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ANATOMIA DENTAL INTERNA A morfologia dentária apresenta características variáveis, revelando que a configuração dos canais não é apenas um espaço tubular único e sim um complexo sistema. Conceitos gerais Os dentes possuem em seu interior uma cavidade chamada de cavidade pulpar, onde se encontra a polpa dental. A cavidade reproduz a morfologia externa do dente e nela se distinguem duas porções: uma coronária (câmara pulpar) e outras radiculares (canal radicular). A polpa dental é um tecido conjuntivo fibroso, ricamente vascularizado que se estende por todo o interior do dente. Conhecer bem a anatomia interna dental congrega um elenco de conhecimentos necessários para entender e realizar a terapêutica endodôntica. Anatomicamente, podem-se adquirir esses conhecimentos levando em consideração a macroconfiguração e a microconfiguração da cavidade pulpar. Macroconfiguração da cavidade pulpar: dados anatômicos radiográficos que norteiam o profissional na realização da terapêutica endodôntica Microconfiguração representa o sistema de canais composto pelo canal principal e suas ramificações, que, segundo Hess (1952), podem ser encontrados em qualquer dente Cavidade única, volumosa e aloja a polpa coronária, ocupando o centro da coroa e assemelha-se em forma a superfície externa do dente Câmara pulpar Dentes anteriores A câmara apresenta-se com uma forma triangular com a base para incisal e o vértice em direção ao colo. Desse grupo de dentes, os incisivos inferiores podem apresentar também uma forma ligeiramente elíptica e os caninos, tanto superiores quanto inferiores, em decorrência da sua forma externa, o triangulo apresenta-se com os ângulos mais arredondados. 1.FORMA DA CÂMARA PULPAR Dentes posteriores Os pré-molares superiores têm uma câmara pulpar com uma forma elíptica, com o maior diâmetro no sentido vestíbulo-palatino e o menor no sentido mesio-distal. A câmara pulpar dos pré-molares inferiores apresenta-se de uma forma circular ou ligeiramente elíptica. Os molares superiores apresentam uma forma triangular com a base para vestibular e o vértice para lingual ou palatino. Deve-se ressaltar que essa base do triângulo é paralela à face vestibular do dente, aspecto importante para quando se for realizar a cavidade de acesso à câmara pulpar. A forma da câmara dos molares inferiores é de um trapézio com a base maior para mesial e a menor para distal, podendo apresentar uma variação para uma forma mais retangular. Divisão biológica 2. PAREDE DA CÂMARA PULPAR Apresenta as seguintes partes: Parede oclusal, incisal ou teto - é a porção de dentina que limita a câmara pulpar em direção oclusal ou incisal. Essa parede apresenta saliências e reentrâncias que correspondem aos sulcos e ao lóbulos de desenvolvimento (dentes anteriores) e às cúspides (pré-molares e molares). Parede cervical ou assoalho - é a parede dentinária oposta e mais ou menos paralela a parede oclusal. Apresenta superficie convexa, lisa e polida na parte média, com depressões nos pontos que correspondem às entradas dos canais radiculares. Paredes mesial, distal, vestibular e lingual - são as porções de dentina da câmara pulpar correspondentes às faces da coroa dentária. Vale ressaltar que em todos os grupos dentais a câmara pulpar apresenta-se centralizada, contudo, em alguns dentes tem sido relatado na literatura como mais mesializada, provavelmente em decorrência de uma maior convexidade da sua face distal. Este entendimento pode levar a erros na etapa de acesso à câmara pulpar, uma vez que nesses dentes o acesso é mais mesializado em decorrência do distanciamento do dente da linha média da cavidade bucal. É a parte da cavidade pulpar que se estende por toda a porção radicular dos dentes. O canal radicular representa a forma externa da raiz, contudo, pela deposição de dentina, pode apresentar variações quanto à forma e número de canais. Essas ramificações constituem vias de comunicação entre a polpa e o periodonto ou entre os próprios canais radiculares. Dependendo da sua localização, as ramificações são denominadas como: Canal radicular O canal radicular é dividido em dois segmentos: o primeiro maior, revestido por dentina denominado de canal dentinário e o segundo menor, revertido por cemento, denominado de canal cementário. Apresenta-se como dois cones truncados unidos pelos vértices. O encontro desses dois segmentos está o limite CDC, limite do canal na junção da dentina e do cemento. Limite CDC 1 O Limite cemento-dentina-canal: ponto crítico e limite de segurança, para obtenção de sucesso clínico, radiográfico, histológico e jurídico após o tratamento endodôntico. A instrumentação e a obturação não devem ultrapassar esse limite, pois dessa forma poderá ocorrer uma menor probabilidade para o reparo apical. Na maioria das vezes, existe uma derivação do canal cementário para-apical o que significa que, na quase totalidade, o forame apical não fica no vértice da raiz. Em média, a distância do ápice para o forame é de 0,5 mm, podendo aumentar com a idade pela deposição de cemento. Sabe-se também que o tamanho médio do canal cementário é de 0,5 mm, medidas importantes quando da determinação da odontometria - determinação do comprimento do dente para fins endodônticos. Também designado como o ato de estabelecer o comprimento de trabalho para o preparo do canal radicular. CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS DA ANATOMIA DO SCR Incisivos centrais superiores O tratamento endodôntico, quando indicado, não apresenta dificuldades, a não ser em casos de rizogênese incompleta, atresiamento por calcificação ou traumatismo. Normalmente apresenta raiz única com canal amplo e reto, canais múltiplos são raros. Câmara pulpar: estreita no sentido V/P. (cuidado especial no momento de acesso coronário por haver risco de perfuração na face vestibular). Localização do forame apical: de 0,5 a 1,0 mm de distância do ápice radiográfico. Canais acessórios são relativamente comuns, principalmente no terço apical. O ápice radicular poderá apresentar curvatura abrupta para vestibular, a qual não pode ser identificada no exame radiográfico. Os eixos da coroa e da raiz não coincidem, exigindo cuidado durante o procedimento de acesso coronário para não prover perfuração. Comprimento - 23,7 mm – médio - (21,5 min – 27,3 max). 