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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO FÁBIO SIMIAO A NOÇÃO DE MATRIZ NA TRANSIÇÃO ENTRE O ENSINO MÉDIO E O SUPERIOR SÃO PAULO 2010 UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CONSELHO DA PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FÁBIO SIMIAO A NOÇÃO DE MATRIZ NA TRANSIÇÃO ENTRE O ENSINO MÉDIO E O SUPERIOR Dissertação apresentada como exigência parcial à Banca Examinadora da Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN, para a obtenção do título de Mestre em Educação Matemática, sob a orientação da Prof.ª Dra. Tânia Maria Mendonça Campos e co-orientação da Prof.ª Dra. Marlene Alves Dias SÃO PAULO 2010 S61n Simiao, Fábio A noção de matriz na transição entre o ensino médio e o superior / Fábio Simião - São Paulo: [s.n.], 2010. 323 f. il. ; 30 cm. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, Universidade Bandeirante de São Paulo, Curso de Educação Matemática. Orientadora: Profª. Drª. Tânia Maria Mendonça Campos. Co-Orientadora: Profª. Drª. Marlene Alves Dias. 1. Matrizes 2. Licenciatura em Matemática 3. Mudança de quadro I. Título CDD: 512.9434 ii FÁBIO SIMIÃO A NOÇÃO DE MATRIZ NA TRANSIÇÃO ENTRE O ENSINO MÉDIO E O SUPERIOR DISSERTAÇÃO APRESENTADA À UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO COMO EXIGÊNCIA DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Presidente e Orientador Nome: Professora Doutora Tânia Maria Mendonça Campos Titulação: Doutora em Matemática Instituição: Universidade Bandeirante de São Paulo Assinatura: _________________________________________________ 2ª Examinador Nome: Professora Doutora Divanizia do Nascimento Souza Titulação: Doutora em Tecnologia Nuclear Instituição: Universidade Federal de Sergipe Assinatura: _________________________________________________ 3ª Examinador Nome: Professora Doutora Monica Karrer Titulação: Doutora em Educação Matemática Instituição: Universidade Bandeirante de São Paulo Assinatura: _________________________________________________ Biblioteca Bibliotecário:_______________________________________________ Assinatura:________________________________ DATA ___/___/___ . São Paulo, ___ de __________ de ____. iii Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. Assinatura:________________________________ Local e Data:___________________ iv Ao meu amado pai José Simião Filho. v AGRADECIMENTOS I À Professora Doutora Tânia Maria Mendonça Campos, pelos apontamentos efetuados no decorrer do curso, pelo apoio que acredito ter ultrapassado as orientações acadêmicas, por suas palavras e cobranças que me conduziram a novos paradigmas. À Professora Doutora Marlene Alves Dias, pelas horas de coorientação, pelo carinho, pela compreensão, pela condução do caminho a ser percorrido e pelas observações no decorrer desta trajetória, compartilhando comigo sua experiência e sabedoria. À Professora Doutora Mônica Karrer e à Professora Doutora Divanizia do Nascimento Souza, pelas valiosas contribuições oferecidas a esta pesquisa. A todos os professores do Projeto de Mestrado em Educação Matemática da Universidade Bandeirante de São Paulo, em especial aos professores Doutora Angélica da Fontoura Garcia Silva, Doutor Alessandro Jacques Ribeiro, Doutora Maria Elisabette Brisola Brito Prado, Doutora Silmara Alexandra da Silva, Doutora Vera Helena Giusti de Souza e Doutor Vincenzo Bongiovanni, pelos momentos de atenção, carinho e observação. A toda a Secretaria de Pós-Graduação da Uniban – Campo de Marte, em especial aos profissionais Fabrício Flores e Guilherme Galvão de Menezes, pelo serviço prestado aos estudantes e aos professores. À Biblioteca da Uniban – Campo de Marte, representada pela Bibliotecária Antônia Irene Bié Alexandre de Azambuja, pelo excelente trabalho prestado e pela atenção dada a todos os estudantes. A presença de todos foi importante para finalização desta dissertação. O autor. vi AGRADECIMENTOS II Aos meus familiares, em especial à minha Mãe Maria Teresinha Simião, às minhas irmãs Márcia Cristina Simião e Mércia Regina Simião, à minha Companheira Ruth Martins da Silva e a meu Filho Gustavo Martins Simião, pelos momentos de colaboração com o meu estudo. Aos meus amigos e colegas que me conduziram, me compreenderam e me apoiaram, em especial, Celso Aparecido Alves, Ed Carlos Luiz da Silva, Eliezer Antônio da Silva, Elvis Ferreira Duarte, José Valdo Souza de Santana, Kleber Aparecido Guilherme Oliveira, Lucia Helena Nobre Barros, Marcio Dorigo, Paulo Pagano, Raquel Factori Canova e Sirlene Neves de Andrade. A todos os professores do meu “Primeiro Grau” (Escola Estadual Professor Francisco Antonio Martins Junior) e do “Colegial” (Escola Estadual Doutor Luiz Arrobas Martins), que mesmo sem condições não mediram forças para nos ensinar. A todos os professores do Ensino Superior, que me ajudaram em todos os sentidos, em especial aos Professores do Curso de Matemática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que me ensinaram a refletir e a buscar o significado. Ao Professor Mestre Fausto Hossamu Mizutani, por suas significativas aulas de Física Geral; acredito que estas foram importantes para minha vida. À Professora Doutora Vera Lucia Antonio Azevedo, por sua articulação matemática, pela amizade e orientação ao meu trabalho de conclusão de Bacharelado em Matemática e pela imensa ajuda para consecução deste trabalho. A todos que contribuíram em alguma medida para minha formação e para a construção desta pesquisa. O autor vii AGRADECIMENTOS III A todas as Escolas Estaduais do Estado de São Paulo em que trabalhei como professor e coordenador pedagógico, em especial, à Escola Estadual Professor Humberto Alfredo Pucca, à Escola Estadual Professor João Silva, à Escola Estadual Pastor Cícero Canuto de Lima, à Escola Estadual Professor Francisco Antonio Martins Junior, à Escola Estadual Professor Orlando Mendes de Moraes, à Escola Estadual Professora Amélia Kerr Nogueira e à Escola Estadual Oswald de Andrade. À Diretoria de Ensino Sul 2, pelo competente trabalho realizado em sua jurisdição, em especial à Dirigente Regional de Ensino Maria Ligia Fernandes Branco; aos supervisores de ensino; aos professores coordenadores pedagógicos; aos assistentes técnicos; e a todos os funcionários, que me acolheram e me ajudaram. Ao Diretor Professor Valmir Rodrigues e a Vice-diretora Professora Maria Angélica S. Carmo, pelos momentos de atenção e luta. Ao Centro Universitário Anhanguera Educacional - Unidade Campo Limpo, em especial aos coordenadores de curso, aos professores e aos funcionários, por acreditarem em meu desenvolvimento profissional. Ao Centro de Ensino a Distância de São Paulo, em especial à Professora e Diretora Virginia Christina Torres e à Mantenedora, Professora Silvia Oliveira de Sá, que contribuíram imensamente para o meu progresso profissional. À Professora Leda Maria de S. F. Farah, pelo belo trabalho de correção; desejo ter alcançado suas expectativas, quando mudei algumas colocações. Acredito que o apoio de todos foi fundamental à minha formação profissional e pessoal. O autor viii Todos nós somos capazes de aprender e superar nossas dificuldades. Professora Doutora Tânia Maria Mendonça Campos ix RESUMO SIMIÃO, F. A noção de matriz na transição entre o Ensino Médio e o Ensino Superior. 2010. 323f. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, Universidade Bandeirante de São Paulo, São Paulo, 2010. Nesta pesquisa consideram-se as organizações matemáticas e didáticas associadas à noção de matriz, suas operações e propriedades, com o objetivo de identificar o que se espera como conhecimento prévio, pelo menos mobilizável, desse conteúdo matemático dos estudantes, na transição entre o Ensino Médio e o Superior. Para tanto, analisar-se-ão documentos oficiais, livros didáticos, Caderno do professor e do aluno e propostas institucionais para o desenvolvimento dessa noção no Ensino Médio. Considerar-se-á também qual a importância dessa noção para a disciplina de Álgebra Linear no Ensino Superior. Tal estudo é conduzido por meio de uma grade de análise construída para esse fim, em que se utilizam as ferramentas teóricas escolhidas como referência para esta pesquisa. Os resultados da análise mostram que a noção de matriz, suas operações e propriedades são trabalhadas, enquanto ferramenta explícita, para o desenvolvimento de tarefas associadas a outras noções matemáticas no Ensino Médio, e que esse trabalho pode servir de apoio para a introdução da Álgebra Linear em IRn no Ensino Superior. Palavras-chave: licenciatura em Matemática; matrizes; mudança de quadro; níveis de conhecimento; relações institucionais e pessoais. x ABSTRACT SIMIÃO, F. The notion of matrix in the transition from High School to Higher Education. 2010. 