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ITU
por Rodrigo Brandão 
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
Infecção do trato urinário ITU caracteriza-se pela invasão e multiplicação de microrganismos patogênicos 
(bactérias e fungos), em qualquer segmento do trato urinário, que geralmente é estéril. Os patógenos 
normalmente atingem o trato urinário por via ascendente, raramente por via hematogênica. Associa-se à 
alterações anatômicas e/ou funcionais do trato urinário e pode se manifestar de forma simples ou complexa, com 
disseminação bacteriana e lesão do parênquima renal, com consequente disfunção orgânica. Pode cursar com 
quadros sintomáticos ou assintomáticos.
Trata-se de uma das mais frequentes infecções bacterianas, mas sua real incidência não é totalmente conhecida. 
É também a mais frequente infecção associada à assistência médica. Predomina entre os adultos e no sexo 
INTRODUÇÃO
EPIDEMIOLOGIA
CLASSIFICAÇÃO
FATORES DE RISCO
ETIOLOGIA
PATOGÊNESE
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
#Clínico
#Laboratorial
Investigação com Imagem
8. TRATAMENTO
Informações gerais importantes
Tratamento via oral
Tratamento parenteral
PROFILAXIA
Em quem fazer profilaxia?
Profilaxia antimicrobiana
Profilaxia não medicamentosa
Febre sem sinal localizatório: abordagem por faixa etária
Nascimento até 1 mês 028 dias)
1 mês até 3 meses
3 meses a 3 anos
Resumo da abordagem por faixa etária
Considerações finais
ITU 1
feminino. Acredita-se que a incidência em mulheres seja o dobro da incidência em homens (menor extensão 
anatômica da uretra feminina e maior proximidade entre a vagina e o ânus). No sexo masculino é mais comum se 
desenvolver após os 50 anos de idade, devido à hipertrofia prostática que leva à obstrução do fluxo urinário.
O desenvolvimento atual de resistência bacteriana é preocupante. A resistência para antibióticos de amplo 
espectro é crescente. Portanto, é fundamental o uso racional de antibióticos, principalmente as fluoroquinolonas 
e cefalosporinas, em especial, em infecções não complicadas e bacteriúria assintomática.
EPIDEMIOLOGIA
2ª infecção bacteriana mais prevalente em pediatria: 8,4% das ♀ e 1,7% dos ♂  7a
Até 8% das crianças experimentam pelo 1 ITU entre 1m e 11a
Até 30% experimentam infecções recorrentes 612m após a ITU inicial
 Picos de incidência: lactente, segunda infância e adolescência
 1 único episódio pode ser o evento sentinela de uma anormalidade renal subjacente
Em 30% das crianças com anomalias congênitas do rim e trato urinário CAKUT a ITU pode ser o 1º sinal
CLASSIFICAÇÃO
Divisão: cistite (baixa), pielonefrite (alta) e bacteriúria assintomática (não usa ATB!
Outra: típica E. coli, sem gravidade ou alteração da função renal, boa resposta) x atípica (não E. coli, 
sepse, fluxo baixo, massa abdominal, falta de resposta)
Quanto à localização:
Cistite: acometimento do trato urinário baixo.
Pielonefrite: acometimento do trato urinário superior.
Quanto à presença de complicações:
Não complicadas: quando envolvem o trato urinário normal.
Complicadas: presença de alterações estruturais ou funcionais; risco de falha terapêutica
e complicações graves.
Quanto à evolução:
Aguda.
Crônica.
Quanto à origem:
Comunitária: adquirida na comunidade ou início dos sintomas até 48 horas de internação.
Nosocomial: início dos sintomas após 48 horas de internação; relacionada ao uso de dispositivos invasivos 
(sonda vesical de demora), imunossupressão, entre outros fatores.
Bacteriúria assintomática: duas culturas de urina positivas, colhidas em mais de 24 horas
de diferença, contendo 100.000 uropatógenos/mL da mesma cepa bacteriana e ausência
de manifestações clínicas de ITU; mais comum em idosos, mulheres, diabéticos e gestantes.
