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Apostila Direito Civil III

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1 
 
 
 
 
 
AAPPOOSSTTIILLAA 
 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL 
 
IIIIII 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor: Ricardo José Magalhães Ferreira 
Atualizada até junho de 2.012 
 
 
 
2.013/01 
2 
UNIVERSIDADE DE RIO VERDE – FESURV 
CAMPUS CAIAPÔNIA 
 
PLANO DE AULAS E CRONOGRAMA LETIVO 
 
Curso: Direito 
Período: 4º 
Disciplina: Direito Civil III (Direito das obrigações) 
Créditos: 04 
Hora-aula/Carga Horária: 72/60 
Ano/semestre letivo: 2.013/1 
Professor: Ricardo José Magalhães Ferreira 
 
EMENTA 
A obrigação; 
Tutela de Crédito; 
Obrigações Civis e Naturais; 
Confronto com os Direitos das Coisas, Comercial e do Trabalho; 
Divisão Fundamental das Obrigações; 
Responsabilidade Civil; 
Obrigações Negociais; 
Obrigações Unilaterais; 
Enriquecimento sem Causa; 
Modalidades da Obrigações; 
Transmissão das Obrigações; 
Adimplemento das Obrigações; 
Convenções Modificativas da Responsabilidade; 
3 
Inadimplemento não Imputável (ao devedor); 
Extinção da Obrigação; 
 
CRONOGRAMA LETIVO – 1º SEMESTRE DE 2.013 
DATA ATIVIDADE 
18/02 Apresentação - Conceito 
20/02 Noções Gerais de Direito das Obrigações 
25/02 Noções Gerais de Direito das Obrigações – Conclusão – 
Elementos, Fontes e Classificação 
27/02 Elementos Essenciais das Relações Obrigacionais – Relação com 
o Direito das Coisas, do Trabalho, e Direito Comercial 
04/03 Introdução às Modalidades das Obrigações 
06/03 Obrigação de Dar – Obrigação de Dar Coisa Certa e Incerta – 
Obrigação de Restituir 
11/03 Obrigação de Dar – Obrigação de Dar Coisa Certa e Incerta – 
Obrigação de Restituir - Conclusão 
13/03 Obrigação de Fazer e de Não Fazer 
18/03 Atividade para Fixação do Conteúdo 
20/03 Obrigações Alternativas, Divisíveis e Indivisíveis e Obrigações 
Solidárias 
25/03 Recesso Acadêmico – Paixão de Cristo 
27/03 Recesso Acadêmico – Paixão de Cristo 
01/04 Obrigações Alternativas, Divisíveis e Indivisíveis e Obrigações 
Solidárias - Conclusão 
03/04 Revisão para a Prova 
08/04 Aplicação de Prova – 1º Avaliação 
10/04 Correção e Discussão da Prova – 
15/04 Formas de Adimplemento da Obrigação 
17/04 Formas de Adimplemento da Obrigação – Continuação 
22/04 Formas de Adimplemento da Obrigação - Conclusão 
24/04 Inadimplemento Absoluto e Relativo 
4 
29/04 Perdas e Danos – Cláusula Penal – Arras ou Sinal 
01/05 Feriado Nacional – Dia do Trabalho 
06/05 Perdas e Danos – Cláusula Penal – Arras ou Sinal - Continuação 
08/05 Perdas e Danos – Cláusula Penal – Arras ou Sinal - Conclusão 
13/05 Atividade para Fixação do Conteúdo 
15/05 Dos Contratos em Geral 
20/05 Da formação dos Contratos 
22/05 Da formação dos Contratos – Conclusão – Revisão para Prova 
27/05 Aplicação de Prova – 2ª Avaliação 
29/05 Correção e Discussão da Prova – 
03/06 Estipulação em Favor de Terceiros – Da promessa de Fato de 
Terceiro 
05/06 Dos Vícios Redibitórios – Da Evicção 
10/06 Contratos Aleatórios e Preliminares 
12/06 Dos Contratos com Pessoa a Declarar 
17/06 Atividade para Fixação do Conteúdo 
19/06 Do Distrato – Cláusula Resolutiva 
24/06 Da exceção de Contrato não Cumprido – Da Resolução por 
Onerosidade Excessiva 
26/06 Apresentação de trabalho em grupo 
01/07 Apresentação de trabalho em grupo 
03/07 Revisão Geral para Prova 
 
OBSERVAÇÃO: A data da aplicação da 3ª (terceira) Avaliação, é fixada a 
critério da Direção. 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
AZEVEDO, Álvaro Villaça, Teoria Geral das Obrigações: Responsabilidade 
Civil. São Paulo: Atlas. 2004. 
BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.406/2002. 
5 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil, v. 2: Direito das Obrigações e 
Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva. 2008. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 2: Teoria Geral das 
Obrigações. São Paulo: Saraiva. 2008. 
ESPINOLA, Eduardo. Garantia e Extinção das Obrigações. São Paulo: 
Bookseller. 2005. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações Parte Geral. Coleção 
Sinopses Jurídicas; v. 5. 12ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2.011. 
SANTOS, Orlando Gomes dos. Obrigações. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense. 
2007. 
TEPEDINO, Gustavo. Obrigações: Estudos na Perspectiva Civil. Rio de 
Janeiro: Renovar. 2005. 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil; Teoria Geral da s Obrigações e Teoria 
Geral dos Contratos. v. 2. 4ª ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2.004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE DIREITO CIVIL III 
6 
 
4º PERÍODO 
 
Professor: Ricardo José Magalhães Ferreira 
Dúvidas enviar para: E-mail: ricardo_ferreiraadv@hotmail.com 
Contatos: (64) 9207-6866 – (64) 8457-4020 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Art. 233 e seguintes CC 
 
INTRODUÇÃO 
 
RAMOS DO DIREITO CIVIL – O Direito pode ser dividido em dois grandes 
ramos: 
 
 DIREITOS NÃO PATRIMONIAIS: Referentes à pessoa humana 
(direito à vida, à liberdade, ao nome, etc.). 
 
 DIREITOS PATRIMONIAIS: Que possuem valor econômico, estes por 
sua vez se subdividem em Direitos Reais e Direitos obrigacionais. 
 
DIREITOS REAIS: Integram o Direito das coisas, ou seja, recaem sobre a 
coisa direta ou indiretamente, vinculando-a a seu titular e conferindo-lhe o 
direito de sequela. “jus persequendi”, e o direito de preferência, “jus 
praeferendi”, podendo estes direitos ser exercidos contra todos, “erga omnes”. 
 
DIREITOS OBRIGACIONAIS: Também conhecidos como Direitos pessoais 
ou de crédito, pertencem ao ramo do direito das obrigações, que conferem ao 
credor o direito de exigir do devedor determinada prestação. 
 
OBSERVAÇÃO: Os Direitos reais diferem dos obrigacionais: 
 
 QUANTO AO OBJETO: Os Direitos reais incidem sobre a coisa, os 
obrigacionais, exigem o cumprimento de determinada prestação. 
 
 QUANTO AO SUJEITO: Em se tratando de Direitos reais, o sujeito 
passivo, é indeterminado, (erga omnes), ou seja, os Direitos reais podem 
ser opostos contra qualquer pessoa, enquanto nos Direitos obrigacionais 
(pessoais), o sujeito passivo é sempre determinado ou determinável. 
 
7 
 QUANTO À DURAÇÃO: Os Direitos reais são perpétuos, se 
extinguindo pelo não uso, mas apenas nos casos expressos em lei 
(desapropriação, usucapião em favor de terceiro, etc.), no que tange aos 
Direitos pessoais e se extinguem pelo cumprimento da obrigação ou por 
outros meios (compensação, remissão, etc.). 
 
 QUANTO A FORMAÇÃO: Os Direitos reais somente podem ser 
criados pela Lei, sendo seu número limitado pela Lei (“numerus 
clausus”, ver art. 1.225, CC), ao passo que os obrigacionais podem 
resultar da simples vontade das partes, sendo ilimitado o número de 
contratos inominados (“numeros apertus”). 
 
Art. 1.225. São direitos reais: 
 
I - a propriedade; 
 
II - a superfície; 
 
III - as servidões; 
 
IV - o usufruto; 
 
V - o uso; 
 
VI - a habitação; 
 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
 
VIII - o penhor; 
 
IX - a hipoteca; 
 
X - a anticrese. 
 
 QUANTO AO EXERCÍCIO: Os Direitos reais são exercidos 
diretamente sobre a coisa, independentemente da existência de um sujeito 
passivo, ao passo que nos Direitos obrigacionais (pessoais), exige-se a 
existência de um intermediário, aquele que se obriga a cumprir uma 
prestação, ou seja, o devedor. 
 
 QUANTO À AÇÃO: As ações reais podem ser dirigidas a quem quer 
8 
que detenha a coisa (lembrem-se do caso da desapropriação do bairro do 
pinheirinho, invadido por milhares de pessoas), ao passo que a ação 
pessoal, somente poderá ser dirigida contra figura na relação jurídica 
como sujeitopassivo, seja por força de contrato ou determinação legal. 
 
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO: Obrigação é o vínculo jurídico que confere 
ao credor (sujeito ativo da relação) o direito de exigir do devedor (sujeito 
passivo) o cumprimento de determinada prestação. 
 
OBSERVAÇÃO: Trata-se de uma relação de natureza pessoal, de crédito e 
débito, de natureza transitória (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto 
corresponde numa prestação economicamente aferível. 
 