323f. Master’s dissertation – Post-graduate program in Mathematics Education, Universidade Bandeirante de São Paulo, São Paulo, 2010. This research considered mathematical and teaching organizations associated to the notion of matrix, its operations and properties, aiming at identifying what is expected as students’ prior, at least mobilized, knowledge of this mathematics concept in the transition from High School to Higher Education. In order to do so, official documents, course books, teachers’ and students’ books as well as institutional proposals for the development of this notion in High School will be analysed. The importance of this notion for the Linear Algebra course in Higher Education will also be considered. Such study is conducted through an analysis grid prepared for this purpose where theoretical tools chosen as reference for this research are used. The results of the analysis reveal that the notion of matrix, its operations and properties are worked as explicit tool for the development of tasks associated to other mathematical notions in High School and that this project can be used as a support for the introduction of linear algebra in R (real numbers) at Higher Education. Key words: Mathematics teaching course; matrices; change of picture; levels of knowledge; institutional and personal relationships. xi LISTA DE ABREVIATURAS AL Álgebra Linear CASP Caderno do Aluno do Estado de São Paulo, referente à Nova Proposta Curricular de 2008 CNLDEM Catálogo Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio CHS Carga Horária DCNEM Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio DCNM Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Matemática, Licenciatura e Bacharelado EFEI-MG Escola Federal de Engenharia Itajubá – Minas Gerais EM Ensino Médio ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudante ES Ensino Superior IMPA Instituto de Matemática Pura e Aplicada OCNEM Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio NPCSP Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo GAV Geometria Analítica e Vetores GA Geometria Analítica INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira MACK Universidade Presbiteriana Mackenzie MEC Ministério da Educação Cultura e Desporto PNELEM Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio PCN Parâmetro Curricular Nacional PCNEM Parâmetro Curricular Nacional para o Ensino Médio PCN+ Parâmetro Curricular Nacional para o Ensino Médio (complementar) SARESP Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo SBM Sociedade Brasileira de Matemática SEE-SP Secretaria da Educação do Estado de São Paulo UNIBAN Universidade Bandeirante de São Paulo USP Universidade de São Paulo UFSCAR Universidade Federal de São Carlos VGA Vetores e Geometria Analítica xii LISTA DE FIGURAS pág Figura 1 Tarefa de vestibular ............................................................................................ 41 Figura 2 Tarefa sobre ferramenta implícita e explícita ..................................................... 46 Figura 3 Exemplo de tarefa enunciado no quatro numérico ............................................. 50 Figura 4 Exemplo de quadro matricial numérico .............................................................. 51 Figura 5 Tarefa referente ao quadro matricial numérico .................................................. 52 Figura 6 Exemplos de representação algébrica de uma matriz ....................................... 53 Figura 7 Tarefa da segunda fase do vestibular da Unicamp (2010) ................................ 54 Figura 8 Tarefa sobre relação algébrica funcional ........................................................... 55 Figura 9 Tarefa sobre quadro da geometria métrica plana .............................................. 56 Figura 10 Tarefa sobre quadro da geometria plana ........................................................... 57 Figura 11 Tarefa sobre determinante ................................................................................. 58 Figura 12 Tarefa sobre determinante ................................................................................. 59 Figura 13 Tarefa de quadro dos sistemas lineares ............................................................ 60 Figura 14 Tarefa de nível técnico ....................................................................................... 63 Figura 15 Exemplo de tarefa de nível técnico .................................................................... 64 Figura 16 Tarefa sobre nível mobilizável ............................................................................ 65 Figura 17 Tarefa sobre nível mobilizável ............................................................................ 65 Figura 18 Tarefa sobre nível mobilizável ............................................................................ 66 Figura 19 Tarefa referente ao nível disponível ................................................................... 67 Figura 20 Tarefa de adição entre matrizes ......................................................................... 73 Figura 21 Tarefa exemplificando objeto não ostensivo ...................................................... 74 Figura 22 Tarefa de multiplicação ...................................................................................... 75 Figura 23 Exemplo enunciado no quadro numérico ........................................................... 140 Figura 24 Exemplo no quadro matricial numérico .............................................................. 142 Figura 25 Exemplo de uma matriz no quadro matricial algébrico ...................................... 143 Figura 26 Exemplo de enunciado no quadro algébrico funcional ....................................... 144 Figura 27 Exemplo no quadro da geometria plana ............................................................ 145 Figura 28 Exemplo no quadro da geometria analítica ........................................................ 146 Figura 29 Exemplo no quadro dos determinantes .............................................................. 147 Figura 30 Exemplo no quadro dos sistemas de equações lineares ................................... 149 Figura 31 Exemplo sobre ostensivos .................................................................................. 150 Figura 32 Exemplo referente ao nível técnico .................................................................... 152 Figura 33 Exemplo de tarefa do nível mobilizável .............................................................. 153 Figura 34 Solução da tarefa da Figura 33 .......................................................................... 154 xiii Figura 35 Exemplo de tarefa correspondente ao nível disponível ..................................... 155 Figura 36 Exercício correspondente a tarefa 1 ................................................................... 158 Figura 37 Solução do exercício da Figura 36 ..................................................................... 159 Figura 38 Exemplo referente a tarefa 1 .............................................................................. 159 Figura 39 Solução do exemplo da Figura 38 ...................................................................... 160 Figura 40 Exemplo referente a tarefa 2 .............................................................................. 160 Figura 41 Solução do exemplo da Figura 40 ...................................................................... 161 Figura 42 Exemplo da tarefa 3 ........................................................................................... 162 Figura 43 Solução do exemplo da Figura 42 ...................................................................... 162 Figura 44 Exemplo da tarefa 4 ........................................................................................... 163 Figura 45 Solução do exemplo da Figura 44 ...................................................................... 164 Figura 46 Exemplo da tarefa 4 ........................................................................................... 165 Figura 47 Solução do exemplo da Figura 46 ...................................................................... 165 Figura 48 Exemplo de tarefa 5 ........................................................................................... 166 Figura 49 Solução do exemplo da Figura 48 ...................................................................... 166 Figura 50 Exemplo de tarefa 5 ........................................................................................... 167 Figura 51 Solução do exemplo da Figura 50 ...................................................................... 167 Figura 52 Exemplo de tarefa 6 ........................................................................................... 168 Figura 53 Solução do exemplo da Figura 52 ...................................................................... 169 Figura 54 Exemplo de tarefa 7 ........................................................................................... 170 Figura 55 Solução do exemplo da Figura 54 ...................................................................... 170 Figura 56 Exemplo de tarefa 7 ........................................................................................... 171 Figura 57 Solução do exemplo da Figura 56 ...................................................................... 172 Figura 58 Exemplo de tarefa 7 ........................................................................................... 173 Figura 59 Solução do exemplo da Figura 58 ...................................................................... 