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PROPRIEDADE RESOLÚVEL E FIDUCIÁRIA CONCEITO DE PROPRIEDADE RESOLÚVEL Propriedade Resolúvel para Clóvis Beviláqua: “é aquela que no próprio título de sua constituição, encerra o princípio que a tem de extinguir, realizada a condição resolutória, ou advindo o termo”. CC, arts. 1359 e 1360. CONCEITO DE PROPRIEDADE RESOLÚVEL Diz-se que a propriedade é resolúvel quando o título de aquisição está subordinado a uma questão resolutiva ou ao advento do termo. Neste caso deixa de ser plena, passando a ser limitada. Exemplo: Num contrato de compra e venda estipula-se cláusula segundo a qual se desfará o negócio se, dentro de prazo estipulado, aparecer pretendente que maior vantagem ofereça (Pacto de melhor comprador). CARACTERÍSTICAS - Declaração da vontade da existência da cláusula resolutiva; - Previsão de sua extinção no próprio título que a constitui. - A causa da revogação deve ser estabelecida em cláusula informativa de condição ou termo. - O domínio se extingue com o advento do termo ou o implemento da condição. NATUREZA JURÍDICA Para uns é domínio de natureza especial, para outros é uma propriedade comum, apenas condicionada por modalidade de ato jurídico. Prevalece a modalidade especial do domínio, haja vista a propriedade resolúvel apresentar caráter peculiar, não encontrado nas demais formas dominiais. Qual seja a previsão do seu desaparecimento no próprio ato constitutivo do direito. EFEITOS A revogação opera seus efeitos “ex tunc”. Os efeitos retrotragem ao momento da aquisição. - Produzem-se entre os interessados e entre estes e terceiros. - A devolução da coisa faz-se como se nunca tivesse havido mudança de proprietário. - Aplicação do princípio da retroatividade das condições (art. 127, CC) Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. EFEITOS Porém a revogação poderá surgir de causa superveniente, estranha ao título, posterior à transmissão da propriedade. Neste caso terá efeito “ex nunc”. Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor. EFEITOS Ex: O doador faz a doação. O donatário é proprietário perfeito, a menos que alguma restrição se contenha no ato que lhe transmite a coisa doada. Se comete porém ingratidão contra o doador, a doação torna-se á suscetível de revogação (art. 557, CC) e, com esta, a propriedade do donatário se extingue. - Nessa hipótese, se a propriedade vem a ser revogada, valerá a venda qie o donatário haja feito antes da sentença, que lhe reconhece a ingratidão. - Ao doador restará o direito de propor ação contra o donatário para haver o valor da coisa, desde que esta não possa ser restituída em espécie. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS - Art. 1.359: Os terceiros são atingidos e prejudicados, pois a revogação está contida no próprio contrato. - Art. 1.360: Os terceiros não são atingidos ou prejudicados. OBS: Em ambos os casos o possuidor tem direito aos frutos e não se acha obrigado a restituir-lhes o respectivo valor PRINCIPAIS CASOS DE PROPRIEDADE RESOLÚVEL: A) No fideicomisso; B) Na retrovenda; C) Na venda a contento sob condição resolutiva; D) Na doação com cláusula de reversão; E) Na alienação fiduciária em garantia. FIDEICOMISSO Propriedade fideicomissária – conceito CC, art. 1.951. Fideicomissário - herdeiro ou legatário a quem deve ser transmitida a herança ou o legado pelo fiduciário ou gravado, é o proprietário diferido, que se conserva em expectativa, até se realize a condição estabelecida pelo testador ou fideicomitente. A resolução opera-se em seu favor. Fiduciário – é o proprietário resolúvel. Ocorrendo a morte do fideicomissário antes dele (fiduciário) ou antes de ocorrer a condição resolutiva, ou ainda, quando o fideicomissário renuncia à herança, o fiduciário deixa de ser resolúvel. RETROVENDA É um pacto adjecto ao contrato de compra e venda, através do qual o vendedor se reserva o direito de recobrar a coisa vendida, dentro de prazo estipulado, mediante a devolução do preço e o reembolso das despesas efetuados com o contrato. COMPRADOR – proprietário resolúvel A condição resolutiva é a faculdade do vendedor de exercer o direito que se reservou. Expirado o prazo o comprador torna-se proprietário pleno. VENDA A CONTENTO É um pacto adjeto ao contrato de compra e venda, pela qual se estipula que não haverá venda, ou será desfeita, se a coisa vendida não agradar o comprador. A condição poderá ser: Suspensiva: não haverá venda se a coisa não agradar ao comprador. Resolutiva: efetuada a venda, porém, sob a condição de que ficará desfeita se não agradar ao comprador. SOMENTE NESTE CASO OCORRE A PROPRIEDADE RESOLÚVEL. A resolução depende da vontade do adquirente. DOAÇÃO COM REVERSÃO Dispõe o artigo 547 do Código Civil que “O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário”. O bem adquirido pelo donatário com tal cláusula estará, portanto, sujeito à condição resolúvel, sendo, assim, uma modalidade de propriedade temporária. O evento determinante da revogação é a morte do doador. Pode ainda o doador determinar que os bens doados sejam passados a terceiros, se verificada determinada condição. Neste caso o donatário passa a ser proprietário resolúvel. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIO EM GARANTIA Fiduciário passa a ser dono dos bens alienados pelo fiduciante. Adquire a propriedade destes bens, mas, como no próprio título de constituição desse direito está estabelecida a causa extintiva, este somente tem a propriedade restrita e resolúvel. É somente titular de um direito sob condição resolutiva. Fiduciante – primitivo titular da propriedade que alienou o bem ao fiduciário. FIDUCIÁRIO não é proprietário pleno – é somente titular de um direito sob condição resolutiva. A propriedade é transmitida para fins de garantia, sua resolução se opera no momento em que perde a função, regressando ao patrimônio do primitivo titular. Fiduciário – obrigação de restituir a coisa se o fiduciante paga a dívida. O pagamento atua como condição resolutiva. O domínio resolve-se pelo implemento da condição.Na qualidade de proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode o fiduciante reivindicar a coisa de quem a detenha. Importante: - não há impedimento para o fiduciário de alienar bens; - a pretensão do fiduciante é de natureza real.
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