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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO PROFESSORA LUCIA DANTAS MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO AURÉLIO DUARTE DE ALMEIDA COMO O PROJAP VEM CONTRIBUINDO NA EDUCAÇÃO PREVENTIVA NA ESCOLA 18 DE DEZEMBRO EM ALTANEIRA-CE. BRASÍLIA - DF 2015 AURÉLIO DUARTE DE ALMEIDA COMO O PROJAP VEM CONTRIBUINDO NA EDUCAÇÃO PREVENTIVA NA ESCOLA 18 DE DEZEMBRO EM ALTANEIRA-CE. Trabalho de Dissertação apresentado e defendido ao Programa de Pós-graduação da ISEL – Instituto Superior de Educação Professora Lúcia Dantas, como requisito para obtenção de título de Mestre em Ciências da Educação. Orientador: Prof.Dr.Marcus Nascimento Coelho Co-Orientador: Prof.Ms.Álvaro C. Dias da Silva BRASÍLIA - DF 2015 ALMEIDA, Aurélio Duarte de. COMO O PROJAP VEM CONTRIBUINDO NA EDUCAÇÃO PREVENTIVA NA ESCOLA 18 DE DEZEMBRO EM ALTANEIRA-CE. Dissertação (Mestrado) – ISEL, 2015. Orientador: Prof. Dr. Marcus Nascimento Coelho Co-Orientador: Prof. Ms. Álvaro Carvalho Dias da Silva. p.102 1. Marco teórico. 4. Marco metodológico. 5. Resultado da pesquisa. 6. Considerações finais. I Título. Nome: Aurélio Duarte de Almeida Titulo: Como o PROJAP vem contribuindo na educação preventiva na escola 18 de dezembro em Altaneira - CE. Trabalho de Dissertação apresentada e defendida ao Comitê Examinador do Programa de Pós-graduação da ISEL – Instituto Superior de Educação Professora Lúcia Dantas, como requisito para obtenção de título de Mestre em Ciências da Educação. Aprovado em: ____/____/______ Banca Examinadora ____________________________________ Prof.Dr.Marcus Nascimento Coelho Presidente ____________________________________ Prof.Dr.Charlie Rangel interno ____________________________________ Prof.Dra.Maria Aparecida Alves interno BRASÍLIA - DF 2015 “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos” (Eduardo Galeano) DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos aqueles que apostaram em meu sucesso, a minha esposa e minhas filhas que sempre estão comigo nas horas alegres e difíceis desse percurso. Muito amor e carinho a todos vocês. Drogas – (Banda Catedral) “Ter que se iludir ao se encontrar Com mecanismos de uma bruta ilusão E não sentir o que é real, o que é viver. O que é ser, se já não sente Se ser drogado é ânsia de não ter querer Pra que fugir Se os problemas Sempre vão amanhecer com você E não tem fim. Droga, de só querer usar mais drogas Há tanta coisa pra saber, São tantos rumos pra tomar, São tantas provas pra vencer, Mas como se você Em uma seringa precisar se esconder Pra não enfrentar, A covardia sempre vai te perturbar Vai acabar com você. O que é ser, se já não sente Se ser drogado é ânsia de não ter querer Pra que fugir Se os problemas Sempre vão amanhecer com você E não tem fim. Vai acabar com você”. AGRADECIMENTO Agradeço a Deus por ter me dado condições de lutar e alcançar os objetivos definidos. Somente Ele sabe o quanto cada pessoa sonha, luta, trabalha e se sacrifica para atingir suas metas, e somente pedir ou implorar por uma ajuda divida sem arregaçar as mangas de nada adianta. Mesmo nos momentos em que estamos desanimados e desmotivados, quase desistindo de seguir o caminho é que temos que pedir aquela força divina para continuar, e Ele está sempre pronto para te ouvir, basta queremos. Sou grato o bastante a minha família, em especial, a minha esposa Alana Teles e filhas Ariel e Alice, que sempre me deram forças e suporte emocional para produzir esta dissertação, sendo elas a razão maior para trilhar novos caminhos, nos quais, muitas vezes encontramos obstáculos, pedras e espinhos, onde com confiança, respirando fundo e seguindo em frente, superamos todas as dificuldades e alcançamos os objetivos. Agradeço também aos amigos que me desejaram galgar a mais uma conquista, em destaque, Demontier Guedes, Carpegiane Duarte e Francisco Brito, que hoje são para mim, não somente colegas de trabalho ou de estudos, mas sim, grandes irmãos de luta e de superação, pois mesmo com toda dificuldade encontrada neste longo percurso, não baixaram a cabeça e ainda, depositava na fé a esperança de que tudo se concretizaria com sucesso. Assim foi feito. OBRIGADO. LISTA DE FOTOS FOTO 01: Congressos ............................................................................... ..55 FOTO 02: Seminários ............................................................................... ..56 FOTO 03: Pátio Interno da escola 18 de Dezembro – ÁREA 01 .................. 62 FOTO 04: Pátio Interno da escola 18 de Dezembro – ÁREA 02 .................. 63 FOTO 05: Frente da escola Santa Tereza. .................................................. 64 FOTO 06: Frente da escola Avelino Feitosa. ............................................... 66 FOTO 07: Agentes Multiplicadores da escola 18 de Dezembro ................... 73 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Relatório Mundial Sobre Drogas – ONU ..................................... 26 Figura 02: Prevenção Universal, Seletiva e Indicada. ................................. 48 Figura 03: Dez Mandamentos do Agente Multiplicador ............................... 58 Figura 04: Conteúdo Programático do Curso de Agentes Multiplicadores .. 71 Figura 05: Tabela resultado da amostragem da escola 18 de Dezembro ... 84 Figura 06: Tabela resultado da amostragem da escola Avelino Feitosa ..... 84 Figura 07: Tabela resultado da amostragem da escola Santa Teresa ........ 84 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: Dados referentes às ocorrências em 2013 – 18 de Dezembro . 75 Gráfico 02: Dados referentes às ocorrências em 2014 – 18 de Dezembro. 76 Gráfico 03: Dados referentes às ocorrências em 2015 – 18 de Dezembro. 77 Gráfico 04: Dados referentes às ocorrências em 2013 – Avelino Feitosa ... 78 Gráfico 05: Dados referentes às ocorrências em 2014 – Avelino Feitosa ... 79 Gráfico 06: Dados referentes às ocorrências em 2015 – Avelino Feitosa ... 80 Gráfico 07: Dados referentes às ocorrências em 2013 – Santa Teresa ...... 81 Gráfico 08: Dados referentes às ocorrências em 2014 – Santa Teresa ...... 82 Gráfico 09: Dados referentes às ocorrências em 2015 – Santa Teresa ...... 83 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AEE – Atendimento Educacional Especializado AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida CAPS – Centros de Apoio Psicossociais CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas COMAD´s – Conselho Municipal Antidrogas DARE – Drug Abuse Resistance Education DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis ECA – Estatuto da Criança e Adolescente E.E.E.F.M – Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio EJA – Educação de Jovens e Adultos E.M.E.F – Escola Municipal de Ensino Fundamental GAS – Grupo de Ação Social IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICASU – Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia LAMCI – Laboratório de Matemática e Ciências LENAD – Levantamento Nacional sobre Drogas OBID – Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas OMS – Organização Mundial da Saúde ONU – Organização das Nações Unidas PCA – Professor Coordenador da Área PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola PND – Política Nacional sobre Drogas PNAD – Política Nacional Antidrogas PPP – Projeto Político Pedagógico http://www.dare.com/home/default.asp PROERD – Programa Educacional de Resistência as Drogas PROINFO – Programasocial. Num segundo momento, entra em cena a escola. Tem início a etapa da escolarização da criança, quando ela vai adquirir conhecimentos referentes a áreas do saber específico. Mas o papel da escola não fica restrito apenas a esses tipos de informações. De certa forma, a escola dá continuidade ao processo principiado pela família, educando a criança e o adolescente também para a vida, através das responsabilidades, da disciplina, do estímulo ao exercício da cidadania. E que, numa visão mais larga, Brandão (1995, p.34) ressalta: Educação é um processo contínuo que envolve o desenvolvimento integral de todas as faculdades humanas; o conjunto das normas pedagógicas aplicadas ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito. Educação também é cortesia, respeito, conhecimento e atitude. Com tudo, atualmente a educação, utiliza-se de vários meios e veículos de comunicação, com o desenvolvimento da tecnologia e com as facilidades da globalização, estão promovendo às pessoas a aquisição de conhecimentos. A Internet trouxe o mundo para os lares. O indivíduo viaja para onde quiser, lê o que bem entender e aprende o que convier. Deste modo, a educação mora em todos os lugares e o conhecimento está diante de suas mãos. O que se busca, então, é verdadeiramente estimular a vontade de aprender, a curiosidade, o interesse. E são nessa estrada que habita uma peça fundamental desse processo educativo, os educadores, aqueles que são capazes de fazer a ponte entre o desejo e a conquista. Sem sombra de dúvidas, a escola é lugar adequado para qualquer tipo de prevenção e principalmente no debate sobre psicotrópicos. A escola, como a família, é o espaço concreto de socialização estudantil, gerando entre as crianças e os adolescentes círculos de amizades e chegando até formar significativamente interação com os adultos. Ao lado de pais, o professor é a pessoa que está em melhores posições para ajudar o estudante a se tornar capaz de atuar ativa e criticamente na sociedade, versando sua cidadania diante de questões sociais, entre as quais a fármaco-dependência. A escola passa, assim, a instituir em núcleo 43 irradiador de saúde, alicerçado nos conhecimentos e valores da educação preventiva. De acordo com Kandel et al. (1978) “a escola é um poderoso agente de socialização da criança e do adolescente”. Uma vez que a escola vincula em seu interior, a comunidade de pares, e por possuir ferramentas de promoção da autoestima e do autodesenvolvimento, o ambiente escolar pode ser um fator protetor ao uso de drogas (Baus, Kupek e Pires, 2002; Schenker e Minayo, 2005). No entanto, é preciso estar consciente de que essa situação está longe da realidade brasileira O que observamos são jovens envolvidos em vários problemas relacionados à saúde: tabagismo, alcoolismo, consumo de drogas lícitas e ilícitas, doenças sexualmente transmissíveis (DST), gravidez precoce, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), e outros. Cerca de 500 a.C., Pitágoras, pai do conceito de Justiça, declarou: “educai as crianças e não será preciso punir os homens”. A assertividade dessa afirmativa, se tomada em seu sentido mais amplo, ainda é válida e central na atualidade. Por isso a escola, utilizando de sua parte que lhe cabe dessa responsabilidade compartilhada na educação, tem o papel relevante transformador da potencialidade da criança e do adolescente em algo positivo e significativo para seu desenvolvimento como cidadão, conhecedor de seus direitos e deveres. No entanto, a escola é aquela que compreende que educar é formar, é estar atento à parte afetiva e social daqueles que dela usufruem. Visto que a escola é um dos meios de socialização, e o seu fracasso responderá por muitos casos de delinquência. De fato, a escola é a primeira instituição oficial da sociedade com a qual o menor toma contato, podendo através dela absorver elementos positivos para a formação de sua personalidade ou não. O jovem, por si só, tem em seu ímpeto uma criatividade natural, não explorado pela educação, que pode servir de alameda para a prevenção. Deste modo, a escola também incube a responsabilidade da prevenção em vários níveis, principalmente na considerada primária e secundária, como veremos mais adiante. 44 2.2.1 ATITUDE DA ESCOLA FRENTE À PROBLEMÁTICA DAS DROGAS Segundo os alunos, a escola é encarada como uma ferramenta de aquisição de um maior capital social e de transformação cultural. Contudo, para que a escola exerça suas atividades e seja capaz de oferecer ações concretas e objetivas na resolução dos conflitos que aparecem no seu ambiente, dos quais ajuízam dificuldades dentro e fora dela, tais como a presença, o consumo, e a venda de drogas, é importante que ela tenha artifícios necessários para lidar com novos valores e novas ideias que abrolham com as constantes transformações sociais. Conforme a autoras Abramovay e Rua (2002), a escola proporciona aos jovens como um aparelho para o exercício da cidadania, funcionando como um dos “passaportes de entrada e aceitação na sociedade” e ensejo por uma vida melhor. Ressaltam ainda o fato de que a escola também é um veículo condizente da qual se opera a exclusão e a seleção social. Isso tem divisões específicas na cultura, no trabalho, nas políticas sociais, nas relações étnicas e de gênero, e em outras esferas, agindo em cada uma delas de feitio diferenciado. Segundo Dubet (1991), as escolas, mesmo diante dos conflitos diários, direta ou indiretamente, mesmo interferindo em sua rotina, ainda funciona como um espaço de discussão e internalização dos conhecimentos escolares. Deste modo, permanece sendo um local, por excelência, de formação de sujeitos, a partir das relações alunos e professores. Essas transcendem a simples relação pedagógica, uma vez que a escola deve estar comprometida com os projetos de vida e as aspirações dos jovens nela inseridos. Conforme Edwards e Arif (1982, p.33). O lugar que a sociedade designar para o indivíduo será de especial importância, assim como o valor que se der à liberdade, ao direito à procura hedonista do prazer, e o significado que se atribui à saúde. A escola tanto pode como deve acionar a autoestima e o comprometimento social, estimulando formas de sociabilidade pautadas no respeito e na solidariedade. Vemos que predomina no imaginário social uma valoração positiva da escola. Ainda que ela seja criticada por muitos, a instituição escolar goza de legitimidade na comunidade de relações sociais primárias, como família e especialmente entre os jovens. A escola é um lugar de socialização, conhecimentos, valores, afetos, amizade e interação com todos. Vários vetores sociais contam a favor da escola 45 como um lugar privilegiado para acionarem-se programas preventivos e de atenção. No caso da prevenção às drogas, por exemplo, faz-se necessário o apoio, até mesmo de serviços e profissionais especializados. Compreende-se que uma escola preocupada com sua comunidade escolar, precisa reconhecer que prevenção se enquadra em um contexto bem mais amplo de educação. É direcionar precisamente uma abordagem construtiva entre o facilitador e o público alvo, estabelecendo um elo de aceitação entre os ensinamentos alvitrados. Silva (2014) repassa que a prevenção deve ser praticada por pessoas capacitadas, pois uma intervenção mal sucedida poderá trazer danos à comunidade e amortizar os benefícios. Complementa falando que o uso indevido de substâncias psicoativas deve ser prevenido utilizando procedimentos e técnicas cientificamente apropriadas para cada público alvo trabalhado, analisando a realidade local em determinado momento. 2.2.2 ESCOLA PREVENTIVA EM AÇÃO E OS NIVEIS DE PREVENÇÃO Em analise geral, a educação preventiva é aquela ministrada pelas escolas, pelos pais, pelos amigos, pelo ambiente cotidiano, pelas mídias epor tudo que de uma forma ou de outra envolve e influencia a criação e que compõe a personalidade da criança e do adolescente como potencial e adulto futuro. A escola que deseja um bom programa de prevenção deve começar com a identificação precisa do público-alvo, isto é, quais as suas necessidades, valores, ideologias, questões políticas, econômicas, qual a incidência e prevalência do uso indevido de drogas, entre outros dados. Feito o diagnóstico da situação e identificadas as características do público-alvo, resta definir os objetivos do programa, para, em seguida, estabelecer as estratégias que serão utilizadas. A avaliação durante o processo serve para selecionar as estratégias mais eficazes e descartar as inúteis, modificando o programa em andamento. A escola que opta por uma educação preventiva deve fazê-lo dentro de um contexto mais amplo que ultrapasse os muros escolares e que atinja também a sociedade ao seu redor. Nada melhor que trabalhar seus alunos direcionando-os a resoluções das carências e necessidades do universo em que aquele jovem está inserido, a exemplo da poluição, da violência, da solidão, da vida competitiva, da saúde, da alimentação, da medicina preventiva, e outros. Procurar desenvolver o 46 senso crítico e motivar os alunos a tomarem decisões e a serem responsáveis é também tarefa da escola. Como também, é seu papel atingir as famílias, pois estas se encontram despreparadas para lidar com diversos assuntos e, principalmente, quando o assunto é a droga, elas minimizam ou maximizam o problema. A família precisa perceber que a prevenção se inicia na mais tenra idade, de modo que esclarecimentos sobre drogas devem fazer parte da comunicação habitual (da mesma forma que se conversa sobre qualquer outro tema), sempre tendo como base a convivência afetiva. Silva (2014) alerta sobre alguns princípios que devem ser lembrados para a realização do trabalho preventivo, dentre os quais se destaca: o processo de prevenção deve ser reflexivo, contínuo, paciente, consistente, provocante, no intuito de despertar respostas criativas no público alvo, inovador, agradável para proporcionar o prazer pelo conhecimento nos participantes, devendo também ser multidisciplinar, além de envolver a família e a escola na discussão para garantir que os jovens permaneçam longe das drogas. Prevenção na escola significa estar atento ao jovem, abrir um canal de comunicação, valorizá-lo como ser humano, procurando um espaço para que ele também aprenda a se valorizar e saiba se fortalecer para não ser presa fácil de modismos. Cabe à escola organizar um projeto coletivo e um espaço para o jovem falar e ouvir seus colegas falarem de si e de suas vidas. No trabalho preventivo às drogas, é preciso entender os diferentes níveis de prevenção que serão apresentados para um melhor posicionamento e compreensão frente aos métodos aplicados conforme a necessidade a qual possa aparecer. Baseado nas informações do Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas - OBID (BRASIL, 2010). Nos níveis de prevenção cada um possui suas particularidades, dentre elas são: Prevenção Primária: É a fase inicial que antecede o problema da droga, no sentido de ser um conjunto de medidas que visam uma educação para a saúde, é caminho fértil para a família e escola. Supõe um diálogo aberto; um exemplo, a presença de modelos identificatórios positivos; atividades prazerosas (musicais, literárias, sociais, esportivas, artísticas, etc); estímulo à autoestima (elogios sinceros, crença na pessoa, etc); estímulo à crítica; treino das habilidades para lidar com frustrações, fracassos e ansiedades; espaço e treino para lidar com "figura de autoridade". Conhecido como usuário experimental. 