MUITO IMPORTANTE: Lembrem-se sempre que, enquanto no Direito real, é 
a própria coisa que vale como garantia, nos Direitos obrigacionais ou pessoais, é 
o patrimônio do devedor que responde pela obrigação contraída, ou seja, são as 
garantias pessoais que garantem o adimplemento da obrigação. 
 
OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE: A obrigação se origina de diversas 
fontes (contratual, legal, etc.), e deve ser cumprida de forma livre e espontânea. 
Caso a obrigação não seja cumprida e seja constatada a inadimplência, surge a 
responsabilidade. 
 
DESCOMPLICANDO: A obrigação surge em regra, da vontade das partes ou 
determinação legal, ao passo que a responsabilidade, somente se consubstancia 
havendo o inadimplemento da obrigação, ou seja, a responsabilidade é, pois, a 
consequência jurídica do descumprimento da relação obrigacional. 
 
ATENÇÃO: Pode haver obrigação sem responsabilidade, é o caso das dívidas 
de jogo, por exemplo, onde, embora exista uma obrigação moral, havendo o 
inadimplemento, a prestação não poderá ser exigida por se tratar de ilícito. 
 
Existe ainda a responsabilidade sem obrigação, como exemplo, podemos citar o 
caso do fiador que, embora não tenha, ele próprio, contraído a obrigação, se 
obriga no caso do inadimplemento por parte do devedor principal. 
 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO 
 
COMPOSIÇÃO: A obrigação, basicamente, é composta de três elementos 
essenciais: 
 
9 
 O elemento subjetivo refere-se aos sujeitos ativo e passivo da relação 
(credor e devedor). 
 
 O vínculo jurídico existente entre eles seja contratual, legal, etc. 
 
 O elemento subjetivo, atinente ao objeto da relação jurídica. 
 
SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO: (elemento subjetivo) Podem ser sujeitos da 
obrigação, tanto no polo ativo quanto passivo: 
 
 Os sujeitos da obrigação podem ser pessoas naturais ou jurídicas, de 
qualquer natureza, bem como as sociedades de fato. 
 
 Devem ser determinados ou, ao menos, determináveis, por exemplo, o 
vencedor de um concurso, ou mesmo, no contrato de doação em que o 
donatário pode ser indeterminado, mas determinável no momento do 
cumprimento da obrigação, pelos dados constantes no contrato. 
 
 Exige-se, ainda, que as partes sejam capazes, caso contrário, deverão ser 
representadas ou assistidas por seus representantes legais, dependendo 
ainda, em alguns casos, de autorização judicial. 
 
VÍNCULO JURÍDICO: O vínculo jurídico da obrigação pode resultar de 
diversas fontes e sujeito o devedor (sujeito passivo da obrigação) a determinada 
prestação em favor do credor (sujeito ativo). Divide-se em “débito e 
responsabilidade”: 
 
 DÉBITO: também chamado de vínculo “espiritual ou pessoal”, une o 
devedor ao credor e exige deste que cumpra pontualmente a obrigação 
acordada. 
 
 RESPONSABILIDADE: Vínculo “material” que confere ao credor não 
satisfeito o direito de exigir o cumprimento da obrigação judicialmente, 
submetendo a obrigação aos bens do devedor (seu patrimônio). 
 
ATENÇÃO: Note que existe de um lado o “dever” da pessoa obrigada 
(debitum), e de outro a “responsabilidade”, em caso de inadimplemento, ou seja, 
o sujeito passivo da obrigação deve e também responde, de forma coativa, pelo 
cumprimento da obrigação. 
 
OBSERVAÇÃO: Eventualmente, como já visto, estes elementos podem ser 
10 
desmembrados nos casos de fiança ou dívidas de jogos por exemplo. 
 
 OBJETO DA OBRIGAÇÃO: O objeto da obrigação será sempre uma 
conduta humana, consistente em “dar, fazer ou não fazer” e chama-se 
“prestação” ou “objeto imediato”. Encontra-se o objeto da obrigação 
indagando sobre “dar, fazer ou não fazer o que”, este é o “objeto 
mediato” da obrigação. 
 
QUALIFICAÇÃO DO OBJETO: O objeto da obrigação há de ser lícito, 
possível, determinado ou determinável e passível de apreciação econômica. 
 
Art. 104, CC: A validade do negócio jurídico requer: 
 
II: objeto lícito, possível, determinado ou determinável. 
 
OBSERVAÇÃO: Objeto lícito é o que não contraria a Lei, a moral e os bons 
costumes. Nula será a obrigação se o objeto for ilícito (uma dívida de jogo), 
impossível ou indeterminável. 
 
Art. 166, CC: É nulo o negócio jurídico quando: 
 
II: for ilícito, impossível ou indeterminável seu objeto. 
 
OBJETO IMPOSSÍVEL: Haverá a impossibilidade “física” sempre que a 
prestação acordada for maior que as forças humanas, ou impossibilidade 
“jurídica”, quando a prestação for contrária à Lei, como, por exemplo, alienar a 
herança de pessoa viva ou de bens públicos: 
 
Art. 100, CC: Os bens públicos de uso comum do povo e 
os de uso especial são inalienáveis, enquanto 
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei 
determinar. 
 
Art. 426, CC: Não pode ser objeto de contrato a herança 
de pessoa viva. 
 
 
OBSERVAÇÃO: A impossibilidade do Objeto deve ser “real”, (não se trata de 
mera dificuldade) e “absoluta”, ou seja, deve atingir a todos os sujeitos, em 
outras palavras, não se considera impossibilidade aquela relativa tão somente ao 
devedor. 
11 
 
Art. 106, CC: A impossibilidade inicial do objeto não 
invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar 
antes de realizada a condição a que ele estiver 
subordinado. 
 
OBJETO DETERMINADO OU DETERMINÁVEL: O objeto da obrigação 
deve ser ainda, determinado ou determinável, ou seja, caso não seja um valor 
monetário ou objeto específico, deverá conter ao menos as descrições sobre seu 
gênero, quantidade, qualidade, etc. 
 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo 
gênero e pela quantidade. 
 
EXEMPLO: Admite-se contrato de safra futura, onde se conhece o gênero e o 
preço, enquanto a quantidade e a qualidade do produto serão apuradas 
posteriormente. 
 
Art. 458, CC: Se o contrato for aleatório, por dizer 
respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não vier a 
existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito 
de requerer integralmente o que foi prometido, desde 
que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda 
que nada do avençado venha a existir. 
 
Art. 459, CC: Se for aleatório, por serem objeto dele 
coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de 
virem a existir em qualquer quantidade, terá também 
direito o alienante a todo preço, desde que se sua parte 
não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a 
existir em quantidade inferior à esperada. 
 
OBRIGAÇÃO ECONOMICAMENTE APRECIÁVEL: Exige-se, por fim, 
que o objeto da prestação seja economicamente apreciável. 
 
MUITA ATENÇÃO: As obrigações jurídicas “sem conteúdo patrimonial” 
como o dever de fidelidade entre os cônjuges e outros inerentes ao direito de 
família, são excluídos da relação obrigacional. 
 
REFERENTE À CAUSA: Embora referida de forma indireta em alguns 
dispositivos (arts. 140, 373, 867), a “causa”, não foi incluída em nosso 
12 
ordenamento jurídico como elemento constitutivo da relação obrigacional. 
 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade 
quando expresso como razão determinante. 
 
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a 
compensação, exceto: 
 
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;II - se uma se originar de comodato, depósito ou 
alimentos; 
 
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. 
 
Art. 867. Se o gestor se fizer substituir por outrem, 
responderá pelas faltas do substituto, ainda que seja 
pessoa idônea, sem prejuízo da ação que a ele, ou ao 
dono do negócio, contra ela possa caber. 
 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
 
FONTE DA OBRIGAÇÃO: A fonte é seu elemento gerador, o fato que lhe dá 
origem, conhecer a fonte do direito é buscar as razões pelas quais alguém se 
torna credor ou devedor de outra. 
 
DIREITO ROMANO: Quatro eram as fontes admitidas no direito romano: 
contrato, quase contrato, delito e quase delito. 
 
CONTRATO: Considerado a fonte mais importante e resultava da convenção 
ou do pacto, ou seja, um regramento bilateral de vontades. 
 
QUASE CONTRATO: Se assemelhava ao contrato faltando-lhe, no entanto, o 
acordo bilateral de vontades, como na gestão de negócios. 
 
DELITO: Consistia no ato ilícito doloso e gerava a obrigação de reparar o dano 
causado. 
 
QUASE DELITO: Se assemelhava ao delito, no entanto, o delito deveria ser 
praticado de forma culposa. 
 
13 
PARA O CÓDICO CIVIL PÁTRIO: Nosso Código Civil considera fontes da 
obrigação: os contratos, as declarações unilaterais de vontade e os atos ilícitos 
dolosos e culposos. 
 
CONTRATOS: Declaração bilateral de vontades, podendo ser de forma livre, 
desde que, prescrita em lei ou não defesa. 
 
DECLARAÇÕES UNILATERAIS DE VONTADE: No direito pátrio, a 
gestão de negócios figura no rol das declarações unilaterais, previstos no Título 
VII do livro das obrigações, são espécies de atos unilaterais: promessa de 
recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem 
causa (arts. 854 e 886), além destas podemos citar os títulos ao portador, 
Capítulo II do Título VIII (arts. 904 a 909). 
 
Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se 
comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem 
preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, 
contrai obrigação de cumprir o prometido. 
 
Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, 
se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir 
do prejuízo sofrido. 
 
Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por 
simples tradição. 
 
Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à 
prestação nele indicada, mediante a sua simples 
apresentação ao devedor. 
 
Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título 
tenha entrado em circulação contra a vontade do 
emitente. 
 
 
Art. 906. O devedor só poderá opor ao portador exceção 
fundada em direito pessoal, ou em nulidade de sua 
obrigação. 
 
Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem 
autorização de lei especial. 
14 
 
Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém 
identificável, tem direito a obter do emitente a 
substituição do anterior, mediante a restituição do 
primeiro e o pagamento das despesas. 
 
Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, 
ou for injustamente desapossado dele, poderá obter novo 
título em juízo, bem como impedir sejam pagos a outrem 
capital e rendimentos. 
 
Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência 
da ação referida neste artigo, exonera o devedor, salvo se 
se provar que ele tinha conhecimento do fato. 
 
ATOS ILÍCITOS: Note que o direito romano fracionava os atos ilícitos em 
delito e quase delito, em nosso ordenamento estes passaram a se denominados 
genericamente de atos ilícitos, independentemente se dolosos ou culposos. 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Existem obrigações, entretanto, que 
resultam diretamente da lei, citamos como exemplos, a obrigação de prestar 
alimentos aos parentes (CC, art. 1.694), a patrão de indenizar os danos causados 
por seu empregador (CC, art. 932, III), etc. Importante ressaltar, que mesmo do 
caso dos contratos, da declaração unilateral de vontades e do ato ilícito, a lei 
aparece como fonte primária, tendo em vista que referidos atos e negócios 
jurídicos somente geram obrigações porque assim dispõe a lei. 
 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou 
companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que 
necessitem para viver de modo compatível com a sua 
condição social, inclusive para atender às necessidades 
de sua educação. 
 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, 
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes 
competir, ou em razão dele; 
 
CONCLUINDO: Pode-se afirmar que a obrigação resulta da vontade de Estado, 
por intermédio da lei, ou da vontade humana, manifestada no contrato, na 
15 
declaração unilateral de vontades ou na prática de ato ilícito. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO OBJETO: Quanto ao objeto, o Código 
Civil brasileiro, inspirado na técnica romana, classifica as obrigações em três 
espécies: “obrigação de dar” (coisa certa ou incerta), “obrigação de fazer” e 
finalmente, “obrigação de não fazer”. 
 
OBSERVAÇÃO: Notem que todas as obrigações que venham a se constituir na 
vida jurídica compreenderão uma ou mais dessas condutas, que resumem o 
objeto da prestação. Exemplo de mais de uma conduta na mesma obrigação: 
 
Art. 610, CC: O empreiteiro de uma obra pode 
contribuir para ela só com seu trabalho ou com eles e os 
materiais. 
 
OBRIGAÇÕES POSITIVAS E NEGATIVAS: As obrigações de “dar” e “de 
fazer”, chamamos de obrigações positivas, ao passo que a “obrigação de não 
fazer”, se trata de obrigação negativa. 
 
PROCESSO DE EXECUÇÃO: Diverso é o procedimento de execução de 
sentença em se tratando de execução “para entregar coisa certa” (obrigação de 
dar), regida pelos arts. 621 A 631do CPC, ou se de “obrigação de fazer, ou não 
fazer”, reguladas pelos arts. 632 a 645 do mesmo diploma. 
 
Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa 
certa, constante de título executivo extrajudicial, será 
citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a 
obrigação ou, seguro o juízo (art. 737, II), apresentar 
embargos. 
 
Art. 622. “... 
 
Art. 632. Quando o objeto da execução for obrigação de 
fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo 
que o juiz Lhe assinar, se outro não estiver determinado 
no título executivo. 
 
Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a 
obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do 
16 
processo, requerer que ela seja executada à custa do 
devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se 
converte em indenização. 
 
Art.634. “... 
 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS ELEMENTOS: Três são os elementos 
constitutivos da obrigação, os sujeitos (ativo e passivo), o vínculo jurídico e o 
objeto. 
 
SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO: Trata-se do elemento subjetivo da obrigação, 
lembrando que tanto o sujeito ativo quanto passivo, pode ser pessoa física, 
jurídica ou sociedade de fato, deve ser capaz sob o óbice de exigir 
representação. 
 
VÍNCULO JURÍDICO: Sujeita o devedor a determinada prestação em favor 
do credor. 
 
OBJETO DA PRESTAÇÃO: É a própria prestação, consistente em dar, fazer 
ou deixar de fazer. 
 
OBRIGAÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS: Nas obrigações simples, 
teremos todos os elementos da obrigação no singular, por exemplo, José se 
obrigou a entregar a João, um veículo. Nas obrigações compostas ou complexas, 
basta que um dos elementos se encontre no plural para que assim se denomine 
sito como exemplo, José se obrigou a entregar a João, “um veículo e um animal” 
(composta pela multiplicidade de objetos), ou ainda, “José e Maria”, se 
obrigarama entregar a João, um veículo (composta pela multiplicidade de 
sujeitos), etc. 
 
OBRIGAÇÕES COMPOSTAS PELA MULTIPLICIDADE DE OBJETOS: 
Podem ser “cumulativas” (ou conjuntivas), e “alternativas” (ou disjuntivas). 
 
OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (OU CONJUNTIVAS): neste caso os 
objetos da obrigação encontram-se unidos pela conjunção “e” (José se obrigou a 
entregar a João, um veículo “e” um animal), veja que neste caso, José se obriga 
a entregar ambos os objetos, a saber, José para se livrar da obrigação, deve 
entregar a João o veículo “e” o animal. 
 
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (OU DISJUNTIVAS): Neste casa a 
conjunção utilizada é “ou”. Neste caso, basta que o devedor preste uma das 
17 
prestações para se vir desobrigado em relação ao credor, vejamos: (José se 
obrigou a entregar a João, um veículo “ou” um animal), Neste caso, basta que 
José entregue um dos objetos a João, para se livrar da obrigação. 
 
OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS: Espécie sui generis de obrigação 
alternativa, utilizada pela doutrina. Trata-se de obrigação simples, em que é 
divida uma única prestação, ficando, entretanto, facultado somente ao devedor, 
desobrigar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. 
 
OBSERVAÇÃO: Note que nas obrigações alternativas existe, para o devedor, a 
faculdade de substituição. O credor, apenas poderá exigir a prestação obrigatória 
(que se encontra in obligatione), entretanto o devedor se exonera cumprindo 
qualquer das prestações. Neste caso, vindo a perecer a obrigação acessória, a 
obrigação persiste em razão a principal, ocorrendo o contrário, o credor não 
poderá exigir a prestação acessória. 
 
OBRIGAÇÕES COMPOSTAS PELA MULTIPLICIDADE DE SUJEITOS: 
Relativamente à multiplicidade de sujeitos, as obrigações podem ser “divisíveis, 
indivisíveis e solidárias”. 
 
MULTIPLICIDADE ATIVA E PASSIVA: Havendo mais de um credor, 
teremos “multiplicidade ativa”. Existindo mais de um devedor, estaremos diante 
da “multiplicidade passiva”. 
 
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS: Obrigações divisíveis são 
aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos, Nas obrigações 
indivisíveis, isto não é possível. Importante saber se a obrigação é ou não 
divisível, apenas quando existe a multiplicidade de credores ou devedores. 
Existindo vínculo obrigacional simples, o fato de a obrigação ser divisível ou 
não, pouco importa, pois o devedor somente se livra, entregando a prestação por 
completo. 
 
CONSEQUENCIAS DA MULTIPLICIDADE DE CREDORES: Ocorrendo 
obrigações divisíveis, cada credor terá direito apenas a seu quinhão, podendo 
reclama-la independente da anuência dos demais credores. Caso a obrigação seja 
indivisível, apenas um dos credores poderá exigir sua prestação, entretanto 
deverá, este, prestar contas aos demais credores. 
 
Art. 260, CC: Se a pluralidade for de credores, poderá 
cada um destes exigir a dívida inteira, más o devedor ou 
devedores se desobrigarão, pagando: 
18 
 
I: a todos conjuntamente. 
 
II: a um, dando este caução de ratificação dos outros 
credores. 
 
Art. 261, CC: Se um só dos credores receber a prestação 
por inteiro, a casa um dos outros assistirá o direito de 
exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
 
CONSEQUENCIAS DA MULTIPLICIDADE DE DEVEDORES: Nas 
obrigações divisíveis, cada devedor responde exclusivamente por sua quota. 
Neste caso, havendo dois devedores e a prestação seja, por exemplo, duas sacas 
de café, o credor somente poderá exigir de um dos devedores a entrega de uma 
dela. Entretanto, sendo a obrigação indivisível, em razão da invisibilidade física 
do objeto, cada devedor se obriga pela prestação por inteiro. 
 
Art. 257, CC: Havendo mais de um devedor ou mais de 
um credor em obrigação divisível, esta se presume 
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos 
os credores e devedores. 
 
Art. 258, CC: A obrigação é indivisível quando a 
prestação tem por objeto uma coisa ou objeto não 
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de 
ordem econômica, ou dada a razão determinante do 
negócio jurídico. 
 
Art. 259, CC: Se havendo dois ou mais devedores, a 
prestação não for divisível, cada um será obrigado pela 
dívida toda. 
 
