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1 UNIVERSIDADE ESTADUALDE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA DISCIPLINA 3320 – QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL I EXTRAÇÃO DA TRIMIRISTINA DA NOZ MOSCADA (Myristica fragrans) E REAÇÕES DE CARACTERIZAÇÃO DE ÓLEOS E GORDURAS SATURADOS E INSATURADOS Acadêmicas e acadêmico: Amanda Pini Semensate R.A.: 83260 Letícia Utiyama R.A.: 88941 Rômulo Luzia de Araújo R.A.: 82193 Docente: Prof. Me. Expedito Leite Silva MARINGÁ Fevereiro de 2016 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3 1.1 Lipídios ........................................................................................................... 3 1.2 Ácidos graxos ................................................................................................. 3 1.3 Óleos e Gorduras ........................................................................................... 4 1.4 Noz moscada (Myristica fragrans) .................................................................. 6 2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 6 3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS ...................................................................... 7 3.1 Materiais ......................................................................................................... 7 3.2 Procedimentos ............................................................................................... 7 3.2.1 Extração da trimiristina ............................................................................ 7 3.2.2 Reações de caracterização ..................................................................... 8 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 9 5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 11 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 12 7 ANEXO ............................................................................................................... 13 3 1 INTRODUÇÃO Os óleos e gorduras, puros ou modificados por reações químicas, são usados pela humanidade há milênios como insumos em diversas áreas, tais como iluminação, tintas, sabões, etc. Durante o Século XX, principalmente por razões econômicas, os materiais graxos foram preteridos por derivados de petróleo. No entanto, recentemente a oleoquímica vem se mostrando uma excelente alternativa para substituir os insumos fósseis em vários setores, como polímeros, combustíveis, tintas de impressão, e lubrificantes, entre outros. 1.1 Lipídios Os lipídeos são uma classe de substâncias químicas que cuja principal característica é serem hidrofóbicas, ou seja, não serem solúveis em água. Os exemplos mais conhecidos de lipídeos são os ácidos graxos e seus derivados, esteróis, ceras e carotenoides. Como os lipídios apresentam uma grande variedade estrutural, é comum subdividi-los em duas classes, de acordo com a complexidade de suas moléculas. Monoglicerídios: são formados a partir da esterificação de apenas uma das hidroxilas presentes na molécula do glicerol. Diglicerídios: são formados a partir da esterificação de duas das hidroxilas presentes na molécula do glicerol. Triglicerídios: são formados a partir da esterificação total da molécula de glicerol. São os constituintes majoritários dos óleos e gorduras. Os Lipídios Complexos são aqueles que apresentam outros grupamentos, diferentes de ácidos graxos, em sua estrutura. Contudo, a principal propriedade física (insolúveis em água, e solúveis em solventes orgânicos) não é alterada. Podem ser citados os Fosfolipídios, Esfingolipídios. 1.2 Ácidos graxos São denominados ácidos graxos os ácidos carboxílicos com cadeia carbônica longa. Além disso, a grande maioria dos ácidos graxos naturais não apresentam ramificações e contêm um número par de carbonos devido à rota bioquímica de 4 síntese. Os ácidos graxos diferem entre si pelo número de carbonos da cadeia e também pelo número de insaturações. A Figura 1 mostra os principais ácidos graxos existentes na natureza, os quais estão presentes na maioria dos óleos e gorduras. Figura 1: Principais ácidos graxos presentes em óleos e gorduras: (i) saturados (a, palmítico com 16 carbonos; b, esteárico com 18 carbonos); (ii) insaturados com 18 carbonos (c, oleico com uma ligação dupla; d, linoleico com duas ligações duplas; e, linolênico. 1.3 Óleos e Gorduras Nos óleos e gorduras, os ácidos graxos podem ser encontrados livres ou, preferencialmente, combinados. Na forma combinada, seus derivados são normalmente encontrados como monoacilglicerídeos, diacilglicerídeos e triacilglicerídeos, os principais compostos dos óleos e gorduras. Outra forma importante de ácidos graxos combinados nos óleos e gorduras são os fosfatídeos. Estes compostos são derivados dos triacilgicerídeos, onde pelo menos um ácido graxo é substituído pelo ácido fosfórico ou um derivado. A Figura 2 mostra alguns exemplos de ésteres derivados da glicerina presentes em óleos e gorduras. Deve-se salientar que uma fonte oleaginosa costuma ter mais de 10 ácidos graxos diferentes, os quais se encontram randomicamente ligados à glicerina. Ou seja, nos óleos e gorduras existe uma quantidade muito grande de derivados de ácidos graxos. 