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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS PROGRAMA ESPECIAL DE TREINAMENTO TUTORA: PROFESSORA MIRNA DE BORBA ESTUDO DO CONCEITO DE MARKETING E ANÁLISE DO COMPOSTO DE MARKETING PARA O PET - PRODUÇÃO ACADÊMICO: EDUARDO CARVALHO PAIVA PROFESSORA ORIENTADORA: OLGA CARDOSO, DRA FLORIANÓPOLIS, AGOSTO DE 2001 II SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ....................................... 1 2 - ESTUDO DO CONCEITO DE MARKETING ................. 2 2.1 - O CONCEITO DE MARKETING ................................ 2 2.1.1 - Mudança do Conceito ao Longo da História ........... 2 2.1.2 - Marketing ................................ .......... 4 2.1.3 - Conceito de Marketing .............................. 4 2.1.4 - Administração de Marketing ......................... 7 2.2 - O SISTEMA DE MARKETING ................................. 8 2.2.1 - Componentes Individuais do Sistema de Marketing .... 9 2.2.2 - Relações Funcionais ............................... 10 2.2.3 - A Tarefa da Administração de Marketing ............ 10 3 - OPORTUNIDADE DE MARKETING ....................... 13 3.1 - O AMBIENTE DE MARKETING ............................... 13 3.1.1 - O Conceito de Eco ssistema ......................... 14 3.1.2 - O Conceito de Oportunidade de Marketing ........... 15 3.1.3 - O Ambiente Econômico .............................. 16 3.1.4 - O Ambiente Tecnológico ............................ 18 3.1.5 - O Ambie nte Político e Legal ....................... 19 3.1.6 - O Ambiente Cultural ............................... 19 3.2 - A SEGMENTAÇÃO DO MERCADO .............................. 19 3.2.1 - As Possíveis Segmentações ......................... 21 3.2.2 - As Diferen tes Estratégias ......................... 22 4 - ORGANIZAÇÃO PARA MARKETING ...................... 24 4.1 - CRESCIMENTO E ESTRATÉGIA COMPETITIVA .................. 24 4.1.1 - As Estratégias de Crescimento ..................... 25 4.1. 2 - Estratégia Competitiva ............................ 27 5 - APLICAÇÕES CONCEITUAIS DE MARKETING PARA O PET .. 32 5.1 - ANÁLISE DO COMPOSTO DE MARKETING ...................... 32 5.2 - PROPOSTA DE ESTRATÉGIAS DE MARKETING .................. 35 6 - CONCLUSÃO ....................................... 37 7 - BIBLIOGRAFIA .................................... 39 III LISTA DE FIGURAS E TABELAS FIGURA 1 - DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS DE VENDAS E MARKETING (KOTLER, 1978) ................................ ........ 5 FIGURA 2 - ESTRUTURAS DE UMA EMPRESA CONVENCIONAL E DE UMA EMPRESA DE MARKETING.................... ...............6 FIGURA 3 - Modelo simples de sistema de Marketing (KOTLER, 1978)..................................................8 FIGURA 4 - VISUALIZAÇÃO DOS QUATRO ESTRATOS DO AMBIENTE EXTERNO À EMPRESA (KOTLER, 1978) ..................... 13 FIGURA 5 - POSSÍVEIS SEGMENTAÇÕES DE UM MERCADO SIMPLES, COMPOSTO DE SEIS COMPRADORES (KOTLER, 1978) .......... 20 FIGURA 6 - EXEMPLO DOS TRÊS TIPOS DE CONCORRÊNCIA DE UMA BICICLETA (KOTLER, 1 978) ............................. 28 FIGURA 7 - FLUXOGRAMA DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO PET – EPS – UFSC (DO AUTOR) ................................ 32 TABELA 1 - SÍNTESE D O COMPOSTO DE MARKETING DO PET – EPS – UFSC (DO AUTOR) .... .................... ..............34 1 1 - INTRODUÇÃO O Marketing é um assunto que tem se tornado cada vez mais importante nas organizações atuais. Considerando que as empresas surgem para satisfazer as necessi dades dos clientes, estas empresas têm no Marketing um importante aliado na luta por seus mercados. Enquanto isto, novas aplicações deste tema são inventadas a cada dia. Atualmente, o interesse por este tema tem aumentado até em áreas que anteriormente ne m o conheciam. Bancos, políticos, escolas, organizações sem fins lucrativos e o próprio governo têm se utilizado comumente de práticas modernas de Marketing. Este estudo visa a formação integral dos bolsistas do Programa Especial de Treinamento da Engenhar ia de Produção da UFSC. Inicialmente será estudado o conceito de Marketing, suas oportunidades e organização, dando um subsídio teórico para a segunda etapa do trabalho, onde será possível inserir aplicações destes conceitos específicas ao PET, através da análise do Composto de Marketing do grupo. 2 2 - ESTUDO DO CONCEITO DE MARKETING 2.1 - O CONCEITO DE MARKETING Para que se inicie o estudo, é necessário distinguir entre três ítens - chaves: Marketing, o conceito de Marketing e Administração de Marketing. O Marketing é uma tema que gera algumas polêmicas e que nos leva a alguns paradoxos. Apesar de ter se constituído apenas recentemente em um dos maiores interesses do homem moderno, o Marketing é uma das práticas mais antigas da história. Trocas ocorrem desde o homem antigo. Portanto, o Marketing existe desde aí, sofrendo várias transformações à medida que os sistemas econômicos também se modernizavam e chegavam ao modelo atual que temos hoje no século XXI. Pode - se dizer, portanto, que o Marketing "nasce" a partir do comércio. Como nem todo as pessoas conhecem o seu real significado, o Marketing é objeto de várias críticas. Algumas contra, dizendo que o Marketing tem como objetivo final "empurrar produtos fúteis" aos consumidores e que gera um aumento do p reço do produto final. Já outros o defendem, mostrando que a exposição maior leva a uma massificação dos produtos e, conseqüentemente do entusiasmo das pessoas, aumentando a produção. 2.1.1 - Mudança do Conceito ao Longo da História Os campos de estu dos são constantemente redefinidos na nossa sociedade, uma vez que as bases materiais, tecnológicas e culturais desta passam por freqüentes mudanças. Com o Marketing não é diferente, sua definição está ligada intimamente à economia em prática na época. Em um primeiro estágio, o homem era auto - suficiente. Não havia trocas. Mesmo com a organização do homem em grupos e/ou tribos, as trocas ainda inexistiam e, conseqüentemente, o Marketing também. O surgimento de excedentes da produção levou a um restrito comé rcio. Surgem fatores importantes como busca e 3 negociação (procedimentos de típicos de Marketing). A especialização da mão - de- obra levou à realização de feiras regulares, surgindo os mercados locais. O conceito de Marketing pode ser definido aqui como não s ó a troca de bens e/ou mercadorias mas também o conjunto de instituições que facilitam estas práticas. É interessante lembrar que as primeiras pessoas que se dedicaram ao Marketing, mesmo que inconscientemente, foram as mulheres, supervisionando as trocas e vendas dos produtos feitos pelos maridos no mercado. Já com uma economia monetária, o homem deu um grande impulso ao seu desenvolvimento. É difícil imaginar algo que ainda não tenha sido usado pelo homem como moeda: anzóis, conchas, pérolas, sementes de cacau, chá, pimenta, gado e escravos. A mineração consolidou o uso dos metais. O advento de um meio de circulação comum aumentou o ritmo do comércio e ratificou as bases dos mercados locais. Às luzes da Revolução Industrial, num estágio de capitalismo pri mitivo, as trocas de bens e serviços por trabalho eram cada vez mais comuns. Surgem as classes de proprietários e trabalhadores. O conceito de Marketing aqui é baseado na busca de clientes e mercados e na movimentação de bens e tem como objetivo o lucro do vendedor. Com o aumento da população mundial e acumulação de riquezas, surgem várias práticasmodernas de Marketing: marcas e embalagens dos produtos e propaganda para estimular as vendas. Neste estágio de produção em massa, o conceito de Marketing pode s er entendido como toda atividade que visa melhorar e estimular o fluxo de bens e serviços dos produtores até os consumidores. Para finalizar, na sociedade afluente dos dias de hoje, o Marketing ganha um conceito muito mais amplo, podendo ser definido como a interpretação dos desejos do consumidor e a criação de bens para satisfazer este desejos. Ele procura agora satisfazer as necessidades psicológicas, sociais e culturais das pessoas, levando em conta um excesso de dinheiro destas. O que importa agora são os desejos e não as necessidades das pessoas. Surgem importantes práticas: as pesquisas de mercado e os feed - backs. Leva em consideração interesses sociais (meio ambiente, transporte, etc.) e culturais. É o Marketing de uma sociedade altamente complexa, co m interesses diversos concorrendo paralelamente por um mesmo público alvo. Podemos ver então que, conforme dissemos, o Marketing está intimamente ligada à economia. Ao longo da história, a ênfase do conceito de Marketing, que era dada 4 inicialmente nas merc adorias, passa pelas instituições até chegar nas funções. 2.1.2 - Marketing Marketing pode ser definido como o conjunto de atividades que tem por objetivo facilitar e consumar as relações (duradouras ou não) de troca. É importante salientar que o obje to de troca não é apenas mercadoria. Pode ser tempo, trabalho, o próprio dinheiro, etc., não assumindo assim, o ponto de vista nem do comprador, nem do vendedor. Para que haja uma situação de Marketing e, portanto de troca, é necessário três itens princip ais: que duas ou mais partes estejam interessadas em troca, que cada uma destas partes tenha objetos de valor para outra e capacidade de comunicação e entrega. 