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Pseudociese em Cadelas

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V e t e r i n a r i a n D o c s 
www.veterinariandocs.com.br 
 
 
 
 
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www.veterinariandocs.com.br 
Clínica Médica de Pequenos Animais 
 
 
Pseudociese 
Introdução 
A pseudogestação clínica ou manifesta ou pseudoprenhes, falsa gestação, falsa 
prenhes, gestação psicológica ou lactação nervosa, pode ser definida como uma 
síndrome observada em cadelas não gestantes, seis a quatorze semanas após o estro, 
caracterizada por sinais clínicos e mimetização dos comportamentos pré, peri e pós-
parto. 
Uma cadela que está manifestando pseudociese pode exibir um, ou até todos os 
seguintes sinais clínicos: distensão de abdômen, ingurgitamento do útero, corrimento 
vaginal mucoide, desenvolvimento das glândulas mamárias, galactorréia e 
comportamentos como nervosismo, confecção de ninho, proteção de áreas fechadas e 
atitudes maternas com relação a certos objetos. Pode exibir um ou até todos os sinais 
clínicos e também podem apresentar anorexia e vômitos. 
Algumas vezes outros cães da casa protegem agressivamente a cadela. 
Ocorre com frequência em cadelas intactas que ciclam e refere-se à fase lútea 
sem gestação, ou seja, a concentração sérica de progesterona permanece elevada apesar 
da ausência de prenhes. 
Em cadelas, a pseudociese é ocasionada pelo declínio da concentração de 
progesterona séria associado ao término da fase lútea, que por sua vez, causa um 
aumento na concentração de sérica de prolactina, exatamente como ocorre no parto. A 
cadela ovula espontaneamente e sempre reinicia uma longa fase lútea, portanto a 
pseudociese é um fenômeno comum para cadelas em ciclos, podendo ocorrer também 
após a administração de progestágenos exógenos e após ovariectomia realizada durante 
o diestro. Já em gatas, é um evento menos frequente, pois elas devem ser induzidas à 
ovulação, presumivelmente pela cópula, mas não conceberam. 
 
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Acredita-se que todas as cadelas desenvolvem pseudociese (pseudociese 
fisiológica), embora somente algumas manifestem sinais clínicos. Especula-se que sua 
manifestação seja uma característica evolutiva herdada pelo cão doméstico, que em 
matilha mostrava-se vantajoso, permitindo que a fêmea dominante fosse capaz de caçar 
enquanto seus filhotes eram amamentados por outras fêmeas do grupo. 
Epidemiologia 
A pseudociese é de ocorrência comum, embora de incidência e distribuição 
desconhecidas, estima-se em 50 a 70% a frequência dessa síndrome nas cadelas; não 
apresenta predisposição entre faixas etárias, raças ou entre portes físicos; também não 
há interferência ao se tratar de fêmea nulípara ou plurípara. 
O aparecimento dessa síndrome não apresenta relação com taxas de fertilidade 
ou ocorrência de doenças reprodutivas. 
Fisiopatologia 
Trata-se de uma alteração exclusiva de cadelas não prenhes e que se encontram 
na fase de diestro do ciclo estral, essa fase é caracterizada pelo predomínio de 
progesterona, produzida a partir do corpo lúteo. 
O desencadeamento da pseudociese manifesta é atribuído ao aumento nas 
concentrações e/ou na sensibilidade individual à prolactina, associadas a um declínio 
mais rápido que o normal dos níveis séricos de progesterona. No entanto, não existe 
uma explicação clara da não-ocorrência desta condição em todas cadelas não gestantes 
em diestro. 
Cadelas intactas apresentam fase lútea de aproximadamente dois meses, 
gestantes ou não. As concentrações de progesterona sérica aumentam até o 13°-16° dia 
após detecção do diestro citológico e decrescem nos últimos sete dias dessa fase. O 
declínio nos níveis de progesterona, no final do diestro, é acompanhado de elevação nas 
concentrações séricas de estrógeno e prolactina. 
A progesterona, hormônio esteróide, tem como funções a supressão da atividade 
do miométrio, a estimulação do crescimento das glândulas endometriais e a promoção 
do desenvolvimento do tecido alveolar mamário. 
A prolactina é um neuropeptídeo produzido pelas células lactotróficas da 
adenohipófise, sendo sua secreção estimulada por meio da supressão de dopamina 
hipotalâmica. No cão, a prolactina circulante apresenta-se sob quatro formas 
moleculares até então identificadas, cujas concentrações não diferem entre cadelas que 
apresentam pseudociese manifesta ou não. 
Em condições normais, a prolactina aumenta naturalmente a partir do 30º dia do 
diestro, agindo tanto sobre a preparação das glândulas mamárias e como fator 
luteotrófico. A prolactina é ainda responsável pela progressão da secreção láctea intra-
 
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acinar para a intracanalicular e pelo desencadeamento do comportamento materno 
canino. 
De maneira peculiar, um aumento na concentração de receptores de prolactina e 
na expressão do RNA mensageiro desse receptor em diferentes regiões hipotalâmicas do 
cérebro de ratos foi documentado durante a lactação. 
Fatores Predisponentes 
Pseudociese pode se desenvolver: após o término de um tratamento com 
progestágenos; durante um tratamento com progestágenos ou antiprogestágenos; após 
um tratamento com prostaglandina; três a quatro dias após a realização de uma 
ovariohisterectomia durante o diestro. Todas essas situações se caracterizam por 
exposição à progesterona e subseqüente queda desse hormônio. 
Pode haver também hiperprolactinemia idiopática potencialmente associado à 
microadenomas hipofisiários ou até hiperprolactinemia reflexa por estimulação neonatal 
substituta, visual, física ou social. 
Ovariohisterectomia durante a lactação pode conduzir a uma extensa 
pseudociese e cadelas com pseudociese manifesta a castração durante o diestro pode 
provocar um episódio de pseudociese de 3 a 7 dias. 
Em humanos foi relatado o hipotireoidismo primário, o qual pode 
frequentemente estar associado com níveis elevados de prolactina, e menos comumente, 
com amenorréia e galactorréia. O alargamento da sela túrcica pode ocorrer no 
hipotireoidismo primário, devido a diminuição crônica dos níveis circulantes de T3 e T4 
com hipersecreção do TSH, e subsequente hiperplasia pituitária. Este aumento do 
volume hipofisário devido à hiperplasia dos tireotrofos pode ser de difícil diagnóstico, 
por acompanhar-se de hiperprolactinemia e galactorréia, simulando um adenoma 
hipofisário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fonte: GOBELLO, CONCANNON e VERSTEGEN, 2001. 
*Serotonin inhibits dopamine release. Opioids stimulate dopamine release. 
**Thyroxin is suggested to be inhibitory via negative feedback effect on TRH release. 
 
Sinais Clínicos 
Verifica-se comportamentos pré, peri e pós-parto; comportamento de “ninho”; 
adoção de objetos inanimados ou de filhotes de outras fêmeas, com excessivo carinho, 
atenção, proteção e defesa; lambedura do abdômen; agressividade; distensão mamária; 
produção e secreção láctea; ganho de peso e ou anorexia. Os sinais menos comuns 
incluem êmese, distensão e contrações abdominais, diarreia, poliúria, polidipsia e 
polifagia. 
Diagnóstico 
O diagnóstico da pseudogestação baseia-se na história, nos sinais clínicos e 
comportamentais e na fase do ciclo estral em que essa fêmea se encontra. Deve-se 
atentar que esta condição pode coexistir com situações fisiológicas e outras doenças 
inerentes ao diestro. 
 
Tratamento 
Por se tratar de uma condição autolimitante muitas vezes não requer tratamento, 
ou o tratamento pode ser apenas conservativo fazendo uso de um colar elizabetano, para 
evitar que o animal estimule a secreção láctea pela lambedura das mamas, ou pela 
restrição da ingestão hídrica por 5 a 7 noites, devendo-se avaliar a função renal 
previamente. 
Nos casos de comportamentos maternos exacerbados,a atenção do animal deve 
ser desviada com estímulo à atividade física. Nas situações em que os animais se 
mostrem agressivos, deve-se realizar tranquilização, evitando drogas do grupo dos 
fenotiazínicos. 
Atualmente, o tratamento dos casos leves é recomendado, devido à sua relação 
com o aparecimento de tumor de mama em fêmeas que apresentam a condição depois 
de repetidos ciclos. 
 
 
 
 
 
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Fonte: GOBELLO, CONCANNON e VERSTEGEN, 2001. 
A bromocriptina é um alcalóide do ergot comercialmente disponível para uso em 
humanos, primariamente para o tratamento de hiperprolactinemia e não é licenciado 
para uso veterinário. A bromocriptina é um agonista não seletivo de receptores do tipo 
D2 de dopamina. Por estimular a secreção de dopamina, a bromocriptina suprime 
indiretamente a síntese e a secreção de prolactina. 
A cabergolina, assim como a bromocriptina, é um alcalóide do ergot inibidor da 
prolactina. É altamente potente, de longa ação, e pode ser administrada por via oral ou 
parenteral. A cabergolina possui uma bioatividade e afinidade maior aos receptores do 
tipo D2, superiores às outras preparações de agonistas da dopamina. A administração de 
cabergolina durante o diestro não afeta a secreção de LH. Uma dose de 5μg/Kg SID 
durante 5 a 7 dias causa a remissão dos sinais clínicos de pseudociese, sem causar 
efeitos colaterais sistêmicos evidentes. 
A cabergolina de uso veterinário é encontrada apenas na Europa com o nome de 
Galastop® (Ceva®) (gotas, por via oral, 50 μg/mL) e Relay® (Holliday®) na 
Argentina. No Brasil, a medicação utilizada é de uso humano e pode ser encontrada sob 
o nome de Dostinex® (Pfizer®) contendo 0,5 mg do princípio ativo. 
A metergolina é primariamente um antagonista de receptores de serotonina, que 
possui indiretamente uma ação dopaminérgica. Apresenta a característica indesejável de 
atravessar a barreira hematocerebral, no entanto, devido a seu fraco efeito 
antiprolactínico e sua meia-vida curta, não apresenta efeitos colaterais graves. Para o 
controle da pseudociese, relata-se a administração de 0,1 mg/kg, duas vezes ao dia, por 
via oral com o alimento durante 10 a 14 dias. No Brasil, está disponível comercialmente 
 
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sob o nome de Contralac® (Virbac®), nas apresentações em comprimidos de 0,5 e 2 
mg. 
Complicações 
Pode-se ter a distensão mamária e retenção láctea, a ocorrência de dermatite 
mamária, mastites e tumor de mama. Caso a fêmea seja castrada durante um episódio de 
pseudociese, a condição pode se prolongar ou tornar-se permanente. Ressalta-se que é 
prudente fazer o diagnóstico diferencial com gestação, parto recente e piometra. 
Adicionalmente, é importante lembrar que outras causas podem estar associadas à 
galactopoiese com hiperprolactinemia como o hipotireoidismo primário, 
microadenomas pituitários, falha renal ou hepática, administração de esteróides sexuais 
e o uso de medicações psico-ativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências Bibliográficas 
GOBELLO C., CONCANNON P.W., VERSTEGEN J. Canine Pseudopregnancy: A 
Review. In: Recent Advances in Small Animal Reproduction, P. W. Concannon, G. 
England and J. Verstegen (Eds.) Publisher: International Veterinary Information 
Service (www.ivis.org), Ithaca, New York, USA, 2001. 
MARTINS L.R. LOPES M.D. Pseudociese canina. Rev Bras Reprod Anim, Belo 
Horizonte, v.29, n.3/4, p.137-141, jul./dez. 2005. Disponível em www.cbra.org.br. 
BETÔNCIO C.C. RODRIGUES R. MENDONÇA S.C. JORGE P.T. Hipotireoidismo 
primário simulando volumoso macroadenoma hipofisário – Apresentação de Caso. 
Arq Bras Endocrinol Metab v.48 n.3 São Paulo jun. 2004. 
VOITH V.L. Distúrbios do Comportamento. In: ETTINGER, J.S., FELDMAN, E.C. 
Tratado de Medicina Interna Veterinária. Manole, São Paulo, 1992, pg. 235.

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