FATORES DE RISCO
Quadro 1. Fatores relacionados à infecção urinária complicada e não complicada.
ITU não complicada ITU complicada
Sexo feminino, não grávida. Sexo masculino.
ITU 2
ITU não complicada ITU complicada
Ausência de cateteres urinários.
Alterações anatômicas e funcionais do trato uriná- rio
(bexiga neurogênica, refluxo vesico-ureteral, estenose,
cistos).
Sem alterações de imunidade. Obstrução urinária HPB, litíase renal).
Ausência de alterações anatômicas e funcionais do
trato urinário.
Antecedente de infecção prévia.
Infecção comunitária. Presença de insuficiência renal.
Patógenos multirresistentes.
Imunossupressão; diabetes mellitus.
Presença de cateteres urinários.
Fonte: Medicina Ribeirão Preto) 2010;43211825. Infecção do trato urinário.
○ Anomalias estruturais do trato urinário
○ Hidronefrose pré-natal
○ Disfunção intestinal e da bexiga
○ Bexiga neurogênica
○ Estados imunocomprometidos, inclusive RN
○ Gênero ♀ No 1º ano de vida afeta igualmente ♀ e ♂)
○ Atividade sexual
○ Cateter de demora
○ ♂ não circuncisados
ETIOLOGIA
ITU adquirida na comunidade:
Escherichia coli (mais comum  70 a 85% dos casos), Staphylococcus saprophyticus.
Outros: Proteus ssp, Klebsiella ssp, Enterococcus faecalis.
ITU nosocomial (patógenos multirresistentes):
Enterobactérias (principais): E. coli, Proteus ssp e Klebsiella ssp; Pseudomonas aeruginosa; Acinetobacter 
baumanni; Enterobacter ssp; Enterococcus faecalis.
Fungos: Candida ssp (principal).
PATOGÊNESE
Inicialmente, há colonização da mucosa intestinal e região perianal por microrganismos uropatogênicos 
(enterobactérias), com consequente ascensão destes para a bexiga e/ou rins. Essa ascensão é determinada pela 
virulência do agente infeccioso e integridade dos mecanismos de defesa do indivíduo. Os fatores de virulência 
bacterianos promovem aderência e invasão da parede do trato urinário, resultando em inflamação local. A 
migração para a uretra e bexiga acontece, principalmente, devido à atividade sexual, uso de contraceptivos com 
espermicida e alteração do pH vaginal (uso de antibióticos, hipoestrogenismo).
ITU 3
O papel das bactérias
 O trato urinário é normalmente estéril, exceto pela parte distal da uretra
■ A área periuretral tem bactérias intestinais E. coli nas ♀ e Proteus mirabilis nos ♂)
○ Bactérias uropatogênicas:
■ E. coli 8090%
■ Proteus mirabilis (quadro obstrutivo)
■ Klebsiella sp.
■ Staphylococcus saprophyticus 15% na adolescência)
■ Pseudomonas e Staphylococcus sp. (submetidas a cirurgia)
■ Candida albicans (imunossuprimidos ou após ATB de amplo espectro)
○ Vias de contaminação: hematogênica RN e ascendente (período neonatal)
 Mecanismos para estabelecimento da infecção: fímbrias que promovem adesão às células 
uroteliais, motilidade mediada por flagelos, resistência a defesas antibacterianas e outras estratégias 
de adaptação
 Obs: Adenovírus B 11 e 21 causam cistite hemorrágica (pré-escolar com disúria, hematúria, 
coágulos na urina e urocultura)
 O papel da resposta imune do hospedeiro
○ A resistência do hospedeiro à ITU depende em grande parte das defesas imunológicas inatas, 
principalmente durante a fase aguda da doença
 O papel das malformações do trato urinário do hospedeiro
○ Alterações anatômicas ou funcionais no fluxo urinário normal podem predispor a episódios de ITU
○ Esses episódios provavelmente ocorrerão em neonatos ou lactentes jovens
○ Mais comuns: refluxo vesicoureteral 20%, sistema coletor duplicado, valvas uretrais posteriores, 
obstrução da junção ureteropiélica e hipodisplasia renal
QUADRO CLÍNICO
Quadro 2. Sinais e sintomas de ITU baixa e alta.
