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Direito Processual do Trabalho O Instituto IOB nasce a partir da experiência de mais de 40 anos da IOB no desenvolvimento de conteúdos, serviços de consultoria e cursos de excelência. Por intermédio do Instituto IOB, é possível acesso a diversos cursos por meio de ambientes de aprendizado estruturados por diferentes tecnologias. As obras que compõem os cursos preparatórios do Instituto foram desenvolvidas com o objetivo de sintetizar os principais pontos destacados nas videoaulas. institutoiob.com.br Direito Processual do Trabalho / Obra organizada pelo Instituto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013. ISBN 978-85-8079-016-0 Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Sumário Capítulo 1 – Aplicação Subsidiária, 7 1. Art. 769 da CLT, 7 Capítulo 2 – Princípios Constitucionais do Processo, 9 1. Devido Processo Legal, 9 2 Juiz Natural, Imparcialidade do Juiz, Publicidade, 10 3. Motivação e Coisa Julgada, 11 4. Efetividade, Isonomia e Duração Razoável do Processo, 12 5. Ampla Defesa, Contraditório e Acesso à Justiça, 13 Capítulo 3 – Princípios do Processo do Trabalho, 15 1. Princípio da Proteção, Princípio da Finalidade Social e Princípio da Busca da Verdade Real, 15 2. Princípio da Indisponibilidade, Princípio da Conciliação e Princípio da Oralidade, 16 3. Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias, 17 Capítulo 4 – Organização da Justiça do Trabalho, 18 1. Organização do Poder Judiciário Brasileiro, 18 2. Organização da Justiça do Trabalho: Aspectos Históricos, 19 3. Organização da Justiça do Trabalho: TST, 21 4. Organização da Justiça do Trabalho: Competência do TST, 22 5. Organização da Justiça do Trabalho: TRT, 23 6. Organização da Justiça do Trabalho: Vara do Trabalho, 25 Capítulo 5 – Competência e Jurisdição, 27 1. Jurisdição, 27 2. Competência: Divisão, 28 Capítulo 6 – Competência da Justiça do Trabalho, 30 1. Competência Material: Art. 114, I, Primeira Parte, 30 2. Competência Material: Art. 114, I, Segunda e Terceira Partes, 31 3. Competência Material: Art. 114, II e III, 33 4. Competência Material: Art. 114, IV e V, 34 5. Competência Material: Art. 114, VI, 36 6. Competência Material: Art. 114, VII, VIII, IX, 37 7. Competência em Razão do Lugar, 38 8. Competência Funcional, 39 Capítulo 7 – Ação, 41 1. Ação: Natureza Jurídica e Conceito, 41 2. Ação: Elementos da Ação, 42 3. Ação: Classificação, 43 4. Ação: Condições da Ação, 44 Capítulo 8 – Processo e Procedimento, 46 1. Pressupostos Processuais, 46 2. Procedimentos: Procedimento Sumário, 47 3. Procedimento Sumariíssimo: Arts. 852-A a 852-D da CLT, 48 4. Procedimento Sumariíssimo: Arts. 852-E a 852-I da CLT, 49 Capítulo 9 – Atos, Termos e Prazos Processuais, 51 1. Atos Processuais – Aspectos Gerais, 51 2. Comunicação dos Atos Processuais: Citação e Notificação, 52 3. Comunicação dos Atos Processuais: Intimação, 53 4. Prazo Processual, 55 5. Contagem do Prazo Processual, 56 6. Suspensão e Interrupção do Prazo Processual, 57 Capítulo 10 – Distribuição e Custas, 59 1. Distribuição, 59 2. Custas e Emolumentos, 60 Capítulo 11 – Partes e Procuradores, 62 1. Partes: Capacidade para ser Parte e Capacidade Processual, 62 2. Litisconsórcio, 64 3. Capacidade Postulatória, 65 4. Representação e Assistência, 67 5. Intervenção de Terceiros, 69 Capítulo 12 – Petição Inicial, 70 1. Petição Inicial: Requisitos, 70 2. Pedido, 71 3. Petição Inicial: Aditamento, Emenda e Indeferimento, 73 Capítulo 13 – Audiência Trabalhista, 75 1. Audiência Trabalhista: Aspectos Gerais, 75 2. Audiência Trabalhista: Comparecimento das Partes, 76 3. Audiência Trabalhista: Conciliação, 77 4. Audiência Trabalhista: Instrução e Julgamento, 78 5. Resposta do Réu: Contestação, 79 6. Resposta do Réu – Reconvenção e Exceções, 80 Capítulo 14 – Provas e Nulidades, 82 1. Provas: Conceito e Princípios, 82 2. Provas: Objeto e Ônus, 83 3. Provas: Meios de Provas, 84 4. Nulidades, 85 Capítulo 15 – Teoria Geral dos Recursos, 87 1. Recursos no Processo do Trabalho: Efeitos, 87 2. Recursos no Processo do Trabalho: Pressupostos Extrínsecos e Intrínsecos, 88 3. Recursos no Processo do Trabalho: Recorribilidade do Ato, 89 4. Recursos no Processo do Trabalho: Adequação, 90 5. Recursos no Processo do Trabalho: Regularidade de Representação, 90 6. Recursos no Processo do Trabalho: Tempestividade, 92 7. Recursos no Processo do Trabalho: Preparo, 93 Capítulo 16 – Recursos em Espécie, 95 1. Embargos de Declaração: Cabimento, 95 2. Embargos de Declaração: Efeito Modificativo e Embargos Protelatórios, 96 3. Recurso Ordinário: Cabimento e Prazo, 97 4. Recurso Ordinário: no Rito Sumariíssimo, 98 5. Recurso Ordinário: Efeito Devolutivo em Profundidade e Teoria da Causa Madura, 99 6. Recurso Ordinário: Art. 557-A do CPC, 99 7. Agravo de Instrumento, 101 8. Recurso de Revista: Hipótese de Cabimento no Rito Ordinário, 102 9. Recurso de Revista: Hipótese de Cabimento no Rito Sumaríssimo e na Execução, 102 10. Recurso de Revista: Art. 896, “a” da CLT, 103 11. Recurso de Revista: Comprovação da Divergência, 104 12. Recurso de Revista: Art. 896, “b” da CLT, 105 13. Recurso de Revista: Art. 896, “c” da CLT, 106 14. Recurso de Revista: Prequestionamento, 107 15. Recurso de Revista: Súmulas nos 126 e 218 do TST e a Transcendência, 108 16. Embargos no TST – Embargos de Divergência, 109 17. Embargos no TST – Embargos de Nulidade e Embargos Infringentes, 110 18. Recurso Extraordinário, 111 19. Recurso Adesivo, 114 Capítulo 17 – Execução, 115 1. Aspectos Gerais e Princípios, 115 2. Regra da Subsidiariedade e Títulos Executivos, 116 3. Competência, 117 4. Legitimidade, 118 5. Fase de Liquidação, 120 6. Citação e Penhora, 121 7. Embargos e Impugnação, 123 8. Agravo de Petição, 125 9. Fase de Expropriação: Hasta Pública, 126 10. Fase de Expropriação: Arrematação, Adjudicação e Remição, 127 11. Embargos de Terceiros, 130 12. Exceção de Pré-Executividade e Execução Provisória, 131 Capítulo 18 – Ação Rescisória, 133 1. Conceito e Cabimento, 133 2. Competência, 134 3. Petição Inicial – Requisitos, 135 4. Hipóteses: Art. 485, I e II do CPC, 137 5. Hipóteses: Art. 485, III e IV do CPC, 138 6. Hipóteses: Art. 485, V do CPC, 140 7. Hipóteses: Art. 485, VI e VII do CPC, 141 8. Hipóteses: Art. 485, VIII e IX do CPC, 143 9. Prazo, 144 10. Tutela Antecipada e Jus Postulandi, 145 Gabarito, 147 Capítulo 1 Aplicação Subsidiária 1. Art. 769 da CLT 1.1 Apresentação Esta unidade abordará a aplicação subsidiária de outros diplomas legais em caso de omissão da CLT. 1.2 Síntese Art. 769 da CLT – Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. O art. 769 da CLT traz a regra a subsidiariedade em que, na omissão da CLT, aplicar-se-á subsidiariamente o processo comum, desde que não seja incompatível. A grande discussão gira em torno do termo omissão. Existem divergências na doutrina, divididas em três correntes; D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 8 1) lacuna normativa: quando a lei não contém previsão para o caso concre- to. A omissão deve ser completa, ou seja, de um instituto por inteiro. Ex.: ação cautelar, ação monitória, etc.; 2) lacuna ontológica: quando a norma não mais está compatível com os fatos sociais. Ex.: aplicação do art. 475-J do CPC na execução trabalhista; e 3) lacuna axiológica: quando as normas processuais levam a uma soluçãoinjusta ou insatisfatória. Ex.: citação (a CLT não autoriza por oficial de justiça), prova (a CLT não fala em inspeção judicial). Entretanto, não basta apenas a existência de omissão; é necessário a com- patibilidade da legislação a ser aplicada. A insuficiência de normas processuais trabalhistas fez com que o legislador inserisse na Consolidação das Leis do Trabalho o art. 769, de forma a autori- zar a utilização subsidiária no processo do trabalho das normas do processo comum. Extrai-se do art. 769 que a aplicação se dá quando: a) não esteja aqui regulado de outro modo (“casos omissos”, “subsidiaria- mente”); b) não ofendam os princípios do processo laboral (“incompatível”); c) se adapte aos mesmos princípios e às peculiaridades deste procedimento; d) não haja impossibilidade material de aplicação (institutos estranhos à relação deduzida no juízo trabalhista). Exercício 1. É possível aplicar a execução prevista no art. 475-J do CPC no pro- cesso do trabalho? Explique. Capítulo 2 Princípios Constitucionais do Processo 1. Devido Processo Legal 1.1 Apresentação Esta unidade temática abordará os princípios constitucionais do processo, iniciando pelo devido processo legal. 1.2 Síntese A CF/1988 estabelece em seu art. 5º, inciso LIV que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Todos os demais outros princípios constitucionais decorrem do princípio do devido processo legal. O devido processo legal, nas lições de Nelson Nery Jr., caracteriza-se pelo tri- nômio vida-liberdade-propriedade, ou seja, tudo que está relacionado com tutela à vida, à liberdade ou à propriedade está protegido pelo devido processo legal. