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DM não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia, a qual é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. As ações inadequadas da insulina na estimulação da captação de glicose pelos tecidos do corpo e na regulação do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas resultam em hiperglicemia. Outros distúrbios metabólicos, além da hiperglicemia, ocorrem tipicamente no DM não controlado, incluindo alteração da dinâmica das lipoproteínas e níveis elevados de ácidos graxos livres. Essas anormalidades contribuem para as consequências clínicas agudas e crônicas do DM. Existem duas grandes categorias de DM, designadas como tipo 1 ou tipo 2. Temos também um subtipo da DM 1- Diabetes tipo LADA O diabetes mellitus tipo 1A (DM1A) é uma doença autoimune mediada por células T e caracterizada por destruição progressiva das células β pancreáticas, como resultado de desencadeadores ambientais em indivíduos geneticamente suscetíveis. Assim sendo, a evolução para o DM1A manifesto pode ser heterogênea, como alguns casos clínicos sugerem, existindo diferentes velocidades de evolução para o DM1A clínico e de massa residual de células β ao diagnóstico da doença O DM tipo 1 resulta de interações de fatores genéticos, ambientais e imunológicos que acabam acarretando a destruição das células beta pancreáticas, assim como uma deficiência de insulina. O DM tipo 1 pode se desenvolver em qualquer idade. A maioria, mas não todos, dos indivíduos com DM tipo 1 tem evidência de reação autoimune dirigida às ilhotas, que é detectada pela presença de autoanticorpos contra antígenos de células beta no sangue. A presença de dois ou mais autoanticorpos é agora designada como DM tipo 1 estágio 1. Nos indivíduos suscetíveis, acredita-se que o processo autoimune seja desencadeado por um estímulo infeccioso ou ambiental. Na maioria dos pacientes, autoanticorpos contra antígenos de células beta aparecem depois desse evento desencadeante, seguidos de perda progressiva da secreção de insulina. A taxa de declínio da função das células beta varia amplamente entre os indivíduos, e alguns pacientes progridem rapidamente para o diabetes clínico, enquanto outros têm uma evolução mais lenta para o diabetes ao longo de um período de vários anos. As características do diabetes só se tornam evidentes após ser alcançado um limiar de perda de secreção de insulina e de massa de células beta. Estudos de necropsia sugerem que o grau de perda da massa de células beta é variável por ocasião da apresentação da doença. Nesse ponto, existem células beta funcionantes residuais, porém o seu número e qualidade são insuficientes para manter a tolerância à glicose. Os eventos que induzem a transição da intolerância à glicose para o diabetes franco estão associados, com frequência, a maiores demandas de insulina, como poderia ocorrer durante infecções ou na puberdade. Após a manifestação clínica inicial do DM tipo 1, pode seguir-se uma fase de “lua de mel”, durante a qual o controle glicêmico é conseguido com doses moderadas de insulina ou, raramente, a insulina não é necessária. Entretanto, essa fase transitória de produção endógena de insulina pelas células beta residuais desaparece, e o indivíduo torna-se deficiente em insulina. Muitos indivíduos com DM tipo 1 de longa data produzem uma pequena quantidade de insulina (como refletido pela produção de peptídeo C), e Diabetes tipo 1 estudos de autópsia mostram que as células beta podem persistir no pâncreas décadas após o diagnóstico. Patologicamente, as ilhotas pancreáticas apresentam uma infiltração modesta de linfócitos (processo denominado insulite); no entanto, a frequência de insulite é heterogênea tanto dentro como entre os indivíduos. Estudos do processo autoimune identificaram as seguintes anormalidades nas divisões inatas e adaptativas do sistema imunológico: (1) autoanticorpos contra as células das ilhotas (ICAs, de islet cell autoantibodies); (2) linfócitos