2 3 Sua raiz tem prevalência de curvatura na porção apical no sentido: distolingual, e a seção transversal do canal é normalmente oval ou achatada, com seu maior diâmetro no sentido V/L. Comprimento – ICI – 21,8 mm (19,4 – 25,1) - ILI – 23,3 mm (21,0 – 25,0) Incisivo lateral superior Localizado em área de grande risco embriológico, apresentando diferentes anomalias anatômicas incluindo raízes múltiplas, fusão, geminação, sulcos radiculares, dens invaginatus, cúspide talão (dens evaginatus), canais em C ou S, coroa cônica e porção apical delgada. Geralmente é menor que o IC, apresentando uma raiz única com canal amplo. Múltiplos canais são raros, porém há relatos de presenças de incisivos laterais com dois, três, canais. A raiz é ligeiramente cônica e a porção apical tende a apresentar curvatura no sentido distopalatino. A seção transversal do canal é ovalada no terço cervical e arredondada apicalmente. O ombro palatino deverá ser removido durante o preparo do terço cervical, permitindo acesso direto ao canal radicular. Comprimento – 23,1 mm – (19,2 – 26,0). Incisivos inferiores São os menores dentes permanentes. Podem apresentar raiz única. Frequentemente, dois canais (vestibular/lingual) se originam da câmara pulpar e se unem no terço apical. A presença de dois canais é mais frequente no incisivo lateral. Com menor frequência dois canais separados podem ser observados. 4 Canino superior É o maior dente permanente. Normalmente, apresenta raiz única com um canal, reto e longo, exigindo uso de instrumentos (limas) de 31,0 mm de comprimento para seu preparo (instrumentação). Comprimento – 27,3 mm (22,3 – 33,3) A seção transversal do canal radicular geralmente é oval em toda a extensão do canal, com maiordiâmetro vestibulolingual na porção média da raiz. A porção apical da raiz é fina e cônica, porém poderá se curvar para principalmente no sentido vestibular ou palatino. O ápice radicular se aproxima muito da cavidade nasal, devido ao tamanho do dente. 5 6 7 A seção transversal do canal palatino apresenta-se ligeiramente maior que o do canal vestibular, a prevalência de sulcos radiculares no aspecto palatino da raiz vestibular é alta. Variações na configuração do sistema de canais radiculares incluem a presença de raízes fusionadas com canais separados, com interconexões (ístimos) ou saída foraminal única. Canino inferior É o menor do que o canino superior em todas as dimensões, e sua raiz tem formato similar ao canino superior, contudo mais achatada na direção mesiodistal e mais alongada na direção vestibulolingual, com curvatura apical frequentemente no sentido vestibular ou lingual. Normalmente apresenta raiz única com um canal, porém pode apresentar duas raízes (vest/lingual) e dois canais. É o menor do que o canino superior em todas as dimensões, e sua raiz tem formato similar ao canino superior, contudo mais achatada na direção mesiodistal e mais alongada na direção vestibulolingual, com curvatura apical frequentemente no sentido vestibular ou lingual. Canal radicular é oval ou achatado na direção mesiodistal, apresentando maior diâmetro na direção vestibulolingual. Comprimento – 26,0 mm – (24,0 – 27,4) 1º pré molar superior 2º pré molar superior Em geral, morfologicamente é similar ao primeiro pré – molar superior. Apresenta uma raiz com um único canal de seção transversal ovalada e maior diâmetro na direção vestíbulopalatina. Na presença de dois canais que se confluem na porção apical, o canal palatino é o que normalmente apresenta acesso direto ao ápice. A presença de curvatura apical é comum, e esta área se encontra bem próxima ao assoalho do seio maxilar. Comprimento - 22,3 mm (16,7 – 26,4). Normalmente apresenta duas raízes (vestibular e palatina) e dois canais com forames independentes, localizados próximo ao ápice anatômico. Quando as raízes se encontram fusionadas, os dois canais podem continuar independentes ou se unir no terço médio ou apical. Comprimento – 22,3 mm (18,8 – 25,8). 8 1º pré molar inferior O sistema de canais radiculares pode apresentar diferentes configurações que não se mostram óbvias ao exame radiográfico convencional, incluindo a presença de múltiplos canais, que se dividem no terço médio ou apical. 9 Apresenta menores variações de configuração, SCR, que o primeiro pré-molar. Geralmente apresenta raiz única, quase sempre cônica, com um canal. A seção transversal do canal é geralmente oval com maior diâmetro no sentido vestíbulolingual. Comprimento – 22,3 mm – (19,3 – 25). Apresenta normalmente raiz única com um canal de seção transversal mais ampla no sentido vestíbulolingual. Um segundo canal pode ser identificado em cerca de 30% destes dentes e três canais (dois vestibulares e um lingual) podem ocorrer ocasionalmente. O forame mentual pode estar localizado distalmente ou entre este e o segundo pré – molar. Comprimento – 23,9 mm – (21,2 – 24,2) 2º pré molar superior A cirurgia de acesso se trata do passo operatório que permite que os canais possam ser localizados, acessados diretamente e adequadamente instrumentados e obturados. A cirurgia de acesso adequadamente delineada será essencial para o bom resultado do tratamento endodôntico no todo. Os objetivos da cirurgia de acesso são: Remover todo o tecido cariado; Conservar estrutura dentária sadia; Expor a câmara pulpar por completo; Remover todo o tecido coronário (vivo ou necrótico); Localizar as embocaduras dos canais radiculares; Conseguir acesso franco e direto ao forame apical ou à curvatura inicial do canal radicular; e, Definir as margens do preparo para o futuro procedimento restaurador. CIRURGIA DE ACESSO 3. Conservação da estrutura dentária, prevenindo o enfraquecimento do esmalte e dentina remanescentes e consequentemente fraturas; 4. Prover formas de resistência para permanência total do selamento provisório da cavidade de acesso; 5. Obtenção de acesso reto e livre até a primeira curvatura do canal ou até o ápice. Durante a execução das manobras operatórias da fase de cirurgia de acesso, alguns princípios devem ser respeitados para a garantia da execução desta etapa de maneira adequada. 