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Introdução à Sanidade na Carcinicultura

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Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari 
Alberto Gonçalves Evangelista 
Sanidade em Aquicultura (Enfoque em Carcinicultura) 
 
 
1 
SANIDADE NA PRODUÇÃO DE CAMARÕES 
Na produção de camarões, deve-se criar um equilíbrio entre sanidade, patógenos e condições 
ambientais para uma boa produção. Os agentes patogênicos podem ser infecciosos, como vírus, 
bactérias, protozoários e fungos, e não infecciosos, como fatores nutricionais, genéticos, 
ambientais e físicos. 
Grande parte das fazendas produtoras no Brasil utilizam um sistema semi-intensivo, com intensa 
utilização de recursos naturais, maior aporte de efluentes, renovação mais constante da água e 
intensificação da produção, aumentando a densidade. Esse aumento deve ser acompanhado 
por novas tecnologias para equilibrar a tríade produtiva. Se o preço está bom, aumento da 
produção para potencializar os lucros, e se o preço está ruim, aumento a produção para 
potencializar possíveis ganhos. Um dos meios utilizados é a redução do tempo de vazio sanitário, 
que é a secagem dos tanques de cultivo e aplicação de cal, antes de um novo lote. Isso gera 
descontrole de doenças infecciosas. 
Para uma produção, deve-se ter Pós-Larvas (PLs) de boa qualidade. Elas não podem ser vetores. 
Essa qualidade é certificada por laboratórios credenciados. A qualidade de água e de alimentos 
também é importante para a produção, evitando o stress dos animais. 
Os principais agentes virais que ocorrem na carcinicultura são Virus da Mionecrose Infecciosa 
(IMNV), Vírus da Síndrome de Taura (TSV), Vírus da Mancha Branca (WSSV), Vírus da Infecção 
Hipodermal e Necrose Hematopoiética (IHHNV). Essas doenças possuem particularidades, mas 
que são comuns a muitas doenças, o que pede exames regulares do plantel. No Brasil ainda não 
foi noticiada a presença do TSV, mas já está presente no restante das Américas. 
 Mionecrose Infecciosa (IMNV) 
Relatada primeiramente no Piauí, em 2002, em PLs, juvenis e adultos. Provavelmente 
os casos de mionecrose idiopática eram essa doença ainda não diagnosticada. Chegou 
no Brasil com camarões importados da Indonésia. Problemas de sanidade, pluviosidade, 
alta densidade, baixa de oxigênio e poluentes levaram ao stress dos animais, 
ocasionando o surto. A densidade durante o surto variou de 15 a 80 camarões/m², com 
diferentes laboratórios produzindo PLs, com utilização de vários tipos de alimentos 
comerciais. A falta de barreiras sanitárias potencializou os problemas. Nenhum 
produtor sabia o que fazer no caso dos problemas, o que causou uma rápida 
disseminação, se espalhando por CE, RN, PI, SP, etc. A infecção possui três instâncias, 
brandas, agudas e crônicas, em que a crônica é a mais perigosa, em que a mortalidade 
é baixa, poucos animais com sinais clínicos e persistência do agente na população. O 
aumento da infestação por parasitas nos camarões também potencializou o surto. Os 
sinais clínicos são letargia, aumento do canibalismo, avermelhamento muscular (na fase 
crônica), aumento do tempo de coagulação da hemolinfa, opacidade do animal, 
alteração em órgãos e necrose. O diagnóstico é feito através da microscopia direta, 
Histopatologia, técnicas moleculares e hibridização in situ. Doenças de diagnóstico 
diferencial serial a doença do algodão e da doença da cauda branca. 
 
 Síndrome de Taura (TSV) 
A primeira descrição foi no Equador, em 1992, no Lago de Taura. Já foi encontrado no 
Peru, Colômbia, Belize, México e Ásia. A susceptibilidade do camarão à doença varia 
pela espécie e estágio, sendo que a mortalidade é maior quando mais velho o camarão. 
Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari 
Alberto Gonçalves Evangelista 
Sanidade em Aquicultura (Enfoque em Carcinicultura) 
 
 
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Em um tanque, 5-25% dos camarões resistem a doença. A doença causa um problema 
na cutícula do animal, podendo impedir a troca do exoesqueleto. Existe transmissão 
horizontal e vertical. Alguns fatores que possibilitaram o aparecimento da síndrome é a 
dependência da produção da população selvagem, comercialização de animais 
infectados, transmissão por insetos e aves. Sinais clínicos envolvem letargia, 
mortalidade durante a ecdise e diminuição do consumo de alimentos, apresentam 
necrose do epitélio cuticular, sendo que na fase crônica não aparecem lesões, 
necessariamente. O diagnóstico é feito pelos sinais clínicos, Histopatologia. O controle 
é feito pelo controle ambiental, controle da origem dos animais, probióticos, etc. 
 
 White Spot Disease (WSSV) 
Doença presente em todos os países produtores de camarão, como China, EUA, Filipinas 
e Brasil, com mortalidade de 100% em até 10 dias, causando 10 bilhões de dólares em 
perdas. Além de afetar camarões, possui mais de 50 hospedeiros naturais, que podem 
entrar no tanque e se tornarem portadores assintomáticos, transmissores. Estável por 
3-4 dias no ambiente, além de sobreviver dentro dessas espécies. Possui transmissão 
transovariana, por predação ou canibalismo, com os sinais clínicos induzidos por fatores 
estressantes, como temperatura, salinidade, baixa qualidade de água, etc. Infecta 
cutícula e tecido subcuticular. Sinais clínicos envolvem mudanças de coloração, letargia, 
manchas brancas cuticulares, com diagnóstico feito com nested-PCR, sinais clínicos e da 
Histopatologia. Na nested-PCR consegue-se identificar o vírus em uma carga viral baixa. 
Controle semelhante as demais doenças. 
 
 Necrose Hematopoiética (IHHNV) 
Um dos principais patógenos dos camarões, que reduz de 10-50% do peso do camarão. 
É cosmopolita, com prevalência de 100% e cultivos, com transmissão vertical e 
horizontal. Causa lesões em brânquias, cutículas, hematopoiéticos, antenas, cordão 
nervoso e órgãos linfoides, desregulando a homeostasia do animal. Como principal sinal 
clínico, temos a síndrome do rostro deformado, além de apresentar nanismo, 
exoesqueleto incompleto, deformações no corpo. O diagnóstico é feito por 
Histopatologia, PCR e diagnóstico clínico. Possui hospedeiros naturais em outras 
espécies, que atuam como transmissores. O controle é estabelecido por uso de 
linhagens resistentes e controle sanitário dos reprodutores.

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