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 10 E, basicamente, o que o processo do trabalho tutela é o ser humano, motivo pelo qual o processo do trabalho deve observar o devido processo legal. Decorre daí quatro grandes garantias, a saber: a garantia de um julgamen- to imparcial; de um procedimento regular; da plenitude da ação; e da pleni- tude da defesa. Os princípios que garantem um julgamento imparcial são: 1) o princípio do juiz natural; 2) o princípio da motivação; 3) o princípio da coisa julgada; 4) o princípio da imparcialidade do juiz. Já o procedimento regular é garantido pelos seguintes princípios: 1) prin- cípio da publicidade; 2) princípio da efetividade; 3) princípio da isonomia; 4) princípio da proibição da prova ilícita; 5) princípio do duplo grau de jurisdição; 6) princípio da duração razoável do processo. A plenitude de ação, por sua vez, decorre do princípio do acesso à justiça e do contraditório. Por fim, a plenitude de defesa é garantida pelo princípio do contraditório e da ampla defesa. Exercício 2. Em que consiste o Devido Processo Legal? 2 Juiz Natural, Imparcialidade do Juiz, Publicidade 2.1 Apresentação Esta unidade abordará os princípios do juiz natural, imparcialidade do juiz e publicidade. 2.2 Síntese 1 – Juiz natural – dois aspectos: 1º – positivo: o direito de ser julgado por um juiz investido de jurisdição; 2º – negativo: proibição da criação de um Tribunal de exceção. É possível se extrair deste princípio também a ideia do direito de ser julgado por um juiz investido de jurisdição, competente. Também é denominado de princípio do “juiz legal”. 2 – Da imparcialidade do juiz – para que o julgamento seja imparcial, o juiz deve ser imparcial. É por isso que o juiz possui três garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade salarial. Não se pode confundir imparcialidade com neutralidade. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 11 3 – da publicidade – vem como uma grande reação contra os julgamentos secretos e inquisitivos. Essa é a regra. Existem hipóteses de julgamento em se- gredo de justiça, que nada ferem o presente princípio, pois todos os princípios devem ser analisados de forma harmônica. Se, diante de um determinado caso, a intimidade da pessoa estiver em jogo, em prol deste, aplica-se o sigilo. A EC nº 45 alterou a redação do inciso IX do art. 93 da CF, onde estabele- ceu de forma expressa tal possibilidade. Exercício 3. Qual a diferença entre neutralidade e imparcialidade? 3. Motivação e Coisa Julgada 3.1 Apresentação Este unidade abordará a motivação e a coisa julgada. 3.2 Síntese 1 – Da motivação – todas as decisões devem ser motivadas sob pena de nu- lidade. Os jurisdicionados e a sociedade em geral têm o direito de saber quais os motivos que levaram o magistrado a tomar determinada decisão. O juiz tem liberdade em decidir, desde que motivado. O princípio que antes se entendia estabelecido no art. 153, § 4º da Consti- tuição de 1969 é expresso na Constituição de 1988, em seu art. 93, inciso IX. Não é mais possível haver, decisões em sessões secretas, como ocorria ou- trora pelo Supremo Tribunal Federal para julgamento de arguição de relevân- cia da questão federal. O litigante tem o direito de saber o porquê de sua vitória ou derrota em juízo. A motivação é essencial por 3 fundamentos políticos e jurídicos: 1º) a garantia de que o juiz vai examinar os autos; 2º) para que seja dada publicidade; 3º) em razão da existência do duplo grau de jurisdição. 2 – Da coisa julgada – é o elemento de existência do Estado Democrático de Direito em um processo. Em um EDD, todo processo tem que ter um fim e esta decisão, transitada em julgado, não pode ser modificada. Serve para ga- rantir a segurança jurídica. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 12 Para as atividades do Poder Judiciário, a manifestação do princípio do Esta- do Democrático de Direito ocorre por meio do instituto da coisa julgada. Em outras palavras, a coisa julgada é elemento de existência do Estado Democrá- tico de Direito. Coisa julgada material é a qualidade que torna imutável e indiscutível o comando que emerge da parte dispositiva da sentença de mérito não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário (art. 467, CPC e art. 6º, § 3º, LICC). A coisa julgada formal precede a material, eis que aquela ocorre com a preclusão. Exercício 4. Em que consiste o princípio da motivação? 4. Efetividade, Isonomia e Duração Razoável do Processo 4.1 Apresentação Esta unidade abordará a efetividade, isonomia e duração razoável do processo. 4.2 Síntese 1 – Da efetividade – a instrumentalização política do justo processo. O princípio da efetividade do processo decorre do fato de que o processo deve caminhar, o mais rápido possível, para seu fim, para resolver, o quanto antes, o litígio que lhe foi posto. Existem quatro pontos sensíveis da efetividade do processo: 1º – ingresso em juízo; 2º – modo de ser do processo; 3º – justiça das decisões; 4º – efetividade das decisões. A efetividade é a relação de equilíbrio do processo. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 13 2 – Da isonomia – significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, nos limites da sua desigualdade. Para o direito processual, o princípio da isonomia é a expressão do princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF). Estabelece a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, I que todos são iguais perante a lei, ou seja, consagra a Constituição, o princípio da igualdade. A parte inicial da regra sob enfoque (“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”) significa a consagração constitucional gené- rica do princípio da igualdade formal e cujos desdobramentos se encontram nos arts. 3º, IV, 5º, I, 150, e 226, § 5º, respectivamente, da Constituição Federal. Já sob o prisma da igualdade substancial ou real (voltado à redução concre- ta das desigualdades) podem ser apontados como seusreceptáculos constitu- cionais o art. 3º, III, o próprio art. 5º, caput, parte final, os incisos XLI e XLII, deste mesmo dispositivo, bem como o art. 7º, XXX, XXXI, XXXII e XXXIV, e o art. 43. No processo do trabalho, a observância de referido princípio se verifica quando se adotam mecanismos processuais de forma a que se tenha isonomia real entre o empregado (hipossuficiente) e o empregador, como a regra instituí- da no art. 841 da CLT, onde a ausência do reclamante na primeira audiência implica arquivamento dos autos, enquanto que a ausência da reclamada impli- ca revelia e confissão. 3 – Da duração razoável do processo É a celeridade. Adotada expressamente pela EC nº 45. Contudo, trata-se de princípio implícito ao devido processo legal. Exercício 5. Quais os pontos sensíveis do processo que prejudicam a efetividade? 5. Ampla Defesa, Contraditório e Acesso à Justiça 5.1 Apresentação Esta unidade abordará a ampla defesa, o contraditório e o acesso à justiça. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 14 5.2 Síntese 1 – Da ampla defesa e contraditório Por primeiro, cumpre fazer a distinção entre contraditório e ampla defesa. O primeiro significa informação e reação. É mais abrangente que a ampla de- fesa. É o direito de ser informado de tudo e de poder reagir a tudo. A ampla defesa é uma reação específica. Tem como base o contraditório. O autor possui o direito de ação e o réu de ampla defesa, sendo que ambos estão alicerçados no contraditório. Assim, a plenitude de defesa decorre do contraditório e da ampla defesa. Por este princípio, “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5º, LV, da CF). Entendemos que o duplo grau de jurisdição decorre da ampla defesa e do direito de ação do autor, razão pela qual é princípio constitucional. 2 – Do acesso a justiça – art. 5º, XXXV CF – “a lei não excluirá da aprecia- ção do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”. Acesso à justiça é a maior garantia do ordenamento jurídico. Embora o destinatário principal desta norma seja o legislador, o comando constitucional atinge a todos indistintamente, vale dizer, não pode o legislador e ninguém mais impedir que o jurisdicionado vá a juízo deduzir pretensão. Exercício 6. Qual é a distinção entre princípio do contraditório e da ampla defe- sa? O princípio do duplo grau de jurisdição é constitucional? Capítulo 3 Princípios do Processo do Trabalho 1. Princípio da Proteção, Princípio da Finalidade Social e Princípio da Busca da Verdade Real 1.1 Apresentação Esta unidade abordará o princípio da proteção, o princípio da finalidade social e o princípio da busca da verdade real. 1.2 Síntese Princípio da proteção – busca compensar a desigualdade existente na rea- lidade socioeconômica. Também se verifica no processo do trabalho. Ex.: exigência de depósito re- cursal; arquivamento da ação na ausência do reclamante e revelia na ausência da reclamada; presunções favoráveis ao empregador. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 16 Princípio da finalidade social – permite ao juiz uma atuação mais ativa no processo, auxiliando o trabalhador. A diferença é que no primeiro (proteção) a lei traz a desigualdade, e o se- gundo é uma permissão juiz. É em razão do princípio da finalidade social que o juiz age de ofício na execução. Princípio da busca da verdade real – deriva do princípio de direito material da primazia da realidade. O que importa para o direito do trabalho é a verdade dos fatos. Assim, o juiz deve tentar de todos os meios fazer com que a verdade do processo seja igual à verdade real. Exercício 7. Qual a diferença existente entre princípio de proteção e o princípio finalidade social? 2. Princípio da Indisponibilidade, Princípio da Conciliação e Princípio da Oralidade 2.1 Apresentação Esta unidade abordará o princípio da indisponibilidade, o princípio da conciliação e o princípio da oralidade. 2.2 Síntese Princípio da indisponibilidade – justifica-se em razão da existência, em um processo, de um interesse social que transcende a vontade das partes. As partes não podem dispor livremente do processo. Ex.: é faculdade do juiz homologar um acordo e não obrigação (ato vinculado). Súmula nº 418 do TST Princípio da conciliação – é da essência do processo do trabalho. Todas as Constituições Federais, desde a de 1946, estabeleceram expressamente a competência da Justiça do Trabalho para “conciliar”. A EC nº 45 retirou do caput do art. 114 a palavra “conciliar”, o que não retira o caráter conciliatório do processo do trabalho. Art. 764 da CLT – Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apre- ciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. Princípio da oralidade – está ligado à celeridade e simplicidade. A CLT estabelece diversos atos orais. Ex.: reclamação trabalhista oral, defesa oral, au- diência UNA. Tudo de forma a prestigiar a informalidade e a celeridade. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 17 Exercício 8. Qual é a consequência jurídica da retirada da palavra conciliar do caput do art. 114 da CF pela EC nº 45? 3. Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias 3.1 Apresentação Esta unidade abordará o princípio da irrecorribilidade imediata das de- cisões interlocutórias. 3.2 Síntese Decisões interlocutórias: a princípio, são irrecorríveis de imediato, não po- dendo ser objeto de ataque via recurso de revista, salvo as terminativas do feito (CLT, art. 799, § 2º) ou nas hipóteses da Súmula nº 214 do TST. Nº 214 Decisão interlocutória. Irrecorribilidade (nova redação) – Res. 127/2005, DJ 14, 15 e 16/03/2005. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de deci- são: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impug- nação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. Primeira hipótese – acórdão do regional que determina a devolução dos autos ao primeiro grau é considerado decisão interlocutória, portanto, só é passível de recurso de revista se contrariar súmula ou orientação jurisprudencial do TST. Segunda hipótese – é o agravo regimental. Quando há previsão no regi- mento interno de recurso contra decisão interlocutória para o mesmo Tribunal. Terceira hipótese – trata da exceção de incompetência em razão do lu- gar. Só caberá recurso se for acolhida e remetida para Vara do Trabalho de outro Tribunal Regional do Trabalho. Exercício 9. Em que hipótese é cabível recurso de revista de decisão interlocu- tória? Capítulo 4 Organização da Justiça do Trabalho 1. Organização do Poder Judiciário Brasileiro 1.1 Apresentação Esta unidade abordará a organização do Poder Judiciário brasileiro. 1.2 Síntese Teoria da tripartição dos Poderes do Estado – surge para que não haja su- perposição de Poderes. O Poder Estatal passa a ser exercido por três órgãos distintos: Legislativo, Executivo e Judiciário. Com a CF/1988, a função do Poder Judiciário deixou de ser apenas de administração da Justiça. O Poder Judiciário deve preservar valores e princípios consagrados pela CF/1988, principalmente o novo Estado Democrático de Di- reito, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho, a busca do pleno emprego, a livre-iniciativa, etc.D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 19 O Poder Judiciário é integrado pelos seguintes órgãos (art. 92 da CF): I – Supremo Tribunal Federal; I-A – Conselho Nacional de Justiça; II – Superior Tribunal de Justiça; III – Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV – Tribunais e Juízes do Trabalho; V – Tribunais e Juízes Eleitorais; VI – Tribunais e Juízes Militares; VII – Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. A grande alteração trazida com a EC nº 45 foi a criação do CNJ – Conselho Nacional de Justiça. Para o STF, o CNJ é órgão administrativo com atribuições de controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura, sendo sua competência relativa apenas aos órgãos e juízes situados abaixo do STF. É fis- calizar o exercício dos deveres funcionais por parte do magistrado, e não a atividade jurisdicional dele. O SFT, por força do art. 102, caput, I, “r” e § 4º da CF exerce controle jurisdicional sobre o CNJ. Composição do CNJ – art. 103-B da CF: A Justiça Nacional divide-se em Especial e Comum. Três são as Justiças especiais: Justiça do Trabalho, Justiça Militar e Justiça Eleitoral. A Justiça Comum divide-se em Justiça Federal e Justiça Estadual. Exercício 10. O CNJ tem competência para julgar o STF? 2. Organização da Justiça do Trabalho: Aspectos Históricos 2.1 Apresentação Esta unidade abordará a Organização da Justiça do Trabalho: aspectos históricos. 2.2 Síntese Evolução histórica: 1922 – primeiro órgão da Justiça do Trabalho – Tri- bunais Rurais. Era composto por um juiz de Direito, um representante dos trabalhadores e um representante dos empregadores. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 20 O Decreto nº 22.132/1932, modificado pelo Decreto nº 24.742/1934, ins- tituiu as Juntas de Conciliação e Julgamento para dirimir conflitos individuais, sendo órgãos administrativos vinculados ao Poder Executivo. O Decreto nº 21.396/1932 instituiu as Comissões Mistas de Conciliação para dirimir dissídios coletivos. Frustrada a negociação o litígio era submetido ao Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio para a respectiva solução. Este, conhecidos os motivos da recusa, poderia nomear uma comissão especial, a fim de proferir um laudo. O Decreto-lei nº 39/1937 estabeleceu que o cumprimento dos julgados de ambas as comissões far-se-ia pelo juízo cível. O Decreto-lei nº 1.237/1939, regulamentado pelo Decreto nº 6.596/1940, instituiu a Justiça do Trabalho. A CF/1934 e 1937 referiram-se à instituição de uma Justiça do Trabalho, mas não a estruturaram e não a incluíram no Poder Judiciário. O art. 122 da CF/1934 estabelecia expressamente que a Justiça do Trabalho era vinculada ao Poder Executivo. Já a CF/1937 não mencionou expressamente nada a respeito da inserção no Poder Judiciário. A CF/1946 consagrou a Justiça do Trabalho como órgão do Poder Judiciá- rio (art. 94, V). De acordo com o art. 122 da CF/1946, a Justiça do Trabalho era composta dos seguintes órgãos: I – Tribunal Superior do Trabalho; II – Tribu- nais Regionais do Trabalho; III – Juntas ou Juízes de Conciliação e Julgamento. A CF/1967 art. 133 – diz que são órgãos da Justiça do Trabalho: I – Tribunal Superior do Trabalho; II – Tribunais Regionais do Trabalho; III – Juntas de Conciliação e Julgamento. Ainda, atribuiu aos Juízes de Direito a competência nos locais onde não existisse jurisdição trabalhista. A EC nº 24/1999 extinguiu a representação classista – a formação inicial foi baseada na “Carta Del Lavoro”, de inspiração fascista, com formação paritária, onde leigos compunham o colegiado e o Estado era representado por um juiz aprovado em concurso. A EC nº 45/2004 alterou a competência e a organização da Justiça do Trabalho O art. 111 da CF/1988 determina que são órgãos da Justiça do Trabalho: I – o Tribunal Superior do Trabalho; II – os Tribunais Regionais do Traba- lho; III – os Juízes do Trabalho. Exercício 11. A partir de quando a Justiça do Trabalho passou a ingressar no Poder Judiciário? D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 21 3. Organização da Justiça do Trabalho: TST 3.1 Apresentação Esta unidade abordará a Organização da Justiça do Trabalho, sendo es- tudado o TST. 3.2 Síntese Tem como finalidade a uniformização da jurisprudência nacional, o respei- to à Constituição Federal e à uniformização da Lei Ordinária. Art. 111-A CF – Compor-se-á de 27 ministros, escolhidos entre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: I – 1/5 formado por advogados com mais de 10 anos de carreira, e que tenha notório saber jurídico e reputação ilibada, e 1/5 formado por membros do Mi- nistério Público do Trabalho, com mais de 10 anos de carreira; II – demais, será formado por juízes de carreiras oriundos dos Tribunais