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Conteúdo de Teoria das Obrigações

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Universidade Federal Fluminense
Mário Henrique Nóbrega Martins
Conteúdo da Disciplina Teoria das Obrigações
	Niterói	
2013
24/04/2013
Direito das Obrigações
Conceito
Relação Jurídica Obrigacional
- Diferente da relação jurídica de Direitos Reais
- Diferente da relação jurídica de Obrigação propter rem
Teoria Clássica
Teoria Moderna (dualista) – Elementos essenciais:
Schuld
Raftung
Conceito
Direito das Obrigações é a disciplina que regula a relação jurídica entre credor e devedor. Ela permite a sujeição do patrimônio do devedor à satisfação dos interesses do credor, caso haja inadimplemento.
	Uma obrigação pode ser satisfeita obrigatoriamente ou não. Quando não se satisfaz obrigatoriamente, não exige interferência do Direito. Contudo, quando obrigatória, percebe-se que houve o inadimplemento na relação.
	A relação credor-devedor tem natureza eminentemente patrimonial, podendo o credor, com o auxílio do Poder Judiciário, intervir no patrimônio do devedor.
	Entretanto, há exceções quanto à natureza patrimonial das obrigações, como no Direito de Família ou em relação à fidelidade conjugal ou obrigação testamental, exemplos de situações em que não se pode valorar quantitativamente as obrigações contraídas.
Relação Jurídica Obrigacional
Vincula o credor ao devedor. É horizontal, já que liga pessoas (mesmo que sejam pessoas jurídicas) que, em tese, estão em caráter de igualdade.
- Diferente da relação jurídica de Direitos Reais
Os Direitos Reais estudam a relação de alguém com alguma coisa (objeto) que lhe pertence, como a propriedade, a posse, a usucapião, a servidão, etc.
	Difere das Obrigações, já que há um caráter vertical nos Direitos Reais. Ou seja, o Direito das Obrigações vincula pessoas, enquanto os Direitos Reais vinculam pessoas a objetos (dando um caráter hierárquico).
* Crítica à relação horizontal: As partes, na prática, não são iguais.
		* Crítica à relação vertical: Alguns autores não admitem relação jurídica com uma coisa. Por isso, a relação é de uma pessoa com a sociedade que esta não perturbe/deturpe o bem daquela.
OBS: Não se confunde a relação de Direitos Reais com a eficácia real, uma vez que a relação de Direitos Reais é típica (estabelecida por lei) e está prevista em um único artigo (art. 1225, CC). Já a eficácia real é aquela que tem efeitos erga omnis (para toda a coletividade), ampliando a relação que, a princípio, era somente entre as partes. Enquanto isso, a relação obrigacional, a princípio, tem efeitos inter-partes.
- Diferente da relação jurídica de Obrigação propter rem (ou ambulatória/híbrida)
Estas são obrigações próprias das coisas, inerentes às coisas. A obrigação de pagar taxa condominial é um exemplo. Esta é uma obrigação inerente ao proprietário, mas não necessariamente ao locatário de um imóvel. A obrigação segue a coisa, mas não seu proprietário e, por isso, as dívidas condominiais pertencem ao atual proprietário.
O direito de regresso exibe que o condomínio deve cobrar a dívida do proprietário, mas este tem o direito ao ressarcimento frente ao locatário. Um exemplo de direito de regresso está presente no IPVA.
Também é chamada obrigação ambulatória por conta de ser uma relação de transferência, em que a obrigação segue a coisa e está ligada somente ao atual proprietário.
Teoria Clássica
Determina que uma das partes exerça a posição de credor e a outra a de devedor. Dentro dessa teoria, o devedor se submete ao credor. Tal sujeição, historicamente, já decorreu de diversas maneiras com grande pessoalidade (Escravidão; Código de Hamurabi; etc). Nos dias atuais, o viés patrimonial é mais usual.
	Em diversos casos, cria-se o ônus, que é a possibilidade de ação que somente acarreta prejuízos ao devedor. Este ocorre quando se deixa de ganhar um bônus.
* O artigo 391, CC estabelece que “Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.” Todavia, há uma crítica ao exposto no que se refere à expressão “todos”, visto que o Princípio da Dignidade Humana (Art. 3º, VII, Lei 8009/90), resguarda o bem de família, deixando-o impenhorável.
* A prisão, em regra, é criminal (penal). Contudo, o descumprimento de uma obrigação determinada pode gerar a prisão civil: alimentos. O Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Interamericana de Direitos Humanos) mostra que só a dívida de alimentos (pensão alimentícia) gera a prisão (Convenção esta ratificada pela lei brasileira). Desse modo, o não-pagamento de pensão causa a prisão, mas esta só funciona como meio de coerção, não criando a anulabilidade da dívida.
OBS: Com isso, o depositário infiel não é mais alvo de prisão civil (Súmula 25, STF).
Teoria Moderna (dualista)
Alouis Von Brinz foi o mentor dessa nova linha de pensamento em que toda a obrigação possui dois elementos essenciais: o SCHULD (dever – debitum) e o HAFTUNG (responsabilidade – obligatio), que, em regra, estão com o devedor, mas não necessariamente.
	Ex. 1: Dever sem responsabilidade – dívida prescrita (art. 882, CC) ou inexigível, na qual existe o débito, mas não o poder de coagir para cobrar. 
Ex: Dívida de jogo (art. 814, CC) 
	Ex. 2: Responsabilidade sem dever – alguém que assume a responsabilidade sem ser titular da dívida. Essa pessoa será acionada para o adimplemento da obrigação caso o titular não o faça. 
Ex: Fiador / Avalista (Art. 818, CC)
OBS: Lex Poetelia Papiria – Fim das execuções penais como forma de sanção ao não pagamento de dívida / obrigação.
08/05/2013
Estrutura da relação obrigacional (elementos das obrigações)
Fontes das Obrigações
Teoria Moderna da relação obrigacional
Classificação das Obrigações
- Introdução
- Classificação quanto ao conteúdo
Estrutura da relação obrigacional (elementos das obrigações)
O dever (Schuld) e a responsabilidade (Haftung) são pertencentes ao adquirente do bem/serviço. Entretanto, o deveer já é praticado desde a concretude do negócio jurídico, mas a responsabilidade só ocorre quando há o descumprimento da obrigação. Nesse sentido, só há responsabilidade quando ocorre inadimplemento, uma vez que a parte lesada tem o direito subjetivo de cobrar pelo cumprimento da obrigação. Diz-se, por alguns autores, que a responsabilidade está adormecida até que o inadimplemento ocorra.
	Há casos em que há a inexigibilidade da dívida. São exemplos a dívida prescrita e a obrigação natural (esta última que é irrepetível – já que a dívida existe, mas não se pode intervir no patrimônio do devedor para cobrá-la). Nesses casos, há dever sem responsabilidade.