2.1.3 - Conceito de Marketing O conceito de Marketing é a filosofia de Marketing a ser segu ida no âmbito empresarial. Esta filosofia leva a orientações da sociedade industrial, que têm se alterado ao longo dos tempos. A primeira orientação seguida foi uma orientação para a produção. Diante de bens e serviços escassos, o principal problema era en contrar um meio de aumentar a produção. Sucede a ela uma orientação financeira, caracterizada pela racionalização da estrutura das empresas, "enxugando" as despesas para aumentar os lucros. Práticas como as fusões de empresas se tornam cada vez mais comuns. Com o problema da escassez de bens resolvido, a escassez de clientes levou a uma orientação para vendas. O orçamento das empresas com propaganda e as equipes de venda aumentaram, e o uso de marcas e embalagens se intensificou. Início da pesquisa de marke ting aplicada em promoções. Hoje, diante de uma sociedade de rápidas e constantes mudanças de seus desejos e necessidades, as empresas adotam uma orientação para mercado. 5 Um caso exemplar é o da ELGIN NATIONAL WATCH COMPANY dos Estados Unidos. Em 1957, a Elgin era a maior fabricante de relógios do país com um faturamento de US$ 42 mi. Em 1958, a Elgin teve um prejuízo de US$ 2 mi. Não prestou atenção no mercado. A empresa contavam com uma boa rede de distribuição (lojas, etc). Entretanto as pessoas começaram a se interessar por outros tipos de relógios: de menor qualidade, mais baratos e simples, vendidos em lojas de distribuição em massa. O erro da Elgin foi se concentrar no produto e não nas necessidades dos clientes, típico de uma empresas com orientação para vendas e não para clientes. Tinha como objetivo fabricar produtos e vendê - los e não encontrar necessidades e satisfazê - las. Os números de seu faturamento provaram o quão rapidamente o mercado pode mudar. Daí podemos definir o conceito de Marketing co mo sendo uma orientação para o cliente, conquistada através de um Marketing Integrado e objetivando a satisfação do cliente, além do lucro, obviamente. Detalharemos cada um destes itens mais adiante. O conceito de vendas parte do cliente e visa um aumento do fluxo de mercadorias através de técnicas de venda e promoção. O conceito de Marketing inverte portanto, a lógica de vendas. A empresa deve deixar de olhar para dentro de si, na direção de seus produtos e passar a olhar para fora de si, na direção das ne cessidades de seus clientes. O conceito de vendas O conceito de Marketing Figura 1 - Definição dos conceitos de vendas e Marketing (KOTLER, 1978) Alguns passos devem ser seguidos na implementação de uma orientação par a o cliente. Primeiramente define - se uma necessidade genérica a ser atendida. Devido à limitação de recursos, a empresa deve também definir os grupos Produtos Vendas e Obtenção de lucro através Promoção do volume de vendas Necessidades Marketing Obtenção de lucro através do cliente Integrado da satisfação do cliente FOCO MEIOS OBJETIVO FOCO MEIOS OBJETIVO 6 visados para atender a necessidades específicas, priorizando um segmento do mercado. Depois, a empresa dev e atender às variações das necessidades dos grupos visados oferecendo diferentes produtos e desenvolvendo diferentes estratégias de Marketing. O conceito de Ford de "produção em massa" é, definitivamente, deixado de lado. A orientação para o cliente implic a num substancial investimento em pesquisa do consumidor. Deve - se conhecer não só as necessidades, mas também os desejos dos consumidores, afim de elaborar (e o mais rapidamente possível) produtos que atendam a estes mercados. A empresas deve ainda oferece r produtos e serviços diferenciados em relação a outras firmas, tendo assim, uma forte estratégia de vantagem diferencial. Na implantação do Marketing Integrado, as empresas devem analisar o modo que os outros setores da empresa (produção, crédito, tráfego ) agem sobre o cliente influenciando assim, no Marketing. Todos os setores, não só o Marketing devem "pensar em termos de cliente" para não perdê- los e colocá - los sempre em primeiro lugar. Muitas empresas criam comitês de ligação entre as áreas ou remanejam as responsabilidades. Uma autêntica empresa de marketing subordina de forma extrema não só as funções destinadas a influenciar clientes mas todas as áreas da empresa como um todo ao Marketing. Estes são os casos da Procter & Gamble e da Scott Paper, po r exemplo. Surgem aqui duas novas figuras: o gerente de produto e o gerente de mercado criados por algumas empresas para atingir esta estrutura organizacional. Direção Geral Engenharia Produção Marketing Finanças Pessoal Pesquisa e Desenvolvimento Distribuição Física e Compras Vendas, Propaganda e Pesquisa de Marketing Crédito Relações Públicas Marketing Direção Geral Engenharia Produção Marketing Finanças Pessoal Vendas Propaganda Pesquisa de Marketing Pesquisa e Desenvolvimento Distribuição Física Compras Crédito Relações Públicas Figura 2 - Estruturas de uma empresa convencional e de uma empresa de Marketing (KOTLER, 1978) 7 O terceiro pilar do conceito de Marketing é a satisfação do cliente. A longo prazo, uma boa empr esa é aquela que satisfez bastantes clientes solucionando seus problemas e claro, obtendo lucro. A resolução do problema do consumidor gera, como subproduto, a sua satisfação, levando ao início de uma relação duradoura. Empresa e cliente devem ter interess es compatíveis, gerando empresas lucrativas e clientes satisfeitos. A sociedade moderna tratou de adicionar um novo fator neste meio: o bem estar do consumidor a longo prazo.A preocupação com o meio ambiente leva a um marketing mais socialmente responsáv el baseado nos desejos do consumidor, lucro e bem - estar social. Começa - se a se pensar, por exemplo em: "até que ponto carros grandes e confortáveis levam a engarrafamentos constantes" ou "melhores detergentes prejudicam a qualidade da água". A satisfação dos desejos dos consumidores atuais a curto prazo não deve prejudicar a sua qualidade de vida a longo prazo. 2.1.4 - Administração de Marketing Administração de Marketing são ações visando o aumento da eficiência das trocas através de análise, planeja mento, implantação e controle deste processo objetivando o lucro. É uma atividade intelectual tendo em mente a realização de trocas desejadas. Pode ser usada tanto por comprador quanto por vendedor e para ganho pessoal ou mútuo. A Administração de Marketi ng dá ênfase à adaptação e coordenação dos conhecidos 4P's de Marketing ( price, place, product e promotion). É indispensável ter a consciência de que as trocas desejadas não ocorrem aleatória e automaticamente como um processo qualquer da natureza. Exigem dispêndio de tempo, planejamento, energia, habilidade e supervisão. Para satisfazer às necessidades dos consumidores, é preciso que o produto a ser ofertado tenha boa qualidade, que suas características atendam aos gostos dos consumidores, com boas opções de modelos e estilos, com nome atraente de marca, acondicionados em embalagens sedutoras, em variados tamanhos, com serviços e quantias ao usuário que proporcionem adequados retornos financeiros à organização. 8 É preciso que o preço seja justo e proporcion e descontos estimulantes à compra dos produtos ofertados, com subsídios adequados e períodos (prazos) de pagamento e termos de crédito efetivamente atrativos. Também é necessário utilizar com efetiva criatividade as ferramentas promocionais, como a propaganda, a força de vendas (venda pessoal), a promoção de vendas, as relações públicas e o merchandising. Já a distribuição precisa levar o produto certo ao lugar certo através dos canais de distribuição adequados, com uma cobertura que não deixe faltar produ to em nenhum mercado importante, localizando para isto fábricas, depósitos, distribuidores e dispondo ainda de um inventário de estoques para suprir as necessidades de consumo através de recursos de transporte convenientes. 2.2 - O SISTEMA DE MARKETING As trocas que ocorrem em uma sociedade e suas instituições facilitadoras constituem seu sistema de Marketing. Vai desde uma simples feira na Índia até o sistema de Marketing dos Estados Unidos, com reflexos na política, cultura, etc. Estudiosos do mundo todo têm se perguntado e pesquisado "como funcionam" e "como podem ser melhorados" os mais variados sistemas de Marketing através de pesquisas analíticas orientadas pela teoria. Isto devido à disseminação da teoria de sistemas e de conceitos comportamentais derivados da Sociologia, da Psicologia e Antropologia e sua aplicação em ferramentas quantitativas para melhor entendermos o comportamento das partes. O sistema de Marketing de uma empresa é, portanto, o conjunto de instituições importantes na relação de uma empresa com seu(s) mercado(s). É uma fatia no sistema total de Marketing com ênfase nas relações institucionais e às decisões funcionais. Comunicação Bens e serviços Dinheiro (Vendas) Informação EMPRESA MERCADO Figura 3 - Modelo simples de sistema de Marketing (KOTLER, 1978) 9 O sistema de Marketing consiste aqu i de um conjunto de fluxos entre empresa e mercado. Um modelo real de sistema de Marketing inclui outras instituições que afetam direta e/ou indiretamente as operações da empresa (ex.: fornecedores, concorrentes, fatores ambientais e culturais). A empresa deve pensar bem na tomada de sua decisão estratégica, escolhendo seu produto - mercado bem como seus canais de distribuição. Deve levar em consideração oportunidades e ameaças potenciais. Mesmo após isto definido, o plano de Marketing da empresa pode ainda sofrer operações táticas (corriqueiras) ou estratégicas (que envolvem modificações do próprio sistema) visando a eficiência nos gastos. Isto implica que cada sistema tem um modelo de avaliação diferente do outro. O próximo passo é uma maior diagramação do sistema, levando em conta outros aspectos como o ambiente, os objetivos e as estratégias de Marketing da empresa e dos concorrentes, categorias de tomada de decisão, canais de Marketing, comportamento do comprador e vendas do setor industrial e parcelas de mercado. 