Regionais do Trabalho. Sobre o quinto constitucional, dispõe o art. 94 da CF: Um quinto dos luga- res dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional in- dicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Ministros do TST – não há necessidade de ser brasileiro nato, pode ser naturalizado. O mesmo ocorre com os ministros do STJ. Já os ministros do STF necessariamente devem ser brasileiros natos. Funcionará junto ao TST (§ 2º, I e II, art. 111-A da CLT): 1 – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho – dentre as funções, cabe à Escola regulamentar os cursos oficiais para ingresso e promoção na carreira; 2 – o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justi- ça do Trabalho de 1º e 2º graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. Exercício 12. Quais as principais alterações trazidas pela EC nº 45 na organização do TST? D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 22 4. Organização da Justiça do Trabalho: Competência do TST 4.1 Apresentação Esta unidade abordará a organização da Justiça do Trabalho, mais pre- cisamente a competência do TST. 4.2 Síntese De acordo com o § 1º do art. 111-A da CF, a lei disporá sobre a competên- cia do TST, que atualmente é a Lei nº 7.701/1988. Ainda, com base na autonomia conferida aos Tribunais (art. 96, I, “a” da CF/1988), o TST editou seu Regimento Interno, por meio da Resolução Admi- nistrativa nº 1.295/2008. O art. 58 do Regimento estabelece que: Art. 58. O Tribunal funciona em sua plenitude ou dividido em Órgão Espe- cial, Seções e Subseções Especializadas e Turmas. Art. 59. São órgãos do Tribunal Superior do Trabalho: I – Tribunal Pleno; II – Órgão Especial; III – Seção Especializada em Dissídios Coletivos; IV – Seção Especializada em Dissídios Individuais, dividida em duas sub- seções; e V – Turmas; Parágrafo único. São órgãos que funcionam junto ao Tribunal Superior do Trabalho: I – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho – ENAMAT; e II – Conselho Superior da Justiça do Trabalho – CSJT. O Tribunal Pleno é constituído por todos os Ministros do TST. Para seu funcionamento são necessários, no mínimo, 14 Ministros, sendo preciso maio- ria absoluta para deliberar sobre: I – escolha dos nomes que integrarão a lista destinada ao preenchimento de vagas de Ministro do Tribunal; II – aprovação de Emenda Regimental; III – eleição dos Ministrospara cargo de direção do Tribunal; IV – aprovação, revisão ou cancelamento de súmula ou de Preceden- te Normativo; V – declaração inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Poder Público. O Órgão Especial é composto por Presidente, Vice, Corregedor-Geral da Jus- tiça do Trabalho, sete Ministros mais antigos e sete Ministros eleitos pelo Tribu- D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 23 nal Pleno. Para seu funcionamento são necessários 8 Ministros, sendo necessário maioria absoluta para deliberar sobre disponibilidade ou aposentadoria de Magis- trado. Para deliberação preliminar sobre a existência de relevante interesse públi- co que fundamente a proposta de edição de Súmula, será exigido 2/3 dos votos. A SDC é composta pelo Presidente, Vice-Presidente, Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e mais 6 Ministros. O quórum para funcionamento é de 5 Ministros. A SDI é composta de 21 Ministros, Presidente, Vice-Presidente e mais 18 Ministros. Pode funcionar no seu pleno ou dividido em duas subseções. Para funcionamento do pleno, são precisos 11 Ministros. A SDI-I é composta de 14 Ministros: Presidente, Vice, Corregedor-Geral e mais 11 Ministros, preferencialmente os Presidentes das Turmas. Funcionará com pelo menos oito Ministros. Haverá pelo menos um e no máximo dois integrantes de cada Turma. A SDI-II é composta de 10 Ministros: Presidente, Vice, Corregedor-Geral e mais sete Ministros. Para funcionamento, são precisos sete Ministros. As Turmas são compostas de 3 Ministros, sendo presidida pelo mais antigo. Exercício 13. Como é dividido o TST e qual órgão é competente para deliberar preliminarmente sobre a edição de súmula? 5. Organização da Justiça do Trabalho: TRT 5.1 Apresentação Esta unidade abordará a organização da Justiça do Trabalho, mais pre- cisamente o TRT. 5.2 Síntese Art. 115 da CF – compõem-se de no mínimo 7 juízes, recrutados, quando possível da mesma região, e nomeados pelo Presidente da República, dentre os brasileiros com mais de 30 anos e menos de 65 anos, sendo: I – 1/5 formado por advogados com mais de 10 anos de carreira, e que tenha notório saber jurídico e reputação ilibada, e 1/5 formado por membros do Mi- nistério Público do Trabalho, com mais de 10 anos de carreira; II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 24 Na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme pro- cedimento próprio, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação (art. 93, II, “d”, da CF). É obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas na lista de merecimento (art. 93, II, “a”, da CF). Art. 112 da CF – A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-las aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho. Redação antiga: Haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal, e a lei instituirá as Varas do Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas, atribuir sua jurisdição aos juízes de direito. Art. 674 da CLT – divide o território nacional em 24 Regiões. Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão justiça itinerante, para aten- der os limites territoriais abrangidos pela sua jurisdição e, poderão funcionar descentralizadamente, através de Câmaras regionais (§ 2º, art. 115 da CF). Os TRT’s também têm competência para redigir seus Regimentos Internos. Regras na CLT e na CF: – os Tribunais Regionais, em sua composição plena, deliberarão com a presença, além do Presidente, de metade mais um do número de seus magis- trados; – as decisões serão tomadas pelo voto da maioria simples (magistrados pre- sentes na sessão), ressalvada a hipótese de declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder Público (CF, art. 97), quando o quórum será a maioria absoluta dos membros do tribunal; – as Turmas somente poderão deliberar com a presença de pleno menos 3 magistrados. Para a integração, o Presidente poderá convocar outros juízes; – o Presidente do Tribunal, excetuada a hipótese de declaração de inconsti- tucionalidade de lei ou ato do Poder Público, somente terá voto de desempate. – nas sessões administrativas, o Presidente votará com os demais magistra- dos, cabendo-lhe, ainda, o voto de qualidade. – no julgamento de recursos contra decisão ou despacho do Presidente, do Vice ou do Relator, ocorrendo empate, prevalecerá a decisão ou despacho recorrido; – a ordem das sessões dos Tribunais será estabelecida no respectivo regi- mento interno. Exercício 14. Quais são as principais alterações trazidas pela EC nº 45 quanto aos TRT? D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 25 6. Organização da Justiça do Trabalho: Vara do Trabalho 6.1 Apresentação Esta unidade abordará a organização da Justiça do Trabalho e a Vara do Trabalho. 6.2 Síntese Alteração trazida pela EC nº 24/1999, que extinguiu a representação clas- sista, que tinha como finalidade levar ao Judiciário a experiência de cada classe. Nas comarcas que não há jurisdição de uma Vara do Trabalho, a lei poderá atribuí-la ao Juiz de Direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho (art. 112 da CF). A competência dos Juízes de Direito, quando investidos de jurisdição traba- lhista, é a mesma das Varas do Trabalho (art. 669 da CLT). Em havendo mais de um juiz de Direito, a competência é determinada, entre os Juízes Cível, por distribuição ou pela divisão judiciária local, na con- formidade com a lei orgânica respectiva – § 1º do art. 669 da CLT. Todavia, se a lei orgânica for diversa do que previsto no referido parágrafo, será competente o Juiz do Cível mais antigo. Cabe à lei fixar a competência territorial das Varas do Trabalho. Cada vara compõem-se de um juiz titular e um substituto, nomeados pelo Presidente do TRT. Súmula nº 136 do TST – Cancelada. Princípio da identidade física do juiz não era aplicado na Justiça do Trabalho. Critérios para a criação de novas varas (Lei nº 6.941/1981): – número de empregados sob jurisdição (mais de 24.000); ou – quantidade de processos trabalhistas (mais de 1.500 por ano, em cada Vara do Trabalho); – a jurisdição de uma vara só poderá ser estendida a Municípios situa- dos em um raio máximo de 100 quilômetros da sede e desde que existam facilidades de acesso e meios de condução regulares. Poderá o TRT propor a inclusão de município com distância maior de 100 km, que será aprovado pelo TST. A CF estabelece no art. 93, XIII que o número de juízes na unidade juris- dicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 26 São garantias dos juízes – art. 95 da CF: I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII da CF ou decisão do CNJ, nos termos do art. 103-B, § 4º, III da CF; III – irredutibilidade de subsídios, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39 § 4º, 150, II, 153, III e 153, § 2º, I, da CF. Aos juízes é vedado (parágrafo único do art. 95 da CF): – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; – dedicar-se à atividadepolítico-partidária; – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pes- soas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de de- corridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Exercício 15. Quais as garantias dos juízes? Capítulo 5 Competência e Jurisdição 1. Jurisdição 1.