ITU baixa ITU alta
Disúria. Febre alta  38 ºC.
Urgência miccional. Calafrios.
Polaciúria. Dor lombar (uni ou bilateral) que pode irradiar para abdome ou flancos.
Nictúria. Sinal de Giordano positivo.
Dor suprapúbica. Náuseas e vômitos.
Urina turva. Sintomas sistêmicos: prostração, mal-estar geral, hiporexia, mialgia, astenia.
Fonte: Medicina Ribeirão Preto) 2010;43211825. Infecção do trato urinário.
As manifestações clínicas das ITUs estão relacionadas à idade das crianças e ao local da infecção
● Os sintomas mais comuns nos primeiros 2 anos de vida foram: atraso do
crescimento, problemas alimentares, vômitos e febre.
● Em crianças de 2 a 5 anos, febre e dor abdominal foram ossintomas mais comuns e, após 5 anos, predominam 
os sintomas e sinais clássicos de ITU (febre, disúria, urgência e dor no ângulo costovertebral)
● Em bebês entre 3 meses e 2 anos, a febre é o principal sintoma, com frequência o único sinal de infecção
● Pediatra deve considerar investigar a ITU em bebês com febre inexplicada
● As queixas apresentadas em crianças tendem a ser vagas, inclusive febre, irritabilidade, letargia, má 
alimentação, atraso do crescimento e queixas gastrointestinais
ITU 4
● Crianças mais velhas são mais capazes de verbalizar os sintomas e, por esse motivo, sintomas específicos da 
ITU são mais comumente identificados
● Em menores de 3 meses, existe uma probabilidade elevada de bacteremia, sepse e alta taxa de mortalidade 
(cerca de 10% devido à disseminação da infecção para outros locais
DIAGNÓSTICO
#Clínico
○ EF completo, incluindo crescimento ponderoestatural e neuropsicomotor
○ Percussão lombar (punho-percussão) pode evidenciar forte reação dolorosa (sinal de Giordano positivo)
○ A palpação abdominal das lojas renais pode demonstrar aumento do volume renal (hidronefrose)
○ Avaliar jato urinário ➝ continuidade, volume e força de expulsão
■ Esse achado sugere obstrução baixa: disfunção do trato urinário inferior em ambos os sexos ou válvula de 
uretra posterior nos meninos.
○ O exame da genitália externa avalia a aparência e a localização do meato da uretra, o hímen e a sinéquia de 
pequenos lábios nas meninas, e estreitamentos do prepúcio que dificultam ou impedem a exposição do meato 
uretral nos meninos.
○ Presença de vulvovaginite ou de balanopostite ➝ pode alterar os exames de urina levando a um quadro 
laboratorial falso-positivo de ITU.
○ Perda constante de urina durante EF ➝ sugere ureter ectópico 
#Laboratorial
○ Pacientes com controle miccional➝ jato médio
○ Paciente sem controle miccional
■ saco coletor: deve haver os cuidados de higiene e perfeita adaptação do adesivo no contorno da genitália e 
com trocas a cada 30 minutos, até que amostra de urina seja obtida;
■ punção suprapúbica PSP método invasivo, mais utilizado na neonatologia, embora seja uma prática segura 
especialmente quando guiada por ultrassonografia. A PSP está indicada nos casos em que a coleta por via natural
suscita dúvidas (diarreia aguda, dermatite perineal, vulvovaginites e balanopostites);
■ cateterismo vesical: método invasivo que pode provocar ITU no caso de falha técnica no procedimento, além 
de ser desconfortável para o paciente. Não deve ser usado de rotina para coleta de material que é eliminado 
espontaneamente, como a urina.
● Achados laboratoriais:
○ Avaliar presença de piócitos e bactérias
■ Piúria ➝ presença de 5 ou mais piócitos por campo microscópico sob grande aumento 4003, ou mais de 
10.000 piócitos/mL.
