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AMOSTRAGEM DE SEMENTES A finalidade principal da amostragem é obter uma amostra de tamanho adequado para os testes, na qual estejam presentes os mesmos componentes do lote de sementes e em proporções semelhantes (Brasil, 2009). LOTE é uma quantidade definida de sementes, homogênea e identificada (por número, letra ou combinação dos dois), na qual cada porção é uniforme dentro de tolerâncias permitidas, quanto às determinações contidas na identificação (Brasil, 2009). É indiscutível a importância dos dados obtidos pela análise de sementes de determinada amostra. No entanto, esses resultados não terão valor se a amostra analisada não for representativa do lote do qual foi retirada. O tamanho da amostra enviada ao laboratório para análise é muito pequeno quando comparado ao tamanho do lote (Tabela 1). Tabela 1. Peso máximo do lote e da amostra média (amostra enviada ao Laboratório de Análise de Sementes). BRASIL (2009) ESPÉCIE PESO MÁXIMO DO LOTE (kg) AMOSTRA MÉDIA (g) Milho 40.000 1.000 Trigo 30.000 1.000 Algodão 25.000 1.000 Soja 30.000 1.000 Aveia branca 30.000 1.000 Feijão 30.000 1.000 Girassol 25.000 1.000 Mamona 20.000 1.000 Arroz 30.000 1.400 Azevém 10.000 60 _________________________________________________________________________ Uma das características mais importantes do lote é a sua homogeneidade. HOMOGENEIDADE DO LOTE Uma amostra será tanto mais representativa do lote do qual provém à medida que aumentar a homogeneidade das sementes que o constituem. Na prática, um lote de sementes nunca é perfeitamente homogêneo, definindo-se como tal uma porção de sementes cujas partes que o compõe estejam razoável e uniformemente distribuídas por toda a sua massa (Brasil, 2009). À medida que aumentamos o tamanho do lote, diminuímos a possibilidade dele ser homogêneo. O tamanho máximo do lote, estabelecido pela legislação, é dependente da espécie e do tamanho das sementes (Tabela 1). Por ocasião da amostragem, cada saco ou recipiente do lote deve estar convenientemente identificado, para se evitar enganos e possíveis misturas. 2 TIPOS DE AMOSTRAS Amostra Simples: cada pequena porção de sementes retirada por meio do amostrador ou com a mão, de diferentes recipientes ou pontos de amostragem do lote. Amostra Composta: formada pela combinação e mistura de todas as Amostras Simples retiradas do lote. É usualmente bem maior que a necessária para os vários testes e normalmente necessita ser reduzida antes de ser enviada ao laboratório. Amostra Submetida ou Média: é a recebida pelo laboratório para ser submetida à análise e deve ter, no mínimo, os pesos especificados pela legislação (Tabela 2). Geralmente é resultante da homogeneização e redução da Amostra Composta, podendo ser a própria quando o seu peso estiver de acordo com o exigido. Amostra de Trabalho: é a amostra obtida no laboratório, por homogeneização e redução da Amostra Média até os pesos mínimos (Tabela 2) requeridos para os testes prescritos nas Regras para Análise de Sementes. Tabela 2. Peso da Amostra Média e da Amostra de Trabalho. (Brasil, 2009) ESPÉCIE AMOSTRA MÉDIA (g) AMOSTRA DE TRABALHO (g) Milho 1.000 900 Trigo 1.000 120 Algodão 1.000 350 Soja 1.000 500 Aveia branca 1.000 120 Feijão 1.000 700 Girassol 1.000 200 Mamona 1.000 500 Arroz 1.400 70 Azevém 60 6 ____________________________________________________________________ OBTENÇÃO DE AMOSTRAS REPRESENTATIVAS Para amostragem, o lote deve ser disposto de tal maneira que cada recipiente, ou cada local do lote, seja convenientemente acessível. Sempre que possível, as Amostras Simples devem ser retiradas do lote por meio de instrumentos denominados amostradores. Para sementes que não deslizam facilmente, a amostragem deve ser feita à mão. INSTRUMENTOS DE AMOSTRAGEM 1) amostrador do tipo Duplo Dois cilindros ocos de metal, perfeitamente ajustados um dentro do outro, com uma extremidade afilada. Ambos os cilindros são providos de aberturas iguais que podem ser 3 justapostas por meio de rotação do cilindro interno (Figura 1). Variam em comprimento, diâmetro e número de aberturas. Para sementes a granel (em silos ou embalagem de tamanho diferenciado), os amostradores são bem maiores: comprimento de 1 a 2m; diâmetro de 4,0cm; 6 a 9 aberturas. Podem ser usados no sentido horizontal ou vertical (neste último caso, são providos de septos internos, que os dividem em compartimentos). Para sementes acondicionadas em sacos, os amostradores devem ter comprimento mínimo aproximado da diagonal da embalagem. O amostrador é inserido diagonalmente na massa de sementes, num ângulo de 30 o , com as aberturas desencontradas e em posição fechada; em seguida, deve ser aberto no interior da massa de sementes e depois fechado, retirado da embalagem, sendo as sementes posteriormente despejadas em recipiente apropriado. Ao se fechar o amostrador, deve-se ter o cuidado de não danificar as sementes (Marcos Filho et al., 1987). Figura 1. Tipos de amostradores: a) para sementes armazenadas a granel; b) para sementes ensacadas; c) “ladrão” ou “furador” (Adaptado de Marcos Filho et al., 1987) 2) amostrador do tipo Simples Serve somente para a coleta de amostra de sementes acondicionadas em sacos. Consiste de um único cilindro afilado, suficientemente longo para alcançar o centro da embalagem, com um cabo perfurado por onde as sementes são descarregadas. Comprimento total de aproximadamente 50cm (Figura 1). 