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência e jurisdição. 1.2 Síntese Jurisdição é o poder do juiz de aplicar o direito no caso concreto. – atuação estatal; – aplicação do direito; – pacificação social. Lide é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. – características; – caráter substitutivo; – definitividade. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 28 Alguns casos há jurisdição sem lide: – jurisdição voluntária – ex.: separação judicial; – ações constitutivas necessárias – ações que visam a criação de uma nova situação jurídica que não poderia ser criada sem a intervenção do Judiciário; – processos objetivos – controles concentrados de constitucionalidade; – tutela inibitória – de alcance futuro, visa evitar a prática ou repetição de um ato ilícito. Princípios: – Princípio da Inércia – arts. 2º e 262 do CPC; – Princípio do Juiz Natural – art. 5º, XXXVII e LIII da CF; – Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição – art. 5º, XXXV da CF; – Princípio da Publicidade – art. 93, IX da CF; – Princípio da Indelegabilidade. Exercício 16. Quais os fundamentos do princípio da inércia da jurisdição? 2. Competência: Divisão 2.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência. 2.2 Síntese Competência é a medida da jurisdição, poder do juiz de dizer o direito no caso concreto. Competência pode ser: 1) em razão da matéria (ratione materiae); 2) em razão da pessoa; 3) em razão do lugar (ratione loci); 4) funcional ou em razão da hierarquia; 5) em razão do valor. Competência em razão da matéria – art. 114 da CF e art. 652 da CLT. Competência em razão da pessoa – também chamada de competência em razão da qualidade das partes envolvidas nas relações jurídicas controvertidas. Competência em razão do lugar – art. 651 da CLT. Competência funcional – também chamada de interna. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 29 Competência em razão do valor: sumaríssimo, até 40 salários mínimos (arts. 852-A a 852-H da CLT); ordinário acima de 40 salários mínimos; sumá- rio, até 2 salários mínimos (Lei nº 5.584/1970). No processo do trabalho, não há classificação da competência em razão do valor da causa. Competência pode ser relativa ou absoluta. Relativa: em razão do lugar: – não pode ser conhecida de ofício; – deve ser alegada por meio de exceção de incompetência; – não alegada no momento oportuno, ocorre a preclusão; – sendo acolhida, será encaminhada ao juízo competente, tornando-se válidos os atos praticados. Absoluta: em razão da matéria, pessoa e da função: – deve ser conhecida de ofício pelo juiz; – pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição; – não ocorre preclusão; – é uma objeção processual; – sendo acolhida, será encaminhada ao juízo competente, tornando-se nulos apenas os atos decisórios. Exercício 17. Qual a diferença entre competência absoluta e competência relativa? Capítulo 6 Competência da Justiça do Trabalho 1. Competência Material: Art. 114, I, da CF Primeira Parte 1.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência material prevista no art. 114, I, primeira parte da CF. 1.2 Síntese Art. 114 da CF – alterado pela Emenda Constitucional nº 45, estabelece a competência em razão da matéria. I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 31 – ações oriundas da relação de trabalho; – entes de direito público externo; – entes da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Primeiro, observar que a EC nº 45 retirou no caput do art. 114 da CF a palavra “conciliar”. Qual a consequência desta supressão? Nenhuma, pois conciliar faz parte da história da Justiça do Trabalho e, é princípio implícito do processo do trabalho. Três correntes: 1ª – reducionista; 2ª – expansionista; 3ª – intermediária. Exceção: Competência Criminal – A retirada da competência criminal da Justiça do Trabalho envolve não somente as penas restritivas de liberdade, mas também as penas pecuniárias e restritivas de direitos, como é o caso da Lei da Improbidade Administrativa. Profissional liberal – subordinação máxima, média e mínima. Máxima – empregado/empregador; Média – profissional liberal autônomo duradouro/tomador dos serviços; Mínima – profissional liberal/cliente esporádico. Súmula nº 363 do STJ: “Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.” Exercício 18. Qual a consequência jurídica da supressão da palavra “conciliar” do caput do art. 114 da CF, pela EC nº 45? 2. Competência Material: Art. 114, I, da CF Segunda e Terceira Partes 2.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência material: art. 114, I, da CF segunda e terceira partes. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 32 2.2 Síntese I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Entes de direito público externo – se um determinado consulado contrata empregado no Brasil, a competência para esta relação será a JT. Imunidade de jurisdição – não gozam desse privilégio por se tratar de ato de gestão e não ato de império. Trata-se de imunidade jurisdicional relativa e não absoluta. Porém, pos- suem imunidade de execução. Gozam dessa prerrogativa institucional por questões de soberania. Duas hipóteses seriam possíveis à penhora de bens do ente de direito pú- blico estrangeiro. 1ª – renúncia por parte do Estado estrangeiro à prerrogativa da intangibili- dade dos seus próprios bens; ou 2ª – existência em território brasileiro de bens que, embora pertencentes ao ente externo, não tenham qualquer vinculação com as finalidades essenciais inerentes às ligações diplomáticas ou representações consulares mantidas no Brasil. 3ª parte: administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. “Ação direta. Competência. Justiça do Trabalho. Incompetência reconhe- cida. Causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários. Ações que não se reputam oriundas de relação de trabalho. Conceito estrito desta relação. Feitos da competência da Justiça Comum. Interpretação do art. 114, inciso I, da CF, introduzido pela EC nº 45/2004. Precedentes. Liminar deferida para excluir outra interpretação. O disposto no art. 114, I da Constituição Federal não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária.” (Liminar concedida pelo STF em Ação Declaratória de Inconstitucionalidade nº 3.395). Reclamações nos 4.460 e 4.464 – decididas em maio de 2009, a favor da competência da Justiça Comum para apreciar e julgar as pretensões dos servi- dores públicos contratados por prazo determinado, ainda que sob alegação de desvirtuamento do regime estatutário. Com isso, houve o cancelamento da OJ nº 205 da SDI-I do TST. Exercício 19. Possui o ente de direito público externo imunidade de jurisdição?D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 33 3. Competência Material: Art. 114, II e III da CF 3.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência material, mais precisamente o art. 114, II e III da CF. 3.2 Síntese II – as ações que envolvam exercício do direito de greve; Duas questões: 1ª) a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações possessórias que envolvam o exercício do direito de greve? 2ª) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as greves dos servidores públicos civis? Súmula Vinculante nº 23 STF – “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.” Reclamação nº 6.568 – greve da polícia civil do Estado de SP. Invocando a ADI nº 3.395, o Estado de SP levou a questão ao STF que a acolheu. III – as ações sobre representante sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 4 situações: – ações sobre representação sindical; – ações entre sindicatos; – ações entre sindicatos e trabalhadores; – ações entre sindicatos e empregadores. Efetiva novidade da EC nº 45. Questões como conceito de categoria profis- sional, categoria diferenciada, enquadramento sindical é matéria trabalhista e a EC acertadamente transferiu a competência. As decisões da Justiça Comum refletiam de forma incidental nas ações tra- balhistas, no que diz respeito à norma coletiva aplicável. Ações entre sindicatos: – ex.: exigência de multas e cumprimento de obrigações de fazer que cons- têm de cláusulas da norma coletiva. Trata-se de uma ação entre sindicato pro- fissional em face do sindicato patronal; – ex.: controvérsia sobre a repartição da contribuição sindical, assistencial e confederativa. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 34 Ações envolvendo Centrais Sindicais não é da competência Trabalhista porque as CS não se inserem no âmbito da estrutura sindical brasileira, mesmo após a Lei nº 11.648/2008. Ações entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores: – ex.: ação de cobrança de contribuição assistencial, confederativa e sindical. O STJ manteve na Justiça Comum, “em detrimento da Justiça do Traba- lho”, a competência para “processar e julgar ação de cobrança de contribui- ções associativas, decorrente da condição de associado do réu ao sindicato, bem como de despesas efetuadas em favor do trabalhador, decorrentes de contrato firmado com plano de saúde por sub-rogação de crédito” (Conflito de Compe- tência nº 65.211, de 12/05/2009) Essa parcela da competência trabalhista não é inédita. A Lei nº 8.984/1995 conferia competência à Justiça do Trabalho. “Art. 1º Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou acor- dos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e empregador.” Exercício 20. Qual a competência para julgamento das ações possessórias, decor- rente do exercício do direito de greve? 4. Competência Material: Art. 114, IV e V da CF 4.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência material: art. 114, IV e V da CF. 4.2 Síntese IV – os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; MS – novidade: possibilidade de impetrar MS perante as Varas do Trabalho. Ex.: contra auditor fiscal ou delegado do trabalho – em decorrência de multas ou interdição do estabelecimento; contra ato de procurador do trabalho – em inquéritos civis públicos ou outros procedimentos administrativos; contra ato de oficial de cartório – que nega o registro sindical, etc. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 35 Mandado de Segurança – Lei nº 12.016/2009 – proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra autoridade. HC – a redação dada pelo inciso IV do art. 114 da CF resultou em derro- gação do art. 105, I, “c” da CF, em razão da incompatibilidade entre as duas regras constitucionais. Assim, o STJ não tem mais competência para processar e julgar habeas corpus impetrado contra ato de juiz do TRT. Habeas data – remédio constitucional que visa: 1º – assegurar o conheci- mento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 2º – retificar dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; 3º – promover a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. V – os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”; Os conflitos de competência podem ser positivos ou negativos. TRT – havendo conflito de competência entre varas da mesma região – art. 808, “a” CLT; TST– havendo conflito de competência entre TRT, Varas do Trabalho de regiões diversas e entre TRT e Vara do Trabalho a ele não vinculada – art. 808, “b” CLT; STJ – entre TRT e TJ, TRT e TRF, juiz do trabalho e juiz de direito; STF – entre o TST e qualquer outro Tribunal. Art. 805 da CLT – Os conflitos podem ser suscitados pelos juízes e tribunais do trabalho, pelo Ministério Público do Trabalho e pela parte interessada. Súmula nº 420 – Competência funcional. Conflito negativo. TRT e vara do trabalho de idêntica região. Não configuração (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 115 da SBDI-2) –Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24/08/2005. Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada. (ex-OJ nº 115 da SBDI-2 – DJ 11/08/2003). Exercício 21. Pode ocorrer conflito de competência entre TRT e vara da mesma região? E entre TRT e vara de outra região? Quem será competente para dirimir o conflito? D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 36 5. Competência Material: Art. 114, VI da CF 5.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência material, art. 114, VI da CF. 5.2 Síntese VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; Nas ações acidentárias movidas em face do INSS, a competência é da Jus- tiça Comum – art. 109, I, da CF; art. 643, § 2º da CLT, Súmulas nos 235 e 501 do STF e 15 do STJ. Não alcança os processos já sentenciados (Súmula nº 367 do STJ). Súmula Vinculante nº 22 do STF – É competente a Justiça do Trabalho inclusive quan- to aos casos não sentenciados. E quando se trata de dano em ricochete, reflexo ou indireto? Em setembro de 2009, a Súmula nº 366 do STJ, que estabelecia a com- petência da Justiça Comum, foi cancelada. Desde então, vem prevalecendo o entendimento da Justiça do Trabalho. E o dano moral decorrente do trabalho do preso? “Compete à Justiça estadual processar e julgar ação de indenização por danos morais e materiais, decorrentes de acidente sofrido pelo autor; na condição de preso, durante a realização de serviços gerais em Batalhão da Polícia Militar. Isto porque o condenado que presta serviço social, com finalidade educativa e produtiva, não está sujeito ao regime da CLT, mas às regras da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984). Ademais, como a pre- tensão do autor denota pedido de indenização baseada na responsabilidade objetiva do Estado, não se tratando de matéria acidentária propriamente dita, condizente está com a competência da Justiça comum.” (Conflito de Competência nº 66.974/2007, STJ.) Exercício 22. Diante do falecimento de um empregado, quem temcompetência para julgar ação de indenização por danos morais movida por viúva em face do empregador? D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 37 6. Competência Material: Art. 114, VII, VIII e IX da CF 6.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência material, art. 114, VII, VIII e IX da CF. 6.2 Síntese VII – as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empre- gadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; Penalidades administrativas – são multas impostas pelo descumprimento de obrigações trabalhistas. Impostas aos empregadores – ficam excluídas as multas impostas aos sin- dicatos, aos OGMO; aos tomadores de serviços; aos profissionais liberais, etc. Órgãos de fiscalização – Ministério do Trabalho e Emprego. A atividade de fiscalização era exercida pelas DRT, que foi substituída, por meio do Decre- to nº 6.341/2008 pelas Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE). A competência trabalhista se limita às autuações das SRTE por questões relacionadas com o contrato de trabalho. VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; Súmula nº 368 do TST Descontos previdenciários e fiscais. Competência. Responsabilidade pelo pagamento. Forma de cálculo. (redação do item II alterada na sessão do Tribu- nal Pleno realizada em 16/04/2012) – Res. nº 181/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e 23/04/2012 I – A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à exe- cução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 – inserida em 27/11/1998) II – É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contri- buições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriun- do de condenação judicial, devendo ser calculadas, em relação à incidência dos descontos fiscais, mês a mês, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 38 III – Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, § 4º, do Decreto nº 3.048/1999 que regu- lamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquo- tas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. (ex-OJ nos 32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14/03/1994 e 20/06/2001.) STF – julgamento do RE nº 568.056, em 11/09/2008, estabeleceu a in- competência material da Justiça do Trabalho para execução das contribuições sociais no caso de decisões meramente declaratórias. IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Art. 643, § 3º da CLT – A Justiça do Trabalho é competente, ainda, para pro- cessar e julgar as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO decorrentes da relação de trabalho. Nem todos os assuntos envolvendo os trabalhadores avulsos foram inseridos na competência trabalhista, mas somente aqueles atinentes a suas relações de trabalho. Ex.: o cálculo da indenização que o órgão gestor deve pagar ao avulso por ocasião do cancelamento de sua matrícula (art. 59 da Lei nº 8.630/1993). “A ação proposta por trabalhadores portuários com o objetivo de cobrar a correção monetária legalmente aplicável à indenização decorrente do cance- lamento dos registros junto ao Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) é de competência da Justiça Comum.” (Conflito nº 87.406, 15/12/2008 – STJ.) Exercício 23. Quais os limites da competência da Justiça do Trabalho quanto à execução da contribuição previdenciária? 7. Competência em Razão do Lugar 7.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência em razão do lugar. 7.2 Síntese Regra: último lugar onde prestou serviços (art. 651 da CLT). D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 39 Exceções: 1ª – quando o empregado for agente ou viajante comercial: solução – local no qual o autor se reporte (agência ou filial) ou na falta deste a Vara do local onde o empregado tenha domicílio ou na localidade mais próxima. 