5 Figura 2:Alguns ésteres derivados da glicerina presentes em óleos e gorduras: (a) Triacilglicerídeo; (b) diacilglicerídeo; (c) monoacilglicerídeo; (d) lecitina. Além dos compostos derivados de ácidos graxos, que constituem usualmente mais de 90 % dos óleos e gorduras, outras substâncias lipídicas podem estar presentes. Entre estas impurezas, podem ser encontrados outros lipídeos como esteróis, carotenoides e ceras, entre outros. Podem ser encontrados, também, substâncias não lipídicas, tais como glicosídeos e isoflavonas (produtos de condensação de açúcares) e complexos metálicos como a clorofila. É importante salientar que os derivados de ácidos graxos não têm cor, odor ou sabor, sendo essas propriedades conferidas pelas impurezas, sendo, assim, características da fonte oleaginosa. Os triacilglicerídeos contendo ácidos graxos poliinsaturados em sua estrutura normalmente são líquidos em 25 ºC, enquanto que os que contêm ácidos graxos saturados são normalmente sólidos ou pastosos nessa temperatura. A razão dos ácidos graxos com insaturaçãocis e seus derivados apresentarem ponto de fusão mais baixo que os saturados é a dificuldade de “empacotamento” entre as cadeias, que a interação intermolecular entre elas se reduz. Já no caso dos ácidos saturados, a estrutura destes ácidos possui rotação livre, favorecendo uma melhor interação entre as cadeias carbônicas, o que resulta numa força de atração maior e pontos de fusão mais altos. Por outro lado, no caso de insaturações com isomeria trans, a interação entre as cadeias não é comprometida, sendo verificadas interações quase tão fortes quanto em cadeias saturadas. 6 As demais propriedades físico-químicas dos óleos e gorduras são também resultantes dessa interação. Por exemplo, a viscosidade, que é a resistência de um líquido ao escoamento, será maior quanto mais atração houver entre as cadeias. Ou seja, óleos e gorduras mais saturados são mais viscosos e os mais insaturados menos viscosos. Existe uma ideia errônea disseminada na sociedade de queóleos são provenientes de vegetais, e gorduras são oriundas de fontes animais. De acordo com a resolução ANVISARDC 270 de 2005, a classificação de lipídeos graxos em óleos e gorduras não depende da natureza da fonte oleaginosa, mas apenas do ponto de fusão da mistura na temperatura de 25 ºC. Segundo essa resolução, em 25 C os óleos são líquidos e as gorduras são sólidos ou pastosos. 1.4 Noz moscada (Myristica fragrans) Noz-moscada é uma das especiarias obtidas do fruto da moscadeira (Myristica fragrans), sendo esta a semente. A moscadeira é uma planta da família das Myristicaceae, de porte alto, atingindo cerca de 10 a 15 metros de altura, com várias ramas dispostas ao longo do tronco principal, a madeira é muito boa para confecção de móveis. O consumo de uma noz-moscada inteira ou 5 g do seu pó pode produzir efeitos de intoxicação como: alucinações auditivas e visuais, descontrole motor e despersonalização. Ela também é muito empregada na indústria de perfumaria e cosméticos. A amêndoa é rica em trimiristina, um triglicerídio. Figura 3: Estrutura da trimiristina 2 OBJETIVOS Esta prática visa não só extrair a trimiristina presente nas sementes da planta da noz moscada, como também observar qual óleo (canola, girassol, arroz, milho e soja) possui maior instauração, através da descoloração da solução de iodo. 7 3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS 3.1 Materiais Balões de destilação de 125 mL; Sistema de condensação de refluxo; 7g de noz moscada ralada; Hexano; Papel filtro; Aro metálico; Suporte universal; Cacos de porcelana; Sistema de destilação simples; Garras metálicas; Manta de aquecimento; Erlenmeyeres; Acetona; Béqueres de 80 e 250 mL; Banho de gelo; Bastão de vidro; Vidro relógio; Tubos de ensaio e suporte; Solução de I2 em CCl4 1%. Óleos de soja, arroz, girassol, canola e milho. 3.2 Procedimentos 3.2.1 Extração da trimiristina Em um balão de destilação de 125 mL equipado com um condensador de refluxo foi adicionado 7 g de noz moscada ralada, juntamente com 70 mL de hexano, que foram aquecidos com o auxílio de uma manta de aquecimento até a ebulição do sistema. Após 15 minutos sob refluxo, a suspensão foi filtrada em papel filtro pregueado, recolhendo o filtrado num outro balão de 125 mL. Ao primeiro balão, utilizado para o refluxo, foi adicionado um pouco mais de hexano e aquecido mais uma vez, a fim de remover parte da tiramistina contida no resíduo, filtrando-se mais uma vez em seguida. Ao balão de 125 mL com a solução filtrada foi adicionado cacos de porcelana e foi adaptado a um sistema de destilação simples. Destilou-se o solvente, recolhendo-o num erlenmeyer. Após retirada do máximo de hexano