	A responsabilidade sem dever, por sua vez, se dá pela fiança ou aval. Na fiança, em um contrato de locação, por exemplo, o fiador, com seu patrimônio, garante a responsabilidade sobre o não-pagamento do aluguel. Do mesmo jeito o avalista tem a responsabilidade pelo pagamento do título de crédito, ainda que não seja devedor primário.
	A estrutura da relação obrigacional possui alguns elementos: o ideal/imaterial (ou até mesmo espiritual), o subjetivo e o objetivo.
	- Elemento ideal/imaterial/espiritual
É assim denominado por ser abstrato e não ser físico. É o vínculo jurídico que une as partes, prendendo o credor ao devedor. Tal vínculo não é de sujeição. Em uma ótica ultrapassada, o devedor se sujeitava / se submetia ao credor, mas tal visão se denota arcaica, visto que a relação nos dias atuais é entendida a partir de uma cooperação (termo de Judith Martins-Costa). A ótica antiga tem relação muito maior com o Direito Romano, por exemplo, em que as dívidas eram cobradas pelo viés corporal. Todavia não pode ser relacionada com as obrigações do Estado de Direito em que se situa a sociedade contemporânea.
	- Elemento Subjetivo
O elemento subjetivo é caracterizado pelos sujeitos da relação obrigacional. Ou seja, credor e devedor.
OBS: Em princípio, credor e devedor são conhecidos previamente. Mas é possível que haja partes indeterminadas (estas que devem ser temporárias), contudo determináveis, uma vez que no adimplemento há a obrigatoriedadeda determinação concreta de cada pólo da relação.
	As partes podem ser indeterminadas, por exemplo, no caso do cheque, em que só se saberá quem é o portador quando este apresentar o título ao banco para ser pago. Antes disso, não se sabe quem é a parte credora, mas somente se conhece a parte devedora.
	No caso de uma obrigação ambulatória (aquela em que se segue a coisa, mas não seu proprietário), há uma circulação das obrigações na qual o credor será sempre o mesmo, mas o devedor não é determinado, sendo este a pessoa que for titular do bem atualmente. 
Ex: Pagamento de taxa condominial – Credor: Condomínio / Devedor: Atual proprietário do imóvel.
	
- Elemento Objetivo
O elemento objetivo de toda a obrigação é a PRESTAÇÃO. Toda a obrigação tem como objeto uma prestação que necessariamente será uma ação ou uma abstenção.
	Quando uma obrigação gira em torno de uma ação é denominada positiva (de dar/fazer), mas quando gira em torno de uma abstenção é negativa (não fazer). Exemplo de obrigação negativa é o sigilo profissional.
	A prestação também é chamada de objeto direto da relação pela doutrina.
Fontes da obrigação
As fontes são de onde nascem as obrigações. Estas são anteriores à estrutura da obrigação.
Sob a concepção antiga de Gaio (século II), jurisconsulto romano, haviam 4 fontes para as obrigações: o contrato, o quase contrato, o delito e o quase delito.
	- Contrato: Autonomia da vontade entre as partes
	- Quase Contrato: Relação obrigacional que não deriva de um acordo de vontades. Ex: Promessa de recompensa / obrigação entre vizinhos (não necessitam de um contrato para vigorar).
	- Delito: Exige a obrigação de reparar.
	- Quase delito: Quando não há intenção de praticar o delito. È o atual ilícito culposo.
* As fontes das obrigações podem ser negociais, não negociais e atos ilícitos.
	- Ato negocial como fonte: Ex.: Contrato / Promessa de recompensa.
 	- Ato não negocial como fonte: Ex: Vizinhança / Parentesco / Dever de fidelidade.
	- Ato ilícito como fonte: Ex: Acidente automobilístico; não necessariamente decorrem de ilícitos patrimoniais, mas também podem vir de outros tipos que requerem reparação do dano. O Direito Civil apresenta as consequências para tais práticas.
Teoria Moderna da relação obrigacional (“A obrigação como um processo”)
É um novo método de se enxergar a relação obrigacional que tem como principais autores Emilio Betti (no Direito Internacional) e Clovis de Couto e Silva (Direito Brasileiro).
Antes a compreensão da obrigação se dava de maneira vinculativa, submissa, com o preceito de uma superioridade do credor frente ao devedor. Contudo, a partir dessa Teoria Moderna, entende-se que não só o credor possui direitos, mas também o devedor. Por isso, a relação obrigacional deve ser entendida como um sistema de cooperação em que partes iguais unem esforços para lograr um objetivo em comum: o adimplemento. Sendo assim, extingue-se a percepção de que credor e devedor estão em lados antagônicos e possuem uma relação concorrencial na qual o primeiro vende algo e o segundo compra. As partes querem, portanto, que a relação seja cumprida.
Entretanto, o sistema de cooperação deve ter como base o princípio da boa-fé objetiva, já que o caráter cooperacional revela a função social do contrato, lidando com as obrigações como um processo que caminha para um fim. A ética na negociação mostra-se, portanto, de suma importância.
OBS: Sinalagma – ideia de que tanto credor quanto devedor possuem obrigações mútuas que dão vigência ao adimplemento. Sendo assim, percebe-se que não há uma relação estática, mas que as partes interagem entre si. (Duty to mitigate the loss (Dever de mitigar a perda) – Direito dos EUA) 
15/05/2013
O “Duty to mitigate the loss” parte do princípio de que a outra parte deve tentar diminuir a perda do outro.
	Nesse sentido, como a obrigação é um processo permeado por uma função social, percebe-se que não pode haver uma violação positiva do contrato. Tal fato ocorre quando se viola um dever anexo à obrigação (deveres que acompanham uma obrigação: lealdade; boa-fé; ética; dever de informar), agindo como um opositor, mas não em um sistema de cooperação no negócio jurídico. Nessa violação, o contrato é cumprido, mas não as suas obrigações anexas.
	Mesmo antes do surgimento da obrigação e até se ela não se concretizar, faz-se necessário o uso de tais obrigações anexas. Em um exemplo de contrato de trabalho, até após o fim dele é necessário que os profissionais ainda cumpram com dados deveres.
	Tal expressão é muito usada no Direito norte-americano sob a ideia de que não houve cooperação para a diminuição de uma perda apenas por ser credor. Não há uma ação para diminuir o prejuízo alheio e, por isso, cria-se uma responsabilidade civil.
