões para sustentar uma tese. 
3- Argumento sistemático
A argumentação sistemática possui como única fonte do direito a lei, já que nela se encontram os parâmetros determinantes (tanto no geral como abstratamente), para estruturar um sistema racional de conceitos claros e objetivos quanto aos fatos jurídicos e que motivam o pronunciamento do órgão jurídico. O método jurídico se encontra formado por duas espécies: a sistemática e a interpretação. 
Argumento sistemático
O argumento sistemático, no sentido estrito, é aquele que para a atribuição de um significado a um conceito leva em conta o conteúdo de outras normas ou seu contexto jurídico. 
Tal argumento é o mais utilizado pelo Poder Judiciário e pelos tribunais.
Argumento sistemático
Da concepção sistemática do ordenamento jurídico derivam as notas de unidade, plenitude e coerência que o caracterizam.
As exigências de unidade e coerência do mesmo, determinam a necessidade de interpretar sistematicamente as normas que o compõem.
Argumento sistemático
Tal unidade supõe, em princípio, que não podem existir normas contraditórias entre si, ou seja, o caráter sistemático da ordenação jurídica e o princípio de coerência inerente ao mesmo exigem a suspensão das antinomias e contradições que possam aparecer. 
Argumento sistemático
Em suma, o argumento sistemático em sentido estrito é aquele que para a atribuição de significado a um preceito, considera o conteúdo de outras normas ou seu contexto jurídico.
Razões a sustentar a interpretação sistemática
São fundamentalmente 4:
1- Conexão material entre os preceitos que regulam a mesma matéria (por exemplo, a hierarquia das leis);
2- As razões lógicas que apelam à unidade íntima da conexão das partes de um artigo;
3- Os motivos gramaticais a exigir se considerar a totalidade do artigo para entender ou interpretar uma parte;
4- As razões históricas ou antecedentes doutrinais. 
Hierarquia das leis
4- Argumento a cohaerentia
Intervém no momento em que dois enunciados legais:
- parecem ou resultam incoerentes entre si;
- parecem ou resultam incompatíveis entre si.
Argumento a cohaerentia
A argumentação a cohaerentia busca a conservação dos enunciados salvaguardando a incompatibilidade detectada;
Parte do princípio de que as antinomias são impossíveis ao contrário;
A partir da incompatibilidade tal argumento busca uma interpretação corretora. 
5- Argumento teleológico
Se define como a interpretação de um determinado enunciado de acordo com sua finalidade;
Os termos espírito, intenção, finalidade, propósito, objetivo, desejo, direção, são palavras que compartilham o mesmo campo semântico do vocábulo teleológico, e são empregados com frequência para se remeterem a este.
Argumento teleológico
Por meio do argumento teleológico frequentemente se supera a interpretação literal da lei, em sintonia com o aforismo latino segundo o qual o Direito, aplicado ao “pé da letra”, resulta suma injustiça.
Summum ius, summa injuria: Assinala que a aplicação estrita e inflexível da norma pode conduzir a grave e notória injustiça.
6- Argumento pragmático
Segundo Perelman é aquele que permite apreciar um ato ou acontecimento tendo em vista suas consequências favoráveis ou desfavoráveis.
Caracteriza-se por ser consequencialista, pois busca a causa a partir dos efeitos.
Utilizado com frequência em questões sobre economia processual, com a finalidade de agilizar o funcionamento do sistema jurídico.
7- Argumento de equidade
Se fala de argumento de equidade para designar aquele argumento disposto pelo juiz no intuito de alcançar a justa conversão da norma genérica e abstrata da lei em norma concreta e individuada da sentença ditada a cada caso particular. 
Argumento de equidade
A equidade resulta, essencialmente, uma interpretação razoável.
O argumento de equidade não pretende, de modo algum, corrigir a lei; antes implica interpretá-la a fim de se chegar a uma conclusão mais
justa no intuito de se resolver o problema em questão. 