ITU 5
■ Presença de cilindros piocitários sugere fortemente um processo pielonefrítico.
■ Bacteriúria ➝ presença de um número igual ou superior a 100.000
UFC de uma única bactéria.
●  10000 UFC é negativo
● entre 10000100000 tem que repetir
○ Baixa densidade urinária ➝ distúrbio da concentração urinária;
○ pH alcalino ➝ infecção pelo Proteus;
○ albuminúria transitória ➝que pode ocorrer na fase febril do processo ou nos casos de pielonefrite;
○ hematúria microscópica
○ conversão do nitrato urinário em nitrito➝ presença de bactérias Gram-negativas na urina.
○ Hemograma e PCR ➝ podem estar normais ou com alterações indicativas de uma infecção bacteriana aguda, 
principalmente em crianças de idade mais baixa.
○ A presença de leucocitose e PCR elevada sugere pielonefrite aguda.
● Bacteriúria assintomátca ➝ três uroculturas consecutivas com bacteriúria significativa em um período de 3 dias
a 2 semanas, podendo ser transitória ou persistente
Avaliar se queda de leucograma rápida
Investigação com Imagem
O estudo por imagem na investigação da ITU pediátrica tem importância diagnóstica e utiliza métodos de 
relevância atual. Deu-se enfoque à ultra-sonografia US, urografia excretora UE, uretrocistografia miccional 
UCM e cintilografia com DMSA.
A maioria das crianças é submetida a um ou mais estudos de imagem após a primeira ITU com o objetivo de 
identificar anormalidades, que aumentam o risco de ITU recorrente ou danos renais.
A partir da última década, no entanto, novas diretrizes têm adotado a premissa de que o exame de imagem tem 
valor somente se o manejo subsequente reduzir o risco de ITU, danos renais e suas sequelas em longo prazo.
As diretrizes do NICE fornecem recomendações de exames de imagem para crianças de todas as idades, 
enquanto as diretrizes da AAP se aplicam a crianças de 2 a 24 meses e as diretrizes da ISPN a crianças de 2 a 36 
meses.
As diretrizes do NICE recomendam que crianças acima de 6 meses, com sua primeira ITU não complicada, não 
precisam de investigações após o episódio e que crianças menores de 6 meses devam fazer apenas uma 
ultrassonografia renal USR.
As diretrizes da AAP e ISPN recomendam que todos os bebês de 2 a 24 meses com ITUs febris devem ser 
submetidos à USR.
Nenhuma dessas diretrizes recentes recomenda exames de rotina de UCM ou DMSA, mas recomendam avaliação 
adicional se o ultrassom for anormal, se a criança estiver gravemente doente e não responder prontamente aos 
antibióticos e no caso de infecções recorrentes.
Apesar do protocolo de imagem adotado, a USR é geralmente considerada a investigação de primeira linha para 
malformações do trato urinário, logo ao diagnóstico de ITU, uma vez que o método não é invasivo e pode 
identificar anomalias estruturais, inclusive uropatias obstrutivas, hipodisplasia renal e dilatações do trato urinário. 
Entretanto, as principais limitações da USR são a dependência do equipamento e do operador e a impossibilidade 
de obter dados sobre a função renal
● Se USG alterado, fazer uretrocistografia miccional
● Fazer USG em todas as crianças com ITU  2 anos
● Criança assintomática investiga, mas não trata
● Gestante assintomática tem que TRATAR
ITU 6
Para ITU baixa, adquirida na comunidade, em mulheres jovens imunocompetentes e sem fatores de 
risco para complicações, o diagnóstico deve ser clínico.
Outros tipos de ITU
Análise de elementos anormais do sedimento urinário (urina rotina): presença de piúria  10.000 
leucócitos/mL ou  10 leucócitos/campo), hematúria e bacteriúria; fita positiva para leucócito 
esterase e/ou nitrito.
Urocultura (padrão-ouro): identificação do uropatógeno (contagem bacteriana acima de 100.000 
UFC/mL em urina colhida em jato médio e de maneira asséptica (a coleta deve ser feita antes do 
início do antimicrobiano).
