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1 AAPPOOSSTTIILLAA DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL IIIIII Professor: Ricardo José Magalhães Ferreira Atualizada até junho de 2.012 2.013/01 2 UNIVERSIDADE DE RIO VERDE – FESURV CAMPUS CAIAPÔNIA PLANO DE AULAS E CRONOGRAMA LETIVO Curso: Direito Período: 4º Disciplina: Direito Civil III (Direito das obrigações) Créditos: 04 Hora-aula/Carga Horária: 72/60 Ano/semestre letivo: 2.013/1 Professor: Ricardo José Magalhães Ferreira EMENTA A obrigação; Tutela de Crédito; Obrigações Civis e Naturais; Confronto com os Direitos das Coisas, Comercial e do Trabalho; Divisão Fundamental das Obrigações; Responsabilidade Civil; Obrigações Negociais; Obrigações Unilaterais; Enriquecimento sem Causa; Modalidades da Obrigações; Transmissão das Obrigações; Adimplemento das Obrigações; Convenções Modificativas da Responsabilidade; 3 Inadimplemento não Imputável (ao devedor); Extinção da Obrigação; CRONOGRAMA LETIVO – 1º SEMESTRE DE 2.013 DATA ATIVIDADE 18/02 Apresentação - Conceito 20/02 Noções Gerais de Direito das Obrigações 25/02 Noções Gerais de Direito das Obrigações – Conclusão – Elementos, Fontes e Classificação 27/02 Elementos Essenciais das Relações Obrigacionais – Relação com o Direito das Coisas, do Trabalho, e Direito Comercial 04/03 Introdução às Modalidades das Obrigações 06/03 Obrigação de Dar – Obrigação de Dar Coisa Certa e Incerta – Obrigação de Restituir 11/03 Obrigação de Dar – Obrigação de Dar Coisa Certa e Incerta – Obrigação de Restituir - Conclusão 13/03 Obrigação de Fazer e de Não Fazer 18/03 Atividade para Fixação do Conteúdo 20/03 Obrigações Alternativas, Divisíveis e Indivisíveis e Obrigações Solidárias 25/03 Recesso Acadêmico – Paixão de Cristo 27/03 Recesso Acadêmico – Paixão de Cristo 01/04 Obrigações Alternativas, Divisíveis e Indivisíveis e Obrigações Solidárias - Conclusão 03/04 Revisão para a Prova 08/04 Aplicação de Prova – 1º Avaliação 10/04 Correção e Discussão da Prova – 15/04 Formas de Adimplemento da Obrigação 17/04 Formas de Adimplemento da Obrigação – Continuação 22/04 Formas de Adimplemento da Obrigação - Conclusão 24/04 Inadimplemento Absoluto e Relativo 4 29/04 Perdas e Danos – Cláusula Penal – Arras ou Sinal 01/05 Feriado Nacional – Dia do Trabalho 06/05 Perdas e Danos – Cláusula Penal – Arras ou Sinal - Continuação 08/05 Perdas e Danos – Cláusula Penal – Arras ou Sinal - Conclusão 13/05 Atividade para Fixação do Conteúdo 15/05 Dos Contratos em Geral 20/05 Da formação dos Contratos 22/05 Da formação dos Contratos – Conclusão – Revisão para Prova 27/05 Aplicação de Prova – 2ª Avaliação 29/05 Correção e Discussão da Prova – 03/06 Estipulação em Favor de Terceiros – Da promessa de Fato de Terceiro 05/06 Dos Vícios Redibitórios – Da Evicção 10/06 Contratos Aleatórios e Preliminares 12/06 Dos Contratos com Pessoa a Declarar 17/06 Atividade para Fixação do Conteúdo 19/06 Do Distrato – Cláusula Resolutiva 24/06 Da exceção de Contrato não Cumprido – Da Resolução por Onerosidade Excessiva 26/06 Apresentação de trabalho em grupo 01/07 Apresentação de trabalho em grupo 03/07 Revisão Geral para Prova OBSERVAÇÃO: A data da aplicação da 3ª (terceira) Avaliação, é fixada a critério da Direção. BIBLIOGRAFIA BÁSICA AZEVEDO, Álvaro Villaça, Teoria Geral das Obrigações: Responsabilidade Civil. São Paulo: Atlas. 2004. BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.406/2002. 5 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil, v. 2: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva. 2008. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 2: Teoria Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva. 2008. ESPINOLA, Eduardo. Garantia e Extinção das Obrigações. São Paulo: Bookseller. 2005. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações Parte Geral. Coleção Sinopses Jurídicas; v. 5. 12ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2.011. SANTOS, Orlando Gomes dos. Obrigações. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense. 2007. TEPEDINO, Gustavo. Obrigações: Estudos na Perspectiva Civil. Rio de Janeiro: Renovar. 2005. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil; Teoria Geral da s Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. v. 2. 4ª ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2.004. APOSTILA DE DIREITO CIVIL III 6 4º PERÍODO Professor: Ricardo José Magalhães Ferreira Dúvidas enviar para: E-mail: ricardo_ferreiraadv@hotmail.com Contatos: (64) 9207-6866 – (64) 8457-4020 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Art. 233 e seguintes CC INTRODUÇÃO RAMOS DO DIREITO CIVIL – O Direito pode ser dividido em dois grandes ramos: DIREITOS NÃO PATRIMONIAIS: Referentes à pessoa humana (direito à vida, à liberdade, ao nome, etc.). DIREITOS PATRIMONIAIS: Que possuem valor econômico, estes por sua vez se subdividem em Direitos Reais e Direitos obrigacionais. DIREITOS REAIS: Integram o Direito das coisas, ou seja, recaem sobre a coisa direta ou indiretamente, vinculando-a a seu titular e conferindo-lhe o direito de sequela. “jus persequendi”, e o direito de preferência, “jus praeferendi”, podendo estes direitos ser exercidos contra todos, “erga omnes”. DIREITOS OBRIGACIONAIS: Também conhecidos como Direitos pessoais ou de crédito, pertencem ao ramo do direito das obrigações, que conferem ao credor o direito de exigir do devedor determinada prestação. OBSERVAÇÃO: Os Direitos reais diferem dos obrigacionais: QUANTO AO OBJETO: Os Direitos reais incidem sobre a coisa, os obrigacionais, exigem o cumprimento de determinada prestação. QUANTO AO SUJEITO: Em se tratando de Direitos reais, o sujeito passivo, é indeterminado, (erga omnes), ou seja, os Direitos reais podem ser opostos contra qualquer pessoa, enquanto nos Direitos obrigacionais (pessoais), o sujeito passivo é sempre determinado ou determinável. 7 QUANTO À DURAÇÃO: Os Direitos reais são perpétuos, se extinguindo pelo não uso, mas apenas nos casos expressos em lei (desapropriação, usucapião em favor de terceiro, etc.), no que tange aos Direitos pessoais e se extinguem pelo cumprimento da obrigação ou por outros meios (compensação, remissão, etc.). QUANTO A FORMAÇÃO: Os Direitos reais somente podem ser criados pela Lei, sendo seu número limitado pela Lei (“numerus clausus”, ver art. 1.225, CC), ao passo que os obrigacionais podem resultar da simples vontade das partes, sendo ilimitado o número de contratos inominados (“numeros apertus”). Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. QUANTO AO EXERCÍCIO: Os Direitos reais são exercidos diretamente sobre a coisa, independentemente da existência de um sujeito passivo, ao passo que nos Direitos obrigacionais (pessoais), exige-se a existência de um intermediário, aquele que se obriga a cumprir uma prestação, ou seja, o devedor. QUANTO À AÇÃO: As ações reais podem ser dirigidas a quem quer 8 que detenha a coisa (lembrem-se do caso da desapropriação do bairro do pinheirinho, invadido por milhares de pessoas), ao passo que a ação pessoal, somente poderá ser dirigida contra figura na relação jurídica como sujeitopassivo, seja por força de contrato ou determinação legal. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO: Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo da relação) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. OBSERVAÇÃO: Trata-se de uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de natureza transitória (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto corresponde numa prestação economicamente aferível. MUITO IMPORTANTE: Lembrem-se sempre que, enquanto no Direito real, é a própria coisa que vale como garantia, nos Direitos obrigacionais ou pessoais, é o patrimônio do devedor que responde pela obrigação contraída, ou seja, são as garantias pessoais que garantem o adimplemento da obrigação. OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE: A obrigação se origina de diversas fontes (contratual, legal, etc.), e deve ser cumprida de forma livre e espontânea. Caso a obrigação não seja cumprida e seja constatada a inadimplência, surge a responsabilidade. DESCOMPLICANDO: A obrigação surge em regra, da vontade das partes ou determinação legal, ao passo que a responsabilidade, somente se consubstancia havendo o inadimplemento da obrigação, ou seja, a responsabilidade é, pois, a consequência jurídica do descumprimento da relação obrigacional. ATENÇÃO: Pode haver obrigação sem responsabilidade, é o caso das dívidas de jogo, por exemplo, onde, embora exista uma obrigação moral, havendo o inadimplemento, a prestação não poderá ser exigida por se tratar de ilícito. Existe ainda a responsabilidade sem obrigação, como exemplo, podemos citar o caso do fiador que, embora não tenha, ele próprio, contraído a obrigação, se obriga no caso do inadimplemento por parte do devedor principal. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO COMPOSIÇÃO: A obrigação, basicamente, é composta de três elementos essenciais: 9 O elemento subjetivo refere-se aos sujeitos ativo e passivo da relação (credor e devedor). O vínculo jurídico existente entre eles seja contratual, legal, etc. O elemento subjetivo, atinente ao objeto da relação jurídica. SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO: (elemento subjetivo) Podem ser sujeitos da obrigação, tanto no polo ativo quanto passivo: Os sujeitos da obrigação podem ser pessoas naturais ou jurídicas, de qualquer natureza, bem como as sociedades de fato. Devem ser determinados ou, ao menos, determináveis, por exemplo, o vencedor de um concurso, ou mesmo, no contrato de doação em que o donatário pode ser indeterminado, mas determinável no momento do cumprimento da obrigação, pelos dados constantes no contrato. Exige-se, ainda, que as partes sejam capazes, caso contrário, deverão ser representadas ou assistidas por seus representantes legais, dependendo ainda, em alguns casos, de autorização judicial. VÍNCULO JURÍDICO: O vínculo jurídico da obrigação pode resultar de diversas fontes e sujeito o devedor (sujeito passivo da obrigação) a determinada prestação em favor do credor (sujeito ativo). Divide-se em “débito e responsabilidade”: DÉBITO: também chamado de vínculo “espiritual ou pessoal”, une o devedor ao credor e exige deste que cumpra pontualmente a obrigação acordada. RESPONSABILIDADE: Vínculo “material” que confere ao credor não satisfeito o direito de exigir o cumprimento da obrigação judicialmente, submetendo a obrigação aos bens do devedor (seu patrimônio). ATENÇÃO: Note que existe de um lado o “dever” da pessoa obrigada (debitum), e de outro a “responsabilidade”, em caso de inadimplemento, ou seja, o sujeito passivo da obrigação deve e também responde, de forma coativa, pelo cumprimento da obrigação. OBSERVAÇÃO: Eventualmente, como já visto, estes elementos podem ser 10 desmembrados nos casos de fiança ou dívidas de jogos por exemplo. OBJETO DA OBRIGAÇÃO: O objeto da obrigação será sempre uma conduta humana, consistente em “dar, fazer ou não fazer” e chama-se “prestação” ou “objeto imediato”. Encontra-se o objeto da obrigação indagando sobre “dar, fazer ou não fazer o que”, este é o “objeto mediato” da obrigação. QUALIFICAÇÃO DO OBJETO: O objeto da obrigação há de ser lícito, possível, determinado ou determinável e passível de apreciação econômica. Art. 104, CC: A validade do negócio jurídico requer: II: objeto lícito, possível, determinado ou determinável. OBSERVAÇÃO: Objeto lícito é o que não contraria a Lei, a moral e os bons costumes. Nula será a obrigação se o objeto for ilícito (uma dívida de jogo), impossível ou indeterminável. Art. 166, CC: É nulo o negócio jurídico quando: II: for ilícito, impossível ou indeterminável seu objeto. OBJETO IMPOSSÍVEL: Haverá a impossibilidade “física” sempre que a prestação acordada for maior que as forças humanas, ou impossibilidade “jurídica”, quando a prestação for contrária à Lei, como, por exemplo, alienar a herança de pessoa viva ou de bens públicos: Art. 100, CC: Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Art. 426, CC: Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. OBSERVAÇÃO: A impossibilidade do Objeto deve ser “real”, (não se trata de mera dificuldade) e “absoluta”, ou seja, deve atingir a todos os sujeitos, em outras palavras, não se considera impossibilidade aquela relativa tão somente ao devedor. 11 Art. 106, CC: A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. OBJETO DETERMINADO OU DETERMINÁVEL: O objeto da obrigação deve ser ainda, determinado ou determinável, ou seja, caso não seja um valor monetário ou objeto específico, deverá conter ao menos as descrições sobre seu gênero, quantidade, qualidade, etc. Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. EXEMPLO: Admite-se contrato de safra futura, onde se conhece o gênero e o preço, enquanto a quantidade e a qualidade do produto serão apuradas posteriormente. Art. 458, CC: Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não vier a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de requerer integralmente o que foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. Art. 459, CC: Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo preço, desde que se sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. OBRIGAÇÃO ECONOMICAMENTE APRECIÁVEL: Exige-se, por fim, que o objeto da prestação seja economicamente apreciável. MUITA ATENÇÃO: As obrigações jurídicas “sem conteúdo patrimonial” como o dever de fidelidade entre os cônjuges e outros inerentes ao direito de família, são excluídos da relação obrigacional. REFERENTE À CAUSA: Embora referida de forma indireta em alguns dispositivos (arts. 140, 373, 867), a “causa”, não foi incluída em nosso 12 ordenamento jurídico como elemento constitutivo da relação obrigacional. Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: I - se provier de esbulho, furto ou roubo;II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. Art. 867. Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas do substituto, ainda que seja pessoa idônea, sem prejuízo da ação que a ele, ou ao dono do negócio, contra ela possa caber. FONTES DAS OBRIGAÇÕES FONTE DA OBRIGAÇÃO: A fonte é seu elemento gerador, o fato que lhe dá origem, conhecer a fonte do direito é buscar as razões pelas quais alguém se torna credor ou devedor de outra. DIREITO ROMANO: Quatro eram as fontes admitidas no direito romano: contrato, quase contrato, delito e quase delito. CONTRATO: Considerado a fonte mais importante e resultava da convenção ou do pacto, ou seja, um regramento bilateral de vontades. QUASE CONTRATO: Se assemelhava ao contrato faltando-lhe, no entanto, o acordo bilateral de vontades, como na gestão de negócios. DELITO: Consistia no ato ilícito doloso e gerava a obrigação de reparar o dano causado. QUASE DELITO: Se assemelhava ao delito, no entanto, o delito deveria ser praticado de forma culposa. 13 PARA O CÓDICO CIVIL PÁTRIO: Nosso Código Civil considera fontes da obrigação: os contratos, as declarações unilaterais de vontade e os atos ilícitos dolosos e culposos. CONTRATOS: Declaração bilateral de vontades, podendo ser de forma livre, desde que, prescrita em lei ou não defesa. DECLARAÇÕES UNILATERAIS DE VONTADE: No direito pátrio, a gestão de negócios figura no rol das declarações unilaterais, previstos no Título VII do livro das obrigações, são espécies de atos unilaterais: promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa (arts. 854 e 886), além destas podemos citar os títulos ao portador, Capítulo II do Título VIII (arts. 904 a 909). Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido. Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido. Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples tradição. Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor. Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente. Art. 906. O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada em direito pessoal, ou em nulidade de sua obrigação. Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei especial. 14 Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem direito a obter do emitente a substituição do anterior, mediante a restituição do primeiro e o pagamento das despesas. Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir sejam pagos a outrem capital e rendimentos. Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação referida neste artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha conhecimento do fato. ATOS ILÍCITOS: Note que o direito romano fracionava os atos ilícitos em delito e quase delito, em nosso ordenamento estes passaram a se denominados genericamente de atos ilícitos, independentemente se dolosos ou culposos. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Existem obrigações, entretanto, que resultam diretamente da lei, citamos como exemplos, a obrigação de prestar alimentos aos parentes (CC, art. 1.694), a patrão de indenizar os danos causados por seu empregador (CC, art. 932, III), etc. Importante ressaltar, que mesmo do caso dos contratos, da declaração unilateral de vontades e do ato ilícito, a lei aparece como fonte primária, tendo em vista que referidos atos e negócios jurídicos somente geram obrigações porque assim dispõe a lei. Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; CONCLUINDO: Pode-se afirmar que a obrigação resulta da vontade de Estado, por intermédio da lei, ou da vontade humana, manifestada no contrato, na 15 declaração unilateral de vontades ou na prática de ato ilícito. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO OBJETO: Quanto ao objeto, o Código Civil brasileiro, inspirado na técnica romana, classifica as obrigações em três espécies: “obrigação de dar” (coisa certa ou incerta), “obrigação de fazer” e finalmente, “obrigação de não fazer”. OBSERVAÇÃO: Notem que todas as obrigações que venham a se constituir na vida jurídica compreenderão uma ou mais dessas condutas, que resumem o objeto da prestação. Exemplo de mais de uma conduta na mesma obrigação: Art. 610, CC: O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com eles e os materiais. OBRIGAÇÕES POSITIVAS E NEGATIVAS: As obrigações de “dar” e “de fazer”, chamamos de obrigações positivas, ao passo que a “obrigação de não fazer”, se trata de obrigação negativa. PROCESSO DE EXECUÇÃO: Diverso é o procedimento de execução de sentença em se tratando de execução “para entregar coisa certa” (obrigação de dar), regida pelos arts. 621 A 631do CPC, ou se de “obrigação de fazer, ou não fazer”, reguladas pelos arts. 632 a 645 do mesmo diploma. Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação ou, seguro o juízo (art. 737, II), apresentar embargos. Art. 622. “... Art. 632. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz Lhe assinar, se outro não estiver determinado no título executivo. Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do 16 processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização. Art.634. “... CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS ELEMENTOS: Três são os elementos constitutivos da obrigação, os sujeitos (ativo e passivo), o vínculo jurídico e o objeto. SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO: Trata-se do elemento subjetivo da obrigação, lembrando que tanto o sujeito ativo quanto passivo, pode ser pessoa física, jurídica ou sociedade de fato, deve ser capaz sob o óbice de exigir representação. VÍNCULO JURÍDICO: Sujeita o devedor a determinada prestação em favor do credor. OBJETO DA PRESTAÇÃO: É a própria prestação, consistente em dar, fazer ou deixar de fazer. OBRIGAÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS: Nas obrigações simples, teremos todos os elementos da obrigação no singular, por exemplo, José se obrigou a entregar a João, um veículo. Nas obrigações compostas ou complexas, basta que um dos elementos se encontre no plural para que assim se denomine sito como exemplo, José se obrigou a entregar a João, “um veículo e um animal” (composta pela multiplicidade de objetos), ou ainda, “José e Maria”, se obrigarama entregar a João, um veículo (composta pela multiplicidade de sujeitos), etc. OBRIGAÇÕES COMPOSTAS PELA MULTIPLICIDADE DE OBJETOS: Podem ser “cumulativas” (ou conjuntivas), e “alternativas” (ou disjuntivas). OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (OU CONJUNTIVAS): neste caso os objetos da obrigação encontram-se unidos pela conjunção “e” (José se obrigou a entregar a João, um veículo “e” um animal), veja que neste caso, José se obriga a entregar ambos os objetos, a saber, José para se livrar da obrigação, deve entregar a João o veículo “e” o animal. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (OU DISJUNTIVAS): Neste casa a conjunção utilizada é “ou”. Neste caso, basta que o devedor preste uma das 17 prestações para se vir desobrigado em relação ao credor, vejamos: (José se obrigou a entregar a João, um veículo “ou” um animal), Neste caso, basta que José entregue um dos objetos a João, para se livrar da obrigação. OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS: Espécie sui generis de obrigação alternativa, utilizada pela doutrina. Trata-se de obrigação simples, em que é divida uma única prestação, ficando, entretanto, facultado somente ao devedor, desobrigar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. OBSERVAÇÃO: Note que nas obrigações alternativas existe, para o devedor, a faculdade de substituição. O credor, apenas poderá exigir a prestação obrigatória (que se encontra in obligatione), entretanto o devedor se exonera cumprindo qualquer das prestações. Neste caso, vindo a perecer a obrigação acessória, a obrigação persiste em razão a principal, ocorrendo o contrário, o credor não poderá exigir a prestação acessória. OBRIGAÇÕES COMPOSTAS PELA MULTIPLICIDADE DE SUJEITOS: Relativamente à multiplicidade de sujeitos, as obrigações podem ser “divisíveis, indivisíveis e solidárias”. MULTIPLICIDADE ATIVA E PASSIVA: Havendo mais de um credor, teremos “multiplicidade ativa”. Existindo mais de um devedor, estaremos diante da “multiplicidade passiva”. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS: Obrigações divisíveis são aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos, Nas obrigações indivisíveis, isto não é possível. Importante saber se a obrigação é ou não divisível, apenas quando existe a multiplicidade de credores ou devedores. Existindo vínculo obrigacional simples, o fato de a obrigação ser divisível ou não, pouco importa, pois o devedor somente se livra, entregando a prestação por completo. CONSEQUENCIAS DA MULTIPLICIDADE DE CREDORES: Ocorrendo obrigações divisíveis, cada credor terá direito apenas a seu quinhão, podendo reclama-la independente da anuência dos demais credores. Caso a obrigação seja indivisível, apenas um dos credores poderá exigir sua prestação, entretanto deverá, este, prestar contas aos demais credores. Art. 260, CC: Se a pluralidade for de credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira, más o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 18 I: a todos conjuntamente. II: a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Art. 261, CC: Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a casa um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. CONSEQUENCIAS DA MULTIPLICIDADE DE DEVEDORES: Nas obrigações divisíveis, cada devedor responde exclusivamente por sua quota. Neste caso, havendo dois devedores e a prestação seja, por exemplo, duas sacas de café, o credor somente poderá exigir de um dos devedores a entrega de uma dela. Entretanto, sendo a obrigação indivisível, em razão da invisibilidade física do objeto, cada devedor se obriga pela prestação por inteiro. Art. 257, CC: Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta se presume dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores e devedores. Art. 258, CC: A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou objeto não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Art. 259, CC: Se havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo Único: O devedor, que paga a dívida, sub- roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. SOLIDARIEDADE: A solidariedade independe da divisibilidade ou indivisibilidade do objeto da prestação, tendo em vista que resulta da vontade das partes ou da lei. A solidariedade pode ser também, ativa ou passiva. Havendo vários devedores solidários (sujeitos passivos solidários), cada um deles responde pela dívida toda. Lembrando que a solidariedade não se presume. 