173 Figura 60 Exemplo de tarefa 7 ........................................................................................... 174 Figura 61 Solução do exemplo da Figura 60 ...................................................................... 175 Figura 62 Exemplo de tarefa 8 ........................................................................................... 176 Figura 63 Solução do exemplo da Figura 62 ...................................................................... 176 Figura 64 Exemplo de tarefa 9 ........................................................................................... 177 Figura 65 Solução do exemplo da Figura 64 ...................................................................... 177 Figura 66 Exemplo de tarefa 9 ........................................................................................... 178 Figura 67 Solução do exemplo da Figura 66 ...................................................................... 178 Figura 68 Exemplo de tarefa 9 ........................................................................................... 179 Figura 69 Solução do exemplo da Figura 68 ...................................................................... 179 xiv Figura 70 Exemplo de tarefa 10 ......................................................................................... 180 Figura 71 Solução do exemplo da Figura 70 ...................................................................... 180 Figura 72 Exemplo de tarefa 10 ......................................................................................... 181 Figura 73 Solução do exemplo da Figura 72 ...................................................................... 181 Figura 74 Exemplo de tarefa de multiplicação de matrizes ................................................ 192 Figura 75 Exemplo dos processos computacionais ........................................................... 198 Figura 76 Ostensivo de representação escritural do discurso de gestos ........................... 204 Figura 77 Tarefa apresentada na situação 1 ...................................................................... 208 Figura 78 Tarefa apresentada na situação 2 ...................................................................... 209 Figura 79 Tarefa apresentada na situação 3 ...................................................................... 209 Figura 80 Tarefa apresentada na situação 4 ...................................................................... 210 Figura 81 Tarefa associada ao braço mecânico ................................................................. 221 Figura 82 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 233 Figura 83 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 234 Figura 84 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 234 Figura 85 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 235 Figura 86 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 236 Figura 87 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 236 Figura 88 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 237 Figura 89 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 237 Figura 90 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 238 Figura 91 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 239 Figura 92 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 239 Figura 93 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 240 Figura 94 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 240 Figura 95 Tarefa do SARESP ............................................................................................. 241 Figura 96 Solução do exemplo da Figura 95 ...................................................................... 241 Figura 97 Tarefa do ENEM ................................................................................................. 244 Figura 98 Tarefa da FUVEST ............................................................................................. 247 Figura 99 Tarefa da FUVEST ............................................................................................. 247 Figura 100 Tarefa da FUVEST ............................................................................................. 248 Figura 101 Tarefa da FUVEST ............................................................................................. 248 Figura 102 Tarefa do ENADE ............................................................................................... 252 Figura 103 Tarefa do ENADE ............................................................................................... 253 Figura 104 Tarefa do ENADE ............................................................................................... 254 xv LISTA DE QUADROS pág. Quadro 1 Base nacional comum dos currículos do Ensino Médio .................................. 85 Quadro 2 Objetivo das competências e habilidades ........................................................ 86 Quadro 3 Reflexão sobre os parâmetros e a noção de matriz ........................................ 96 Quadro 4 Noções que podem ser revisitadas .................................................................. 100 Quadro 5 Objetivos da diretriz ......................................................................................... 112 Quadro 6 Descrição do perfil profissional ........................................................................ 113 Quadro 7 Competências e habilidades do estudante em matemática ............................ 113 Quadro 8 Competências e habilidades do educador matemático ................................... 114 Quadro 9 Estrutura do curso de matemática ................................................................... 114 Quadro 10 Eixo de disciplinas ........................................................................................... 115 Quadro 11 Ementa da disciplina de Geometria Analítica e Vetores I ................................ 117 Quadro 12 Bibliografia básica e complementar de GAV I ................................................. 118 Quadro 13 Ementa da disciplina de Geometria Analítica e Vetores II ............................... 119 Quadro 14 Bibliografia básica e complementar de GAV II ................................................ 119 Quadro 15 Ementa da disciplina de Cálculo Numérico ..................................................... 120 Quadro 16 Ementa da disciplina de Geometria Analítica e Vetores III .............................. 121 Quadro 17 Bibliografia básica e complementar de GAV III ............................................... 121 Quadro 18 Ementa da disciplina de Álgebra Linear .......................................................... 122 Quadro 19 Bibliografia básica e complementar de Álgebra Linear .................................... 122 Quadro 20 Ementa da disciplina de Álgebra Linear .......................................................... 125 Quadro 21 Bibliografia básica e complementar de Álgebra Linear .................................... 126 Quadro 22 Ementa da disciplina de Vetores e Geometria Analítica .................................. 128 Quadro 23 Bibliografia básica e complementar de VGA ................................................... 128 Quadro 24 Ementa da disciplina de Álgebra Linear A ....................................................... 129 Quadro 25 Bibliografia básica e complementar de Álgebra Linear A ................................ 129 Quadro 26 Ementa da disciplina de Geometria Analítica .................................................. 131 Quadro 27 Bibliografia básica de Geometria Analítica ...................................................... 132 Quadro 28 Ementa da disciplina Introdução à Álgebra Linear .......................................... 133 Quadro 29 Bibliografia básica e complementar de Álgebra Linear .................................... 134 Quadro 30 Definição dos itens da grade ........................................................................... 157 Quadro 31 Conteúdos desenvolvidos na obra, relacionados as noções de matrizes ....... 191 Quadro 32 Outras tarefas mobilizadas na obra de Elon Lages Lima et al. ....................... 197 Quadro 33 Conteúdos desenvolvidos na obra com relação às noções de matrizes ......... 199 Quadro 34 Outras tarefas mobilizadas n obra de Luiz Roberto Dante .............................. 206 xvi Quadro 35 Conteúdos desenvolvidos no Caderno com relação às noções de matrizes .. 210 Quadro 36 Outras tarefas desenvolvidas na obra – Caderno do aluno ............................. 213 Quadro 37 Conteúdos desenvolvidos na obra com relação às noções de matrizes ......... 215 Quadro 38 Outras tarefas mobilizadas na obra de Carlos Alberto Callioli ......................... 217 Quadro 39 Conteúdos desenvolvidos na obra com relação às noções de matrizes ......... 218 Quadro 40 Outras tarefas mobilizadas na obra de Howard Anton .................................... 221 xvii LISTA DE TABELAS pág. Tabela 1 Conteúdo referente aos três eixos – PCN + ........................................................ 094 Tabela 2 Conteúdo referente a Nova Proposta da SEE-SP (2008) ................................... 