2.2.1 - Componentes Individuais do Sistema de Marketing Deve- se analisar os componentes específicos do sistemas com seus respectivos " inputs" e " outputs". A primeira coisa a se fazer é analisar as influências da estratégia de Marketing da em presa sobre o comércio e sobre o consumidor ("outputs"). Considerando o modelo de estratégia de marketing da empresa. seus "inputs" são baseados em: 1) metas a curto/longo prazos: crescimento de vendas, retorno sobre as vendas e sobre o investimento; 2) previs ões sobre o ambiente: crescimento da população, renda pessoal, cultura, custos); 3) eficiência dos instrumentos de Marketing e concorrência. Note que "outputs" de um determinado componente do sistema podem ser, portanto, "inputs" de outros. Analisando uma cad eia de redes de distribuição de um produto, conceitos como preço de atacado, descontos ou entrega são usados na determinação de políticas de 10 localização e promoção do produto ou estoque. O fabricante não tem como influenciar diretamente nesta área (saída d e mercadorias para o mercado). Por isto ele deve conhecer profundamente os "outputs" de seus distribuidores para influenciar suas decisões quanto a seus produtos. Em relação ao consumidor, seus "inputs" são as influências que sofre do distribuidor (produto e modelos de distribuição) e fatores ambientais. Seus "outputs" são as influências que gera no setor industrial e numa parcela do mercado. 2.2.2 - Relações Funcionais As influências e relações entre os componentes do sistema podem ser observadas atra vés de gráficos. A reação do consumidor a um produto pode ser facilmente visualizada num gráfico (vendas x produto). A empresa deve, a partir daí, oferecer um produto que tenha um custo dentro de seus padrões e que eleve suas vendas ao máximo, maximizando os lucros. De um gráfico vendas x ofertas, por exemplo, pode - se tirar a conclusão que grandes cadeias de lojas são mais sensíveis a aumentos de ofertas do que pequenos varejistas. As relações funcionais indicam importantes fatores e ajudam na hora de inves tir da melhor maneira possível visando a otimização das relações capital x produto x oferta x canais de distribuição. Para verificar a eficiência de seu plano de marketing, vez por outra a empresa deve analisar os gráficos de suas relações funcionais tendo conhecimento dos números da empresa e do mercado. Estes gráficos podem auxiliar ainda na previsão de impactos gerados por complexos conjuntos de desenvolvimentos, mas tem limitações. 2.2.3 - A Tarefa da Administração de Marketing Para desenvolver est ratégias de produto e Marketing de forma lucrativa para a empresa, a Administração de Marketing deve compreender os vários 11 conceitos que formam a teoria de programação de Marketing, que envolve uma série de variáveis. Vejamos alguns deles. Variáveis de dem anda são fatores que influenciam nas vendas do setor industrial ou da empresa. Podem ser divididas em: variáveis relativas ao cliente, ambientaise competitivas (fora do controle da empresa) e de decisão de Marketing (sob o controle da empresa). A empresa deve saber o quanto cada uma das três primeiras variáveis age individualmente sobre o nível de demanda bem como o provável curso de cada um no futuro. As variáveis de decisão de Marketing praticamente não existiam antigamente. As empresas pouco se utiliza vam de marca, propaganda, promoção, etc. A preocupação com variáveis extrapreço levou à teoria da concorrência de Marketing. Vários estudiosos do assunto já dividiram as variáveis de decisão de Marketing em n fatores ao longo do tempo. Entretanto, a divisã o mais atual e popularmente conhecida foi definida por E. Jerome McCarthy e classificava as variáveis de Marketing em produto, ponto de distribuição e venda, preço e promoção. Os famosos 4 P's de marketing. O composto de Marketing é a maneira pela qual a empresa compõe as suas variáveis de decisão de Marketing. Varia portanto, em função dos 4 P's. Considerando cada "P" com suas peculiaridades, temos um grande número de combinações de compostos de Marketing para um produto, o que evidencia o quão difícil é a char o composto ótimo de Marketing. Além disto, modificar o Composto de Marketing de uma empresa em dado momento não é tão simples pois certas variáveis não são modificáveis a curto prazo. O esforço de Marketing é outra variável. Representa a quantidade, em dinheiro, despendida pela empresa no seu composto de Marketing com o objetivo de aumentar as vendas. Uma empresa pode aumentar suas vendas de duas maneiras: modificando a utilização dos recursos empregados, tentando aumentar a eficiência de seu esforço de Marketing ou, se esta eficiência já é alta, deve - se simplesmente aumentar o orçamento total. A Administração de Marketing deve se preocupar ainda com a alocação de Marketing, que é a divisão do esforço de Marketing entre seus produtos, segmentos e áreas de vendas. Isto ocorre em empresas que tem mais de um produto. A estratégia de Marketing é o conjunto de regras, políticas e objetivos que orienta o esforço de Marketing da 12 empresa. Baseado numa provável resposta do mercado percebida pelo comportamento da s vendas. 13 3 - OPORTUNIDADE DE MARKETING 3.1 - O AMBIENTE DE MARKETING Partindo inicialmente do ambiente externo à empresa, aquele que define suas ameaças e oportunidades. O ambiente externo passa por mudanças contínuas e uma organização deve adaptar - se ou deixar se dominar por ele, caso contrário está fadada à extinção. Este ambiente, fonte de sérias ameaças e excitantes oportunidades para a empresa, representa as forças e entidades que influenciam um particular agente do sistema. Pode - se dividi - lo e m quatro "estratos" mais gerais. Figura 4 - Visualização dos quatro estratos do ambiente externo à empresa (KOTLER, 1978) Ambiente Organizacional: é o mais imediato do produto. Inclui os vários departamentos da empresa desde a matriz até o produto em si. Ambiente de Mercado: consiste de todos os consumidores/compradores do produto. O mercado é dividido ainda em segmentos e é por ele que a empresa está concorrendo. Macroambiente: são forças e instituições maiores que afetam as trans ações entre a empresa e seus mercados. Extra-ambiente: não é tão importante, sendo parte do ambiente ao qual a organização não dá muita atenção. E xtra-am biente Macroambiente Economia Tecnologia Política Pública Cultura Ambiente de Mercado Número de compradores Poder aquisitivo Necessidades e desejos Hábitos de compra Ambiente Organizacional Matriz da empresa Departamentos da empresa Divisões da empresa Canais e agentes da empresa Produto 14 3.1.1 - O Conceito de Ecossistema O importante aqui não é só a empresa, nem só o seu ambiente mas também a interação entre estas duas partes. Esta interação entre organismos e órgãos interdependentes dentro de um ambiente de mercado constitui um ecossistema. A ecologia ensina que as relações entre organismos e seus ambientes estão em um delicado equilíbrio e que as conseqüências de uma perturbação em qualquer uma das partes podem ser amplas. Isto também é válido no mundo empresarial. Um automóvel, por exemplo, faz parte de todo um ecossistema automobilístico e distúrbios como recessões ou a implantação de carr os movidos a energia elétrica afetariam todo o sistema. O conceito de ameaça ambiental pode ser representado, portanto, por uma tendência desfavorável ou distúrbios do ambiente que possam levar produto, marca ou empresa até a morte. À medida que o ambiente muda, este requer uma adaptação criativa ou uma reação por parte dos organismos que interagem com ele. Alguns organismos são rígidos e estão fadados à extinção. Assim, ocorreu com os fenícios, os assírios, os dinossauros e com as carruagens. Hoje temos um novo ambiente em mutação e as empresas devem estar atentas a ele. Como no setor de comunicações onde, a contrário do rádio que, por sua vez, continua firme mesmo com a televisão, que não perdeu sua força com o advento da Internet. A Protector & Gamble, p or exemplo, pode estar revendo o ritmo demasiado de seu crescimento por ter uma estrutura organizacional considerada rígida demais. A revista LIFE, que apresentava notícias através de ilustrações, tem apresentado quedas acentuadas em suas vendas devido à b em sucedida incursão da televisão neste ramo. Com isto, os dias da LIFE estão contados. A história já mostrou vários