Parágrafo Único: O devedor, que paga a dívida, sub-
roga-se no direito do credor em relação aos outros 
coobrigados. 
 
SOLIDARIEDADE: A solidariedade independe da divisibilidade ou 
indivisibilidade do objeto da prestação, tendo em vista que resulta da vontade 
das partes ou da lei. A solidariedade pode ser também, ativa ou passiva. 
Havendo vários devedores solidários (sujeitos passivos solidários), cada um 
deles responde pela dívida toda. Lembrando que a solidariedade não se presume. 
19 
 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação 
concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, 
cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. 
 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei 
ou da vontade das partes. 
 
Art. 283, CC: O devedor que satisfizer a dívida por 
inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a 
sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do 
insolvente, se houver, presumindo-se iguais, no débito, as 
partes de todos os codevedores. 
 
OBSERVAÇÃO: A solidariedade será abordada detidamente em aula futura. 
 
OBRIGAÇÃO DE MEIO: Considera-se “obrigação de meio” quando o 
devedor promete empregar todos os seus conhecimentos, meios e técnicas para a 
obtenção de determinado resultado, sem, no entanto responsabilizar-se por ele. 
Como exemplo, temos o advogado que, ao contratar com seu cliente, não tem 
como garantir um resultado favorável, más a bem defender os interesses dos 
clientes ou mesmo o médico que, compromete-se a utilizar de toda sua técnica 
para salvar a vida de seu paciente. Note que se a obrigação contraída por estes 
profissionais fosse de resultado, responderiam por estes no caso de insucesso. 
 
OBRIGAÇÃO DE RESULTADO: Sendo a obrigação de resultado, o devedor 
somente se exonera quando o fim prometido é alcançado. Caso o devedor não 
alcance o fim prometido é considerado inadimplente e pode responder pelos 
prejuízos decorrentes do insucesso, é o que ocorre com o transportador que se 
compromete, tacitamente com o viajante a transporta-lo com segurança até o 
endereço acordado ou mesmo o cirurgião plástico que se compromete a deixar o 
nariz de sua cliente com determinado formato, assumindo desta feita o risco do 
resultado. 
 
OBRIGAÇÕES CIVIS: Obrigação civil, nada mais é que aquela que encontra 
guarida no direito positivo, ou seja, direito prescrito ou não defeso em lei, 
podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, via ação judicial. 
 
OBRIGAÇÕES NATURAIS: As obrigações naturais, segundo nosso 
ordenamento, são inexigíveis judicialmente, trata-se de “dívida moral”, o credor 
não tem o direito de exigir a prestação e o devedor não esta obrigado a pagar. 
20 
Entretanto, se este, voluntariamente, efetua o pagamento, não tem direito de 
repeti-lo. Nosso ordenamento se refere como obrigação natural as dívidas 
prescritas e dívidas de jogo: 
 
Art. 814, CC: As dívidas de jogo ou aposta não obrigam 
a pagamento más não se pode recobrar a quantia, que 
voluntariamente se pagou, salvo se for ganha por dolo, 
ou se o perdente e menor ou interdito. 
 
Art. 882, CC: Não se pode repetir o que pagou para 
solver dívida prescrita ou cumprir obrigação 
judicialmente inexigível. 
 
III: as que se fizerem em cumprimento de obrigação 
natural. 
 
OBSERVAÇÃO: As obrigações naturais tem em comum, a presença das 
seguintes características: inexigibilidadedo cumprimento, inexistência do dever 
de prestar e inadmissibilidade de repetição em caso de pagamento voluntário. 
 
MUITA ATENÇÂO: As obrigações naturais não admitem revitalização por 
novação, nem se admite possa ser objeto de compensação, que ocorre somente 
entre dívidas vencidas, isto é, dívidas exigíveis. Também não comportam fiança 
nem ônus reais, também não tem eficácia a simples promessa de cumprimento. 
Por fim, seu pagamento parcial não autoriza ao credor reclamar o restante da 
prestação. 
 
ELEMENTOS ACIDENTAIS DAS OBRIGAÇÕES: O negócio jurídico, 
além dos elementos essenciais, pode conter cláusulas acessórias, pelas quais 
as partes modificam seus efeitos naturais, como a “condição, o termo e o 
encargo ou modo”. Com relação a estes elementos acidentais, as obrigações se 
classificam em: “puras e simples, condicionais, a termo e modais ou com 
encargo”. 
 
OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES: Como o próprio nome já antecipa as 
obrigações puras e simples são aquelas que não se sujeitam a condição, termo 
ou encargo. 
 
OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS: São aquelas cujo efeito se subordina a um 
evento futuro e incerto. 
 
21 
Art. 121, CC: Considera-se condição a cláusula que, 
derivando exclusivamente da vontade das partes, 
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e 
incerto. 
 
OBRIGAÇÕES A TERMO: A eficácia do negócio jurídico encontra-se 
subordinada a um evento futuro e certo, a determinada data. O termo pode ser 
inicial (dies a quo) ou final (dies ad quem). 
 
OBRIGAÇÕES MODAIS OU COM ENCARGOS: São as obrigações 
oneradas com algum gravame. O encargo ou modo, ao contrário da condição, 
não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando 
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição 
suspensiva. 
 
Art. 136, CC: O encargo não suspende a aquisição nem 
o exercício do direito, salvo quando expressamente 
imposto no negócio jurídico, pelo disponente como 
condição suspensiva. 
 
OBSERVAÇÃO: O encargo ou modo, em regra é utilizado nas doações e 
deixas testamentárias, o doador pode impor condições ao donatário, desde que o 
encargo não seja ilícito ou impossível, caso em que será considerado não escrito. 
Poderá ainda, o encargo, figurar nas declarações unilaterais de vontade (ver art. 
137, CC). 
 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou 
impossível, salvo se constituir o motivo determinante da 
liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. 
 
QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES: Relativamente ao 
momento em que devem ser cumpridas as obrigações, podemos classifica-las 
como: 
 
MOMENTÂNEAS OU DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA: Obrigações que 
se consumam em um só ato, sendo cumpridas imediatamente após sua 
constituição, um exemplo desta modalidade, é a compra e venda à vista que se 
consuma com o pagamento do valor acordado e a entrega ou tradição do objeto. 
 
DE EXECUÇÃO DIFERIDA: Obrigações cujo cumprimento se realizará 
também em um só ato, más em momento futuro (entrega em determinada data, 
22 
do objeto alienado, por exemplo). 
 
DE EXECUÇÃO CONTINUADA OU DE TRATO SUCESSIVO: Que se 
cumpre via atos reiterados, como ocorre na prestação de serviços (Telefonia, 
internet, TV por assinatura), ou na compra e venda a prazo ou em prestações 
periódicas, etc. 
 
OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS: Considera-se “liquida” a 
obrigação certa quanto à sua existência, e determinada quanto a seu objeto. A 
prestação é expressa por uma cifra, por um algarismo. “Ilíquida”, a contrario 
sensu, é aquela obrigação que depende de prévia apuração, pois o seu valor, o 
montante da prestação, apresenta-se incerto. 
 
APLICAÇÃO PRÁTICA: Esta distinção possui aplicação prática em diversos 
dispositivos de nosso ordenamento positivo, senão vejamos: 
 
Art. 397, CC: O inadimplemento da obrigação, positiva 
e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em 
mora o devedor. 
 
Art. 407, CC: Ainda que se não alegue prejuízo, é 
obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão 
assim às dividas em dinheiro, como às prestações de 
outra natureza, uma vez que lhes seja fixado o valor 
pecuniário por sentença judicial, arbitramento ou 
acordo entre as parte. 
 
Art. 396, CC: A compensação efetua-se entre dividas 
líquidas, vencidas e coisas fungíveis. 
 
Art. 352, CC: A pessoa obrigada por dois ou mais 
débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o 
direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se 
todas forem líquidos e vencidos. 
 
OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS: As obrigações podem ser divididas em 
“obrigações principais” e “acessórias”, sendo que as primeiras subsistem por si, 
sem depender de qualquer outra, como por exemplo, a obrigação contraída pelo 
alienante de entregar a coisa nos contratos de compra e venda. 
 
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS: Ao contrário das obrigações principais, as 
23 
obrigações acessórias têm sua existência subordinada a outra relação jurídica, 
ou seja, dependem da obrigação principal para existirem. É o caso da fiança, da 
cláusula penal, dos juros, etc. 
 
IMPORTANTE: Nosso legislador adotou o princípio de que o acessório segue 
o destino, a condição jurídica da obrigação principal. Desta forma, a nulidade 
insanável da obrigação principal, afeta a obrigação acessória, más a recíproca 
não é verdadeira, pois a nulidade da obrigação acessória não afeta a principal. 
 
Art. 92, CC: Principal é o bem que existe sobre si, 
abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja 
existência supõe a do principal. 
 
Art. 184, CC: Respeitada a intenção das partes, a 
invalidade parcial de um negócio jurídico não o 
prejudicará na parte válida, se esta for separável, a 
invalidade da obrigação principal implica a das 
obrigações acessórias, más a destas não induz a da 
obrigação principal. 
 
 
OBRIGAÇÕES COM CLÁUSULA PENAL: São obrigações onde existe a 
cominação de multa ou pena para o caso de inadimplemento ou de retardamento 
do cumprimento da avença. A cláusula penal possui “caráter acessório”, e como 
principal função a de servir como forma de coagir o devedor a cumprir a 
obrigação no prazo devido. 
 
