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DIREITO AO ESQUECIMENTO E O LIVRE DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA PESSOA TRANSEXUAL

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DIREITO AO ESQUECIMENTO E O LIVRE DESENVOLVIMENTO DA
PERSONALIDADE DA PESSOA TRANSEXUAL
Right to be forgotten and free development of personality of the person transsexual
Revista de Direito Privado | vol. 64/2015 | p. 81 - 102 | Out - Dez / 2015
DTR\2016\136
Rodrigo Pereira Moreira
Mestre em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia. Professor de Direito do ILES/ULBRA de
Itumbiara. Advogado. rodrigop.moreira@yahoo.com.br
Rubens Valtecides Alves
Doutor em Direito pela PUC-SP. Professor Pós-Doutor pela Ohio State University. Professor da
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia. - rubensva@terra.com.br
Área do Direito: Constitucional; Civil
Resumo: A partir da concepção de um direito ao livre desenvolvimento da personalidade que tutela
as escolhas existenciais e os planos de vida da pessoa humana, o presente trabalho possui como
objetivo geral relacionar tal direito fundamental com o direito ao esquecimento sob a perspectiva da
pessoa transexual. Como objetivos específicos têm-se: (a) a delimitação do âmbito de proteção do
livre desenvolvimento da personalidade; (b) a configuração do direito ao esquecimento do direito
atual; (c) a aplicação de ambos os conceitos para as pessoas que desejam alterar anatomicamente e
juridicamente o seu sexo. Para tanto utilizar-se-á o método dedutivo com o procedimento de revisão
bibliográfica. Paralelamente, o método indutivo será utilizado na averiguação do tratamento
jurisprudencial em relação à alteração do nome do sexo da pessoa que realizou a cirurgia de
mudança de sexo.
Palavras-chave: Direitos da personalidade - Mudança de nome - Mudança de sexo - Identidade
pessoal - Direitos fundamentais
Abstract: From the conception of a right to free development of personality that protects the
existential choices and plans of life of the human person, this work has as main objective to relate this
fundamental right with the right to be forgotten from the perspective of transsexual. As specific
objectives it has: (a) the delimitation of protection of the free development of personality; (b) the
configuration the right to forget in the current law; (c) the application of both concepts for people who
want to change anatomically and legally your gender. For that will be used deductive method with the
literature review procedure. In parallel, the inductive method is used in the investigation of the
jurisprudential treatment in connection with the change of sex and the name of the person who
performed the sex reassignment surgery.
Keywords: Personality rights - Name change - Gender reassignment - Personal identity - Civil rights
Sumário:
1Introdução - 2Livre desenvolvimento da personalidade: proteção e promoção do transexual - 3O
direito ao esquecimento e sua efetivação na tutela da pessoa transexual - 4Conclusão - 5Referências
1 Introdução
Ao contrário do que possa parecer, o direito ao esquecimento não possui aplicação restrita aos
casos de conflito entre os direitos da personalidade (em especial da privacidade) e a liberdade de
expressão ou de imprensa. Por certo que o seu surgimento é relacionado a casos em que uma
pessoa tenta impedir a exploração de fatos constrangedores sobre a sua personalidade, já
acontecidos há determinado tempo e que interessam ser esquecidos.1 Todavia, atualmente, este
direito assume diversas aplicações a depender da área do direito.
O direito ao esquecimento não mais se restringe às hipóteses de esquecer o passado judicial
criminal de cada pessoa. Este direito expandiu-se para a proteção do consumidor nos casos de
cadastros negativos, para a proteção de dados pessoais no direito eletrônico2 e também para
possibilitar um novo começo para aquelas pessoas que resolvem mudar o seu plano existencial,
alterando ou adequando a sua identidade pessoal como é o caso do transexual.
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Os direitos dos transexuais perpassam por vários tópicos dos direitos da personalidade,
revelando-se assim de maneira multifacetada. A proteção do transexual demanda a tutela de sua
privacidade, da sua saúde, da sua identidade pessoal e de seu esquecimento,3 sendo que na base
de todos estes direitos estão a dignidade da pessoa humana e o livre desenvolvimento da
personalidade.
O livre desenvolvimento da personalidade tutela e promove as decisões existenciais de cada ser
humano. Para os transexuais representa o direito de autodeterminar a sua privacidade, sua saúde e
sua identidade pessoal, possibilitando a escolha pela cirurgia de redesignação do sexo.
