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Provas de função hepática (interpretação, fatores que interferem na interpretação) Os TFH são dosagens de componentes do sangue que simplesmente fornecem uma pista para a existencia, a extenção e o tipo de lesão hepática. Essas avaliações bioquimicas podem ajudar a diferenciar obstruções do trato biliar; lesão hepatocelular aguda e doença crônica do fígado. A concentração de bilirrubina total do soro e a atividade da fosforilase alcalina são indíces de um bloqueio do fluxo biliar. As atividades das aminotransferases do soro são uma medida da integridade das células do fígado. A concentração da albumina do soro pode também ser de algum valor na investigação de doença do figado, embora essa possa ser afetada por muitos outros fatores. Bilirrubinas A bilirrubina é o principal produto de degradação da protoporfina IX, porção heme, componente da hemoglobina, mioglobina, citocromos e outras hemoproteinas. A produção diária média de bilirrubina no adulto normal esta entre 250 e 300mg, sendo que 70% são derivados da hemoglobina dos eritrocitos senescentes destruidos nas celulas do sistema reticuloendotelial, principalmente no baço e medula óssea. A bilirrubina formada nesses órgãos é liberada para a circulação sanguínea e captada pelos hepatócitos. A bilirrubina não conjugada (direta) é insoluvel em água e no plasma é quase que totalmente transportada associada à albumina. Após captação hepática, ocorre a conjugação da bilirrubina, dando origem à bilirrubina conjugada (mais soluvel em água) que é excretada na bile. No íleo terminal e no cólon, os conjugados de bilirrubina são atacados por bactérias, resultando em um grupo de tetrapirroles incolores, dos quais a maior parte é excretada nas fezes, uma outra parte é reexcretada do organismo atraves da bile e pequenas quantidades são encontrados na urina, onde são conhecidos como urobilinogênio. O aumento da bilirrubina pode ser por lesão mais intensa dos hepatócitos (onde há deficiencia na conjugação e também refluxo da bilirrubina conjugada para o sangue) ou quando o trato biliar fica bloqueado, a bilirrubina não é excretada e as concentrações do soro aumentam (principalmente a não-conjugada).O paciente torna-se ictérico. A ictericia é uma descoloração amarela da pele ou da esclerótica. Existem três razões principais para explicar por que os níveis de bilirrubina do sangue podem aumentar: Hemólise (anemias hemolíticas), aumento da degradação de hemoglobina produz excessos de bilirrubina que sobrecarrega o mecanismo de conjugação (a bilirrubina indireta atinge níveis entre 1,5 e 3mg/dL) ; incapacidade do mecanismo de conjugação no interior do hepatócito (pode-se dar por erros inatos do metabolismo da bilirrubina, como na síndrome de gilbert, rotor, criegler-najjar e dubbin-jonhson) e obstrução no sistema biliar. Aminotransferases Os testes de avaliação da integridade hepatocelular incluem a determinação da atividade das enzimas alanina-aminotransferase (ALT) e aspartato-aminotransferasen(AST), anteriormente denominadas de transaminase glutâmico piruvica (TGP) e transaminase glutamico-oxaloacética(TGO). Aumentos expressivos das aminotransferases no soro são encontrados em hepatites virais agudas, hepatites causadas por drogas e lesões isquêmicas do fígado. Nas virais agudas, hepatits tóxicas, crônicas ativas e nas colestases ( obstrução do fluxo biliar resultante de processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos, ou presença de corpo estranho), a ALT está mais elevada do que a AST. A AST está mais elevada que a ALT,em geral, na hepatite alcoólica aguda (maior lesão mitocondrial proporcionalmente do que outras hepatopatias), doenças infiltrativas e neoplásicas e na cirrose. A ALT é enzima exclusivamente citoplasmática e eleva-se mais precocemente na presença de lesão hepática. Esta presente quase que exclusivamente no tecido hepatico e renal, o que lhe confere elevada especificidade. É uma enzima que catalisa a reação: alanina + alfaqueroglutarato = piruvato + glutamato. A AST é uma enzima que catalisa a reação: aspartato + alfa-queroglutarato= oxaloacetato + glutamato. É encontrada em altas concentrações no citoplasma e nas mitocôndrias do fígado, músculos esquelético e cardíaco, rins, pâncreas e eritrócitos (glóbulos vermelhos do sangue); quando qualquer um desses tecidos é danificado, a AST é liberada no sangue, e como não há um método laboratorial para saber qual a origem da AST encontrada no sangue, o diagnóstico da causa do seu aumento deve levar em consideração a possibilidade de lesão em qualquer um dos órgãos onde é encontrada. Causas do aumento das aminotransferases no sangue Doenças hepatobiliares; Doenças do miocárdio; Doença pancreática; Doença muscular; Álcool; Doença não-hepatobiliar com envolvimento hepático (obesidade, diabetes, hemocromatose, HIV, hipertireoidismo, doença celíaca). Colestase Obstrução do fluxo biliar resultante de processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos, ou presença de corpo estranho em algum ponto das vias biliares pode ocasionar elevação nas concentrações de bilirrubina no sangue, mas também, na maioria dos casos, há a elevação das enzimas fosfatase alcalina (FA) e gama-glutamiltransferase (GGT). Com a obstrução, a atividade da FA no soro eleva-se antes do aparecimento da icterícia, e portanto, das bilirrubinas, sendo útil no diagnostico precoce das doenças obstrutivas biliares. Proteinas do plasma albumina é o principal produto proteico do figado. No plasma possui uma meia vida longa e, assim, se sua sintese for interrompida subitamente, quedas significativas da concentração de albumina ocorrem lentamente. Hipoalbuminemia é caracteristica de doença crônica avançada do fígado. O fígado tem papel central na hemostasia - sintetiza a maioria dos fatores e inibidores da coagulação, além de algumas proteínas do sistema fibrinolítico e elimina enzimas ativas dos sintemas de coagulação e fibrinólise; assim, doenças hepáticas severas costumam cursar com alterações na coagulação. A falta de fatores da coagulação podem ocorrer por perda da função dos hepatócitos, mas também por falta de "matéria prima" para a sua síntese - a síntese da maioria dos fatores de coagulação é dependente da vitamina K, que não é produzida no nosso organismo e precisa ser absorvida da dieta. como a absorção da vitamina K é dependente da presença de sais biliares e a cirrose diminui a sua produção (especialmente nas doenças colestáticas, como a cirrose biliar primária e a colangite esclerosante primária), espera-se no cirrótico algum grau de deficiência dessa vitamina, que pode ser suplementada por via parenteral (injeção). na prática clínica, a determinação da atividade da protrombina (ou tempo de protrombina) é um método simples, barato e facilmente realizável para avaliar o conjunto dos fatores de coagulação e, portanto, da função de síntese do fígado. Os valores normais de tempo de protrombina estão entre 11,1 e 13,2 segundos e são comparados em relação a plasma controle, analisandose o tempo de atraso em relação ao controle ou através do RNI (international normalized ratio) que normalmente está entre 0,9 e 1,1. O tempo de protrombina que é uma dosagem das atividades de certos fatores de coagulação produzidos pelo fígad, é usado algumas vezes como indicador da função sintética hepática. A protrombina possui uma meia-vida muito curta e um aumento do tempo de protrombina pode ser o indicador mais precoce de lesão hepatocelular. Provas de função renal A função primordial dos rins é a manutenção da homeostasia, regulando o meio interno predominantemente pela reabsorção de substâncias e íons filtrados nos glomérulos e excreção de outras substâncias. Acada minuto esses órgãos recebem cerca de 1.200 a 1.500 ml de sangue (os quais são filtrados pelos glomérulos) e geram 180 ml/minuto de um fluido praticamente livre de células e proteínas. Os túbulos proximal e distal, a alça de Henle e o ducto coletor se encarregam de reabsorver e secretar íons e outras substâncias, garantindo