104 Tabela 3 Conteúdo – Relações Institucionais Esperadas – PCN + ................................... 107 Tabela 4 Conteúdo – Relações Institucionais Esperadas – OCNEM ................................. 108 Tabela 5 Conteúdo – Relações Institucionais Esperadas – NPCSP .................................. 109 Tabela 6 Extrato da grade curricular – MACK .................................................................... 117 Tabela 7 Extrato da grade curricular – UFSCAR ................................................................ 127 Tabela 8 Extrato da grade curricular – USP ....................................................................... 131 Tabela 9 Livros de Álgebra Linear utilizado pelas Universidades investigadas ................. 135 Tabela 10 Grade de análise ................................................................................................. 156 Tabela 11 Dez tarefas comumente encontradas no Ensino Médio ...................................... 157 Tabela 12 Obras didáticas investigadas na pesquisa .......................................................... 188 Tabela 13 Tarefas desenvolvidas na obra de Elon Lages Lima ........................................... 195 Tabela 14 Tarefas desenvolvidas na obra de Luiz Roberto Dante ...................................... 200 Tabela 15 Tarefas desenvolvidas na obra – Caderno do Aluno .......................................... 211 Tabela 16 Tarefas desenvolvidas na obra de Carlos Alberto CAllioli ................................... 215 Tabela 17 Tarefas desenvolvidas na obra de Howard Anton ............................................... 219 Tabela 18 Eixos dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio .................. 228 Tabela 19 Avaliações analisadas ......................................................................................... 229 Tabela 20 Panorama das aplicações ................................................................................... 230 Tabela 21 Conteúdos do Ensino Médio mobilizados no SARESP ....................................... 231 Tabela 22 Conteúdos do Ensino Médio mobilizados no ENEM ........................................... 242 Tabela 23 Conteúdos do Ensino Médio mobilizados na FUVEST ....................................... 245 Tabela 24 Conteúdos do Ensino Superior mobilizados no ENADE ..................................... 250 xviii LISTA DE ANEXOS Pág. Anexo I Solução da tarefa apresentada na Figura 1 ................................................ 273 Anexo II Solução da tarefa apresentada na Figura 2 ................................................ 274 Anexo III Outro método de solução apresentada na Figura 2 .................................... 275 Anexo IV Outro método de solução apresentada na Figura 2 .................................... 276 Anexo V Outro método de solução apresentada na Figura 2 .................................... 277 Anexo VI Representação no Eixo Cartesiano ............................................................. 278 Anexo VII Solução da tarefa apresentada na Figura 3 ................................................ 279 Anexo VIII Solução da tarefa apresentada na Figura 5 ................................................ 280 Anexo IX Solução parcial da tarefa apresentada na Figura 7 ..................................... 281 Anexo X Solução da tarefa apresentada na Figura 8 ................................................ 282 Anexo XI Solução da tarefa apresentada na Figura 9 ................................................ 283 Anexo XII Solução da tarefa apresentada na Figura 10 .............................................. 284 Anexo XIII Solução da tarefa apresentada na Figura 12 .............................................. 285 Anexo XIV Solução final da tarefa apresentada na Figura 7 ......................................... 286 Anexo XV Solução da tarefa apresentada na Figura 15 .............................................. 287 Anexo XVI Solução da tarefa apresentada na Figura 17 .............................................. 288 Anexo XVII Solução da tarefa apresentada na Figura 18 .............................................. 289 Anexo XVIII Solução da tarefa apresentada na Figura 19 .............................................. 290 Anexo XIX Solução da tarefa apresentada na Figura 20 .............................................. 291 Anexo XX Rubrica sobre aprendizagem, competência e habilidade – PCN ................ 292 Anexo XXI Rubrica sobre competência e habilidade para disciplinas do EM – PCN .... 292 Anexo XXII Objetivo da matemática no Ensino Médio – PCN ........................................ 294 Anexo XXIII Competência e habilidade em matemática – PCN ...................................... 295 Anexo XXIV Investigação e compreensão – PCN ........................................................... 296 Anexo XXV Contextualização sóciocultural – PCN ....................................................... 297 Anexo XXVI Três principais competências – PCN + ....................................................... 298 Anexo XXVII Representação e Comunicação – PCN + .................................................... 299 Anexo XXVIII Investigação e compreensão – PCN + ........................................................ 301 Anexo XXIX Contextualização sociocultural – PCN + ..................................................... 303 Anexo XXX Sinopse dos livros Mello (2005) e Boulos (2005) ........................................ 305 Anexo XXXI Sinopse do livro Winterle (2000) .................................................................. 306 Anexo XXXII Diagrama de capítulos da obra de Callioli (1983) ........................................ 307 Anexo XXXIII Sinopse dos livros Anton (2006) e Steimbruch (1997) ................................ 308 Anexo XXXIV Sinopse do livro de Caroli (1978) ................................................................ 308 xix Anexo XXXV Sinopse dos livros de Boldrini (1980) e Coelho (2005) ............................... 308 Anexo XXXVI Sinopse do livro de Leithold (1997) ............................................................. 309 Anexo XXXVII Sinopse dos livros de Barone (1988) e Banchoff (1992) ............................. 309 Anexo XXXVIII Solução da tarefa apresentada na Figura 23 .............................................. 311 Anexo XXXIX Solução da tarefa apresentada na Figura 24 .............................................. 312 Anexo XL Solução da tarefa apresentada na Figura 26 .............................................. 313 Anexo XLI Solução da tarefa apresentada na Figura 27 .............................................. 314 Anexo XLII Solução da tarefa apresentada na Figura 28 .............................................. 315 Anexo XLIII Solução da tarefa apresentada na Figura 29 .............................................. 316 Anexo XLIV Solução da tarefa apresentada na Figura 30 .............................................. 317 Anexo XLV Solução da tarefa apresentada na Figura 31 .............................................. 318 Anexo XLVI Solução da tarefa apresentada na Figura 32 .............................................. 319 Anexo XLVII Solução da tarefa apresentada na Figura 35 .............................................. 320 Anexo XLVIII Descrição dos livros de matemática segundo CNLDEM (2009) .................. 321 Anexo XLIX Definição das noções trabalhadas no Ensino Médio ................................... 323 xx SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................ 023 Capítulo 1: Problemática, objetivo e metodologia da pesquisa 029 1.1 Contexto da pesquisa ................................................................................. 029 1.2 Problemática da pesquisa ........................................................................... 032 1.3 Objetivo da pesquisa ................................................................................... 034 1.4 Metodologia da pesquisa ............................................................................ 035 Capítulo 2: Referencial teórico da pesquisa 038 2.1 Considerações iniciais sobre o capítulo ...................................................... 038 2.2 A noção de quadro de Douady ................................................................... 040 2.3 A abordagem teórica em termos de nível de conhecimento e algumas noções da teoria antropológica do didático ................................................. 061 2.3.1 Os três níveis de conhecimento esperado dos estudantes, conforme Robert (1997, 1998) .......................................................... 062 2.3.2 Alguns elementos da teoria antropológica do didático ..................... 069 2.4 Considerações finais sobre o capítulo ........................................................ 076 Capítulo 3: Análise das relações institucionais esperadas – Ensino Médio 078 3.1 Considerações iniciais sobre o capítulo ...................................................... 078 3.2 A noção de topos do professor e do estudante de Chevallard e Grenier ... 080 3.3 Novo Ensino Médio ..................................................................................... 