Contudo, a cirurgia de redesignação do sexo é apenas o início, pois para uma verdadeira inclusão
social o transexual tem o direito de esquecer o seu passado e recomeçar a sua vida do zero,
abrangendo aqui um novo prenome e a mudança de sexo no seu registro civil.
A necessidade do direito ao esquecimento para a tutela do transexual é o objetivo específico do
presente trabalho, no qual será utilizado o método dedutivo com o procedimento técnico de revisão
bibliográfica e, paralelamente de forma dialética, o método indutivo observando as decisões dos
tribunais superiores.
Parte-se do contexto mais amplo, concernente no reconhecimento e aplicação do direito ao livre
desenvolvimento da personalidade aos transexuais até a parte mais específica de aplicação do
direito ao esquecimento relacionado à identidade pessoal dos transexuais, incluindo a análise de
mudança de prenome e sexo no registro civil da pessoa que passou por cirurgia de redesignação de
sexo, sempre confrontando dialeticamente a posição da doutrina com a jurisprudência dos tribunais.
2 Livre desenvolvimento da personalidade: proteção e promoção do transexual
O direito ao livre desenvolvimento da personalidade não é uma descoberta relacionada com os
tempos recentes, pois já é um direito humano reconhecido a partir da Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948 em seus arts. 224 e 29.5
Ligado à dignidade da pessoa humana, o livre desenvolvimento da personalidade expressa a ideia
da pessoa decidir o seu próprio plano de vida. As noções de liberdade, autonomia e de
autodeterminação constituem a essência da personalidade moral e o livre desenvolvimento da
personalidade retrata justamente uma concepção dinâmica e evolutiva da personalidade humana
que se desenvolve livremente por meio de atos, relações e negócios jurídicos.6 Este direito tutela e
promove as escolhas existenciais de cada pessoa, visando a sua própria formação e preservando,
assim, a sua individualidade e dignidade naquilo que o ser humano é, e naquilo que pode ser.7
A pessoa tem o direito de decidir sobre o seu projeto vital, assim como mudá-lo quantas vezes quiser
ou até mesmo não possuir nenhum tipo de projeto.8 Isso porque a forma de realização da
personalidade humana não é algo predefinido que possa ser atribuído a alguma espécie de padrão
ou modelo. A personalidade é algo que se constrói, se autodetermina, de acordo com o escolhido por
cada pessoa, que constitui um centro de decisão autônomo.9
O livre desenvolvimento da personalidade, embora não de forma expressa, é um direito fundamental
derivado do próprio princípio da dignidade da pessoa humana, possuindo como dimensões a
proteção dos bens da personalidade e a liberdade.10 Compartilhando do mesmo pensamento e
fundamentando no princípio da dignidade da pessoa humana, Ingo Sarlet explica que "é
precipuamente com fundamento no reconhecimento da dignidade da pessoa por nossa Constituição,
que se poderá admitir, também entre nós e apesar da omissão do Constituinte neste particular, a
consagração - ainda que de modo implícito - de um direito ao livre desenvolvimento da
personalidade".11
O princípio da dignidade da pessoa humana, como bem observa Elimar Szaniawski, funciona como
um princípio gerador de outros direitos, em especial os direitos fundamentais materiais, e também
como fundamentode uma cláusula geral de tutela da personalidade, podendo ser imposto tanto ao
poder público como também vincular as relações particulares, inclusive limitando espécies de
liberdades públicas.12
Assim, em um Estado Democrático de Direito que consagra a dignidade da pessoa humana como
fundamento, o livre desenvolvimento da personalidade torna-se um pressuposto básico na
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concretização da própria dignidade. Segundo Kellyne Almeida, o direito ao livre desenvolvimento
pode ser expresso ou implícito na ordem jurídica, isso sempre que for erigida a dignidade da pessoa
humana como centro do sistema jurídico, pois aquele direito funciona como forma de especificação
da própria dignidade da pessoa quando o assunto concerne à proteção da personalidade no seu
aspecto de constante evolução.13
Nesse diapasão, não se pode deixar de notar que o direito ao livre desenvolvimento da
personalidade é substrato necessário do princípio da dignidade da pessoa humana, podendo ser
reconhecido no direito brasileiro de forma implícita, tendo como fonte o dispositivo constitucional do
art. 5.º, § 2.º,14 que não exclui direitos fundamentais não consagrados pela Constituição, sendo que
estes direitos podem decorrer dos próprios princípios elencados constitucionalmente, neste caso o
princípio da dignidade humana. Ademais, o presente direito fundamental já encontrou guarida direta
nos pronunciamentos do STF no tocante a questões como a união homoafetiva e orientação sexual
na ADPF 132/RJ.15
Não é difícil chegar à conclusão que o livre desenvolvimento da personalidade é fundamento dos
diversos e atuais direitos à diversidade sexual. O direito à liberdade de orientação sexual, por
exemplo, faz parte da autodeterminação da identidade da pessoa humana e deve ser garantido ao
indivíduo para a realização da sua dignidade e livre desenvolvimento de sua personalidade.16
No caso dos transexuais, o livre desenvolvimento da personalidade se manifesta principalmente no
momento de optar pelo tratamento médico adequado (autodeterminação da saúde do paciente) e na
autodeterminação da sua identidade pessoal.