1.Remoção de todo o teto da câmara pulpar para a retirada dos remanescentes pulpares e exposição dos orifícios de entrada dos canais; 2.Preservação do assoalho da câmara pulpar, evitando perfurá-lo e facilitando a localização da entrada dos canais, pois sua integridade tende a guiar o instrumento até a(s) embocadura(s); Princípios da cirurgia de acesso A cirurgia de acesso é realizada por meio de etapas interdependentes que serão detalhadas a seguir: Etapas operatórias 1 É a região onde se inicia a trepanação; Dentes anteriores; localiza-se ao centro e acima do cíngulo; Dentes posteriores (pré molares superiores e molares inferiores): ao nível da fosseta central; Dentes posteriores (pré molares inferiores): na fosseta mesial; Dentes posteriores (molares superiores): na fosseta central (para mesial). Ponto de eleição 2 A pré-cavidade consiste em um desgaste feito a partir do ponto de eleição seguindo a forma de contorno do dente a ser abordado, porém com seus diâmetros reduzidos. A aproximação da câmara pulpar acontece de maneira lenta e gradual potencializando assim a sensibilidade tátil do operador no momento da cirurgia de acesso. Confecção da pré cavidade 3 4 Removido o teto da câmara (forma de contorno) e feita a divergência para a face oclusal (forma de conveniência), cada dente de acordo com suas características anatômicas reproduzirá formas geométricas, centralizadas na coroa dentária, a saber: É a inclinação dada à broca, a partir do ponto de eleição para alcançar a parte mais volumosa da câmara pulpar. Anteriores superiores e inferiores: a direção da broca deve iniciar formando um ângulo reto com o longo eixo do dente, porém, atingindo a dentina, deve aos poucos tomar direção mais paralela. Pré-molares inferiores: paralela ao longo eixo do dente, iniciando-se o acesso na fosseta mesial e inclinando-se a broca para o centro da câmara pulpar. Pré-molares superiores: paralela ao longo eixo, inclinando-se a broca no sentido da raiz palatina. Molares superiores: no sentido correspondente à raiz palatina. Molares inferiores: no sentido do canal distal. Direção de trepanação Consiste em dar ao preparo forma, tornando as paredes cavitárias planas, lisas e divergentes para a face oclusal. Desgate compensatório A parede mesial dos molares superiores e inferiores deve sempre ser mais desgastada, aumentando sua divergência para oclusal, pois a luz e os instrumentos devem ser inseridos de mesial para distal. Esta manobra facilita a localização, visualização e preparação do orifício de entrada dos canais radiculares situados junto a esta parede. Forma de conveniência Triangular com base voltada para incisal nos dentes incisivos superiores e inferiores. INCISIVOS Losangular acompanhando o formato externo da coroa nos dentes caninos superiores e inferiores. CANINOS Elíptica no sentido vestibulo-palatino nos pré-molares superiores. PRÉ MOLARES SUPERIORES O assoalho da câmara pulpar de dentes multirradiculares jamais deve ser tocado, pois a manutenção da sua convexidade facilita a localização dos orifícios de entrada dos canais. A forma de conveniência é concluída com a feitura do ângulo cavo superficial, com o objetivo de diminuir os riscos de fraturas dos prismas de esmalte que margeiam a cavidade. Circular nos pré-molares inferiores com 1 canal e mais elíptica ou ovalada com 2 ou mais canais. PRÉ MOLARES INFERIORES Triangular com base voltada para vestibular nos molares superiores preservando a crista de esmalte e ficando mais mesializada em relação ao centro do dente. Quando apresentar 4 canais (o canal “extra” (mésio-palatino),o formato mantém- se triangular com um pequeno desgaste adicional na parede mesial próximo ao canal mésio-vestibular. MOLARES SUPERIORES Trapezoidal com base maior voltada para mesial nos molares inferiores ficando mais mesializada em relação ao centro do dente, sendo que a base distal pode se tornar mais larga para vestibular quando se tem 4 canais, às vezes tomando formato quase retangular. MOLARES SUPERIORES Quais materiais são utilizados? Acesso inicial: brocas em alta rotação diamantadas esféricas 1012, 1014 ou 1016. Forma de contorno: brocas em alta rotação com refrigeração tronca cônicas com pontas inativas como a 3081, 3082, 3083, ENDO Z, 4081, 4083, dentre outras. https://www.dentalcremer.com.br/ponta-diamantada-esferica-prima-dental-by-angelus-dc25546.html?utm_source=blog&utm_medium=referral&utm_campaign=milena_perraro_abertura_coronaria_primeira_etapa_do_tratamento_endodontico&utm_content=textlink_broca_diamantada_090921 https://www.dentalcremer.com.br/ponta-diamantada-esferica-prima-dental-by-angelus-dc25546.html?utm_source=blog&utm_medium=referral&utm_campaign=milena_perraro_abertura_coronaria_primeira_etapa_do_tratamento_endodontico&utm_content=textlink_broca_diamantada_090921 https://www.dentalcremer.com.br/broca-endo-z-fg-alta-rotac-o-maillefer-dentsply-sirona-dc11204.html?utm_source=blog&utm_medium=referral&utm_campaign=blog_milena_abertura_coronaria_primeira_etapa_do_tratamento_endodontico&utm_content=textlink_020821 1 Radiografia Inicial: obter a radiografia de diagnóstico. A radiografia inicial deve ser de boa qualidade, com menos distorção possível, usando posicionadores. 2 Medir o dente na radiografia de diagnóstico. ESTABELECIMENTO DO LIMITE DE TRABALHO: ODONTOMETRIA O perfeito estabelecimento dos limites de trabalho tem como proposta manter íntegras essas estruturas apicais uma vez que o processo de reparo ocorrerá precisamente nesta região. Grupo 1: Em dentes jovens, com ápice incompleto, o limite de trabalho deve ser considerado 2 mm antes do início da sua abertura. Grupo 2: Em pacientes adultos até 40 anos de idade aproximadamente, nos quais se observam ápices com sua formação completa, o limite de trabalho é de 1 mm aquém do vértice radiográfico. Grupo 3: pertencentes a indivíduos idosos, o limite também será de 1 mm apesar da eventual deposição de cemento de forma distante do canal anatômico ou fisiológico. O limite apical da instrumentação deve se alojar na junção cemento- dentinária, ou seja, no limite CDC. Sendo assim, é fundamental compreender o conceito de que o limite de atuação do endodontista é o canal dentinário. Técnica de odontometria TÉCNICA DE INGLE. CD-R (comprimento do dente na radiografia) ou CAD (comprimento aparente do dente): distância entre o ponto de referência (borda incisal ou ponta de cúspide) até o vértice radiografado da raiz dental. 3 Definir o CTP (comprimento de trabalho provisório) ou CEI (comprimento de exploração inicial), que consiste em: Esses 3mm são uma margem de segurança de variação da radiografia. CD-R - 3 4 Após calibrar a lima, com a medida obtida anteriormente, realizar nova radiografia com a lima no interior do canal radicular. Com isso, obteremos o valor de X. Início de C2 3 Avalia-se, então, o comprimento real do dente, obtendo o Comprimento Patente do Canal (CPC), ou Comprimento de Patência (CP). 