081 3.4 Diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio ............................... 083 3.4.1 Parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio .................. 087 3.4.1.1 Parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio (2000) ................................................................................... 087 3.4.1.2 Parâmetros curriculares nacionais (+) – Ensino Médio........ 091 3.4.2 Reflexões sobre a abordagem da noção de matriz no Ensino Médio 096 3.5 Orientações curriculares para o Ensino Médio ........................................... 097 xxi 3.6 Nova proposta curricular do Estado de São Paulo, 2008 ........................... 102 3.7 Considerações finais sobre o capítulo ........................................................ 106 Capítulo 4: Análise das relações institucionais esperadas – Ensino Superior 111 4.1 Considerações iniciais sobre o capítulo....................................................... 111 4.2 Diretrizes curriculares nacionais para o curso de matemática .................... 112 4.3 Plano de ensino – Análise das noções de matrizes no E. Superior ............ 115 4.3.1 Universidade Presbiteriana Mackenzie ............................................. 116 4.3.2 Universidade Bandeirante de São Paulo .......................................... 124 4.3.3 Universidade Federal de São Carlos ................................................ 127 4.3.4 Universidade de São Paulo ............................................................... 130 4.4 Considerações finais sobre o capítulo ........................................................ 135 Capítulo 5: Grade de análise 138 5.1 Considerações iniciais sobre o capítulo ...................................................... 138 5.2 Exemplos das ferramentas didáticas que compõem a grade de análise .... 138 5.3 A grade de análise ...................................................................................... 156 5.4 Exemplos de funcionamento da grade de análise ...................................... 158 5.5 Considerações finais sobre o capítulo ........................................................ 182 Capítulo 6: Análise das relações institucionais existentes 184 6.1 Considerações iniciais sobre o capítulo ...................................................... 184 6.2 A análise das obras didáticas ..................................................................... 188 6.3 Análise da obra de Elon Lages Lima et al. .................................................. 189 6.3.1 Comentários e análise ...................................................................... 189 6.4 Análise da obra de Luiz Roberto Dante....................................................... 197 6.4.1 Comentários e análise ...................................................................... 197 6.5 Análise do Caderno do aluno ...................................................................... 207 6.5.1 Comentários e análise ...................................................................... 207 xxii 6.6 Análise da obra de Carlos Alberto Callioli et al. .......................................... 214 6.6.1 Comentários e análise ...................................................................... 214 6.7 Análise da obra de Howard Anton .............................................................. 217 6.7.1 Comentários e análise ...................................................................... 217 6.8 Considerações finais sobre o capítulo......................................................... 222 Capítulo 7: Análise das relações pessoais esperadas dos estudantes por meio das macroavaliações: SARESP, ENEM, FUVEST e ENADE 226 7.1 Considerações iniciais sobre o capítulo ...................................................... 226 7.2 Relações institucionais esperadas e existentes x Relações pessoais esperadas ................................................................................................... 228 7.3 Análise das avaliações escolhidas .............................................................. 229 7.4 Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo – SARESP ...................................................................................................... 230 7.4.1 Comentários e Análise .................................................................... 230 7.5 Exame Nacional do Ensino Médio .............................................................. 242 7.5.1 Comentários e Análise .................................................................... 242 7.6 Fundação Universitária para o Vestibular – FUVEST ................................. 244 7.6.1 Comentários e Análise ..................................................................... 244 7.7 Exame Nacional de Desempenho de Estudantes ....................................... 249 7.7.1 Comentários e Análise ..................................................................... 249 7.8 Considerações finais sobre o capítulo ........................................................ 255 Considerações e perspectivas futuras .............................................................. 258 Referências bibliográficas .................................................................................. 263 Anexos .................................................................................................................. 273 23 INTRODUÇÃO Quando estudante do Ensino Superior, fui capaz de observar que minhas dificuldades na disciplina de Álgebra Linear estavam associadas à falta de conhecimentos de algumas noções que não tinham sido introduzidas no Ensino Médio ou que os conhecimentos de que eu dispunha não eram suficientes para compreender os novos conceitos e articulá-los com os conhecimentos prévios que se consideravam disponíveis, em particular, em Álgebra Linear. Apesar de ser um impedimento para muitos estudantes, isso me estimulou a procurar outros meios para resolver o problema, ou seja, identificava quais conhecimentos eram necessários, mas naquela ocasião decorava alguns teoremas para conseguir êxito nas avaliações propostas pelo professor. Devido à imaturidade como estudante, não conseguia detectar os reais motivos relacionados àquele “fracasso”: precisar decorar para alcançar sucesso na prova por não me apropriar do conhecimento significativo das tarefas propostas em Álgebra Linear. Na mesma época, já atuava como professor, em caráter excepcional, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, nas disciplinas da área de ciências exatas, o que me levou a estudar temas relacionados ao ensino da Matemática, não apenas para aprender e conseguir sucesso no Ensino Superior, mas para ensinar, de modo satisfatório, para os estudantes que estavam sob minha responsabilidade e de cuja aprendizagem, naquele momento, eu era mediador. Voltando à minha trajetória no Ensino Superior, observo que, na época, utilizava- se o livro de Álgebra Linear de Callioli et al. e lembro-me de que o professor da disciplina iniciava os conteúdos presentes na obra com as noções de sistemas lineares, utilizando diretamente as regras do escalonamento, o que me fez desistir algumas vezes, devido à falta de conhecimento relacionado às noções matriciais. Ao refazer a disciplina, verificava, como estudante, que bastava decorar os teoremas propostos no livro e pela professora e, por meio de técnicas, refazer de modo parecido as tarefas associadas; e, assim, tinha como resultado a aprovação na disciplina, com notas relativamente altas, mas que não refletiam o conhecimento que eu poderia pelo menos mobilizar em relação às noções e aos conceitos 24 desenvolvidos naquela disciplina. Hoje percebo que as atitudes apresentadas por mim e por meus colegas não eram adequadas para uma aprendizagem com significado. Ao concluir o curso de Matemática, trabalhei alguns anos como contratado, tendo sido efetivado no ano de 2004, como professor de Matemática da rede de ensino do estado de São Paulo. No ano de 2006, a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo ofereceu aos professores de algumas áreas cursos de especialização, e tive a oportunidade de cursar o proposto pela PUC-SP. Nesse momento, conheci amigos e professores que me ajudaram a compreender as possíveis mudanças para o ensino da Matemática. Nesse curso, foi abordada a questão do pensamento e sua relação com a Educação Matemática e, após seu término, já Especialista em Educação Matemática, comecei a atuar de forma diferente, agora preocupado em oferecer aos alunos as reais possibilidades de ensino e aprendizagem, considerando a importância do pensamento e do raciocínio matemático para os estudantes tanto do Ensino Fundamental como do Ensino Médio. O curso de Especialização possibilitou-me adotar novos paradigmas relacionados ao ensino da Matemática e, como professor, atuar para que o estudante consiga, pelo menos, mobilizar seus conhecimentos de forma significativa. A partir da minha nova experiência, iniciei o mestrado acadêmico em Educação Matemática e, em função das linhas de pesquisa e das propostas de cada uma delas, escolhi a linha de Ensino e Aprendizagem de Matemática e suas Inovações, por identificar-me com o projeto sobre a transição entre o Ensino Médio e o Superior, que corresponde ao projeto mais amplo em que o meu projeto de pesquisa está inscrito. Assim, propus este trabalho, que tem como objetivo identificar as relações institucionais esperadas, existentes e as relações pessoais que se supõe tenham sido desenvolvidas no processo de ensino e aprendizagem das noções de matrizes, suas operações e propriedades, na transição entre o Ensino Médio e o Superior. 