Exames inespecíficos: hemograma, proteína C reativa PCR, ureia, creatinina.
Exames de imagem Ultrassonografia, Tomografia computadorizada e Ressonância magnética do 
aparelho urinário):
 Afastar complicações (obstrução urinária, doença litiásica, tumor, abscessos) e alterações estruturais 
ou funcionais.
 Indicações: neonatos, crianças (após dois episódios em meninas e um episódio em meninos), homem, 
doença renal prévia, infecção persistente (não resolvida após 4872 horas de terapia empírica), 
mulheres com infecções de repetição (três ou mais episódios no período de doze meses).
Hemocultura:
 ITU alta complicada: positiva em 25 a 60% dos casos (maior risco de sepse).
8. TRATAMENTO
ITU 7
Informações gerais importantes
● Tratamento sintomático: analgésicos e antitérmicos.
● Preferir hidratação oral frequente se houver tolerância. Na impossibilidade, administrar líquidos por 
via endovenosa.
● O tempo de tratamento médio é de 7 a 10 dias.
○ Se criança com ITU febril ou ITU recorrente, tratar por 10 dias.
○ Se criança com mais de 2 anos em 1º episódio de ITU afebril, tratar por 7 dias.
● Iniciar terapêutica antimicrobiana logo após a coleta da urocultura e adequar antibioticoterapia de 
acordo com o resultado da cultura
Tratamento via oral
Justificativas para os ATBs:
● Como a bactéria mais frequentemente na ITU é a Escherichia coli, seguida das outras 
enterobactérias,deve ser usado antibiótico de espectro adequado, não nefrotóxico, de boa eliminação 
renal, de sabor agradável e por via oral:
cefalosporinas de 1ª geração, sulfametoxazol + trimetoprim ou nitrofurantoína
● Deve-se considerar a baixa tolerância via oral da nitrofurantoína e o aumento da resistência 
bacteriana ao sulfametoxazol+trimetoprim.
Outros ATBs que podem ser usados
● Nos pacientes com ITU por Staphylococcus ou Enterococcus recomenda-se a associação de 
vancomicina com aminoglicosídeo
● As infecções por Candida deverão ser tratadas com anfotericina ou fluconazol isolado ou associado 
com flucitosina
Tratamento parenteral
● A terapia parenteral em regime de internação deve ser considerada em:
○ crianças com doença aguda
○ crianças que não toleram terapia oral
○ quando a adesão ao regime prescrito é questionada
○ crianças que parecem estar gravemente doentes ou desidratadas
○ abscesso renal ou perinéfrico
● Tratar bebês com menos de 3 meses pelo risco de urosepse
Bacteriúria assintomática: Não tratar culturas positivas na ausência de manifestações clí- nicas, exceto nas 
situações de gravidez, de pré-operatório de cirurgia urológica e colocação de próteses, de transplantados de 
órgãos sólidos e de granulocitopenia.
Quadro 3. Antibioticoterapia empírica de acordo com a classificação em adultos.
ITU 8
Classificação da ITU Antimicrobiano
Cistite comunitária em mulheres imunocompetentes, sem
fatores de risco para ITU complicada.
Norfloxacino 400 mg VO de 12/12 h por 3 a 5 dias. Nitrofurantoína
100 mg VO de 12/12 h por 5 dias. Cefuroxima 250 mg VO de 12/12
h por 7 dias. Cefalexina 500 mg VO de 6/6 h por 7 dias.
Fosfomicina: 3 g VO dose única. Sulfametoxazol-trimetoprim
SMXTMP 400  80 mg, 2 comprimidos ou 1 comprimido em
dose dupla 800  160 mg) de 12/12 h por 3 dias.
Cistite em gestante (terapia deve ser ajustada após
resultado de urocultura).
Opções seguras: beta-lactâmicos, nitrofurantoína e fosfomicina
Cefadroxil 250 mg VO 6/6 h por 3 a 7 dias. Cefalexina 500 mg VO
de 6/6 h por 7 dias. Amoxicilina  Clavulanato 500  125 mg VO
de 8/8 h por 3 a 7 dias.