47 Prevenção Secundária: Quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência de uma doença numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à doença. Tem como objetivo atingir as pessoas que já experimentaram e que fazem um uso ocasional de drogas, com intuito de evitar que o uso se torne nocivo, com possível evolução para dependência, é uma etapa difícil para a família que, muitas vezes, não quer enxergar e para a escola, que fica sozinha e se sente impotente. Tem como saída o enfrentamento corajoso da situação, buscando auxílio de pessoas especializadas, oferecendo ajuda concreta, evitando emitir juízos de valor e agindo com coerência e bom senso. A escola deve abrir-se ao diálogo, marcar reuniões periódicas para discutirem todos os assuntos e esperar o momento próprio de chamar a família, com o consentimento do jovem. Procurar junto com o jovem o que está por trás desse comportamento e compreender as dificuldades pessoais e, com muito tato, sensibilizá-lo a procurar uma terapia. Respeitar o aluno, ouvir suas opiniões e conversar com argumentos lógicos e coerentes é tarefa do professor. Nesta fase, procura-se aproveitar os professores "líderes" para colaborarem nesta abordagem com o jovem. Prevenção Terciária: é o momento crônico das fases, ocorre quando já chegou à dependência de drogas, implica em incentivar os usuários a procurar uma terapia adequada, contar com pessoas que são da sua confiança para convencê-lo a encontrar ajuda especializada; incentivar o diálogo com a família; acreditar que ele é recuperável; colaborar na reintegração social com oferecimentos de alternativas positivas como: cultura, lazer, arte, esporte e profissão. Significa também denunciar os eventuais traficantes as autoridades competentes e no caso de alunos traficantes, comunicar às famílias. Não é possível saber com antecedência quem irá ter maiores problemas com o uso de drogas. Portanto, é melhor prevenir do que remediar. A prevenção é inquestionável relevância na sociedade. Porém, prevenir não é somente evitar que algo aconteça. A prevenção é trabalhada em três níveis distintos como já citado: Prevenção Primária, Prevenção Secundária e Prevenção Terciária, que, apesar de separado em modalidades e nomenclaturas distintas, os níveis de prevenções são uma continuidade. Se na infância o enfoque principal é o de prevenção de doenças, efetuadas também pela família e pela escola, o foco vai modificando conforme a idade vai avançando. Na adolescência a família e a escola continuam sendo os facilitadores principais das ações preventivas, porém neste 48 momento a escola assume uma função mais eficiente. A organização escolar está apta para informar, orientar, responder dúvidas e confrontar ideias. O OBID (BRASIL, 2010), apresenta também uma tabela onde, de forma simples, informa outra classificação para a prevenção às drogas: FIGURA 02: PREVENÇÃO UNIVERSAL, SELETIVA E INDICADA: Fonte: Disponível em http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/index.php. O que se observa dessas “intervenções” descritas na Figura 02, são aquelas vistas em algumas políticas públicas, quando de fato existem, que atuam de forma aleatória e distingue-se pela característica “multidão”, ou seja, elas visam alcançar o máximo de pessoas possíveis, sem que de fato se preocupem com o indivíduo, o ser humano como foco principal. O relevante, neste caso, é mostrar que o poder público está fazendo algo, nem que esse algo possa ter pouca importância. Não é apenas falando de droga que se faz prevenção, bem como, relacionar seus efeitos e problemas. Embora saibamos da importância de tais iniciativas, visto que a própria Organização Mundial de Saúde - OMS afirme que estão menos propícios a usar drogas pessoas que têm informações adequadas sobre tais substâncias, entendemos que o que mais contribui para o não uso indevido de psicotrópicos é a garantia de alternativas saudáveis de lazer, educação de O que é? Onde se aplica? Intervenção universal – são programas destinados à população geral, supostamente semqualquer fator associado ao risco. Intervenção universal – na comunidade, em ambiente escolar e nos meios de comunicação. Intervenção seletiva – são ações voltadas para populações com um ou mais fatores associados ao risco de uso de substâncias. Intervenção seletiva – por exemplo, em grupos de crianças, filhos de dependentes químicos. Intervenção indicada – são intervenções voltadas para pessoas identificadas como usuárias ou com comportamentos de risco relacionados direta ou indiretamente ao uso de substâncias, como por exemplo, alguns acidentes de trânsito. Intervenção indicada – em programas que visem diminuir o consumo de álcool e outras drogas, mas também a melhora de aspectos da vida do indivíduo como, por exemplo, desempenho acadêmico e reinserção social. http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/index.php 49 qualidade, moradia digna para nossas crianças, adolescentes e suas famílias. São estes e outros direitos que, uma vez respeitados, serão capazes de diminuir a sedução dos jovens pela narcoeconomia. Tiba (1994, p.59), respondendo a uma indagação sobre a maneira como a escola pode contribuir no problema das drogas, que também confirma os aspectos primordiais que defendemos em um programa de prevenção nas escolas, afirma: "Seria ideal que a escola complementasse essa filosofia de vida familiar e acrescentasse em seu currículo programas que também preparassem seus alunos para enfrentar não só a droga, mas a vida como um todo. No entanto, muitos professores nem conhecem a realidade científica e psicológica das drogas, seus efeitos e suas consequências. É frequente não saberem nem identificar um usuário de drogas e, se identificam, não sabem o que fazer com tal descoberta, Por isso, as diretorias das escolas preferem negar as drogas em seus estabelecimentos. Mas já não é possível "tapar o sol com a peneira". As drogas existem, e imaginar que apenas os "outros" as usam só facilita sua propagação". O mesmo autor confere à escola todo o seu encargo. Realça o preparo necessário do núcleo docente para a convivência diária, realizar pelo menos a prevenção primária, transmitindo uma postura de vida, evitando palestras gigantescas e enfadonhas com grandes públicos. Desmistificar o assunto, adotar atitude de compreensão do fenômeno e estar atento para detectar quando seu aluno inicia o uso, já que a família, no seu envolvimento emocional, vive a "cegueira psíquica" e não quer enxergar. A escola tem mais condições de detectar as alterações do comportamento do aluno e agir com coerência e bom senso, sem atitudes levianas e sem cometer injustiças, como querer responsabilizar a droga por tudo que aconteça. Tiba conclui em caráter que: "Não compete à escola o tratamento contra drogas, mas sim o encaminhamento adequado do caso. Essas situações são muito complicadas, e quanto mais pessoas estiverem envolvidas, maior a confusão. Entretanto, mil vezes preferível à confusão à covarde omissão. Se a escola não tomar nenhuma atitude, todos perdem: a família, a escola, o aluno e a sociedade. Vence a droga, que assim ultrapassa a terceira barreira, aquela que poderia conter a destruição da pessoa pelo vício. A segunda foi a família, e a primeira, o usuário. Por isso, a escola tem de ser clara e honestamente firme." 50 Podemos destacar também, a grande preocupação da escola em sua forma de atuar. Nossa experiência prática tem constatado que, em geral, que o profissional se vê despreparado para atuar na prevenção. Muitas vezes, até participa de cursos, mas não viabiliza sua prática e se sente impotente para se adaptar à sua realidade. Vê-se solitário e desamparado dentro de seu campo de atuação ou escola, sua preocupação não atinge a direção nem a equipe escolar. Outras vezes, sente-se aterrorizado, recua por sentirem dificuldades pessoais de lidar com o tema exposto diante de si. Ou ainda, por muitas vezes flagrados usando recreativamente a droga e temem se comprometerem. Com estas e tantas outras dificuldades, a escola se omite, adiando a sua atuação. Por isso que a atuação dos professores, bem como os demais funcionários da escola são de fundamental relevância na educação preventiva, ajudando os alunos a constituírem um sistema de valores pessoal que lhes animem a adotar um estilo de vida, em que o abuso de drogas não encontre ressonância. Entretanto, ainda falando em atuação, na visão de Antón (2000) a escola deve estar sempre atenta para não contribuir com qualquer forma de rotulação, discriminação ou marginalização caso apareçam eventos com usuário de drogas. Além das razões humanitárias não se pode esquecer que a escola, na figura de seus agentes institucionais, cumpre um admirável papel no desenvolvimento da identidade dos jovens. Uma ação desse tipo pode ajudar a concretizar neste ser o estigma de não pertencer, de não ter espaço no universo, do ambiente escolar. Estabelecida essa marca na identidade do jovem em formação, as possibilidades de alteração da situação tornam-se bem mais remotas. Contudo, a escola é o lugar privilegiado para intervenções educacionais. Devem-se elaborar projetos que assegurem ações preventivas intensivas e duradouras, tendo como guia o Plano de Ação e o Programa Preventivo. Na prática escolar, a prevenção ao abuso de drogas torna-se viável por intervenções nas condições de ensino e, principalmente, são direcionadas ao projeto político pedagógico, à gestão escolar e à abordagem educacional. A prevenção de drogas nas escolas é uma decisão política e conjunta. Prevenir drogas é, em princípio, falar de educação de filhos, de adolescência, de relação social e convivência afetiva. 51 2.2.3 ENTIDADES E ESCOLAS: PRÁTICAS DE PROJETOS PREVENTIVOS SOBRE DROGAS PELO BRASIL Veremos alguns projetos que deram certo Brasil afora, que servem como inspiração para o trabalho preventivo contra as drogas. A Prefeitura de São José dos Campos realiza desde 2013, formação para multiplicadores do Programa Vem Ser (Programa Municipal de Atenção as Drogas), que abrange cerca de 450 alunos das redes municipal, estadual e particular a cada ano. Após capacitação, os participantes fazem parte do Grupo de Ação Social (GAS) e se transformam em agentes multiplicadores de projetos para prevenção e enfrentamento ao uso de drogas nas escolas. O (GAS) é composto por alunos em conjunto com os pais e os professores. Os mesmos debatem, discutem assuntos do cotidiano escolar, de vida e família, aprendem a identificar os problemas relacionados ao uso indevido de drogas e violência, e desenvolvem projetos para solução de conflitos, apontados em parceria com o poder público e comunidade. A Polícia Militar Brasileira vem desde 1992 desenvolvendo um programa educacional que visa prevenir crianças, em idade escolar, dos males causados pelo uso das drogas. Para isso foi criado o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), sendo um programa que vai além dos tradicionais programas contra as drogas, que não invalida qualquer outro programa de prevenção dirigido aos jovens. É um programa que ensina as crianças a resistirem às drogas, e ainda, ensina-as a como resistir na prática às ofertas de certas pressões dos grupos, e de atos violentos. Constantino (2007, p.3) salienta que: (...) Hoje em dia, os adolescentes entram no mundo da drogadição por volta dos 12 anos e a maior influência é o grupo de amigos. "Trabalhamos com adolescentes de 9 a 14 anos, pois é nessa fase que eles começam a descobrir a vida e também o mundo das drogas. Mostramos para eles o mal que o vício faz. O que o autor fala não difere dos estudos atuais vistos em nosso país, pesquisas mostram que o uso de drogas entre crianças e adolescentes tem aumentado cada vez mais cedo. De acordo com os dados do último levantamento nacional sobre o consumo de drogaspsicotrópicas entre estudantes do Ensino 52 Fundamental e Médio das redes pública e privada de ensino nas 27 capitais brasileiras, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, o CEBRID (BRASIL, 2014), pode-se delinear que: [...] a amostra total das 27 capitais brasileiras foi constituída de 50.890 estudantes, sendo 31.280 da rede pública de ensino e 19.610 da rede particular [...]. Houve predomínio da faixa etária de 13 a 15 anos (42,1%) [...]. As drogas mais citadas pelos estudantes foram bebidas alcoólicas e tabaco, respectivamente 42,4% e 9,6%, para uso no ano. Em relação às demais, para uso no ano, foram: inalantes(5,2%), maconha (3,7%), ansiolíticos (2,6%), cocaína (1,8%) e anfetamínicos (1,7%) . Como exposto nos dados, o índice de prevalência do consumo por adolescentes é muito elevado e preocupante, uma vez que, o uso dessas drogas traz diversos malefícios ao organismo e à vida do jovem (TIBA, 2009). Outro projeto existente se realiza no Colégio Ordem e Progresso da Polícia Civil de Minas Gerais, Nova Gameleira em Belo Horizonte/MG, com atendimento a 500 alunos, aplicado nos três turnos, por uma equipe de três policias, que se revezam. O curso de intervenção “Conhecimentos para Escolhas Conscientes”, tem o intuito de auxiliar as escolas na formação de professores e alunos, na temática prevenção ás drogas. Inicialmente traz a preparação dos educadores que, invariavelmente serão multiplicadores dos trabalhos e, a seguir, a preparação preventiva dos jovens-estudantes, público-alvo desse projeto, fornecendo informações e capacitando-os a realizar escolhas conscientes. Esse projeto é implantado como parte do projeto pedagógico da escola, sendo os pais informados pela coordenação pedagógica por meio de circular, que serão convocados como partícipes, pois “Vale a pena ainda envolver os pais porque a prevenção não é uma ação individualizada, mas sim, um trabalho em rede de relacionamentos.” (Tiba, 2007, p.204). Há em Minas Gerais um projeto que tem levado mais de 11 mil jovens de Uberlândia, com idades entre 8 e 18 anos, a receber orientação sobre prevenção quanto ao uso de álcool, cigarro e drogas. Projeto chamado Viva Livre – Uberlândia Sem Drogas, envolveu a Prefeitura daquela cidade, a Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia - (ICASU) e o Corpo de Bombeiros, qualificando 80 adolescentes da ICASU a tornarem-se agentes multiplicadores no combate às drogas. 53 Depois da formação com duração de dez meses, os jovens repassam o ensinamento entre os 1.150 jovens da ICASU e, também, para 260 crianças do projeto Bombeiro Mirim e aproximadamente 10 mil estudantes de escolas municipais, estaduais e particulares de Uberlândia. A metodologia de prevenção é passadas aos adolescentes por meio de cartilhas elaboradas pela Secretaria Municipal Antidrogas e de Defesa Social. No subprojeto, denominado Caravana Antidrogas, os adolescentes da ICASU visitam as escolas municipais, estaduais e particulares de Uberlândia para repassarem a metodologia de prevenção às drogas, em oficinas de contação de histórias, dança de rua e gincanas do saber. No subprograma “Papo Legal”, os adolescentes – em seus bairros, na ICASU e nas escolas uberlandenses – discutem entre si o tema do combate ao uso de álcool, drogas e cigarros. O Grupo de Trabalho Interinstitucional, por sua vez, deve reunir profissionais de psicologia, psiquiatria e serviço social, sob coordenação da Prefeitura de Uberlândia, para trabalhar a prevenção com familiares dos jovens da ICASU. Por fim, a metodologia de combate às drogas é levada às crianças, de 8 a 12 anos, integrantes do projeto Bombeiro Mirim. Os trabalhos que envolvem grupos com jovens, tem se mostrado fértil nas ações educativas e preventivas. A participação efetiva destes, discutindo, refletindo criticamente sobre cada assunto são fatores que facilitam o envolvimento e comprometimento com o trabalho em desenvolvimento. Essa experiência revela também o quanto é possível e imprescindível à interdisciplinaridade, principalmente, numa proposta cujo enfoque é o desenvolvimento da cidadania e esta só poderá ser pensada numa perspectiva de cooperação e integração. A adolescência é um período em que, muitas vezes, os educadores substituem os pais idealizados da infância e configuram-se aqui, novas possíveis figuras de identificações. A percepção de pessoas que conseguem trabalhar conjuntamente, respeitando e aproveitando positivamente o conhecimento do outro, abdicando de interesses pessoais em prol do crescimento coletivo, poderá, talvez, influenciar favoravelmente na formação de cidadãos multiplicadores de atitudes transformadoras e inovadoras no âmbito pessoal e social. 54 CAPÍTULO 3 - PROJAP “Não há compartilha que não envolva um projeto. Não há projeto que não contenha um sonho. Não há um sonho possível de ser realizado sem esperança.” Paulo Freire Neste capítulo entraremos no universo no qual este trabalho tem significativa relevância, é onde trilharemos o caminho em busca do entendimento e da informação do projeto de prevenção exposto, caracterizado por um breve histórico do PROJAP, sua criação e desenvoltura na aplicabilidade estrutural, e as diretrizes de um Agente Multiplicador do programa. 3.1 BREVE HISTÓRICO DO PROJAP. O PROJAP – Projeto Ação Preventiva, foi idealizado no ano de 2007 pelos profissionais de Segurança Pública: José Demontier Guedes, Psicólogo e Pedagogo, Especialista na área de educação, Policial Militar desde 1992 e Mentor do PROERD no Estado do Ceará, bem como Aurélio Duarte de Almeida, Bacharel em Direito, Pedagogo, Especialista na área da educação, Policial Militar desde 1998 e Instrutor do PROERD do Estado do Ceará. O referido projeto tem por finalidade desenvolver atividades de prevenção contra o uso de drogas e violência para jovens adolescentes, educadores, profissionais da área de segurança, saúde e educação, lideres comunitários, e outros. Para os Jovens, assim como para os adultos, é ofertado um curso de 80 horas com estudos presenciais e com apresentação de projeto e estágio supervisionado na prevenção primária incluindo o tema facilitação, com técnicas eficazes para a metodologia do ensino e conhecimento específico sobre o tema drogas e violência numa abordagem diferenciada, onde os participantes serão capazes de resolver conflitos e prestar um atendimento de qualidade as pessoas atendidas por eles. Dessa forma, o Agente Multiplicador estará preparado para atuar 55 como mediador entre o público-alvo assistido e, ao mesmo tempo, proporcionar o total exercício da cidadania. No final do curso, são apresentados os resultados obtidos através de um estágio supervisionado. Portanto, PROJAP mostra-se como um referencial no trabalho preventivo com relação ao uso de drogas e violência, trabalhando as causas e consequências do problema em questão, habilitando agentes multiplicadores para atuarem na área de prevenção. Contudo, este projeto já tem agraciado bastantes pessoas, bem como trabalhos realizados em vários municípios cearenses em diversas áreas e instituições de ensino, através de seus instrutores, levando o que há de melhor no assunto de prevenção em pauta. Como também, participa de congressos e seminários pelo Brasil afora, apresentando seus métodos, didáticas e resultados por onde passa, tendo sempre reconhecida aceitação perante todos os eventos. FOTO 01: CONGRESSOS. Uma intervenção preventiva como parte de um sistema visa fortalecer os fatores de proteção com intuito de atribuir autonomia e responsabilidade ao jovem possibilitando-o a fazer escolhas conscientes quanto ao uso indevido de drogas por meios da ponderação crítica sobre os efeitos e consequências do uso, diluindo assim os fatores de risco como normas e atitudessociais favoráveis à experimentação (RONZANI, 2009). 56 FOTO 02: SEMINÁRIOS. 