4 Na odontometria o limite apical pode variar de acordo com a condição do periápice: Canais com polpa necrosada: subtrair 0,5mm do CPC. Canais de polpa vital: subtrair 1mm do CPC. Esse será o nosso Comprimento de trabalho (CT). CDR + X Limas com o CT determinado, após radiografia para verificação. O instrumento endodôntico é a ferramenta empregada como agente mecânico na fase de preparo químico-cirúrgico dos canais radiculares. INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS Partes dos instrumentos Os instrumentos podem ser classificados de formas distintas: Acionamento: manuais e mecanizados; Desenho da parte de trabalho: farpados, tipo K, Hestroem e especiais; Natureza da liga metálica: aço inoxidável e níquel-titânio; Processo de fabricação: torção ou usinagem. Porção pela qual se apreende o instrumento. É fabricado em plástico ou silicone obedecendo uma correlação de sua cor com o diâmetro da ponta. O formato varia de acordo com o tipo de instrumento ou fabricante. Cabo É a extremidade dos instrumentos mecanizados que serve para sua fixação da cabeça do contra-ângulo para seu acionamento. Haste de fixação Porção do instrumento localizada entre o cabo ou haste de fixação e a parte de trabalho. Esta é a porção do instrumento cujo tamanho varia. Intermediário Porção do corpo do instrumento endodôntico que executará o corte e/ou raspagem. São constituintes a ponta e a haste de corte. O comprimento padrão é de 16mm. Partes de trabalho Porção terminal e aguçada da extremidade da parte de trabalho. Também denominada guia de penetração. A ponta do instrumento pode apresentar capacidade ativa ou inativa Ponta Segmento da parte de trabalho com forma sulcada em sua face externa estendendo-se desde a base da ponta até o intermediário do instrumento. A haste de corte pode ser obtida por torção ou usinagem. Torção, o desenho da haste é obtido a partir da deformação plástica de uma haste metálica de seção transversal quadrangular ou triangular. Usinagem, possuem o formato da haste por meio de desgaste. As hélices são projetadas para o corte ou raspagem das paredes do canal radicular quando o instrumento é acionado por meio de alargamento ou limagem. Haste de corte O diâmetro da ponta da parte de trabalho de um instrumento é denominado D0. Já a extremidade junto ao intermediário terá a denominação “D"”seguida do valor correspondente ao seu comprimento a partir da ponta. Sendo assim, em instrumentos manuais, por exemplo, a extremidade junto ao intermediário será denominada D16. Os diâmetros são expressos em centésimos de milímetros e correspondem aos números encontrados nos cabos. Diâmetro Trata-se da relação entre o aumento do diâmetro por unidade de comprimento da parte de trabalho. Os instrumentos convencionais apresentam conicidade de 0,02 mm/mm sendo que a diferença de diâmetro da D16 em relação à D0 será sempre 0,32 mm (16 x 0,02). Quanto menor a conicidade, maior a flexibilidade do instrumento enquanto que quanto maior a conicidade, maior a rigidez e a resistência à fratura por torção ConicidadeDimensões dos instrumentos o comprimento útil de um instrumento é dado pelo intermediário e parte de trabalho. Os instrumentos manuais são fabricados em comprimentos de 21, 25 e 31 mm, sendo que a parte de trabalho mede sempre 16 mm. Comprimento Os instrumentos possuem um TIP (diâmetro da ponta) e um TAPER (conicidade). Dx = comprimento (x) . 0,02 + D0 D16 = 0,32 + D0 Podem atuar como lima e como alargador. Podem ser fabricados em aço inoxidável ou ligas de NiTi. Quando em aço inoxidável, sua fabricação se dá por torção enquanto que em NiTi, a sua fabricação se dá por usinagem. Estes instrumentos foram projetados para serem utilizados como limas em movimento de limagem e como alargadores em movimento de alargamento. Tipo K As limas tipo Hedstroem (H) são fabricadas em aço inoxidável por meio de usinagem. Cortam em um só sentido, de retração, devido a inclinação positiva de suas estrias. Parte de trabalho: cones sobrepostos com a base voltada para o cabo do instrumento. Ponta: cone circular. Seção do instrumento: após usinagem apresenta-se no formato de uma vírgula. Estes instrumentos apresentam grande poder de corte por limagem, porém não devem ser utilizados em movimento de alargamento nem sob tensão sobre as paredes do canal. Tipo HedstroemTipos de instrumentos Estes instrumentos apresentam seção reta transversal de formato quadrangular do instrumento no 6 até o nº 40, sendo triangular para todos os diâmetros maiores. A ponta do instrumento apresenta extremidade aguda. Identificação: quadrado vazio. LIMAS K CONVENCIONAIS Fabricados por torção apresentando seção retatransversal triangular. Apresentam menos massa metálico do que os instrumentos K convencionais, com maior flexibilidade por consequência, sendo mais indicadas para canais curvilíneos. Identificação: quadrado cheio. LIMAS K FLEX A identificação deste tipo de instrumento é feita pela impressão de um círculo vazio na extremidade do cabo. As Limas Golden Medium são instrumentos com as mesmas características das Limas Flexo-File exceto pela numeração que é intermediária (#12, #17, #22, #27, #32 e #37) e a apresentação comercial é a de uma caixa contendo seis instrumentos. LIMAS GOLDEN MEDIUM Kerr: ângulo de corte em 90 graus - maior resistência. Flexofile: ângulo de corte em 60 graus - maior corte, maior flexibilidade e menor resistência. Hedstrom: ângulo de corte em 42 graus, maior corte. Utilizadas, por exemplo, para remoção do material obturador. Propriedades dos instrumentos Capacidade de os materiais resistirem a solicitação externa elástica ou dinâmica sem apresentar fratura. RESISTÊNCIA MECÂNICA É uma grandeza vetorial que aplicada a um corpo deforma-o ou tende a mudar seu estado de repouso ou movimento. Apresenta direção, sentido e intensidade (magnitude) definidos. FORÇA É a força aplicada a um corpo por unidade de área na qual atua. T = F \ A. TENSÃO Uma força (carga) é aplicada ao corpo e tende a deformá-lo. Elástica : temporária ou transitória, desaparece após a retirada da força aplicada. Plástica : permanente ou residual, quando o corpo permanece deformado após a retirada da força. DEFORMAÇÃO Carregamento compressivo na direção axial do instrumento endodôntico, que se curva e forma um arco de flecha. FLAMBAGEM Carregamento na extremidade e na direção perpendicular ao seu eixo. FLEXIBILIDADE Por meio deste movimento, confere-se ao instrumento pequenos avanços em sentido apical no interior do canal juntamente com discretos movimentos de rotação em sentido horário e anti- horário de 1⁄4 de volta com retrocessos. O instrumento é introduzido até certo ponto quando recua-se até aproximadamente sua retirada por completo com nova introdução repetindo o ciclo até o comprimento desejado. Este procedimento tem como objetivo o conhecimento da anatomia interna do canal principal e também o esvaziamento do canal radicular criando uma passagem para os demais instrumentos. Em geral, emprega-se instrumento tipo K de diâmetro menor do que o dos canais. Penetração, exploração ou cateterismo O alargamento consiste na rotação (giro) e no deslocamento compressivo (movimento de avanço) simultâneos de um instrumento no interior de um orifício. Com essas manobras são criadas tensões compressivas e cisalhantes nas paredes do canal radicular. Alargamento É realizada