ativados nas ilhotas e nos linfonodos peripancreáticos; (3) linfócitos T que proliferam quando estimulados por proteínas das ilhotas; e (4) liberação de citocinas dentro da insulite. Os ICAs são uma combinação de diferentes anticorpos dirigidos contra moléculas das ilhotas pancreáticas, como GAD, insulina, IA-2/ICA-512 e ZnT-8, e funcionam como marcadores do processo autoimune do DM tipo 1. O teste para ICAs pode ser útil na classificação do DM como tipo 1, pois estão presentes na maioria dos indivíduos (> 85%) diagnosticados com DM tipo 1 de início recente. Os ICAs também podem identificar indivíduos não diabéticos em risco de desenvolver DM tipo 1, embora seu uso para esse fim tenha sido restrito principalmente a estudos de pesquisa. Embora outros tipos de células das ilhotas (células alfa [produtoras de glucagon], células delta [produtoras de somatostatina] ou células PP [produtoras do polipeptídeo pancreático]) sejam funcional e embriologicamente semelhantes às células beta, são poupadas da destruição autoimune. Entretanto, padrões alterados de secreção hormonal por esses outros tipos de células no DM tipo 1 provavelmente contribuem para a instabilidade metabólica. A disfunção das células alfa é refletida por hiperglucagonemia em jejum e pós- prandial, mas resposta prejudicada do glucagon à hipoglicemia. O Norte da Europa e os Estados Unidos apresentam uma taxa intermediária. Admite-se que grande parte do maior risco de DM tipo 1 reflita a frequência do antígeno leucocitário humano (HLA, de human leukocyte antigen) de alto risco entre os grupos étnicos de diferentes localizações geográficas. Entretanto, as populações com menor quantidade desses alelos HLA clássicos de alto risco estão apresentando um aumento mais rápido na incidência de DM tipo 1, sugerindo a influência dos fatores ambientais. Outros estudos epidemiológicos apontam que o Brasil ocupa o 3º lugar no mundo no número de pessoas com diabetes tipo 1, com idades entre 0 e 19 anos. Pesquisadores nacionais também têm alertado que a situação é muito preocupante, com 31% da população na faixa etária de 13 a 19 anos apresentando uma ou mais complicações associadas ao DM1 e, com isso, os custos do tratamento podem se elevar em até 29 vezes. Perfil epidemiológico- Pacientes = 126 Hemoglobina A1 ( HbA1c) A hemoglobina glicada (HbA1c) é um indicador laboratorial que reflete a média da concentração de glicose no sangue ao longo das últimas semanas. Esse parâmetro é obtido pela ligação irreversível da glicose à molécula de hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos. Como essas células têm uma vida útil aproximada de 120 dias, a HbA1c fornece uma estimativa retrospectiva do controle glicêmico, sendo amplamente utilizada na monitorização de pacientes com diabetes mellitus. A hemoglobina glicada (HbA1c) é formada por um processo não enzimático chamado glicação, no qual moléculas de glicose se ligam de maneira irreversível à hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos. Esse fenômeno ocorre continuamente na circulaçãosanguínea e está diretamente relacionado à concentração de glicose no plasma. Esse processo ocorre ao longo da vida útil dos eritrócitos, que é de aproximadamente 120 dias. Quanto maior for a exposição das hemácias a níveis elevados de glicose, maior será a porcentagem de hemoglobina glicada presente no sangue. Dessa forma, a HbA1c reflete a média dos níveis glicêmicos nos últimos três meses, tornando-se uma ferramenta confiável para avaliar o controle do diabetes mellitus Normal: inferior a 5,7% Pré-diabetes: entre 5,7% e 6,4% Diabetes Mellitus: igual ou superior a 6,5% Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) Observa a resposta a uma sobrecarga de glicose oral, muito utilizado em gestantes. Glicemia de 1 hora no TTGO Normal: = 209 Glicemia de 2 horas no TTGO Normal: = 200 Para diagnóstico sempre deve ser confirmado com 2 testes, exceto na presença de glicemia > 200 mg/dL com sintomas inequívocos de