3.2. AGENTES MULTIPLICADOES PROJAP: SER, ESTAR E AGIR. O Agente Multiplicador é o representante de uma entidade, instituição, organização, empresa ou membro da comunidade que participou do curso, sendo elemento importantíssimo de ligação e transformação. O perfil ideal do agente multiplicador deverá ser uma pessoa que já contribui ou pretende contribuir para a melhoria da qualidade de vida da coletividade, com sua atuação profissional ou comunitária. Ser um Agente Multiplicador PROJAP: REQUISITOS: Estar matriculado na unidade escolar; Estar cursando entre o 6º ao 8º ano do ensino fundamental; Ser aceito pelo grupo no qual se pretende intervir (grupo de origem); Participar do curso de capacitação de Agentes Multiplicadores do PROJAP; FORMAS DE SER, CONDUTA: Interesse/disponibilidade em participar desta proposta educativa, ajudando a multiplicar seus conhecimentos e suas experiências de vida escolar, para os demais colegas da escola; 57 Promover discussão do que venha a serem atos inflacionais indisciplinados, violentos e abusivos sobre drogas; Conduzir colegas aos profissionais competentes, caso haja transgressões ao regimento interno da mesma; Contribuir através de orientações para tentar minimizar os atos violentos entre alunos. COMO AGIR, TOMADA DE DECISÃO: Sensibilizar os colegas a zelar o ambiente; Ter compromisso na missão; Espírito inovador e abertura à mudança; Capacidade de comunicação e assertividade; Ser instrumento de união e modelo positivo aos demais; Manter uma postura pessoal que inspire respeito e confiança; Estimular aos colegas através de palestras, gincana, momentos culturais e esportivos na ânsia de promover o aprendizado e o trabalho em equipe; Estar sempre atento às situações que envolvam os demais colegas agindo com solidariedade e cortesia; No dia-a-dia deve estimular mudanças de atitudes referentes ao bom andamento das praticas pedagógicas escolares; Conduzir suas ações na escola de preferência nos contra turnos; Utilizar os recursos, multimídia, auditório, biblioteca e salas para conduzir suas ações de prevenção; Antecipar aos possíveis problemas e mensalmente proferir trabalhos de prevenção, roda de diálogo, peças teatrais, gincanas, júri simulado e etc; Capacidade para trabalhar em equipe; Respeito pelos outros e pela confidencialidade da informação; 58 FIGURA 03: DEZ MANDAMENTOS - A.G.P. OS DEZ MANDAMENTOS DO AGENTE MULTIPLICADOR – PROJAP Nº 01 FAZER A DIFERENÇA SEMPRE. A escola só irá mudar, se você mudar. 02 TRABALHAR EM EQUIPE Unidos para vencer. 03 RESPEITAR OS AMIGOS DE PROJETO Não deixar que um pequeno conflito abale uma grande amizade 04 CONTRIBUIR NA DIMINUIÇÃO DOS CONFLITOS ESCOLARES Ser um agente instrumento da paz. 05 SER RESPONSÁVEL E RESPEITOSO Respeito a si mesmo, ao próximo e responsabilidade pelas ações. 06 SER DINÂMICO Dinamismo no projeto, no enfrentamento e nas resoluções das ações. 07 SER OBEDIENTE Obedecer a todos que estão à frente do projeto e da escola. 08 ESTUDAR O E.C.A. Conhecer os direitos e deveres 09 ESTAR SEMPRE DISPOSTO Ajudar sempre com seus conhecimentos e multiplicar experiência da vida escolar 10 AMAR A ESCOLA E O PROJETO Primar um ambiente escolar de felicidade e paz e perpetuar o projeto como ferramenta do dia-a-dia. 59 CAPÍTULO 4 - ASPECTOS METODOLÒGICOS: “não há mudança sem sonho, como não há sonho sem esperança.” Paulo Freire 4.1. TIPO DE PESQUISA. Neste capítulo, iremos demonstrar de forma empírica, tendo em vista o objetivo geral deste trabalho, seguindo o método qualitativo na análise das atividades de prevenção ao uso de drogas desenvolvidas na escola municipal 18 de Dezembro, a contribuição que o PROJAP vem desempenhado através de seus Agentes Multiplicadores para aquela realidade local, através dos métodos aplicados na pesquisa para obtenção dos resultados que veremos a seguir. Gil (2002, p.53), esclarece um pouco mais, sobre o tipo de pesquisa, declara também que: O estudo de campo apresenta algumas vantagens em relação principalmente aos levantamentos. Como são desenvolvidos no próprio local em que ocorrem os fenômenos, seus resultados costumam ser mais fidedigno. Como não requer equipamentos especiais para a coleta de dados, tende a ser mais econômico. E como o pesquisador apresenta nível maior de participação, torna-se maior a probabilidade de os sujeitos oferecerem respostas mais confiáveis. Tende-se a denominar a pesquisa qualitativa como pesquisa de campo, porque o investigador atua no meio onde o objeto de estudo se desenvolve, bem diferente das dimensões e características de um laboratório. O mesmo autor também comenta que o estudo qualitativo se desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto, se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada. 60 4.1.1. AMOSTRA DA PESQUISA. A amostra foi composta por escolas do ensino Fundamental e Médio, no período do mês de março de 2015. Foram visitadas as escolas, 18 de Dezembro e Santa Teresa, ambas na cidade de Altaneira, assim como, a escola Avelino Feitosa, na cidade de Nova Olinda, todas localizadas no estado do Ceará. Para a amostragem, os critérios utilizados para a seleção das escolas envolvidas foram intencionais: localização, tipo de escolas, quantidade de alunos, faixa etária, estrutura física e participação voluntária. 4.1.2. INSTRUMENTO DE ANÁLISE DA PESQUISA. Como instrumento de coleta de dados, foi confeccionado um questionário (Apêndice A) direcionados aos Diretores escolares participantes para avaliarmos, através de perguntas abertas, o grau comparativo da eficiência ou não do propósito apresentado pelo PROJAP em sua aplicabilidade e resultado entre as escolas, seguindo o método qualitativo, pela facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisando a interação de certas variáveis, compreendendo e classificando os processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentando assim contribuições no processo de mudanças, criação ou formação de opiniões e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos (OLIVEIRA, 1998). O questionário averigua as ocorrências cometidas por alunos que frequentaram e ainda frequentam a escola 18 de Dezembro no período em que houve a formação da primeira turma de Agentes Multiplicadores de 2013 até 2015. Informando se desde este período em diante quais envolvimentos os estudantes, de modo geral, apresentam alguns problemas oriundos do uso indevido de drogas, atos indisciplinares e outros problemas afins. 4.1.3. TÉCNICA E COLETA DE DADOS. Foram preliminarmente esclarecidos à Diretora escolar, os objetivos e as finalidades da pesquisa, por meio de uma carta de apresentação (Anexo 06), na qual 61 constam informações sobre a pesquisa, fornecendo assim o conhecimento aos Diretores, bem como obtendo a autorização das informações das ocorrências da instituição escolar, garantindo que os resultados relacionados sobre as análises, sejam utilizados apenas com caráter acadêmico. Foi previamente agendada com a direção das unidades escolares a aplicação do instrumento, sendo realizado nas próprias instituições, devendo salientar que o questionário utilizado na presente pesquisa tem como objetivo coletar informações referentes aos seus objetivos e não medir o consumo do uso de drogasem si, entre os estudantes das diferentes escolas participantes. De forma solícita e cooperativa, as escolas se dispuseram em responder as indagações feitas, e ambas repassaram com precisão as informações necessárias. 4.1.4. ANALISE DOS DADOS COLETADOS. Para destacar esta analise de resultados, foi realizado o mesmo questionamento com as outras escolas, Avelino Feitosa e Santa Teresa que nunca participaram desse processo preventivo e nem muito menos obtiveram o curso de Agentes Multiplicadores - PROJAP, decorrentes no mesmo período, em um processo de comparação entre as escolas para verificar se o curso de prevenção está tendo o resultado satisfatório ou não. Por meio do programa informático, procedeu-se a apreciação estatística dos resultados obtidos através do (Apêndice A). A partir da apuração dos dados estatísticos, tendo-se percentual matemático adquirido em cada questão, passou-se a analisar especificamente cada valor obtido, confrontando os mesmo com as hipóteses formuladas no projeto da dissertação. Conferindo-se consequentemente, se os mesmo atendem os critérios preestabelecidos, como será exposto no capítulo quinto. 62 4.2. PANORAMA DAS ESCOLAS PARTICIPANTES DA PESQUISA. 1- ESCOLA 18 DE DEZEMBRO. FOTO 03: Pátio Interno da escola 18 de Dezembro. Área 01 Com sede localizada na Rua José Bonifácio, 202, a antiga Escola Municipal de 1º e 2º Graus 18 de Dezembro foi criada sob a Lei N° 192/90 de 04 de março de 1990 com a direção de Antônia de Matos Cantuário. Mais tarde, perante a Lei Nº 322/99 de 28 de maio de 1999, a mesma passa a chamar-se Escola Municipal de Ensino Fundamental 18 de Dezembro, já na coordenação de Maria Oliveira Lino. A E.M.E.F 18 de Dezembro que se encontra atualmente na rua José Pio de Oliveira, 717, no município de Altaneira - CE. Localiza-se na região metropolitana do cariri cearense, com a população, segundo senso IBGE, (2010) de aproximadamente 7.000 habitantes. Tem como limítrofes as cidades de Farias Brito, Assaré e Nova Olinda no mesmo Estado. Cidade de pequeno porte territorial (Área: 73,296km²), bem como, uma economia de com base agrícola e agropecuária. Sendo como a única escola de ensino fundamental II, ministra suas atividades em dois turnos, manhã e tarde, atendendo a uma clientela de alunos de 6º ao 9º Ano, EJA e AEE. A escola possui uma área de 7.000m² com uma área construída de 1.452m², sendo 11 salas de aula, uma sala de professores, uma sala de leitura, uma sala de PROINFO, uma sala multifuncional, um laboratório de Matemática e Ciências 63 – LAMCI, uma sala de diretoria, uma sala de secretaria, uma sala de coordenação, um auditório, dois banheiros, um pátio coberto, uma cantina, uma praça e uma quadra de esporte. Para sua manutenção conta com recursos financeiros do PDDE e com a ajuda da Secretaria de Educação do município. Hoje a escola é uma das unidades de ensino mais importantes do município, não só pela quantidade de alunos, mas pelas instalações, localização e o grande número de educadores e funcionários que nela prestam serviços. Não se consegue fazer educação só com professores. Vigias, merendeiras, e auxiliares desempenham papéis imprescindíveis dentro de uma instituição educacional. FOTO 04: Pátio Interno da escola 18 de Dezembro. Área 02 A Escola Municipal de Ensino Fundamental 18 de Dezembro trabalha com os princípios da disciplina, comportamento social, ética, participação da família e religião. Com os objetivos de ampliar a percentagem do número de aprovados referentes aos anos anteriores, tentar conscientizar os educandos sobre seus direitos e deveres no âmbito escolar e social e buscar realizar um trabalho cada vez mais voltado para o ensino aprendizagem e formação disciplinar do educando, a E.M.E.F 18 de Dezembro vem atualizando o seu Regimento Interno e o PPP. Tendo a missão de lutar constantemente pela melhoria das condições educacionais, garantia da universalidade e equidade na prestação dos serviços, esta 64 escola trabalha para formar cidadãos conscientes e prepará-los para o exercício da vida profissional e para os desafios do mundo globalizado. 2- ESCOLA SANTA TEREZA. A Escola de Ensino Médio Santa Tereza está localizada na cidade de Altaneira – Ceará, é vinculada ao Centro Regional de Desenvolvimento da Educação – CREDE 18, nasceu através do ato de criação: nº 11.493/75. Tem como órgão mantenedor o Governo do Estado do Ceará, está localizada na Rua Joaquim Alves Bitu S/N, centro, representa um grande patrimônio para o município, tanto físico como cultural, pois a comunidade acredita que esta escola é a grande responsável pelo desenvolvimento intelectual dos jovens do município. Entende-se que a inserção da escola na cidade trouxe possibilidades de contribuir para o desenvolvimento das pessoas tanto profissionalmente como pessoalmente. FOTO 05: Frente da escola Santa Tereza. De acordo com dados disponibilizados pela direção da escola, o corpo discente deste ano letivo é constituído por 412 estudantes na faixa etária de 14 a 18 anos e que a maioria é do sexo feminino, bem como a maior demanda vem da zona 65 rural. Em média todos os anos há aproximadamente este quantitativo de alunos matriculados, com poucas variações. É a única escola de Ensino Médio da cidade e se encontra em um patamar subsequente da escola alvo, pois os alunos ao concluírem o ensino fundamental têm como única opção, continuar seus estudos na mesma cidade estudando nela ou então, terão de morar em outra cidade para concluírem os estudos sequenciais da educação. A escola possui uma proposta que abrange todas as normas e encaminhamentos de seus planos de ação, o compromisso de buscar atender as necessidades da comunidade escolar a qual pretende fortalecer o grupo avançado na autonomia para uma gestão democrática. Os PCA’s (Professor Coordenador da Área) participam da elaboração dessa proposta pedagógica da escola. Diante da postura escolar em que está inserida a escola Santa Tereza, sua realidade e princípio humilde resulta na composição de praticamente todos os alunos serem pertencentes à classe média baixa e ruralista e que possui em seus currículos a formação necessária que atenda as expectativas das vivências diárias, sendo preciso trabalhar pelo entendimento de todos por uma reflexão acerca da preservação de sua personalidade, identidade cultural, crenças e valores por eles cultuados para que se possa de fato atender as necessidades reais contribuindo para alcançar a formação que se deseja. Não há como a escola enquanto instituição formadora desvincular-se dos problemas sociais que afetam a sociedade atual, ou seja, a cidade com suas particularidades. Assim, surge a necessidade de análise a cerca de vários problemas e a definição conjunta de como superá-los, daí a construção do projeto político pedagógico como instrumento norteador da sua ação educacional, considerado como a alma da escola e ao mesmo tempo a base que define a ação política. Por fim, a escola Santa Teresa consciente da função que lhe atribui como escola de Ensino Médio, irá sempre contribuir para o fortalecimento de uma política educacional objetiva e de formação plena do cidadão, transformando a realidade em que está inserida e contribuindo para a construção de um mundo mais justo e igualitário. 66 3- ESCOLA AVELINO FEITOSA. A escola Avelino Feitosa nasceu de um sonho e empenho pessoal do Senhor Laurênio Alves Feitosa que, motivado por numerosa clientela, fundou a mesma em 1998. É pertencente à rede municipal de ensino e subordinada à administrativamente a secretaria de ensino de Nova Olinda - CE. FOTO 06: Frente da escola Avelino Feitosa. Esta escola vem com um brilho diferente das outras, porque é localizadaa 15 Km de distância da escola referenciada 18 de Dezembro, pois pertence a cidade vizinha denominada de Nova Olinda, localizada no mesmo Estado do Ceará, edificada na avenida Perimetral Sul S/N, centro. O município vizinho tem cerca de 13 mil habitantes e basicamente obtém o mesmo porte territorial ao de Altaneira. Traz consigo um referencial comparativo bastante virtuoso em razão de serem muito parecidas em quantidade de alunos matriculados por ano e terem os mesmos parâmetros de ensino do 7º ao 9º ano, EJA e com faixa etária de alunos a partir dos 10 anos em diante. É também a única escola de ensino fundamental II que a cidade possui. Segundo a direção escolar, acreditam que a escola seja um espaço para desenvolver atividades educativas, visando qualidade de vida e educação para a 67 saúde. Portanto, prevenir o uso de drogas é uma decisão política determinada por um projeto integrado, implica em falar de educação de filhos, de adolescência, de relação social e convivência afetiva. Esta instituição foca em suas diretrizes o compromisso de desenvolver o aluno nas competências e habilidades exigidas em cada ano letivo, tendo como propósito maior contribuir para o fortalecimento da formação do indivíduo consciente de seus direitos e deveres, visando ao desenvolvimento social e ao exercício da cidadania fundamentada em valores. Desde então vem direcionando suas ações para a promoção de um ensino de qualidade. 4.3. ESTRUTURAÇÃO DO PROJAP NA ESCOLA 18 DE DEZEMBRO. O Projeto Ação Preventiva, surgiu no ano de 2013 na escola 18 de Dezembro na cidade de Altaneira no Estado do Ceará, através da proposta motivada pela própria gestão escolar, pois se encontrava naquela época com elevado índice de problemas direcionado à indisciplina, violência e alunos usuários de drogas, problemas estes que diariamente afetavam todo plano pedagógico escolar, existindo informes de que as drogas já haviam chegado não só pelos arredores da escola, como também, adentrado nela por meio dos próprios estudantes. Então a direção escolar junto com toda classe docente preocupados com a situação atual e futura, temendo comprometer um bom andamento escolar, chegaram ao consenso de que precisava imediatamente de um programa ativo de prevenção às drogas e violência direcionada aos jovens estudantes daquela escola, trabalhando os dois níveis de prevenção: o primário e o secundário. Nesta preocupação, o PROJETO AÇÃO PREVENTIVA – PROJAP -, desenvolve o trabalho preventivo de combate às drogas, direcionada a jovens alunos que estavam cursando o ensino fundamental II, na faixa etária entre 13 a 17 anos, conduzindo esses jovens por um veículo de formação e aprendizagem oferecendo meios para facilitar e mediar conflitos existentes na escola, oriundos, em especial do uso e abuso dos entorpecentes, sendo aqueles que participam instruídos e preparados para resolver ou dar direcionamento aos problemas referidos às drogas na escola. Os chamados de Agentes Multiplicadores recebem capacitações teóricas e práticas, através de Policiais Militares, capacitados instrutores do PROERD, os quais 68 tem como objetivo principal, formar uma grande rede de proteção, no ambiente escolar, assim como o compartilhamento do conhecimento adquirido, primeiramente na escola, para com a família, amigos e outras pessoas, contraindo informações e capacitando-os a realizar escolhas conscientes, pois como afirma Bucher (1992), a informação subsidia a reflexão crítica acerca do tema, possibilitando um diálogo aberto e confiável entre os sujeitos da prevenção sendo imprescindível se fornecer informação correta sobre drogas. Dentro da ideia de que a educação é a melhor forma de prevenção e tendo como referência resultados positivos anteriores, o PROJAP utiliza como espelho os princípios basilares do renomado Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD). Este Programa, de caráter social e preventivo é posto em prática em todos os estados do Brasil, por policiais militares devidamente selecionados e capacitados. É desenvolvido uma vez por semana em sala de aula, durante cinco meses em média, nas escolas de ensino público e privado para os alunos que estejam cursando o ensino fundamental. Através do livro do estudante PROERD, os conteúdos são desenvolvidos de forma dinâmica em grupos cooperativos, onde nas aulas são realizadas atividades voltadas ao desenvolvimento das habilidades individuais para que a crianças e os jovens possam tomar suas decisões de forma consciente, segura e responsável. O programa também é desenvolvido à família, em um curso específico para pais ou responsáveis, durante um mês, uma vez por semana. O PROERD foi inspirado e copiado no programa americano Drug Abuse Resistance Education – (DARE). O DARE foi originalmente criado em Los Angeles (EUA), e lá como aqui, é conduzido pela polícia. Atualmente, ele é desenvolvido em 75% das escolas norte-americanas e adotado em mais de 60 países ao redor do mundo, atendendo