fracassos/insucessos de produtos. Hoje, percebemos sérias ameaças ambientais em alguns setores. Ex.: - fraudas: ameaça tecnológica (fraudas de papel como as descartáveis Pampers), ameaça econômica (custos de entrega de fraudas em domicílio em constante elevação) e ameaça demográfica (queda da taxa de natalidade); - roupas íntimas femininas: popularização de meias- calças, jovens não mais usando s utiens e surgimento 15 de blusão transparente são alguns fatos que estão levando os fabricantes a reformular suas linhas de produtos; - clubes noturnos: antes bastante populares e saudáveis, hoje se defrontam com o aumento da criminalidade em suas áreas, concor rência com TV e cinema por público e artistas e constante mutação do gosto jovem; - transporte aéreo: a televisão com circuito fechado e do telefone com televisão pode reduzir significativamente o número de viagens de negócios. Como vemos, as mudanças ambientais são sérias e rápidas. Cabe à empresa analisá - las e reagir inteligentemente diante delas. Para identificar tais ameaças, a empresa pode estabelecer grupos encarregados de examinar cuidadosamente áreas de interesse especial para a administração ou ainda incentivar um maior fluxo de informação “de baixo para cima”. A avaliação da ameaça é baseada em previsões da estimação do ritmo da tendência. Isto envolve ciências totalmente imperfeitas (previsões tecnológicas, políticas ou culturais) sendo, portanto, difícil de julgar. Avaliada a ameaça, a empresa pode agir de n maneiras distintas. Pode nada fazer, se achar tal ameaça falsa. Pode observar cuidadosamente o ambiente e, por enquanto, nada fazer. E pode ainda melhorar seus produtos, reduzir seus custos, diversificar sua produção e até participar do novo desenvolvimento reconhecendo na ameaça uma oportunidade. É sempre bom lembrar que as oportunidades chegam sempre disfarçadas de ameaças. 3.1.2 - O Conceito de Oportunidade de Marketing Uma oportunidad e de Marketing é um desafio ao Marketing caracterizado por circunstâncias ambientais favoráveis e oportunidades de bomêxito. Seus elementos básicos são a concepção de uma alternativa mais atraente do que o normal e a concretização desta alternativa atravé s de ações no campo de Marketing a custos não menos atraentes. Da mesma forma que as ameaças, as oportunidades também devem ser avaliadas, envolvendo identificação e resposta. Segundo Martin L. Bell, as oportunidades devem ser bem definidas nas seguintes á reas administrativas: inovação, eficiência, diferenças competitivas e escavação de novos nichos de mercado. 16 Ultimamente, a busca por novas oportunidades tem tido grande ajuda dos “futurólogos”. Combinando história, tendências, métodos estatísticos e especu lação em torno de “cenários”, suas previsões têm como objetivo ajudar o empresariado e o governo numa melhor tomada de decisões. Decidida a apostar numa oportunidade, a empresa pode optar por apenas um investimento (simbólico, moderado ou substancial, que envolve mais riscos). Ex.: o comportamento da indústria automobilística em relação à utilização da energia elétrica como força propulsora dos veículos. Esta não é uma decisão fácil de se tomar. A alta administração deve ter visão, coragem e energia para perseguir o novo desenvolvimento. Não deve ter medo de lançar novas idéias mesmo com uma oposição ativa. Se bem sucedida, as novas ações da empresa gerarão descontinuidade na maneira de fazer as coisas e satisfação numa parcela da sociedade, repercutindo so bre o macroambiente. Analisaremos agora separadamente os quatro estratos deste ambiente, mostrando sua evolução ao longo do tempo bem como aspectos importantes que influem sobre o Marketing das organizações. 3.1.3 - O Ambiente Econômico É baseado na renda pessoal da população e nos canais de distribuição. Pesquisas e estudos mostram que a renda familiar dos lares americanos tem aumentado. Este aumento pronuncia mudanças na demanda relativa a bens e serviços. Entretanto, percentualmente, os gastos em alimentação diminuíam, em habitação ficavam estáveis e em vestuário, transporte, saúde e educação cresciam. Os dados relativos à renda devem ser ainda suplementados por questões de crédito e ativos físicos e financeiros. As concessões e compras a crédito te m aumentado bastante nos últimos tempos. Paralelamente, a distribuição geográfica dos bens pode indicar vários nichos de mercado. Em relação aos canais de distribuição; no varejo, as mudanças foram mais drásticas ao longo do século passado. Surgiram as lo jas de departamentos e as organizações de cadeias de lojas, que vem cada vez mais monopolizado as vendas neste setor. A principal inovação da 17 década de 30 foi o supermercado. Usando princípios do merchandising em massa, os supermercados reduziram os custos e aumentaram as vendas. Introduziram o auto - serviço pelo cliente, reduzindo o custo com pessoal e aumentando o número de serviços oferecidos. Os fabricantes, por sua vez, perceberam a necessidade por embalagens mais atraentes. O supermercado era um sucess o. Facilitava ainda o fabricante na distribuição; agora, mais concentrada. Depois vieram os shoppings centers suburbanos, as lojas de desconto e as máquinas de venda automática. Práticas menos comuns podem estar voltando como a venda de casa em casa feita pela Avon Products, Inc. e compras pelo correio ou, mais recentemente, pela Internet. A revolução varejista apresenta várias faces. Quando surge uma nova instituição, há o conflito. As instituições já estabelecidas no mercado tentem de todas as formas frea r o ritmo de crescimento das novas instituições varejistas. Entretanto, se realmente representam vantagens, elas sobrevivem e as antigas instituições são obrigadas a baixar suas margens de lucro para se manter, reduzindo as vantagens competitivas das empre sas mais novas. Isto as levou para o merchandising misturado (lojas específicas passam a trabalhar com linhas de produtos não convencionais). Ex.: drogarias vendendo bijouterias e venda de remédios em supermercados. O merchandising misturado gera, por sua vez, uma maior exposição de produtos e, conseqüentemente uma melhor oferta. Tudo isto estimula as vendas. O lado ruim é que o fabricante deve lidar com um número bem maior de canais, muitos com pouca ou nenhuma familiaridade com seus produtos. O varejo em grande escala é o maior desafio das empresas. Com ele, as empresas venderiam a um número cada vez menor de clientes em sua distribuição. Isto reduziria sua equipe de vendas e, conseqüentemente os custos. Entretanto cada cliente ganho ou perdido aqui teria um grande impacto sobre sua receita. Outro perigo é a tendência de que muitas cadeias de lojas estão seguindo de voltarem - se para suas próprias marcas particulares. Ex.: C&A., A&P, Sears. Isto comprometeria a própria sobrevivência dos fabricantes. Já no at acado, as mudanças têm se mostrado menos drásticas, mas não menos importantes. À medida que varejistas cresceram seu tamanho, foram achando maneiras de se eliminar ou reduzir as despesas com intermediários atacadistas. Na década de 20, achava - se que os ata cadistas 18 estavam condenados a desaparecer. Entretanto, o tempo passou e os atacadistas mantiveram suas posições. Os atacadistas que não perceberam as contínuas mudanças no varejo, as tecnologias de manuseio de mercadorias e as novas políticas de Marketing dos fabricantes desapareceram ou passaram a enfrentar grandes problemas. Aqueles que se mostraram dispostos a mudar suas maneiras de enfrentar os desafios dos varejistas e os crescentes custos de mão - de- obra prosperaram. Ofereceram mais serviços aos vareji stas. Já há uma certa mecanização no setor. Desde o transporte de mercadorias até atividades de escritório estão sendo modernizadas mostrando que os atacadistas estão atentos aos desenvolvimentos tecnológicos. Outro fator importante neste ambiente é a dist ribuição física. No caso do transporte, o advento do transporte aéreo de cargas possibilitou velocidade e lucro, ao contrário das ferrovias e vias fluviais que, por sua vez, foram obrigadas a se modernizar também. Já na comunicação, a realização de conferê ncias em circuitos fechados e a troca de grande quantidade de dados rapidamente através de cadeias de computadores representam oportunidades para o aumento das vendas e redução dos custos. 3.1.4 - O Ambiente Tecnológico A tecnologia é uma das principa is formas das quais o homem dispões para mudar o seu meio. Muitas invenções são frutos indiretos dos investimentos em defesa nacional. A minituarização de sistemas de hoje, por exemplo, são frutos dos satélites e foguetes. O advento de uma tecnologia pode mudar, portanto, o seu meio a um ritmo sem precedentes. Todos os setores industriais são afetados pois as diversas ciências se interrelacionam. Os Estados Unidos têm percebido a importância disto e ampliaram extraordinariamente os orçamentos em pesquisa e desenvolvimento, em especial para a indústria. Uma outra característica destes novos tempos é a pesquisa científica em equipe, ao contrário de tempos anteriores. Os executivos devem, portanto, estar atentos a todas oportunidades que surgem com estes advent os. 19 3.1.5 - O Ambiente Político e Legal Outro aspecto importante que interfere sobre o Marketing é a lei. É nela que decisões do Composto de Marketing devem se enquadrar. As leis que influenciam no campo de Marketing, por exemplo, dizem respeito à proib ição de monopólios e produção, venda e transporte de medicamentos adulterados; regulamentações sanitárias nos estabelecimentos que comercializam carne, etc. Uma lei americana diz que “métodos desleais de concorrência são ilegais”. Só a Justiça para dizer o queé leal ou não na selvagem luta por mercados dos dias de hoje. É importante notar que tais leis são rediscutidas a cada ano e que ainda temos as leis estaduais e locais. Os homens de Marketing devem estar sempre alertas. 