Argumento de equidade
O sentenciador, longe de distanciar-se do dever de obediência ao ordenamento jurídico positivo, dá a este seu mais perfeito cumprimento.
Se o julgador interpreta a lei de maneira que o resultado da aplicação aos casos concretos preserve a realização de maior grau de justiça, com isto não faz outra coisa que servir exatamente ao mesmo fim que se propõe o legislador.
Argumento de equidade
A equidade se apresenta como forte argumento para se alcançar os fins que o legislador se propõe.
Equidade – três concepções básicas
(I) Equidade como sinônimo ou equivalente a justiça. Aqui se trata de se compreender a equidade como o que é fundamentalmente justo.
(II) Sentido mais usual: para denotar uma norma individualizada; que seja justa para o caso particular.
(III) Para designar a norma ou o critério que devem inspirar as faculdades discricionais do juiz. 
8- Argumento a fortiori
Procedimento discursivo por meio do qual: dada uma norma jurídica que predica uma obrigação ou outra qualificação normativa a um sujeito, deve-se concluir que valha outra norma que predique a mesma qualificação normativa a outro sujeito ou classe de sujeitos que se encontrem em situação de merecimento com maior razão que o primeiro sujeito ou classe de sujeitos.
Argumento a fortiori (I)
Manifesta-se sob duas formas:
I – A maiori ad minus – ou seja, o argumento a fortiori aplicável às qualificações vantajosas, como por exemplo a direitos ou a autorizações.
Estabelece que aquilo que é válido para o mais deve prevalecer para o menos: Quem pode o mais, pode o menos.
Implica interpretação extensiva da lei.
Argumento a fortiori (II)
II – A minori ad maius – ou seja, o argumento a fortiori aplicável às qualificações desvantajosas, como por exemplo aos deveres. 
Estabelece que aquilo que é proibido para o menos (menor), deve igualmente ser proibido para o mais (maior).
Implica interpretação extensiva da lei.
Argumento a fortiori
O argumento a fortiori, mais que um argumento interpretativo em sentido estrito, consiste num método de integração para preencher lacunas legais; um instrumento de interpretação extensiva ou analógica.
Baseia-se na “maior razão” e na presumida vontade do legislador, ou seja, considera-se que a conclusão obtida por meio do argumento reflete sua vontade (implícita). 
9- Argumento a contrario sensu
Alguns autores consideram que o argumento a contrario consiste na afirmação de quando a lei prevê e regula uma hipótese, deve entender que pretendeu regular de maneira diferente a hipótese contrária. Desse modo, não permite interpretação extensiva por afirmação, mas sim por negação (interpretação restritiva).
Argumento a contrario sensu
É o argumento por meio do qual: 
	dado um enunciado normativo que predica uma qualificação normativa de um termo pertencente a um enunciado destinado a um sujeito ou a uma classe de sujeitos, deve-se evitar extender o significado daquele termo de tal modo que compreenda a sujeitos ou classes não estritas e literalmente incluídas no termo qualificado pelo primeiro enunciado normativo (Giovanni Tarello).
Argumento a contrario sensu
Em perpectiva mais ampla, considera-se que rechaça qualquer outra hipótese distinta da expressamente contemplada pelo legislador e não apenas a hipótese contrária. 
Concretamente, a regulação não se extende às demais espécies do mesmo gênero mencionadas no texto.
Argumento a contrario sensu
Baseia-se na presunção de que se o legislador regulou expressamente uma hipótese, forçosamente essa regulação se refere a tal hipótese e somente a ela;
Motiva interpretações restritivas;
Atende à vontade do legislador;
Argumentação literal: não se “sai” do texto a se interpretar. 
Referências
 PERELMAN, C. Lógica jurídica. 2.ed. Sao Paulo: Martins Fontes, 2010. 
	TARELLO, G. L'interpretazione della legge. Milán: Giuffrè, 1980.

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