aproximadamente 37 milhões de crianças anualmente. No Brasil, o programa foi implantado em 1992, pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, posteriormente adotada na Polícia Militar de São Paulo, e hoje é utilizado em todas as Policias Militares dos Estados da Federação. A Organização das Nações Unidas (ONU) já reconheceu esse projeto como um dos maiores e mais relevantes na área de prevenção às drogas e à violência. De acordo com a pesquisa realizada pelo Departamento de Polícia de Los Angeles acerca da eficácia do programa, estudantes que fizeram parte do projeto apresentam, de maneira geral, maior rejeição e resistência ao uso de drogas lícitas e http://www.dare.com/home/default.asp http://www.dare.com/home/default.asp 69 ilícitas. Os depoimentos dos participantes do programa revelam, ainda, que sua percepção sobre a polícia e o controle e repressão ao uso dessas substâncias é extremamente positiva. Ou seja, a maior parte dos alunos e familiares aprovam o projeto, relatando que não usa drogas ou decidiu não usar devido às aulas que receberam dos policiais. E com este intuito a proposta de atuação do PROJAP é desenvolver ações que consigam atender o aluno em suas salas de aula, aplicando conhecimento in loco, trabalhando a questão das drogas de maneira franca e acessível ao diferentes níveis de entendimento, abordando questões físicas, emocionais, comportamentais, familiares e escolares. O trabalho não descarta a possibilidade do contato com o mundo das drogas e tampouco nega a sua existência. A ação é voltada a entender o que são as drogas, como resistir às ofertas, entender as consequências, efeitos nocivos entre outras ações. O PROJAP tem a responsabilidade de repassar aos seus agentes multiplicadores e profissionais da rede escolar o saber de que fazer prevenção não é restringir apenas a episódios esporádicos ou acontecimentos marcantes. Geralmente, tais eventos são abordados por meio de palestras, dia da prevenção, mural das drogas ou lembrada apenas em datas comemorativas como o Dia Internacional de Combate às Drogas (26/06) e Dia Mundial do Combate ao Fumo (31/05), por exemplo. A prevenção é ação diária, e prevenção às drogas tem melhores resultados se for contínua. Conforme Amadeu Cruz (2002, p.40) “um fator de fracasso da prevenção é aquele que considera esta atividade um evento isolado, dissociado de um planejamento global ou integrado”. Esta forma de tratamento não caracteriza a prevenção propriamente dita, pois ela deve resultar de um processo educacional constante e permanente nas escolas. Desenvolver a proposta da formação dos adolescentes para serem multiplicadores, objetiva a promoção de mudanças de atitudes deles próprios e de seus colegas, propiciando, dessa forma, reflexão e escolhas mais saudáveis (SERRA; MOTA, 2000). A Metodologia de execução do PROJAP,consiste no trabalho organizado em aulas ministradas obrigatoriamente por um Instrutor habilitado na situação anteriormente informada. O curso de capacitação ou facilitação é de 80 horas/aula, sendo 40 horas de teoria, contando também com estudo domiciliar e 40 horas do estágio supervisionado. As aulas acontecem de acordo com a necessidade e 70 disponibilidade de ambas as partes, atendendo diretamente o estudante voluntário e que tenha pré-disposição de repassar aos demais alunos todo conteúdo adquirido no curso em beneficio de um melhor ambiente escolar entre pares. O curso oferece estratégias preventivas para reforçar os fatores de proteção, em especial referentes à escola, à família e à comunidade, oferecendo ao agente, habilidade de desenvolver uma resistência à oferta e convite ao uso de entorpecentes e de envolvimento com problemas de comportamento. Essa estratégia metodológica concentra-se em desenvolver competências sociais, habilidades de comunicação, autoestima, empatia, tomada de decisões, resolução de conflitos, objetivos da vida, independência, alternativas positivas, causas e consequências do uso de drogas e outros comportamentos. Também contribui com a adoção de métodos ativos que incluem oficina, simulação, debate, discussão, diálogo, dinâmica de grupo, psicodrama, jogo dramático, dramatização. Deste modo, é possível proporcionar aos alunos (Agentes Multiplicadores) a aquisição de habilidades e experiências que tenham efeito maduro e autoconfiante para agir com decisão caso precise. Ao final, ele passa por uma avaliação de conclusão de curso (anexo 1) e ao concluir o curso submete-se ao preenchimento de uma ficha individual (anexo 2), para servir de registro documental da escola a qual os Agentes Multiplicadores frequentam. Também conta com uma formatura para recebimento de certificado, onde se faz presente, alunos, professores, instrutores, pais e comunidade. Para fins de que se torne público e conhecedor de todos, a nova missão desses jovens. A seguir um demonstrativo do conteúdo programático repassado aos Agentes Multiplicadores, que tem duração de 12 encontros semanais, reforçando os conhecimentos na área da prevenção primária. 71 FIGURA 04: CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Em virtude dessa ação programática, os estudantes ampliam seu repertório interativo de forma construtiva e ativa em seu contexto escolar e comunitário; ocasião em que se torna o ator principal no processo de desenvolvimento (COSTA, 1999). Temos que levar em conta que os agentes multiplicadores podem ser estudantes, professores, pais ou membros da comunidade escolar (TOBLER, 1997), e que no caso do PROJAP o público alvo para o trabalho em pauta foram os próprios alunos. Em sua metanálise, Tobler agrupa como “programas interativos” CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO CURSO DE AGENTES MULTIPLICADORES PREVENÇÃO PRIMÁRIA DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO CARGA HORÁRIA COMPETÊNCIAS Introdução ao programa 04 h/a Conhecer o desenvolvimento do curso, objetivos e metodologia de execução. Compreendendo os efeitos das drogas 10 h/a Conhecer os tipos de drogas e seus efeitos no organismo. Consequências do uso de drogas 04 h/a Identificar as consequências do uso de drogas. Desenvolvendo habilidades de comunicação 04 h/a Desinibir a fala e expressões em público. Estar no controle da situação 04 h/a Formas eficazes de resistir às drogas em resposta aos diferentes tipos de ofertas. Lei 11.343/06 10 h/a Conhecer a lei e suas penalidades. Bases da Amizade 04 h/a Adquirir autoconfiança, selecionar amizades e grupos sociais. Lidando com as tensões sem usar drogas 10 h/a Aprender a controlar a tensão e pressões de grupos. Reduzindo a violência 10 h/a Identificar formas não violentas, conter a raiva e solucionar desentendimentos. Preservando o meio ambiente 10 h/a Desenvolver um ambiente saudável, harmônico e pacífico. Tomando decisões sem correr riscos 10 h/a Tomar decisões positivas sem recorrer ao uso de drogas e evitar atos violentos. CARGA HORÁRIA TOTAL 80 H/A 72 intervenções que teriam em comum a utilização de técnicas didáticas que estimulam a participação ativa dos alunos. Muitas vezes são treinados alunos, denominados “agentes multiplicadores”, para conduzirem as discussões ou até o próprio programa. Ele também aponta resultados duas a três vezes superiores na redução do uso de substâncias com este grupo, em relação aos modelos de intervenção que utilizam o aprendizado passivo. Já Cuijpers (2002), faz a comparação dos programas executados por pares e dos programas executados por adultos. E conclui que de forma geral, os programas liderados por pares, são mais efetivos. Contudo, ajuíza que a efetividade dos programas se deve a múltiplas características, entre elas, a liderança por pares. Outros autores como (GOTTFREDSON & WILSON, 2003) seguem a mesma linha de pesquisa do autor anterior dos programas liderados por pares, serem os mais eficazes. Além disto, os programas voltados para jovens que apresentam fatores arrolados ao risco proporcionam melhores resultados do que aqueles direcionados para a população geral chamam de “programas universais”. Para (FAGGIANO et al. 2005), afirmam que os mais reais são os programas voltados para o desenvolvimento de habilidades sociais do que os fundamentados na transferência de informações e os voltados para o treinamento de tomadas de decisão. Na análise de Serra e Mota (2000) o processo de utilizar os próprios alunos como Agente Multiplicador, traz enormes benefícios, e as mudanças ocorrem em distintos níveis. Um deles seria o individual que, por meio da formação recebida, o adolescente pode desenvolver a reflexão crítica num processo gradativo de apreensão de si e do mundo. Os conhecimentos prévios são expandidos e discutidos, podendo mudar ideias preconcebidas. O outro nível atinge seus iguais, pares, colegas, devido à aguda tendência grupal que se experimenta nessa fase, levando-os a preferir informações vindas de outros adolescentes e a dividir os problemas e oportunidades entre eles. Outra comprovação refere-se ao fato de que os jovens são influenciados por normas de reputação e comportamento prevalentes no grupo. Contrapor pensamentos e valores entre vários jovens em cursos de formação continuada favorece o trabalho conjunto e a divisão de responsabilidades. Além de facilitar o processo de “falar a mesma língua” nos programas de prevenção, pois as diferenças já poderão emergir na formação, antes mesmos da execução do programa. 73 4.3.1. AGENTES MULTIPLICADOES NA ESCOLA 18 DE DEZEMBRO FOTO 07: Agentes Multiplicadores da escola 18 de Dezembro. Os agentes na sua formação procuram de uma forma interativa aliar as teorias e às práticas, utilizando-se de um processo de conscientização e compartilhamento de aprendizagem com os demais elementos do núcleo escolar e da sociedade. Suas ações frequentes na escola acarretam encontros presenciais recheados de estudos de casos, dinâmicas de grupo, músicas com coreografias, aulas teatralizadas, debates interativos, jogos pedagógicos, apresentação de trabalhos, entre outros. De acordo com o psiquiatra Tiba (2007), “quanto mais uma pessoa souber sobre drogas, mais condições ela terá de decidir usá-las ou não”. Todavia há uma didática clara e compreensiva que facilita o processo de entendimento entre pares, sobre o assunto. Um fator que pode contribuir à percepção dos Agentes Multiplicadores quanto à diminuição das problemáticas escolares, está na ocupação do jovem, que encontra na escola uma opção para preencher seu tempo ocioso. Atribuindo 74 responsabilidades a eles, para se sentirem produtivos e importantes neste processo. Abramovay (2003, p.151) complementa que:(...) no que a gente ocupa o jovem, ensina ele a fazer alguma coisa, aquele tempo que ele teria livre para fazer as coisas erradas, se envolver, como drogas e outras coisas, vai estar com aquele tempo ocupado, vai estar trabalhando, quem sabe ensinando outros. Então, para o jovem, é a esperança de um futuro melhor, de vidas melhores. O autor reflete a importância da ocupação e comprometimento, os jovens precisam de perspectivas para não optar por alternativas aparentemente mais fáceis de vida. Os que esses Agentes Multiplicadores realizam em sua escola, refletem na aproximação dos jovens entre si e estes com a classe docente e familiar, sem que ninguém seja necessariamente convertido ao estilo ou à preferência do outro. Dentre os resultados alcançados na escola 18 de Dezembro em Altaneira – CE, percebe-se mais uma vez, a seriedade da atuação desses Agentes no ambiente escolar, uma vez que eles tornam-se transformadores de seu próprio meio, buscando sempre a pacificação nas resoluções de conflitos que se apresentam ou problemas de cunho extraescolar que a leve a encaminha-los á órgãos competentes. Isto possibilita maior integração entre todos os atores envolvidos no processo e favorece a descoberta de novas formas de relação capazes de gerar o sentimento de pertencimento tão necessário para o exercício do protagonismo juvenil, em relação à sua escola e à sua comunidade, prevalecendo sempre no anseio de uma cultura de paz, colaborando também para a consolidação de uma coletividade mais justa, humana, fraterna e com vida mais saudável. Em fim, uma tarefa social feito com amor e dedicação sempre rende bons frutos. 75 5 RESULTADO DA PESQUISA Este capítulo apresenta a caracterização da amostra e apresentação de analise de resultado da pesquisa. A descrição dos resultados encontrados será delineada a partir das respostas obtidas no questionário aplicado nas escolas participantes. Utilizaram-se percentuais para as respostas, buscando verificar e comparar, as diferenças significativas. Foram pesquisadas e analisadas as ocorrências escolares referentes aos diferentes períodos as quais serão expostos em gráficos distribuídos entre as três escolas participantes da pesquisa. Foi apresentado o questionário com perguntas sobre as ocorrências relacionadas na escola provenientes de problemas relacionados ao uso indevido de drogas, bem como suas consequências a exemplo de atos violentos, indisciplina sobre efeito de substância psicotrópica e furtos relacionados ao fato em questão. ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL II 18 DE DEZEMBRO: GRÁFICO 01: Dados referentes ao ano de 2013. – 18 de Dezembro. FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. Conforme o primeiro gráfico, nota-se que a problemática maior referente ao ano de 2013 se apresentou através do uso indevido de drogas, quando ocorreram 4 67% 16% 17% 0% 2013 Suspeita de Uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 76 casos registrados em seu livro de ata, 1 de indisciplina e 1 de violência. Motivos estes que impulsionaram toda comunidade escolar a procurar adotar medidas que pudessem trabalhar o resultado existente, diminuir os índices em questão e não deixar elevar a futuras ocorrências, como afirma Fonseca (2006), “faz-se urgente estruturar uma dinâmica de implantação em prevenção ao abuso de drogas nas escolas”. Preocupada com aquela realidade, a Direção escolar que tinha pouco tempo assumido a escola, decidiu optar pelo projeto preventivo PROJAP, que veio a intervir e iniciar o curso aos alunos voluntários na capacitação dos Agentes Multiplicadores, dando inicio, a uma série de mudanças, na qual a escola estava precisando adotar como para um bom andamento anual. GRÁFICO 02: Dados referentes ao ano de 2014. – 18 de Dezembro. FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. Com a ação dos Agentes Multiplicadores permanentemente na escola, as mudanças começaram a ser sentidas com os trabalhos realizados de prevenção. Houve uma pequena queda nos índices de um ano para outro. Pequena, mas bem significativa, pois já se via no meio escolar, seus Agentes efetivando os conhecimentos adquiridos na formação, assegurando o pensamento de Marques (2003, p.107) onde ele diz, “boa parte destas respostas é dada pela compreensão e adoção de uma política de drogas baseada em princípios de redução de danos”. 50% 25% 25% 0% 2014 Suspeita de uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 77 Conforme o gráfico acima de 4 casos de uso de drogas no ano 2013, a ocorrência baixou para 2 casos registrados no ano de 2014. Mas continuou com a mesma taxa de indisciplina e violência, 1 caso para ambos. GRÁFICO 03: Dados referentes ao ano de 2015. – 18 de Dezembro. FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. Levando-se em consideração que estamos no primeiro semestre de 2015, o gráfico apresenta 1 caso apenas entre as especificações das ocorrências questionadas. Isto confirma a redução dos índices de uso de drogas anteriores e ao mesmo tempo, sendo bom para a escola, a não elevação dos demais índices questionados, consentindo o relato de Brandão (1995, p.34) que, “educação é um processo contínuo que envolve o desenvolvimento integral de todas as faculdades humanas”, confirmando a boa ação dos Agentes na escola, efetiva e contínua. Em resposta da Diretora da escola 18 de Dezembro, ela relatou em destaque negativo o comportamento dos alunos do 9º ano e do EJA, que são os que mais apresentam conduta agressiva e muitos deles, têm o histórico de uso de álcool e outras drogas, perante o meio social com o qual convivem. Adiantou também, que é preciso manter parceria com outras entidades auxiliares na prevenção de um modo geral, nas áreas da saúde, educação, esporte, lazer, cultura e outros. E que sozinhos nessa empreitada, não alcançariam os números desejados de uma escola 34% 33% 33% 0% 2015 Suspeita de uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 78 pacífica e harmônica. Tiba (2007, p.204), admite, “a prevenção não é uma ação individualizada, mas sim, um trabalho em rede de relacionamentos” ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL II AVELINO FEITOSA. GRÁFICO 04: Dados referentes ao ano de 2013. – Avelino Feitosa FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. A escola Avelino Feitosa, apresentou em seus dados uma elevada e preocupante conduta de indisciplina em seus livros de ocorrências. Registraram-se 50 casos confirmados, onde fez a Direção escolar, ao assumir as funções no referente ano, começar a trabalhar em cima desta problemática, pois mesmo levando em consideração o uso pequeno de drogas conforme mostra o gráfico que é de 7 casos, a Diretora percebeu que o alto índice desta indisciplina originava-se do uso indevido de drogas por parte dos alunos. Os quais adentravam na escola com sintomas de terem ingerido bebidas alcoólicas e outras drogas, levando estes alunos a alterações comportamentais e consequentemente a atos violentos, tanto com os alunos, bem como, professores e funcionários. Foram registrados 5 casos de atos violentos em todo ano de 2013. Esses dados vêm reafirmar o pensamento de Moreira (2005), “a escola como espaço privilegiado e os alunos como público-alvo de ações preventivas é consenso entre os estudiosos, a controvérsia é quanto a técnica de intervenção”. Pois não 11% 77% 8% 4% 2013 Suspeita de Uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 79 houve em 2013 nesta instituição nenhum projeto neste sentido. Se não há intervenção, muito menos, há prevenção. GRÁFICO 05: Dados referentes ao ano de 2014. – Avelino Feitosa FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. Em 2014, foi o ano na qual a escola teve mais problemas, chegando a ter dados inquietantes, constavam em seusresultados, uma elevação gradual de descontrole na qual fez a Diretora da escola Avelino Feitosa a adotar a iniciativa de buscar ajuda extraescolar em vários órgãos e entidades que pudessem auxiliar nesta dificuldade, chegando ao ponto de procurar até mesmo, os serviços da Polícia local, os amparos que a justiça oferece a respeito de menores infratores que a cidade disponibiliza, como também, o Conselho Tutelar e a Defensoria Pública do Estado. Foram confirmados neste ano de 2014, 10 casos de suspeita de uso de drogas, 8 casos de violência, 5 casos de suspeita de furto e surpreendentemente 80 atos de indisciplina dentro da escola. Mostrando mais uma vez a ascensão de todos os índices e com maior preocupação no crescimento dos atos de indisciplina, apresentando assim, uma sensação de descontrole de uma boa parte da classe discente da escola. A escola deve compreender que, tomar decisões e fazer escolhas é, por sua vez, exercício cotidiano de extrema complexidade. “Implica uma sintonia fina entre o que se deve permitir no incentivo à liberdade e o que se deve reprimir para facilitar a 10% 77% 8% 5% 2014 Suspeita de uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 80 inclusão na vida societária” (FREITAS, 2002, p. 46). Daí a importância dos limites e a educação em valores como medidas essenciais de prevenção, não só em relação ao abuso de drogas e suas consequências, como também no processo de desenvolvimento da resiliência, superando diferentes dificuldades e conflitos, comuns na vida em sociedade, em especial na fase escolar. A gestão escolar, precisa entender, que as ajudas de outras instituições devem apresentar em seu contexto, posturas ideológicas e políticas capazes de orientar os programas que visam prevenir o uso de drogas, focadas na promoção da saúde e da educação. Como advertem Pinsky e Bessa (2004), essas propostas de atuação, apesar de estarem voltadas especificamente para o contexto escolar, são referências para a orientação de quaisquer outras organizações institucionais que desejem implantar um programa de prevenção. GRÁFICO 06: Dados referentes ao ano de 2015. – Avelino Feitosa FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. Apesar de estarmos ainda em meados de 2015, a indisciplina por parte dos alunos ainda prevalece naquela escola, registrando até agora 60 casos como mostra o gráfico acima. Contudo, não podemos descartar os outros casos pesquisados, como suspeita de uso de drogas que foi computada 10 casos, suspeita de furto com 2 casos e violência 5 casos, até meados do primeiro semestre de 2015. Denota-se que a busca por ações extraescolares, não deram resultados positivos a 13% 78% 6% 3% 2015 Suspeita de uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 81 problemática, dentre essas abordagens, cita-se a predominância de intervenções pontuais de palestras e a focalização em disciplinas específicas entre as atividades de prevenção, o que indica a ausência de gestão e institucionalização das ações no interior da escola com maior abrangência (CANOLETTI; SOARES, 2005; RUA; ABRAMOVAY, 2002). ESCOLA DE ENSINO MÉDIO SANTA TERESA. Como já explicado anteriormente, esta escola tem um diferencial importante em suas informações, pelo motivo de ser uma escola de Ensino Médio que dá sequência aos estudos desses jovens, já que até então as demais escolas são precisamente de ensino fundamental. É relevante obtermos essas informações, porque nos dá propriedade nos procedimentos dos trabalhos realizados anteriormente através dos Agentes Multiplicadores, admitindo assim, se há ou não, eficácia no projeto aplicado em seu público-alvo na escola antecessora. GRÁFICO 07: Dados referentes ao ano de 2013. – Santa Teresa FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. Admiravelmente a escola Santa Tereza consta apenas em suas atas, 1 só caso de indisciplina e 1 caso de ato violento em todo ano de 2013. Este gráfico vem 0% 50% 50% 0% 2013 Suspeita de uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 82 nos revelar que, melhores resultados preventivos são aqueles encontrados quando se intervém nas condições de ensino com ações precoces e duradouras. Os alunos que chegam ao Ensino Médio, trabalhado a prevenção às drogas e consequências, na sua origem, refletem para a escola receptora algo aliviante, minimizador de problemas, reafirmando assim, a crença que a escola é local essencial para a prevenção. Santos (1997, p.84-85) compartilha esse pensamento quando frisa que, “prevenção na escola significa estar atento ao jovem, abrir um canal de comunicação, valorizá-lo como ser humano, procurando um espaço para que ele aprenda a se valorizar”, mostrando que os Agentes Multiplicadores foram de fundamental importância nesse processo transitório. GRÁFICO 08: Dados referentes ao ano de 2014. – Santa Teresa FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. Mais uma vez em sua relação de ocorrências, são informadas em seus registros, novamente apenas 1 caso de indisciplina e 1 de ato violento em todo ano de 2014. O Ensino Fundamental e Médio englobam a fase da adolescência, etapa de transição entre a infância e a idade adulta, na qual os indivíduos incorporam padrões de referência aos seus comportamentos, os quais servirão de base para a definição das suas personalidades (OLIVEIRA, SANCHEZ, 2001). Por isso, se justifica o bom 0% 50% 50% 0% 2014 Suspeita de uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 83 resultado comportamental dos alunos desta escola, conforme gráfico acima, onde tiveram uma boa base inicial e hoje colhem seus frutos positivos. GRÁFICO 09: Dados referentes ao ano de 2015. – Santa Teresa FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. A escola de Ensino Médio Santa Teresa, traz consigo, uma ótima administração escolar, com base em seus gráficos, a escola ganha mais uma vez destaque também no ano de 2015, pois não houve até o momento, conforme dados repassados na pesquisa, problemas de nenhuma natureza apresentadas em seus registros, consequentemente em seu gráfico. Mais uma vez, relembrando, que temos que levar em consideração que a pesquisa no ano de 2015, foi feita ainda em meados do primeiro semestre letivo e suas aulas tiveram início no mês de fevereiro. Obtendo assim, uma tranquilidade moderada, bom andamento das atividades escolares, resultados satisfatórios na aplicabilidade dos conteúdos didáticos, em fim, conforme a Diretora, a sensação de paz resulta no crescimento do aluno como peça fundamental no desenvolvimento educacional e social. É bom enfatizarmos que para obter excelentes resultados, como o do gráfico acima, Silva (2014) compartilha dizendo que a prevenção deve ser praticada por pessoas preparadas, pois uma intervenção mal feita poderá trazer danos à comunidade e reduzir os benefícios. Complementa falando que o uso indevido de drogas, deve ser prevenido utilizando métodos e técnicas cientificamente adequadas 2015 Suspeita de uso de Drogas Indisciplina Violência Suspeita de Furto 0% 84 a cada público alvo, em cada situação e em determinado momento, igualmente ao aplicado através dos Agentes Multiplicadores da escola 18 de Dezembro. 5.1. ASPECTOS RELATIVOS ÀS RESPOSTAS OBTIDAS DA AMOSTRA FIGURA 05: Tabela de resultados: ESCOLA ANO NATUREZA DAS OCORRÊNCIAS Uso de Droga Violência Indisciplina Furto 18 de Dezembro 2013 04 01 01 - 2014 02 01 01 - 2015 01 01 01 - FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. FIGURA 06: Tabela de resultados: ESCOLA ANO NATUREZA DAS OCORRÊNCIAS Uso de Droga Violência Indisciplina Furto Avelino Feitosa 2013 07 05 50 03 2014 10 08 80 05 2015 10 05 60 02 FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. FIGURA 07: Tabela de resultados:Nacional de Informática na Educação PROPAJ – Projeto Ação Preventiva SENAD – Secretaria Nacional Antidrogas SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas SPA – Substâncias Psicoativas SNC – Sistema Nervoso Central SUS – Sistema único de Saúde. UNODC – Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes RESUMO O presente trabalho resulta da análise do grau de satisfação que o Projeto Ação Preventiva – PROJAP - vem proporcionando na escola 18 de dezembro na cidade de Altaneira, no Ceará. Pois sabemos que, em se tratando de prevenção ás drogas no contexto atual e através das políticas de combates vigentes, há muito a desejar, possibilitando o aumento gradativo do uso de substâncias psicoativas entre os jovens estudantes. É partindo dessa conjuntura que se fundamenta esta pesquisa de Mestrado, através das ações dos Agentes Multiplicadores do PROJAP, que atuam na área da prevenção nos mais diversos segmentos sociais, em especial na escola citada. Destaca-se a importância da ação preventiva no que se refere a temática, visando não apenas á informação por si própria, mas também, ás resoluções de problemas oriundos das drogas, transformadas em consciência crítica e tomadas de decisões positivas dentro da instituição escolar, entre os educandos. Este estudo enquadra-se no enfoque qualitativo e comparativo com outras escolas da mesma cidade e circunvizinhas, em que os dados coletados, estruturados e abertos puderam contribuir com a literatura consultada, descrevendo-se, assim, a partir desta perspectiva, o importante papel que o PROJAP desenvolve na escola 18 de Dezembro na “luta” contra as drogas. E que possibilita as escolas coparticipantes da pesquisa, a oportunidade de repensar, refletir e agir sobre as ações futuras diante dos resultados presentes. Palavras-Chave: Prevenção. Drogas. PROJAP. ABSTRACT This work results from the analysis of the degree of satisfaction that the Preventive Action Project - PROJAP - has been providing school December 18 in the city of Altaneira, Ceará. For we know that, when it comes to prevention on drugs in the current context and through the force of fighting policies, there is much to be desired, enabling the gradual increase in the use of psychoactive substances among young students. It is from this environment that builds this Master's research, through the actions of Multipliers of PROJAP agents, working in the area of prevention in various social segments, especially in the mentioned school. It highlights the importance of preventive action regarding the subject, aiming not only to information on its own, but also ace resolutions of problems arising from drugs, transformed into critical awareness and positive decisions taken within the school, between learners. This study is part of the qualitative approach and comparative with other schools in the same city and surrounding in which the structured and open data collected could contribute to the literature, describing thus, from this perspective, the important role that the PROJAP develops in school December 18 in the "struggle" against drugs. And that enables the schools partakers of the research, the opportunity to rethink, reflect and act on future actions on the present results. Key word: Prevention. Drugs. PROJAP. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................... 18 CAPÍTULO 1: DROGAS .......................................................................... 23 1.1. Uma visão geral sobre drogas ....................................................... 23 1.2. Políticas públicas sobre drogas no Brasil ...................................... 27 1.2.1 SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre drogas no Brasil ..................................................................................................... 28 1.2.2 Ações das Políticas Públicas ....................................................... 29 1.3. Razões pelas quais os jovens escolhem as drogas ...................... 32 CAPÍTULO 2: PREVENÇÃO ................................................................... 36 2.1. Prevenir ainda é o melhor caminho? ............................................. 36 2.2. Papel da escola na prevenção: Educar para não punir ................. 41 2.2.1. Atitude da escola frente à problemática das drogas .................... 44 2.2.2. Escola preventiva em ação e os níveis de prevenção ................. 45 2.2.3. Entidades e Escolas: práticas dos projetos preventivos sobre drogas no Brasil.. .................................................................................................... 51 CAPÍTULO 3: PROJAP ........................................................................... 54 3.1. Breve histórico do PROJAP ........................................................... 54 3.2. Agentes Multiplicadores PROJAP: Ser, Estar e Agir ...................... 56 CAPÍTULO 4: ASPECTO METODOLÓGICO .......................................... 59 4.1. Tipo de pesquisa ............................................................................ 59 4.1.1. Amostra ........................................................................................ 60 4.1.2. Instrumento .................................................................................. 60 4.1.3. Coleta de Dados ........................................................................... 60 4.1.4. Análises dos Dados Coletados..................................................... 61 4.2. Panorama das escolas participantes da pesquisa ......................... 62 4.3. Estruturação do PROJAP na escola 18 de Dezembro ................... 67 4.3.1. Agentes Multiplicadores na escola 18 de Dezembro .................... 73 5. RESULTADO DA PESQUISA ............................................................ 75 5.1. Aspectos relativos às respostas obtidas da amostra ....................... 84 6. CONCIDERAÇÔES FINAIS ................................................................ 86 7. REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 88 8. APÊNDICE A ...................................................................................... 92 9. APÊNDICE B ...................................................................................... 94 10.ANEXOS ............................................................................................. 90 18 INTRODUÇÃO Nos últimos vinte anos, o consumo de drogas vem aumentando notoriamente no Brasil. É muito importante observarmos que o uso de drogas está associado a um número muito elevado de problemas, principalmente o da violência. O crescente aumento do uso de substâncias psicotrópicas demonstra claramente que os mecanismos usados no combate a esse fenômeno, não têm surtido os efeitos esperados. Há registros, segundo Guimarães (2007), de um aviltamento no consumo de drogas entre os jovens do ensino fundamental e médio da rede pública, o que corrobora com a ideia de que a prevenção pode ser mais eficaz que a repressão, que prevenir é melhor que remediar. Dentro dessa linha de pensamento nada melhor que a instituição escolar para dar esse suporte, pois a escola tem o papel fundamental na educação das pessoas. É a responsável por construir o conhecimento de forma sistematizada, levando os indivíduos a desenvolverem habilidades que lhes serão úteis para atuarem em sociedade. A escola destaca-se como um local de ensinamentos, de estudos, instruções e saberes. É para a escola que cada ser humano traz consigo a vontade de crescer, e com isso adquire competências, capacidades e habilidades, as quais lhes consentirão realizar-se como pessoa, um verdadeiro cidadão. A ideia de um trabalho preventivo através da escola parte de uma necessidade coletivaESCOLA ANO NATUREZA DAS OCORRÊNCIAS Uso de Droga Violência Indisciplina Furto Santa Teresa 2013 - 01 01 - 2014 - 01 01 - 2015 - - - - FONTE: Elaboração a partir de dados da pesquisa. 85 Com base na amostra acima foram pesquisadas três escolas públicas compostas de dados de três diferentes anos, 2013, 2014 e 2015. A escola referência, 18 de dezembro apresenta, índice decrescente das ocorrências apresentadas, compreendendo assim, que os trabalhos realizados pelos Agentes Multiplicadores estão dando resultados gradativos e satisfatórios desde seu início em 2013, contribuindo significativamente para obtenção de bons resultados no desenvolvimento escolar e humano, confirmando sua colaboração benéfica em longo prazo. É visível a diminuição dos fatores problemáticos a cada ano conforme tabela acima, entretanto, vale ressaltarmos que é preciso dar continuidade a essa queda positiva, faz-se necessário a intensificação e permanência efetiva dessa prevenção, na procura objetiva dos resultados desejados de uma escola ordeira e saudável. A escola Avelino Feitosa sem sombra de dúvida, encontra-se em um estado preocupante em todos os tempos analisados, pois seus índices de problemas examinados são altíssimos e necessitam de intervenções urgentes de trabalhos preventivos e repressivos em todos os seus níveis, primário, secundário e terciário. Porém, em comparação com a escola anterior, que tem também a mesma finalidade educativa de ensino fundamental, demonstra a diferença das realidades, necessitando a escola Avelino Feitosa de projetos preventivos em consonância ao PROJAP de efeito continuo e permanência, possibilitando a tentativa de frear e/ou diminuir as inquietantes respostas apresentadas no presente trabalho. A escola Santa Teresa está em um patamar bem confortável diante da realidade da amostra, pois tem o privilégio de receber logo após a conclusão do ensino fundamental os estudantes, bem como os agentes da escola 18 de Dezembro, consequentemente, eles são transferidos para as séries do ensino médio já lapidados e conscientes da realidade vivida na escola anterior, onde foram trabalhados todos os aspectos envolventes no que se refere a uma escola preventiva e ativa dos conceitos de dignidade da pessoa humana. Confirmando assim, os dados registrados na figura 07 os quais se referem à escola Santa Teresa, que tem o cuidado de conduzir esses jovens pelo caminho do saber, dando-lhes suportes necessários para que não procurem alternativas negativas, tentando permanecê-los no caminho longe das drogas e da violência. 86 6 CONSCIDERAÇÕES FINAIS É possível concluir a eficácia da educação em todo o qualquer processo. Apesar de ser difícil pensar ou se chegar a uma sociedade perfeita, a educação como meio de prevenção se mostra extremamente eficaz, apesar de que o fator subjetivo do ser humano sempre influenciará também. Conforme os resultados encontrados nesse estudo, demonstram a importância de pensar mais sobre o assunto e seus benefícios educacionais, pessoais e sociais, apesar das campanhas existentes e projetos espalhados em todo mundo. As diferenças encontradas entre as escolas participantes se mostraram muito significativas, relacionadas entre a conduta de uma escola que tem o PROJAP em comparação com as que não têm. Ficando mais que confirmado sua excelente colaboração para os anseios que a escola 18 de Dezembro necessitava. Os dados obtidos da pesquisa foram claros em apresentar que há uma enorme diferença em ter Agentes Multiplicadores em suas instituições, pois a escola, pela participação ativa na vida da criança e do adolescente e por ser nela onde os jovens criam grupos e amizades, devem auxiliar os mesmos na formação de opiniões e desenvolvimento pessoal de cada um, os apoiando e os orientando para a formação do cidadão consciente, baseada na procura de uma escola modelo sem mazelas advindas das consequências das drogas dentro da escola e em seu redor. Também fica a sugestão, pela acessibilidade da amostra de forma geral, pelo apoio recebido pelas escolas, para a realização da pesquisa. De frisarem mais e acreditarem nos bons programas e projetos preventivos oferecidos no meio escolar, advindas das inúmeras áreas sociais, e que abracem as iniciativas que tenha o propósito de ajudar no processo educativo do seu alunado, fortalecendo as ações por meio de parcerias com organizações não governamentais e outras entidades que atuam na região da escola, pois sozinhos não conseguimos fazer prevenção às drogas, procurem sempre estar em rede de proteção com professores, pais, comunidades, polícia, conselhos, justiça e outras entidades de diferentes extensões. Outra reflexão importante é que outras escolas tomem conhecimento dos resultados que o PROJAP vem proporcionando, através do trabalho realizado por seus Agentes, que tem contribuído brilhantemente na escola e na comunidade Altaneirense, servindo de exemplo e modelo positivo as demais escolas, porque muitos programas que buscam alertar ou capacitar pessoas sobre este tema estão 87 fadados ou fracassaram em razão de serem elaborados sobre os pressupostos de que, se os jovens conhecessem o perigo eles fugiriam deles, mas pelo contrario eles gostam de desafiar o perigo e correr riscos, e evidentemente, acham que nenhum mal lhes acontecerá. Vale ressaltar também, como sugestão, um ponto primordial para o bom andamento do PROJAP, que é a necessidade de os instrutores do curso de Agentes Multiplicadores terem, dentro de suas metas de instrução, um acompanhamento pós-curso, para verificação das ações previstas de todo conteúdo programático exposto durante o curso, verificando no mínimo uma vez por ano se estão colocando em prática o que aprenderam e se precisam de ajustes nas formas de abordagens no enfrentamento aos problemas. Outro aspecto a ser enfatizado é a natureza descentralizadora do projeto, que permite aos estados, municípios e escolas terem flexibilidade para adequá-lo às realidades e necessidades locais, sempre orientados pelos mesmos princípios, conceitos éticos e metodológicos. O caminho para um programa ser bem sucedido está na forma de preparar e apresentar a informação contra o mal do século que são as drogas, escolas devem expor com mais clareza e objetividade, facilitando estes assuntos aos seus alunos, assim como está fazendo com a escola 18 de dezembro, envolvendo sua classe discente aos temas e campanhas como multiplicadores da informação aos demais jovens, alcançando um maior resultado e confiabilidade entre seus pares, investindo sempre na construção de valores para ser um bom cidadão e para a vida. 88 REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, Miriam; RUA, Maria das Graças. Violências nas escolas. Brasil: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, UNAIDS, Banco Mundial, USAID, Fundação Ford, CONSED, UNDIME, 2002. _________. Abrindo espaços Bahia: avaliação do programa. Brasília: UNESCO, Observatório de Violências nas Escolas, Universidade Católica de Brasília, Unirio, 2003. Disponível em: AQUINO, J. G.