3.1.6 - O Ambiente Cultural A cultura compreende a maneira pela qual fazemos as coisas, como as vemos, as usamos e as julgamos, e isto varia de uma sociedade para outra. Este ambiente muda muito vagarosamente pois exprime a longo prazo a reação das pessoas a seu ambiente físico e e xperiências. Entretanto os valores materiais mudam a um ritmo muito rápido. Estas mudanças podem ter profundo significado para o Marketing de bens e serviços. Um levantamento na sociedade moderna norte - americana mostrou algumas tendências: preferência pelo lazer, hedonismo, orientação exógena e segurança. 3.2 - A SEGMENTAÇÃO DO MERCADO Seja qual for o mercado (consumidor, produtor, revendedor ou governamental), ele está longe de ser homogêneo. Sua análise compreende a avaliação dos mercados - meta e da s eleção do composto mercadológico apropriado. A segmentação do mercado é um conceito relativamente novo. Há tempos atrás, prevalecia o conceito de produção em massa, sem diferenciação de desejos e 20 (1) não há segmentação de mercado (2) segmentação de mercado completa (4) segmentação de mercado por faixas etárias a e b a a a b b b 2 3 2 1 3 1 (3) segmentação de mercado por classes econômicas 1, 2 e 3 (5) segmentação de mercado por faixa etária e classe econômica 3a 3b 2b 1a 1a 2b necessidades entre os consumidores. Com o aumento da concorr ência e diminuição dos lucros, os empresários reconheceram o potencial da diferenciação de produtos. Esta diferenciação, entretanto, não significa segmentação de mercado. A segmentação de mercado começa com a distinção de interesses ou necessidades de clie nte. Consiste na subdivisão do mercado em subconjuntos homogêneos de clientes os quais podem ser selecionados como meta de mercado a ser alcançado com um composto de Marketing distinto. Há inúmeras maneiras de se segmentar um mercado. O número máximo de segmentos que um mercado pode ter é o número de compradores que o consiste, considerando que cada um tem seus desejos e necessidades únicos. Isto só ocorre em mercados de poucos clientes (ex.: fábricas de aviões de grande porte). Na maioria dos casos é invi ável fazer um produto sob medida e o fabricante visa então amplas classes de compradores. Figura 5 - Possíveis segmentações de um mercado simples, composto de seis compradores (KOTLER, 1978) Para cada caso, há a segmentação mais e ficiente que deve ser aplicada. A escolha desta envolve algumas características. A primeira delas é a mensurabilidade, que compreende as informações que se tem e as formas pelas quais estas podem ser obtidas do consumidor. A segunda é a acessibilidade, que é o grau até no qual a empresa pode focalizar seus esforços, uma vez que não é possível atender a todas as variáveis de segmentação. A outra é a substancialidade, que compreende o grau em que os segmentos são suficientemente amplos e lucrativos. 21 A segmentação traz alguns importantes benefícios para o fabricantes e para o próprio consumidor. O vendedor estará em vantagem para notar e comparar as oportunidades de Marketing. Poderá analisar as diferentes respostas de Marketing dos diversos segmentos de mercad o para guiar a sua distribuição de orçamento ou ainda fazer pequenos ajustes em seu Composto de Marketing. Existem várias formas de se segmentar um mercado. Elas se baseiam nas variáveis geográficas, demográficas, psicográficas e de comportamentos do consu midor. Nem todas estas bases são usadas em todos os mercados. 3.2.1 - As Possíveis Segmentações A segmentação geográfica foi a primeira a ser utilizada. Nela, os vendedores diferenciavam cuidadosamente as regiões em que poderiam operar e escolhiam aq uelas que lhe poderiam fornecer uma certa vantagem. Desde um pequeno comerciante local até uma indústria que servisse a todo país classificavam seus clientes por territórios de vendas e as unidades geográficas eram a bases deste esforço de Marketing. A segmentação demográfica tenta diferenciar os grupos com base na idade, sexo ou classe social. As variáveis demográficas são, há tempos as mais populares na distinção de grupos pois são mais fáceis de se reconhecer e se correlacionam bem com as vendas de muito s produtos. Uma vez segmentado este mercado e cada comprador fizer parte de um segmento, a administração determina o potencial lucrativo de cada segmento. Da descoberta de que compradores podem ter necessidades distintas ao longo de linhas de estilo de vid a ou personalidade surgiu a segmentação psicológica. A psico - segmentação já foi usada em diversos casos e ainda é polêmica. Não há resultados concludentes uma vez que estes devem apoiar - se em evidências estatísticas e as conexões teóricas entre as imagens do produto e os tipos de personalidade ainda não foram suficientemente estudadas. Mesmo onde há evidências claras de diferenciação pela personalidade as decisões estratégicas não são fáceis. É difícil dizer se a empresa deve intensificar seus esforços num segmento que já domina ou atrair aquele no qual não é líder em vendas. 22 Na segmentação por benefício os compradores são divididos em relação aos vários benefícios que podem estar levando - os a comprar o produto em particular. Entrevista - se individualmente os clientes para descobrir qual é o principal benefício que visa com aquele produto. A escolha do(s) benefício(s) a se enfatizar não é tarefa simples. Precisa - se estar certo de que os motivos declarados são consideravelmente reais. Uma pasta de dente, por ex emplo, pode ser mais escolhida pela proteção contra cáries, ou pelos dentes brilhantes, pelo sabor ou ainda pelo preço. Já na escolha de um carro, pode - se priorizar a economia, o status ou a qualidade. Na segmentação por volume, o vendedor distingue os gra ndes, médios e pequenos e não - usuários do seu produto e tenta diferi - los demográfica e psicologicamente. A Quaker Oats Company, por exemplo, descobriu que o número de membros da família e a idade da dona de casa eram determinantes no uso de seu cereal Life. A partir daí estabeleceu metas para se atingir principalmente as famílias que mais se enquadravam dentro dos padrões dos grandes consumidores. É óbvio que o vendedor prefere atrair um potencial grande usuário do que o contrário. Os números provam facilme nte isto. As variáveis dos grandes usuários são extremamente importantes no desenvolvimento de estratégias de mídia e propaganda. Já a segmentação por fator de Marketing tenta subdividir o mercado em grupos que reajam a diferentes fatores de mercado (ofert as, qualidade, propaganda varejista, etc.). Influencia diretamente nela uma variável chamada fidelidade de marca. O grau de fidelidade de marca varia de um produto para outro como varia de uma marca para outra. A mais recente abordagem é a segmentação de produto-espaço, que compara as marcas existentes de acordo com as similaridades percebidas e suas relações com as marcas ideais. Um termo moderno dentro deste conceito de segmentação é o "cluster", que representa as interfaces destes segmentos. 3.2.2 - As Diferentes Estratégias Como vimos, os mercados podem ser segmentados até certo ponto. A partir daí a empresa opta por uma das três 23 estratégias possíveis: o Marketing indiferenciado, o Marketing diferenciado e o Marketing concentrado. No Marketing Indiferenciado, a empresatrata o mercado como um agradado, focalizando sobre o que é comum às necessidades de todos. Têm - se como objetivo um produto e um programa mercadológico que atraia o maior número de compradores apoiando - se em canais de massa e temas universais para sua propaganda. Ex.: Coca-Cola e cigarro eram oferecidos apenas de uma forma, tamanho e embalagem há tempos atrás. É uma estratégia econômica. Entretanto, produtos dirigidos para o segmento mais amplo do mercado geram insatisfação nos menores e hiperconcorrência pelos maiores segmentos. Já no Marketing Diferenciado, a empresa tenta atingir vários segmentos do mercado, mas projeta produtos e programas de Marketing diferentes para cada um deles. Visa alcançar melhores vendas e uma melhor posição num tal segmento. As ofertas estão subordinadas aos desejos do comprador. Desta tendência, surgiu a Coca-Cola em diversos tamanhos e em lata, cigarros com diferentes tamanhos e filtros, etc. É verdade que esta estratégia tem seus custos de modificação de produto, de produção, administrativos, de inventários e de promoção acrescidos, mas é o que mais se aproxima do ótimo. Para concluir, temos o Marketing Concentrado. A limitação de gastos faz algumas empresas recorrer a esta alternativa. As empresas não pro curam todo o mercado, mas sim algum(uns) submercado(s). Concentra suas forças em uma boa posição em poucas áreas do mercado. Envolvendo - se em apenas um segmento de mercado, esta estratégia tem riscos evidentes. Como exemplos temos os carros pequenos, de bo a mecânica da VW e alguns autores de livros. A escolha de qual alternativa seguir passa pelas características particulares do vendedor, do produto e do mercado e envolve as análises dos recursos da empresa, da homogeneidade do produto e do mercado, estági o do produto no ciclo de vida e estratégias de Marketing da concorrência. 