possível, desconectou-se o balão do sistema de destilação mas ainda manteve-se o aquecimento, para que qualquer resíduo dele pudesse ser evaporado. Em seguida, resfriou-se o balão sob corrente de água da torneira, observando a formação de 8 sólido, grudado nas paredes do vidro, devido à rotação realizada. Adicionou-se então ao balão 25 mL de acetona e foi mais uma vez aquecido com a manta para que o sólido se solubilizasse. O líquido foi então transferido quente para um béquer de 80 mL, tomando cuidado para não transferir junto os cacos de porcelana. Ao balão foi adicionado mais 10 mL de acetona para remover o restante da tiramistina, que após aquecimento, foi adicionada ao mesmo béquer onde já se encontrava o restante do líquido. O béquer foi então resfriado em banho de gelo, sendo agitado constantemente com o auxílio de um bastão de vidro; filtrou-se a solução uma vez que a tiramistina já havia se solidificado. O papel filtro usado já havia sido previamente pesado. Adicionou-se mais acetona ao béquer e filtrou-se também essa solução. Deixou-se então secar o papel filtro sobre um vidro relógio (também previamente pesado) por uma semana. Depois deste tempo, pesou-se o sistema e pode-se mensurar o tanto de trimiristina obtida. 3.2.2 Reações de caracterização Em tubos de ensaio, foram adicionados os seguintes óleos: girassol, soja, arroz, canola e milho, em seguida adicionou-se em cada tubo 1 ml da solução de I2 1% em CCl4 e agitou-se os tubos em banho-maria até 40°C. Aguardou-se a descoloração das soluções para posteriormente analisar o grau de instauração das amostras. 9 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para extrair a trimiristina da noz moscada, adicionou-se hexano e pôs-se o sistema em aquecimento. Tal passo foi realizado pois a trimiristina, sendo uma gordura, possui longas cadeias apolares, favorecendo sua solubilidade em um solvente apolar como o hexano; o aquecimento foi apenas para aumentar o coeficiente de solubilidade do hexano, auxiliando no processo de solubilização. Em seguida, fez-se uma nova solubilização com acetona, seguida de um resfriamento, tornando a trimiristina sólida mais uma vez, seguido de filtração. Optou-se pela acetona por ela ser muito volátil, facilitando a secagem da amostra obtida. Pesou-se o vidro relógio juntamente com o papel filtro antes da filtragem da trimiristina. O peso encontrado era de 76,14 g. Após a filtragem e secagem da amostra, pesou-se o sistema mais uma vez, aferindo-se agora uma massa de 77,29 g. A diferença entre essas duas medida é a quantidade de trimiristina obtida, que foi de: Como utilizou-se 7 g de noz moscada, é possível fazer um pequeno cálculo para se descobrir, em relação à massa, o quanto a trimiristina representa, em porcentagem, da massa total: Ou seja, das 7 g utilizadas de noz moscada, 16,49% deste peso era composto pela trimiristina. Já na parte de observar as reações de caracterização de óleos e gorduras, foi possível notar a variação na coloração das amostras nos tubos de ensaio, indo de um amarelado para algo próximo ao marrom. Esta mudança de cor ocorre devido à reação que o I2 faz com as insaturações presentes nestas longas cadeias carbônicas. Desta forma, pode-se afirmar que, quantos mais insaturações um óleo ou gordura possuir, mais rápida ocorrerá essa iodação. Ressalta-se que a reação acontece em banho-maria (40 ºC), pois o iodo necessita de muita energia para reagir, devido ao seu tamanho. 10 Figura 4: resultado da iodação numa cadeia insaturada e o mecanismo envolvido. Porém, como foram feitas aleatoriamente, com diferentes volumes de amostra e sem medição de tempo, não foi possível observar qualitativamente qual óleo reagiu mais rápido, desta forma, não se determinou empiricamente qual óleo possuía mais insaturações. 11 5 CONCLUSÃO A partir dos métodos experimentais, fez-se possível extrair 1,15 g de tiramistina dos 7 g de noz moscada utilizados, ou seja, 16,49% do peso total da amostra inicial era composta por essa gordura. Sobre a reação de caracterização, como os volumes dos óleos postos nos tubos de ensaio não foi constante e o tempo de mudança de cor de cada amostra não foi cronometrado, não foi possível dizer qual amostra possuía maior nível de insaturação. Contudo, observou-se a reação ocorrendo. 12 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RAMALHO, H. F.; SUAREZ, P. A. Z. A Química dos Óleos e Gorduras e seus Processos de Extração e Refino. McMURRY, J. Química Orgânica, tradução da 7ª Edição. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2006. The Merk Index, BUDAVARI, S., editora, 12ed. MERCK & Co. Inc., 1996. VIANNI, R.; RAIMUNDO, B.; Ácidos graxos naturais e ocorrência em alimentos. Química nova, 19(4): 400, 1996. SOLOMONS, T. W.G. , FRUHLE, C. B. , Química Orgânica, Volume 2, 9ª edição, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S. A ., Rio de Janeiro, 2009,p. 374. 13 7 ANEXO
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