(org). Drogas na escola: Alternativas teóricas e práticas. 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Identificação: Escola: Localizada: CNPJ: ANO REFERENTE Total de alunos: Nº ESPECIFICAÇÃO Nº DE OCORRENCIAS 01 02 03 04 05 COMENTÁRIOS ________________, ____DE _________ DE 2015. 93 APÊNDICE B Símbolo. 94 ANEXO 01 REDAÇÃO DE CONCLUSÃO DO CURSO Nome do Agente: ____________________________________________ Escola: ___________________________________________________ Instrutor (es):____________________ Município:___________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ 95 ANEXO 02 FICHA DO AGENTE MULTIPLICADOR PROJAP CONTRA AS DROGAS E A FAVOR DA VIDA Nome: _________________________________________________________ Data de nascimento: ____/ ____/ _____. Fone:____________________ Endereço: ______________________________________________________ Bairro: _____________________ Cidade:___________________ Escola:_________________________________________________________ Ano de conclusão do curso: ___________________ Você já tinha recebido algum conhecimento com relação à prevenção ao uso indevido de drogas? SIM NÃO Você gostou das aulas? SIM NÃO Dê sua opinião sobre a importância desse curso na sua vida. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________ Ass. do Agente Multiplicador:_______________________________________ FOTO 3X4 96 ANEXO 03 Cidade de Altaneira – CE 97 ANEXO 04 Formaturas dos Agentes Multiplicadores. 98 ANEXO 05 Modelo de certificado PROJAP 99 ANEXO 06 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezada Diretora da escola:_________________________________ Como parte da dissertação do Mestrado em Ciências da Educação, Eu, _____________________________________, CPF _______________, Mestrando pela UNISABER Faculdade, estou finalizando este trabalho científico com uma pesquisa sobre o grau de colaboração do Projeto Ação Preventiva – PROJAP, tendo como objetivo a sistematização das atividades de prevenção ao uso de drogas desenvolvidas na escola municipal 18 de Dezembro, com o propósito de demonstrar a contribuição que o PROJAP vem desempenhado para aquela realidade local. Bem como apresentar um quadro comparativo entre aquelas escolas que não tiveram a oportunidade de participar do curso. Para isso, está sendo desenvolvido um estudo que consta na aplicação de um questionário direcionado a diretora sobre as ocorrências escolares no tocante a problemas envolvidos por alunos decorrentes do uso indevido de drogas e suas consequências no âmbito escolar. Serão analisados os dados repassados e transformados em resultado comparativo, para fins da pesquisa, e estes poderão ser apresentados em eventos de natureza cientifica e/ou publicados. O procedimento não apresentará nenhum constrangimento para alunos ou profissionais da escola, pois não existirão identificações pessoais. Apenas as ocorrências e sua natureza a partir do ano de 2013 aos dias de hoje. O questionário é composto de perguntas abertas, conforme descritas a seguir: A quantidade de ocorrências referente ao número de ocorrência realizado durante ano de 2013 a 2015, no tocante a problemática do uso e/ou abuso de drogas, e atos indisciplinares acontecidas nesta referida escola. Diante mão solicito a permissão para que seja utilizado o nome da escola na pesquisa, além de fotos da fachada da mesma para esboçar a autenticidade da escola. 100 Saliento que sua participação nessa pesquisa é voluntária e: a) Tem a liberdade de recusar-se a autorizar a participação dos alunos nesta pesquisa ou de retirar o consentimento em qualquer fase da mesma, sem penalização ou sem prejuízo à vida acadêmica dos alunos; b) Não terá nenhum ônus financeiro ou acadêmico; c) Não receberá nenhum beneficio financeiro ou acadêmico. Agradeço a colaboração e me coloco à disposição para esclarecer qualquer dúvida que por ventura venha a surgir pelo telefone (88)_________________, e- mail: Caso autorize a participação da Escola nesta pesquisa, preencha e assine o Termo de Consentimento Pós-Esclarecido que se segue, recebendo uma cópia do mesmo. _________________________________________ Local e data _________________________________________ Assinatura da Diretora _________________________________________ Assinatura do Pesquisador 101 ANEXO 07 TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, Eu______________________________________________________, Diretora da Escola____________________________________________, portadora do Cadastro de Pessoa Física (CPF) número __________________________, declaro que, após leitura minuciosa do TCLE, tive a oportunidade de fazer perguntas e esclarecer dúvidas que foram devidamente explicadas pelo pesquisador. Ciente dos serviços, e não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firmo meu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO em autorizar voluntariamente a participação da escola na pesquisa sobre a atuação e colaboração do PROJAP na prevenção as drogas, assinando o presente documento em duas vias de igual teor e valor. _____________CE. ___/___/ 2015. _________________________________________________ Assinatura da Diretora da escola ou representante legal 102 ANEXO 08que serve tanto para instituição, quanto para a comunidade em si, que enfrenta conflitos diários e desleais das quais as drogas oferecem á juventude. O projeto que ora se apresenta tem o intuito de auxiliar as escolas na formação de alunos, na temática que o senso comum denominou como mal do século: as drogas. Para tanto, propomos inicialmente uma preparação preventiva dos jovens estudantes, público-alvo desse projeto, fornecendo informações e capacitando-os a realizar escolhas conscientes, pois como afirma Bucher (1992), a informação subsidia a reflexão crítica acerca do tema, possibilitando um diálogo aberto e confiável entre os sujeitos da prevenção sendo imprescindível se fornecer informação correta sobre drogas. Pensando assim, surgiu a concretização do Projeto Ação Preventiva - PROJAP, com o intuito de oferecer subsídios teóricos e práticos, voltados para o presente tema, o qual tem como um dos seus objetivos a concepção de uma grande 19 rede de proteção, capacitando Agentes Multiplicadores, no ambiente escolar, para que estes compartilhem o conhecimento adquirido com os estudantes, com a família, amigos e outras pessoas. Nesta preocupação o PROJAP nasce como um veículo de instrução e aprendizagem que oferece meios facilitadores de mediação dos conflitos existentes na escola, onde aqueles que participam recebem ensinamento e preparo para resolverem ou darem direcionamento aos problemas referidos às drogas na escola. A aplicabilidade acontece através de técnicas de ensino especializadas, gerenciadas por seus Instrutores, os quais atuam como facilitadores do conhecimento, ou seja, utiliza-se uma didática interativa e reflexiva para o envolvimento dos participantes do curso no processo preventivo. Nesse conjunto, o trabalho é desenvolvido através da explanação verbal, atividades de leitura e reflexão de textos, apresentação de vídeos, músicas, mágicas contextualizadas ao tema, jogos pedagógicos sobre vários temas e estudo de casos disponibilizados no material utilizado no programa ou relatados a partir da experiência dos próprios alunos. A prevenção às drogas tem melhores resultados se for continuada. Então nada melhor que capacitar os próprios alunos no intuito de eles repassarem aos demais estudantes, assim como também toda comunidade escolar, princípios de prevenção ao uso indevido de drogas. Fazendo com que todos vivenciem uma cultura de paz pela qual a sociedade tanto clama. Malheiros e Alves (2008), ao discorrerem sobre uma proposta pedagógica de prevenção ao uso indevido de drogas, mencionam a seriedade da inclusão do conhecimento científico sobre drogas no desenvolvimento dos professores, pois, por geralmente apresentarem uma formação incipiente, os trabalhos tendem a ser acríticos, abordando a questão das drogas com base em crenças pessoais, culminando, muitas vezes, em preconceitos, discriminações e discurso proibicionista, fundamentado em repressão e medo. Veremos alguns autores, que criticam as intervenções atuais no país que apresentam um viés apenas biológico, cujo foco principal é a descrição das drogas e seus efeitos danosos para o organismo, desconsiderando o contexto social, político, econômico, histórico, cultural, ético e religioso envolvido. Muitas vezes, com o pretexto de tratar as informações científicas sobre drogas, exageram nos efeitos, 20 fatos são distorcidos, dúvidas científicas são tratadas como verdades e certezas das ciências são escamoteadas. Por esta razão, a formação continuada é um extraordinário recurso que pode contribuir no processo de prevenção ao uso indevido de drogas, além de considerar as informações trazidas pelos alunos, a fim de confrontá-las com o saber sistemático. Com base nos orientadores desse trabalho, apresentaremos nos moldes metodológicos, se existem ou não subsídios aceitáveis e eficazes do PROJAP na escola que aderiu ao projeto, se seus resultados são ou não suficientemente satisfatórios para permanência do projeto. A pesquisa como o PROJAP vem contribuindo na educação preventiva na escola 18 de dezembro em Altaneira-CE, segue o método indutivo, por leitura de autores diversos que permitirão análises e reflexões críticas no tocante tema. Assim como imprescindivelmente o uso do método científico e processamento das informações obtidas por meio da pesquisa qualitativa e comparativa, realizada em escolas daquela cidade e circunscrição. Entretanto, o estudo sistemático de diferentes obras, tais como livros, jornais, revistas e materiais disponibilizados na internet proporcionará a fundamentação teórica e científica que dará suporte a toda argumentação desenvolvida no trabalho. Segundo Gil (2002), “a pesquisa participante, assim como a pesquisa ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisador e membros das situações investigadas”, ou seja, o envolvimento legítimo entre o pesquisador e o objeto a ser pesquisado. Toma-se também como referência teórica neste trabalho uma abordagem educacional emancipatória, considerada potente para formar sujeitos com capacidade crítica, habilitados a propor mudanças, capazes de refletir sobre suas escolhas e não resignados a aceitar, como único caminho, aquele do prejuízo relacionado ao consumo de drogas (Soares, 1997). Contudo, o trabalho será desenvolvido também por meio de pesquisa de campo que alimentará a argumentação questionada, proporcionando a concretização de um novo olhar sobre o trabalho preventivo no combate as drogas naquela escola através de seus Agentes Multiplicadores. Por fim, é bom compreendermos que a prevenção deve ser um grande processo de reflexão sobre a vida, os valores, os comportamentos e os projetos dos 21 alunos. Essas atividades não seriam semelhantes a que eles estariam acostumados a verem em salas de aulas, pois não é interessante para eles, não os atrairia para novas atividades, para este novo ciclo de vida. Dividir conhecimento com esses jovens na escola 18 de Dezembro nos acalenta tranquilidade de espírito e esperança de um futuro melhor, pois a importância da atuação desses agentes no meio social, uma vez que eles tornam-se transformadores de seu próprio meio, resultante consequentemente, de uma cultura harmoniosa, colaborando para consolidação de uma coletividade mais justa e fraterna, passando a adotar a prevenção como forma de manter uma vida saudável. A presente dissertação foi dividida em capítulos, facilitando o entendimento perante das ações e objetivos, desenvolvimento do PROJAP em questão. O capítulo inicial apresenta uma visão geral sobre as drogas, desde suas origens históricas até os dias atuais, assim como o uso e suas consequências do consumo em nosso meio. Em sequência, quais políticas públicas são adotadas em nosso país a respeito deste assunto, e finalizando o capítulo, compreenderemos as razões pelas quais os jovens consomem as drogas. No segundo capítulo é enfatizada em especial a prevenção. O porquê de prevenir, quais os caminhos legais vigentes, o quanto a prevenção é importante e eficaz na resistência ao uso de drogas, bem como os níveis de prevenção existentes. E somando a este papel, veremos a função da escola na prevenção, analisando seus conceitos e atitudes frente à problemática das drogas. Posteriormente, o terceiro capítulo é caracterizado por um breve histórico do PROJAP, sua criação e desenvoltura na aplicabilidade estrutural. Conta também com as diretrizes do Agente Multiplicador em seu campo de ação. O quarto capítulo apresenta o universo da qual este trabalho tem admirável valor, é onde o entendimento e a informação do projeto de prevenção exposto na temática faz maior sentido. Encontraremos a metodologia utilizada, especificando o tipo de pesquisa realizado, como também, a estruturação do Projeto Ação Preventiva na escola 18 de Dezembro e seus Agentes Multiplicadores, breve contextualizaçãoda escola-alvo e as demais escolas participantes da pesquisa no Estado do Ceará. O que conteúdo exposto neste trabalho teve como Problemática e Objetivo (geral e específicos) anteriormente comentada na introdução, os seguintes aspectos: 22 Problema da pesquisa: A prevenção ao uso de drogas nas escolas, através dos Agentes Multiplicadores, pode ser uma das alternativas positivas para o combate às drogas no Brasil? Objetivos: Geral: Analisar as atividades de prevenção ao uso de drogas desenvolvidas na escola municipal 18 de Dezembro, com o propósito de demonstrar a contribuição que o Projeto Ação Preventiva - PROJAP vem desempenhado para aquela realidade local. Específicos: Compreender a relevância da prevenção ao uso de drogas, já que seus efeitos atinge toda a estrutura social, familiar e escolar; Descrever os motivos pelos quais os jovens procuram as drogas na tentativa de mapear alternativas para evitar o primeiro contato; Identificar a escola como espaço favorável e capaz de contribuir com a formação transdisciplinar de toda classe discente através dos Agentes Multiplicadores. Apresentar as estratégias aplicadas no curso de ação preventiva, assim como, os resultados das coletas de dados entre as escolas que têm os seus Agentes em ação e as que não têm relação com este fim preventivo, em um grau comparativo entre elas. Por fim, são apresentados os resultados conclusivos da pesquisa e todas as informações e gráficos necessários para se chegar aos resultados propostos. Fechando o trabalho, com as considerações finais, onde encontraremos as recomendações das ações finais sobre o exposto. 23 CAPÍTULO 1 - DROGAS “Não preciso me drogar para ser um gênio; Não preciso ser um gênio para ser humano; Mas preciso do seu sorriso para ser feliz.” Charles Chaplin 1.1 UMA VISÃO GERAL SOBRE AS DROGAS: Apresentamos, neste capítulo inicial, uma visão geral e abrangente sobre drogas, logo após, analisamos as consequências do consumo dessas substâncias psicoativas historicamente entre a Humanidade. Seguindo este viés observaremos quais políticas publicas são adotadas no país a respeito deste assunto e, entretanto entenderemos um pouco das razões pelas quais os jovens consomem as drogas. Será comida dos deuses ou pasto do diabo? Bálsamo da vida ou pura toxina mortal? Fica uma incógnita sobre a resposta certa ou absoluta, pois o assunto é complexo e requer o aval de várias áreas, médicas, psicológicas, históricas, econômicas, culturais. As drogas se tornaram definitivamente o mal do século, que contaminam e envolvem toda a sociedade e principalmente atinge o que há de mais bem precioso nela, sua juventude. A palavra droga, em linhas gerais, pode ser interpretada como qualquer substância não produzida pelo organismo que exerça alterações no funcionamento do corpo e da mente. Dentre as tantas definições de drogas, destacam-se algumas, como a expressa por Seibel e Toscano Jr. (2001) que atribuem ao termo uma etimologia controversa e sugerem que ele pode ter vindo do persa droa (odor aromático). Os gregos e os romanos usavam o álcool em festividades sociais e religiosas (BUCHER, 1991). Contudo, elas são também chamadas de psicoativas ou psicotrópicas (derivam-se de origem grega, traduzida como aquilo que age sobre a mente) tem ação no sistema nervoso central modificando o funcionamento cerebral, induzindo estímulos de euforia, sonolência, apatia, bem como potencializando variações de humor, e alterações de percepção sobre a realidade (Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas). 