Classificação das Obrigações
Classificação Geral (Código Civil)
- Quanto ao conteúdo da prestação
	a) Obrigação Positiva
		* Dar - Coisa Certa (art. 233 a 242, CC)
			- Coisa Incerta (art. 243 a 246, CC)
		* Fazer (art. 247 a 249, CC)
	
	b) Obrigação Negativa
		* Não fazer (art. 250 e 251, CC)
Classificação Geral (Código Civil)
Todas as obrigações estão contidas nessa classificação.
- Quanto ao conteúdo da prestação
O conteúdo da prestação é o dar, o fazer ou o não fazer.
a) Obrigação Positiva
Quando for positiva, a obrigação implica em dar ou fazer (agir). A obrigação de dar pode significar transferir (a propriedade, por exemplo). Em um contrato de locação há uma obrigação positiva que transfere somente a posse, mas pode significar a transferência da posse e da propriedade na compra e venda, ou ainda uma restituição (Ex: Guardar uma jóia em um cofre de banco ou o aluguel em guarda-móveis).
- Obrigação de Dar Coisa Certa (art. 233 a 242, CC)
Quando o objeto/bem foi previamente individualizado e especificado.
Art. 233, CC: “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do Título ou das circunstâncias do caso.” 
	Princípio de que o acessório segue o principal. É o chamado “Princípio da Gravitação Jurídica”, já que o acessório gravita em torno do principal. Entretanto o acessório não é intrínseco ao principal. Desse modo, ele pode ou não acompanhar o novo titular, contudo, caso não haja nada expresso em contrato o acessório segue o principal. Mas caso esteja expressa a separação, não seguirá.
Art. 234, CC: “Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.”
	Perda da coisa – pode ocorrer com ou sem a culpa do devedor. Ex: A vaca comprada morreu antes da transferência. Se não houver a culpa do devedor antes da tradição ou da condição suspensiva, fica resolvida a obrigação. Ou seja, as partes retornam ao status quo anterior (não há nem adimplemento nem inadimplemento). Entretanto, se houver culpa do devedor, deverá haver o ressarcimento do objeto bem como um acréscimo pelas perdas e danos que o inadimplemento deram causa, visto que o devedor foi responsável pelo inadimplemento da relação.
Art. 235, CC: “Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.”
	Coisa deteriorada sem culpa do devedor. Nesse caso, objeto poderá ter a obrigação resolvida ou ele poderá ser transferido para o credor com um determinado abatimento do preço.
Art. 236, CC: “Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.”
	Deteriorada a coisa com a culpa do devedor. Nesse caso, o credor pode exigir o equivalente ou ainda aceitar a coisa reclamando as perdas e danos. Há o pagamento da indenização pela culpa do devedor (que deve ser responsabilizado).
Art. 237, CC:“Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.”
	A responsabilidade do vendedor só termina após a tradição do bem. Caso haja acréscimo, o credor ainda pode pedir aumento no preço do objeto.
	Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
	Os artigos 238, 239 e 240 tratam da restituição de coisa certa. Quando, sem culpa, o credor deverá assumir o prejuízo. Entretanto, quando houver culpa, o credor responderá pelo valor do objeto além das perdas e danos.
	Já quando houver deteorização da coisa sem culpa, o credor receberá a coisa sem indenização qualquer. Contudo, se houver culpa, será pago o equivalente além das perdas e danos.
Art. 241 e 242, CC: “Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização” e “Se para melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.”
22/05/2013
(Continuação)
- Obrigação de Dar Coisa Incerta (art. 243 a 246, CC)
Art. 243, CC: “A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.”
	Coisa incerta – Coisa incerta não é o mesmo que “qualquer coisa”. Coisa incerta é, portanto, quando for certo apenas o gênero ou a quantidade.
Ex: Contrato de compra e venda de 20 cabeças de gado / 2 toneladas de soja.
	Nesses exemplos, percebe-se que a coisa é incerta, mas não indeterminada. Há uma crítica doutrinária por conta do termo “gênero”, visto que a ideia de gênero é muito mais ampla. Segundo tal percepção, a nomenclatura mais correta seria a de espécie. Contudo, o estipulado pelo Código Civil no presente artigo entendeu por correto o uso da palavra gênero.
OBS: O Direito Alemão já utiliza a expressão espécie.
Art. 244, CC: “Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.” 
	Nas obrigações de dar coisa incerta, a escolha do objeto é do devedor, uma vez que toda relação nasce para morrer por meio da boa-fé objetiva e, por isso, é melhor que o devedor escolha a coisa para estimular o cumprimento da obrigação. Apesar da escolha estar nas mãos do devedor, o artigo expõe que ele não pode fornecer as piores coisas, mas também não fica obrigado a ceder seus melhores objetos do gênero estipulado. Isso se dá para vedar o enriquecimento ilícito tanto de uma parte quanto de outra. Por esse motivo, costumeiramente se faz uma mediação na escolha da coisa.
Art. 245, CC: “Cientificado da escolha o credor, vigorará o exposto na Seção antecedente.”
	Há um determinado momento, após ser feita a escolha da coisa, em que ela passa a ser certa e, com isso, o objeto passa a ser regulado pelas Seção anterior (dar coisa certa). Esse momento é denominado concentração de débito/prestação.
Art. 246, CC: “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”
	O Direito Obrigacional apresenta como um de seus dogmas o fato de que o gênero não perece. Desse modo, caso alguém se comprometa a entregar determinada coisa incerta de um gênero qualquer, tal pessoa não poderá escusar-se por nenhum motivo para não cumprir com sua obrigação, já que a coisa é incerta e, por isso, não acaba.
	Todavia, existe uma crítica da dogmática pelo fato de certos bens serem limitados na natureza. Para esses casos, é comum no caso concreto que, caso o bem se esgote, a obrigação seja extinta.
- Obrigação de Fazer (art. 247 à 249, CC)
	Estas obrigações implicam em uma atividade. Portanto, o agir é o objeto da prestação.
	Dependendo da situação, a obrigação de fazer a obrigação pode ser substituída pela ação de uma outra pessoa. Mas existem casos em que a obrigação é personalíssima.
Obrigação de fazer fungível: Quando uma obrigação pode ser prestada por diferentes pessoas. Ex: Pintura de uma sala (caso a pessoa contratada não cumpra com a obrigação, outro poderá fazer).
Obrigação de fazer infungível: A obrigação é intuito personae, ou seja, personalíssima. Não pode ser feita por outro. Ex: Show de uma banda internacional.
Art. 247, CC: “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.”
	Quando a obrigação é imposta à uma pessoa, é personalíssima / infungível. Mas se essa pessoa se recusar a fazer, deverá indenizar o terceiro de boa-fé.
	OBS: O CPC tenta fazer com que a obrigação seja cumprida e, por isso, traz a indenização como última medida a ser tomada. O juiz, assim sendo, estimula o devedor a sanar a prestação.
Art. 248, CC: “Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.”