IMPORTANTE: A cláusula penal pode ser compensatória, quando estipulada 
para o caso de total adimplemento da obrigação, ou moratória se destinada a 
garantir o cumprimento de alguma cláusula especial ou simplesmente evitar a 
mora. 
 
OBRIGAÇÕES “PROPTER REM”: Obrigação propter rem, é a que recai 
sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Somente existe em 
função da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de 
determinada coisa. 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: As obrigações propter rem, pertencem a 
uma categoria de “obrigações híbridas”, assim denominadas por constituírem 
um misto de direito pessoal e de direito real, ou seja, a pessoa contrai a 
obrigação pelo simples fato de possuir determinada qualidade jurídica. Nessa 
24 
categoria podem ser incluídas, também, as com “ônus reais” e com “eficácia 
real”. É o que ocorre ao proprietário ou inquilino de um prédio de não 
prejudicar a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos. Exemplos: 
 
Art. 1.277, CC: O proprietário ou o possuidor de um 
prédio tem o direito de fazer cessar as interferências 
prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o 
habitam, provocados pela utilização da propriedade 
vizinha. 
 
Art. 1.315, CC: O condômino é obrigado, na proporção 
de sua parte, a concorrer para as despesas de 
conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a 
que estiver sujeita. 
 
Art. 1.336, CC: São deveres do condômino:III: não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e 
esquadrias externas. 
 
CURIOSIDADE: Ver também, art. 1.297, caput e o Parágrafo 1º. 
 
Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, 
valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano 
ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder 
com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar 
rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou 
arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os 
interessados as respectivas despesas. 
 
§ 1
o
 Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, 
tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, 
valas ou banquetas, presumem-se, até prova em 
contrário, pertencer a ambos os proprietários 
confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade 
com os costumes da localidade, a concorrer, em partes 
iguais, para as despesas de sua construção e 
conservação. 
 
OBRIGAÇÃO COM ÔNUS REAIS: São obrigações que limitam o uso e 
gozo da propriedade, constituindo direitos reais sobre coisa alheia, oponíveis 
25 
erga omnes, como exemplo, podemos citar a renda constituída sobre imóvel 
(contrato de aluguel). 
 
OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL: São aquelas que, sem perder seu 
caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que 
adquira direito sobre determinado bem. Exemplo: 
 
Art. 576, CC: Se a coisa for alienada durante a locação, 
o adquirente não ficará obrigado a respeitar o contrato, 
se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no 
caso de alienação, e não constar de registro. 
 
DAS OBRIGAÇÕES, QUANTO AO OBJETO 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: Como se nota, o devedor assume a 
obrigação de entregar coisa individualizada, que se distingue por características 
próprias, móvel ou imóvel. Neste sentido, é defeso ao devedor modificar 
unilateralmente o objeto da prestação e por conseguinte, o credor de coisa certa, 
não se obriga a receber outra, ainda que mais valiosa. 
 
Art.313, CC: O credor não é obrigado a receber 
prestação diversa da que lhe é devida ainda que mais 
valiosa. 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Da mesma forma que o devedor não pode 
modificar o objeto, ao credor não é lícito exigir prestação diversa da avençada, 
ainda que de valor inferior. Entretanto, poderá haver concordância do credor em 
receber uma coisa por outra. Entretanto, nosso direito positivo afasta a 
possibilidade de compensação da dívida em determinados casos. Vejamos: 
 
Art. 356, CC: O credor pode consentir em receber 
prestação diversa da que lhe é devida (dação em 
pagamento). Grifo nosso. 
 
Art. 373, CC: A diferença de causa nas dívidas não 
impede a compensação, exceto: 
 
II: se se originar de comodato, depósito ou alimentos. 
 
CONTEÚDO DA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: Note que no 
26 
tocante ao conteúdo, a obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples 
direito pessoa, e não real. Neste sentido, por não ter o possuir o domínio da 
coisa, caso a obrigação não fosse cumprida ao devedor cabia, apenas, contentar-
se com ação de perdas e danos e resolução da avença. 
 
Art. 389, CC: Não cumprida a obrigação, responde o 
devedor por perdas e danos, mais juros e atualização 
monetária segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, e honorários de advogado. 
 
Art. 475, CC: A parte lesada pelo inadimplemento pode 
pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o 
cumprimento, cabendo em qualquer dos casos, 
indenização por perdas e danos. 
 
LEI 10.444/2002: Com a introdução do artigo 461-A no diploma processual 
civil, atualmente é facultado ao credor perseguir a coisa devida, expedindo-se, 
em seu favor, mandado de busca e apreensão, no casa de coisa imóvel ou 
mandado de imissão na posse, coisa móvel. 
 
Art. 461-A, CC: Na ação que tenha por objeto a entrega 
de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o 
prazo para o cumprimento da obrigação. 
 
QUANTO À EXTENSÃO DA OBRIGAÇÃO: Na inteligência do art. 233, 
CC; a obrigação de dar coisa certa, mesmo quando não mencionado, abrange os 
acessórios mesmo não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ao 
das circunstâncias do caso. Em outras palavras, esta é uma decorrência da regra 
geral de que o acessório acompanha o principal. Ao se adquirir um terreno com 
árvores frutíferas, os frutos pendentes, passam a pertencer ao adquirente, que 
por conseguinte, passa também a arcar com o ônus dos impostos. 
 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os 
acessórios dela embora não mencionados, salvo se o 
contrário resultar do título ou das circunstâncias do 
caso. 
 
CONVENÇÃO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO: Como exceção a regra de 
que o acessório acompanha o principal, tomemos por exemplo o caso de um 
automóvel alienado, a regra é de que os equipamentos instalados passam a 
pertencer ao adquirente, entretanto, pode ocorrer “convenção” entre as partes de 
27 
que o alienante, se reserva ao direito de retirar o equipamento de som do 
veículo. Pode ainda, ocorrer que as circunstâncias do caso, eximam o alienante 
de responder pelos vícios redibitórios, caso fique provado que o adquirente tinha 
conhecimento do defeito (do vício), existente no veículo. 
 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR E RESTITUIR (TRADIÇÃO): Cumpre-se 
a obrigação de dar coisa certa mediante a “entrega” (ex. Compra e venda) ou 
“restituição” (ex. Comodato). Entrega e restituição pode ser resumido em um 
único ato, a “tradição”. Em nosso direito positivo, o contrato por si, não tem o 
condão de transferir o domínio sobre a coisa, más apenas gera a obrigação de 
entregar a coisa alienada, enquanto não ocorrer a tradição da coisa, esta 
continuará pertencendo ao devedor, juntamente com seus melhoramentos: 
 
Art. 237, CC: Até a tradição pertence ao devedor a 
coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos 
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não 
anuir, poderá o credor resolver a obrigação. 
 
EXEMPLO: Caso o objeto da prestação seja um animal, e este der cria, o 
devedor não poderá ser constrangido a entrega-la. Neste caso, caso o animal 
tenha sido alienado sem a cria, poderá o devedor exigir o acréscimo no preço. 
Na mesma regra incorre os frutos percebidos que são do devedor, cabendo ao 
credor os pendentes. (art. 237, parágrafo único). 
 
Art. 237. “... 
 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, 
cabendo ao credor os pendentes. 
 
PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA: Inicialmente, devemos 
estabelecer que, entende-se por perda ou perecimento, a destruição total da coisa 
antes da tradição, enquanto a deterioração significa perda parcial ou 
desvalorização da coisa. 
 
PERECIMENTO DA COISA SEM CULPA DO DEVEDOR: Ocorrendo o 
perecimento (perda total) da coisa antes da tradição, necessário se faz indagar de 
houve ou não culpa do devedor. Não tendo havido culpa do devedor, ou estando 
pendente condição suspensiva, fica desde logo resolvida a obrigação para ambas 
as partes, que voltam à situação primitiva, tanto na condição de entregar quanto 
na de restituir. Neste caso, admitindo que o vendedor já tenha recebido parte do 
preço e a coisa pereceu sem ocorrência de culpa, terá que restitui-lo em virtude 
28 
da resolução do contrato, entretanto, fica desobrigado de pagar as perdas e 
danos. Ocorrendo o perecimento da coisa pendente condição suspensiva, o 
credor não terá alcançado o direito a que o ato visa, e o devedor suportará o 
risco da coisa. 
 
Art. 125, CC: Subordinando-se a eficácia do negócio 
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não 
verificar, não se terá adquirido o direito, a que elevisa. 
 
Art. 234, CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa 
se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou 
pendente condição suspensiva, fica resolvida a obrigação 
para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do 
devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas 
e danos. 
 
Art. 238, CC: Se a obrigação for de restituir coisa certa, 
e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da 
tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se 
resolverão, ressalvados os seus direitos, até o dia da 
perda. 
 
RECAPTULANDO: Quem suporta o prejuízo, na obrigação de entregar, é o 
próprio alienante, tendo em vista que continua sendo o proprietário da coisa até 
o momento da tradição. Este princípio provem do direito romano, no qual a 
coisa perece para o dono (res perit domino). 
 