4 Não é permitido o uso do amostrador comumente denominado de “ladrão” ou “furador”, pois não preenche as exigências da amostragem, pois seu comprimento não passa de 25cm (Figura 1). AMOSTRAGEM DURANTE O BENEFICIAMENTO É utilizado um recipiente destinado a retirar porções de sementes a intervalos regulares, de tal forma que toda a seção transversal da corrente de sementes seja amostrada de maneira uniforme. O recipiente pode ser movimentado manual ou mecanicamente através da corrente de sementes. INTENSIDADE DE AMOSTRAGEM Instrução Normativa n o 9, 02/06/2005 (MAPA): especifica o número de Amostras Simples que devem ser retiradas de cada lote de sementes. Lotes de sementes acondicionadas em recipientes com capacidade de até 100kg: _______________________________________________________________ N o de recipientes do lote N o de Amostras Simples _______________________________________________________________ 1-4 3 amostras simples de cada recipiente 5-8 2 amostras simples de cada recipiente 9-15 1 amostra simples de cada recipiente 16-30 15 amostras simples no total 31-59 20 amostras simples no total 60 ou mais 30 amostras simples no total ________________________________________________________________ Lotes de sementes acondicionadas em recipientes com capacidade de mais 100kg ou no fluxo de sementes, imediatamente antes de seu acondicionamento: ________________________________________________________________________ Tamanho do lote N o de Amostras Simples ________________________________________________________________________ até 500kg pelo menos 5 amostras simples 501-3.000kg 1 amostra simples para cada 300kg, mas não menos do que 5 3.001-20.000kg 1 amostra simples para cada 500kg, mas não menos do que 10Acima de 20.000kg 1 amostra simples para cada 700kg, mas não menos do que 40 ________________________________________________________________________ ENVIO DA AMOSTRA MÉDIA AO LABORATÓRIO DE SEMENTES Ao receber a amostra média, o analista deverá verificar as condições da embalagem. Quando se apresenta rompida, sem as especificações necessárias ou é inadequada para a espécie, deve ser recusada. Se não houver anormalidades, a amostra é numerada e protocolada com todos os detalhes. 5 OBTENÇÃO DA AMOSTRA DE TRABALHO (para cada teste) A Amostra de Trabalho é a aquela obtida no laboratório, por homogeneização e redução da Amostra Média até os pesos mínimos (Tabela 2) requeridos para os testes prescritos nas Regras para Análise de Sementes. A redução da Amostra Média deve ser feita preferencialmente por métodos mecânicos, pois se obtém Amostras de Trabalho mais uniformes e sem a interferência seletiva que pode ocorrer quando o procedimento é manual (Marcos Filho et al., 1987). O método mecânico é adequado para todas as sementes que deslizam com facilidade. A amostra passada pelo aparelho é dividida em duas partes aproximadamente iguais e homogêneas (Brasil, 2009). O processo de divisões é repetido até que se obtenha a amostra de trabalho de peso aproximado, porém nunca inferior ao exigido para a espécie. Os aparelhos recomendados e mais utilizados são: a) divisor centrífugo Não é aconselhável para certas gramíneas forrageiras palhentas, com as dos gêneros Brachiaria, Lolium, Panicum, Paspalum e outras espécies em que são requeridas amostras de trabalho de peso reduzido (Brasil, 1992). b) divisor de solo É adequado para as espécies de sementes grandes, sementes palhentas e de espécies florestais (Brasil, 1992). c) divisor cônico (tipo Boerner) Apresenta como desvantagem a dificuldade para sua limpeza, facilitada pelo uso de ar comprimido (Brasil, 2009). Quando não for possível o uso de um método mecânico, a redução da amostra média deve ser feita manualmente, sobre uma mesa, obedecendo ao princípio das divisões sucessivas que se baseiam os divisores de amostras. ARMAZENAMENTO DAS AMOSTRAS Antes da análise da semente As análises devem ser efetuadas tão logo as amostras cheguem ao laboratório. Quando não for possível, devem ficar armazenadas nas melhores condições possíveis para evitar alterações na qualidade das sementes, como grau de umidade, dormência e porcentagem de germinação. É essencial que seja armazenada em local ventilado. Depois da análise da semente As sementes restantes da Amostra Média são colocadas em recipientes apropriados e irão constituir a amostra de arquivo. Vale ressaltar que as sobras de sementes que resultaram da análise de pureza ou de qualquer outra determinação deverão ser eliminadas, não devendo voltar a fazer parte da amostra de arquivo (Brasil, 2009). 6 A amostra de arquivo deverá ficar armazenada durante um ano após a emissão do boletim de análise, com a finalidade de garantir sementes para possíveis re-análises ou para elucidar alguma dúvida. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Regras para Análise de Sementes. Mapa/ACS, Brasília, 2009. 399p. MARCOS FILHO, J.; CICERO, S.M.; SILVA, W.R. Avaliação da qualidade das sementes. Piracicaba: FEALQ, 1987, 230p. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO – MAPA. Instrução Normativa nº9, de 02/06/2005. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO – MAPA. Instrução Normativa nº25, de 16/12/2005.
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