por meio de um movimento longitudinal alternado de avanço e retrocesso conseguindo assim o desgaste de parte da superfície dentinária de um canal. No movimento de retrocesso, deve ser aplicada força lateral contra as paredes dentinárias. Sendo assim, o movimento de limagem promove a ruptura de dentina ao sair do canal e não quando penetra. A limagem consiste em um processo mecânico que visa conseguir limpeza por meio de raspagem. Os instrumentos tipo K e limas Hedstroem são projetados para a execução deste movimento. Limagem Principais movimentos O movimento de alargamento propicia um preparo de canal radicular de conformação cêntrica em relação ou seu eixo e com corte regular. Sua deficiência, por outro lado, consiste na permanência de áreas não instrumentadas quando da abordagem de canais achatado. A patência, em Endodontia, consiste em uma manobra que refaz o trajeto do canal dentário. Nela, o objetivo é manter a porção apical do canal livre de detritos. Isso é feito por recapitulação com o uso da lima K flexível de baixo calibre. O profissional deve movê-la passivamente pela constrição apical. Deve manter de 0,5 a 1 mm além do menor diâmetro do canal, com o cuidado de não alargá-lo. A manobra diminui o risco da perda do comprimento de trabalho. . Desarticula as colônias bacterianas do ápice radicular. Sendo assim, além de retirar as raspas contaminadas de dentina do forame, permite que soluções químicas auxiliares sejam absorvidas. Patência O preparo químico mecânico (PQM) constitui-se numa importante fase do tratamento endodôntico que tem como objetivo modelar o canal principal e limpar o sistema de canais radiculares para, posteriormente, receber o material obturador. PREPARO QUÍMICO MECÂNICO (PQM) Modelagem: É a obtenção de um canal "cirúrgico", realizado por meio da instrumentação com limas manuais e/ou automatizadas. O canal deve apresentar formato cônico e afunilado no sentido apical, paredes dentinárias lisas que devem estar contidas, em toda sua extensão, no canal dentinário. Ao final do preparo, a forma original do canal e a posição espacial foraminal devem estar mantidas. Sanificacão: Sempre que adentrarmos no canal radicular com uma lima endodôntica, a cavidade pulpar deverá estar cheia de substância química auxiliar. A renovação se dará após cada troca do instrumento. As soluções químicas colaboraram para o processo de limpeza e sanificação, favorecendo a desinfecção do sistema de canais radiculares por facilitar a ação das limas, auxiliar na remoção das raspas de dentina e restos orgânicos e inorgânicos, e por apresentar propriedades antimicrobianas. Embora sejam procedimentos distintos de execução, ambos são realizados simultaneamente utilizando- se meios químicos (substâncias químicas auxiliares), físicos (ato de irrigar e aspirar) e mecânicos (instrumentação). Assim, os objetivos da instrumentação são: Remover polpa coronária, radicular, restos pulpares e sangue infiltrado nos túbulos dentinários; Neutralização do conteúdo séptico; Retificar o mais possível as curvaturas do canal; Criar um espaço para a obturação; Preparar o batente apical; Alargar e alisar as paredes do canal; Proporcionar forma cônica ao canal. 1.Depois de estabelecido o comprimento de trabalho (CT), escolhe-se a lima que fica justa no canal, percorrendo toda a extensão do CT, e fazem-se movimentos de limagem até a mesma ficar solta no canal. 2.A seguir, passa-se para o instrumento mais calibroso ao anterior e, percorrendo- se todo o CT, fazem-se movimentos de limagem até que fique solto no canal. 3. E assim vai-se dilatando o canal, aumentando sucessivamente o calibre das limas no CT até finalizar-se o preparo. 4.Cabe salientar que a cada troca de instrumento o canal deve ser irrigado e aspirado. Entretanto, quanto maior o calibre da lima, maior a sua rigidez. Tal característica dificulta o respeito da anatomia do canal quando instrumentos calibrosos são utilizados na região apical, ocorrendo um maior número de acidentes como degraus, zip, perfurações, etc. Técnica seriada ou convencional Técnicas de instrumentação Buscando superar tal limitação da técnica seriada, Clem propôs o emprego da técnica escalonada. Está técnica é composta por duas etapas: Técnica escalonada / step-back 1. CONFECÇÃO DO BATENTE APICAL Depois de estabelecido o CT, escolhe-se a lima que fique justa no canal, percorrendo toda a extensão do CT, e fazem-se movimentos de limagem até a mesma ficar solta no canal. A seguir, este mesmo procedimento deve ser realizado com duas ou três limas mais calibrosas que a primeira. O último instrumento que trabalhar no CT é chamado de INSTRUMENTO MEMÓRIA. Cabe salientar que a cada troca de instrumento o canal deve ser irrigado e aspirado. 2.ESCALONAMENTO instrumentos de maior calibre que o memória, em ordem crescente de diâmetro, devem ser utilizados com comprimentos inferiores ao CT. Cada vez que se aumenta o calibre do instrumento, recua-se 1mm do comprimento a ser percorrido no canal. Entre cada instrumento calibroso empregado deve-se irrigar e aspirar o canal e retomar o CT com o instrumento memória, mantendo-se o trajeto do canal liberado de raspas de dentina. Apesar de o risco de acidentes ter sido reduzido com o emprego da técnica escalonada em comparação com a técnicaseriada, o acesso à região apical de canais curvos ainda era difícil. proporciona maior zona de escape para a solução irrigadora; reduz a extrusão de microrganismos para região periapical; reduz a chance de fratura da lima endodôntica. Desvantagens atribuídas às falhas do operador: se fizer pressão, ocorrerá degrau podendo evoluir para uma perfuração; e, se não irrigar e/ou não retomar o canal a cada troca de instrumento, haverá compactação de raspas de dentina e perda do СТ. A técnica preconizada é composta por três etapas: Técnica coroa-ápice foi descrita por Marshall e Pappin (1980) modificada. As vantagens da utilização dela são: auxilia na eliminação da constrição cervical; proporciona um acesso mais retilíneo e direto à região apical do canal: possibilita maior alargamento do terço apical; Técnica ápice-coroa Inicialmente, deve-se calibrar todas as limas no CT. Após, irriga-se o canal e inicia-se essa etapa do preparo com a lima que entrar 1 a 2 mm na embocadura do canal, ficando com a sua ponta presa nas paredes. Para determinar qual será esse instrumento, deve-se iniciar testando o mais calibroso (#80). A partir deste, vai reduzindo-se o calibre do instrumento até encontrar o que entrar 1 a 2 mm no canal. Quem determina qual será o primeiro instrumento é a anatomia do canal. Uma vez selecionado o primeiro instrumento, deve-se introduzi-lo no canal, com leve pressão, até sentir resistência. Então, realiza-se o movimento de alargamento, fazendo-se ¼ de volta no sentido horário e anti-horário e, depois, realiza-se a tração em direção coronária. 