	Impossibilidade de prestação – sem a culpa do devedor, fica resolvida a obrigação. Com a culpa, ele responderá por perdas e danos.
Art. 249, CC: “Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar a custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.”
	Parágrafo único: “Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.”
	Em obrigações fungíveis, uma outra pessoa poderá prestar a obrigação, devendo o devedor indenizar o credor. Todavia, antes da contratação do novo obrigado, o ideal é que se entre com autorização especial.
	No entanto, caso haja emergência, não h´a obrigação pela autorização judicial. Mas na prática, quando o valor da obrigação é pequeno não é costume entrar com um pedido de autorização judicial (autotutela civil).
b) Obrigação Negativa
- Obrigação de não fazer (art. 250 a 251, CC)
Art. 250, CC: “Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.”
	Existe a possibilidade de que a abstenção não seja mais plausível em determinados casos. Nessas situações, a obrigação é extinta. Ex: Há um contrato que estipula que um terreno X não pode ter muros entre a propriedade A e B. Contudo, a Prefeitura da cidade em questão baixa um decreto que determina que todas as casas devem, obrigatoriamente, ter muros.
 
Art. 251, CC: “Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.”
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
	Caso a omissão não se cumpra, pode o credor ordenar que a omissão ocorra, sob pena de pagamento de perdas e danos. Se houver urgência, o credor pode agir por si próprio sem autorização judicial (novamente, percebe-se a autotutela civil).
	Ex: Art. 1147, CC – “Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.”
OBS: No caso de imóvel, a obrigação de não fazer só se tornará propter rem caso registre-se o contrato em cartório (caso contrário, tem-se que a obrigação é inter-partes).
Classificações Especiais das Obrigações
- Obrigações Naturais
- Obrigações de meio / de resultado
- Obrigações alternativas / facultativas (art. 252 a 256, CC)
- Obrigações divisíveis / indivisíveis (art. 257 a 263, CC)
- Obrigações fracionárias / solidárias (art. 264 a 285, CC)
	- Solidariedade Ativa
	- Solidariedade Passiva
	- Solidariedade Mista
A classificação especial das obrigações pode ou não existir. Porém, esta classificação convive com a classificação geral.
-Obrigações Naturais
Obrigação natural ou imperfeita (como no Direito Alemão, já que se entende por perfeita a obrigação com dever (Schuld) e responsabilidade (Haftung)) ocorre quando não há um dos elementos da obrigação. Mais especificamente quando há o dever sem a responsabilidade. Exemplo de obrigação natural é a dívida de jogo (art. 814, CC), que é inexigível, apesar de não ser inexeqüível. 
- Obrigações de meio / de resultado
	Obrigação de meio é aquela em que o devedor se compromete a usar todos os meios possíveis para chegar a um fim determinado, mas não há a obrigatoriedade de alcançar o resultado. 
Ex: Advogado, posto que ele não pode assegurar (por mais fácil que seja a causa) que alcançará o resultado.
	Já na obrigação de resultado, o devedor se compromete com o alcance de certo objetivo.
Ex: Engenheiro, uma vez que o resultado deve ser garantido.
OBS: O médico pode ter obrigação de meio (para cura ou reparação) ou de resultado (em caso de cirurgia estética).
- Obrigações alternativas / facultativas (art. 252 a 256, CC)
	A obrigação alternativa é aquela que nasce com uma pluralidade de objetos, ou seja, assume-se a obrigação de fazer / dar uma coisa ou outra. Nesse sentido, a escolha é do devedor se outra coisa não se estipular (art. 252, CC). Mas tal escolha deve ser feita inteiramente pelo devedor, não parcialmente. Logo, não há possibilidade do devedor fazer o credor receber parte em uma prestação e parte em outra (art. 252, § 1o, CC).
	Nesse caso, se uma das alternativas não for mais plausível, a outra ainda subsistirá (art. 253, CC). 
Todavia, se todas as alternativas forem esgotadas por culpa do devedor, deverá ser pago o valor do último bem perdido (art. 254, CC). Não podendo ser verificado qual foi o último bem perdido, fará o juiz a média entre os valores dos bens. 
Caso uma das alternativas seja subtraída por culpa do devedor, o credor poderá escolher a outra alternativa ou ainda pode pedir o valor do bem subtraído somado das perdas e danos (art. 255, CC). 
Finalmente, se todas as alternativas se tornarem impossíveis sem a culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação (art. 256, CC).
Já a obrigação facultativa é aquela em que só há um objeto, mas traz a faculdade de substituição dele por outro. Sendo assim, a diferença é que a obrigação nasce somente com um objeto, mas o devedor pode oferecer outra opção. Ainda assim, caso o objeto se perca sem culpa do devedor, tem-se que a obrigação será resolvida, diferentemente do que ocorre na obrigação alternativa. 
29/05/2013
Classificação Especial das Obrigações (Continuação)
- Quanto ao objeto (art. 257 a 263, CC)
	- Divisíveis (Ex: 10 TON de arroz)
	- Indivisíveis (Ex: Um cavalo vivo)
- Quanto aos sujeitos (art. 264 a 285, CC)	
	- Fracionária (O CC não aborda explicitamente)
	- Solidária 
		a) Solidariedade Ativa
		b) Solidariedade Passiva
		c) Solidariedade Mista
- Quanto ao objeto (art. 257 a 263, CC)
- Divisíveis
Obrigações divisíveis são aquelas que possuem seu objeto (a prestação) passível de ser fracionada / dividida / executada por partes.
	Tradicionalmente, uma das obrigações divisíveis mais clássicas é a de pagar (pecuniária), já que dinheiro pode ser facilmente fracionado.
	Tal divisão só é relevante se houver mais de um credor e/ou devedor, já que se só houver um credor e um devedor, a prestação não pode ser fracionada (a menos que isso esteja estipulado previamente).
- Indivisíveis
Obrigações indivisíveis são aquelas em que o objeto não pode ser fracionado. Todavia, a indivisibilidade pode ocorrer pela natureza do objeto, por conta de questões econômicas ou pela vontade das partes (através de contrato), mesmo que na prática o objeto seja divisível (art. 258, CC).
OBS: Não existe uma estipulação de mínimo divisível, mas para o caso da propriedade rural, estabelece-se que há uma metragem quadrada mínima para a existência de uma propriedade: o módulo rural. Portanto, esta é uma fórmula de indivisibilidade.
Art. 257, CC: “Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.”
	Quando houver mais de um devedor, a regra é pela divisibilidade da obrigação, sendo esta, presumidamente, dividida em tantos quantos forem os devedores.
Art. 259, CC: “Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.”