24 4 - ORGANIZAÇÃO PARA MARKETING 4.1 - CRESCIMENTO E ESTRATÉGIA COMPETITIVA Após a descrição dos aspectos externos à empresa (ambiente de Marketing e necessidades de mercado) dev em- se focalizar sobre o agente ativo (a empresa). Analisando as oportunidades de mercado e dentro de suas possibilidades, a empresa estabelece seus projetos de produtividade e lucratividade. Segundo Robert N. Anthony (apud KOTLER, 1978), a empresa deve dis tinguir bem claramente entre "planejamento estratégico", "controle administrativo" e "controle operacional". Planejamento Estratégico refere - se aos objetivos da empresa e à determinação de políticas para alcançar estes objetivos. É feito pelos executivos d a empresa. Controle Administrativo diz respeito à obtenção e aplicações de recursos para que se atinja os objetivos traçados pelo planejamento estratégico. Envolve questões de estrutura organizacional, processos, motivação e controle. Já o Controle Operaci onal foca - se nas tarefas individuais. Preocupa- se com o acompanhamento e supervisão dos vendedores (sistemas mais tangíveis). Este estudo se concentrará no planejamento estratégico. Hoje, os planejamentos das empresas consideram fundamental a questão dos m ercados que a empresa deva escolher para servir. A principal missão do planejamento a longo prazo é, então, a determinação de áreas atraentes de novas oportunidades e a formulação de programas para desenvolvê - las. Para tal, a empresa deve reconhecer numa multiplicidade de oportunidades uma escolha específica. Isto é conseguido com o estabelecimento de seus objetivos básicos de forma bem clara, de estratégias de crescimento e de concorrência. A determinação dos objetivos da empresa envolve o estabelecimento do objetivo principal (o "alvo"), de objetivos instrumentais (para o alcance de metas mais básicas) e objetivos específicos (são ações especificadas quanto ao momento e à magnitude). Infelizmente, a maioria das altas administrações não especifica de forma clara e operacional os objetivos da empresa. A especificação dos objetivos com maior clareza permite à empresa fornecer os critérios fundamentais para a 25 tomada de decisão, constituir uma base para o planejamento a longo prazo, produzir coerência na tomada de decisões descentralizadas e dar aos empregados a sensação de utilidade do seu trabalho. Apesar de algumas opiniões contrárias, o mais freqüentemente citado objetivo primário da empresa é, em uma economia privada, a maximização dos lucros. Segundo Henry Ford II, "... o pior pecado que posso cometer como homem de negócios é não procurar a máxima lucratividade a longo prazo por todos os meios decentes e legais. Isto seria subverter a razão econômica". Algumas empresas optam por objetivos diversos. Isto tamb ém é possível. Entretanto, deve - se ficar alerta para que tais objetivos não estejam em conflito. Exs.: maximização de vendas e lucros, crescimento e estabilidade, penetração em mercados existentes e desenvolvimento de novos mercados. 4.1.1 - As Estraté gias de Crescimento Dados os objetivos, que são a declaração do ponto ao qual a empresa que chegar, parte - se para a estratégia. A estratégia é um grande plano para chegar a este ponto. A determinação da estratégia envolve a análise de quatro aspectos. A empresa deve ter motivos para crescimento, procurando tornar - se maior a cada ano. Isto deve - se às necessidades de sobrevivência em mercados altamente competitivos, às exigências dos proprietários/acionistas ou ainda ao desejo de acumular prestígio e força. Depois, parte - se para a identificação das direções de crescimento alternativas. Isto só se consegue com um bom planejamento. A empresa deve distinguir nitidamente suas oportunidades a longo prazo, analisar seu futuro sob todas as alternativas levando em c onsideração seus recursos e, por fim, escolher o melhor caminho. Tomando- se como exemplo uma empresa com sistema de Marketing em crise, a saída pode estar em três principais estratégias de crescimento (intensivo, integrativo ou conglomerativo) A implementa ção da estratégia de crescimento intensivo implica em penetração de mercado (aumento das vendas dos produtos atuais da empresa em seus mercados 26 atuais através de distribuição e promoção mais agressivas), desenvolvimento de mercado (aumento das vendas dos p rodutos atuais levando - os a novos mercados), desenvolvimento de produto (aumento das vendas através da concepção de novos produtos para os atuais mercados). Já o segmento da estratégia de crescimento integrativo é utilizado quando a empresa busca o crescim ento através de outros negócios que compõe seu sistema de Marketing. Implica em retrointegração (aquisição de fornecedores), pró - integração (aquisição de distribuidores) e integração horizontal (aquisição de concorrentes, ex.: trustes). Finalmente, a empre sa pode seguir a estratégia de crescimento conglomerado, baseado em fusões, saindo completamente de seu sistema de Marketing atual. Esta estratégia visa tirar vantagem das grandes possibilidades de crescimento encontradas e implica em desenvolvimento finan ceiro (união de uma empresa com capital e outra com dona de um grande leque de oportunidades), desenvolvimento de habilidades (união de uma empresa rica em tecnologia com outra rica em oportunidades) ou desenvolvimento de estabilidade (união de duas empres as de vendas sazonais complementares de modo a tornar seus crescimentos mais uniformes). Após identificadas, a empresa deve determinar qual a melhor direção de crescimento. Pode haver fusão de dois ou mais tipos de estratégias também. Entretanto não é o id eal. Se a empresa já tem uma grande participação em certo mercado, deve procurar uma estratégia conglomerativa. Isto porque provavelmente será cada vez mais difícil e onerosopara a empresa aumentar a sua participação na indústria. Há também a grande poss ibilidade de o governo aplicar ação antitruste de maneira que, ficando em um só ramo, a empresa só aumenta sua vulnerabilidade. Entretanto, se a participação for pequena, uma estratégia intensiva deve ser considerada. Se a empresa está em um mercado onde o melhor potencial de crescimento e lucratividade está na extremidade do canal ou no suprimento, deve seguir uma estratégia integrativa. Isto ocorre quando os sistemas de Marketing verticalmente integrados parecem oferecer economias substanciais sobre os co ncorrentes não - integrados. Em mercados que apresentam grandes crescimentos, deve- se seguir uma estratégia intensiva ou integrativa. Já 27 para mercados estáveis a estratégia a ser seguida é a de crescimento conglomerativo. O último e importante passo na elabo ração da estratégia de crescimento da empresa é a decisão quanto à melhor estratégia de entrada. Após escolher um novo produto ou área de mercado para entrar, pode - se agir de três maneiras. A estratégia de aquisição é a maneira mais fácil de entrar em um n ovo e pouco familiar mercado. De posse do capital, a empresa adquirente tem quatro opções em relação à outra: contrato de licenciamento de um produto, compra dos direitos de produto, compra de empresas e fusão. Seguindo esta última estratégia, a empresa ad quirente já entra rapidamente no mercado e não se preocupa com as barreiras burocráticas provenientes da concepção de uma nova indústria. Algumas empresas optam pelo desenvolvimento interno, para ganhar experiência na área através da pesquisa e do desenvol vimento. Há casos em que a empresa é impedida de comprar outras (formação de trustes), fazendo que ela opte por esta estratégia. A mais segura estratégia é a de desenvolvimento conjunto, na qual duas empresas dividem as responsabilidades e os lucros na exp loração de uma nova oportunidade. Há, com isto, complementaridade e sinergia. 