24 A OMS – Organização Mundial de Saúde, em 1981, elaborou os seguintes conceitos: droga é qualquer entidade química ou mistura de entidades (mas outras que não aquelas necessárias à manutenção da saúde, como, por exemplo, água e oxigênio), que alteram a função biológica e possivelmente a sua estrutura. Drogas Psicoativas são aquelas que alteram comportamento, humor e cognição, agindo nos neurônios, preferencialmente, e afetando o Sistema Nervoso Central – SNC. Drogas Psicotrópicas são as que agem no SNC produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de autoadministração (uso não sancionado pela medicina). São drogas que levam à dependência. As drogas vêm historicamente acompanhando o desenvolvimento humano há muito tempo, adquirindo diferentes significados ao longo dos anos, transformando a cada dia a vida de seus usuários, a exemplo dos povos antigos que associado à integração social e ao bem comum local, usava substâncias psicoativas naturais em caráter ritualístico e espiritual (SENAD, 2014). Vale notar que ainda hoje o vinho é utilizado em cerimônias católicas e protestantes, bem como no judaísmo, no candomblé e outras práticas espirituais. Entretanto, com o passar dos tempos, com a industrialização e farmacologia as substâncias foram sendo modificadas e ampliadas, transformando seus princípios ativos na busca de medicamentos que diminuíssem sofrimentos físicos e transtornos psicológicos. Movimentos artístico-culturais, como o Hippie das décadas de 50 e 60, apresentam para o mundo a popularização do uso da droga. Num contexto histórico mundial de guerras, violências, ditaduras e censuras ideológicas que permeiam o séc. XX, a utilização de drogas, como maconha, LSD, cocaína e outros, traz para as pessoas um sentido de libertação. Protesto. De busca e transformação no sentido das coisas. O Woodstock é o evento que marca esse movimento. Nele “sexo, drogas e rock'n roll” se misturam a “Paz e Amor”. Nas últimas décadas, o uso de substâncias psicoativas legais e ilegais, teve consequências bastante negativas em nível individual e social, estando diretamente relacionado ao aumento da criminalidade, assim como também da violência. Seguindo este parâmetro, tem-se voltado ao aumento exponencial do consumo de drogas por parte da população jovem, representando um grave problema de saúde pública em uma escala mundial (BAUS, KUPEK e PIRES, 2002; CASTANHA e 25 ARAÚJO, 2006). Conforme a Organização Mundial da Saúde estima-se que quase dois terços das mortes prematuras e um terço da totalidade de doenças em adultos são associados a doenças ou comportamentos que começaram na sua juventude, como o abuso de drogas, principalmente o álcool e tabaco (OMS, 2006). Para alguns autores, o fenômeno do consumo de drogas se deve a fatores específicos e características do momento histórico em que se vive (GUIMARÃES et al., 2004; SCHENKER e MINAYO, 2005). Nesse sentido, sugere-se que a problemática atual referente ao uso indiscriminado de drogas possa ser considerada à luz do aparecimento da sociedade de consumo, que estimula o abuso, o exagero e o desequilíbrio. Sendo assim, compreende-se o uso de drogas mais como um sintoma do que como a causa de problemas em nossa sociedade (GUIMARÃES et al, 2004). De acordo com Santos (1997) é possível descrever quatro formas de consumo de substâncias psicoativas, quais sejam: experimentação (quando o uso é ocasional, por curiosidade ou para integrar-se a um grupo), uso de drogas (quando o consumo de drogas não expõe o indivíduo ou outras pessoas a situações de risco), abuso de drogas (quando o consumo provoca danos à saúde física, psíquica ou social, além da exposição a situações de risco) e, por fim, a dependência química (quando ocorre o uso compulsivo, com a priorização do uso em detrimento dos danos que causa e apresentando perdas pessoais, profissionais e sociais). Devemos também saber, que este mal afeta diferentes grupos sociais, independente de classe socioeconômica, idade, raça, etnia, sexo. Em fim, vem se espalhando sem fronteiras e a passos largos pelos diversos espaços geográficos. Em consequência, vêm afrontando os problemasde cunho social e de saúde pública, trazendo resultados negativos para a escola, família, trabalho, provocando o aumento da criminalidade. Estudos mostram que as drogas de forma indireta afetam a estrutura familiar (RIBEIRO, 2005; TIBA, 2007). Já o Brasil encontra-se em um patamar do qual não deve se orgulhar jamais. Segundo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), o país é o segundo maior mercado das Américas, com 870 mil usuários, atrás apenas dos Estados Unidos, com cerca de seis milhões de consumidores. Estes dados foram divulgados em 2005 (última pesquisa feita no Brasil sobre a quantidade de usuários de entorpecentes), e desta pesquisa para cá as coisas não mudaram muito, pois com base no relatório da mesma instituição (ONU) divulgado em Junho de 2012, o 26 número de usuários de cocaína e crack, por exemplo, vêm crescendo a cada dia no Brasil de forma bem acelerada. O relatório mundial sobre drogas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC, 2014) mostra que, mesmo sendo o consumo relativamente estável no mundo. Cerca de 243 milhões de pessoas, ou seja, 05% da população terrena existente, entre 15 e 64 anos, usaram drogas ilícitas em 2012. E que os usuários problemáticos somam por volta de 27 milhões, cerca de 0,6% da população adulta de todo o mundo. Segundo o chefe da UNODC, Yury Fedotov, há um sustentável controle de uso de drogas, sendo necessário um firme comprometimento internacional para este controle, com foco na prevenção, tratamento, reabilitação social e na integração. "Isso é particularmente importante na medida em que estamos nos aproximando da Sessão Especial da Assembleia Geral da ONU sobre o problema das drogas em 2016", diz Fedotov. FIGURA 01 - Dados relativos à atual pesquisa sobre consumo as drogas no mundo de 2014. DADOS DO RELATÓRIO MUNDIAL SOBRE DROGAS Total de usuários de drogas Em média, cerca de 243 milhões de pessoas no mundo usa drogas ilícitas. Usuários ''problemáticos'' São em média 27 milhões (dependentes ou que têm distúrbios ligados à droga) Mortes por abuso Cerca de 200 mil pessoas morreram em 2012 devido às drogas. Substâncias psicoativas O número de novas drogas dobrou entre 2009 e 2013. Fonte: ONU (2014). O álcool e o tabaco, por serem “lícitas”, são os maiores vilões entre as drogas. No entanto, o Brasil registra altos índices de usuários em todas as drogas “ilícitas” como maconha, cocaína, ecstasy, crack e outras. Na atualidade, o crack, por exemplo, tem se tornado a droga mais destruidora de vidas e famílias. De 27 dependência bastante rápida, transforma o ser humano em verdadeiro “mortos vivos”, atingindo todas as classes sociais e centros urbanos sem distinções, chegando até em locais de difíceis acessos como em zona rurais e florestais. Ainda contextualizando o consumo de drogas pela população, Santos (1997) afirma que as drogas ilícitas atingem 0,5% dos brasileiros, sendo o uso de crack e merla considerados como os mais preocupantes. O pior dado foi levantado pelo psiquiatra Pablo Roig durante o lançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Crack. Segundo o psiquiatra – baseado nos dados do IBGE – mais de 1,2 milhão de pessoas são usuárias de crack no Brasil, e a idade média para início do uso da droga é 13 anos. É um desejo utópico demais, querer uma sociedade livre do consumo de drogas, mas Santos (1997) acredita que é possível lutar por um consumo reduzido de drogas através do investimento da Humanidade na evolução dos aspectos político-social, educacional e espiritual. O sentido é efetivar ações que devem visar à promoção da saúde, à qualidade de vida e ao bem-estar. 1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS NO BRASIL Não podemos adentrar nos sistemas ou formas de prevenção sem antes relatarmos as principais políticas públicas das quais são tratadas em nosso país no tocante ao combate ás drogas. Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais. Sabemos que é difícil e ao mesmo tempo um desafio constante essa integração das políticas públicas existentes em torno de um objetivo comum. 28 1.2.1 SISNAD - Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas Assim expõe o Art. 1º da Lei 11.343/06: Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. O SISNAD - Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -, criado pela Lei 11.343/2006, foi regulamentado pelo Decreto nº 5.912/0636. Referido Sistema foi criado para cumprir metas e estratégias que estão elencadas em sua lei instituidora, mais precisamente no Art. 3º, onde enfatiza que o mesmo tem a finalidade de "articular, organizar, integrar, e coordenar as atividades relacionadas com a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas e a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas”. Os órgãos integrantes do SISNAD são: I- Conselho Nacional Antidrogas – CONAD -, órgão normativo e de deliberação coletiva do sistema, vinculado ao Ministério da Justiça. Nos termos do artigo 4º do Decreto nº 5912/06, ao CONAD, na qualidade de órgão superior do SISNAD, compete: Art. 4º-Compete ao CONAD, na qualidade de órgão superior do SISNAD: I- acompanhar e atualizar a política nacional sobre drogas, consolidada pelo SENAD; II- exercer orientação normativa sobre as atividades previstas no art. 1º; III- acompanhar e avaliar a gestão dos recursos do Fundo Nacional Antidrogas - FUNAD e o desempenho dos planos e programas da política nacional sobre drogas; IV - propor alterações em seu Regimento Interno; e V- promover a integração ao SISNAD dos órgãos e entidades congêneres dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. II- Secretaria Nacional Antidrogas; A Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD -, é ligado ao Ministério da Justiça e além de outras atribuições, acompanha atividades que visem à prevenção do uso de drogas; organiza metas e planos de estratégias para conseguir cumprir e acompanhar a Política Nacional Antidrogas; é também responsável em gerir o Fundo 29 Nacional Antidrogas - FUNAD e fiscalizar o que é feito com a verba desse fundo que é transferida para órgãos que são conveniados. III- Conjunto de órgãos e entidades públicos, do Poder Executivo Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante ajustes específicos, que exerçam atividades destinadas à prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e à repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas; IV- as organizações, instituições ou entidades da sociedade civil que atuam nas áreas de atenção à saúde e da assistência social e atendam usuários ou dependentes de drogas e respectivos familiares, mediante ajustes específicos. 1.2.2 AÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Entende-se como um conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas. É o conjunto de ações desencadeadas pelo Estado brasileiro em níveisfederal, estadual e municipal, com vistas ao bem coletivo, como afirma Souza (2006, p. 26): “Pode-se, então, resumir política pública como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real”. Resumidamente ela define o que é política pública, pois dentro dos estados modernos, as políticas públicas se abjuram em uma ferramenta primordial na organização da sociedade, pois codificam normas e valores sociais e influenciam a modelos e conduta das pessoas. Por tais razões, as políticas públicas são extraordinários processos na edificação da sociedade e têm importantes implicações culturais, legais, morais e econômicas. Contudo, elas adquirem uma missão alegórica à medida que buscam resolver elementos distintos. Fala-se de políticas públicas quando se refere, por exemplo, à 30 política da educação de um país, à proteção ambiental, à defesa nacional, ou à eficácia na promoção de um programa de capacitação. Podemos destacar a orientações relevantes da Política Nacional Antidrogas – PNAD -, da Política do Ministério da Saúde, do Sistema Único de Saúde – SUS -, que têm avançado significativamente ao longo dos anos na questão da prevenção e promoção da saúde do usuário de drogas e das principais orientações nessa área. Dentre as Políticas Públicas que estabelecem preocupações voltadas às ações dos adolescentes, o Estatuto da Criança e do Adolescente, é a diretriz fundamental, e deve ser respeitado em qualquer projeto de atenção a esse público. O texto da lei aborda o encaminhamento de adolescentes usuários de drogas para tratamento como uma medida específica de proteção, estabelecendo seu direito e prioridade em receber atendimento. Baseado no artigo 101 do ECA, toda criança ou adolescente nessa situação deve receber orientação, apoio e acompanhamento temporários; requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial, ou inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos. Lei nº 8.069/90: Art. 101. A autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Essas medidas também são aplicáveis aos pais ou responsáveis e são atribuições do Conselho Tutelar. Existem também as Políticas Públicas referidas às atenções específicas aos problemas pautados no uso de álcool e outras drogas, a Política de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e Outras Drogas (Brasil, 2004) que segue a diretriz mais importante na área da saúde pública. Essa política segue os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Suas basilares orientações visam: consignar e 31 fortalecer um trabalho em rede, proporcionando uma atenção integral, nos moldes da intersetorialidade; garantindo acesso facilitado aos serviços; participação do usuário no tratamento; e a criação de serviços de atenção diária como alternativa aos hospitais psiquiátricos - os Centros de Apoio Psicossociais - (CAPS). (BRASIL, 2004, p.24): Os CAPS desenvolvem uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros) até atendimentos em grupo ou oficinas terapêuticas e visitas domiciliares. Também devem oferecer condições para o repouso, bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem desse tipo de cuidados e que não demandem por atenção clínica hospitalar. Os CAPS apresentam atendimento periódico a pacientes que fazem um uso nocivo de álcool e outras drogas. No Brasil, esse atendimento proporciona aos usuários o planejamento terapêutico para ocorrer a evolução na prevenção ou no tratamento. Aborda questões importantes sobre como atuar na prevenção, para tanto ele define prevenção como um processo de planejamento, implantação e implementação de múltiplas estratégias voltadas para a redução dos fatores de risco específicos e fortalecimento dos fatores de proteção. Desse modo, conclui-se que prevenir é impedir o uso de substâncias psicoativas pela primeira vez e minimizar as consequências do uso. (BRASIL, 2004, p.24): As estratégias de prevenção devem contemplar a utilização combinada dos seguintes elementos: fornecimento de informações sobre os danos do álcool e outras drogas, alternativas para lazer e atividades livres de drogas; devem também facilitar a identificação de problemas pessoais e o acesso ao suporte para tais problemas. Devem buscar principalmente o fortalecimento de vínculos afetivos, o estreitamento de laços sociais e a melhora da autoestima das pessoas. A Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD -, também é outro órgão governamental responsável pelas diretrizes relativas ao controle do impacto das drogas na sociedade brasileira. Ela atua na redução das ofertas e da demanda de drogas no país e é responsável pela Política Nacional Sobre Drogas (Brasil, 2005). Suas principais diretrizes baseiam-se: em distinguir o direito de toda pessoa ao recebimento do tratamento drogadicional; em reconhecer as diferenças entre o usuário e a pessoa em uso indevido, o dependente e o traficante; em tentar atingir o ideal de construção de uma sociedade protegida do uso de drogas; em priorizar ações preventivas; em impulsionar ações integradas aos setores de educação, 32 saúde e segurança pública e em gerar ações de redução de danos, entre outras orientações. 1.3 RAZÕES PELAS QUAIS OS JOVENS ESCOLHEM USAR AS DROGAS O uso de drogas como vimos inicialmente além de um fenômeno evolutivo, traz consigo sérias complicações. De acordo com Seibel e Toscano Jr. (2001) apesar de se reconhecer que o uso das drogas é um problema social e de saúde pública, o emprego da epidemiologia como instrumento de detecção e avaliação do consumo de substâncias psicoativas (SPA) nas sociedades modernas é relativamente recente. Conforme Andrade (2001, p.76), observa-se que as drogas, em característica geral, podem aumentar ou diminuir a atividade mental e produzir distorções no indivíduo, variando por usuário e por droga. Tudo depende de quem a usa e da maneira como ela é consumida. As drogas estimulam a atividade física, causando insônia e diminuição do cansaço e da fome, promovem sensações estimulantes, aliviam as tensões, relaxam os músculos, causam movimentos involuntários, asfixia, perda da capacidade crítica, visão dupla, náusea, confusão mental, alucinações, delírios, taquicardia, alterações dos sentidos, entre outros. O uso contínuo pode levar à morte, a exemplo da maconha, considerada uma droga leve ou inofensiva por alguns, mas que pode causar danos irreversíveis. Por exemplo, prejudica sua memória e habilidade de processar informações complexas, irrita seu sistema respiratório, pela constante presença da fumaça em seus pulmões, aumenta suas possibilidades de desenvolver câncer de pulmão, uma vez que a maconha tem o teor de alcatrão maior que os cigarros de tabaco. Muitos jovens têm dificuldade para reconhecer que o uso das drogaspode ser danoso, talvez sendo pelo mesmo motivo que muitos adultos os quais consomem bebidas alcoólicas tenham dificuldade para admitir que o álcool possa se tornar um hábito nocivo. Em grande parte, isso se deve ao fato de que a maioria dos consumidores de drogas, legais ou ilegais, conhece muitos usuários ocasionais, mas poucas pessoas que se tornam dependentes ou tiveram problemas com o uso de drogas. Por outro lado, o prazer momentâneo obtido com a droga e a imaturidade não favorecem maiores preocupações com os riscos. Se um jovem quiser experimentar drogas, vai sempre encontrar alguém que pode oferecê-las. 33 Segundo Cavalcante (1998, p.34): (...) ainda que pudéssemos contar com todos os esforços policiais disponíveis, seria muito difícil o controle absoluto da produção clandestina quanto da entrada de drogas ilegais em um país. Medidas para reduzir a oferta podem ser postas em prática, mas nunca termos uma sociedade sem drogas. É certo que em situações onde o acesso às drogas e muito fácil, existe também uma tendência ao consumo descontrolado. Os motivos que levam alguns jovens a se utilizarem de drogas variam muito. Cada pessoa tem necessidades, impulsos ou desígnios diferentes que as fazem agir de uma forma ou de outra e a fazer escolhas diferentes. Se confeccionássemos uma lista, de acordo com o que os especialistas relatam sobre esse assunto, observaríamos que as razões são muitas e que nossa lista ainda ficaria incompleta: curiosidade; para esquecer problemas, frustrações ou insatisfações; para fugir do tédio; para escapar da timidez e da insegurança; por acreditar que certas drogas aumentam a criatividade, a sensibilidade e a potência sexual; insatisfação com a qualidade de vida; busca do prazer; desejo de correr riscos; necessidade de experimentar emoções novas e diferentes; ser do contra; procura pelo sobrenatural; porque não vê nenhuma perspectiva para o seu futuro. Para Sanchez et al (2005) os fatores para uso de drogas, são os aspectos sócio demográficos, estado civil, trabalho, religião, família, localidade onde vive, classe social, se são sujeitos às condições impostas pelo tráfico, pais usuários de drogas, relacionamento com o pai ou mãe, grupo de jovens, religiosidade, atividade física (TAVARES et al, 2004). Silva e Matos (2004) acrescentam à lista com parâmetros parecidos, falta de empatia, as pressões exercidas pelo grupo, acesso às drogas, baixa autoestima, agressividade doméstica, situação econômica político-cultural, normas, genética, personalidade, exclusão social, mau desempenho escolar, entre outros como fatores de risco ao uso e abuso de drogas. Segundo Cavalcante (1998), fatores como a dificuldade de ser inserido no mercado de trabalho, a inadequação do sistema educacional e a falta de opções de lazer, encontram-se entre aquelas situações de risco que mobilizariam os jovens para o uso e a busca do prazer através das substâncias químicas. Cada grupo