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Prestação indivisível com 2 ou mais devedores: Nesse caso, todos os devedores ficam coobrigados pela dívida toda, justamente pela sua indivisibilidade. Consequentemente, o par. Único exibe que o devedor que sanar a dívida passa automaticamente a ser credor dos devedores restantes, podendo exercer o seu direito de regresso.
Art. 260, CC: “Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:”
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Pluralidade de credores – cada um deles pode cobrar a dívida inteira. No entanto, para que o devedor tenha segurança no pagamento e não pague mal, este deve tomar certas precauções. Sendo assim, o devedor pode pagar apenas na presença de todos os credores ou estabelecer que os credores devem fazer um caução de ratificação que permita o pagamento para apenas um dos credores que dá ciência aos outros de que a obrigação foi adimplida.
Art. 261, CC: “Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.”
Um dos credores recebeu a obrigação por completo – sendo assim, os outros têm o direito de exigir suas respectivas partes mesmo que o objeto seja indivisível.
Art. 262, CC: “Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.
OBS:			Remir (Remição)		x		Remitir (Remissão)
			Pagamento					Perdão
Se um dos credores remitir (perdoar) a dívida de um devedor, esta não se extingue perante os outros credores, que ainda podem cobrar sua parte ao devedor. Ex: Um credor perdoa sua parte da compra de um cavalo. Nesse caso, os outros credores devem indenizar o devedor com o valor abonado.
Art. 263, CC: “Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.”
Se a obrigação se resolver, o objeto perde sua indivisibilidade. Como haverá perdas e danos e esta medida é pecuniária, consequentemente, o objeto se tornará divisível.
Com culpa: Todos pagam o valor do objeto, mas só o culpado paga perdas e danos.
Sem culpa: Todos pagam o valor do objeto, além das perdas e danos.
- Quanto aos sujeitos (art. 264 a 285, CC)	
	- Fracionária
A obrigação fracionária é aquela em que quando há uma pluralidade de credores de uma única obrigação, separam-se as partes e suas respectivas parcelas para que haja maior chance de adimplemento. Tal obrigação é a regra, apesar de só estar no Código Civil tacitamente nos artigos 265 e 267.
- Solidária
Solidariedade é o vínculo que une devedores e/ou credores como um todo, tratando o grupo como uma coisa só, obrigando-se os devedores conjuntamente pela dívida toda ou podendo os credores ter direitos de forma una. Na obrigação solidária, qualquer um dos credores tem direito de cobrar a dívida, mesmo que sua parte esteja resolvida.
OBS: Solidariedade não se presume. Decorre de lei ou acordo (art. 265, CC)
		a) Solidariedade Ativa
É rara. O valor total deverá ser pago apenas por uma pessoa (devedor) para uma pluralidade de credores. Sanada a dívida para um credor, esta é exonerada frente aos outros. Contudo, quem escolhe a quem pagar é o devedor, apesar de todosos credores terem o direito de cobrar / exigir.
Art. 270, CC: “Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.”
Caso um dos credores solidários morra, os herdeiros só poderão exigir a cota do crédito.
Art. 273, CC: “A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.”
Uma exceção pessoal em relação a um credor (ex: incapacidade civil) não se estende à obrigação completa ou aos outros credores.
		b) Solidariedade Passiva
Caso mais comum, ocorre quando um credor tem uma pluralidade de devedores. Nessa situação, o credor tem mais segurança do recebimento total, visto que ele pode cobrar a dívida inteira de cada um dos devedores.
Art. 279, CC: “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.”
Impossibilidade de prestação por culpa de um dos devedores – a indenização é solidária, mas as perdas e danos são individuais.
		c) Solidariedade Mista
Caso raríssimo. À ela se fazem analogia as solidariedades passiva e ativa.
OBS: Obrigação solidária é diferente de obrigação in solidum, já que nesta a vinculação dos devedores é dada por culpa de um evento para o mesmo credor, mas sem ligação entre si.
Ex: Uma casa pega fogo. A pessoa que tacou fogo e a seguradora possuem obrigação perante o dono da casa, mas não possuem vínculo entre si.
19/06/2013
Pagamento (artigo 304, CC)
Conceito: É o adimplemento; o cumprimento da obrigação (que pode ser feito para qualquer modalidade de obrigação).
Ex.1: Obrigação de não fazer: Abstenção = Pagamento
Ex.2: Obrigação de dar: Dação = Pagamento
Natureza Jurídica
É ato jurídico ou negócio jurídico? Apesar de haver divergência doutrinária quanto a isso, a maior parte entende que o pagamento tem natureza negocial. Uma das justificativas para tal se dá no fato de que quando se paga errado, pode-se pedir o estorno do pagamento (já que o Direito veda o enriquecimento ilícito), o que caracteriza negócio.
Condições / Requisitos para um bom pagamento
Subjetivas
- Quem deve pagar (solvens) (art. 304 a 307, CC)
	O devedor; o representante legal ou até mesmo um terceiro (que pode ser interessado juridicamente ou não).
Exemplo de terceiro interessado: Um inquilino, ao saber que o proprietário do imóvel onde reside adquiriu muitas dívidas (podendo o imóvel ser penhorado), paga elas a fim de que o bem não seja penhorado e de que ele possa continuar no imóvel.
Exemplo de terceiro não interessado: Interesse moral, religioso, familiar.
	- Regras
O terceiro interessado é mais protegido pelo Direito e possui privilégios. Já o terceiro não interessado pode pagar em seu próprio nome ou em nome do devedor. Caso pague em seu próprio nome, o terceiro tem o direito de reembolsar a quantia uma vez que o Direito veda o enriquecimento sem causa. Mas ele não se sub-roga nos direitos de credor, nem possui vantagens / garantias que o credor tinha (terceiro não interessado).
OBS: No caso de um terceiro interessado, este se sub-roga nos direitos de credor.
- A quem se deve pagar (accipiens) (art. 308 a 312, CC)
	Ao credor ou algum representante legal; ao mandatário; ao assistente social, se o credor for menor absoluto ou relativamente incapaz.
	Se se paga a alguém que não é credor, este deve fazer uma ratificação do pagamento, conforme explicita o artigo 308 do Código Civil.
	Já pelo artigo 309 do CC, expõe-se que o credor putativo é aquele que aparenta ser credor, apesar de não o ser. Nesse caso, o pagamento é válido, mesmo que depois seja comprovado que o sujeito não era realmente o credor (teoria da aparência).
	
	b) Objetivas
	- Prova do pagamento – quitação (art. 319 a 326, CC)
	Exige-se que a quitação da obrigação exige uma prova material. Esta prova é o recibo, exemplo de quitação que judicialmente ratifica o pagamento (prova de pagamento – art. 319, CC)
	O Direito permite que o pagamento seja retido até que se possa quitar a obrigação.
	É necessário salientar que a quitação é direito do devedor.