1.PREPARO CÉRVICO-APICAL Repete-se esse movimento 2 a 3 vezes para que as paredes sejam alargadas. A seguir, deve-se irrigar e explorar (recapitular) o canal com um instrumento fino (#15) em toda a extensão do CT. Passa-se para o instrumento imediatamente menos calibroso que o primeiro. Deve-se introduzi-lo no canal até sentir-se resistência e realiza-se o movimento de alargamento 2 a 3 vezes até sentir o instrumento solto. A seguir, deve-se irrigar o canal, e explorá-lo em toda a extensão do CT com um instrumento fino (#15) novamente. E, assim, deve-se progredir em direção apical, reduzindo-se sucessivamente o calibre do instrumento até o primeiro instrumento que atingir o CT. Este instrumento será chamado de INSTRUMENTO APICAL INICIAL. Após a definição do INSTRUMENTO APICAL INICIAL, inicia-se a confecção do batente apical. Nesta etapa do preparo, todos os instrumentos deverão trabalhar no CT. Deve-se irrigar o canal e, após, introduz-se o instrumento apical inicial até o CT. Neste momento inicia-se o movimento de limagem com este 2. PREPARO DO BATENTE APICAL instrumento, pressionando-o contra as paredes do canal e tracionando-o em viés, com pequena amplitude (0,5 a 2 mm), em direção coronária. Esse movimento deve ser repetido várias vezes, pressionando-se o instrumento contra todas as paredes de forma circunferencial. Quando se tratar de um canal curvo, a zona de risco (paredes voltadas para a furca) deverá ser tocada com menor frequência. O movimento de limagem deverá cessar quando o instrumento estiver solto, percorrendo toda a extensão do CT menos 1 mm. Após, o canal deverá ser irrigado e o instrumento apical final (instrumento memória) deve ser introduzido no canal em todo o CT, para recapitular o canal, removendo-se as raspas de dentina. Repete-se o mesmo procedimento com um instrumento mais calibroso que o anterior, calibrado no CT menos 2 mm. E assim sucessivamente. É necessário utilizar pelo menos 3 instrumentos mais calibrosos que o instrumento apical final. A etapa final do tratamento endodôntico consiste na obturação dos canais radiculares, onde se pretende um preenchimento tridimensional e compacto, oferecendo condições de regeneração aos tecidos perirradiculares. Considera-se que um canal está bem obturado quando se visualiza, nas radiografias uma massa radiopaca, homogénea e contínua, sem espaços vazios, adaptada às paredes laterais, confinada ao seu interior e que termine perto do ápice radiográfico designadamente a 0,5-1mm deste. O momento oportuno para fazer a obturação dos canais radiculares deve ser avaliado criteriosamente. Alguns requisitos básicos devem ser preenchidos como: 1.Os canais devem estar corretamente limpos e modelados; 2.Ausência de exsudação persistente (canal seco); 3.Ausência de sintomatologia (dor) espontânea ou provocada; 4.Ausência de odor e edema. OBTURAÇÃO ENDODÔNTICA Os materiais obturadores devem apresentar as seguintes propriedades biológicas: Ser biocompatível; Ser reabsorvido quando extravasado pelo ápice; Estimular ou permitir deposição de tecido mineralizado ao nível do forame apical; Ter ação antimicrobiana; Não ser mutagênico ou carcinogênico; Não desencadear resposta imune nos tecidos periapicais. Os materiais obturadores devem apresentar as seguintes propriedades físico-químicas: Facilidade de inserção; Ser plástico no momento da inserção tornando se sólido posteriormente; Propiciar bom tempo de trabalho; Não apresentar contração; Não ser permeável Apresentar bom escoamento, viscosidade e adesividade; Não ser solubilizado no canal radicular; Não manchar as estruturas dentais e ser de fácil remoção em casos de retratamento. Ao final da obturação, deve-se obter 5 radiografias: 1.Radiografia inicial: Para obter a medida do CDR; 2.Radiografia para odontometria: para o cálculo do CT -finalizar a odontometria; 3.Radiografia da prova do cone principal: analisar se o cone principal esta bem localizado e ocupa o lugar certo no batente apical; 4.Radiografia da prova da obturação: analisar se o canal esta ocupado corretamente com o cone principal e acessórios após a condensação lateral; 5.Radiografia final: usada como registro de finalização e análise do secamente coronário. Estado sólido Estado plástico Guta-Percha Cimentos Resina Pastas Prata Materiais obturadores Os cones de guta-percha padronizados apresentam diâmetro e conicidades determinados, em D0 são expressos em centésimos de milímetros, correspondem ao padrão ISO, e variam entre 15 e 140. O diâmetro dos cones aumenta 0,05mm até o número 60; a partir deste número, até o 140, o aumento é de 0,10m/m. São empregados como cone principal na técnica de compactação lateral. Cones de guta-percha acessórios ou auxiliares, possuem conicidades variáveis (não padronizadas) e pontas mais afiladas, quando comparados aos padronizados. São disponíveis nos tamanhos: XF: extra fine, conicidade de 0,019mm; FF: fine-fine ,conicidade de 0,025mm; MF: medium-fine ,conicidade de 0,o32mm; F: fine, conicidade de 0,038mm; FM: fine medium, conicidade de 0,041mm; M: medium, conicidade de 0,054mm; ML: medium large, conicidade de 0,063mm; L: large, conicidade de 0,082mm; XL: extra large, conicidade de 0,083mm. Composição: A gutta-percha apresenta na sua composição uma combinação de produtos, nomeadamente 18,9 a 21,8% de gutta-percha, 56,1 a 75,3% de óxido de zinco, 1,5 a 17,3% de sulfato de bário entre outras. A guta-percha é uma substância de origem vegetal, extraída sob a forma de látex de árvores da família das sapotáceas (Mimusops balata e Mimusops luberi). A gutta-percha é um polímero que pode ser encontrado em duas formas cristalinas distintas: alfa e beta. Alfa: é frágil à temperatura ambiente, mas quando aquecida é pegajosa, aderente e altamente fluida. A temperatura de fusão é de 65ºC. A desvantagem da fase alfa é a contração que o material sofre ao endurecer. Beta: é estável e flexível à temperatura ambiente, mas quando é aquecida é menos adesiva e fluida do que na fase alfa. A temperatura de fusão é 56ºC. Para se realizar a obturação dos canais radiculares devem ser utilizados matérias em estado sólido (cones de gutta-percha). Os cones de gutta-percha apresentam-se na forma cristalina beta. São classificados, em função de seu uso: Principais, para preenchimento da maior parte do canal, e Secundários (acessórios), para os espaços existentes entre o cone principal e as paredes do canalradicular. De acordo com a especificação n° 781 da American National Standards Institute (ANSI)12, o cone de guta percha