19 Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 283, CC: O devedor que satisfizer a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. OBSERVAÇÃO: A solidariedade será abordada detidamente em aula futura. OBRIGAÇÃO DE MEIO: Considera-se “obrigação de meio” quando o devedor promete empregar todos os seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado resultado, sem, no entanto responsabilizar-se por ele. Como exemplo, temos o advogado que, ao contratar com seu cliente, não tem como garantir um resultado favorável, más a bem defender os interesses dos clientes ou mesmo o médico que, compromete-se a utilizar de toda sua técnica para salvar a vida de seu paciente. Note que se a obrigação contraída por estes profissionais fosse de resultado, responderiam por estes no caso de insucesso. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO: Sendo a obrigação de resultado, o devedor somente se exonera quando o fim prometido é alcançado. Caso o devedor não alcance o fim prometido é considerado inadimplente e pode responder pelos prejuízos decorrentes do insucesso, é o que ocorre com o transportador que se compromete, tacitamente com o viajante a transporta-lo com segurança até o endereço acordado ou mesmo o cirurgião plástico que se compromete a deixar o nariz de sua cliente com determinado formato, assumindo desta feita o risco do resultado. OBRIGAÇÕES CIVIS: Obrigação civil, nada mais é que aquela que encontra guarida no direito positivo, ou seja, direito prescrito ou não defeso em lei, podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, via ação judicial. OBRIGAÇÕES NATURAIS: As obrigações naturais, segundo nosso ordenamento, são inexigíveis judicialmente, trata-se de “dívida moral”, o credor não tem o direito de exigir a prestação e o devedor não esta obrigado a pagar. 20 Entretanto, se este, voluntariamente, efetua o pagamento, não tem direito de repeti-lo. Nosso ordenamento se refere como obrigação natural as dívidas prescritas e dívidas de jogo: Art. 814, CC: As dívidas de jogo ou aposta não obrigam a pagamento más não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se for ganha por dolo, ou se o perdente e menor ou interdito. Art. 882, CC: Não se pode repetir o que pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. III: as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural. OBSERVAÇÃO: As obrigações naturais tem em comum, a presença das seguintes características: inexigibilidadedo cumprimento, inexistência do dever de prestar e inadmissibilidade de repetição em caso de pagamento voluntário. MUITA ATENÇÂO: As obrigações naturais não admitem revitalização por novação, nem se admite possa ser objeto de compensação, que ocorre somente entre dívidas vencidas, isto é, dívidas exigíveis. Também não comportam fiança nem ônus reais, também não tem eficácia a simples promessa de cumprimento. Por fim, seu pagamento parcial não autoriza ao credor reclamar o restante da prestação. ELEMENTOS ACIDENTAIS DAS OBRIGAÇÕES: O negócio jurídico, além dos elementos essenciais, pode conter cláusulas acessórias, pelas quais as partes modificam seus efeitos naturais, como a “condição, o termo e o encargo ou modo”. Com relação a estes elementos acidentais, as obrigações se classificam em: “puras e simples, condicionais, a termo e modais ou com encargo”. OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES: Como o próprio nome já antecipa as obrigações puras e simples são aquelas que não se sujeitam a condição, termo ou encargo. OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS: São aquelas cujo efeito se subordina a um evento futuro e incerto. 21 Art. 121, CC: Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. OBRIGAÇÕES A TERMO: A eficácia do negócio jurídico encontra-se subordinada a um evento futuro e certo, a determinada data. O termo pode ser inicial (dies a quo) ou final (dies ad quem). OBRIGAÇÕES MODAIS OU COM ENCARGOS: São as obrigações oneradas com algum gravame. O encargo ou modo, ao contrário da condição, não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Art. 136, CC: O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente como condição suspensiva. OBSERVAÇÃO: O encargo ou modo, em regra é utilizado nas doações e deixas testamentárias, o doador pode impor condições ao donatário, desde que o encargo não seja ilícito ou impossível, caso em que será considerado não escrito. Poderá ainda, o encargo, figurar nas declarações unilaterais de vontade (ver art. 137, CC). Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. QUANTO AO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES: Relativamente ao momento em que devem ser cumpridas as obrigações, podemos classifica-las como: MOMENTÂNEAS OU DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA: Obrigações que se consumam em um só ato, sendo cumpridas imediatamente após sua constituição, um exemplo desta modalidade, é a compra e venda à vista que se consuma com o pagamento do valor acordado e a entrega ou tradição do objeto. DE EXECUÇÃO DIFERIDA: Obrigações cujo cumprimento se realizará também em um só ato, más em momento futuro (entrega em determinada data, 22 do objeto alienado, por exemplo). DE EXECUÇÃO CONTINUADA OU DE TRATO SUCESSIVO: Que se cumpre via atos reiterados, como ocorre na prestação de serviços (Telefonia, internet, TV por assinatura), ou na compra e venda a prazo ou em prestações periódicas, etc. OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS: Considera-se “liquida” a obrigação certa quanto à sua existência, e determinada quanto a seu objeto. A prestação é expressa por uma cifra, por um algarismo. “Ilíquida”, a contrario sensu, é aquela obrigação que depende de prévia apuração, pois o seu valor, o montante da prestação, apresenta-se incerto. APLICAÇÃO PRÁTICA: Esta distinção possui aplicação prática em diversos dispositivos de nosso ordenamento positivo, senão vejamos: Art. 397, CC: O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Art. 407, CC: Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim às dividas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes seja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento ou acordo entre as parte. Art. 396, CC: A compensação efetua-se entre dividas líquidas, vencidas e coisas fungíveis. Art. 352, CC: A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todas forem líquidos e vencidos. OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS: As obrigações podem ser divididas em “obrigações principais” e “acessórias”, sendo que as primeiras subsistem por si, sem depender de qualquer outra, como por exemplo, a obrigação contraída pelo alienante de entregar a coisa nos contratos de compra e venda. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS: Ao contrário das obrigações principais, as 23 obrigações acessórias têm sua existência subordinada a outra relação jurídica, ou seja, dependem da obrigação principal para existirem. É o caso da fiança, da cláusula penal, dos juros, etc. IMPORTANTE: Nosso legislador adotou o princípio de que o acessório segue o destino, a condição jurídica da obrigação principal. Desta forma, a nulidade insanável da obrigação principal, afeta a obrigação acessória, más a recíproca não é verdadeira, pois a nulidade da obrigação acessória não afeta a principal. Art. 92, CC: Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. Art. 184, CC: Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável, a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, más a destas não induz a da obrigação principal. OBRIGAÇÕES COM CLÁUSULA PENAL: São obrigações onde existe a cominação de multa ou pena para o caso de inadimplemento ou de retardamento do cumprimento da avença. A cláusula penal possui “caráter acessório”, e como principal função a de servir como forma de coagir o devedor a cumprir a obrigação no prazo devido. IMPORTANTE: A cláusula penal pode ser compensatória, quando estipulada para o caso de total adimplemento da obrigação, ou moratória se destinada a garantir o cumprimento de alguma cláusula especial ou simplesmente evitar a mora. OBRIGAÇÕES “PROPTER REM”: Obrigação propter rem, é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Somente existe em função da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: As obrigações propter rem, pertencem a uma categoria de “obrigações híbridas”, assim denominadas por constituírem um misto de direito pessoal e de direito real, ou seja, a pessoa contrai a obrigação pelo simples fato de possuir determinada qualidade jurídica. Nessa 24 categoria podem ser incluídas, também, as com “ônus reais” e com “eficácia real”. É o que ocorre ao proprietário ou inquilino de um prédio de não prejudicar a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos. Exemplos: Art. 1.277, CC: O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocados pela utilização da propriedade vizinha. Art. 1.315, CC: O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita. Art. 1.336, CC: São deveres do condômino:III: não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas. CURIOSIDADE: Ver também, art. 1.297, caput e o Parágrafo 1º. Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. § 1 o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação. OBRIGAÇÃO COM ÔNUS REAIS: São obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo direitos reais sobre coisa alheia, oponíveis 25 erga omnes, como exemplo, podemos citar a renda constituída sobre imóvel (contrato de aluguel). OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL: São aquelas que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. Exemplo: Art. 576, CC: Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar de registro. DAS OBRIGAÇÕES, QUANTO AO OBJETO OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: Como se nota, o devedor assume a obrigação de entregar coisa individualizada, que se distingue por características próprias, móvel ou imóvel. Neste sentido, é defeso ao devedor modificar unilateralmente o objeto da prestação e por conseguinte, o credor de coisa certa, não se obriga a receber outra, ainda que mais valiosa. Art.313, CC: O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida ainda que mais valiosa. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Da mesma forma que o devedor não pode modificar o objeto, ao credor não é lícito exigir prestação diversa da avençada, ainda que de valor inferior. Entretanto, poderá haver concordância do credor em receber uma coisa por outra. Entretanto, nosso direito positivo afasta a possibilidade de compensação da dívida em determinados casos. Vejamos: Art. 356, CC: O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida (dação em pagamento). Grifo nosso. Art. 373, CC: A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: II: se se originar de comodato, depósito ou alimentos. CONTEÚDO DA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: Note que no 26 tocante ao conteúdo, a obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoa, e não real. Neste sentido, por não ter o possuir o domínio da coisa, caso a obrigação não fosse cumprida ao devedor cabia, apenas, contentar- se com ação de perdas e danos e resolução da avença. Art. 389, CC: Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Art. 475, CC: A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. LEI 10.444/2002: Com a introdução do artigo 461-A no diploma processual civil, atualmente é facultado ao credor perseguir a coisa devida, expedindo-se, em seu favor, mandado de busca e apreensão, no casa de coisa imóvel ou mandado de imissão na posse, coisa móvel. Art. 461-A, CC: Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. QUANTO À EXTENSÃO DA OBRIGAÇÃO: Na inteligência do art. 233, CC; a obrigação de dar coisa certa, mesmo quando não mencionado, abrange os acessórios mesmo não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ao das circunstâncias do caso. Em outras palavras, esta é uma decorrência da regra geral de que o acessório acompanha o principal. Ao se adquirir um terreno com árvores frutíferas, os frutos pendentes, passam a pertencer ao adquirente, que por conseguinte, passa também a arcar com o ônus dos impostos. Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. CONVENÇÃO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO: Como exceção a regra de que o acessório acompanha o principal, tomemos por exemplo o caso de um automóvel alienado, a regra é de que os equipamentos instalados passam a pertencer ao adquirente, entretanto, pode ocorrer “convenção” entre as partes de 27 que o alienante, se reserva ao direito de retirar o equipamento de som do veículo. Pode ainda, ocorrer que as circunstâncias do caso, eximam o alienante de responder pelos vícios redibitórios, caso fique provado que o adquirente tinha conhecimento do defeito (do vício), existente no veículo. OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR E RESTITUIR (TRADIÇÃO): Cumpre-se a obrigação de dar coisa certa mediante a “entrega” (ex. Compra e venda) ou “restituição” (ex. Comodato). Entrega e restituição pode ser resumido em um único ato, a “tradição”. Em nosso direito positivo, o contrato por si, não tem o condão de transferir o domínio sobre a coisa, más apenas gera a obrigação de entregar a coisa alienada, enquanto não ocorrer a tradição da coisa, esta continuará pertencendo ao devedor, juntamente com seus melhoramentos: Art. 237, CC: Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o credor resolver a obrigação. EXEMPLO: Caso o objeto da prestação seja um animal, e este der cria, o devedor não poderá ser constrangido a entrega-la. Neste caso, caso o animal tenha sido alienado sem a cria, poderá o devedor exigir o acréscimo no preço. Na mesma regra incorre os frutos percebidos que são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. (art. 237, parágrafo único). Art. 237. “... Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA: Inicialmente, devemos estabelecer que, entende-se por perda ou perecimento, a destruição total da coisa antes da tradição, enquanto a deterioração significa perda parcial ou desvalorização da coisa. PERECIMENTO DA COISA SEM CULPA DO DEVEDOR: Ocorrendo o perecimento (perda total) da coisa antes da tradição, necessário se faz indagar de houve ou não culpa do devedor. Não tendo havido culpa do devedor, ou estando pendente condição suspensiva, fica desde logo resolvida a obrigação para ambas as partes, que voltam à situação primitiva, tanto na condição de entregar quanto na de restituir. Neste caso, admitindo que o vendedor já tenha recebido parte do preço e a coisa pereceu sem ocorrência de culpa, terá que restitui-lo em virtude 28 da resolução do contrato, entretanto, fica desobrigado de pagar as perdas e danos. Ocorrendo o perecimento da coisa pendente condição suspensiva, o credor não terá alcançado o direito a que o ato visa, e o devedor suportará o risco da coisa. Art. 125, CC: Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que elevisa. Art. 234, CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Art. 238, CC: Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverão, ressalvados os seus direitos, até o dia da perda. RECAPTULANDO: Quem suporta o prejuízo, na obrigação de entregar, é o próprio alienante, tendo em vista que continua sendo o proprietário da coisa até o momento da tradição. Este princípio provem do direito romano, no qual a coisa perece para o dono (res perit domino). EXCEÇÃO: Na obrigação de restituir coisa certa ao credor, porem, prejudicado será este, na condição de dono (res perit domino). Neste caso, supondo que um animal objeto de comodato, não possa ser restituído, por ter perecido em razão de um raio, resolve-se a condição do comodatário, que não responderá por perdas e danos, salvo se este estiver constituído em mora, suportando a perda o comodante, ressalvados seus direitos até o dia da perda (art. 238, CC). Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. PERECIMENTO DA COISA HAVENDO CULPA DO DEVEDOR: A culpa do devedor, acarreta a responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos. 29 Neste sentido, havendo o perecimento do objeto por culpa do devedor, terá o credor o direito de receber seu valor em dinheiro, acrescido das perdas e danos comprovadas, tanto na obrigação de entregar quanto na de restituir (arts. 234, 2ª parte e 239, CC). Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos (grifo nosso). Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. DETERIORAÇÃO DA COISA SEM CULPA DO DEVEDOR: Havendo deterioração (perda parcial) sem culpa do devedor, “na obrigação de entregar”, poderá o credor resolver a obrigação, por não mais lhe interessar receber a coisa danificada, voltando, neste casa, as partes, ao estado anterior, ou aceita-lo no estado em que se encontra, exigindo abatimento no preço, proporcional à perda. “Na obrigação de restituir”, não existindo culpa do devedor, o credor e compelido a receber a coisa no estado em que se encontre, sem direito a qualquer indenização. Art. 235, CC: Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Art. 240, CC: Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. Art. 239, CC: Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. DETERIORAÇÃO DA COISA POR CULPA DO DEVEDOR: Existindo culpa do devedor pela deterioração da coisa, na “obrigação de entregar”, as alternativas do credor são as mesmas elencadas anteriormente no artigo 235, CC. (resolver a obrigação, exigindo o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa, com abatimento), más com direito, em qualquer caso, à indenização das perdas e 30 danos comprovados. “Na obrigação de restituir”, poderá o credor, também, exigir o equivalente em dinheiro mais a reposição das perdas e danos. Art. 236, CC: Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em ou outro caso, indenização das perdas e danos. EM OUTRAS PALAVRAS: Conclui-se que em geral, não existindo culpa do devedor, resolve-se a obrigação, sendo as partes restituídas ao status quo da relação jurídica, sem perdas e danos. Ocorrendo culpa do devedor, são devidas as perdas e danos, respondendo ainda pelo equivalente da coisa em dinheiro. DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA: Nos exatos termos do artigo 243 do Código Civil, observamos que “a coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”. Temos então que a “coisa incerta”, embora não possa ser individualizada, deve conter indicações suficientes para, em momento oportuno, ser conhecida. Ou seja, embora se trate de coisa indeterminada, deverá conter no mínimo informações em relação ao gênero e quantidade para, em momento posterior ser determinada. Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. IMPORTANTE: Se o objeto da obrigação seja a entrega de duas sacas de café. Neste caso, embora seja conhecido o gênero (café) e a quantidade (duas sacas), falta ainda determinar a qualidade. Note que se vier a faltar também o gênero ou a quantidade, a indeterminação do objeto será absoluta, e a avença como tal não gerará obrigação. Não pode ser objeto de prestação por exemplo, sacas de café, por faltar a quantidade ou então duas sacas, por faltar o gênero. ESCOLHA: Em se tratando de obrigação de dar coisa incerta, existe, no momento do adimplemento da obrigação a necessidade de proceder a determinação da coisa a ser entregue, a isto dar-se o nome de “escolha”. Feita e escolha e cientificado o credor, acaba-se a incerteza, e a coisa torna-se certa, valendo então, as normas anteriormente estudadas. Art. 245, CC: Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. CONCENTRAÇÃO: Denomina-se concentração, o ato unilateral de escolha, 31 entretanto, para que a existência da concentração, não basta a escolha, existe a necessidade que esta se exteriorize através da entrega, pelo depósito em pagamento, pela constituição em mora ou qualquer outro ato jurídico que implique na cientificação do credor. Rege-se a obrigação de dar coisa incerta pelo disposto o Diploma Processualista. Art. 629, CPC: Quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e quantidade, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se lhe couber a escolha; más se essa couber ao credor, esta a indicará na petição inicial. DIREITO DE ESCOLHA: Segundo o Código Civil, se o contrário não resultar do título da obrigação, o direito a escolha pertence ao devedor. Neste sentido, a escolha somente pertencerá ao credor se assim o contrato dispuser, caso contrário, pertencerá ao credor. Não obstante, referido dispositivo estabelece limites à atuação do devedor, dispondo que este “não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor”. Deve, portanto, guardar o meio-termo entre os congêneres da melhor e da pior qualidade. Art. 244, CC: Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrario não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. DELEGAÇÃO DA ESCOLHA A TERCEIRO: É lícito as partes convencionar que a escolha competirá a terceiro, estranho à relação obrigacional. Neste caso, por analogia, aplica-se o disposto no artigo 1.930 do Diploma Civil. Art. 1.929. Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero,ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade. Art. 1.930. O estabelecido no artigo antecedente será observado, quando a escolha for deixada a arbítrio de terceiro; e, se este não a quiser ou não a puder exercer, ao juiz competirá fazê-la, guardado o disposto na última parte do artigo antecedente. 32 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Antes da escolha (complementada pela cientificação do credor), o devedor não poderá alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, tendo em vista que na coisa incerta, falta a escolha do gênero e este nunca perece (genuns nunquam perit), ou seja, se alguém se compromete a entregar duas sacas de café, não se exime se seu café pegar fogo, tendo em vista que pode adquirir o café de terceiro, nem mesmo pode alegar que perdeu o dinheiro que havia reservado para o pagamento da obrigação. Diferente será a solução em se tratando de gênero limitado, ou seja, circunscrito a animais de uma determinada fazenda ou cereais de determinado depósito. Ocorrendo o perecimento de todos os animais ou a destruição de todos os cereais referendados, acarretará a extinção da obrigação. DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER: A prestação nas obrigações de fazer, consistem, em atos ou serviços a serem executados pelo devedor. Diferem das obrigações de dar, principalmente pelo fato do credor, conforme as circunstâncias, negar-se a aceitar a prestação por terceiro, ao passo que nas obrigações de dar, admite-se o cumprimento da obrigação por outrem, estranho aos interessados. Art. 305, CC: O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito de reembolsar- se do que pagar; más não sub-roga nos direitos do credor. OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL: Sempre que for acordado que o devedor cumpra pessoalmente a prestação, ou a própria natureza desta impedir a sua substituição, estaremos diante de uma obrigação de fazer “personalíssima” (intuitu personae), “infungível” ou “imaterial”. A infungibilidade pode decorrer da própria natureza da prestação, ou seja, das qualidades artísticas ou profissionais do contratado (famoso pintor, renomado cirurgião plástico, etc.), caso em que, mesmo que não conste em contrato, fica subentendido que o devedor deva cumprir a prestação pessoalmente. Art. 247, CC: Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusa a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. Art. 248, CC: Se a prestação de fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 33 OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL: Quando inexistir a necessidade de que o devedor cumpra pessoalmente a prestação, ou seja, quando sua execução independa das qualidades pessoais do devedor, podendo ser executada por terceiro, estaremos diante de obrigação de fazer “impessoal”, “fungível” ou “material”. Art. 249, CC: Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. PACTO DE “CONTRAHENDO”: A obrigação de fazer, pode derivar de um contrato preliminar (pacto de contrahendo), e consistir em “emitir declaração de vontade”, ou seja, o alienante, ao emitir contrato de compra e venda, se compromete a outorgar a escritura definitiva do imóvel, ou ainda endossar o certificado de propriedade de veículo, se comprometendo a transferi-lo, etc. INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER: A impossibilidade de o devedor cumprir a obrigação de fazer, bem como a sua recusa em executá-la, acarretam o inadimplemento contratual. Se “a prestação de fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação” (art. 248, CC). Importante ressaltar que a impossibilidade deve ser absoluta. Se o inadimplemento ocorrer por culpa do devedor, ou seja, se o próprio devedor criou a impossibilidade, responderá por perdas e danos (2ª parte do art. 248, CC). Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. DESCOMPLICANDO: Como ninguém pode fazer o impossível (impossibilia nemo tenetur), resolve-se a obrigação, sem consequências para o devedor sem culpa, e com responsabilidade pela satisfação das perdas e danos, para o culpado. EXEMPLO: Famosa dupla sertaneja é contratada para executar um show na cidade de Caiapônia, no entanto fica impedida de se apresentar devido a um acidente de trânsito a que não deram causa. Neste caso, a dupla não responderá por perdas e danos, entretanto, a resolução do contrato obrigará a dupla a restituir aos organizadores do show, eventual adiantamento da remuneração. O 34 contrario seria se a dupla, deixasse de apresentar o show por impossibilidade por ela criado, por exemplo, a dupla viajar para local distante na véspera da apresentação. RECUSA DO DEVEDOR: Caso exista a recusa do devedor ao cumprimento da obrigação de fazer “infungível”, ou só por ele exequível, haverá a responsabilização em perdas e danos, pois não se pode constranger fisicamente o devedor a executar a prestação. A recusa voluntária induz culpa. É o caso do cantor que se recusa a apresentar o espetáculo contratado, responde pelos prejuízos acarretados aos promotores do evento. EXECUÇÃO ESPECÍFICA DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER: Embora, tradicionalmente, a recusa ao cumprimento de fazer resolva-se em perdas e danos, existem atualmente meios indiretos de constranger o devedor a cumprir a obrigação, é o caso da multa diária (astreinte), além de outros dispositivos. Art. 461, CPC: Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1º: A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL: Lembrando que a execução das obrigações fungíveis independe de características pessoais do devedor, podendo ser executadas por terceiros, “será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível”. Em regra, a autorização para a substituição do devedor na execução da obrigação deve partir do juiz, entretanto, havendo urgência, poderá o credor, independente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo posteriormente ressarcido. Art. 249, CC: “... Parágrafo único: Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou 35 mandas executar o fato, sendo depois ressarcido. IMPORTANTE: Observe que para o credor, pouco importa se a prestação seja cumprida pelo devedor ou terceiro, as expensas do substituído. Interessa-lhe o cumprimento, a utilidade prometida. Exemplo disso, supondo que o credor para realizar obras de contenção de goteiras em sua residência, havendo recusa deste, não seria justo exigir que o credor ficasse eternamente suportando o incômodo. Art. 634, CPC: Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exequente, decidir que aquele o realize à custa do executado. INADIMPLEMENTO DE PACTO DE “CONTRAHENDO” (BENS IMÓVEIS): Lembrando que se trata de obrigação de emitir declaração de vontade,seu descumprimento, dá ensejo à propositura de ação de “adjudicação compulsória”, de rito sumário, em se tratando de compromisso de compra e venda de imóvel vendido em prestações, irretratável e irrevogável. Neste caso, o juiz, substituindo-se ao devedor inadimplente, adjudica o imóvel compromissado ao credor. DETALHE IMPORTANTE: O STJ vem admitindo a propositura de aludida ação com base em compromisso de compra e venda irretratável, mesmo não estando este, devidamente registrado no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 1.418, CC: O promitente comprador, titular do direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. INADIMPLEMENTO DE PACTO DE “CONTRAHENDO” (BENS MÓVEIS): Se o objeto do descumprimento da obrigação de emitir declaração de vontade for registro de bem móvel, caberá ao credor ingressar em juízo com “ação de obrigação de fazer”. O artigo 466-A, do Código de Processo Civil, assim dispõe: Art. 466-A, CPC: Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. 36 DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER: Obrigação negativa, que impõe ao devedor um dever de abstenção: o de não praticar o ato que poderia livremente fazer, se não existisse a obrigação. Como exemplos, temos o adquirente de um terreno que, em função do contrato ou do plano diretor de certa cidade, se obriga a não construir seu prédio além de determinada altura, ou a cabeleireira que alienou seu estabelecimento (contrato de trespasse), que em função da lei, se obriga a não abrir outro salão de beleza na mesma cidade. INADIMPLÊNCIA NAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER: Estando o devedor impedido de praticar determinado ato, caso venha a praticar tal ato, torna-se inadimplente. Neste caso, poderá o credor exigir o desfazimento do ato, sob pena de desfazê-lo às suas custas, ressarcindo o culpado as perdas e danos. IMPORTANTE: Note que, independentemente se o devedor desfizer o ato ou vê-lo desfeito por terceiro, por determinação judicial, sempre o devedor se sujeitará as perdas e danos, como consequência do adimplemento. Contudo, nada impede que o credor peça somente o desfazimento, ou apenas as perdas e danos. Art. 250, CC: Praticado pelo devedor o ato, cuja abstenção se obrigará, o credor pode exigir que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado, as perdas e danos. EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER: Caso se tornar impossível ao devedor, abster-se de praticar o ato, resolve-se a obrigação, sem necessidade arcar com perdas e danos. Como exemplo, citamos o proprietário que se comprometeu a manter cercas vivas em torno de sua propriedade, recebe a determinação da autoridade competente exigindo a construção de um muro, ou ainda o proprietário que fecha uma passagem (servidão), dentro de sua propriedade por ordem judicial. Art. 250, CC: Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato que se obrigou a não praticar. DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA: Trata-se de obrigação composta pela 37 multiplicidade de objetos. Existem duas ou mais prestações possíveis, das quais somente uma será escolhida para pagamento ao credor e liberação do devedor. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA E CUMULATIVA: As obrigações alternativas distinguem-se das cumulativas ou conjuntivas, embora ambas possuam uma pluralidade de prestações, nas cumulativas, todas as obrigações devem ser solvidas, sem exclusão de qualquer delas, sob pena de não ocorrer a liberação do devedor. COISA INCERTA: Embora a existência de um ponto em comum, ou seja, tanto nas obrigações alternativas quanto a de dar coisa incerta, exista a necessidade de escolha, nas alternativas existem vários objetos, devendo a escolha recair sobre apenas um deles (in obligacione), nas obrigações de dar coisa incerta, o objeto é um só, apenas indeterminado quanto à qualidade. DIREITO DE ESCOLHA: Seguindo a tradição romana, nosso direito positivado atribuiu o direito de escolha ao devedor, “se outra coisa não se estipulou” (art. 252, CC). Neste sentido, para que a escolha recaia sobre o credor é necessário que o contrato assim determine expressamente, embora não se exijam formalidade extrema. Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. DELEGAÇÃO DA ESCOLHA A TERCEIRO: Pode as partes, em comum acordo, delegarem a escolha a terceiro. Se este não puder ou não quiser aceitar o múnus, “caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes” (art. 252, § 4ª CC). Art. 252. “... § 4 o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. CONCENTRAÇÃO: Cientificada a escolha, se da a concentração, ficando então, determinado de forma definitiva, sem possibilidade de retratação unilateral, o objeto da obrigação. ATENÇÃO: As prestações in obligatione, após a concentração, reduzem-se a uma só, e a obrigação torna-se simples (§1º do art. 252, CC). Em outras palavras, após a concentração, o devedor não pode obrigar o credor a receber 38 parte em uma prestação e parte em outra. Art. 252. “... § 1 o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. PRESTAÇÃO PERIÓDICA: Em se tratando de obrigações periódicas, “a faculdade de escolha poderá ser exercida em cada período” (art. 252, § 2º CC). Lembrando que após a escolha, ocorre a concentração e o objeto da prestação, não mais poderá ser alterado unilateralmente. Art. 252. “... § 2 o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. PRAZO PARA OPÇÃO (ESCOLHA): O contrato deverá estabelecer o prazo para a opção, sendo omisso, o devedor deverá ser notificado para que seja constituído em mora. Atente-se ao fato de que a notificação do devedor, não o priva do direito de escolha, salvo se a convenção dispuser que este direito passa ao credor. Competindo a eleição ao credor, e o contrato não fixe prazo, este será notificado a fazê-lo em 05 dias, ou aceitar que o devedor faça a escolha (CPC, art. 894), depositando-se a coisa. Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito. DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS: A execução que contempla obrigação alternativa rege-se pelo artigo 571 do estatuto processual civil. Havendo mais de um optante, não havendo entre eles acordo, “decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação” (CC art. 252, § 3º). Art. 252. “... 39 § 3 o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. DA IMPOSSIBILIDADE DAS PRESTAÇÕES IMPOSSIBILIDADE MATERIAL: Nas obrigações alternativas, se uma das prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornar inexequível, por exemplo, umproduto, objeto da prestação, que deixa de ser fabricado, neste caso, “subsistirá o débito quanto à outra” (CC art. 253). Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA: Se a impossibilidade é jurídica, por ilícito um dos objetos (sendo este produto de furto, por exemplo), toda a obrigação fica contaminada de nulidade, sendo inexigíveis ambas as prestações. Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; IMPOSSIBILIDADE FÍSICA: Nas obrigações alternativas, se uma das prestações, desde o momento da celebração da avença, não puder ser cumprida em razão de impossibilidade física, será alternativa apenas na aparência, constituindo na verdade, uma obrigação simples. IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE: Quando uma das prestações se torna impossível supervenientemente, sem culpa do devedor, dá se a concentração da dívida na outra prestação, ou nas outras. Por exemplo, o devedor se obriga a entregar uma vaca ou um veículo, e o semovente morre em decorrência de um raio, a obrigação se concentrará no veículo. OBSERVAÇÃO: Havendo o perecimento posterior por culpa do devedor, competindo a ele a escolha, poderá concentra-la na prestação remanescente, competindo a escolha ao credor, poderá este exigir qualquer delas e caso coincida com a prestação que veio a perecer, poderá exigir reparação (art. 255, CC). 40 Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. HAVENDO IMPOSSIBILIDADE DE TODAS AS PRESTAÇÕES: Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, “extinguir-se-á a obrigação, por falta de objeto”, sem ônus para este (art. 256, CC). Se houver culpa do devedor, e a ele couber a escolha, ficará obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou mais as perdas e danos se for o caso (art. 254, CC). Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. ATENÇÃO: Havendo o perecimento de todas as prestações por culpa do devedor, cabendo a escolha ao credor, este poderá exigir o valor de qualquer delas, além das perdas e danos. DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS INFORMAÇÃO IMPORTANTE: As obrigações divisíveis e indivisíveis são compostas pela multiplicidade de sujeitos. Tal classificação só oferece interesse jurídico havendo pluralidade de credores ou devedores, pois havendo um único devedor obrigado a um único credor, a prestação deverá ser cumprida integralmente, seja divisível ou indivisível seu objeto. CONCEITO: Obrigações divisíveis são aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos, o que não ocorre com as indivisíveis. Embora alguns doutrinadores afirmarem que a divisibilidade ou indivisibilidade repousa na prestação e não no objeto, acreditamos por bem que esta se confunde com o objeto, sendo lícito afirmar que: 41 A obrigação é divisível quando é possível ao devedor executá-la por partes. Indivisível, a obrigação quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica ou dada a razão determinante do negócio jurídico (art. 258, CC). Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. OBSERVAÇÃO: Segundo dispõe o artigo 87 do novel Código Civil, “bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável do valor, ou prejuízo do uso a que se destina”. Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar- se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. DIMINUIÇÃO CONSIDERÁVEL DO VALOR: Este critério foi introduzido pelo novo Código Civil, e pode ocorrer, por exemplo, no caso de dez pessoas herdarem um brilhante de cinquenta quilates, que, sem dúvida, vale muito mais que dez brilhantes de cinco quilates cada. INDIVISIBILIDADE EM RAZÃO DA NATUREZA DO OBJETO: Em regra, a indivisibilidade do objeto da prestação ocorre em função de sua natureza, por exemplo, um relógio partido em dois, não mais servira para mostrar as horas. Entretanto, bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação legal (art. 1.386, CC) ou por vontade das partes (indivisibilidade intelectual). Admite-se ainda a indivisibilidade 42 jurídica, que ocorre, por exemplo, na obrigação de indenizar por acidente de trabalho que deverá ser paga integralmente a mãe, embora o pai não a pleiteie. Art. 1.386. As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam a gravar cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se aplicarem a certa parte de um ou de outro. DIVISIBILIDADE E INDIVISIBILIDADE NAS OBRIGAÇÕES DE DAR: A obrigação de dar será divisível ou indivisível, dependendo da natureza do objeto. Sendo este divisível, a obrigação também os será (ex. Sacas de café). Entretanto sendo a obrigação de um animal, por exemplo, esta será indivisível. DE FAZER: As obrigações de fazer, a exemplo das obrigações de dar, podem ser divisíveis ou não, tomemos o exemplo daquele que se obriga a fazer uma estátua, somente se livra entregando toda a obrigação, entretanto, no mesmo exemplo, o devedor poderá ser contratado a fazer dez estátuas, uma a cada semana, neste caso a obrigação de fazer poderá ser dividida. DE NÃO FAZER: Em regra, tal obrigação é indivisível, se o devedor praticar o ato que se obriga a não fazer, se constitui em mora. Entretanto poderá esta ser divisível, no caso de o devedor se abster de fazer coisas distintas, exemplo não alugar e não vender. EFEITOS: Sendo a obrigação divisível, presume-se esta dividida em tantas obrigações iguais e distintas, quantos forem os credores, ou devedores (CC art. 257). Cada devedor se obriga somente em sua cota parte. Não havendo solidariedade, a insolvência de um, não aumentará a quota dos demais. Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta se presume dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. NAS OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS: Sendo indivisível a obrigação, é 43 havendo pluralidade de devedores, “cada um será obrigado pela dívida toda” (art. 259, e parágrafo único, CC). Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub- roga-se no direito do credor em relação
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