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Técnicas e operações fundamentais de laboratório 
 
As técnicas e operações fundamentais de laboratório englobam um conjunto de procedimentos 
empregados na manipulação, preparação, separação, medição e aquecimento de substâncias, sob 
condições controladas. O domínio dessas técnicas é essencial para garantir a exatidão dos resultados, 
a segurança do operador e a reprodutibilidade dos experimentos. A escolha adequada dos 
procedimentos e o uso correto dos materiais e vidrarias impactam diretamente na qualidade das 
análises químicas. 
 
Medição e transferência de volume 
Para medir volumes de líquidos, utilizam-se instrumentos graduados ou volumétricos. Os volumétricos 
podem ser projetados para um único volume — como pipetas volumétricas e balões volumétricos — 
ou para volumes variados, como as buretas, sempre com alta precisão e exatidão. Já os instrumentos 
graduados, como provetas e pipetas graduadas, também permitem medir volumes variados, com boa 
precisão e exatidão, embora inferiores às das vidrarias volumétricas. 
As pipetas transferem volumes definidos de líquido entre recipientes, usando um pipetador de três 
vias para controlar sucção e liberação. As pipetas volumétricas liberam um volume fixo, enquanto as 
graduadas permitem medir diferentes volumes até sua capacidade. 
As buretas liberam volumes variáveis, com alta precisão, controlados por uma torneira. São usadas 
especialmente em titulações, para determinar concentrações por meio da reação com uma solução 
de concentração conhecida. 
Os balões volumétricos são geralmente fabricados e calibrados para conter um volume específico 
quando preenchidos até o traço de aferição, localizado no gargalo do frasco. 
Na leitura de volumes, o instrumento deve estar em superfície plana e os olhos na altura do menisco 
para evitar erro de paralaxe. Em líquidos transparentes, lê-se a base do menisco; em líquidos 
coloridos, o topo, devido à coloração que impede visualizar a curvatura inferior. A leitura deve sempre 
ser feita com a linha de visão perpendicular à escala. 
É fundamental utilizar instrumentos calibrados e limpos, além de considerar a temperatura e realizar 
manuseio cuidadoso para assegurar a precisão da medição. 
Técnicas de pesagem 
A determinação de massa é uma das operações mais frequentes e importantes em laboratório. Para 
essa finalidade, utilizam-se balanças de diferentes níveis de sensibilidade, sendo as mais comuns a 
analítica, com resolução de 0,0001 g, e a semi-analítica, com resolução de 0,001 g. 
A balança analítica é empregada quando se exige alta precisão e exatidão, especialmente em análises 
quantitativas, enquanto a semi-analítica é usada em procedimentos menos rigorosos. A escolha entre 
elas depende da precisão requerida pelo experimento. A pesagem pode ser feita por diferença 
(registrando a massa da vidraria vazia e, em seguida, com o material) ou por tara (zerando o peso da 
vidraria antes da adição do reagente). 
O material nunca deve ser colocado diretamente sobre o prato da balança, mas em recipientes 
apropriados, limpos e secos, como pesa-filtro, vidro de relógio ou béquer. Antes da pesagem, deve-
se verificar o nivelamento da balança, fechar as portas da cabine para evitar correntes de ar, aguardar 
a estabilização do valor no visor digital. 
 
Calibração de vidrarias volumétricas 
A vidraria volumétrica rotineiramente usada em laboratório deve ser calibrada para garantir a precisão 
dos volumes medidos. A calibração consiste em comparar a capacidade real da vidraria com seu valor 
nominal, como ocorre com pipetas, buretas e balões volumétricos. Esse procedimento permite estimar 
a incerteza da medição, assegurando a confiabilidade dos resultados analíticos. 
Uma técnica simples de calibração em laboratório consiste em determinar a massa de água transferida 
ou contida pela vidraria, convertendo-a em volume. Para a medição da massa da água, utiliza-se uma 
balança com precisão adequada. A conversão da massa em volume é feita por meio da densidade da 
água à temperatura da calibração, obtida em tabelas específicas 
Recomenda-se repetir o procedimento ao menos três vezes, com balança devidamente ajustada e 
vidrarias limpas, para minimizar variações e obter um valor mais preciso da capacidade real. 
 