EXCEÇÃO: Na obrigação de restituir coisa certa ao credor, porem, prejudicado 
será este, na condição de dono (res perit domino). Neste caso, supondo que um 
animal objeto de comodato, não possa ser restituído, por ter perecido em razão 
de um raio, resolve-se a condição do comodatário, que não responderá por 
perdas e danos, salvo se este estiver constituído em mora, suportando a perda o 
comodante, ressalvados seus direitos até o dia da perda (art. 238, CC). 
 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e 
esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, 
sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, 
ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 
 
PERECIMENTO DA COISA HAVENDO CULPA DO DEVEDOR: A culpa 
do devedor, acarreta a responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos. 
29 
Neste sentido, havendo o perecimento do objeto por culpa do devedor, terá o 
credor o direito de receber seu valor em dinheiro, acrescido das perdas e danos 
comprovadas, tanto na obrigação de entregar quanto na de restituir (arts. 234, 2ª 
parte e 239, CC). 
 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se 
perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou 
pendente a condição suspensiva, fica resolvida a 
obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de 
culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e 
mais perdas e danos (grifo nosso). 
 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, 
responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. 
 
 
DETERIORAÇÃO DA COISA SEM CULPA DO DEVEDOR: Havendo 
deterioração (perda parcial) sem culpa do devedor, “na obrigação de entregar”, 
poderá o credor resolver a obrigação, por não mais lhe interessar receber a coisa 
danificada, voltando, neste casa, as partes, ao estado anterior, ou aceita-lo no 
estado em que se encontra, exigindo abatimento no preço, proporcional à perda. 
“Na obrigação de restituir”, não existindo culpa do devedor, o credor e 
compelido a receber a coisa no estado em que se encontre, sem direito a 
qualquer indenização. 
 
Art. 235, CC: Deteriorada a coisa, não sendo o devedor 
culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou 
aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
 
Art. 240, CC: Se a coisa restituível se deteriorar sem 
culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, 
sem direito a indenização; se por culpa do devedor, 
observar-se-á o disposto no art. 239. 
 
Art. 239, CC: Se a coisa se perder por culpa do devedor, 
responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. 
 
DETERIORAÇÃO DA COISA POR CULPA DO DEVEDOR: Existindo 
culpa do devedor pela deterioração da coisa, na “obrigação de entregar”, as 
alternativas do credor são as mesmas elencadas anteriormente no artigo 235, CC. 
(resolver a obrigação, exigindo o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa, 
com abatimento), más com direito, em qualquer caso, à indenização das perdas e 
30 
danos comprovados. “Na obrigação de restituir”, poderá o credor, também, 
exigir o equivalente em dinheiro mais a reposição das perdas e danos. 
 
Art. 236, CC: Sendo culpado o devedor, poderá o credor 
exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que 
se acha, com direito a reclamar, em ou outro caso, 
indenização das perdas e danos. 
 
EM OUTRAS PALAVRAS: Conclui-se que em geral, não existindo culpa do 
devedor, resolve-se a obrigação, sendo as partes restituídas ao status quo da 
relação jurídica, sem perdas e danos. Ocorrendo culpa do devedor, são devidas 
as perdas e danos, respondendo ainda pelo equivalente da coisa em dinheiro. 
 
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA: Nos exatos termos do 
artigo 243 do Código Civil, observamos que “a coisa incerta será indicada, ao 
menos, pelo gênero e pela quantidade”. Temos então que a “coisa incerta”, 
embora não possa ser individualizada, deve conter indicações suficientes para, 
em momento oportuno, ser conhecida. Ou seja, embora se trate de coisa 
indeterminada, deverá conter no mínimo informações em relação ao gênero e 
quantidade para, em momento posterior ser determinada. 
 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo 
gênero e pela quantidade. 
 
IMPORTANTE: Se o objeto da obrigação seja a entrega de duas sacas de café. 
Neste caso, embora seja conhecido o gênero (café) e a quantidade (duas sacas), 
falta ainda determinar a qualidade. Note que se vier a faltar também o gênero ou 
a quantidade, a indeterminação do objeto será absoluta, e a avença como tal não 
gerará obrigação. Não pode ser objeto de prestação por exemplo, sacas de café, 
por faltar a quantidade ou então duas sacas, por faltar o gênero. 
 
ESCOLHA: Em se tratando de obrigação de dar coisa incerta, existe, no 
momento do adimplemento da obrigação a necessidade de proceder a 
determinação da coisa a ser entregue, a isto dar-se o nome de “escolha”. Feita e 
escolha e cientificado o credor, acaba-se a incerteza, e a coisa torna-se certa, 
valendo então, as normas anteriormente estudadas. 
 
Art. 245, CC: Cientificado da escolha o credor, vigorará 
o disposto na Seção antecedente. 
 
CONCENTRAÇÃO: Denomina-se concentração, o ato unilateral de escolha, 
31 
entretanto, para que a existência da concentração, não basta a escolha, existe a 
necessidade que esta se exteriorize através da entrega, pelo depósito em 
pagamento, pela constituição em mora ou qualquer outro ato jurídico que 
implique na cientificação do credor. Rege-se a obrigação de dar coisa incerta 
pelo disposto o Diploma Processualista. 
 
Art. 629, CPC: Quando a execução recair sobre coisas 
determinadas pelo gênero e quantidade, o devedor será 
citado para entregá-las individualizadas, se lhe couber a 
escolha; más se essa couber ao credor, esta a indicará na 
petição inicial. 
 
DIREITO DE ESCOLHA: Segundo o Código Civil, se o contrário não resultar 
do título da obrigação, o direito a escolha pertence ao devedor. Neste sentido, a 
escolha somente pertencerá ao credor se assim o contrato dispuser, caso 
contrário, pertencerá ao credor. Não obstante, referido dispositivo estabelece 
limites à atuação do devedor, dispondo que este “não poderá dar a coisa pior, 
nem será obrigado a prestar a melhor”. Deve, portanto, guardar o meio-termo 
entre os congêneres da melhor e da pior qualidade. 
 
Art. 244, CC: Nas coisas determinadas pelo gênero e 
pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o 
contrario não resultar do título da obrigação; mas não 
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a 
melhor. 
 
DELEGAÇÃO DA ESCOLHA A TERCEIRO: É lícito as partes 
convencionar que a escolha competirá a terceiro, estranho à relação 
obrigacional. Neste caso, por analogia, aplica-se o disposto no artigo 1.930 do 
Diploma Civil. 
 
Art. 1.929. Se o legado consiste em coisa determinada 
pelo gênero,ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o 
meio-termo entre as congêneres da melhor e pior 
qualidade. 
 
Art. 1.930. O estabelecido no artigo antecedente será 
observado, quando a escolha for deixada a arbítrio de 
terceiro; e, se este não a quiser ou não a puder exercer, 
ao juiz competirá fazê-la, guardado o disposto na última 
parte do artigo antecedente. 
32 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Antes da escolha (complementada pela 
cientificação do credor), o devedor não poderá alegar perda ou deterioração da 
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, tendo em vista que na coisa 
incerta, falta a escolha do gênero e este nunca perece (genuns nunquam perit), 
ou seja, se alguém se compromete a entregar duas sacas de café, não se exime se 
seu café pegar fogo, tendo em vista que pode adquirir o café de terceiro, nem 
mesmo pode alegar que perdeu o dinheiro que havia reservado para o 
pagamento da obrigação. Diferente será a solução em se tratando de gênero 
limitado, ou seja, circunscrito a animais de uma determinada fazenda ou cereais 
de determinado depósito. Ocorrendo o perecimento de todos os animais ou a 
destruição de todos os cereais referendados, acarretará a extinção da obrigação. 
 
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER: A prestação nas obrigações de fazer, 
consistem, em atos ou serviços a serem executados pelo devedor. Diferem das 
obrigações de dar, principalmente pelo fato do credor, conforme as 
circunstâncias, negar-se a aceitar a prestação por terceiro, ao passo que nas 
obrigações de dar, admite-se o cumprimento da obrigação por outrem, estranho 
aos interessados. 
 
Art. 305, CC: O terceiro não interessado, que paga a 
dívida em seu próprio nome, tem direito de reembolsar-
se do que pagar; más não sub-roga nos direitos do 
credor. 
 
OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL: Sempre que for acordado que o 
devedor cumpra pessoalmente a prestação, ou a própria natureza desta impedir a 
sua substituição, estaremos diante de uma obrigação de fazer “personalíssima” 
(intuitu personae), “infungível” ou “imaterial”. A infungibilidade pode 
decorrer da própria natureza da prestação, ou seja, das qualidades artísticas ou 
profissionais do contratado (famoso pintor, renomado cirurgião plástico, etc.), 
caso em que, mesmo que não conste em contrato, fica subentendido que o 
devedor deva cumprir a prestação pessoalmente. 
 
Art. 247, CC: Incorre na obrigação de indenizar perdas 
e danos o devedor que recusa a prestação a ele só 
imposta, ou só por ele exequível. 
 
Art. 248, CC: Se a prestação de fato tornar-se impossível 
sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por 
culpa dele, responderá por perdas e danos. 
33 
 
OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL: Quando inexistir a necessidade de 
que o devedor cumpra pessoalmente a prestação, ou seja, quando sua execução 
independa das qualidades pessoais do devedor, podendo ser executada por 
terceiro, estaremos diante de obrigação de fazer “impessoal”, “fungível” ou 
“material”. 
 
Art. 249, CC: Se o fato puder ser executado por terceiro, 
será livre ao credor mandá-lo executar à custa do 
devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da 
indenização cabível. 
 