Cistite no homem. Ciprofloxacina 500 mg VO de 12/12 h por 7 dias.
Pielonefrite comunitária e não complicada (tratamento
ambulatorial e reavaliação em 48 horas).
Ciprofloxacina 500 mg VO de 12/12 h por 10 a 14 dias. Cefuroxima
500 mg VO de 12/12 h por 10 a 14 dias.
Pielonefrite comunitária com fatores de complicação:
tratamento inicial hospitalar; a terapia oral deve ser
considerada após 48 a 72 horas com paciente afebril e
apresentando melhora clínica.
Ciprofloxacino 400 mg IV de 12/12 h por 10 a 14 dias. Cefuroxima
750 mg IV de 8/8 h por 10 a 14 dias. Ceftriaxona 1 g IV de 12/12 h
por 10 a 14 dias.
ITU hospitalar: o tratamento empírico inicial deve ser
baseado no perfil de resistência bacteriana local, devendo
ser ajustado de acordo com a urocultura e antibiograma.
Ciprofloxacino 400 mg IV de 12/12 h. Ceftazidima 2 g IV de 8/8 h.
Cefepima 2 g IV de 12/12 ou 8/8 h. Ampicilina 2 g  Sulbactam 1 g
IV de 8/8 ou 6/6 h. Piperacilina 4 g  Tazobactan 0,5 g IV de 8/8
h. Imipenen 500 mg IV de 6/6 h. Meropenen 1 g IV de 8/8 h.
Amicacina 15 mg/kg/dia em dose única. Polimixina B 25.000
UI/kg/dia IV em 2 doses diárias.
ITU fúngica. Fluconazol 200 mg IV 12/12 h por 714 dias. Resistente:
Anfotericina B 1 mg/Kg/dia IV.
PROFILAXIA
Indicação: ITU recorrente (presença de dois ou mais episódios de ITU em seis meses ou três ou mais episódios 
ao ano).
Quadro 4. Antimicrobianos recomendados na profilaxia de ITU recorrente em adultos.
Antibióticos Dose
Sulfametoxazol/trimetoprim 200/40 mg/dia
Nitrofurantoína 50  100 mg/dia
Norfloxacina 200 mg/dia
Ciprofloxacina 125 mg/dia
Cefalexina 250 mg/dia
Fosfomicina 3 g a cada 10 dias
Fonte: Guidelines for the diagnosis and management of recurrent urinary tract infection in women 2011.
Recorrência ocasional: dose única.
Recorrência frequente: dose diária ou três vezes por semana durante 6 a 12 meses.
Antibioticoprofilaxia pós-coito: indicada para mulheres com ITU recorrente associada à atividade sexual, em 
até 2 horas do coito.
ITU 9
Em quem fazer profilaxia?
● ITU recorrentes frequentes (três ITUs febris em seis meses ou quatro ITUs totais em um ano). A 
profilaxia antimicrobiana pode reduzir o risco de ITU recorrente
● Hidronefrose congênita.
Profilaxia antimicrobiana
● Trimetoprim-sulfametoxazol 2 mg / kg em dose diária única por seis meses, OU
● Nitrofurantoína 1 a 2 mg / kg em dose única diária por seis meses.
● NA terrapia profilática usar apenas 25% da dose terapêutica
Profilaxia não medicamentosa
● Utilizar a escala fecal pediátrica de Bristol e tratar constipação intestinal.
● Em crianças com constipação crônica, o tratamento com laxantes demonstrou reduzir 
significativamente as recorrências de ITU
● Orientar sobre a importância do apoio dos pés no chão durante a micção para as meninas. Quando 
não for possível apoiar os pés, colocar um caixote ou um banquinho.
● Instruir responsáveis e pacientes sobre a micção em 2 tempos, se resíduo vesical significativo.
● Evitar atraso da micção. Orientar micção de 3/3 horas.
