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Marcelo Rubles E-BOOK O ESSENCIAL DE PROCESSO CIVIL Parte I - Teoria CONCURSOS DE NÍVEL MÉDIO 1ª edição - 2016 ATENÇÃO Este material é destinado aos concursos que possuem a matéria de Direito Processual Civil para as provas de cargos de nível médio. Processo Civil – Só o essencial 2 MARCELO RUBLES Analista Judiciário. Bacharel em Direito e Especializado em Direito Público. Professor de cursos preparatórios para concursos públicos nas disciplinas de Direito Eleitoral, Direito Processual Civil e Direito Constitucional. Aprovado em vários concursos públicos de nível médio e superior. Educador Financeiro e Pós-Graduando em Educação Financeira Palestrante e autor de artigos sobre Educação Financeira REDES SOCIAIS Fanpage: Marcelo Rubles Instagram, Twitter, Periscope e Snapchat: @marcelorubles Youtube: Marcelo Rubles Soundcloud: Rubles Cast E-mail: marcelo.rubles@dsop.com.br Processo Civil – Só o essencial 3 APRESENTAÇÃO É de extrema importância a leitura atenta e minuciosa do edital, evitando-se que o candidato estude de forma errada e desperdice a oportunidade de passar no concurso por erros banais. Fique atento ao número de questões de conhecimentos específicos e o número de matérias para o cargo concorrido. Este material foi feito de acordo com o Código de Processo Civil de 1973, Lei 5.869. Na Parte I deste e-book encontra-se uma síntese do que realmente cai nas provas de concurso público de ensino médio, considerando-se o tamanho enorme dos editais, o que dificulta muito para o candidato decidir o que estudar. Na Parte II deste e-book encontra-se a lei “seca”, ou seja, o Código de Processo Civil sem qualquer comentário, mas com o diferencial de conter apenas os artigos mais cobrados nos concursos e também a Lei dos Juizados Especiais Civis (Lei 9.099/95), que cai bastante nas provas. Uma dica para ser aprovado: resolva milhares de questões. Para ajudar nesse item aproveite a Parte III do e-book. Acredite em você e nunca desista de seus sonhos, por mais impossíveis que pareçam ser. Cuiabá/MT, fevereiro de 2016. Marcelo Rubles Processo Civil – Só o essencial 4 DA JURISDIÇÃO Princípio da inércia da jurisdição Proíbe que a jurisdição, em regra, seja exercida de ofício, por iniciativa própria dos juízes. Referida proibição se justifica por duas principais razões: - em primeiro lugar, a determinação, pelo próprio juízo, de que uma ação fosse proposta, violaria não apenas a garantia da separação dos poderes, estabelecida no art. 2º da Constituição Federal, como, também, a da independência e imparcialidade da jurisdição; - em segundo lugar, não se poderia cogitar da possibilidade de invadir a esfera de liberdade da parte e de obrigá-la a ir a juízo em busca da tutela de um direito contra a sua vontade. DA CAPACIDADE PROCESSUAL Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo e os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. O juiz dará curador especial: I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber: I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo; Processo Civil – Só o essencial 5 II - ao réu, reputar-se-á revel; III - ao terceiro, será excluído do processo. Assistência Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente será deferido. ONDE TRAMITA ESSE PEDIDO DE ASSISTÊNCIA? DEPENDE. CASO não haja impugnação, dentro dos próprios autos. CASO HAJA impugnação, em outro processo e o juiz determinará: I - sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso; II - autorizará a produção de provas; III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra. A assistência não impede que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos. DOS ATOS PROCESSUAIS Os atos e termos processuais NÃO dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, atendam a finalidade essencial. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, PODERÃO disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos. Processo Civil – Só o essencial 6 Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da lei. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da LÍNGUA PORTUGUESA. Só poderá ser juntado aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão em português, firmada por tradutor juramentado. FIQUE ATENTO: Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: I - em que o exigir o interesse público; Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. Dos Atos do Juiz Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. Sentença é o ato do juiz que extingue o processo com ou sem julgamento do mérito. Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente. São despachos os atos do juiz praticados no processo (excluídos as sentenças e decisões interlocutórias), de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito não existe forma estabelecida pela lei. Já os julgamentos proferidos pelos Tribunais recebem o nome de acórdão. Esses atos praticados pelo juiz fazem parte de um rol exaustivo ou taxativo? Não. É um rol exemplificativo. Processo Civil – Só o essencial 7 O juiz pratica atos como inquirição de testemunhas, inspeção judicial e interrogatórios que não são lavrados por sentença, decisão interlocutória ou despacho, mas por termos elaborados pelos servidores e subscritos pelo juiz. Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco (salvo se forem inutilizados) e entrelinhas, emendas ou rasuras devem estar expressamente ressalvadas. É proibido o uso de abreviaturas. É lícito o uso da taquigrafia (método rápido de escrita feito a mão), da estenotipia (método rápido de escrito feito por meio de máquinas), ou de outro método idôneo, em qualquer juízo ou tribunal. O servidor pode praticar algum ato sem determinação do magistrado? Sim. Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAISOs atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, após às 20h. DOS PRAZOS Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. Processo Civil – Só o essencial 8 O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que Ihe sobejar recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias. PRAZOS DIFERENCIADOS Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes- ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. OS PRAZOS PODEM SER: Dilatórios x Peremptórios. O dilatório é o prazo que as partes, de comum acordo, PODEM reduzir ou prorrogar. O peremptório não permite alteração pelas partes e nem pelo Juiz. DAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos limites territoriais da comarca. CITAÇÃO O QUE É? Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. QUAIS SÃO OS EFEITOS DE UMA CITAÇÃO? Torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. Essa citação pode ser feita por 4 formas: I - pelo correio; Processo Civil – Só o essencial 9 II - por oficial de justiça – podendo ser pessoalmente ou com hora certa. III - por edital. IV - por meio eletrônico. REGRA GERAL Citação será sempre pelos correios. EXCEÇÕES, ou seja, É PROIBIDO PELOS CORREIOS: a) nas ações de estado; b) quando for ré pessoa incapaz; c) quando for ré pessoa de direito público; d) nos processos de execução; e) quando o réu residir em local não atendido pelos correios; f) quando o autor a requerer de outra forma. A citação será classificada como real ou presumida (ou também ficta). REAL – é feita diretamente a pessoa do interessado - Por mandado, correios e meio eletrônico. PRESUMIDA – é feita uma presunção que o interessado ficou sabendo de sua citação – por edital e por hora certa. O QUE É A CITAÇÃO POR HORA CERTA: É aquela realizada quando o oficial de justiça desconfia que o réu está se ocultando. Não basta o oficial de justiça achar que o réu está se ocultando para realizar a citação com hora certa, faz-se necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: Processo Civil – Só o essencial 10 1) quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 2) no dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência. 3) se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca. 4) Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. 5) feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência. Quando começa o prazo para manifestação em caso de citação ou intimação? A partir da data que houver comprovação nos autos da realização da citação, podendo ser: I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento; II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido; III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). Processo Civil – Só o essencial 11 O comparecendo espontâneo do réu apenas para arguir a nulidade da citação e sendo esta decretada, considerar-se-á feita na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão. REQUISITOS DOS MANDADOS O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter OBRIGATORIAMENTE, sob pena de nulidade: I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências; II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis; III - a cominação, se houver; IV - o dia, hora e lugar do comparecimento; V - a cópia do despacho; VI - o prazo para defesa; VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz. Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado. O oficial de justiça pode fazer intimação ou citação em qualquer lugar? Nas comarcas contíguas (próximas), de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações em qualquer delas. A citação é decorrência de qual princípio? É decorrência do princípio do contraditório. Processo Civil – Só o essencial 12 O contraditório não se aplica somente à parte ré do processo, este princípio estabelece que a parte contrária deve ser ouvida. Traduz a ideia de que tanto a defesa quanto a parte autora tem o direito de se pronunciar sobre tudo que for produzido nos autos. o Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO É um procedimento mais rápido que o ordinário. Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se requerer perícia, formulará quesitos, podendo indicar assistente técnico, sob pena de preclusão. DAS PROVAS Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos, no processo, como incontroversos; IV - em cujo favormilita presunção legal de existência ou de veracidade. Processo Civil – Só o essencial 13 DA SENTENÇA Esqueleto da sentença – RELATÓRIO – FUNDAMENTAÇÃO (analisa as questões de fato e de direito) e CONCLUSÃO. É defeso (proibido) ao juiz proferir sentença, a favor do autor: - de natureza diversa da pedida; - condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado (PROIBIDO) ao juiz proferir sentença ilíquida. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo; - por meio de embargos de declaração. DA EXTINÇÃO DO PROCESSO Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial; Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo – exemplo – ausência de citação; V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual; Processo Civil – Só o essencial 14 Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação; IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confusão entre autor e réu; Extingue-se o processo, com resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
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