25 O estudo dessas relações pode auxiliar professores e estudantes a melhor compreender as dificuldades encontradas, quando da introdução da disciplina de Álgebra Linear, de forma que os professores possam reconhecer quais conhecimentos sobre matrizes, suas operações e propriedades podem servir de apoio para o desenvolvimento dessa disciplina e para que os estudantes possam encontrar outros meios para dedicar-se com autonomia a sua própria recuperação, revisitando conhecimentos prévios supostos pelo menos mobilizáveis, quando ingressam no Ensino Superior. 1Considerado o objetivo da pesquisa e justificada sua pertinência, escolhe-se analisar, via documentos oficiais, tanto para o Ensino Médio como para o Ensino Superior, as relações institucionais esperadas dos professores e dos estudantes dessas duas etapas escolares, identificando o trabalho destinado a cada um deles no processo de ensino e aprendizagem, considerando a noção de “topos”, que significa o papel do professor e do estudante para o desenvolvimento das propostas e das expectativas institucionais. Analisam-se, ainda, as relações institucionais existentes, via livros didáticos e materiais didáticos propostos nas relações institucionais esperadas, para verificar a coerência entre essas duas relações e a possibilidade de considerar, como conhecimentos prévios pelo menos mobilizáveis para apoiar a introdução das noções de Álgebra Linear no Ensino Superior, o que se desenvolveu no Ensino Médio. Para melhor identificar esses conhecimentos, estudam-se ainda as relações pessoais esperadas dos estudantes e verificam-se quais as expectativas em relação às marcas das relações institucionais sobre as pessoais, ou seja, o que realmente se espera como conhecimento prévio dos estudantes que terminam o Ensino Médio, em relação às noções de matrizes, suas operações e propriedades. Sendo assim, propôs-se o método da análise documental, escolhendo para isso os documentos oficiais que indicam o trabalho a ser realizado; por exemplo, a Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino Médio e os planos de ensino de algumas universidades para o Ensino Superior, entre outros documentos 1 Finalizada esta breve síntese de minha trajetória escolar pessoal e profissional, passo a relatar o desenvolvimento deste trabalho, que contou com a contribuição de muitos atores; por essa razão, o foco adotado passará a ser de terceira pessoa. 26 analisados e que correspondem às relações institucionais esperadas. Para a análise das relações institucionais existentes e das relações pessoais esperadas dos estudantes, utiliza-se o mesmo método e escolhem-se alguns livros didáticos do Ensino Médio e do Superior e as macroavaliações que sobrevivem atualmente em nosso sistema de ensino. Para essas análises, constrói-se uma grade de análise, seguindo a forma apresentada por Dias (1998) em sua tese sobre a articulação de ponto de vista cartesiano e paramétrico no ensino de Álgebra Linear. Apresentado o projeto da pesquisa e seu desenvolvimento, iniciam-se a descrição e a discussão do material estudado nos diferentes capítulos. O primeiro capítulo expõe a problemática, o objetivo e a metodologia da pesquisa, precedidos de um breve contexto que descreve a realidade e as dificuldades da introdução de novos conceitos de Álgebra Linear por meio de trabalhos existentes, o que permite expor a problemática desta pesquisa e os questionamentos que ajudam a delimitar o objeto de pesquisa e seu objetivo; e propor a metodologia adequada para seu desenvolvimento. No segundo capítulo, apresenta-se o referencial teórico escolhido para fundamentar as análises desenvolvidas na pesquisa. Ressalta-se que a noção de quadro e mudança de quadro, conforme definição de Douady (1984, 1992), é central para este trabalho, mas foi complementada pela Teoria Antropológica do Didático de Chevallard (1992) e Bosch e Chevallard (1999) e pela abordagem teórica em termos de níveis de conhecimento esperados dos estudantes, segundo definição de Robert (1997, 1998), como outros meios para melhor compreender as expectativas institucionais em relação ao que se espera do trabalho a ser desenvolvido por professores e estudantes. O terceiro capítulo trata das relações institucionais esperadas no Ensino Médio, que foram analisadas, nos documentos oficiais para o Ensino Médio escolhidos para o estudo, por meio da ferramenta didática “topos”, introduzida por Chevallard e Grenier (1997). No quarto capítulo apresentam-se as relações institucionais esperadas para o Ensino Superior, seguindo a mesma forma de análise proposta no capítulo 3 para o Ensino Médio. 27 No quinto capítulo apresenta-se a grade de análise com exemplos e as tarefas usuais, que sobrevivem atualmente nas diferentes instituições. Essa grade é utilizada para efetuar as análises das relações institucionais existentes e subsidiar nas análises das relações pessoais esperadas dos estudantes que terminam o Ensino Médio e o Superior. O sexto capítulo trata das relações institucionais existentes tanto para o Ensino Médio como para o Ensino Superior. Ali se analisam a pertinência e a coerência dessas relações com as expectativas institucionais e os conhecimentos que podem ser considerados como pelo menos mobilizáveis pelos estudantes num curso de introdução à Álgebra Linear. O sétimo e último capítulo trata das análises das macroavaliações que permitem identificar, da mesma forma que no sexto capítulo, a pertinência e a coerência dessas relações com o trabalho que se supõe venha sendo realizado no Ensino Médio e as expectativas institucionais a serem desenvolvidas no Ensino Superior. Nesse mesmo capítulo, apresentam-se as questões sobre Álgebra Linear encontradas no exame de avaliação do Ensino Superior, o que permite colocar em evidência as necessidades em termos das noções de matrizes e transformações lineares desenvolvidas em Álgebra Linear e os conhecimentos prévios adquiridos no Ensino Médio que podem auxiliar os estudantes a melhor compreender e interpretar essas transformações. Finalmente, apresentam-se as considerações finais e as perspectivas futuras, mostrando o resultado das análises e as possibilidades reais de trabalho com os conhecimentos prévios que se supõem disponíveis. Aqui observa-se que a noção de matrizes, suas operações e propriedades mesmo sendo desenvolvidas considerando os aspectos tecnológicos da teoria dos espaços vetoriais, ou seja, para o conjunto das matrizes, são trabalhadas as operações de adição e multiplicação por escalar com as respectivas propriedades, o que permite utilizar esse conhecimento como apoio para a introdução da noção de espaço vetorial. A multiplicação de matrizes pode ser considerada uma ferramenta explícita pelo menos mobilizável, quando da introdução da matriz de uma transformação linear. A 28 noção de transformação linear não é trabalhada explicitamente no Ensino Médio, mas já existem materiais didáticos que utilizam esse conceito para motivar o estudo das matrizes nessa etapa escolar, como o faz Dante (2004, 2005b). Ressalta-se que o estudo da noção de matrizes, suas operações e propriedades, assim como os procedimentos associados à sua introdução no Ensino Médio, podem ser utilizados para alavancar o ensino da disciplina de Álgebra Linear, pois os resultados deste estudo mostram que essas noções são consideradas nas relações institucionais existentes e cobradas nas macroavaliações, enquanto ferramentas explícitas para a execução de tarefas associadas a outras noções matemáticas desenvolvidas no Ensino Médio. Portanto, este trabalho pode servir de apoio para a introdução da Álgebra Linear em IRn no Ensino Superior, mas é preciso avançar na pesquisa, de forma a encontrar novas tarefas e novas práticas que permitam levar em conta as novas organizações dos conhecimentos, as novas formas de pensar matematicamente, as novas linguagens e os novos modos de comunicação próprios da disciplina e da formação matemática dos futuros professores de matemática que, na realidade, correspondem às novas expectativas institucionais impostas pela própria disciplina de Álgebra Linear, quando de sua introdução no Ensino Superior. 