o equilíbrio homeostático, tudo isso regulado por uma série de hormônios, destacando-se o sistema renina-angiotensina-aldosterona e o hormônio antidiurético (ADH), além de outras substâncias, como o óxido nítrico. Em geral, os exames laboratoriais que avaliam a função renal tentam estimar a taxa de filtração glomerular (TFG), definida como o volume plasmático de uma substância que pode ser completamente filtrada pelos rins em uma determinada unidade de tempo. A TFG é uma das mais importantes ferramentas na análise da função renal, sendo também um indicador do número de néfrons funcionais. Como medida fisiológica, ela já provou ser o mais sensível e específico marcador de mudanças na função renal. Uréia É o metabolito nitrogenado derivado da degradação de proteinas pelo organismo, sendo 90% excretado pelos rins. (restante eliminado pelo trato gastrointestinal e pele). Apesar de ser filtrada livremente pelo glomérulo, não ser reabsorvida nem secretada ativamente, a uréia é um fraco preditor da TFG, pois 40%-70% da quantidade filtrada é reabsorvida nos túbulos e retorna para a corrente sanguinea.A dosagem da ureia subestima a taxa de filtração glomerular. Outros fatores podem mudar significativamente os valores plasmáticos da uréia sem terem relação com a função renal, destacando-se a dieta e a função hepática, além de várias outras doenças. O intervalo de referencia é de 10 a 45mg/dL. A principal utilidade clínica da uréia parece estar na determinação em conjunto com a creatinina. A razão uréia sérica/creatinina sérica pode indicar estados patológicos diferentes. Em valor abaixo do esperado ela pode ser encontrada em patologias como a necrose tubular aguda, baixa ingestão de proteínas, condições de privação alimentar ou redução da síntese de uréia por insuficiência hepática. Outra utilidade da uréia está na sua dosagem urinária, que pode fornecer informação crucial no campo da nutrição e tem sido utilizada em pacientes internados para monitoramento de dietas especiais. Cistatina C A cistatina C é uma proteína inibidora de proteases e apresenta propriedades interessantes: tem baixo peso molecular (13 kDa com 122 aminoácidos), presente em todas as células nucleadas do organismo e tem ritmo constante de produção. Sua concentração plasmatica não é afetada nem pela idade nem pelo genero do individuo, nem sofre modificações com a dieta ou presença de inflamação. Todas essas peculiaridades juntas propiciam a sua utilização como marcador da função renal, já que ela é livremente filtrada pelos glomérulos. Uma das suas características mais interessantes é que, depois de filtrada, ela é completamente reabsorvida e metabolizada, não sendo excretada na urina nem retornando à corrente circulatória. Sendo assim, esse marcador endógeno poderia estimar a TFG sem a necessidade de dosagem urinária, dispensando a coleta minutada de urina e solucionando um dos principais problemas dos outros marcadores endógenos da TFG. Os níveis plasmaticos de cistatina C correlacionam-se melhor com a taxa de filtração glomerular do que a concentração de creatinina sérica e a depuração de creatinina. Na insuficiencia renal incipiente e em individuos idosos, com creatinina aparentemente normal, cistatina C parece ser melhor marcador de disfunção renal. Os métodos mais amplamente utilizados são os nefelométricos, para os quais o intervalo de referencia é de 0,48 a 0,98mg/L. Apesar de ser reconhecidamente um avanço da medicina laboratorial, a dosagem de cistatina C ainda é muito pouco utilizada. O custo do exame e a não-inserção do procedimento laboratorial nas principais tabelas dos planos de assistência suplementar de saúde inviabilizam o seu uso clínico. EXAME DE URINA O exame de urina de rotina é entendido como um teste de triagem. Mas pode fornecer informações úteis para o diagnostico de problemas renais e em vias urinárias, como processos irritativos, inflamatórios, infecciosos e alguns disturbios metabólicos, como diabetes e acidose.
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