2ª – o próprio empregador não tem local certo de trabalho. Solução: é asse- gurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. Os brasileiros que prestaram serviços no exterior podem ajuizar a ação no Brasil, desde que não haja convenção internacional dizendo o contrário. E se trabalhou em mais de um local? Trabalhou por um período em deter- minado município e depois foi transferido para outro município? R.: duas correntes (majoritária) – último local da prestação de serviços; (minoritária) – competência concorrente. Competência é relativa, razão pela qual a incompetência deve ser arguida por meio de exceção de incompetência em razão do lugar, antes da apresen- tação da defesa. Da decisão do juiz que acolher a exceção, não cabe recurso, salvo na hipótese da Súmula nº 214 do TST. Não pode ser conhecida de ofício – Súmula nº 33 do STJ. OJ nº 149 da SDI-II do TST – Não cabe declaração de ofício de incom- petência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no § 3º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do local onde a ação foi proposta. Exercício 24. Quando o domicílio do autor será determinante para a fixação da competência em razão do lugar? 8. Competência Funcional 8.1 Apresentação Esta unidade abordará a competência funcional. 8.2 Síntese Também conhecida como competência em razão da função ou hierarquia. Trata-se de competência absoluta. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 40 De acordo com o art. 93 do CPC, a competência funcional dos tribunais é regida pela Constituição, pelas leis processuais e pelos regimentos internos, e quanto aos juízes de primeiro grau será disciplinado na própria legislação processual (CLT – CPC). A competência funcional pode ser vertical ou horizontal. Vertical – entre as diversas instâncias; horizontal – na mesma instância. Competência das Varas – art. 652 da CLT Também compete às Varas do Trabalho do local onde ocorreu a lesão ou ameaça a interesses ou direitos metaindividuais processar e julgar ACP. Tribunais Regionais do Trabalho – quando dividido em turmas – art. 678 da CLT; quando não dividido em turmas – art. 679 da CLT. Competência do Presidente dos Tribunais Regionais – art. 682 da CLT, bem como o disposto na Lei nº 5.584/1970, art. 2º, § 2º. TST – Regimento Interno. – Pleno – art. 68 do RI; – Órgão Especial – art. 69 do RI; – SDC – art. 70 do RI; – SDI – art. 71 do RI; – Turmas – art. 72 do RI; – Enamat – arts. 73 e 74 do RI; – CSJT – art. 75 do RI. Exercício 25. Cite exemplo de competência funcional vertical da Justiça do Tra- balho. Capítulo 7 Ação 1. Ação: Natureza Jurídica e Conceito 1.1 Apresentação Esta unidade abordará a natureza jurídica e conceito da ação. 1.2 Síntese Existem inúmeras teorias sobre a natureza jurídica da ação. Opondo-se ao conceito civilista, ultrapassado de que a ação fazia parte do direito privado, surgiram as chamadas teorias publicistas da ação. Em síntese, sustentam tais teorias: 1 – ação é um direito autônomo, distinto do direito material; 2 – é um direito público, pois a ação é ajuizada contra o Estado em face de alguém. D ire ito Pro ce ss ua l d o Tr ab al ho 42 A ação cria dois direitos públicos: 1º – o direito do ofendido de invocar a tutela jurisdicional; 2º – o direito do Estado de eliminar a lesão. Três são as teorias: 1 – Teoria da ação como Direito Autônomo e Concreto – para essa teoria a ação é o direito à tutela jurisdicional de mérito, ou seja, está subordinada à preexistência de um direito material; 2 – Teoria da ação como Direito Autônomo e Abstrato – para essa teoria, a ação é o direito à composição do litígio pelo Estado, independentemente do direito material; 3 – Teoria Eclética – teoria de Liebman, onde preenchidos alguns requisi- tos e condições, o autor teria direito à tutela jurisdicional de mérito – foi a teoria adotada pelo CPC brasileiro. Conceito: “É um direito público, humano e fundamental, autônomo e abs- trato, constitucionalmente assegurado à pessoa, natural ou jurídica, e a alguns entes coletivos, para invocar a prestação jurisdicional do Estado, objetivando a tutela de direitos materiais individuais ou metaindividuais.” (Carlos Henrique Bezerra Leite) Direito humano – previsto o art. 8º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Direito constitucional – art. 5º, XXXV da CF/1988. Exercício 26. Qual a teoria adotada pelo direito processual brasileiro? Explique. 2. Ação: Elementos da Ação 2.1 Apresentação Esta unidade abordará os elementos da ação. 2.2 Síntese O direito de ação não é absoluto, pois a lei impõe algumas exigências para o seu exercício. São elementos da ação: partes, pedido e causa de pedir. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 43 Partes – são os titulares do direito ou representantes dos titulares. São ele- mentos subjetivos da ação que figuram no polo passivo ou ativo. Também cha- mados de sujeitos da ação. Mais de um sujeito, haverá o litisconsórcio. Autor = reclamante. Réu = reclamado. Pedido – elemento objetivo da ação. É o objeto da ação. O pedido poderá ser mediato ou imediato. Mediato é o bem da vida que se pretende (ex.: vínculo de emprego). Imediato, é o pedido de prestação jurisdi- cional. O Estado irá proferir uma sentença declaratória, constitutiva, condena- tória, mandamental ou executivas lato sensu. Causas de pedir – são os motivos fáticos e jurídicos que justificam o pedido. A causa de pedir pode ser remota ou próxima. A primeira é a razão remota do pedido (ex. contrato de trabalho); a segunda é a infração (ex: não pagamento de verbas rescisórias). Exercício 27. Quais são os elementos da ação? 3. Ação: Classificação 3.1 Apresentação Esta unidade abordará as classificações da ação. 3.2 Síntese As ações são classificadas de acordo com a prestação jurisdicional que se pretende invocar. Classificam-se em ações de conhecimento (ou cognitivas), executivas e cautelares. Pontes de Miranda acrescenta a ação mandamental. Essa classificação trinária, tradicional, foi muito criticada pela doutrina, pois o Estado Democrático de Direito exige uma postura mais ativa do juiz, por esse motivo, também, se fala em ação mandamental e executiva lato sensu. Ações mandamentais – visam uma sentença mandamental (MS, MI) – exi- gem um provimento jurisdicional que manda, que ordena, determina. Nesta ação, o vencido terá que cumprir a determinação independentemente de ação de execução. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 44 Executivas lato sensu – trazem em si uma carga executiva, onde a sentença reconhece o direito e já impõe determinação, sem que haja qualquer necessi- dade de providência posterior pelo vencedor. Ex.: ação de despejo. Ações de conhecimento – são aquelas que visam a obtenção de uma sen- tença, que poderá ser terminativa ou definitiva. Nestas ações, o juiz deverá conhecer o direito mediante um procedimento. Podem ser ações individuais ou coletivas. As ações de conhecimento se dividem em: condenatórias, constitutivas, de- claratórias, mandamentais ou executivas lato sensu. Condenatóriaz – visam condenar o réu à obrigação de pagar, fazer ou não fazer ou ainda de entregar. Constitutivas – visam a modificação, criação ou extinção de uma relação jurídica. Declaratórias – visam obter a declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica. Ação Declaratória incidental – tem cabimento quando no curso do proces- so se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência depen- der o julgamento da lide – arts. 5º e 325 do CPC. São requisitos da ação declaratória incidental: 1) o pedido deve versar sobre relação jurídica e não fato; b) a relação jurídica precisa ter se tornado contro- vertida pela contestação; c) relação jurídica precisa ser prejudicial; d) o juiz há de ser competente para a causa incidente. Ações Inibitórias – visam impedir a prática de algum ato. Trata-se de uma espécie de ação de conhecimento que visa inibir o ilícito. O Estado atua antes do ilícito. O juiz poderá conceder as chamadas tutelas inibitórias. Ex.: arts. 659, IX CLT, 543 da CLT. Ação de Remoção do Ilícito – quando já ocorreu o ilícito e se pretende remover seus efeitos concretos. Ações executivas – visam cumprir o que determinado em uma sentença ou ainda em um título executivo extrajudicial. Ações cautelares – visam assegurar o resultado útil de um processo principal. 4. Ação: Condições da Ação 4.1 Apresentação Esta unidade abordará as condições da ação. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 45 4.2 Síntese O direito brasileiro adotou a teoria tricotômica de Liebman, sobre as con- dições da ação. São elas: possibilidade jurídica do pedido; interesse processual; e legitimi- dade das partes. Possibilidade jurídica do pedido – dois aspectos: 1º – quando o pedido não esteja amparado pelo direito objetivo; 2º – quando há uma proibição expressa que impeça o juiz de deferir ao autor o bem jurídico. Interesse processual – decorre do trinômio: necessidade-utilidade-ade- quação. OJ nº 188 SDI-I. Decisão normativa que defere direitos. Falta de interesse de agir para ação individual (inserida em 08/11/2000) Falta interesse de agir para a ação individual, singular ou plúrima, quando o direito já foi reconhecido por meio de decisão normativa, cabendo, no caso, ação de cumprimento. Legitimidade das partes – é a titularidade ativa ou passiva da ação. A legitimidade pode ser ordinária ou extraordinária. A legitimação extraordinária se dá quando aquele que tem legitimidade para estar no processo não é o titular do direito material. Substituição processual é uma espécie do gênero legitimação extraordinária. Exemplo de legitimação extraordinária: Ministério Público do Trabalho. Substituição processual É a possibilidade de demandar em nome próprio direito alheio. Era admitido apenas nas hipóteses autorizadas por lei. No processo do tra- balho, haviam 3 situações que autorizavam: 1ª) art. 195, § 2º CLT – adicional de insalubridade e periculosidade; 2ª) art. 872, parágrafo único da CLT – pa- gamento de salários fixados em sentença normativa; 3ª) correção automática de salários (Lei nº 6.078/1979, art. 3º, § 2º e Lei nº 7.238/1984, art. 3º, § 2º). Esse entendimento havia sido pacificado pelo TST pela Súmula nº 310, cancelada em 2003, pela Resolução nº 119. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou indivi- duais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. Mesmo após a CF/1988 permaneceu o entendimento do TST no senti- do de limitar a substituição processual, até o julgamento proferido pelo STF que, ao julgar um RE reconheceu a legitimidade do sindicato para pedido de adicional noturno em nome de seus representados (STF-RE nº 202.063-PR,27/06/1997, Relator Min. Octavio Gallotti). Exercício 28. Quais os limites da substituição processual dos sindicatos? Capítulo 8 Processo e Procedimento 1. Pressupostos Processuais 1.1 Apresentação Esta unidade abordará os pressupostos processuais. 1.2 Síntese São requisitos quanto à validade da relação jurídico-processual. Deve ser conhecido de ofício, exceto quanto à convenção de arbitragem. Classificação: Pressupostos processuais de existência – também chamados de pressupostos de constituição do processo. São eles: petição inicial, jurisdição e citação. A ausência de qualquer um desses torna inexistente a relação processual. Pressupostos processuais de validade – dizem respeito ao desenvolvimento válido do processo. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 47 A ausência torna inválido, apesar da existência. Podem ser positivos ou negativos. Positivos – verificados na mesma relação jurídica. São eles: petição inicial apta, competência do juízo, capacidade postulatória, capacidade processual, citação válida, imparcialidade do juiz. Negativos – verificados “fora” do processo. Ex.: litispendência, coisa julga- da, perempção, convenção de arbitragem. A submissão às comissões de conciliação prévia não é pressuposto proces- sual (art. 625-D da CLT), conforme já decidiu o STF (ADI nº 2.160 MC/DF). Exercício 29. A submissão às CCP, prevista no art. 625-D da CLT, é pressuposto processual? 2. Procedimentos: Procedimento Sumário 2.1 Apresentação Esta unidade abordará o procedimento sumário. 2.2 Síntese Os procedimentos se dividem em comum e especial. O procedimento co- mum são 3: – Sumário; – Sumaríssimo; – Ordinário. Os procedimentos especiais são adotados em ações especiais. Ex.: inquérito para apuração de falta grave, dissídio coletivo, ação de cumprimento. Sumário – também chamado rito de alçada Lei nº 5.584/1970, art. 2º, §§ 3º e 4º. Para causas cujo valor não ultrapasse 2 salários mínimos. Não é aplicável em causas que figuram pessoas jurídicas de direito público. A ata da audiência é mais simplificada. Não é admitida a apresentação de reconvenção e intervenção de terceiros. Não há possibilidade de recurso, salvo se versar sobre matéria constitucional. Há discussão na doutrina se essa regra não é inconstitucional. Para a maioria não, por entender que duplo grau de jurisdição não é princípio constitucional. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 48 Outra discussão é a respeito da constitucionalidade quanto à utilização do salário mínimo como critério para fixação do procedimento. O TST já pacifi- cou dizendo que não há inconstitucionalidade. Súmula nº 356 TST – O art. 2º, § 4º, da Lei nº 5.584, de 26/06/1970 foi recepcionado pela CF/1988, sendo lícita a fixação do valor da alçada com base no salário mínimo. Exercício 30. O procedimento sumário foi recepcionado pela CF/1988? 3. Procedimento Sumaríssimo: Arts. 852-A a 852-D da CLT 3.1 Apresentação Esta unidade abordará o procedimento sumário e o art. 852-A ao art. 852-D da CLT. 3.2 Síntese Demandas cujo valor dos pedidos não ultrapasse 40 salários mínimos (art. 852-A). Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional (art. 852-A, parágrafo único). O pedido deverá ser certo e determinado e indicará o valor correspon- dente, sob pena de arquivamento (art. 852-B, I e § 1º) e pagamento de custas processuais. Não se fará citação por edital (art. 852-B, II e § 1º). A parte deve indicar o endereço correto do réu. Por força do art. 295, V do CPC, é possível o juiz converter o rito sumarís- simo em ordinário. A audiência deverá ser designada no prazo máximo de 15 dias do ajuiza- mento da ação, podendo constar de pauta especial (art. 852-B, III). É dever da parte e dos advogados comunicar ao juízo as mudanças de ende- reço ocorridas durante o processo. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 49 As audiências serão únicas (art. 852-C da CLT). Livre apreciação das provas, concedendo especial valor às regras de expe- riência comum ou técnica (art. 852-D da CLT). Exercício 31. Qual a consequência da citação negativa no processo pelo rito suma- ríssimo? 4. Procedimento Sumaríssimo: Arts. 852-E a 852-I da CLT 4.1 Apresentação Esta unidade abordará o procedimento sumaríssimo e o art. 852-E ao art. 852-I da CLT. 4.2 Síntese Na ata da audiência, serão registrados resumidamente os atos essenciais, as ações fundamentais das partes e as informações úteis à solução da causa trazi- das pela prova testemunhal (art. 852-F da CLT). A parte contrária terá que se manifestar em audiência sobre os documentos trazidos pela parte contrária, sendo que a concessão de prazo fica a critério do juiz (art. 852-H, § 1º da CLT). Testemunhas: máximo duas para cada parte. Necessidade da comprovação do convite. Prova técnica. Manifestação das partes em cinco dias sobre o laudo. Adiamento da audiência – prazo 30 dias, salvo motivo relevante. É dispensado o relatório na sentença (art. 852-I) e as partes serão intimadas da sentença na própria audiência (art. 852-I, § 3º). Art. 895, § 1º da CLT. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo: II – será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, deven- do o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor; III – terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão; D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 50 IV – terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão. § 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Tur- ma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prola- tadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. Exercício 32. Qual a consequência do não comparecimento das testemunhas em audiência, no procedimento sumaríssimo? Capítulo 9 Atos, Termos e Prazos Processuais 1. Atos Processuais – Aspectos Gerais 1.1 Apresentação Esta unidade abordará os atos processuais e os aspectos gerais. 1.2 Síntese Atos Processuais – são aqueles praticados no corpo do processo e encadea- dos entre si com o objetivo de se chegar à sentença. São atos voluntários, o que difere dos fatos processuais que são os acontecimentos involuntários, como a morte de uma das partes. Arts. 770 a 782 da CLT. O CPC trata do assunto nos arts. 158 a 261. Art. 93, IX da CF – princípio da publicidade, salvo interesse público ou social. D ire ito P ro ce ss ua l d o Tr ab al ho 52 Art. 770 da CLT – os atos serão praticados em dias úteis das 06:00 às 20:00. A penhora, mediante autorização, poderá ser realizada nos domingos ou feriados. Dias úteis – o sábado é considerado dia útil (Lei nº 605/1949 e a exceção do parágrafo único do art. 770 da CLT). Art. 161 da CPC – é defeso às partes lançar nos autos cotas marginais ou interlineares, devendo o juiz mandar riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário mínimo vigente. Cotas marginais ou interlineares são quaisquer anotações, rasuras, emen- das, etc. apostos de forma impertinente ou abusiva em qualquer peça ou docu- mento dos autos. Termo Processual – é a reprodução por escrito do ato processual. O
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