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Extração de Óleos Essenciais e sua Análise

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QUI 136 – QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL I – 2012/II
	EXPERIMENTO 
6
	EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS ATRAVÉS DE DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR E SUA ANÁLISE POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD)
1. INTRODUÇÃO
Os óleos essenciais são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, odoríferas e líquidas. A denominação “óleo essencial” está relacionada à aparência oleosa (à temperatura ambiente) e ao aroma agradável e intenso (essências) dessas misturas. 
Além das funções biológicas (inibidores de germinação, proteção contra predadores, atração de polinizadores, proteção contra a perda de água e aumento de temperatura, entre outras), os óleos essenciais têm importância econômica e medicinal. Atualmente, existem pelo menos 200 óleos essenciais de importância econômica. 
Os óleos essenciais são encontrados, frequentemente, nas glândulas ou nos espaços intercelulares dos tecidos de plantas. Eles podem ocorrer em todos os órgãos das plantas (flores, folhas, cascas dos caules, raízes, frutos, sementes, etc), mas são encontrados com maior frequência nas folhas, sementes e flores. Sua composição química, características físico-químicas e odores podem variar com a localização na planta.
Os óleos essenciais são misturas que podem conter mais de 300 substâncias dentre elas hidrocarbonetos, álcoois, compostos carbonilados e ésteres. Os componentes dos óleos essenciais usualmente pertencem a dois grupos de produtos naturais: terpenos (ou terpenóides) e fenilpropanóides.
Os produtos naturais são classificados em função da rota metabólica pela qual são obtidos e não por seus grupos funcionais. Os terpenos são biossintetizados a partir do isopentenilpirofosfato (IPP) e do ácido mevalônico. O IPP é isomerizado a dimetilalilpirofosfafo (DMAPP) (Figura 1, p.2). 
Figura 1. Biossíntese de terpenos.
Várias unidades de IPP e DMAP combinam-se dando origem a compostos que possuem número de átomos de carbonos múltiplo de cinco. As unidades se juntam formando estruturas abertas ou cíclicas. Desta forma, os terpenos podem ser classificados em monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), sesterterpenos (C25), triterpenos (C30) e tetraterpenos (C40). 
Um aspecto histórico relativo aos terpenos merece destaque nesse ponto. Antes do conhecimento dos detalhes da rota metabólica envolvida na biossíntese dos terpenos, acreditava-se que essas substâncias seriam formadas por unidades de isopreno (Figura 2). Como resultado deste fato, foi formulada uma regra para a classificação dos terpenos, chamada de regra do isopreno.
Figura 2. Estrutura do isopreno.
A regra do isopreno estabelece que um terpeno deva ser divisível, pelo menos formalmente, em unidades de isopreno. As estruturas de alguns terpenos, juntamente com uma divisão formal de suas estruturas em unidades isopreno, são apresentadas na Figura 3, p.3.
Figura 3. Alguns terpenos constituintes de óleos essenciais.
	Os fenilpropanóides são compostos aromáticos que tem como base um esqueleto de fenilpropano e são biossintetizados através de uma via bioquímica chamada de via do ácido chiquímico. Eles são estruturalmente relacionados a alguns aminoácidos comuns, como fenilalanina e tirosina (Figura 4). O ácido caféico, que é um dos constituintes do café, é um exemplo de um fenilpropanóide. 
Figura 4. Fenilpropanóides e aminoácidos estruturalmente relacionados.
Descreve-se a seguir aspectos importantes sobre os óleos essenciais que serão extraídos e analisados neste experimento.
1.1. ÓLEO ESSENCIAL DE CRAVO
O cravo é uma planta usada como tempero desde a antiguidade. Ela também é utilizada, há mais de 2.000 anos, para fins medicinais, pois apresenta propriedades antiséptica, bactericida e anestésica.
Os principais consumidores mundiais de cravo são os habitantes da Indonésia, responsável pelo consumo de mais de 50 % da produção mundial. Neste país, o principal uso do óleo essencial de cravo é na aromatização de cigarros.
O conteúdo total de óleo em cravos pode chegar a 15 %. O óleo é constituído, basicamente, por eugenol (70 a 80%), acetato de eugenol (15%) e (-cariofileno (5 a 12%) (Figura 5). Os dois primeiros são fenilpropanóides e o último é um sesquiterpeno.