29 CAPÍTULO 1 PROBLEMÁTICA, OBJETIVO E METODOLOGIA DA PESQUISA 1.1 Contexto da pesquisa O interesse em pesquisar sobre as noções de matrizes, suas operações e propriedades na transição entre o Ensino Médio e o Superior é advindo primeiramente da minha experiência enquanto estudante, quando precisei procurar diferentes meios para recuperar conceitos e noções que não eram disponíveis quando iniciei meus estudos universitários. Além disso, em minha prática em sala de aula, tenho vivenciado esse problema, pois muitos de meus alunos não são capazes de sequer mobiliar conhecimentos que se supõe tenham sido trabalhados nas séries anteriores, seja porque realmente não foram tratados ou pela forma com que foram desenvolvidos, em função das várias organizações matemáticas e didáticas a que foram submetidos. Ao iniciar o mestrado em Educação Matemática e ao acompanhar a apresentação dos projetos dos diferentes grupos, interessei-me pelo projeto CAPES–COFECUB, mais especificamente, pelo eixo que desenvolve um estudo sobre a transição entre o Ensino Médio e o Superior e cuja proposta é pesquisar as questões associadas a essa transição para dois domínios da Matemática: Álgebra Linear e Análise Matemática. Dessa forma, escolheu-se estudar os problemas dessa transição para uma noção específica, ou seja, a noção de matriz, suas operações e propriedades e sua aplicação enquanto ferramenta explícita do trabalho matemático para o ensino do conceito de transformação linear. Alguns trabalhos já vêm sendo realizados nesse sentido e considera-se que as afirmações de Artigue (2004), ao analisar as condições do ensino universitário na França, são muito próximas às encontradas nas universidades brasileiras. Segundo a autora, existem muitos desafios, dos quais ela ressalta três que indicam a necessidade de atenção dos pesquisadores de Educação Matemática, a saber: - uma massificação do ensino que confronta a universidade com públicos diferentes daqueles que ela estava habituada a receber; 30 - uma crescente defasagem em relação ao ensino secundário que, sendo o primeiro a sentir os efeitos da massificação, tentou adaptar-se a essa nova realidade, buscando atualizar tanto as propostas curriculares quanto as práticas pedagógicas; - uma evolução tecnológica que afeta não só as práticas matemáticas, mas também os meios de ação didática. A autora afirma ainda que, frequentemente, os professores universitários desconhecem as evoluções do ensino secundário e rejeitam o uso de recursos tecnológicos familiares aos estudantes do secundário. Essa situação também se assemelha ao contexto brasileiro. Como já se observou acima, os desafios apresentados pela autora não são específicos do contexto francês. Diferentes trabalhos de pesquisa desenvolvidos na França, no Brasil e em outros países sobre essas questões da transição entre o Ensino Médio e o Superior permitem compreender alguns desses desafios e projetar possíveis respostas (ARTIGUE, 2001; ARTIGUE; DIAS, 1995; CAMPOS, 2005; DIAS et al., 2008; GUEUDET, 2007). Além disso, essas pesquisas mostram que as respostas, quando existem, não são universais, pois estão relacionadas às diversas culturas de ensino e às condições com as quais os diferentes sistemas de ensino devem lidar. Mas essa diversidade é, ao mesmo tempo, uma oportunidade, pois ela nos ajuda a questionar aquilo que, por razões históricas e culturais, aparece frequentemente como próprio da situação e não problemático, conforme Artigue (2004). No caso específico do sistema educativo brasileiro, sabe-se, por meio de inúmeras macroavaliações institucionais, que essa transição é vivida entre estudantes e professores de forma problemática, pois, de um lado, encontra-se o estudante, que tem dificuldades em mobilizar as noções básicas; e, de outro, o professor, que tenta entender qual a verdadeira problemática com relação ao processo ensino e aprendizagem e está sempre procurando novos meios de tratar esse problema. É fato que existem problemas específicos, no que diz respeito à disciplina de Álgebra Linear, mas escolhe-se estudar a noção de matriz, suas operações e propriedades, pois é uma ferramenta importante num curso de introdução à Álgebra Linear, em particular, quando se considera a matriz de uma transformação linear. 31 Isso conduz ao estudo das relações institucionais esperadas e existentes no Ensino Médio e no Ensino Superior, ou seja, dos diferentes tipos de tarefas e das técnicas associadas desenvolvidos no Ensino Médio e das tecnologias usadas para descrever, explicar e justificar essas técnicas. O objetivo é compreender como se pode trabalhar esses conceitos em Álgebra Linear — mais especificamente, quando se considera o curso de Licenciatura em Matemática —, de forma a articular os conhecimentos desenvolvidos no Ensino Médio, que podem ser considerados como conhecimentos prévios pelo menos disponíveis para aqueles que ingressam no Ensino Superior. Os resultados desta pesquisa podem auxiliar na proposta de um curso de Álgebra Linear em que os conhecimentos prévios em relação à noção de matriz, suas operações e propriedades servem de ferramenta explícita para o desenvolvimento dos conceitos dessa disciplina e tornam-se, assim, mais elaborados e estáveis em termos de significado; e, por sua interação com os novos conhecimentos, possibilitam que estes últimos adquiram significado para o aprendiz, como afirma Moreira (2005). Dessa forma, o estudo comparado das propostas institucionais para o Ensino Médio e o Superior, que corresponde às relações institucionais esperadas, e a análise dos livros didáticos indicados para essas duas etapas escolares podem auxiliar a compreender o que pode ser mudado para auxiliar os estudantes dos cursos de licenciatura em matemática a identificar nas teorias desenvolvidas no Ensino Superior as técnicas e as tecnologias utilizadas no Ensino Médio, como exposto acima. Isso poderá conduzi-los a escolher a discussão mais adequada para descrever e explicar o futuro trabalho matricial com seus estudantes. Observa-se aqui que esta investigação é inovadora no contexto brasileiro, uma vez que não se encontrou nenhum documento que trate da transição entre o Ensino Médio e o Ensino Superior relacionado às noções de matrizes, suas operações e propriedades. Nem mesmo os trabalhos de Álgebra Linear tratam do tema da transição entre o Ensino Médio e o Ensino Superior para as noções matriciais, procurando selecionar os conhecimentos desenvolvidos no Ensino Médio que podem ser revisitados no Ensino Superior e apoiar a introdução de novos conhecimentos. 32 Apresentado o contexto da pesquisa, passa-se à descrição da problemática. 1.2 Problemática da Pesquisa Nesta pesquisa procura-se identificar, por meio do estudo documental das relações institucionais esperadas e existentes, como estão sendo articuladas as noções matriciais, suas operações e propriedades e entender, por meio do estudo das macroavaliações, quais as relações pessoais esperadas dos estudantes que terminam o Ensino Médio. Este estudo pode auxiliar a proposta de novas tarefas que mobilizem e articulem conhecimentos prévios desenvolvidos no Ensino Médio e que podem servir de apoio para o desenvolvimento de um curso introdutório de Álgebra Linear, em particular, quando se estuda o conceito de matriz de uma transformação linear. Dessa forma, pode-se trabalhar com as possíveis e reais dificuldades enfrentadas pelos estudantes na transição entre o Ensino Médio e o Superior, pois as avaliações institucionais, que na pesquisa são utilizadas para estudar a conformidade entre o que se propõe e o que se espera como conhecimento pelo menos mobilizável dos estudantes, auxiliam na identificação do que realmente pode ser considerado como conhecimento prévio de apoio à introdução da matriz de uma transformação linear no Ensino Superior. Observa-se aqui que as macroavaliações são uma forma de considerar as dificuldades encontradas pelos estudantes no processo de ensino e aprendizagem da Álgebra Linear, pois, muitas vezes, eles se submetem a decorar os teoremas, os procedimentos e os métodos desenvolvidos na disciplina, para obter êxito nas avaliações, mas não são capazes de descrever, explicar, justificar e controlar o trabalho realizado, o que se torna evidente quando os estudantes são confrontados com tarefas em que precisam buscar, entre seus conhecimentos, aquele que permite solucionar a questão. Considerando o trabalho de Oliveira (2005, p. 12), que afirma haver “[...] grandes dificuldades apresentadas pelos alunos na aprendizagem das noções elementares da Álgebra Linear”, colocam-se as seguintes questões: Quais são estas noções elementares? É possível desenvolver um rol de tarefas que possibilitem aos 33 estudantes ao menos articular as noções básicas como ferramentas explícitas para desenvolver tarefas da Álgebra Linear? A partir deste questionamento inicial, considera-se, nesta pesquisa, que o trabalho introduzido no Ensino Médio sobre as noções de matrizes, suas operações e propriedades, pode favorecer o processo de ensino e aprendizagem na disciplina de Álgebra Linear; ou seja, pode oferecer meios que possibilitem aos estudantes utilizar os conhecimentos desenvolvidos no Ensino Médio como prévios, pelo menos mobilizáveis, na introdução de novos conhecimentos no Ensino Superior, pois tais conhecimentos prévios servem de subsunçores2, quando interagem com novos conhecimentos, como afirma Moreira (2005). Isso conduziu ao seguinte questionamento: 1º) É possível construir um rol de tarefas sobre as noções matriciais, suas operações e propriedades, para que o estudante possa mobilizar os conhecimentos adquiridos no Ensino Médio, utilizando-os como conhecimentos prévios, funcionando como ferramentas explícitas, quando da introdução de novos conceitos associados à disciplina de Álgebra Linear? 