PACTO DE “CONTRAHENDO”: A obrigação de fazer, pode derivar de um 
contrato preliminar (pacto de contrahendo), e consistir em “emitir declaração 
de vontade”, ou seja, o alienante, ao emitir contrato de compra e venda, se 
compromete a outorgar a escritura definitiva do imóvel, ou ainda endossar o 
certificado de propriedade de veículo, se comprometendo a transferi-lo, etc. 
 
INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER: A impossibilidade de 
o devedor cumprir a obrigação de fazer, bem como a sua recusa em executá-la, 
acarretam o inadimplemento contratual. Se “a prestação de fato tornar-se 
impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação” (art. 248, CC). 
Importante ressaltar que a impossibilidade deve ser absoluta. Se o 
inadimplemento ocorrer por culpa do devedor, ou seja, se o próprio devedor 
criou a impossibilidade, responderá por perdas e danos (2ª parte do art. 248, 
CC). 
 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem 
culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa 
dele, responderá por perdas e danos. 
 
DESCOMPLICANDO: Como ninguém pode fazer o impossível (impossibilia 
nemo tenetur), resolve-se a obrigação, sem consequências para o devedor sem 
culpa, e com responsabilidade pela satisfação das perdas e danos, para o 
culpado. 
 
EXEMPLO: Famosa dupla sertaneja é contratada para executar um show na 
cidade de Caiapônia, no entanto fica impedida de se apresentar devido a um 
acidente de trânsito a que não deram causa. Neste caso, a dupla não responderá 
por perdas e danos, entretanto, a resolução do contrato obrigará a dupla a 
restituir aos organizadores do show, eventual adiantamento da remuneração. O 
34 
contrario seria se a dupla, deixasse de apresentar o show por impossibilidade por 
ela criado, por exemplo, a dupla viajar para local distante na véspera da 
apresentação. 
 
RECUSA DO DEVEDOR: Caso exista a recusa do devedor ao cumprimento 
da obrigação de fazer “infungível”, ou só por ele exequível, haverá a 
responsabilização em perdas e danos, pois não se pode constranger fisicamente 
o devedor a executar a prestação. A recusa voluntária induz culpa. É o caso do 
cantor que se recusa a apresentar o espetáculo contratado, responde pelos 
prejuízos acarretados aos promotores do evento. 
 
EXECUÇÃO ESPECÍFICA DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER: Embora, 
tradicionalmente, a recusa ao cumprimento de fazer resolva-se em perdas e 
danos, existem atualmente meios indiretos de constranger o devedor a cumprir a 
obrigação, é o caso da multa diária (astreinte), além de outros dispositivos. 
 
Art. 461, CPC: Na ação que tenha por objeto o 
cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz 
concederá a tutela específica da obrigação ou, se 
procedente o pedido, determinará providências que 
assegurem o resultado prático equivalente ao do 
adimplemento. 
 
§ 1º: A obrigação somente se converterá em perdas e 
danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela 
específica ou a obtenção do resultado prático 
correspondente. 
 
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL: 
Lembrando que a execução das obrigações fungíveis independe de 
características pessoais do devedor, podendo ser executadas por terceiros, “será 
livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora 
deste, sem prejuízo da indenização cabível”. Em regra, a autorização para a 
substituição do devedor na execução da obrigação deve partir do juiz, entretanto, 
havendo urgência, poderá o credor, independente de autorização judicial, 
executar ou mandar executar o fato, sendo posteriormente ressarcido. 
 
Art. 249, CC: “... 
 
Parágrafo único: Em caso de urgência, pode o credor, 
independentemente de autorização judicial, executar ou 
35 
mandas executar o fato, sendo depois ressarcido. 
 
IMPORTANTE: Observe que para o credor, pouco importa se a prestação seja 
cumprida pelo devedor ou terceiro, as expensas do substituído. Interessa-lhe o 
cumprimento, a utilidade prometida. Exemplo disso, supondo que o credor para 
realizar obras de contenção de goteiras em sua residência, havendo recusa deste, 
não seria justo exigir que o credor ficasse eternamente suportando o incômodo. 
 
Art. 634, CPC: Se o fato puder ser prestado por terceiro, 
é lícito ao juiz, a requerimento do exequente, decidir que 
aquele o realize à custa do executado. 
 
INADIMPLEMENTO DE PACTO DE “CONTRAHENDO” (BENS 
IMÓVEIS): Lembrando que se trata de obrigação de emitir declaração de 
vontade,seu descumprimento, dá ensejo à propositura de ação de “adjudicação 
compulsória”, de rito sumário, em se tratando de compromisso de compra e 
venda de imóvel vendido em prestações, irretratável e irrevogável. Neste caso, o 
juiz, substituindo-se ao devedor inadimplente, adjudica o imóvel 
compromissado ao credor. 
 
DETALHE IMPORTANTE: O STJ vem admitindo a propositura de aludida 
ação com base em compromisso de compra e venda irretratável, mesmo não 
estando este, devidamente registrado no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
Art. 1.418, CC: O promitente comprador, titular do 
direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de 
terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a 
outorga da escritura definitiva de compra e venda, 
conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se 
houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. 
 
INADIMPLEMENTO DE PACTO DE “CONTRAHENDO” (BENS 
MÓVEIS): Se o objeto do descumprimento da obrigação de emitir declaração 
de vontade for registro de bem móvel, caberá ao credor ingressar em juízo com 
“ação de obrigação de fazer”. O artigo 466-A, do Código de Processo Civil, 
assim dispõe: 
 
Art. 466-A, CPC: Condenado o devedor a emitir 
declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada 
em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não 
emitida. 
36 
 
DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER: Obrigação negativa, que impõe ao 
devedor um dever de abstenção: o de não praticar o ato que poderia livremente 
fazer, se não existisse a obrigação. Como exemplos, temos o adquirente de um 
terreno que, em função do contrato ou do plano diretor de certa cidade, se obriga 
a não construir seu prédio além de determinada altura, ou a cabeleireira que 
alienou seu estabelecimento (contrato de trespasse), que em função da lei, se 
obriga a não abrir outro salão de beleza na mesma cidade. 
 
INADIMPLÊNCIA NAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER: Estando o 
devedor impedido de praticar determinado ato, caso venha a praticar tal ato, 
torna-se inadimplente. Neste caso, poderá o credor exigir o desfazimento do ato, 
sob pena de desfazê-lo às suas custas, ressarcindo o culpado as perdas e danos. 
 
IMPORTANTE: Note que, independentemente se o devedor desfizer o ato ou 
vê-lo desfeito por terceiro, por determinação judicial, sempre o devedor se 
sujeitará as perdas e danos, como consequência do adimplemento. Contudo, 
nada impede que o credor peça somente o desfazimento, ou apenas as perdas e 
danos. 
 
Art. 250, CC: Praticado pelo devedor o ato, cuja 
abstenção se obrigará, o credor pode exigir que o 
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo 
o culpado, as perdas e danos. 
 
EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER: Caso se tornar impossível 
ao devedor, abster-se de praticar o ato, resolve-se a obrigação, sem necessidade 
arcar com perdas e danos. Como exemplo, citamos o proprietário que se 
comprometeu a manter cercas vivas em torno de sua propriedade, recebe a 
determinação da autoridade competente exigindo a construção de um muro, ou 
ainda o proprietário que fecha uma passagem (servidão), dentro de sua 
propriedade por ordem judicial. 
 
Art. 250, CC: Extingue-se a obrigação de não fazer, 
desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível 
abster-se do ato que se obrigou a não praticar. 
 
DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
 
OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA: Trata-se de obrigação composta pela 
37 
multiplicidade de objetos. Existem duas ou mais prestações possíveis, das quais 
somente uma será escolhida para pagamento ao credor e liberação do devedor. 
 
OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA E CUMULATIVA: As obrigações 
alternativas distinguem-se das cumulativas ou conjuntivas, embora ambas 
possuam uma pluralidade de prestações, nas cumulativas, todas as obrigações 
devem ser solvidas, sem exclusão de qualquer delas, sob pena de não ocorrer a 
liberação do devedor. 
 
COISA INCERTA: Embora a existência de um ponto em comum, ou seja, 
tanto nas obrigações alternativas quanto a de dar coisa incerta, exista a 
necessidade de escolha, nas alternativas existem vários objetos, devendo a 
escolha recair sobre apenas um deles (in obligacione), nas obrigações de dar 
coisa incerta, o objeto é um só, apenas indeterminado quanto à qualidade. 
 
DIREITO DE ESCOLHA: Seguindo a tradição romana, nosso direito 
positivado atribuiu o direito de escolha ao devedor, “se outra coisa não se 
estipulou” (art. 252, CC). Neste sentido, para que a escolha recaia sobre o credor 
é necessário que o contrato assim determine expressamente, embora não se 
exijam formalidade extrema. 
 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao 
devedor, se outra coisa não se estipulou. 
 
DELEGAÇÃO DA ESCOLHA A TERCEIRO: Pode as partes, em comum 
acordo, delegarem a escolha a terceiro. Se este não puder ou não quiser aceitar o 
múnus, “caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes” (art. 252, 
§ 4ª CC). 
 
Art. 252. “... 
 
§ 4
o
 Se o título deferir a opção a terceiro, e este não 
quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha 
se não houver acordo entre as partes. 
 