Figura 5. Constituintes majoritários do óleo essencial de cravo.
1.2. ÓLEO ESSENCIAL DE EUCALIPTO
Entre as aproximadamente 600 espécies de eucaliptos descritas, pouco mais de 200 foram examinadas com relação à produção e ao teor de óleo essencial e menos de 20 têm sido usadas na exploração comercial. No Brasil, as principais espécies cultivadas para a produção de óleo são Eucalyptus globulus, Eucalyptus citriodora e Eucalyptus staigeriana. E. globulus é a principal espécie utilizada para obtenção de óleo essencial com fins medicinais. Já a espécie E. citriodora é usada para se obter óleo para indústria de perfumes. 
Com relação ao óleo essencial de E. citriodora, os rendimentos variam de 1-1,6 %, ou seja, para cada tonelada de folhas, 10-16 kg de óleo essencial são obtidos. A concentração do seu componente principal, o citronelal (Figura 6), varia entre 65-85 %.
Figura 6. Fórmula estrutural do citronelal, o componente principal do óleo essencial de Eucalyptus citirodora.
1.3. ÓLEO ESSENCIAL DE LIMÃO
	O óleo essencial obtido de cascas de limão é composto basicamente por monoterpenos. Em pesquisas realizadas com folhas e cascas de limão das espécies Citrus limon (limão siciliano) e C. aurantifolia (limão taiti e galego), determinou-se que nos óleos essenciais das cascas dessas espécies a quantidade de substâncias olefínicas é maior que a de substâncias oxigenadas. O limoneno é o principal constituinte de todos esses óleos, cuja concentração varia de 39,9 a 94,4 %. Dentre os terpenos oxigenados, (-terpineol, linalol, acetato de linalila, neral, geranial, acetato de nerila e acetato de geranila estão presentes em praticamente todas as amostras. A Figura 7 apresenta alguns terpenos constituintes do óleo de limão.
Figura 7. Estruturas químicas de alguns terpenos constituintes do óleo essencial de limão.		
1.4. MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS
Os métodos de extração de óleos essenciais variam conforme a localização do óleo volátil na planta e com a proposta de utilização do mesmo. 
Existem vários métodos de extração de óleos essenciais. Dependendo do método empregado para extração de um óleo essencial, suas características químicas poderão ser totalmente alteradas. O calor e a pressão usados no ato da extração podem, por exemplo, interferir na qualidade final do óleo essencial, pois no momento da extração as moléculas sensíveis de um princípio ativo podem ser quebradas e oxidadas em produtos de menor eficácia, ou às vezes, até tóxicos. Um exemplo é o óleo de bergamota que perde bergapteno (furanocumarina que causa manchas de pele) se destilado e não extraído por prensagem a frio das cascas. Métodos mais rápidos de extração podem reduzir o custo de um produto. No entanto, conforme o óleo a ser extraído, isso poderá alterar drasticamente suas qualidades terapêuticas para um tratamento. 
As técnicas mais comuns de extração são: enfloração (enflurage), destilação por arraste de vapor d’água; prensagem; extração com solventes orgânicos (de forma contínua ou descontínua) e extração por dióxido de carbono (CO2) supercrítico. Hoje com a tecnologia disponível, os óleos essenciais podem ser extraídos com alta pureza e concentração. É o caso da extração por CO2 que permite a obtenção de um produto final de extrema pureza e qualidade. 
1.4.1. DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR
A destilação por arraste de vapor é o método mais comum de extração de óleos essenciais. Normalmente é empregado para obtenção de óleos essenciais a partir de folhas e ervas, mas nem sempre é indicado para extrair-se o óleo essencial de sementes, raízes, madeiras e algumas flores. 