hiperglicemia Na diabetes tipo 1, pode se solicitar a dosagem de auto anticorpos pancreáticos, geralmente o endocrinologista que faz esse tipo de diferenciação, pois cada auto anticorpo pode produzir uma manifestação específica - AC anti ilhota ( ICA); AC anti insulina ( IAA); Anti GAD 65; IA2, e IA2b; ZbT8 Pode-se solicitar a dosagem do peptideo C, que é a proteína carreadora da insulina e pode mostrar nos exames se o paciente ainda produz alguma quantidade de insulina em suas células beta. Se ele estiver ausente ou 40; Mulheres: > 50 Deve ser recomendado como: Profilaxia secundária para: – Diabéticos com história de doença cardiovascular; – Terapia combinada por 1 ano após evento de síndrome coronariana aguda; Profilaxia primária para pacientes com alto risco cardiovascular: – Homens e mulheres > 50 anos de idade com pelo menos 1 fator de risco cardiovascular adicional (história familiar de doença coronariana, hipertensão, tabagismo, DLP, obesidade, albuminúria). Nesses pacientes, discutir o uso de ácido acetilsalicílico pesando benefício e risco de sangramento. Recomenda-se o uso de ácido acetilsalicílico (75-162 mg/dia) ou, para pacientes alérgicos a esse medicamento, clopidogrel (75 mg/dia). Alguns pacientes, após episódio de síndrome coronariana aguda, têm indicação de terapia combinada (ácido acetilsalicílico e clopidogrel). Recomendam-se vacinações para hepatite B e anual para influenza. Além disso, para pneumococos, deve-se repetir a dose da vacinação após os 65 anos de idade se a 1ª dose foi realizada há > 5 anos. Outras indicações de dose de reforço são: síndrome nefrótica, doença renal crônica e outras causas de imunodeficiência. Na ausência de contraindicações, deve-se orientar a prática de atividade física aeróbica de moderada intensidade de no mínimo 150 min/semana (pelo menos 3 vezes por semana). A prática de exercícios resistivos deve ser realizada pelo menos 2 vezes por semana. Recomenda-se também a cessação do tabagismo. Os pacientes devem ser orientados ainda com relação a métodos contraceptivos. Devem evitar gestação indesejada com DM descompensado e em uso de drogas teratogênicas. A dieta equilibrada é outra recomendação importante: 45-60% do valor energético total diário na forma de carboidratos e 15-20% na forma de proteínas; com gordura total até 30%. Esses pacientes devem evitar ácidos graxos trans. Seu consumo de colesterol deve serperiféricos decorrente da degeneração progressiva dos axônios das fibras nervosas. É importante entender que existem vários padrões diferentes de neuropatia que podem se apresentar em indivíduos com diabetesIdealmente, todo paciente diabético deve ser avaliado para neuropatia anualmente do monofilamento e outros testes sensitivos; A principal maneira de impedir a progressão da neuropatia diabética é com um controle rígido da glicemia; Polineuropatias simétricas e generalizadas Sensitiva motora crônica: Polineuropatia sensitivo- motora distal simétrica e Neuropatia proximal simétrica da extremidade inferior Sensitiva aguda: Neuropatia aguda dolorosa; Neuropatia hiperglicêmica e Neuropatia induzida por tratamentos Autonômica: Cardiovascular, Digestiva, Geniturinária e Outras Neuropatia focal e multifocal Neuropatia craniana Neuropatia toracoabdominal Neuropatia focal dos membros Amiotrofia diabética Quadro clínico: Ardencia, queimação ou dor lancinante- choques, pontadas.; Hiperestesia; Parestesia; Redução da sensibilidade térmica e dolorosa; disautonomia (ressecamento); Perda da dor visceral; perda da sensibilidade vibratória e propriocepção, arreflexia, ataxia. Exame físico: Avaliação dos pés- procura de tinea interdigital, úlceras.. Testes de sensibilidade térmica, dolorosa e vibratória com auxilio do diapasão e monofilamentos Testes de reflexo aquileu, patelar e triciptal Características da neuropatia em fibras pequenas e grandes Disfunção nas fibras pequenas – envolvimento mais precoce; causam sintomatologia mais rica; sem envolvimento motor/reflexo; eletroneuromiografia