principal deve apresentar calibre e conicidade compatíveis com as limas endodônticas convencionais. Cones de Guta- Percha Apenas quando a padronização do cone principal estiver adequada, compatível com o último instrumento empregado na confecção do batente apical, ocorrerá a adaptação desejada. Para aperfeiçoar as suas propriedades físicas, foram adicionadas ceras, resinas e sulfatos metálicos, que lhe conferem radiopacidade. O óxido de zinco concede rigidez e atividade antimicrobiana aos cones de gutta-percha. VANTAGENS: Adaptam-se facilmente às irregularidades do canal; São bem suportados pelos tecidos perirradiculares São radiopacos; Podem ser facilmente plastificados por meios físicos e químicos, consoante as modificações das técnicas; Têm estabilidade dimensional; Utilizados no limite coronário adequado da obturação do canal, não alteram a cor da coroa do dente; Podem ser removidos com facilidade do canal radicular. DESVANTAGENS: Tem pouca resistência mecânica, o que complica o seu uso em canais curvos e atresiados; Têm pequena adesividade, o que exige a complementação da obturação com cimentos endodônticos; Pode ser movido pela pressão, provocando sobreobturação durante os processos de condensação. Considerações importantes do uso dos cones: Os cones de guta-percha devem ser conservados em local fresco e protegidos da luz, possibilitando sua longevidade, caso contrário ficaram quebradiços fendilhamento (formação de pequenas trincas e que antecede a fratura do polímero), e não deverão ser utilizados na obturação dos canais radiculares. Desinfecção: Antes do uso devem ser feita pela imersão do cone em hipoclorito de sódio na concentração de 1,0%, 2,5% até 5,25% por um minuto, e lava-lo depois em solução salina. Também podem ser usados em clorexidina a 2%, porém o tempo necessário para alcançar a desinfecção ainda não foi estabelecida. A gutta-percha deve ser o principal constituinte em volume da parte sólida da obturação, os cimentos endodônticos são usualmente aplicados para eliminar a interface existente entra a gutta-percha e as paredes do canal. Os cimentos também preenchem lacunas e irregularidades no canal principal, lateral e acessório, atua excluindo a interface entre os cones de gutta-percha, tornando a obturação mais homogenia, quando aplicada a técnica de condensação lateral. As propriedades do cimento endodôntico ideal são: Fácil inserção e remoção do canal; Bom tempo de trabalho; Promover o secamente tridimensional; Estabilidade dimensional; Bom escoamento; Radiopacidade; Não manchar a estrutura dentária. Lacunas no selamento podem possibilitar que bactérias persistentes no interior dos canais voltem a crescer e induzir lesões nos tecidos periapicais, como também oferecer condições para contaminação dos canais por via anacorética. À que ter em atenção os canais laterais, acessórios e deltas apicais, que quando não são preenchidos, podem perpetuar uma infeção, mesmo estando o canal principal completamente obturado. Cimentos endodônticos 1.CIMENTOS À BASEDE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL Os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol são os mais utilizados no mercado. Manipulação pó/líquido: pó (óxido de zinco), líquido (eugenol). Possuem atividade antibacteriana, efeito anestésico e efeito anti-inflamatório. Porém, apresentam citotoxicidade e neurotoxicidade. Eles são absorvidos se houver extrusão, têm tempo de presa longo e sofrem contração ao tomar presa. 2.CIMENTOS À BASE DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO São cimentos biocompatíveis que permitem selamento e bom reparo apical. → Cimento Endodôntico Obturador Sealer 26 É um cimento à base de resina epóxica com pó hidróxido de cálcio. Tem alta plasticidade e viscosidade, apresenta boa capacidade de selamento, altos índices de liberação de íons cálcio que são muito bem tolerados pelos tecidos periapicais. Seu tempo de presa é de 48 a 60 horas e no interior do canal, 12 horas. Preconizado pela clínica da Faesa. Resina epóxica hidróxidóxido de cálcio Estabilidde dimensional Biocompatibilidade Adesividade Antimicrobiano Radiopacidade Reparo tec. mineralizado Baixa solubilidade Capacidade seladora Alto escoamento Boa adesão →Cimento Endodôntico Hydrosealer É um outro cimento à base de hidróxido de cálcio, nesse caso com resina epóxica. Apresenta excelente biocompatibilidade, estabilidade dimensional, facilidade de trabalho e alta radiopacidade. Não exibe contração durante a reação de presa e possui excelentes propriedades físicas e biológicas. Além disso, estimula a deposição de dentina reparadora. 3. CIMENTOS MTA FILLAPEX Cimento endodôntico á base de MTA, cuja composição é: resina salicilato, resina diluente, resina natural, óxido dbismuto, sílica nanoparticulada, trióxido agregado mineral e pigmentos. Têm selamento marginal de longa duração, alta radiopacidade, baixa solubilidade em fluidos tissular, estimulam a formação de tecido duro e não contêm eugenol ou tungstato de cálcio. O tempo de trabalho é de 30 minutos e o tempo de presa de 120 minutos O canal radicular deve ser hermeticamente preenchido, impedindo que exsudatos periapicais penetrem no seu interior e, ainda, deve vedar o forame para que o material obturador (cones acessórios, cimentos, resinas) não extravasem para a região do ligamento periodontal, buscando, também, obstruir a passagem de microrganismos remanescentes no canal radicular para os tecidos adjacentes. Deve ser feito 3 testes para definir o cone principal: visual, tátil e radiogáfico. A técnica da seleção do cone principal de guta- percha deverá obedecer alguns requisitos: atingir todo o comprimento preparado do canal radicular (visual); ao sofrer leve pressão em direção à região apical do canal radicular, não ultrapassar o batente produzido pela instrumentação; apresentar uma sutil resistência à tração ao tentar removê-lo da posição mais apical (tátil). Toma-se como parâmetro o instrumento memória, assim podem ter as seguintes situações: o cone principal de guta-percha utilizado cumpriu exatamente os requisitos apresentados acima; o cone principal de guta-percha atingiu o comprimento de trabalho mas não ocorreu adaptação às paredes nos milímetros finais, isto é, ficou frouxo, não se ajustou, podendo até ultrapassar o limite de trabalho estabelecido no preparo. Não havendo a adaptação do cone de guta-percha no comprimento de trabalho, significa que o seu calibre é inferior ao necessário, exigindo, assim, a calibração desse ou a escolha de um mais calibroso; o cone travou antes de atingir o comprimento desejado. O fato de o cone não ter tido espaço para penetrar em todo o comprimento preparado, exigirá que