As partes frescas ou secas da planta são colocadas em contato com a água ou vapor d’água (Figuras 8 e 9, p.7). O vapor d’água forçaa quebra das bolsas intercelulares ou a abertura das paredes celulares, fazendo liberar os óleos essenciais presentes na planta. Os óleos voláteis apresentam pressão de vapor mais elevada que a da água, sendo, por isso, arrastadas pelo vapor d'água. Então, a água e óleo são condensados. Nesse produto de saída pode se notar a presença de duas fases, óleo na parte superior e a água na fase inferior. As fases são separadas por um processo de decantação ou por extração líquido-líquido (vide Experimento 3 para revisão dos conceitos sobre extração líquido-líquido). A água que sobra deste processo recebe o nome de água floral, destilado, hidrosol ou hidrolato. O óleo essencial extraído deve ser seco com um agente secante.
Figura 8. Destilação por arraste de vapor pelo método direto.
	
	
Figura 9. Destilação por arraste de vapor pelo método indireto.
	De modo geral, a destilação por arraste de vapor é utilizada para: separar líquidos imiscíveis com o solvente de arraste; isolar e purificar sólidos que sejam insolúveis a frio e solúveis a quente no solvente de arraste; separar ou purificar líquidos que se decompõem na temperatura de ebulição a pressão atmosférica; e, para extrair óleos essenciais. 
	A destilação por arraste de vapor se baseia no fato de que quando dois ou mais componentes imiscíveis ou levemente miscíveis formam uma mistura, a pressão de vapor total acima da mistura será a soma das pressões de vapor que esses componentes exerceriam se estivessem sozinhos. 
	Quando uma mistura de líquidos imiscíveis é destilada, ela entra em ebulição no momento em que a pressão de vapor da mistura (ou a soma das pressões de vapor das substâncias) se iguala à pressão externa (geralmente, a pressão atmosférica). Portanto, a temperatura na qual uma mistura destila é menor do que o ponto de ebulição de qualquer componente puro. Quando se usa água como um dos componentes na destilação por arraste de vapor, a destilação dos compostos orgânicos ocorre a uma temperatura inferior a 100 (C.
	A composição do destilado, ou seja, a relação dos dois líquidos será diretamente proporcional às suas pressões de vapor. Além disso, quanto maior a pressão de vapor de uma dada substância, menor a quantidade de vapor de água necessária para destilar certa massa dessa substância. Por isso a destilação por arraste de vapor é um método eficiente para obtenção dos constituintes voláteis que compõem os óleos essenciais com alto rendimento.
	As únicas restrições para que a destilação por arraste de vapor possa ser usada são que: as substâncias a serem “arrastadas” devem ser imiscíveis ou apenas levemente solúveis em água; essas substâncias não podem reagir com a água; e, elas devem exercer alguma pressão de vapor, mesmo que pequena, a 100 (C. 
	As Figuras 8 e 9 (p.7) mostram duas montagens utilizadas na destilação por arraste de vapor. A principal diferença entre elas é na geração do vapor. No método direto (Figura 8, p.7), não há um balão gerador de vapor. O vapor é gerado in situ no próprio balão de destilação. Nesse caso, pode-se adicionar a quantidade total de água que será usada na destilação por arraste de vapor ou adicioná-la por um funil de adição, que tem a vantagem de evitar a interrupção da destilação para reposição do líquido de arraste. No método indireto (Figura 9, p.7), o vapor é gerado em outro balão, que funciona como uma caldeira. Esse método é mais usado quando o material é sensível ao calor.
	Quando se realiza a destilação por arraste de vapor para extração de óleos essenciais a partir de material vegetal, recomenda-se que o material sólido seja macerado ou cortado em pequenas partes logo antes da destilação. Esse procedimento aumentará a superfície de contato do material e assim diminuirá o tempo necessário para a obtenção do óleo essencial.
1.5. CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA
A cromatografia é definida como um método físico-químico de separação dos componentes de uma mistura, que é realizada através da distribuição de tais componentes entre duas fases, uma estacionária e outra móvel, que estão em contato íntimo. A fase estacionária é fixa e possui grande área superficial, enquanto a fase móvel é um fluido que percola através da fase estacionária. O termo cromatografia origina-se das palavras gregas chrom (cor) e graphe (escrever), pois era inicialmente uma técnica para separação de misturas de substâncias coloridas.
Existem vários critérios para a classificação das técnicas cromatográficas, dentre eles: mecanismo de separação, técnica empregada, tipo de fase móvel. O critério mais importante para classificação das cromatografias baseia-se no mecanismo de separação.