2º) A análise de tarefas por meio de uma grade de análise pode facilitar esse trabalho e provocar a reflexão? Esses dois questionamentos são importantes, pois as avaliações institucionais têm mostrado uma defasagem entre os conhecimentos esperados dos estudantes que iniciam o Ensino Superior e o que eles são realmente capazes de mobilizar. Dessa forma, nesta pesquisa procura-se compreender que conhecimentos associados à noção de matriz, suas operações e propriedades, podem ser considerados como pelo menos mobilizáveis, quando se introduzem os conceitos e as propriedades associados à Álgebra Linear, em particular, na introdução da noção de matriz de uma transformação linear que está associada à composta por duas transformações lineares. 2 “Os conhecimentos relevantes da estrutura cognitiva que servem de ancoradouro para a nova informação são denominados subsunçores” (MOREIRA, 2005, p.7). 34 Sendo assim, com relação aos questionamentos acima, esta pesquisa está subsidiada pelo questionamento mais específico, considerado em função da noção escolhida para ser nela desenvolvida: i) A noção de matriz, suas operações e propriedades são propostas para serem trabalhadas com os estudantes do Ensino Médio? ii) Que nível de conhecimento é esperado dos estudantes para o trabalho com essas noções? iii) Quais as relações institucionais esperadas e existentes para o desenvolvimento dessas noções no Ensino Médio? iv) Os estudantes do Ensino Médio são ao menos capazes de mobilizar os conhecimentos de matrizes, suas operações e propriedades, quando terminam o Ensino Médio? Isto é, que relações pessoais eles desenvolvem em função das relações institucionais esperadas e existentes? v) É possível determinar um sistema de tarefas e práticas utilizadas no Ensino Médio que possam servir de apoio para o trabalho em Álgebra Linear no Ensino Superior, em particular, quando se trata do objeto matemático: transformações lineares e o espaço das matrizes? Dessa forma, nesta pesquisa, analisam-se as deficiências relativas ao ensino da matemática na transição entre o Ensino Médio e o Ensino Superior, no que se refere às noções de matrizes, suas operações e propriedades e a sua relação com as possíveis dificuldades encontradas pelos estudantes do Ensino Superior, em função das organizações matemáticas e didáticas propostas. A seguir, descreve-se o objetivo da pesquisa. 1.3 Objetivo da Pesquisa O objetivo desta pesquisa é identificar, por meio de uma análise documental, as propostas para as diferentes relações institucionais esperadas e existentes para o tratamento das noções de matrizes, suas operações e propriedades; descrever algumas tarefas identificadas para a introdução dessa noção no Ensino Médio; e, 35 por meio do mesmo estudo, em relação ao trabalho a ser realizado na disciplina de Álgebra Linear no Ensino Superior, verificar a possibilidade de utilizar, como subsunçores para o desenvolvimento dessa disciplina, o que se supõe como conhecimento prévio pelo menos mobilizável pelos estudantes do primeiro ano do curso de Licenciatura em Matemática. Observa-se que a representação da transformação linear por uma matriz permite estudar as operações com essas transformações por meio das operações de matrizes, o que, muitas vezes, facilita o cálculo, como é o caso da transformação composta que, quando definida por meio das matrizes das transformações que a compõem, exige apenas que o estudante mobilize seus conhecimentos sobre a multiplicação de matrizes e suas propriedades. Isso mostra a importância das matrizes das transformações lineares e da utilização da ferramenta matriz, suas operações e propriedades. Esse trabalho, certamente, pode ser desenvolvido com o apoio dos conhecimentos que se supõem trabalhados no Ensino Médio. Apresentado o objetivo da pesquisa, passa-se à metodologia utilizada para executá-la. 1.4 Metodologia da Pesquisa Escolheu-se desenvolver neste estudo uma pesquisa documental para identificar as relações institucionais esperadas e existentes para o processo de ensino e aprendizagem das noções de matriz, suas operações e propriedades na transição entre Ensino Médio e o Superior e verificar as regularidades e as diferenças existentes entre as relações pessoais que se espera que os estudantes desenvolvam e o que lhes é proposto. Para isso, utilizam-se os documentos oficiais para o Ensino Médio: Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 1998), Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2000, 2002), Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006) e Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2008); e para o Ensino Superior: Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática (BRASIL, 2001), Lei 1302, aprovada em 06 de novembro de 2001, além dos planos de ensino da disciplina de Álgebra Linear das 36 universidades: Universidade Presbiteriana Mackenzie, Universidade Bandeirante do Brasil, Universidade Federal de São Carlos e Universidade de São Paulo. Esses documentos permitem a análise das relações institucionais esperadas. As relações institucionais existentes são analisadas por meio de livros didáticos indicados no Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM – 2009), dos quais foram escolhidos para análise: A Matemática do Ensino Médio, de Elon Lages Lima et al. (2006); Matemática, de Luiz Roberto Dante (2005b); e o Caderno do Estudante, da Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2008 – 2009). Para o Ensino Superior, as obras selecionadas são: Álgebra linear e aplicações, de Callioli, C. A. et al. (1983) e Álgebra linear contemporânea, de Anton, H. et al., tradução de Claus Ivo Doering (2006). Para as relações pessoais esperadas dos estudantes foram consideradas as seguintes macroavaliações para o Ensino Médio: Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo – SARESP, Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, exame da Fundação Universitária para o Vestibular – FUVEST. Para o Ensino Superior, escolheu-se o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. O estudo foi desenvolvido em sete fases: 1. Estudo dos trabalhos de pesquisa existentes, no contexto brasileiro, francês e outros, sobre a problemática em questão, ou seja, a transição entre o Ensino Médio e o Superior. 2. Escolha e estudo do referencial teórico adotado como ferramenta de análise para a pesquisa. 3. Análise das relações institucionais esperadas de professores e estudantes do Ensino Médio e Superior, para a introdução da noção de matriz, suas operações e propriedades, via documentos oficiais descritos acima. 4. Construção de uma grade de análise, inspirada na grade de Dias (1998), para análise das relações institucionais existentes. A grade de análise é um instrumento para identificar tanto as relações institucionais esperadas e existentes como as expectativas em termos de conhecimentos prévios esperados dos estudantes que iniciam o curso superior, ou seja, o que se supõe tenha sido trabalhado no Ensino Médio e pode servir de base aos professores do Ensino Superior que, em geral, desconhecem as novas propostas do Ensino Médio e têm 37 dificuldade em identificar os conhecimentos em que se devem apoiar, quando constroem seus planos de ensino. 5. Análise das relações institucionais existentes, por meio da grade de análise construída com esse objetivo, via livros didáticos indicados acima. 6. Análise das relações pessoais esperadas dos estudantes via macroavaliações, apresentadas anteriormente. 7. Análise comparativa dos resultados encontrados. Apresentados o contexto, a problemática, o objetivo e a metodologia da pesquisa, considerar-se-á, no capítulo que segue o referencial teórico escolhido para desenvolver as análises propostas. 38 CAPÍTULO 2 REFERENCIAL TEÓRICO DA PESQUISA 2.1 Considerações iniciais sobre o capítulo Este trabalho tem por objetivo analisar as relações institucionais esperadas e existentes no processo de ensino e aprendizagem da noção de matriz, suas operações e propriedades que, em geral, são introduzidas no Ensino Médio e revisitadas no Ensino Superior. Essa análise é executada por meio do estudo das propostas institucionais e de livros didáticos que servem de material de apoio para professores e estudantes do Ensino Médio e do Superior e das avaliações institucionais que permitem identificar as relações pessoais esperadas dos estudantes, comparar as expectativas institucionais com as pessoais e verificar se são coerentes. Tenta-se compreender como o objeto matriz é introduzido no Ensino Médio e quais conhecimentos podem auxiliar na introdução das noções dos conteúdos desenvolvidos na disciplina Álgebra Linear no Ensino Superior. Para isso, escolhem-se algumas ferramentas de análise didática como referencial teórico para efetuar os estudos propostos. Inicia-se pela noção de quadro e mudança de quadro, conforme definição de Douady (1984, 1992), que é considerada central nesta pesquisa, pois nela trabalha-se a noção de matriz como objeto matemático, estudando suas propriedades e teoremas; ou seja, ela é considerada no que denominamos quadro das matrizes. É importante lembrar que as matrizes podem ser utilizadas apenas como ferramentas para a resolução de problemas de outros quadros, como, por exemplo, quando elas são usadas para resolver tarefas que
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