4.1.2 - Estratégia Competitiva A estratégia competitiva é a abordagem que será utilizada para conseguir um bom retorno do(s) mercado(s) alvo(s) da estratégia de crescimento escolhida. O desempenho de uma empresa pode variar tremendamente dependendo de sua estratégia competitiva. Os aspectos econômicos da concorrência dizem respeito à explicação do funcionamento dos diversos mercados e não ao oferecimento de diretrizes para a empresa. Examinaremos estes aspectos da estratégia de concorrência. A concorrência é um estado em que vários agentes estão ativamente lutando por recursos, poderio, negócios, lealdade ou alguma outra vantagem. Para algumas pessoas, concorrente é que fabric a produto equivalente. Mas não é só isto. Há três tipos de concorrência: 28 Cavalo Ônibus Motocicleta Bicicleta Trem Avião Automóvel Barco Concorrência Geral Triciclo Concorrência de forma de produto De corrida Estilo Inglês 2 velocidades 5 velocidades 10 velocidades De entrega Duas pessoas Concorrência de empresa Schwinn Murray Sears Raleigh Ward's · genérica: ocorre entre todos os produtos capazes de satisfazer à mesma necessidade básica. Tais necessidades perduram por muito tempo, ao contrário dos produtos que hoje as satisfazem ; · por tipo de produto: existe entre produtos e marcas que tenham formas ou funções similares; · de empresas: ocorre entre os fornecedores dos produtos similares. Figura 6 - Exemplo dos três tipos de concorrência de uma bicicleta (KOTLER, 1978) Em relação à concorrência de empresas, é útil distinguir entre concorrentes (aqueles que produzem o mesmo produto), rivais (aqueles que produzem produtos diferentes mas concorrem pelo mesmo dinheiro, tempo e necessidades), oponentes (os que pr ocuram impedir as ações da empresa, como os sindicatos) e inimigos (aqueles que querem prejudicar ou distinguir a empresa). Não é raro ouvir um empresário descrever suas situações e oportunidades usando termos militares. Cada lado pode usar diversas armas para expor ou ferir o outro. São preparadas armadilhas e outras manobras para ganhar vantagens. Outros termos usados são a "guerra de preços" da gasolina, a "sabotagem" e a "espionagem" de testes dos concorrentes, a "arma" da propaganda, a "tropa" de vendedores. O pessoal da pesquisa de mercado é a "inteligência". Os princípios militares aplicados à estratégia competitiva de empresa estão sintetizados a seguir: 29 · objetivo: cada operação militar deve ser dirigida para um objetivo claramente definido, decisivo e atingível; · massa: é necessário concentrar forças de combate superiores no momento e local críticos para um fim decisivo; · flexibilidade de manobra: a flexibilidade deve ser uma consideração de maior importância, embora seja necessário medir os custos e p erigos da flexibilidade contra suas vantagens; · coordenação: deve haver unidade de comando e consistência de ação; · segurança: a segurança é essencial e obtida pelas medidas tomadas para evitar surpresas, preservar a liberdade de ação e negar informações ao inimigo; · ofensiva: o comandante deve exercer a iniciativa, estabelecer o passo, explorar as fraquezas do inimigo; · surpresa: a surpresa resulta do ataque ao inimigo em local, hora e de maneira que ele não esteja preparado. O concorrente deverá concentrar se us recursos contra as seções se seu inimigo nas quais ele perceber maiores possibilidade de vitória. A batalha vencida tem efeito positivo sobre a possibilidade de vencer outras batalhas. Esta imagem de guerra entre as empresas não deve ser entendida como norma. O estado de hostilidade entre duas empresas vai da conveniência até a guerra total, passando pela cooperação tácita, rivalidade salutar e guerra limitada. Daí temos as federações, associações, etc. entre empresas que concorrem pelo mesmo mercado. A semelhança entre a concorrência militar e a empresarial tem limites. A empresa, muitas vezes, quer apenas aumentar sua participação no mercado, margem de lucro, etc. e não eliminar totalmente a concorrência, como na guerra. Além disso, na guerra, vale tudo . Já no mundo dos negócios o Governo trata de estabelecer uma série de leis que impedem práticas abusivas. Tem- se agora as opções de estratégia competitiva para uma empresa menor, para uma empresa dominante, para duas empresas de mesmo porte e para uma emp resa que divide com várias outras um segmento do mercado. A empresa menor, menos capitalizada do que a maior, não está disposta nem habilitada a tentar o ataque 30 frontal. Tem de atacar súbita e substancialmente, antes que a firma maior repare no que está ac ontecendo. Inicialmente, ela deve apostar na diferenciação, procurando uma área na qual possa conseguir uma vantagem diferencial sobre seu competidor dominante. A área a se considerar primeiro, e a mais importante, é a de produto. Depois, a empresa deve c onsiderar se há segmentos de mercado lucrativos que a empresa majoritária está desprezando. Outra estratégia é descobrir uma nova maneira de distribuição, que ofereça economias substanciais ou cubra segmentos particulares do mercado mais eficientemente. Al ém disso, a empresa dominada pode tentar desenvolver uma campanha publicitária superior e proibir ações abusivas das dominantes (trustes) através da lei. Vendas pessoais, embalagem, preços, serviços e promoção também podem fazer a diferença. No caso da emp resa líder de mercado, seu próprio sucesso e magnitude tornam - na excepcionalmente vulnerável. Algumas estratégias são necessárias para a manutenção desta posição. Inicialmente, a empresa deve partir parauma estratégia de inovação, sendo a origem de novas idéias de produto, serviços de clientes, canais de distribuição e descobertas que eliminem custos. Usa o princípio de que a melhor defesa é o ataque. Outra estratégia a seguir é a de fortificação. Aqui a empresa faz o máximo para fortificar - se e estender - se em todas as áreas em que é forte, sem realmente inovar. Há também a estratégia de extensão de marca, na qual a empresa explora todas as suas marcas, introduzindo novos itens sob o mesmo nome. Nestes casos, a empresa está jogando com toda a sua força e in troduzindo novos itens para manter a iniciativa em suas mãos. Já na estratégia de confrontação, a empresa parte para a guerra promocional que se reflete em mais e melhores ofertas aos distribuidores ou na guerra de preços, por poder agüentar a luta por mai s tempo do que a concorrente menor. Se nenhuma destas estratégias funcionar, a empresa dominante às vezes procurará uma estratégia de perseguição, tentando usar sua força com seus fornecedores, canais e legisladores para restringir o crescimento de outra e mpresa. Se temos duas empresas já estabelecidas e que dividem igualmente um mercado durante longo tempo, uma das opções é deixar tudo como está, numa política de cooperação. Se uma delas quiser estabelecer sua liderança, pode acarretar em custos crescentes para ambas e nenhuma delas obtém vantagem considerada. Entretanto não é permitido às empresas concorrentes reunirem - se para 31 discutir preços, propaganda e outros assuntos (formação de cartel). Se duas empresas igualmente capazes estão se preparando para en trar em um novo mercado, supõe - se que um novo produto esteja em desenvolvimento em ambas. Daí surgem dúvidas quanto ao produto ideal e o momento ideal de lançá - lo no mercado. Esta é uma decisão difícil de ser tomada e é influenciada pela decisão do concorr ente. Há ainda diversos mercados dominados por uma série de empresas, cada uma respondendo por cerca de 20% a 30% do mesmo, não mais que isto. Estas empresas competem com melhores preços, distribuidores, sortimento de produtos, espaço de prateleira e aspec tos da atmosfera de loja. Exemplos disto são os mercados de distribuidores de gasolina e produtos alimentícios. 32 5 - APLICAÇÕES CONCEITUAIS DE MARKETING PARA O PET 5.1 - ANÁLISE DO COMPOSTO DE MARKETING Após definido todos os aspectos que envolvem est e grande campo do conhecimento que é o Marketing, partiu - se para algumas aplicações práticas de seu conceito. Este é o grande objetivo deste trabalho, uma vez que oferecerá ao grupo, além do conhecimento teórico do assunto, a observação prática do mesmo. Aplicando os conceitos adquiridos com o estudo ao Programa Especial de Treinamento do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina nota - se alguns aspectos peculiares. O conceito de Marketing se insere no PET no sentido de que as atividades realizadas pelo grupo visam atender a alguma necessidade de seus clientes (alunos de Graduação, SESu, comunidade universitária em geral, professores do departamento, dentre outros) numa clara manifestação de orientação para o cliente. Na impla ntação do Marketing Integrado, as atividades do PET ainda deixam um pouco a desejar. Como se pode ver na figura abaixo, a estrutura organizacional do PET - EPS apresenta três áreas que trabalham em paralelo. Analisando o dia - a- dia do grupo, foi constatado qu e as áreas de Recursos Humanos e Eventos não têm de forma clara a influência que exercem no Marketing do grupo. A conscientização do grupo neste sentido foi um dos objetivos aos quais o grupo de Marketing do PET se prestou ao longo do primeiro semestre de 2001. F Figura 7 - Fluxograma da estrutura organizacional do PET – EPS – UFSC (do autor) As atividades realizadas pelo PET levam um sistema de Marketing simples, onde o PET se relaciona com seus mercados (clientes) oferece ndo- lhes seus produtos e TUTORIA SECRETARIA GERAL MARKETING EVENTOS RECURSOS HUMANOS 33 recebe, em contrapartida, a aceitação e o reconhecimento dos mesmos. Na determinação das estratégia de Marketing, consideraremos os seguintes inputs referentes ao PET: as metas traçadas pelo grupo para o semestre 2001.1 e a eficiên cia dos seus instrumentos de Marketing (principalmente promoção), sempre levando em conta a corrente ameaça do ambiente político (SESu). A administração de Marketing do grupo procurou atingir o Composto Ótimo de Marketing, trabalhando nos quatro estratos q ue o compõe. O quadro abaixo mostra de forma bem clara os principais elementos do Composto de Marketing do PET, permitindo inclusive perceber certos defeitos. A tabela evidencia também o quão difícil é chegar a um Composto Ótimo de Marketing. São muitas va riáveis e/ou opções. O objetivo