Todos os métodos cromatográficos dependem basicamente das solubilidades ou das adsortividades diferenciais das substâncias, que constituem a mistura, em relação às fases estacionária e móvel. 
Quando a fase estacionária é líquida, o processo ocorre por adsorção ou partição e, portanto, está baseado na solubilidade dos componentes de uma dada mistura na fase estacionária e na fase móvel. Por exemplo, quando se tem uma fase móvel líquida na qual está dissolvido um analito, movendo-se através da fase estacionária, o analito se moverá mais ou menos rápido, dependendo da relação de solubilidade na fase móvel e na fase estacionária. Este fenômeno é conhecido como partição. Assim, este tipo de cromatografia envolve a partição da amostra entre duas fases líquidas imiscíveis, devido à diferença de solubilidade dos componentes da amostra entre as fases. Neste tipo de cromatografia geralmente a fase estacionária é a água.
Cromatografia com fase estacionária líquida normalmente requer um suporte, que pode ser, por exemplo, sílica gel, celite (terra diatomácea) ou celulose. O tipo mais simples dessa cromatografia é a cromatografia em papel, na qual a água (fase estacionária) fica presa sobre os polímeros de celulose. O papel pode conter de 5 – 20 % de água. As técnicas mais sofisticadas desse tipo envolvem a cromatografia gás-líquido.
Quando a fase estacionária é sólida, o principal mecanismo de separação está baseado no fenômeno de adsorção. O sólido utilizado como fase estacionária pode ser qualquer material que não se dissolva na fase líquida. As fases estacionárias mais comuns são sílica gel (SiO2.xH2O) e alumina Al2O3.xH2O, que são utilizados na forma pulverizada. 
A adsorção da amostra ocorre na interface entre as fases móvel e estacionária, devido à presença de grupos ativos na superfície da fase sólida. Por exemplo, se alumina finamente dividida é utilizada como fase estacionária (Figura 10, p.11), as substâncias orgânicas irão adsorver (aderir) nas partículas de sólido. Forças intermoleculares de intensidades diferentes estão envolvidas no processo de adsorção: atração eletrostática (íon-íon), forças de van der Waals, interações dipolo-dipolo, ligações de hidrogênio, etc. A Figura 10 (p.11) ilustra estes tipos de interação. Por conveniência, a Figura 10 mostra somente uma parte da estrutura da alumina. Interações semelhantes ocorrem com sílica gel. 
A força de interação varia, deste modo, com os tipos de compostos. Quanto mais polar o composto, maior a sua interação com a alumina e com a sílica gel.
O equilíbrio de distribuição das moléculas sobre a superfície da fase estacionária sólida é dinâmico, com moléculas sendo constantemente adsorvidas e dessorvidas. Esse equilíbrio e as diferenças de adsorção entre os compostos de uma mistura são a base do processo de separação cromatográfica.
Figura 10. Principais tipos de interações entre compostos orgânicos e alumina.
Uma classificação bastante comum dos métodos cromatográficos baseia-se na geometria da superfície na qual a separação ocorre: se dentro de um tubo (de vidro ou metal), a cromatografia é denominada em coluna; se em uma superfície plana (placa de vidro ou metal impregnada com a fase estacionária ou então uma folha de papel de filtro embebida com solvente), a cromatografia é planar.
A cromatografia em camada delgada (CCD) é um caso particularde cromatografia planar e de adsorção. Na química orgânica, a CCD é utilizada, principalmente como uma ferramenta eficaz de análise qualitativa da pureza de uma amostra, avaliação do número de componentes de uma mistura, determinação da identidade de uma amostra por comparação com um padrão, identificação de uma ou mais substâncias presentes em uma mistura por comparação com padrões, monitoramento do progresso de uma reação química, escolha de uma fase móvel apropriada para uma separação cromatográfica em coluna e monitoramento de uma separação por cromatografia em coluna.
	A CCD consiste em uma fase estacionária sobre uma placa (de vidro, alumínio ou material plástico), na qual se aplica a amostra (Figura 11, p.12). Realiza-se a eluição da placa de forma ascendente em uma câmara fechada (Figura 12, p.12), chamada de cuba cromatográfica, contendo a fase móvel apropriada.
