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Mioglobinúria Paralítica em Equinos

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O Mal da Segunda-Feira 
 
O “mal da segunda-feira” ou mioglobinúria paralítica é uma miosite, um processo 
inflamatório, que acomete os músculos esqueléticos dos membros posteriores do 
cavalo, causado por acúmulo de ácido lático. Geralmente ocorre em eqüinos 
superalimentados com concentrado durante longo período de repouso e 
submetidos, posteriormente, a exercícios físicos fatigantes. Essa miosite também 
pode ser chamada mioglobinúria paralítica, ou azotúria. Alguns também a chama 
de tying-up, rabdomiólise por esforço ou amarração, que pode ocorrer também 
como seqüela de processos cirúrgicos ou qualquer situação de stress do animal 
como cólica, doenças infecciosas, condições adversas de tempo, transporte. Aqui 
cabe uma consideração: Apesar de serem distúrbios similares (mecanismo, sinais, 
sintomas e tratamento), mioglobinúria paralítica é uma patologia diferente de 
amarração; a primeira moléstia é grave e a segunda branda. Outras diferenças 
são vistas na clínica (intensidade de sinais clínicos) e na microscopia 
(histopatologia). Considerações feitas vamos ao mecanismo das miosites em 
questão.Em condições de exercício intenso, o músculo trabalha em anaerobiose 
(produção de energia na ausência de oxigênio) e, quando está superalimentado, 
uma excessiva quantidade de ácido lático é produzida. O ácido lático, quando 
acumula nos músculos, causa necrose, com destruição da membrana das fibras 
musculares (miofibrilas). Com o rompimento das miofibrilas é liberada grande 
quantidade de mioglobina que atinge a corrente sanguínea. Além da lesão 
muscular, a mioglobina liberada passa pelos rins, pigmentando a urina. Esse 
excesso de proteína no sangue e nos rins leva à azotúria ou azotemia (aumento 
uréia e creatinina no sangue) e pode causar lesão renal. Lesões renais e outras 
alterações sistêmicas podem levar o animal a óbito. O aumento do ácido láctico na 
corrente sangüínea, além das lesões musculares, causa um desequilíbrio ácido-
básico no plasma levando ao aumento da freqüência respiratória, da freqüência 
cardíaca. Esse aumento da quantidade de ácido láctico também é responsável 
pelo fenômeno denominado acidose metabólica. O equilíbrio ácido-base e a 
acidose metabólica, assim como a insuficiência renal, são alterações importantes, 
mas serão tratadas em artigos posteriores.Os primeiros sinais do “mal da 
segunda-feira” podem surgir logo após o exercício, porém o mais comum é sua 
detecção na manhã no dia posterior ao exercício forçado. Os principais sintomas 
são stress muscular, rigidez à locomoção (o cavalo pode assumir a posição de 
cachorro sentado), tremores musculares, dor, incoordenação motora, urina escura 
e congestão das conjuntivas. Pode ainda apresentar sudorese (suor excessivo), 
desidratação e aumento nas freqüências cardíaca e respiratória e aumento da 
temperatura, principalmente na musculatura do membro posterior.Aos primeiros 
sinais um veterinário deve ser chamado uma vez que a doença pode ser fatal, 
dependendo da gravidade das lesões, e o tratamento deve ser iniciado o mais 
rápido possível. Além disso o veterinário indicará medidas para aliviar os sintomas 
e prevenir novos casos. A prevenção ainda é a melhor saída para se evitar a 
ocorrência da miosite. Alguns aspectos são importantes: a alimentação do cavalo 
deve ser predominantemente composta por verde (capim ou feno de boa 
qualidade), evitando excesso de concentrado (diminuindo da quantidade oferecida 
durante os dias em que o cavalo não é trabalhado); trabalhar o animal em dias 
alternados, pelo menos 20 minutos diários de liberdade ou trabalho ao cabresto 
(somente quando não for possível a liberdade); fornecer suplementação com 
vitamina E e Selênio. Deve-se, além de tudo, contar com um veterinário 
especializado para avaliação dos animais antes de iniciar um treinamento e 
respeitar suas orientações de treinamento e manejo. Se, com todos esses 
cuidados, seu cavalo ainda apresentar o mal da segunda-feira, comunique com o 
veterinário e respeite, sem ansiedade, o período de recuperação.A grande maioria 
dos casos de miosite é provocada pelo homem, por desconhecimento ou 
ansiedade por resultados (ou dinheiro). O mais importante é respeitar os limites do 
cavalo. Ao inocente, é importante salientar que o cavalo tem boa memória e 
associa as sensações a quem lida com ele. Se você exaurir ou cavalo toda vez 
que o monta ele vai associar você ao estresse e não vai estar disposto a ser 
montado e a colaborar. Você então passa a ter uma vítima e não um amigo. Aos 
demais, muito cuidado. Se a ânsia é por resultado, lembrem-se que um campeão 
se faz com calma e constância nos trabalhos. O corpo do cavalo tem que se 
adaptar aos poucos às exigências e, ainda assim, cada animal possui um limite. 
Se o desempenho do seu cavalo está abaixo das suas expectativas e não evolui, 
você deve repensar seu programa de treinamento, sob orientação profissional, ou 
buscar um animal com um potencial genético maior. Agora, se a ânsia é por 
dinheiro, vale lembrar que toda uma vida de investimentos em animal pode se 
esvair em um dia de treinamento mal feito. Treinar cavalos, levando-os além do 
limite é investimento de altíssimo risco e, quase sempre, fadado ao fracasso. 
Como vimos a mioglobinúria é um distúrbio que pode ser evitado, com manejo e 
tratamento corretos e, acima de tudo, respeito ao cavalo. Devemos ser 
responsáveis ao interferir no modo de vida de outros animais para que eles não 
nos temam e continuem dispostos a conviver e a trilhar conosco, os caminhos de 
sua existência.

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