	O artigo 320 mostra todos os requisitas que a quitação deve ter. Já o 321 exibe a exceção ao princípio da cartularidade (em que o devedor exige a inutilização do título para prover a quitação). Enquanto isso, o artigo 322 discorre sobre a presunção relativa do pagamento (quitação da última quota).
	c) Objeto (art. 313 a 318, CC)
	O objeto é a prestação da obrigação (dar, fazer, não fazer). Este deve ser de mesmo valor.
	De acordo com o artigo 314, CC, o credor não é obrigado a receber uma parte da prestação em uma data e outra parte em prestação diversa.
	O credor só é obrigado a receber no vencimento e em moeda corrente de valor nominal (art. 315, CC).
	De acordo com o princípio do nominalismo, só se deve aquilo que está escrito. Atualmente está em desuso, principalmente depois do surgimento do conceito de correção monetária e de cálculo de atualização da moeda. Com isso, por meio de taxas de juros o valor tende a subir cada vez mais (art. 316, CC).
	Contudo, isso ocorre desde que não haja desproporção nos valores (art. 317, CC).
	d) Lugar de pagamento (art. 327 a 330, CC)
	A obrigação pode ser quesível (querable) ou portável (portable) .
	
	Quesível é a obrigação em que o credor vai até o devedor para que seja feito o pagamento.
	Já a obrigação portável é aquela em que o devedor vai até o credor para adimplir a obrigação.
	- Regra
	A regra é pelo pagamento no domicílio do devedor (obrigação quesível) (art. 327, caput, CC). Contudo, caso haja mais de um lugar para o pagamento, o credor escolherá onde irá pagar (art. 327, § único, CC).
	No caso de transações imobiliárias, o pagamento se dará no local do imóvel (art. 328, CC).
	Pode ocorrer, por algum motivo extremo, de não haver possibilidade de pagamento no local estipulado e, nesse caso, ele pode ocorrer em lugar diverso (art. 329, CC). Contudo, em uma situação de reiteração do pagamento em lugar diverso do estipulado, entende-se que o credor está renunciando o recebimento no local previamente estabelecido (art. 330, CC). Nesse caso, o credor não poderá alegar que não recebeu (venire contra factum proprium non potest – o credor não pode se voltar contra o fato que ele mesmo permitiu).
	e) Tempo de pagamento (art. 331 a 333, CC)
	Se o vencimento não estiver expresso, entender-se-á que o pagamento será à vista e, portanto, pode ser exigido imediatamente (art. 331, CC).
	Porém, há uma exceção em caso de mútuo, quando o pagamento vence em 30 dias (art. 592, § 2º, CC).
	O artigo 333, CC exibe como ocorrerá o vencimento antecipado de uma obrigação (morte do devedor; insolvência civil; penhora de bens). Mas, no referido artigo, se houver solidariedade passiva, a antecipação não vale para os outros devedores solventes (art. 333, § único).
26/06/2013
Formas Especiais de Pagamento
(pagamento indireto)
Pagamento em Consignação (art. 334 a 345, CC)
	É o depósito judicial que ocorre quando o devedor não recebe a quitação ou paga mal. Existe para quem cumprir a obrigação (devedor) não ficar em mora com o credor.
	Nesse instituto, o devedor pode fazer o depósito judicialmente. Ele pode ser feito no Judiciário, quando se tratar de bens, ou via bancária, quando se tratar de dinheiro / pecúnia.
	Por ele, pode ser ajuizada ação de pagamento em consignação.
Pagamento com sub-rogação (art. 346 a 351, CC)
	Quando o credor é substituído por um terceiro interessado que cumpre a obrigação e se coloca no lugar do credor em relação aos direitos da mesma obrigação.
	A sub-rogação pode ser legal ou convencional (art. 347, CC). Todavia, a regra é pela sub-rogação legal. Mais uma vez, como o Direito veda o enriquecimento sem causa, o terceiro só pode ser reembolsado por aquilo que pagar. Nesse caso, o terceiro vira credor do devedor em questão.Imputação de pagamento (art. 352 a 356, CC)
	Imputar significa indicar. Nesse sentido, a imputação do pagamento ocorre quando o mesmo devedor é devedor de várias dívidas diferentes a um só credor.
	O credor deverá dizer em quais dívidas ele quer que esse fato (pagamento) surtá efeitos. Só ocorrerá se houver mais de uma dívida vencida.
	Em regra, a imputação cabe ao devedor. No entanto, uma vez que o devedor não o faça, cabe ao credor fazer na quitação (art. 353, CC).
	Contudo, se nem o credor nem o devedor a fizer, deverá ser paga a dívida de juros vencidos antes da dívida de capital (art. 354, CC).
	A imputação será feita primeiramente nas dívidas líquidas e vencidas. Nesse sentido, verificar-se-á se os vencimentos são diferentes.
	Todavia, se todas vencerem ao mesmo tempo, valerá a dívida mais onerosa (art. 355, CC).
	Ainda se tais critérios não forem suficientes, a imputação será proporcional.
Dação em pagamento (art. 356 a 359, CC)
	 Na dação em pagamento, deve-se efetuar o pagamento de forma diversa da convencionada. Para isso, deve haver uma concordância entre as partes.
Ex: Alguém que deve à Receita Federal propõe a transferência de um imóvel para o pagamento da obrigação e o “fisco” aceita.
	Por conta disso, muitos autores entendem que há uma transação, que precisa de anuência do credor.
Ex.2: Bem substituído por bem / Bem substituído por dinheiro / Obrigação de fazer substituída por bem.
Art. 358, CC: “Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão”.
	Cabe sempre lembrar que título de crédito não é dinheiro e, por isso, pode ou não ser aceito pelo credor.
	A dação em pagamento em geral é pro soluto (a obrigação se cumpre na quitação). Contudo, em se tratando de título de crédito, a obrigação é pro solvendo (ou seja, sua quitação se dará futuramente por terceiro determinável, mas não necessariamente determinado).
Pro Soluto: Em pagamento
Pro Solvendo: Para pagamento
OBS: O artigo 359, CC trata sobre a evicção – perda do bem em razão do reconhecimento judicial ou administrativo da propriedade de 3ª pessoa.
Ex: Comprar de quem não era dono.
Credor evicto – diferentemente do credor putativo, é o devedor da obrigação que, na verdade, era nula. A dívida primitiva ainda vale, sendo o devedor (credor putativo) obrigado. No caso de terceiro de boa-fé, a obrigação é resolvida com sua possíveis perdas e danos.
Novação (art. 360 a 367, CC)
	É o surgimento de uma nova obrigação que substitui e extingue a anterior.
Ex: Nova dívida que substitui a antiga (art. 360, CC).
	- Novação objetiva ou real (art. 360, I, CC)
	Ocorre quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior.