Figura 11. Aplicação de uma amostra em placa cromatográfica.
Figura 12. Cuba cromatográfica para eluição da placa de CCD.
1.5.1. ASPECTOS PRÁTICOS DA CCD
Placas de CCD
	As principais fases estacionárias utilizadas na CCD são sílica gel, alumina, sílica gel de fase reversa, celulose e poliamida. Essas fases são impregnadas sobre placas de vidro, plástico ou alumínio. 
	As placas de CCD podem ser adquiridas comercialmente ou ser preparadas em laboratório. Nesse último caso, elas devem ser secas ao ar e, então, “ativadas” em estufa a 110-120 ºC, durante 1 hora. As placas devem ser guardadas em lugares onde a atmosfera seja a mais seca possível.
Aplicação das amostras
 	As amostras a serem analisadas por CCD devem ser previamente dissolvidas em solvente orgânico volátil. A aplicação dessa solução sobre a placa cromatográfica deve ser efetuada a aproximadamente 1 cm de sua base inferior (Figura 11, p.12).
	Nessa aplicação, pode-se utilizar um tubo capilar, cuja extremidade inferior esteja uniformemente seccionada. O capilar não pode danificar a fina camada de adsorvente, pois os resultados não serão reprodutíveis.
	Quando mais de uma amostra for aplicada sobre uma mesma placa, os pontos de aplicação devem ser separados por, no mínimo, 1 cm.
Desenvolvimento do cromatograma (Eluição)
	Após a aplicação da amostra sobre a placa, ela deve ser introduzida em uma cuba cromatográfica contendo a fase móvel apropriada. 
	A altura da fase móvel na cuba não pode ultrapassar o ponto de aplicação da amostra na placa. Para que bons resultados sejam obtidos na CCD, é necessário que a cuba fique saturada com vapores da fase móvel. Para isso, as paredes laterais internas da cuba devem ser recobertas com papel filtro (Figura 12, p.12).
	Uma vez introduzida a placa na cuba cromatográfica, o solvente ascenderá, por capilaridade, até a extremidade superior. Ao ascender, o solvente arrastará mais os compostos menos adsorvidos na fase estacionária, separando-os dos compostos mais adsorvidos. A placa deve ser retirada da cuba um pouco antes da frente do solvente alcançar a extremidade superior da placa. 
Após a eluição da placa, seca-se a placa por simples exposição ao ar ou com um secador de ar quente. Como a maioria dos compostos orgânicos é incolor, deve-se realizar a revelação da placa cromatográfica.
Um exemplo de cromatograma final é mostrado na Figura 13, p.14. Nessa figura, pode-se observar que a amostra continha dois componentes: o componente 1, que ficou mais adsorvido à fase estacionária, e o 2, que ficou menos adsorvido à fase estacionária, tendo uma maior afinidade pela fase móvel. Se, para esse exemplo, a fase estacionária fosse sílica, a conclusão que se poderia chegar é que a substância 1 era mais polar que a substância 2. 
Na Figura 13, são apresentados os valores de Rf (fator de retenção) para os componentes 1 e 2. O Rf é definido como a razão entre a distância X percorrida por um dado componente da amostra (desde o ponto de aplicação até o centro da mancha) e a distância Y percorrida pelo solvente (desde o ponto de aplicação até a linha final de avanço do solvente). 
	
Figura 13. Exemplo de cromatograma e de cálculo de Rf.
	O valor de Rf é um número adimensional, que pode variar entre 0 e 1. Dentro dessa faixa, substâncias com pequenos valores de Rf possuem maior afinidade pela fase estacionária, e substâncias com valores de Rf próximos a 1 possuem maior afinidade pela fase móvel do que pela fase estacionária.
	Embora seja característico de cada substância, o valor de Rf pode sofrer alterações devido a condições experimentais (variação de fase estacionária, eluente, temperatura, etc). Portanto, para fins comparativos, é essencial realizar a análise sob as mesmas condições.
Escolha da fase móvel
	A escolha da fase móvel adequada para uma determinada separação por CCD é uma tarefa trabalhosa, para qual não existem regras fixas. Entretanto, considerando-se os conceitos básicos de polaridade de moléculas orgânicas e, através da experiência adquirida no trabalho de laboratório, a escolha da fase móvel se torna mais fácil.
