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CONCEITOS FARMACOCINÉTICOS: Importância Clínica Profa TANIA TANO Farmacologia Aplicada Farmacocinética e Farmacologia Clínica PROCESSOS ENVOLVIDOS NA RESPOSTA TERAPEUTICA MEDICAMENTOSA: - A ESCOLHA DO FÁRMACO Apresentação- Preparação Farmacêutica - O PROCESSO FARMACOCINÉTICO – Vias de Administração - Absorção e Distribuição e eliminação - O EFEITO TSRAPÊUTICO -O PACIENTE- COOPERAÇÃO DO PACIENTE Importância da Farmacocinética e Farmacodinâmica na Resposta Terapêutica Dose do fármaco administrado Cp do Fármaco Concentração no sítio de ação EFEITO FARMACOLÓGICO: Fármaco + Receptor Fármaco-Receptor Resposta Clínica Eficácia Toxicidade ABSORÇÃO DISTRIBUIÇAO METABOLISMO - ELIMINAÇÃO F A R M A C O C IN É T IC A F A R M A C O D IN Â M IC A 4 Correlação entre Absorção, distribuição, ligação, metabolismo e excreção de um fármaco e sua concentração nos locais de ação Fígado (Biotransformação) Local de ação terapêutica “receptores” Ligado livre Excreção Compartimento central [Fármaco livre] Ligado á pnts Reservatórios Tissulares Metabólitos Local de ação inesperada Ligado livre Absorção Dose do Fármaco Farmacocinética Farmacodinâmica OBJETIVOS DA FARMACOCINÉTICA CLÍNICA - Aumentar a eficácia terapêutica. -Reduzir a incidência de efeitos adversos - Reajuste da posologia quando necessário. Individualização terapêutica Eficácia Segurança Efeitos Concentração Plasmática terapêutica Monitorização Correlação entre Cp e efeito farmacológico Tempo (h) Cp (mg/dl) Nível plasmático mínimo eficaz Nível plasmático máximo tolerado Duração da ação Início da ação Cp Máxima (efeito máximo) Janela terapêutica PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA FARMACOCINÉTICA CLÍNICA Faixa de Cp terapêutica Cp do Fármaco Intensidade do Efeito Farmacológico Efeito Clínico desejado Reação tóxica Resposta idiosincrática MARGEM DE SEGURANÇATERAPÊUTICA Definição: é o intervalo de concentração de um fármaco dentro do qual existe uma alta probabilidade de conseguir a eficácia terapêutica com toxicidade mínima na maioria dos pacientes. N ú m e ro d e p a ci e n te s (% ) Concentração plasmática Efeitos Tóxicos Efeitos Terapêuticos MARGEM TERAPÊUTICA IT = DT50 DE50 Um exemplo da Importância do IT Índice terapêutico Amplo: Ibuprofeno dose normais podem variar 400 a 3,200 mg/dia sem que haja diferencia substancial no efeito ou na toxicidade Estreito: Teofilina (concentrações sanguíneas 10-20g/ml) Concentrações abaixo 10 g/ml não efeitos terapêuticos Concentrações acima 20 g/ml efeitos tóxicos graves (convulsões,arritmias e mesmo morte) Parâmetros Farmacocinéticos que governam a disposição do fármaco (Cp): • DEPURAÇÃO • VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO • MEIA-VIDA DE ELIMINAÇÃO • BIODISPONIBILIDADE Definição dos Parâmetros Farmacocinéticos que governam a disposição do fármaco (Cp) •Biodisponibilidade (F) - Quantidade do fármaco que efetivamente alcança a circulação sistêmica (%). •Volume Aparente de Distribuição (Vd) - Volume em que o fármaco teria que se dissolver para alcançar a mesma concentração obtida no plasma (l/kg). •Meia-vida de eliminação (T½) - Intervalo de tempo em que o fármaco tem sua concentração reduzida em 50% (horas ou minutos). •Clearance (Cl) - Volume de sangue totalmente depurado de um fármaco por unidade de tempo (ml/min). •Concentração no Steady State (Cee) (estado de equilíbrio de equilíbrio) - Concentração plasmática estável, obtida após 4,5 T½, uma vez que a dose administrada equivale à quantidade de fármaco eliminada (g/ml). BIODISPONIBILIDADE • É A FRAÇÃO DO FÁRMACO QUE CHEGA À CORRENTE SANGUÍNEA DE FORMA INALTERADA. Tempo (h) Cp do fármaco Endovenoso Oral mesma dose Biodisponibilidade (F) = 100% para via IV F = (AUC) oral (AUC) IV Área sob a curva (AUC) Um indicador da exposição total de uma pessoa a uma droga é o cálculo da área sob a curva É a área matematicamente integrada sob a curva de concentração-tempo e é mais comumente calculada através da regra trapezoidal matemática Biodisponibiliadade IV IM Oral Intestino Fígado Sangue É dependente da via de administração, da formulação da droga e do metabolismo de primeira passagem Alguns Exemplos de Biodisponibilidade oral FÁRMACOS BIODISPONIBILIDADE (%) ASPIRINA 68 ± 3 PARACETAMOL 88 ± 1,5 PROPRANOLOL 26 ± 10 MORFINA 24 ± 12 CODEÍNA 50 ± 5 AZITROMICINA 34 ± 19 CEFALEXINA 90 ± 9 DIGOXINA 70 ± 13 CIMETIDINA 60 ± 23 CLONAZEPAM 98 ± 31 Via e Tipo de Formulação Fig: Concentração plasmática de um fármaco após a administração da mesma dose por 03 diferentes vias. Fig: Curso temporal da ação da Penicilina G após várias vias de administração. 3 mg/kg de peso corporal foi administrado em diferentes ocasiões no mesmo indivíduo Fatores que influenciam a biodisponibilidade -Características físico-químicas do fármaco -Tipo de formulação farmacêutica -Controle de qualidade na fabricação e formulação do fármaco -Padrão dietético e possíveis interação com alimentos -Tempo de esvaziamento gástrico e de contato com a mucosa absortiva -Solubilidade do fármaco no conteúdo gástrico Formulação Farmacêutica Solução vs Suspensão Importância do grau de desintegração e da velocidade de dissolução da formulação BIOEQUIVALÊNCIA Formas farmacêuticas oriundas de industrias diferentes podem afetar a biodisponibilidade pelos variados graus de desintegração, dissolução e liberação do princípio. Horas Variação na absorção oral de 4 formulações de digoxina Modelos farmacocinéticos Os modelos compartimentais mais comumente usados nos estudos cinéticos das drogas: a) Corpo é imaginado como um só comportamento onde o fármaco uma vez administrado se distribui de forma homogênea e instantânea por toda a água corporal. b) O corpo é considerado como fosse formado de dois compartimentos, um central, representado principalmente o sangue, e outro periférico, representado por outros tecidos. Esses compartimentos são espaços fictícios e teóricos CINÉTICA DE UM COMPARTIMENTO CINÉTICA DE DOIS COMPARTIMENTOS Farmacologia Aplicada Farmacocinética e Farmacologia Clínica 0 1 2 3 1,5 1 0,5 0 Tempo Fase de distribuição Assumindo distribuição sem eliminação C o n c e n tr a ç ã o s é ri c a 0 1 2 3 1,5 0,75 0,5 0 1,0 0,25 Fase de distribuição Fase de eliminação C o n c e n tr a ç ã o s é ri c a Tempo Assumindo que o fármaco distribui-se e é subseqüentemente eliminado Volume aparente de distribuição - Vda DISTRIBUIÇÃO Fig. Concentração plasmática de uma droga em função do tempo, após a injeção IV em bolo único durante 5 a 30 segundos. A. Gráfico linear. B. Mesmos dados com as Cp em escala logarítmica. “1” representa a fase de distribuição () e “2” a fase de eliminação (). O decréscimo fracional naCp é constante em um intervalo fixo de tempo (área sombreada em azul) e depende da taxa de metabolização e eliminação. C = Coe-ket Log C(t) = log Co – ke . t 2,303 28 FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO -Ligação à proteínas plasmáticas. -Grau de hidratação do paciente. FATORES QUE INFLUENCIAM O METABOLISMO -Função hepática e idade -Interação medicamentosa (indução e inibição) FATORES QUE INFLUENCIAM A ELIMINAÇÃO -Insuficiência renal -Idade avançada -Interação medicamentosa Clearance ou Depuração Definição: é o volume de sangue totalmente depurado de um fármaco por unidade de tempo (mL/min). tempo Log Cp CL = taxa de eliminação (mg/min) Cp da droga (mg/mL) CL = 0,693 x Vd T1/2 MEIA-VIDA DE ELIMINAÇÃO (T1/2) Definição: é o tempo necessário para que a concentração plasmática reduza à metade do seu valor inicial. tempo Log Cp T1/2 Co Correlação com a eliminação(CL) e Vd Importância Clínica: -Indica a duração da ação INTERVALO POSOLÓGICO TEMPO NECESSÁRIO PARA CHEGAR A Css (5 t1/2) T1/2 = 0,693 ke T1/2 = 0,693 x Vd CL ou CL = 0,693 x Vd T1/2 DEPURAÇÃO OU ELIMINAÇÃO (CLEARANCE – CL) Definição: é o volume de sangue totalmente depurado de um fármaco por unidade de tempo (mL/min). Dose IV Compartimento único: Vd Cpt Metab/Eliminação ke CL Importância: é o conceito mais importante durante o planejamento de um esquema terapêutico racional em um regime de múltiplas doses. CL renal = Cu x Vu Cp Clearance (CL) CLp = taxa de eliminação (mg/min) Cp da droga (mg/mL) tempo Log Cp Dose IV Compartimento único: Vd Cpt Metab/Eliminação ke CL Frequência da dose = CL x Css Clearance (CL) Importância Clínica da Depuração (CL): Dose de manutenção = Cp desejada(Css) x CL (mg/L) (L/h) (mg/h) DM Compartimento único: Vd Cee Metab/Eliminação ke CL F (se F<1) Regime posológico de múltiplas doses C o n c e n tr a ç ã o Tempo (Múltiplos de T1/2) Cee Cee Média = F x dose CL x Intervalo Css max = (F x Dose/Vd ) / (1 - exp (-K x T) Css min = Css max X exp (- K x T) Dose de Manutenção Definição: é administração periódica de uma quantidade suficiente do fármaco para repor o fármaco eliminado desde a dose anterior de modo a manter um estado de equilíbrio dinâmico do fármaco no organismo. Dose de Manutenção = Cp terapêutica (mg/ml) x Clearance (ml/h) F Dose de Manutenção Dose de Manutenção Cee Taxa de eliminação Cpt (CL) Dose de Manutenção = Taxa de eliminação = CL x Cee Se o fármaco é administrado por uma via cuja biodisponibilidade é < 100% (F<1) então: DM oral = Dose IV F oral DM oral = CL x Cee F oral CL = 0,693 x Vd T1/2 Dose de Ataque Definição: é a dose usada no intuito de atingir imediatamente níveis terapêuticos do fármaco, isto é, concentração do estado de equilíbrio desejada Dose de ataque = Cp terapêutica (mg/L) x Vd (L) F DOSE DE ATAQUE Vda= Dose (mg) Cp (mg/L) Cálculo da dose de Ataque: DA = Cee (mg/L) x Vda (L) F Dose = Cee (mg/L) x Vda (L) F Dose de Ataque (DA) Cee Taxa de eliminação Vd (CL) INFUSÃO ENDOVENOSA CONTÍNUA Fig. Perfil típico mostrando as concentrações plasmáticas da droga ao longo do tempo durante a injeção IV contínua (infusão) numa taxa constante e sem dose de ataque. Css é a concentração de platô ou do estado de equilíbrio (Steady State) em que a taxa de entrada da droga é igual à taxa eliminada. 5 T1/2 DM (mg/h) = Css (mg/L) x CL(L/h) Farmacocinética Clínica Perfil da Cp após injeção IV em doses múltiplas FATORES QUE MODIFICAM O METABOLISMO HEPÁTICO -IDADE -DIFERENÇAS INDIVIDUAIS -VARIAÇÕES GENÉTICAS -FUNÇÃO HEPÁTICA: hepatite, cirrose, Hipotireoidismo -INDUÇÃO ENZIMÁTICA -INIBIÇÃO ENZIMÁTICA IDADE DO PACIENTE NEONATO IDOSO -Deficiência na metabolização / eliminação -Barreira hematoencefálica pouco desenvolvida -Menor quantidade de ptns plasmática -Redução da metabolização / eliminação -Redução da massa muscular e conteúdo de água -Redução da albumina sérica Aumento da T1/2 Efeitos maiores e mais prolongados VARIABILIDADE INDIVIDUAL Dose (mg/kg) População Efeitos de intensidades variadas Dose Hipnótica No de indivíduos DE50 Indivíduos Hiper-responsivos Indivíduos Hipo-responsivos Curva de Gauss Ex. Ansiolítico-Hipótico DE95 Variações na taxa de absorção / metabolização / eliminação FATORES GENÉTICOS: Idiossincrasias Colinesterase Normal Succinilcolina T1/2 = 3-5 min Colinesterase Atípica Succinilcolina T1/2 >> 3-5 min Apnéia e Paralisia Prolongada Autossômica recessivo Incidência: 1: 3.000 ind. Outros Exemplos: Hemólise produzidas pelas sulfas em pacientes com deficiência da desidrogenase da glicose 6-fosfato Hipertermia malígna por bloq. neuromusculares Idiossincrasia – é uma resposta inesperada, anormal, normalmente de cunho genética. DIFERENÇAS ÉTNICAS Álcool Acetaldeído Acetato Álcool desidrogenase Aldeído desidrogenase Chineses Japoneses Náuseas Rubor Palpitação Ex. susceptibilidade ao álcool pela raça amarela INDUTORES ENZIMÁTICOS INDUTORES FÁRMACOS CUJO METABOLISMO É AUMENTADO BARBITÚRICOS Barbitúricos, cortisol, warfarin, digoxina, fenitoína, quinidina, testosterona, etc BENZOPIRENO Teofilina CARBAMAZEPINA Carbamazepina, clonazepan, itraconazol GLISEOFULVINA warfarin FENILBUTAZONA Cortisol, digoxina RITONAVIR midazolam INIBIDORES ENZIMÁTICOS INIBIDORES FÁRMACOS CUJO METABOLISMO É INIBIDO CIMETIDINA Diazepam, warfarin, digoxina, etc ALOPURINOL, CLORANFENICOL, ISONIAZIDA Dicumarol, probenicida, etc CLORPROMAZINA propranolol DISULFIRAM Etanol, fenitoína, warfarin ITRACONAZOL Alfentanil, alprazolam, atorvastatina, buspirona, diazepam, digoxina, felodipina, indinavir, lorantadina, lovastatina, midazolam, nisoldipina, fenitoina, quinidina, sinvastatina, triazolam, verapamil, warfarin RITONAVIR Amiodarona, midazolam, triazolam, itraconazol Fórmulas Dose ataque = (Css x Vd)/F Dose Manutenção = (Css x CL)/F CL = 0,693 x Vd/ T ½ Css max = [(F x D)/Vd] / [1- e-KT] Css min = Css max x e-KT K = 0,693/T1/2 Cl creat 70 kg = [(140 – idade) x peso]/72 x Cp creat FR = Cl creat 70 kg/120 ml/min FEF = (1 – FER) (1 – FR) Cl modificado = Cl normal x FEF