silente (diagnóstico com biópsia cutânea) Ardência/queimação ou dor lancinante (choques, pontadas) Hiperestesia Parestesia Perda das sensações de dor e temperatura Disautonomia (desidrose, secura, rachaduras) Ulceração nos pés Perda da dor visceral Disfunção nas fibras grandes – menos sintomas, mais sinais Perda de sensibilidade vibratória e propriocepção Arreflexia Ataxia, incoordenação na marcha (aumenta o risco de quedas) Anormalidades na condução nervosa Polineuropatia sensitivo-motora distal simétrica É o subtipo mais comum (forma crônica). Apresenta acometimento sensitivo e/ou motor, preferencialmente nos membros inferiores (fibras mais longas acometidas antes). Tem curso progressivo, simétrico (mais comum) ou assimétrico e ascendente. Observa-se distribuição em bota e luva. Seu início é insidioso (mais comum) ou agudo (pode ocorrer quando realizado controle glicêmico rápido ou após início do tratamento com insulina ou sulfas ‒ neurite insulínica, autolimitada) e seus sintomas pioram a noite. Ocorre envolvimento de fibras grossas ou finas. O diagnóstico é realizado com: Anamnese detalhada (sintomas); Exame físico neurológico: contendo teste de sensibilidade térmica, dolorosa, vibratória e pesquisa dos reflexos; teste de propriocepção Inspeção cuidadosa; Monofilamento de Semes Weinstein de 10 g (pesquisa em 4 pontos: no hálux e na cabeça do 1°, 3° e 5° metatarsos); Para firmar o diagnóstico, é fundamental a exclusão de outras causas de neuropatia: Diagnósticos diferenciais: Infecciosa: HIV, hepatites B e C; Relacionada a medicações: quimioterapia, terapia antirretroviral, isoniazida; Tóxica: uso crônico de álcool; Avaliar melhora em períodos de abstinência Metabólica: deficiência de vitamina B12, hipotireoidismo; Doenças malignas; Se necessário, outros exames podem confirmar o diagnóstico: Eletroneuromiografia (solicitar apenas em casos duvidosos, atípicos); Biópsia do nervo sural (para diagnóstico diferencial com outras doenças); Biópsia cutânea (teste sensível, detecção precoce). Neuropatia autonômica Pode acometer o trato gastrointestinal, genitourinário e cardiovascular Gastrointestinal Suas principais manifestações são: Gastroparesia; Diarreia; Obstipação; Incontinência fecal; Entesopatia esofágica; Atonia da vesícula biliar. O manejo é sintomático: Gastroparesia: Deve-se corrigir os fatores que exacerbam/pioram as manifestações: hiperglicemia; distúrbios hidroeletrolíticos; uso de medicações: bloqueadores dos canais de cálcio, clonidina, drogas anticolinérgicas, exenatide, liraglutida, pranlitide. Institui-se suporte nutricional se houver perda de peso não intencional > 10% em 3-6 meses. São recomendadas refeições pequenas e frequentes, com baixo teor de gordura. Podem ser administrados pró-cinéticos (metoclopramida, domperidona, cisaprida – sem registro vigente na Anvisa) e, em casos mais graves, eritromicina. A cirurgia é indicada somente em casos refratários. Diarreia: É fundamental sempre excluir causas secundárias. Ocorre mais frequentemente durante a noite, alternando períodos de constipação e incontinência fecal (diarreia explosiva). Deve-se realizar o controle metabólico. Recomenda-se dieta rica em fibras e com restrição de glúten e lactose. A antibioticoterapia indicada para tratamento do supercrescimento bacteriano inclui sulfametoxazol + trimetoprima, ciprofloxacino e metronidazol (mínimo de 3 semanas). Podem ser administradas: loperamida (dose máxima de 16 mg/dia), codeína (60 mg, 4 vezes ao dia), clonidina (0,3 mg, 2 vezes ao dia), octreotida (50 mg, SC, 2 vezes ao dia) e enzimas pancreáticas. Cardiovascular Suas principais manifestações são: Hipotensão ortostática ou pós-prandial: tontura, fraqueza, borramento visual; taquicardia não explicada; pouca tolerância ao exercício; isquemia miocárdica sem dor; arritmias cardíacas. Diagnóstico de exclusão, deve-se afastar causas mais graves e recorrentes. É recomendado o screening para neuropatia autonômica diabética por ocasião do diagnóstico