	Para se obter um bom cromatograma por CCD, o composto deve alcançar uma altura entre a metade e 2/3 da placa. Na Figura 14(a), a fase móvel (também chamada de eluente) é tão pouco polar, que os dois componentes da amostra têm muita afinidade pela fase estacionária e nenhuma pela fase móvel. Na Figura 14(c), a situação é totalmente oposta, ou seja, como a polaridade do eluente é muito alta, os dois componentes têm igual afinidade pela fase móvel, percorrendo a placa cromatográfica juntamente com a linha de frente do solvente. Assim, não se observa separação alguma.
	Na Figura 14(b), têm-se o eluente ideal, ou seja, com polaridade intermediária, que permite a interação das substâncias tanto com a fase móvel quanto com a fase estacionária. Isto permite a diferenciação entre as interações dos dois componentes pelo eluente e fase estacionária, causando a separação.
Figura 14. Escolha da fase móvel.
	Nos casos em que a utilização de solventes puros não é suficientemente eficaz para se obter a separação desejada, pode-se usar mistura de solventes. A Tabela 1 (p.15) mostra alguns solventes em ordem crescente de polaridade.
Tabela 1. Poder de eluição de alguns solventes
Reveladores
	Como a maioria das substâncias orgânicas é incolor, após a eluição e secagem da placa cromatográfica, ela deve ser revelada. Os reveladores mais comuns são: luz ultravioleta (UV), iodo, e reagentes químicos (ácido fosfomolibídico, solução de permanganato de potássio, etc).
	Para a placa ser revelada em câmara UV, a fase estacionária deve conter substâncias fluorescentes, na concentração de aproximadamente 1%. A substância fluorescente absorverá luz na região do ultravioleta (( = 254 nm) e emitirá luz em outra região do espectro. Essa emissão tem uma coloração característica esverdeada e brilhante. Assim, os locais onde houver substâncias orgânicas, principalmente aquelas contendo duplas ligações conjugadas ou sistemas aromáticos, impedirão a emissão de luz, aparecendo como manchas escuras. 
	Outra forma de revelação é introduzir a placa cromatográfica em uma câmara contendo cristais de iodo. Este, na forma de vapor, interage com os compostos orgânicos insaturados da placa, resultando em manchas de coloração marrom. Normalmente a interação com o iodo é reversível. A placa revelada dessa maneira deixada em repouso por algum tempo resulta no desaparecimento das manchas e pode ser revelada por outros métodos químicos. Somente compostos orgânicos que interagem com o iodo podem ser revelados dessa forma. Compostos, saturados, por exemplo, não se revelam e devem ser visualizados utilizando outros reagentes químicos, que constituem métodos destrutivos de revelação.
	Os métodos destrutivos de revelação consistem usualmente na oxidação dos compostos orgânicos que estão sobre a superfície da placa, utilizando-se oxidantes fortes e às vezes temperaturas elevadas. Exemplos desses reagentes são o ácido fosfomolíbdico e o permanganato de potássio. Esses reveladoressão preparados na forma de solução, que é aspergida sobre a placa. A placa deve ser então aquecida em estufa, chapa de aquecimento ou com soprador térmico. As substâncias orgânicas serão oxidadas e reveladas na forma de pontos escuros.
	Além dos reveladores de aplicação geral, existem reveladores que detectam apenas alguns compostos contendo certos grupos funcionais. Solução de 2,4-dinitrofenilidrazina, por exemplo, produz manchas amarelo-avermelhadas quando o composto possui função aldeído e/ou cetona, e o reagente de Dragendorff origina manchas alaranjadas na presen~ca de alcalóides. A Tabela 2 descreve alguns reveladores gerais e específicos.
Tabela 2. Reveladores para CCD
	Reagente
	Revelador
	Vanilina/H2SO4
	Universal
	Ácido fosfomolibídico
	Universal
	Ninidrina
	Específico: aminas
	Anisaldeído
	Específico: compostos carbonílicos
	Ftalato de anilínio
	Específico: açúcares redutores
2. OBJETIVOS
	A presente experiência tem os seguintes objetivos:
	- aprendizagem da técnica de destilação por arraste de vapor e da cromatografia em camada delgada (CCD);
	- extração de óleos essenciais (de cravo, eucalipto e limão) por destilação por arraste de vapor;
	- caracterização dos óleos essenciais por CCD e por testes químicos.