seja aumentado o calibre do instrumento final do preparo. Considerando que o desgaste das paredes tenha atingido um limite máximo, pode- se optar por utilizar um cone de menor calibre do que o correspondente ao instrumento memória. Selecionado o cone principal de guta-percha, deve ser comprovado se o mesmo está na posição desejada por meio de uma imagem radiográfica. Seleção do cone principal Conferida a posição do cone de guta-percha na radiografia, ele deve ser removido do canal radicular e depositado numa superfície limpa e segura, enquanto são providenciadas as manobras seguintes. Inserção do cone principal de guta-percha com cimento: Concluída a espatulação, tendo-se atingido a consistência correta, segue-se, imediatamente, a inserção do material obturador. O cone principal deve ser besuntando com o cimento/resina e introduzido no canal radicular até atingir o batente apical. Inserção dos cones acessórios de guta-percha: Os condensadores laterais especialmente concebidos são colocados no canal até a zona mais próxima possível do ápice, sendo posteriormente o cone principal compactado lateralmente contra as paredes do canal. Técnica de condensação lateral Quando o condensador lateral é removido coloca-se o primeirocone acessório no espaço deixado pelo condensador lateral e compactado contra as paredes do canal radicular. Este procedimento será repetido até que não seja possível colocar mais cones acessórios. Radiografia: Em seguida, deve ser realizada uma radiografia para avaliação da qualidade da obturação. Corte: Tendo sido considerada a obturação de boa qualidade, procede-se o corte dos cones de guta-percha na embocadura do canal radicular com um instrumento aquecido (Condensadores de Paiva) seguido da compactação vertical com um condensador a frio, compatível com o diâmetro cervical do canal radicular. Limpeza: Após a realização do corte, e condensação dos cones de guta-percha na embocadura do canal radicular, é realizada a limpeza da câmara pulpar com bolinhas de algodão embebidas em álcool, removendo os restos do material obturador. Nem sempre é possível ou mesmo aconselhável à realização do tratamento endodôntico de dentes com canais radiculares contaminados em uma única sessão. Quando isto acontece, necessita-se da utilização de um curativo medicamentoso entre as sessões, utilizado com o objetivo de sanificar ou diminuir a quantidade de microorganismos. Para que esse curativo entre as sessões tenha efeito, é necessário que fique isolado do meio externo. Assim sendo após sua colocação, é imprescindível que o dente receba um material restaurador provisório funcionando como isolante entre o meio bucal e o canal radicular. Um material restaurador provisório ideal é aquele que possui: resistência à compressão e à abrasão, bom selamento marginal, não sofre alteração dimensional, fácil inserção e remoção, compatibilidade com a medicação intra-canal, estável em meio úmido. Material restaurador provisório Restauração: Com a câmara pulpar limpa, é realizado o procedimento restaurador com material selador provisório e ionômero de vidro ou resina, se a opção for pela restauração definitiva do dente. Dentes muito destruídos estão predispostos à fraturas e requerem materiais mais resistentes (propriedades adesivas). Os produtos utilizados para fazer a restauração provisória são: Nos cimentos de ionômero de vidro convencionais, ao se misturar o pó ao líquido, inicia-se uma reação de presa do tipo ácido/base, a partir de um deslocamento dos íons (cálcio, alumínio, flúor, sódio), que, ao reagirem com o ácido poliacrílico, formam os polissais da matriz do cimento (policarboxilato de cálcio-apartirde4minutosaté1h;e dealumínio-apartirde7 minutos até 24-48h). As partículas de pó que não reagiram conferem resistência e ficam circundadas por um gel de sílica hidratada. Devido ao gel de sílica, esse material é susceptível à embebição e à sinérese, devendo-se recobrir a restauração com um agente selador (verniz cavitário ou adesivo). VANTAGENS: boa adesividade, liberação de flúor: liberação de flúor que ocorre durante a vida clínica da restauração, baixa infiltração marginal (devido ao coeficiente de expansão térmica linear ser semelhante ao do dente e à adesividade) e biocompatibilidade. DESVANTAGENS: baixa resistência mecânica, estética deficiente e susceptibilidade à sinérese e à embebição. Além de indicados como bases de proteção, os materiais à base de óxido de zinco e eugenol também são utilizados como: material restaurador provisório, cimento cirúrgico, cimento endodôntico, forramento cavitário. Sua reação de presa ocorre por meio de quelação, onde o eugenol é consumido completamente, havendo, entretanto, partículas de pó não reagidas, circundadas por uma matriz de eugenolato de zinco. A água em pequena quantidade acelera a reação de presa. Esses materiais não podem ser utilizados em conjunto com a resina composta, pois o eugenol inibe a polimerização adequada da resina. As suas vantagens são: Biocompatibilidade; Facilidade de manipulação, inserção e remoção – uso de brocas AR; Efeito sedativo (inibe atividade sensorial das células nervosas locais); Efeito anti-inflamatório; Efeito antimicrobiano; Adequada adaptação marginal; Baixo custo. Óxido de zinco e eugenol Grupo de materiais baseados na reação do pó de vidro de silicato e do ácido poliacrílico. Cimentos de Ionômero de vidro Recomendado como material que poderá ter seu uso após o tratamento endodôntico ser concluído, realizando um forramento, para posterior restauração adesiva. Recomendado também, nos casos em que o paciente deverá se ausentar por períodos longos das atividades endodônticas, visando uma proteção maior. Composição Coltosol: Óxido de zinco, Sulfato de zinco, Sulfato de cálcio, Acetato de polivilina, Mentol, Dibutilftalato 1.2. Apresentação Pote contendo 20 gramas Embalagem com 1 seringa contendo 5 gramas. Destinados para aplicações temporárias em curto prazo (no máximo 1 a 2 semanas), em especial para cavidades (acesso endodôntico) que apresentem paredes retentivas, e em especial não apresentem grandes forças de atrito. Constituídos de materiais sintéticos; Geralmente são utilizados exclusivamente para restaurações provisórias; Promovem excelente vedamento marginal. São aqueles que já vem prontos para uso. A técnica para a utilização destes materiais é bem simples: basta levá-lo com uma espátula até a cavidade que será restaurada provisoriamente. Esse material endurece na presença de água ou saliva. Materiais únicos Infiltração marginal Cavit e coltosol Carga mastigatória IRM Solubilidade e prevenção Ionômero de vidro Sendo assim, os materiais restauradores provisórios se destacam por: