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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLOGICA DA ATENÇÃO INSTRUMENTOS DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO DOS
UNESC
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vida, a resposta de orientação a um estímulo novo suprime com facilidade a forma superior, social, de atenção, conforme denominou Luria (1981). Somente aos quatro ou cinco anos de idade a capacidade de obedecer a instrução falada permite que a criança possa eliminar a influência de fatores irrelevantes, distratores, mas ainda podem aparecer sinais de instabilidade. È na época em que a criança vai para a escola que as formas de comportamento seletivo organizados com a participação da fala podem se desenvolver alterando o curso dos movimentos e ações assim como a organização de processos sensoriais. Gómez-Pérez, et al. (2003) relacionam o desenvolvimento da atenção com a maturação cerebral. Para os autores, há um papel primordial do cíngulo anterior (CA), sendo essa uma região que tem um papel relevante na mediação da direção da atenção e modulação de estados cognitivos e afetivos, ou seja, essa estrutura parece se relacionar mais com o processamento atencional e de forma menos importante com tarefas de detecção simples. O crescimento do córtex direito do CA parece corresponder a um aumento da capacidade atencional, e isto se deve a uma progressiva mielinização dessa 10 área, que resulta em um processamento mais eficiente dentro de uma rede funcional, ou seja, envolvendo outras regiões cerebrais. Já a inibição de respostas que aumenta gradualmente durante o desenvolvimento da criança parece relacionar-se a maturação da região órbito-frontal do córtex pré-frontal. Nahas & Xavier (2006) ressaltam que os principais estudos sobre o desenvolvimento da atenção da criança nos primeiros anos de vida predominantemente envolvem a modalidade visual por não ser possível adotar instruções verbais e respostas motoras precisas. Tais estudos, alguns deles relatados pelos autores, concluem que os diversos componentes da orientação visual da atenção desenvolvem-se em etapas diferentes do crescimento da criança, mas todos parecem estar mais ou menos estabelecidos ao redor dos seis meses de idade. Entre os 6 meses de vida até a idade escolar, as crianças passam progressivamente a ser capazes de realizar orientação endógena/voluntária para estímulos visuais e a habilidade de direcionar a atenção para pistas exógenas passa então a não se diferenciar substancialmente entre crianças e adultos, ao passo que a velocidade da movimentação voluntária da atenção e a habilidade de desengajar o foco de atenção de forma a reorientá-lo parecem melhorar com a idade. Mecanismos Neurais e Disfunções Atencionais Atenção não é produto de uma única área cerebral, nem do funcionamento global do cérebro, e sim resultante da atividade interconectada de sistemas de redes neurais cortico- subcorticais. O Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA) garante as formas mais generalizadas e elementares de atenção, a vigília e o alerta 11 Estudos revelam o envolvimento de pelo menos três regiões encefálicas no controle do direcionamento da atenção para estímulos visuais; entre elas o córtex parietal posterior, os colículos superiores e o núcleo pulvinar do tálamo, que são parte integrante do sistema de atenção posterior (Nahas & Xavier, 2004). Constituído pelos córtices frontal e cingulado anterior e pelos gânglios da base, o sistema de atenção anterior desempenha uma função executiva e está envolvido no recrutamento da atenção para detecção de estímulos e controle das áreas cerebrais para o desempenho de tarefas cognitivas complexas (Nahas & Xavier, 2004; Raz & Buhle, 2006). Segundo Luria (1981) a primeira função importante do lobo frontal é regular o estado de atividade referente ao tono cortical, ou seja, para que qualquer processo mental ocorra é necessário um certo nível de tono cortical e este deve ser modificado de acordo com a tarefa a ser realizada. Estudos eletrofisiológicos mostram que os lobos frontais participam na regulação dos processos de ativação que estão na base da atenção voluntária. Pacientes com lesão de lobo frontal mostram-se mais suscetíveis à distração e não conseguem controlar essa tendência. Assim no Distúrbio do Déficit de Atenção, a disfunção neuropsicológica (e provavelmente neuroquímica) reflete um transtorno entre os vários sub-sistemas envolvidos com a atenção seletiva incluindo o córtex frontal, a formação reticular e o sistema límbico que expressam-se clinicamente por sintomas de dificuldade de concentração, impulsividade e persistência motora (Lezak, 1995; Crawford et al., 1994). Déficits de Atenção tem sido implicados em uma variedade de condições incluindo trauma cerebral, anoxia/hipóxia, distúrbios globais e invasivos do desenvolvimento, exposição pré-natal a toxinas (como drogas e álcool), distúrbios de aprendizagem. A 12 maioria das crianças com déficit de atenção é diagnosticada como tendo o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H). O TDA/H é um problema de saúde mental bastante freqüente em crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo. O TDA/H é geralmente descrito de maneira não objetiva quanto à sua delimitação diagnóstica e ao uso de critérios para se fazer o diagnóstico, influenciando os dados de prevalência. Porém, na última década grandes avanços foram obtidos nessa área. O quadro clinico está melhor definido. As co- morbidades têm sido mais detalhadas. Vários fatores etiológicos têm sido mais investigados, particularmente na área neurobiológica, como anormalidades nos circuitos subcortico-frontais (Busha et al., 2005). Estudos nacionais e internacionais mostram prevalência de 3-6% do transtorno em crianças na idade escolar (Rohde & Halpern, 2004), mas a prevalência do TDA/H varia nos diferentes países, mas tais diferenças refletem, diferenças metodológicas no constructo diagnóstico do transtorno. A proporção entre meninos e meninas também varia nos estudos e em geral descreve-se maior prevalência em meninos, embora muitos autores relatam o fato de que as meninas tendem a apresentar o tipo predominantemente desatento, que causa menos incomodo a família e escola, sendo, portanto, menos encaminhadas a atendimentos (Brown, 2001; Cohen et al., 1994, Rohde & Halpern, 2004). No que se refere ao desenvolvimento cognitivo da criança com TDA/H, os estudos revelam que elas têm uma inteligência normal ou até acima da média e mesmo assim apresentam déficit escolar e dificuldades sociais ou de adaptação. As dificuldades de atenção seletiva, sustentada, de organização, inibição e integração podem ser sintomas do TDAH, isto é, a criança é desatenta, com frequência desvia a atenção da tarefa em curso antes de concluí-la, e é excessivamente ativa (Barkley, 2005; Palumbo & Diehl, 2007). 13 Para muitos autores, o DSM-IV-TR superestima o diagnóstico, pois muitas crianças avaliadas seriam excluídas quando se amplia a avaliação através de exame neuropsicológico minucioso, voltados para a delimitação das várias áreas envolvidas com a atenção seletiva e sustentada, além das disfunções executivas comuns no TDA/H. Assim, muitos estudos têm recomendado a avaliação neuropsicológica para a determinação diagnóstica e complementar dos casos de TDAH, com ênfase nos testes de atenção (Guardiola et al. 2000; Palumbo & Diehl, 2007; Rohde & Mattos, 2003). Instrumentos de avaliação da atenção Como vimos até aqui a atenção é um mecanismo complexo e fundamental no processamento da informação. Alem disso, os testes neuropsicológicos são de extrema relevância para delinear o perfil cognitivo e estabelecer um diagnostico clinico, como é o caso do TDAH. Dessa forma, o psicólogo deve ter o máximo de conhecimento acerca das características dos testes disponíveis, pois como ressaltam