Técnicas de aquecimento com aquecedor a gás 
O bico de gás é amplamente utilizado em laboratório para o aquecimento de sólidos e líquidos não 
inflamáveis. Substâncias inflamáveis devem ser aquecidas em chapas elétricas, banho-maria ou, em 
temperaturas mais elevadas, em banho de óleo ou glicerina. 
Os bicos mais comuns — Bunsen, Tirril e Mecker — operam com o mesmo princípio: o gás 
combustível entra por uma haste vertical, onde há uma abertura para a entrada de ar atmosférico. A 
queima ocorre na extremidade superior do bico. A vazão de gás e a entrada de ar são reguláveis, 
permitindo controle da chama. Misturas pobres em ar geram uma chama amarela e fuliginosa 
(redutora), de menor temperatura. Já a chama azul (oxidante), obtida com maior entrada de ar, é mais 
quente e ideal para aquecimento eficiente. 
No aquecimento de tubos de ensaio, usa-se pinça apropriada, mantendo o tubo inclinado, com a 
abertura voltada para área livre. O aquecimento deve ser feito com movimento constante, evitando 
superaquecimento localizado e quebra do vidro. Utiliza-se no máximo 1/3 da capacidade do tubo. 
Vidros maiores, como Erlenmeyers, devem ser aquecidos sobre tela de amianto disposta em tripé 
metálico, com o bico posicionado abaixo. Sólidos podem ser aquecidos em cadinhos ou navetas de 
porcelana apoiados sobre triângulo de porcelana, em procedimentos como calcinação, desidratação, 
secagem ou decomposição térmica. 
Para aquecimentos até a ebulição, recomenda-se o uso de esferas de vidro ou materiais porosos 
(cerâmica, porcelana, carborundum) para evitar ebulição violenta por superaquecimento. 
Antes de ligar o bico, devem-se verificar vazamentos, dobras ou desgaste nas mangueiras, além da 
presença de substâncias inflamáveis nas proximidades. 
 
Técnicas de filtração 
A filtração é uma técnica de separação de misturas que utiliza um filtro permeável a uma das fases, 
geralmente líquida, permitindo sua passagem enquanto retém a fase sólida. Os filtros mais comuns 
são os de papel, com poros de diâmetros específicos para diferentes materiais. 
No procedimento, o filtro é posicionado em um funil, que serve de suporte. Em laboratório, utilizam-se 
comumente funis analíticos de vidro, funis de Büchner de porcelana e outros modelos específicos para 
diferentes aplicações. 
O funil analítico é utilizado na filtração por gravidade. Um papel de filtro, dobrado em formato cônico, 
é inserido em seu interior. Após fixar o conjunto em um suporte, verte-se a mistura sobre o filtro: o 
líquido o atravessa e é coletado em um recipiente, enquanto o sólido permanece retido, promovendo 
a separação das fases. 
O funil de Büchner é usado em filtrações a vácuo, nas quais a pressão negativa acelera o processo 
de passagem do líquido pelo filtro. Um papel de filtro é colocado sobre sua base perfurada, e o funil 
é acoplado a um kitassato conectado a uma bomba de vácuo. A mistura é vertida, e a sucção força a 
passagem do líquido, retendo os sólidos. O método é rápido e eficaz, especialmente para filtração de 
grandes volumes de líquido ou sólidos muito finos. 
 
Preparo e diluição de soluções 
O preparo de soluções exige rigor técnico para garantir a exatidão da concentração e a 
homogeneidade da mistura. Quando o soluto é sólido, realiza-se sua pesagem em balança analítica, 
seguida da dissolução em pequena quantidade de solvente, geralmente em um béquer. A solução é 
então transferida quantitativamente para um balão volumétrico, cujo volume é completado até a marca 
de aferição e, em seguida, homogeneizado. Solutos líquidos são medidos com instrumentos 
volumétricos e transferidos ao balão, seguindo o mesmo procedimento.No caso de diluições, retira-
se uma alíquota da solução concentrada contendo a quantidade necessária de soluto e transfere-se 
para um balão de volume adequado, completando com solvente até a marca. A relação entre as 
concentrações e volumes é expressa por C₁V₁ = C₂V₂, onde C₁ e V₁ referem-se à solução 
concentrada, e C₂ e V₂ à solução diluída.

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