ITU 10
Febre sem sinal localizatório: abordagem por faixa etária
A febre sem sinais localizatórios FSSL é definida como febre de duração inferior a 7 dias em crianças 
cuja história clínica e exame físico minuciosos não identificam a causa da febre46. O raciocínio clínico e 
a abordagem diagnóstica variam de acordo com a faixa etária devido à diferença no risco de infecção 
bacteriana grave IBG e na apresentação clínica35.
Nascimento até 1 mês (0–28 dias)
Risco Muito alto para infecção bacteriana grave, incluindo sepse, meningite e infecção urinária.
Conduta:
Hospitalização obrigatória para investigação e início de antibioticoterapia empírica, mesmo que 
a criança pareça estar em bom estado geral.
Exames recomendados Hemograma, hemocultura, análise e cultura de urina (preferencialmente 
por cateterismo), punção lombar para análise do líquor, e outros exames conforme quadro 
clínico.
Antitérmico Paracetamol é o único recomendado, com dose ajustada à idade gestacional.
Justificativa A apresentação clínica pode ser inespecífica e o risco de evolução rápida para 
quadros graves é elevado.
1 mês até 3 meses
Risco Ainda elevado para infecção bacteriana grave, mas menor do que nos primeiros 28 dias.
Avaliação:
Estratificação de risco Avaliar o aspecto clínico (bom estado geral vs. aparência 
tóxica/enferma), temperatura e fatores de risco (prematuridade, anomalias congênitas, não 
vacinados).
Crianças com aparência enferma Hospitalização, investigação laboratorial completa 
(hemograma, hemocultura, urocultura, punção lombar, exames de imagem se necessário) e 
início de antibioticoterapia empírica.
Crianças com bom estado geral Pode-se considerar observação ambulatorial, desde que haja 
acesso fácil a reavaliação e os exames laboratoriais não sugiram infecção grave.
Exames recomendados Hemograma, hemocultura, análise e cultura de urina, 
PCR/procalcitonina, punção lombar (principalmente se 2 meses ou sinais de gravidade).
Justificativa Apesar da vacinação ter reduzido a incidência de IBG, o risco ainda existe e a 
abordagem deve ser cautelosa.
3 meses a 3 anos
Risco Menor que nas faixas etárias anteriores, mas ainda existe risco de IBG, principalmente 
infecção urinária, pneumonia e bacteremia oculta.
Avaliação:
Estratificação pelo estado geral e temperatura:
Crianças toxêmicas ou com sinais de gravidade: Investigação laboratorial e início de 
antibiótico empírico.
Crianças em bom estado geral:
Temperatura 39°C Geralmente observação clínica, sem necessidade de exames 
complementares imediatos.
Temperatura 39°C Considerar exames laboratoriais (hemograma, urocultura, urina tipo 
I para identificar IBG, especialmente se 2 anos.
Exames recomendados Hemograma, urocultura, urina tipo I, radiografia de tórax (se 
leucocitose 20.000/mm³ ou sinais respiratórios), PCR, punção lombar (se suspeita de 
ITU 11
meningite).Justificativa A maioria dos casos é autolimitada, mas a infecção urinária é a IBG mais frequente em 
FSSL nesta faixa etária.
Resumo da abordagem por faixa etária
Faixa etária Risco de IBG Conduta principal Exames essenciais
028 dias Muito alto Internação e antibiótico Hemograma, hemocultura, urina, líquor
13 meses Alto Avaliar risco; internar se grave Hemograma, hemocultura, urina, líquor, PCR
3 meses–3 anos Moderado Avaliar estado geral e T° Hemograma, urina, radiografia (se indicado)
Considerações finais
Sempre considerar a possibilidade de infecção bacteriana grave em lactentes menores de 3 meses 
com FSSL.
A abordagem deve ser individualizada, baseada em protocolos validados (como Rochester e Baraff), 
associando critérios clínicos e laboratoriais para estratificação de risco.
A maioria dos casos evolui bem, mas a vigilância e acompanhamento são essenciais para evitar 
atrasos no diagnóstico de quadros graves.
ITU 12

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