3. MATERIAL E REAGENTES
	- adaptador de vácuo
	- água de bromo
	- balão de fundo redondo de 100 e 250 mL
	- botões de cravo
	- béquer de 50 mL
	- diclorometano
	- cabeça de destilação
	- cascas de limão
	- capilares para cromatografia
	- éter dietílico
	- cápsula de porcelana
	- folhas de eucalipto
	- chapa de aquecimento
	- glicerina
	- condensador de Liebig
	- hexano
	- cuba cromatográfica
	- solução de ácido fosfomobídico
	- erlenmeyer de 125 mL
	- solução de 2,4-dinitrofenilidrazina
	- funil de vidro 
	- solução de permanganato de potássio 1%
	- funil de separação de 250 mL
	- sulfato de magnésio anidro
	- lâmpada para revelação no UV
	
	- mangueiras de látex
	
	- placas cromatográficas de sílica
	
	- pipeta Pasteur
	
	- proveta de 10 mL
	
	- termômetro (0-200 ºC), com e sem junta esmerilhada
	
	- tubos de ensaio
	
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTA
4.1. EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS
a) Faça a montagem necessária para uma destilação por arraste de vapor pelo método direto (Figura 8, p.7) ou para uma destilação simples (Experimento 5, Figura 1). Abra a torneira e regule a saída de água até que se estabeleça um fluxo contínuo de água pelo condensador.
b) Coloque 10 g do material vegetal (botões de cravo da índia ou folhas de eucalipto) no balão de fundo redondo de 250 mL e adicione água destilada até completar, no máximo, 2/3 do balão. No caso dos limões, utilizam-se as cascas obtidas de dois limões. Descasque os limões de modo a não permitir a presença de bagaço e suco.
c) Inicie a destilação, aquecendo a mistura em banho de glicerina. Observe as mudanças ocorridas na mistura. 
d) Recolha 50 mL de destilado em um balão de fundo redondo de 125 mL. Separe 10 mL desse destilado em um béquer, para a realização de testes químicos (seção 4.3), e transfira o restante do destilado para um funil de separação.
e) Ao funil de separação, adicione 10 mL de diclorometano e agite suavemente, tomando o cuidado em aliviar a pressão interna, como descrito no Experimento 3. Essa operação deve ser feita em capela de exaustão. Deixe o sistema em repouso até que ocorra a separação completa das fases. Recolha a fase orgânica em um erlenmeyer de 125 mL previamente identificado como FO. Lembre-se que, nesse caso, a FO será a inferior.
f) Adicione mais 10 mL de diclorometano à fase aquosa contida no funil de separação e repita o procedimento de extração líquido-líquido. Recolha a fase orgânica no mesmo erlenmeyer identificado como FO.
g) Adicione sulfato de sódio anidro à solução do erlenmeyer FO em quantidade suficiente para que a fase orgânica fique seca. Filtre, então, a fase orgânica seca por gravidade.
4.2. ANÁLISE POR CCD
a) Aplique em três placas cromatográficas distintas, a amostra de destilado obtida no item 4.1. A aplicação deve ser realizada com o auxílio de capilar e da forma descrita na seção 1.5.1 (p.12) e ilustrada na Figura 11 (p.12). 
b) Prepare a fase móvel, misturando hexano e éter dietílico na proporção 2:1 (v/v). Elua, separadamente, as placas em câmara cromatográfica, conforme descrito na seção 1.5.1 (p.12) e ilustrado na Figura 12 (p.12). 
c) Após o término da eluição, retire a placa da cuba cromatografia e marque com um lápis a distância percorrido pelo solvente. Deixe o solvente evaporar da placa e observe-a placa em câmara de luz ultravioleta. Marque com um lápis as manchas observadas na placa.
d) Separadamente, revele as placas cromatográficas com solução de ácido fosfomolíbdico, solução de permanganato de potássio e solução de 2,4-dinitrofenilidrazina.
e) Faça o desenho de cada uma das placas reveladas e marque a distância percorrida pela substância. Compare os resultados obtidos com o uso de cada revelador.