Os transexuais se caracterizam por um sentimento de pertencimento ao outro sexo, embora os
demais componentes de ordem física são inequívocos.17 Estes possuem o desejo de serem aceitos
conforme o seu sexo psicológico, que é o oposto do sexo morfológico ao qual se atribui no momento
do nascimento.18 Não existe correspondência entre o sexo anatômico e o sexo psicológico, mesmo
sem sofrer qualquer anomalia genital.19
Isso porque, o sexo pode ser classificado em biológico, psíquico e civil. O sexo biológico abarca as
características corporais do indivíduo e ainda pode ser subdividido em sexo genético (baseado na
interação entre os cromossomos XX nas mulheres e XY nos homens), sexo endócrino (caracterizado
pela identificação das glândulas sexuais e pelas glândulas tireoide e epífise) e o sexo morfológico
(levando em consideração a aparência da pessoa e a identificação de pênis ou vagina).20
O sexo psíquico deriva das condições educacionais, do papel de gênero e da identidade de gênero.
O educacional leva em consideração as influências externas ao indivíduo durante a sua infância. O
papel de gênero observa as atitudes, atos e comportamentos da pessoa. A identidade de gênero
revela-se quando a criança se identifica como menino ou menina.21
Já o sexo civil, jurídico ou legal, concerne às relações da pessoa com a sociedade, é determinado no
momento da lavratura do assento de nascimento, levando em consideração o aspecto morfológico
do recém-nascido, atribuindo-lhe a designação de masculino ou feminino.22
Assim, para o transexual o sexo psicológico não é compatível com o seu sexo morfológico. O
diagnóstico do transexualismo pode ser classificado em primário e secundário. Primário quando a
pessoa manifesta desde cedo a vontade certa e inequívoca de redesignação do seu sexo23 e
secundário quando existe uma oscilação entre o homossexualismo e o travestismo.24 Após
diagnosticado o caso de transexualidade, que demanda uma análise física e principalmente
psicológica da pessoa,25 o tratamento é realizado por meio da cirurgia de transgenitalização e
tratamento hormonal.
A cirurgia de redesignação de sexo objetiva garantir a integridade do transexual, pois possui
finalidade terapêutica e busca o equilíbrio entre a mente e o corpo, aspecto essencial para a sua
saúde humana.26 Nesta perspectiva, o direito à saúde não pode ser entendido unicamente no seu
aspecto de defesa da integridade física, pois este esquema dogmático é insuficiente na proteção da
pessoa humana.27
Analisada em conjunto com o livre desenvolvimento da personalidade, a saúde ganha um viés
dinâmico que pode variar de pessoa para pessoa de acordo com a sua idade, contextos e
experiências.28 Nesta perspectiva, Ana Carolina Teixeira afirma que:
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"(...) no dinamismo inerente à saúde - que recebe influências do meio, mas é fruto, principalmente,
de aspirações pessoais -, cada um constrói um modelo individual de saúde que persegue no
decorrer da vida. Este modelo também pode não ser o mesmo durante toda a existência, pois ele
pode mudar de acordo com as novas experiências que a pessoa vai agregando, e segundo
mudanças da sua personalidade, de sua realidade pessoal e familiar."29
O transexual tem o direito de tomar as suas próprias decisões existenciais, de se autodeterminar e
optar ou não pela cirurgia de redesignação de sexo,30 haja vista que o consentimento é pressuposto
fundamental para a realização da intervenção médica.31 No plano de fundo deste direito estão a
dignidade da pessoa humana32 e o livre desenvolvimento da personalidade33 que fundamentam a
autonomia privada sobre os direitos da personalidade.