	- Novação subjetiva
Ativa: Quando se substitui o credor, fazendo com que o devedor fique quite com o credor primário. (art. 360, III, CC).
Passiva: Quando se substitui o devedor, fazendo com que o credor não possa mais cobrar do devedor primário (art. 360, II, CC). Esta novação pode ainda ser feita por delegação (com consentimento) ou por expromissão (sem consentimento).
	A novação não é presumida. Portanto, a intenção das partes deve ser clara.
OBS: Refinanciamento não é novação, já que uma nova obrigação não surge, mas apenas se refinancia a mesma obrigação.
Exemplo de novação: Quando X faz um empréstimo para pagar os juros do cheque especial.
Art. 365, CC: “Operada novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.
	Credor e um devedores solidários – Estes (devedores) ficam exonerados quando houver novação, ficando somente responsável o novo devedor responsável por toda a dívida. A novação extingue a solidariedade.
Art. 366, CC: “Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.”
Art. 367, CC: “Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.”
	Há, portanto, o entendimento de que a obrigação anulável pode ser convalidada e novada.
OBS: A maioria da doutrina entende, pelo artigo 814 do Código Civil, em seu parágrafo 1º, que a obrigação natural pode ser novada (caso de dívida de jogo).
Remissão (art. 385 a 388, CC) – perdão
	Extingue-se a obrigação. Nesse caso, o credor perdoa a dívida adquirida com o devedor. Contudo, essa remissão não pode implicar prejuízo a terceiros.
OBS: Exoneração - Devolução voluntária do título.
OBS. 2: Extinção da garantia – Devolução do bem que servia de garantia.
Confusão (art. 381 a 384, CC)
	Credor e devedor são os mesmos.
	Ex: X deve 10 reais para Y. Y morre, mas X é seu herdeiro. Logo, a dívida morre.
Compensação (art. 368 a 380, CC)
	Ocorre quando duas pessoas são credoras e devedoras entre si ao mesmo tempo em obrigações distintas. Mas, se os objetos forem de qualidades distintas não se pode falar em compensação.
	O fiador também pode usar a compensação (art. 371, CC)
03/07/2013
Transmissão das Obrigações
(art. 286 a 303, CC)
Cessão de Crédito (art. 286 a 298, CC)
Cessão de Débito (assunção de dívida) (art. 299 a 303, CC)
Cessão de Contrato (de posição contratual)
	Em regra, a obrigação não é transferível. Mas pode ocorrer uma transmissão do obrigação na relação de Direito Civil. Isto se dá por cessão de crédito, débito e contrato. Contudo, o Código Civil só trata dos dois primeiros institutos.
Cessão de Crédito (art. 286 a 298, CC)
	Pode se dar por convenção entre as partes (convencional); por conta da lei (legal) ou por decisão do juiz (judicial).
	Sempre que a lei estabelecer a cessão de crédito, haverá sub-rogação.
	Já a cessão de crédito judicial deve estar expressa na sentença. Ainda assim, no Direito Civil a cessão de crédito convencional é a mais comum.
	Nesses casos, a cessão de crédito diz respeito a qualquer documento que tenha crédito líquido, certo e exigível. Ela também é bilateral, tendo cedente (credor primitivo) e cessionário (novo credor). O negócio jurídico é obrigatoriamente inter-vivos, não podendo advir de via testamental. Além disso, também é formal, já que se dá por instrumento público (por meio de cartório) ou particular, desde que preenchidos os requisitos legais. É oneroso. É típico (por sua previsão legal) e também comutativo (oposto ao negócio jurídico aleatório – ou seja, quando ambas as partes, de antemão, já conhecem seus direitos e deveres).
OBS: Negócio Jurídico Aleatório – As partes não possuem a noção exata dos direitos e deveres de cada um. Por isso, existe alea (risco). Ex: Seguro. Os contratos aleatórios estão dispostos do artigo 458 à 461, CC.
	Na cessão de crédito, o devedor deve ser notificado pelo credor primitivo para que aquele pague bem. Se ele não for notificado e pagar mal, tal pagamento será válido, mas as outras partes deverão se entender (art. 290, CC).
	Quando houver cedente e cessionário (além do devedor), percebe-se que a obrigação é multilateral.
	Ressalta-se que a ciência da cessão de crédito não precisa ser, necessariamente, judicial. Nesse sentido, pode o cedente formalizar o aviso sem a necessidade do Judiciário.
	Em se tratando de título de crédito, não é necessário um documento formal, mas apenas a simples tradição do documento para haver cessão (art. 291, CC).
OBS: O artigo 294, CC se opõe ao artigo 17 da LUG, já que traz a oponibilidade. Logo, se o título circula por cessão de crédito, vale o disposto no Código Civil. Entretanto, quando circular por endosso está vinculado à LUG. Quando o título circula por cessão não há sua purificação, uma vez que seu último cedente não é garante do pagamento e, por isso, deve-se verificar todos os movimentos anteriores à última cessão.
	Em regra, quem cede não garante o pagamento (art. 296, CC). Entretanto, é possível que o cedente expressamente garanta o pagamento.
	A regra é a cessão pro soluto, uma vez que desonera o cedentede garantir o pagamento caso o devedor não o faça, ou seja, o cessionário assume o risco do inadimplemento. No entanto, o cedente sempre garante a existência da obrigação. Desse modo, garante que houve um negócio jurídico que gerou um crédito transferido por cessão de crédito ou endosso. A única diferença é que o endosso, por regra, garante o pagamento.
	O pagamento do título de crédito é pro solvendo, já que o pagamento ocorrerá no futuro por credor ainda indeterminado, mas determinável.
Cessão de Débito (assunção de dívida) (art. 299 a 303, CC)
 
	Nesse caso, transfere-se a posição do devedor. É diferente de novação subjetiva passiva, porque nesta surge uma nova obrigação com o novo devedor, enquanto na assunção de dívida só é transferida a pessoa do devedor, mas a obrigação é a mesma.
	É negócio jurídico formal (solene), típico (nominado). Porém, em regra, é plurilateral.
	A transferência da dívida pode ocorrer desde que seja para um cessionário solvente. Transferir a dívida para alguém que não pode pagar é fraude.
	Também pode haver cessão de débito por delegação, aquela em que o novo devedor assume a dívida com o consentimento do devedor primitivo. Ainda pode haver cessão de débito por expromissão, caso em que não houve consentimento do devedor primitivo.
OBS: O credor sempre deve concordar com a assunção de dívida (art. 299, CC).
	
	Transferir o débito para devedor insolvente não gera exoneração do devedor primitivo na obrigação.
	O silêncio é interpretado como recusa da cessão de débito pelo credor, que deve consentir expressamente.