CONCENTRAÇÃO: Cientificada a escolha, se da a concentração, ficando 
então, determinado de forma definitiva, sem possibilidade de retratação 
unilateral, o objeto da obrigação. 
 
ATENÇÃO: As prestações in obligatione, após a concentração, reduzem-se a 
uma só, e a obrigação torna-se simples (§1º do art. 252, CC). Em outras 
palavras, após a concentração, o devedor não pode obrigar o credor a receber 
38 
parte em uma prestação e parte em outra. 
 
Art. 252. “... 
 
§ 1
o
 Não pode o devedor obrigar o credor a receber 
parte em uma prestação e parte em outra. 
 
PRESTAÇÃO PERIÓDICA: Em se tratando de obrigações periódicas, “a 
faculdade de escolha poderá ser exercida em cada período” (art. 252, § 2º CC). 
Lembrando que após a escolha, ocorre a concentração e o objeto da prestação, 
não mais poderá ser alterado unilateralmente. 
 
Art. 252. “... 
 
§ 2
o
 Quando a obrigação for de prestações periódicas, a 
faculdade de opção poderá ser exercida em cada 
período. 
 
PRAZO PARA OPÇÃO (ESCOLHA): O contrato deverá estabelecer o prazo 
para a opção, sendo omisso, o devedor deverá ser notificado para que seja 
constituído em mora. Atente-se ao fato de que a notificação do devedor, não o 
priva do direito de escolha, salvo se a convenção dispuser que este direito passa 
ao credor. Competindo a eleição ao credor, e o contrato não fixe prazo, este será 
notificado a fazê-lo em 05 dias, ou aceitar que o devedor faça a escolha (CPC, 
art. 894), depositando-se a coisa. 
 
Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa 
indeterminada e a escolha couber ao credor, será este 
citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se 
outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para 
aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao 
despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em 
que se fará a entrega, sob pena de depósito. 
 
DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS: A execução que 
contempla obrigação alternativa rege-se pelo artigo 571 do estatuto processual 
civil. Havendo mais de um optante, não havendo entre eles acordo, “decidirá o 
juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação” (CC art. 252, § 3º). 
 
Art. 252. “... 
 
39 
§ 3
o
 No caso de pluralidade de optantes, não havendo 
acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo 
por este assinado para a deliberação. 
 
DA IMPOSSIBILIDADE DAS PRESTAÇÕES 
 
IMPOSSIBILIDADE MATERIAL: Nas obrigações alternativas, se uma das 
prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornar inexequível, por 
exemplo, umproduto, objeto da prestação, que deixa de ser fabricado, neste 
caso, “subsistirá o débito quanto à outra” (CC art. 253). 
 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser 
objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá 
o débito quanto à outra. 
 
IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA: Se a impossibilidade é jurídica, por ilícito 
um dos objetos (sendo este produto de furto, por exemplo), toda a obrigação fica 
contaminada de nulidade, sendo inexigíveis ambas as prestações. 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
 
IMPOSSIBILIDADE FÍSICA: Nas obrigações alternativas, se uma das 
prestações, desde o momento da celebração da avença, não puder ser cumprida 
em razão de impossibilidade física, será alternativa apenas na aparência, 
constituindo na verdade, uma obrigação simples. 
 
IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE: Quando uma das prestações se 
torna impossível supervenientemente, sem culpa do devedor, dá se a 
concentração da dívida na outra prestação, ou nas outras. Por exemplo, o 
devedor se obriga a entregar uma vaca ou um veículo, e o semovente morre em 
decorrência de um raio, a obrigação se concentrará no veículo. 
 
OBSERVAÇÃO: Havendo o perecimento posterior por culpa do devedor, 
competindo a ele a escolha, poderá concentra-la na prestação remanescente, 
competindo a escolha ao credor, poderá este exigir qualquer delas e caso 
coincida com a prestação que veio a perecer, poderá exigir reparação (art. 255, 
CC). 
 
40 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das 
prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o 
credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o 
valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do 
devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, 
poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, 
além da indenização por perdas e danos. 
 
HAVENDO IMPOSSIBILIDADE DE TODAS AS PRESTAÇÕES: Se todas 
as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, “extinguir-se-á a 
obrigação, por falta de objeto”, sem ônus para este (art. 256, CC). Se houver 
culpa do devedor, e a ele couber a escolha, ficará obrigado a pagar o valor da 
que por último se impossibilitou mais as perdas e danos se for o caso (art. 254, 
CC). 
 
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis 
sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. 
 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir 
nenhuma das prestações, não competindo ao credor a 
escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que 
por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que 
o caso determinar. 
 
ATENÇÃO: Havendo o perecimento de todas as prestações por culpa do 
devedor, cabendo a escolha ao credor, este poderá exigir o valor de qualquer 
delas, além das perdas e danos. 
 
DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
 
INFORMAÇÃO IMPORTANTE: As obrigações divisíveis e indivisíveis são 
compostas pela multiplicidade de sujeitos. Tal classificação só oferece interesse 
jurídico havendo pluralidade de credores ou devedores, pois havendo um único 
devedor obrigado a um único credor, a prestação deverá ser cumprida 
integralmente, seja divisível ou indivisível seu objeto. 
 
CONCEITO: Obrigações divisíveis são aquelas cujo objeto pode ser dividido 
entre os sujeitos, o que não ocorre com as indivisíveis. Embora alguns 
doutrinadores afirmarem que a divisibilidade ou indivisibilidade repousa na 
prestação e não no objeto, acreditamos por bem que esta se confunde com o 
objeto, sendo lícito afirmar que: 
41 
 
 A obrigação é divisível quando é possível ao devedor executá-la por 
partes. 
 
 Indivisível, a obrigação quando a prestação tem por objeto uma coisa ou 
um fato não suscetível de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem 
econômica ou dada a razão determinante do negócio jurídico (art. 258, 
CC). 
 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação 
tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de 
divisão, por sua natureza, por motivo de ordem 
econômica, ou dada a razão determinante do negócio 
jurídico. 
 
OBSERVAÇÃO: Segundo dispõe o artigo 87 do novel Código Civil, “bens 
divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, 
diminuição considerável do valor, ou prejuízo do uso a que se destina”. 
 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar 
sem alteração na sua substância, diminuição 
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se 
destinam. 
 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-
se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade 
das partes. 
 
DIMINUIÇÃO CONSIDERÁVEL DO VALOR: Este critério foi introduzido 
pelo novo Código Civil, e pode ocorrer, por exemplo, no caso de dez pessoas 
herdarem um brilhante de cinquenta quilates, que, sem dúvida, vale muito mais 
que dez brilhantes de cinco quilates cada. 
 
INDIVISIBILIDADE EM RAZÃO DA NATUREZA DO OBJETO: Em 
regra, a indivisibilidade do objeto da prestação ocorre em função de sua 
natureza, por exemplo, um relógio partido em dois, não mais servira para 
mostrar as horas. Entretanto, bens naturalmente divisíveis podem tornar-se 
indivisíveis por determinação legal (art. 1.386, CC) ou por vontade das 
partes (indivisibilidade intelectual). Admite-se ainda a indivisibilidade 
42 
jurídica, que ocorre, por exemplo, na obrigação de indenizar por acidente de 
trabalho que deverá ser paga integralmente a mãe, embora o pai não a pleiteie. 
 
Art. 1.386. As servidões prediais são indivisíveis, e 
subsistem, no caso de divisão dos imóveis, em benefício 
de cada uma das porções do prédio dominante, e 
continuam a gravar cada uma das do prédio serviente, 
salvo se, por natureza, ou destino, só se aplicarem a 
certa parte de um ou de outro. 
 
DIVISIBILIDADE E INDIVISIBILIDADE NAS 
OBRIGAÇÕES 
 
DE DAR: A obrigação de dar será divisível ou indivisível, dependendo da 
natureza do objeto. Sendo este divisível, a obrigação também os será (ex. Sacas 
de café). Entretanto sendo a obrigação de um animal, por exemplo, esta será 
indivisível. 
 
DE FAZER: As obrigações de fazer, a exemplo das obrigações de dar, podem 
ser divisíveis ou não, tomemos o exemplo daquele que se obriga a fazer uma 
estátua, somente se livra entregando toda a obrigação, entretanto, no mesmo 
exemplo, o devedor poderá ser contratado a fazer dez estátuas, uma a cada 
semana, neste caso a obrigação de fazer poderá ser dividida. 
 
DE NÃO FAZER: Em regra, tal obrigação é indivisível, se o devedor praticar o 
ato que se obriga a não fazer, se constitui em mora. Entretanto poderá esta ser 
divisível, no caso de o devedor se abster de fazer coisas distintas, exemplo não 
alugar e não vender. 
 
EFEITOS: Sendo a obrigação divisível, presume-se esta dividida em tantas 
obrigações iguais e distintas, quantos forem os credores, ou devedores (CC art. 
257). Cada devedor se obriga somente em sua cota parte. Não havendo 
solidariedade, a insolvência de um, não aumentará a quota dos demais. 
 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um 
credor em obrigação divisível, esta se presume dividida 
em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os 
credores ou devedores. 
 
NAS OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS: Sendo indivisível a obrigação, é 
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havendo pluralidade de devedores, “cada um será obrigado pela dívida toda” 
(art. 259, e parágrafo único, CC). 
 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a 
prestação não for divisível, cada um será obrigado pela 
dívida toda. 
 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-
roga-se no direito do credor em relação

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