Buscar

A dilatação volvo gástrica

Prévia do material em texto

A dilatação volvo gástrica (DVG) é uma patologia que acomete diversos animais, 
porém, em maior escala os cães de raças de grande porte. Dá - se por um aumento do volume 
do estômago (por gás, líquido ou material ingerido), obstrução mecânica ou funcional do 
piloro e é seguida por uma torção gástrica com rotação entre 190º e 300º formando um nó que 
intensifica a fermentação e impede o refluxo de alimento e gás. Pode levar a óbito em um 
período de 6 a 12 horas se não houver socorro imediato. Os sintomas são caracterizados por 
aumento de volume do abdômen e da sensibilidade na região, ânsia de vômito, angústia 
respiratória, excesso de salivação e inquietação ou relutância a se mover. 
Segundo (MATTHIESEN, 1996), a DVG provavelmente não ocorre em função de um 
único fator, dentre os sugeridos tem-se a conformação corporal com peito profundo, frouxidão 
dos ligamentos hepatoduodenal e hepatogástrico, exercício pós-prandial, composição 
alimentar, bacia de alimentação elevada, temperamento estressado, idade, ingestão súbita de 
grande volume de alimentos, parentes de primeiro grau com história prévia de DVG e 
aumento na produção ou ingestão de gás gástrico. 
O estômago recebe o alimento do esôfago, transforma – o em bolo alimentar e o lança 
no duodeno, a primeira parte do intestino delgado. O do cão tem capacidade de até 6 litros, de 
acordo com a raça. A primeira parte do estômago, onde o esôfago se abre na cárdia, fica a 
esquerda do plano mediano e divide – se em um fundo que se eleva para cima da cárdia (a 
curvatura maior e convexa), e um corpo, que se estende desta para ao angulo ventral. É muito 
distensível e se dilata para acomodar o alimento. A segunda parte do estômago é mais estreita 
e tem paredes mais espessas, fica à direita e continua no duodeno através do piloro; se divide 
em antro pilórico (mais proximal) e canal pilórico (mais distal), forma a pequena curvatura 
côncava, marcada por uma brusca mudança na direção, a incisura angular. 
A primeira parte do estômago fica sob a proteção das costelas e em contato direto com 
o fígado e o diafragma. A curvatura maior e convexa se fixa ao omento maior e liga o fígado 
ao estômago através do ligamento gastroesplênico. A pequena curvatura se une ao fígado pelo 
omento menor. A face cranial do órgão fica em contato com o fígado; a face caudal faz 
numerosas relações: com a massa intestinal, o rim esquerdo, o pâncreas, o baço e o omento 
maior. 
O estômago dilatado prejudica o funcionamento do diafragma, pois reduz o volume 
disponível para entrada de ar nos pulmões, e assim há um aumento da exigência de energia 
necessária para o funcionamento respiratório adequado, com a utilização de mecanismos 
compensatórios (WINGFIELD, 1981). O estômago está ligado ao baço pelo ligamento 
gastroesplênico, sendo assim, em caso de DVG a posição do baço pode variar e 
frequentemente depende do grau do volvo gástrico. O baço pode sofrer congestão devido ao 
deslocamento e oclusão dos seus vasos (artéria esplênica, ramo esquerdo do tronco celíaco, 
que sai da porção abdominal da artéria aorta) (MATTHIESEN, 1996). 
A dilatação gástrica faz compressão mecânica direta sobre as veias cava caudal e 
porta, o que aumenta a pressão desses vasos e diminui o retorno venoso para o ventrículo 
direito, prejudicando ainda mais a oxigenação nos pulmões, diminuindo a pressão arterial 
sistêmica e a pressão arterial pulmonar média, (WINGFIELD, 1981). O organismo tenta 
compensar a diminuição do retorno venoso na veia cava caudal pela veia ázigos, sem sucesso. 
No órgão em si, ocorre ainda isquemia gástrica, infarto da micro vascularização, além de 
infarto das artérias gástrica curta e epiplóica ao longo da curvatura maior do estômago 
Resultante do quadro acima citado podem ocorrer edemas, hemorragias leves e até a 
necrose do órgão. A descompressão gástrica por gastrocentese torna se uma medida prioritária 
em atendimento a um caso de DVG, pois está associada à situação mais crítica, e possibilitará 
melhora na respiração e no débito cardíaco. Posteriormente é introduzida uma sonda oro-
gástrica para finalizar a remoção de gases e conteúdos gástrico. Quando a passagem da sonda 
não for possível há necessidade de um procedimento cirúrgico para reposicionar o estômago 
rotacionado, realizar gastropexia (GUZMAN, 2010) e determinar as viabilidade gástrica e 
esplênica (RASMUSSEN, 2007). A gastropexia (fixação do estômago à parede do abdômen, 
por trás das costelas ou a outra parte do corpo) é altamente indicada visto que os casos 
reincidentes são comuns em indivíduos que já apresentaram DVG.

Continue navegando