de DM tipo 2, 5 anos após o diagnóstico de DM tipo 1 e em todos os pacientes sintomáticos. O rastreamento deve incluir história e exame físico completos, buscando sinais de disfunção autonômica. Testes de variabilidade da frequência cardíaca podem ser indicados (utilizar como estímulos respiração profunda, manobra de Valsalva e mudança postural, com avaliação das respostas de frequência cardíaca e PA). Se o rastreamento for negativo, os testes devem ser repetidos anualmente. A atividade física parece melhorar a neuropatia autonômica diabética. Sempre se deve realizar estratificação cardiológica não invasiva antes do início das atividades. Hipotensão postural: Devem ser fornecidas orientações comportamentais, como para uso de meia elástica, mudança postural lenta, manutanção das pernas cruzadas ao se levantar e realização de dorsiflexão dos pés antes de se levantar.O tratamento medicamentoso inclui fludrocortisona (iniciar com 25- 50 mcg/dia pela manhã e titular a dose conforme os sintomas do paciente e se mantiver hipotensão postural ao exame físico). Na anamnese da neuropatia diabética, pode-se utilizar das seguintes ferramentas: Escore de sintomas neuropáticos Classificação: 3-4 pontos – leve; 5-6 pontos – moderada; 7-9 pontos – grave. Escore de comprometimento neuropático Classificação: 3-5 pontos – leve; 6-8 pontos – moderada; 9-10 pontos – grave. Nível A: Pregabalina, 300-600 mg/dia Nível B Gabapentina, 900-3.600 mg/dia; Valproato de sódio, 500-1.200 mg/dia; Carbamazepina, 600-1.200 mg/dia; Duloxetina, 30-60 mg/dia; Amitriptilina, 25- 100 mg/dia; Tramadol; Oxicodona; Capsaicina a 0,075% (uso tópico)- muito usado em curativos de feridas que se tornam gatilhos para dor neuropática Outras: Benfotiamina, 150 mg/dia Nefropatia diabética É associada a aumento da mortalidade, principalmente relacionado a doenças cardiovasculares. Trata-se da principal causa de doença renal crônica dialítica no Brasil. A progressão dos estágiosda nefropatia diabética não é irreversível, podendo ocorrer regressão da albuminúria com o tratamento. De acordo com a taxa de excreção de albumina, classifica-se em: normoalbuminúria; microalbuminúria; macroalbuminúria (nefropatia estabelecida ou proteinúria clínica). A presença de proteinúria ou a redução da taxa de filtração glomerular em pacientes com DM pode ser causada por outra doença renal não relacionada ao DM. O paciente deve ser submetido a avaliação adicional nas seguintes situações: Tempo de duração do DM 90% dos pacientes com DM tipo 1 e 60% daqueles com DM tipo 2 apresentarão algum grau de retinopatia. É classificada de acordo com a gravidade em: retinopatia diabética não proliferativa (leve, moderada ou grave) e retinopatia proliferativa. O controle metabólico é benéfico para evitar a progressão da doença. Outros tratamentos disponíveis são fotocoagulação e vitrectomia. Sempre deve-se encaminhar o paciente para acompanhamento oftalmológico ao diagnóstico, mulher diabética\portadora de retinopatia grávida ou que pretende engravidar deve realizar a consulta, pois o quadro tende a piorar no período da gestação, momentaneamente. Pé diabético É a principal causa de amputação não traumática de membros inferiores em adultos. Define-se como uma infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles, associadas a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica nos membros inferiores de pacientes com DM. A perda da sensibilidade protetora é determinante para o desenvolvimento das ulcerações e a maior vulnerabilidade a traumas. É importante realizar prevenção das úlceras com: Exame anual dos pés (inspeção, avaliação neurológica completa, palpação de pulsos) ou em todas as consultas, se houver neuropatia periférica; Educação do paciente: higienizar, secar e hidratar os pés; cortar as unhas; desbridar as calosidades com equipe especializada; utilizar sapato adequado; inspecionar diariamente os pés e calçados (principalmente em caso de neuropatia); Controle metabólico; Cirurgias