4.3. TESTES QUÍMICOS 
4.3.1. ENSAIO DE BAYER
	Em um tubo de ensaio, coloque 1 mL de solução aquosa de permanganato de potássio (1%) e adicione 3 mL do destilado, que foi reservado para testes químicos. Observe as mudanças ocorridas na mistura.
4.3.2. ENSAIO COM A ÁGUA DE BROMO
Em um tubo de ensaio, coloque 1 mL de solução aquosa de bromo (água de bromo) e adicione 3 mL do destilado, que foi reservado para testes químicos. Observe as mudanças ocorridas na mistura.
4.3.3. ENSAIO COM SOLUÇÃO DE 2,4-DINITROFENILIDRAZINA
Em um tubo de ensaio, coloque 3 mL de solução de 2,4-dinitrofenilidrazina e adicione 1 mL do destilado, que foi reservado para testes químicos. Observe as mudanças ocorridas na mistura.
5. QUESTÕES
1) Faça um desenho das placas cromatográficas revelada em câmara de UV. Faça o mesmo após a revelação das placas com os diferentes agentes reveladores. Determine os valores de Rf para as substâncias reveladas nas placas cromatográficas. Qual a utilidade em se revelar as placas com diferentes reagentes? 
2) Com base nas informações sobre a constituição química de cada óleo essencial, indique quais das substâncias apresentadas nas Figuras 5, 6 e 7 são quirais.
3) Considere uma mistura constituída por bifenila, ácido benzóico e álcool benzílico (ver estruturas a seguir). 
A mistura é submetida à análise por CCD. Coloque as substâncias em ordem crescente de Rf na CCD. 
4) Uma mistura contendo um ácido dicarboxílico e um ácido tricarboxílico foi analisada por CCD, utilizando como eluente a acetona. Entretanto, verificou-se que, após a eluição, a mancha da mistura continuava retida no ponto de aplicação. O que se pode fazer nesse caso, para se conseguir uma análise cromatográfica que forneça a separação dos componentes da mistura? 
5) Quais são os grupos funcionais que podem ser identificados pelos ensaios com água de bromo, solução de Baeyer e solução de 2,4-dinitrofenilidrazina? Escreva as equações químicas das reações envolvidas quando esses reagentes são utilizados.
6. BIBLIOGRAFIA
Barbosa, L.C.A. “Introdução à Química Orgânica”. Editora Pearson, 2a ed., São Paulo, 2004.
Collins, C.H.; Braga, G.L.; Bonato, P.S. “Fundamentos de Cromatografia”, Editora UNICAMP, Campinas, 2006.
Demuner, A.J.; Maltha, C.R.A.; Barbosa, L.C.A.; Peres, V. “Experimentos de Química Orgânica”. Editora UFV, 2ª ed, Viçosa, 2004.
Dias, A.G.; da Costa, M.A.; Guimarães, P.I.C. “Guia Prático de Química Orgânica. Volume I – Técnicas e Procedimentos: Aprendendo a Fazer”. Editora Interciência, Rio de Janeiro, 2004.
Lanças, F.M. “Cromatografia Líquida Moderna”. Editora Átomo, Campinas, 2009. 
Marques, J.A.; Borges, C.P.F. “Práticas de Química Orgânica”. Editora Átomo, Campinas, 2007.
Pavia D.L.; Lampman, G.M.; Kriz, G.S.; Engel, R.G. “Química Orgânica Experimental – técnicas de escala pequena”. Editora Bookman, 2ª ed, São Paulo, 2009.
Silva, R.S.; Ribeiro, C.M.R.; Borges, M.N.;Blois, G.S.O. “Óleo essencial de limão no ensino de cromatografia em camada delgada”. Quim. Nova, 32(8): 2234-2237, 2009.
Simões, C.M.O.; Schenkel, E.P.; Gosmann, G.; Mello, J.C.P.D.; Mentz, L.A.; PETROVICK, P.R. “Farmacognosia – da planta ao medicamento”. Ed. UFRGS, Porto Alegre, 5a ed, 2003. 
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