	O artigo 300, CC expressa que as garantias dadas pelo devedor primitivo não são mantidas, salvo disposição em contrário (Ex: Cheque caução). 
	O artigo 302 do Código Civil retrata que a oponibilidade de exceções pessoais do devedor primitivo não são válidas para com o novo devedor.
	Por fim, o artigo 303 trata da assunção de débito de imóvel hipotecado.
Cessão de Contrato
	É atípica ou inominada, uma vez que não possui previsão legal, exceto em raros casos. Nesse caso, a transferência é da relação jurídica.
Ex: Artigo 13 da Lei 8245/1991. Permite a cessão de locação, transferindo o contrato de aluguel.
Ex. 2: Substabelecimento – procuração (art. 667, CC)
Ex. 3: Cessão de direitos aquisitivos de imóveis loteados (art. 13 do Decreto- Lei 58/1937 e art. 31 da Lei 6766/1979).
10/07/2013
Teoria do Inadimplemento
(art. 389 a 420, CC)
Absoluto
- Fortuito
- Culposo
Relativo (mora)
	
	- Do credor (objetivo)
	- Do devedor (debendi / subjetivo)
		a) Ex re
		b) Ex personae
	O inadimplemento de uma obrigação pode gerar a saída da relação do Direito Civil para o Direito Processual Civil, de modo que uma ação ajuizada permita o adimplemento.
Inadimplemento Absoluto
	Ocorre quando não há mais a possibilidade da obrigação ser cumprida, não havendo mais o interesse do credor no adimplemento. Para o devedor é sinônimo de descumprimento da obrigação.
Ex: Contrato de buffet para uma festa no dia 10. Apesar de estar tudo pactuado entre as partes, a empresa só aparece no dia seguinte, depois de terminado o evento. Nesse caso, a obrigação não tem mais como ser adimplida, visto que o serviço era requerido para uma ocasião específica.
	De acordo com o artigo 395, CC, deve haver uma indenização do devedor frente ao credor, fato que tem como objetivo retornar ao status quo anterior. No caso do inadimplemento absoluto, a solução se dá na compensação por perdas e danos (art. 395, § único).
	O inadimplemento absoluto pode ser fortuito ou culposo:
Fortuito
	O descumprimento da obrigação decorre de um motivo que não foi causado pelo devedor. Ex: Caso fortuito e força maior (art. 393. CC).
		a) Força Maior: Evento inevitável da natureza.
		b) Caso fortuito: Evento que independe da vontade humana, mas 			decorre de terceiros. 
		Ex. 1: Paralisação no transporte público.
		Ex. 2: Assalto à mão armada dentro de ônibus (Cabe ressaltar que o TJ/RJ entende que quando a situação for corriqueira, não haverá caso fortuito, ao contrário do que entende o STJ).
	Nessas hipóteses, o devedor não responde por perdas e danos. Entretanto, o artigo 393 dispõe que mesmo assim há casos em que se assegura o cumprimento da obrigação. Ex: Seguradora.
Culposo (art. 389, CC)
	Quando o devedor deu causa ao descumprimento da obrigação. A culpa, nesse caso, é entendida em seu sentido amplo, abrigando dolo e culpa. O devedor responde por perdas e danos, juros, correção monetária, custas advocatícias e processuais e uma possível cláusula penal (os juros, a princípio, são moratórios).
OBS: Juros moratórios x Juros compensatórios
	Juros moratórios são decorrentes do atraso (mora) e tem caráter indenizatório.
	Juros compensatórios compensam a perda do valor aquisitivo da moeda e independem de atraso. Fazem com que o credor ganhe.
OBS. 2: Cláusula Penal (art. 408, CC)
	É a antecipação da estipulação do valor devido em caso de inadimplemento (absoluto ou relativo). Difere de multa, que tem natureza sancionatória, já que tal cláusula é de natureza de indenização / ressarcitória. Na prática, já está previamente acordada em contrato. Essa cláusula facilita o exigimento da obrigação depois de ocorrer o descumprimento.
OBS. 3: Perdas e Danos
	Abrange danos emergentes e lucros cessantes.
	- Danos Emergentes: Aquilo que efetivamente foi perdido.
	- Lucros Cessantes: O que se deixou de ganhar. Ex: Batida entre carro e táxi. Com o transtorno, o taxista deixa de ganhar um valor X.
Inadimplemento Relativo (mora)
	A prestação da obrigação ainda é útil para o credor. Portanto, pode ser adimplida de outra maneira pelo devedor. O cumprimento pode se dar em outro lugar, por exemplo (desde que haja anuência do credor). A obrigação de pagar é outro exemplo, mas deverá se somar aos prejuízos, juros, etc.
	Contudo, não há mora quando ela não discorrer da vontade do devedor (art. 396, CC).
	O devedor também terá o direito pela mora quando não conseguir cumprir a obrigação por culpa do credor (art. 397, CC).
Do Credor (objetivo)
	O Código Civil é omisso em relação à mora do credor. Se a mora é do credor, não há que se falar em culpa do devedor, já que este não teve culpa pelo inadimplemento da obrigação, ou seja, o inadimplemento é objetivo. Por isso, não se deve analisar a mora do credor para perquirir sobre o inadimplemento, posto que esse fato não implicará em mora do devedor.
Do devedor (subjetivo)
	a) Ex re (art. 397, caput, CC)
	Decorre simplesmente do vencimento. Ou seja, do descumprimento da obrigação na data estipulada. É a regra. 
Ex: Vencimento dia 5 (Logo, dia 6 haverá mora).
	Dies interpellate pro homine – o dia interpela o homem, ou seja, a data em si já notifica o devedor.
	b) Ex personae (art. 397, § único, CC)
	Quando há o exigimento de notificação prévia para o cumprimento da obrigação. Ela pode ser judicial ou extrajudicial, mas deve sempre ser formal (por ato cartorário (com fé pública e diferente de correspondência) ou via judicial).
	O artigo 399 mostra que na decorrência da mora, o devedor não poderá alegar caso fortuito ou força maior para escusar-se de pagar, visto que já estava em atraso com a obrigação. A menos que a culpa pela anterior mora não adviesse do devedor, como no caso da ausência do credor na data de pagamento ou em situações em que mesmo que a obrigação fosse cumprida, ainda subsistiriam danos.
	Estando o credor em mora, entende-se que o devedor ganha com os custos da manutenção do bem e o cobra segundo o valor mais oneroso nesse prazo. Isso se dá para desestimular o inadimplemento (art. 400, CC).
	As formas de se purgar a mora estão descritas no artigo 401, CC. O devedor purga a mora com o pagamento da obrigação (somadas as perdas e danos). Já o credor purga a mora quando se oferece a receber o pagamento.

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