social, cada pessoa, tem em sua cultura, padrões de comportamento como de acordo as diferentes formas de estímulos, produzidos em seu meio ou fora dele, por exemplo, em nosso país, com tantas manifestações culturais, não podemos pensar, Natal e Semana Santa sem vinho, revellion sem 34 champanhe, carnaval sem cerveja e assim sucessivamente. Isso faz parte da cultura brasileira. Torna-se meio contraditório tentar combater o que na maioria das vezes é incentivado pelo grupo social, pela mídia, pela cultura comunitária e até mesmo pela desestruturação familiar etc. Mesmo assim, o uso das drogas é marcado pela contradição do que é legitimo ou proibido. A mídia acompanha e dá ênfase a essas contradições. A população recebe, através dos meios de comunicação, muitas informações sobre a violência relacionada ao tráfico e uso de drogas, porém, por outro lado, esta população tem sido estimulada ao consumo de bebidas alcoólicas em comerciais televisivos. OLIVEIRA, Pedro Ribeiro (2001, p.12-13), assegura que: O nosso mundo está uma droga. A nossa sociedade é uma sociedade drogada. Somos todos vítimas dessas drogas. Que droga? Essa substância que nós ingerimos para nos dar prazer, tirar dor, fazer sair do mundo, fazer viajar. Buscamos isto na maconha, álcool, cocaína, crack, heroína, cola de sapateiro, cogumelo, tantas drogas que estão aí, as drogas que compramos na farmácia para ajudar a dormir, para ajudar a não dormir etc. São drogas que estão dentro da nossa sociedade. E a pergunta que nos colocamos, hoje, é como viver numa sociedade que não precise de drogas? Ou como viver numa sociedade onde estas drogas estejam sob controle, apenas para remediar situações que não têm outro jeito, senão por alguns meios artificiais. O relato condiz com a realidade dos lares dos brasileiros, que também serve de incentivo ao uso. Raramente encontra-se uma família que não possua algum tipo de dependência por mais simples que sejam, antidepressivos, analgésicos, bebida alcoólica, etc. É bem verdade que sabemos que a influência do meio ao qual o jovem está inserido, contribui significativamente, podendo intervir ou não no amadurecimento mental e crescimento do indivíduo. Pais, família, comunidade, escola, que buscam transformar e conscientizar sobre as consequências do uso das drogas. Dentre elas, podemos observar que a família tem um papel fundamental no desenvolvimento desse ser, ela é a sua primeira referência, é a mediadora entre o indivíduo e a sociedade, porém há outras condições preexistentes que podem influenciar o desenvolvimento psicológico, físico e social, determinando o seu comportamento frente ao consumo ou não das drogas. Através dessas razões ou listas, percebe-se que quem se utiliza de drogas sempre está buscando por uma experiência diferente, por algo novo, distinto, 35 ousado. Na realidade, aparentemente, torna-se uma missão dificílima convencer os jovens da ideia de que qualquer ser humano se estiver bem consigo mesmo, cuidando-se, tendo amor-próprio, naturalmente estas mesmas emoções vão surgir sem precisar de nenhum aditivo. E para que esses jovens possam afastar-se das drogas, é necessário que existam outras opções mais interessantes e prazerosas, que possam ocupar o tempo que seria utilizado com drogas, dentro de um contexto muito mais saudável. E os jovens devem aprender a conhecer suas emoções e a lidar com suas dificuldades e problemas. Um modelo de prevenção deve contribuir para que eles se responsabilizem por si mesmos, a fim de que seu comportamento de risco na sociedade, como um todo, possa ser modificado, estimulando a atividades criativas que possam absorver e entusiasmar esses jovens. Com tudo, podemos considerar que os modelos de prevenção que queremos, são aqueles avaliados pela sociedade como os capazes de “resolver” os empecilhos postos. Muitas vezes construídos a base de aspectos restritos a uma determinada camada da população. Desta forma, seus retornos são absorvidos por uns e os demais indivíduos acabam por viver a margem. Modelos baseados em visão do que seja ideal não consideram os indivíduos como sujeitos deste processo. Consequentemente tornam-se individualistas e não correspondem aos anseios da sociedade. Desta maneira, é bom sabermos, que não existe modelo ideal de programa de prevenção, tampouco melhor ou pior, pois não se podem reduzir as diversas dimensões do social e de outros aspectos da vida em sociedade. Considera-se importante desenvolver ações que tenham por princípios o sentido do construir. A partir desta nova concepção poderemos avançar na construção de modelos que correspondam aos anseios das demandas juvenis e da família e da sociedade como um todo. Há diferentes possibilidades de abordagem da questão, em que os fatores de proteção devem ser realçados e os fatores de risco, minimizados. Um modelo de prevenção deve contribuir para que eles se responsabilizempor si mesmos, a fim de que seu comportamento de risco na sociedade, como um todo, possa ser modificado, estimulando a atividades criativas que possam absorver e entusiasmar esses jovens. 36 CAPÍTULO 2 – PREVENÇÃO “Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho”. Carlos Drummond de Andrade 2.1 PREVENIR AINDA É O MELHOR CAMINHO? O dicionário Aurélio identifica que prevenir quer dizer: “preparar; chegar antes de; evitar (um dano ou um mal); impedir que algo se realize”. A prevenção é o princípio básico para evitar situações sinistras nas mais diferentes áreas. Ao exemplo de uma criança quando nasce é submetida a uma série de procedimentos preventivos que tem por objetivo protegê-la de doenças e garantir-lhe uma melhor qualidade de vida. É submetida a vacinas, testes e exames para que todas essas ações sirvam de medidas preventivas em saúde na pretensão de detectar, caso haja, tratamento e prevenir para que não adoeçam. Até mesmo antes do nascimento, o bebê já está cercado de ações preventivas, os pais realizam exames durante a gestação. Prevenção nada mais é do que um processo contínuo que tem início antes da detecção do problema. O ato de prevenir “significa vir antes, tomar a dianteira, dispor com antecipação, dispor de maneira que evite algum dano, ou mal (...) objetiva evitar que determinada situação ocorra para que se evitem consequências indesejáveis”. (RIBEIRO 2005, p.51). E quando o problema já está instalado, é possível remediar ou prevenir aquilo que já existe? Conforme Andrade e Bassit (1995, p. 86). Dada à complexidade da problemática do uso de drogas, envolvendo a interação de fatores biopsicossociais, o campo das ações preventivas é extremamente abrangente, envolvendo aspectos que vão desde a formação da personalidade do indivíduo até questões familiares, sociais, legais, políticas e econômicas. Segundo estes autores trabalhar nessa área é complexo: exige apoio, conhecimento, criatividade, preparo e, mais do que isso, exige equipes motivadas e persistentes que acreditem na capacidade de crescimento do indivíduo e da sociedade. 37 Historicamente, em nosso país, as propostas de prevenção são tratadas numa perspectiva de “guerra às drogas”, “combate a esse mal”, reproduzidas de modelos americanos ainda do tempo em que George Bush governava aquele país (CANOLETTI; SOARES, 2005). Abordagens que tratam de um tema tão complexo de forma a amedrontar ou aterrorizar mostram clara ineficiência, pois além de não surtir o resultado esperado, ao contrário, despertam a curiosidade. (Idem). Uma intervenção preventiva como parte de um sistema visa fortalecer os fatores de proteção com intuito de atribuir autonomia e responsabilidade ao jovem, possibilitando-o a fazer escolhas conscientes, quanto ao uso indevido de drogas por meios da ponderação crítica sobre os efeitos e consequências do uso, diluindo assim os fatores de risco como normas e atitudes sociais favoráveis à experimentação (RONZANI, 2009). No universo da prevenção, existem diferentes áreas comentadas: prevenção de doenças, prevenção de acidentes de trânsito, prevenção de acidente de trabalho, prevenção à evasão escolar, prevenção à violência contra a mulher. É consenso que a prevenção proporciona uma melhor qualidade de vida às pessoas, possibilitando melhores perspectivas e motivação para a vida social, profissional, familiar, afetiva. Porém prevenção deve ser entendida como uma ação concreta e não ser utilizada apenas como emblemas ou slogan de campanhas. É educar para uma vida mais saudável. Distinguindo a importância da prevenção dentro da sociedade como um todo, a abordagem aqui em questão foca o mundo das drogas: prevenção ao uso das drogas. Estudos mostram números alarmantes de consumo de substâncias psicoativas e de pessoas dependentes de drogas de diferentes naturezas. Felizmente os novos conhecimentos trouxeram novas maneiras de enfrentar o problema das drogas, que não seja somente a repressão, como no passado. Bastos e Mesquita (2004, p.182), e alguns estudiosos, seguem a linha de que: É tempo de substituir as declarações de fé pelo rigoroso escrutínio científico, partindo de pressupostos que não sejam pró ou antidrogas, mas que, de fato, consigam minimizar os danos decorrentes do consumo em um sentido mais amplo... ... faz com que estratégias alternativas à pura e simples repressão no âmbito do danos secundários ao abuso de drogas, até então restrita a um punhado de ativistas e especialistas, se revestisse de uma dimensão coletiva e global e se tornassem legítimas aos olhos de dirigentes líderes de países e comunidades influentes. 38 Diante desse pensamento, é possível perceber que é necessário muito mais do que proibir, e sim buscar alternativas plausíveis para a ação, visando a atuações eficazes que envolvam a sociedade nos seus mais variados segmentos, uma vez que cada um tem sua parcela de responsabilidade, afinal os danos causados afetam toda a população. Santos (1997), ao falar sobre prevenção às drogas, menciona que o trabalho preventivo moderno se pauta na participação conjunta da escola e da família, enfatizando as vantagens de um estilo de vida sem drogas e destacando as alternativas de lazer, as práticas esportivas e o desenvolvimento do potencial criativo de cada ser. Santos (1997, p.50-51) também traz que “um estudo de prevenção sério não distingue drogas legais das ilegais, pois, para ambos a ameaça é a dependência e a morte”. Lidia Rosenberg Aratangy, em texto publicado no livro Drogas na Escola, alternativas teóricas e práticas (p.14, 1998), afirma: O caminho para prevenção do uso de drogas não passa necessariamente pela repressão. Muito mais importante e eficaz do que alardear proibições (dificilmente obedecidas) é oferecer canais para que o jovem possa dar vazão a sua necessidade de viver experiências significativas e de partilhá- las com seu grupo. Neste palco, a autora baseia-se em compreender que prevenção com métodos que envolvam os prováveis usuários em atividades que os levem a participar de trabalhos em grupos e compartilhar outras experiências, bem como explorar o potencial de cada um fará mais efeitos do que a utilização de métodos repressores, a exemplo daqueles usado no passado. Em meados do ano de 1998, o Brasil participou da Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas e aderiu aos Princípios Diretivos de Redução da Demanda de Drogas, estabelecidos pelos Estados-membros. Os Princípios objetivaram reforçar o compromisso político, social, sanitário e educacional, em caráter permanente, no investimento em programas de redução da demanda de drogas. Tal compromisso teve, no Brasil, como consequências, a reestruturação do Sistema Nacional Antidrogas (SISNAD), a criação da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) e a elaboração de uma Política Nacional Antidrogas (PNAD). Em 2005 o Conselho Nacional Antidrogas - CONAD aprovou a nova Política Nacional Sobre Drogas. 39 A PND - Política Nacional sobre Drogas (BRASIL, 2005), dentre essas diretrizes valem a pena destacar as seguintes Orientações: 1) A efetiva prevenção e fruto do comprometimento, da cooperação e da parceria entre os diferentes segmentos da sociedade brasileira e dos órgãos governamentais, federal, estadual e municipal, fundamentada na filosofia da “Responsabilidade Compartilhada”, com a construção de redes sociais que visem à melhoria das condições de vida e promoção geral da saúde. 2) A execução desta política, no campo da prevenção deve ser descentralizada nos municípios, com o apoio dos Conselhos Estaduais de políticas públicas sobre drogas e da sociedade civil organizada, adequada às peculiaridades locais e priorizando as comunidades mais vulneráveis, identificadas por um diagnóstico. Para tanto, os municípios devem ser incentivados a instituir, fortalecere divulgar o seu Conselho Municipal sobre Drogas. 3) As ações preventivas devem ser pautadas em princípios éticos e pluralidade cultural, orientando-se para a promoção de valores voltados à saúde física e mental, individual e coletiva, ao bem-estar, à integração socioeconômica e a valorização das relações familiares, considerando seus diferentes modelos. 4) As ações preventivas devem ser planejadas e direcionadas ao desenvolvimento humano, o incentivo à educação para a vida saudável, acesso aos bens culturais, incluindo a prática de esportes, cultura, lazer, a socialização do conhecimento sobre drogas, com embasamento científico, o fomento do protagonismo juvenil, da participação da família da escola e da sociedade na multiplicação dessas ações. 5) As mensagens utilizadas em campanhas e programas educacionais e preventivos devem ser claras, atualizadas e fundamentadas cientificamente, considerando as especificidades do público-alvo, as diversidades culturais, a vulnerabilidade, respeitando as diferenças de gênero, raça e etnia. Nota-se então que o recurso da prevenção dentro do ambiente educacional é fundamental na luta contra as drogas. Caminhando ainda dentro deste contexto, as Diretrizes para ações preventivas apontadas pela PND (BRASIL, 2005) destacam que se deve: 1) Garantir aos pais e/ou responsáveis, representantes de entidades governamentais e não governamentais, iniciativa privada, educadores, religiosos, líderes estudantis e comunitários, conselhos estaduais e municipais e outros atores sociais, capacitação continuada sobre prevenção do uso indevido de drogas lícitas e ilícitas, objetivando engajamento no apoio às atividades preventivas com base na filosofia da responsabilidade compartilhada. 2) Dirigir as ações de educação preventiva, de forma continuada, com foco no indivíduo e seu contexto sociocultural, buscando desestimular o uso inicial de drogas, incentivar a diminuição do consumo e diminuir os riscos e danos associados ao seu uso indevido. 3) Promover, estimular e apoiar a capacitação continuada, o trabalho interdisciplinar e multiprofissional, com a participação de todos os atores sociais envolvidos no processo, possibilitando que esses se tornem multiplicadores, com o objetivo de ampliar, articular e fortalecer as redes sociais, visando ao desenvolvimento integrado de programas de promoção geral à saúde e de prevenção. 40 4) Propor a inclusão, na educação básica e superior, de conteúdos relativos à prevenção do uso indevido de drogas. Avançou-se neste sentido, com a criação da Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006, fortalecendo em especial seu artigo 19 na prevenção ao uso indevido de drogas que determina diretrizes, tais como: Art. 19 As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes: I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence; II - A adoção de conceitos objetivos e de fundamentação cientifica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços quais atendam; V - A adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas. IV - O compartilhamento de responsabilidades e a colaboração mútua com as instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias; VI - o reconhecimento do “não uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem alcançados; X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino; XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas; Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda. E de acordo com a Legislação e Políticas Públicas sobre Drogas no Brasil (BRASIL, 2010) pontua-se o seguinte pressuposto: - Buscar, incessantemente, atingir o ideal de construção de uma sociedade protegida do uso de drogas ilícitas e do uso indevido de drogas lícitas; - Apoiar e promover a educação, treinamento e capacitação de profissionais que atuem em atividades relacionadas a redução de danos. - Priorizar a prevenção do uso indevido de drogas, por ser a intervenção mais eficaz e de menor custo para a sociedade. Neste sentido, as políticas sobre drogas em nosso país, deixam bem clara a necessidade da prevenção ao abuso de drogas, tendo em vista, o pensar numa dimensão humana a ser respeitada, desenvolvendo valores e normas 41 fundamentadas no respeito às pessoas e suas diferenças. É levar em conta o contexto histórico do homem, da sociedade e de suas drogas. É dar relevo a uma dimensão ética que considera o indivíduo como cidadão responsável pelos seus atos, pela sua saúde, pelo seu corpo, pelas suas opções de vida. (BUCHER, 1985). Em contra partida, ainda nos tempos de hoje, algumas disposições legais apresentam-se irreais; por exemplo, os artigos 81 e 243 do Estatuto da criança e do adolescente, que tratam sobre a proibição da venda de armas e bebidas alcoólicas às crianças e aos adolescentes. Verifica-se na prática que tais medidas não são bem executadas, demonstrando que é preciso seriedade e rigidez na efetivação das decisões legislativas, assim como na fiscalização quanto ao cumprimento das leis. Diante de tudo acima citado, conclui-se que há muitas conquistas no que diz respeito à prevenção do uso de drogas. Os direitos existem, a legislação fora elaborada, porém resta a grande e urgente necessidade de conhecimento e efetivação das leis por parte de toda a população, para que, de fato, estas sejam colocadas em prática objetivando combater os efeitos desastrosos que o uso e o abuso de drogas causa em todos. 2.2 PAPEL DA ESCOLA NA PREVENÇÃO: EDUCAR PARA NÃO PUNIR É necessário primeiramente, em se falando de educação, compreendermos, no mínimo, os conceitos básicos que ela nos traz. Resaltarmos então as diretrizes de Paulo Freire, que nos ensinam o quanto a educação não deve ser neutra, mas sim reflexiva, capaz de gerar meios que permitam o desenvolvimento integral de cada um, que abra caminhos entre o pensar e o agir (FREIRE, 1997). Já de acordo com Brandão, a educação consiste no "processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual ou moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social". (BRANDÃO, 1995, p.6). Brandão (1995, p.8). Também alega que: A educação está em todos os lugares e no ensino de todos os saberes. Assim não existe modelo de educação, a escola não é o único lugar onde ela ocorre e nem muito menos o professor é seu único agente. Existem inúmeras educações e cada uma atende a sociedade em que ocorre, pois é a forma de reprodução dos saberes que compõe uma cultura, portanto, a educação de uma sociedade tem identidade própria. 42 Assim, podemos dizer que o processo de educação que o autor relata inicia- se na família, quando os pais ensinam a seus filhos o que julgam ser certo, como comportar-se diante das situações, a respeitar o próximo. Ou seja, é a base da formação da criança, que, aos poucos, vai sendo preparada para a vida em meio