ortopédicas preventivas (proeminências ósseas causando pontos de pressão). O tratamento dessa condição deve ser feito conforme segue: Limpeza local (não passar cremes ou pomadas); Desbridamento de áreas necróticas; Retirada de calosidades; Antibioticoterapia conforme flora bacteriana; Se houver suspeita de osteomielite, realizar RNM; Retirar carga se tratar-se de úlcera por sobrecarga: o repouso é pouco efetivo, tendo como alternativas o Robofoot e gesso de contato total (padrão-ouro), o último contraindicado se tratar-se de infecção ou isquemia. Cetoacidose diabética Condição causada pelo aumento dos ácidos graxos e acúmulo de cetoácidos (acetoacetato e b- hidroxibutirato). Mais comum no DM1 em associação da interrupção da insulina ou a uma enfermidade intercorrente- infecções, IAM, gastroenterite, pancreatite... que aumentam temporariamente as necessidades de insulina. Seu gatilho inicial é a falta de insulina e á partir disso ocorrem dois eventos: Hiperglicemia: A ausência de insulina levará o corpo a buscar fontes alternativas de energia para as células. Os hormônios contrarreguladores são liberados- glucagon, catecolaminas, cortisol e GH- estimulando a gliconeogênese, glicogenólise e proteólise- levando à um estado de hiperglicemia Cetoacidose metabólica: A insulina tem a função de inibir a lipólise e estimular lipogênese. Na sua ausência e na ativação dos hormônios contrarreguladores, levará ao aumento dos níveis séricos e da oxidação de ácidos graxos livres- levando á produção de cetoàcidos e triglicerídeos. O bircabonato torna-se insuficiente para tamponar os cetoàcidos, causando acidose metabólica com ânion gap elevado. Quadro clínico: Geralmente DM1, mas pode ocorrer no DM2, atinge principalmente um subgrupo de população mais jovem- média de 20-19 anos, mas pode ocorrer nos extremos das idades. Normalmente o paciente apresenta pródromos com duração de dias de: Poliúria, polidispia, polifagia e mal estar indefinido; Deve-se descartar a presença de um quadro infeccioso que irá agir como gatilho. Na maioria das vezes o paciente chega no serviço- desidratado, hipotenso, taquicardico e taquipneico; frequentemente apresentam dor abdominal, náuseas e vômitos que melhoram com a hidratação. Neste quadro, a consciência não é tão afetada. Diagnóstico: É definido pela tríade: Glicemia > 200; PH arterial 250 >250 >250 >600 PH 7.25- 7.30 7-7.24 7.3 Bicarbonat o sérico 15-8 10-14.9 15 Corpos cetonicos + + + - ou poucos Osmolalida de Variav el Variavel Variav el >320 Anion gap >10 >12 >12 600; osmolaridade > 320 e PH arterial >7.3 Conduta: Hidratação: É fundamental no manejo inicial das emergências hiperglicemicas. Inicia-se com 1.000- 1500Ml de solução de NaCl 0,9% na primeira hora. Se o paciente continuar hipotenso, pode-se repetir ainda na 1 hora (no EHH podem ser necessários vários litros) Após estabilização clínica, iniciar uma fase de manutenção: 250-500 Ml ( 4 ML/Kg) por hora. Se Na+ corrigido > 135 mEq/L, infundir 250-500 mL/h de NaCl a 0,45%; se Na+ corrigido 3,3 mEq/L e dosar novamente. A dose de ataque de insulina é de 0,1 UI/kg, EV em bolus. A manutenção se faz com bomba de infusão contínua de 0,1 UI/kg/h. Deve-se prescrever SF, 100 mL + insulina regular, 100 UI (1 UI/mL) e monitorar a glicemia capilar a cada hora. A glicemia deve diminuir pelo menos 10% na primeira hora. Se a redução for menor, recomenda-se infundir bolus de 0,1 UI/kg, EV, e manter na velocidade de infusão anterior. A meta é manter a glicemia em 150- 200 mg/dL nos quadros de cetoacidose diabética e em 250-300 mg/dL nos quadros de estado hiperglicêmico hiperosmolar até resolução dos outros parâmetros. Ao alcançar esses valores, deve-se associar soro glicosado e diminuir a infusão de insulina para 0,05 UI/kg/h. Reposição de potássio: se K 5,2 mEq/L, não se deve realizar reposição. A dosagem deve ser mantida e, posteriormente, se necessário, inicia-se reposição; Reposição de bicarbonato: raramente é indicada. Deve ser realizada somente quando pH