deste estudo é agir justamente aí, elaborando estratégias que visem o aumento da eficiência deste Composto. PRODUTO PREÇO PONTO DE DISTRIBUIÇÃO OU VENDA PROMOÇÃO Míni - curso de Excel I com apostila R$ 5 Sala do PET Cartazes em preto - e- branco nos murais, e- mail, folders, home- page e jornal Míni - curso de Excel II com apostila R$ 5 Sala do PET Cartazes em preto - e- branco nos murais, e- mail, folders, home- page e jornal Míni - curso de MatLab com apostila R$ 5 Sala do PET Cartazes em preto - e- branco nos murais, e- mail, folders, home- page e jornal Míni - curso de Access com apostila R$ 5 Sala do PET Cartazes em preto - e- branco nos murais, e- mail, folders, home- page e jornal Míni - curso de HTML com apostila R$ 5 Sala do PET Cartazes em p reto - e- branco nos murais, e- mail, folders, home- page e jornal Míni - curso de StarOffice com apostila R$ 5 Sala do PET Cartazes em preto - e- branco nos murais, e- mail, folders, home- page e jornal 34 Home- page (com Guia de Estágio, Fluxograma, etc.) - Internet não há Fluxograma do currículo do curso até R$ 0,07 Xerox do CTC e Internet Home- page Palestras com empresários - Auditório do CTC Cartazes em preto - e- branco nos murais, e- mail, folders, home- page e jornal Palestras dos bolsistas - Auditório do CTC Cartazes em preto - e- branco nos murais, e- mail, folders, home- page e jornal Apostila de míni - curso de R$ 2,00 a R$ 4,50 Xerox do CTC não há Visita a empresa de graça a R$ 5 Sala do PET e sala de disciplina EPS Cartazes em preto - e- branco nos murais, e- mail, f olders, home- page e jornal Auxílio a disciplinas (desenvolvimento de apostilas, sites, softwares) - Internet e salas de aula Professor da disciplina Jornal - Balcões na UFSC, salas EPS, gabinetes Home- page Pesquisas - Anais de congressos e Internet Jorn al e home - page Tabela 1 - Síntese do Composto de Marketing do PET – EPS – UFSC (do autor) Os ambientes de Marketing que dizem respeito ao PET são: · Ambiente Organizacional: o grupo em si, com seus bolsistas, tutora e sala; · Ambiente de Mercado: inclui estudantes, professores e comunidade, o Governo (como avaliador dos relatórios), órgãos universitários e estudantis; · Macro Ambiente: forças econômicas, tecnológicas, políticas e culturais que afetam o grupo e seu trabalho. 35 Dos quatro estratos do Macro Ambiente, dois merecem especial atenção em relação ao PET. O ambiente econômico não se aplica ao grupo por este se caracterizar como uma entidade sem fins lucrativos, não representando ameaça direta a outros prestadoresdos mesmos serviço s, nem sendo ameaçados por estes. Quanto ao ambiente político e legal, o comportamento do Governo em relação ao programa nos últimos anos merece especial atenção e se constitui hoje como a maior ameaça à sobrevivência do mesmo. Uma vez definidos os público s do PET, chega - se aos mercados aos quais tentar - se- á atender através de produtos. A segmentação do mercado é vista no PET, por exemplo, nos míni - cursos de informática, num claro exemplo de segmentação por benefício. Devido à situação econômica sempre pouco favorável do grupo, o PET trata de seguir uma estratégia de Marketing Concentrado, concentrando suas forças em poucas áreas do mercado. Conhecidos todos estes elementos, o grupo PET - EPS- UFSC tratou de estabelecer seu objetivo principal e os aspectos oper acionais para o seu alcance. Ficou estabelecido como objetivo principal “o aumento da eficiência do Marketing do grupo” e a estratégia de crescimento adotada foi a de crescimento intensivo. A estratégia competitiva não se aplica ao grupo devido ao fato já mencionado anteriormente de que este não representa ameaça a outros prestadores dos mesmos serviços. 5.2 - PROPOSTA DE ESTRATÉGIAS DE MARKETING Após a análise do Composto de Marketing do PET, o próximo passo é a elaboração de estratégias que visam o aumento da eficiência do Marketing do grupo. As estratégias foram baseadas na análise do Composto de Marketing do grupo detalhado anteriormente e em dois relatórios: do questionário aplicado aos alunos e professores da Graduação e do Método de Análise e So lução de Problemas, ambos realizados pelo grupo no ano de 2000 enquanto este estudo se desenvolvia. Como tais relatórios levantaram as necessidades de dois importantes clientes do PET, a sua utilização neste estudo é de grande valia e se enquadra perfeita mente dentro do conceito de Marketing. A partir daí elaborou - se 36 estratégias (produtos) visando o atendimento destas necessidades. Algumas destas podem ser verificadas abaixo: 1- divulgação das atividades em sala de aula; 2- elaboração de um míni - curso de AutoCAD ; 3- organização de mais visitas (indústrias em ordem de preferência: metal - mecânica, cerâmicas, têxtil e energia); 4- organização de mais palestras para a Graduação (temas em ordem de preferência: PCP e Qualidade); 5- mais integração com a Graduação; 6- realização de novas pesquisas com professores (ver sugestões no relatório do questionário aplicado aos professores); 7- participação de trabalhos conjuntos com outras entidades estudantis do curso com máxima dedicação; 8- desenvolvimento de material didático de softwares lig ados a disciplinas do curso básico do curso; 9- elaboração de metodologias de repasse de conhecimento; 10- focar o Marketing na Graduação, esclarecendo os benefícios dos produtos oferecidos; 11- realização de um grande evento próprio; 12- conscientização do grupo em rela ção à satisfação dos clientes (em ordem de importância: estudantes de Graduação, SESu, comunidade universitária e professores do departamento) e sob o ponto de vista do Marketing Integrado; 13- elaboração de meios de promoção da home - page e do jornal. Ocorre a qui um fato interessante. As apostilas de míni - cursos de informáticas elaboradas pelo grupo não serão promovidas devido ao fato de que a sua promoção poderia acarretar em um risco para outro produto: o próprio míni - curso de informática, ministrado pelos bo lsistas regularmente. 37 6 - CONCLUSÃO O PET – EPS – UFSC, através do seu grupo de Marketing, trabalhou seguindo estas estratégias ao longo do primeiro semestre de 2001. Para isto, o grupo elaborou produtos que satisfizessem tais necessidades e, logo após cada um deles, discutiu interna e externamente verificando a eficiência destes (feed - back). Exemplos disto são: · a ida nas salas de aula EPS convidando alunos e professores para o I BRAINSTORM (1); · as visitas à MULTIBRÁS e à Olsen (3); · a participação no XI JIPRO’S e uma maior interação com a EJEP e CALIPRO, principalmente (5); · a maior participação do grupo no Trote Solidário (7); · elaboração de um novo cadastro de e - mails de alunos do curso mais atualizado e dividido por fases e viabilização do Mural da Prod ução (10); · a realização do I BRAINSTORM (11); · uma palestra deste bolsista para o grupo esclarecendo a importância de uma orientação para clientes e quais são os clientes do PET (12); · cartazes promovendo a home page e o jornal do grupo (13). Note que cada u m destes produtos atende a uma das necessidades descritas anteriormente e indicadas entre parênteses. Como se pode ver, nem todas as necessidades foram atendidas. Entretanto outras necessidades apareceram no decorrer do estudos, o que levou à tomada de al gumas providências não previstas no planejamento. Assim foi trocado o Xerox onde o grupo disponibiliza o seu material, melhorando um importante item no Ponto de Distribuição ou Venda de alguns produtos. Nota- se que a aplicação do conceito de Marketing às atividades do grupo é um trabalho contínuo, não se limitando ao período que compreende este estudo. As necessidades que não foram atendidas devem sê - las. Fica como sugestão a aplicação periódica de questionários aos professores e alunos principalmente, a fim de se levantar as suas necessidades dando ao grupo uma idéia dos produtos que se deve elaborar. Estes levantamentos devem ser considerados pelo grupo na ocasião de seu planejamento. 38 O presente trabalho se constituiu de ferramenta de extrema importânci a. Esclareceu - se de uma forma bem nítida o quão amplo é o conceito de Marketing e suas potenciais aplicações. A visão de onde o tema se insere permitiu ainda saber como são elaboradas as estratégias. A aplicação prática do mesmo favoreceu uma maior assimil ação do conhecimento por parte dos bolsistas, sendo de imenso agrado para os mesmos. Alguns frutos deste trabalho já foram colhidos. Outros o serão a longo prazo, como a melhoria da imagem de grupo frente a seus clientes. 39 7 - BIBLIOGRAFIA KOTLER, Phili p. Admistração de Marketing. 1 a edição - São Paulo. Editora Atlas S.A., 1978. COBRA, Marcos. Admistração de Marketing. 2a edição – São Paulo. Editora Atlas S.A., 1992. KOTLER, Philip e FOX, Karen F. A. Marketing Estratégico para Instituições Educacionais. São Paulo. Editora Atlas S. A., 1994. CASSEMIRO, Fausto R. K. Distanciamento entre o PET e os alunos do ciclo básico da EPS – Relatório do MASP. Florianópolis. PET – Engenharia de Produção, 2000. Bentes, Luiz Otávio; Lopes, Fabrício Magalhães, Juliana e Paiva, Eduardo. Relatórios dos questionários aplicados a professores e alunos. Florianópolis. PET – Engenharia de Produção, 2000.
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