Não se trata aqui de uma proteção negativa da pessoa humana baseada no binômio lesão-sanção,
mas uma proteção positiva que leva em consideração a autonomia privada para a regulação de
interesses existenciais do ser humano. Contrapõe-se à tutela negativa por ser realizada por meio da
autodeterminação.34
Como bem observa Norberto Bobbio, é preciso superar a função meramente protetora ou meramente
repressiva dos atos ilícitos pelo direito, posição ainda dominante,35 passando para a função
promocional do direito, ligada às técnicas de encorajamento. O Estado acrescenta além da função de
tutelar, uma nova função de promover.36
O livre desenvolvimento da personalidade serve justamente para concretizar a promoção da pessoa
humana. Em relação à sexualidade é preciso ter em mente que o sexo faz parte da dimensão da
pessoa, estando intrinsecamente relacionado à construção de sua pessoalidade, individualidade e
identidade pessoal.37
Deve-se entender que o sexo, antes de pertencer à esfera pública, está situado no âmbito privado de
cada ser humano. Ser de um ou de outro sexo implica em mudar a sua maneira de viver, de sentir e
de se relacionar na sociedade. A identidade sexual como parte da identidade pessoal é, por sua vez,
uma explicitação do direito ao livre desenvolvimento da personalidade.38
Neste diapasão, a cirurgia de redesignação de sexo,39 representa um ato de autonomia sobre o
próprio corpo na busca de uma saúde psíquica, de uma adequação do sexo psicológico ao sexo
morfológico e de uma identidade sexual própria.
Contudo, a transgenitalização é apenas o começo. Na busca pela integração social do transexual é
preciso que o mesmo tenha o seu passado esquecido como forma de efetivação da sua escolha
existencial de se submeter à cirurgia de redesignação de sexo.
3 O direito ao esquecimento e sua efetivação na tutela da pessoa transexual
Um dos maiores problemas do transexual na vida em sociedade é ser vítima de preconceitos,
estigmatização e exclusão,40razão pela qual a reivindicação da sua identidade pessoal e sexual se
torna também uma luta contra a discriminação. Aqui aparece uma nova faceta dos direitos da
personalidade que além de possuírem como finalidade a proteção da dignidade da pessoa humana,
também objetivam assegurar a tutela dos vulneráveis.
Seria inconcebível que o transexual fosse forçado a viver com o seu passado de dualidade já
minorado pelo procedimento cirúrgico. O recomeço da vida do transexual deve ser inteiramente
aceito para que ocorra a sua integração social. Para isto é necessário esquecer a sua situação
anterior, incluindo a omissão de dados anteriores à realização da cirurgia.41 O direito ao
esquecimento para o transexual representa a realização da sua dignidade, livre desenvolvimento da
personalidade e proteção da sua vulnerabilidade.
O conteúdo do direito ao esquecimento pode assumir dois aspectos diferentes - todavia não
excludentes - concernentes ao: (a) direito de ser esquecido e (b) direito à esquecer. O primeiro
assume uma perspectiva dirigida a terceiros, ou seja, quem deveria esquecer o seu passado. Já o
segundo adota uma visão de primeira pessoa, pois é preciso que o ser humano esqueça o seu
próprio passado42 para começar um novo modo de ser e viver.
O direito ao esquecimento é uma figura híbrida,43 pois o direito de ser esquecido está
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intrinsecamente ligado ao direito à privacidade e ao direito à honra, enquanto o direito à esquecer
deriva do direito à identidade pessoal, pontos de vista complementares na formação do direito ao
esquecimento.
Importante esclarecer que o esquecimento liga-se tanto ao viés negativo, quanto à perspectiva
positiva da privacidade. No primeiro caso, a privacidade é apreendida como "o modo de ser da
pessoa, que consiste na exclusão do conhecimento pelos outros daquilo que se refere somente a
ela".44 Assim, na concepção negativa clássica, a privacidade se apresenta como um direito de
defesa, um direito de excluir do conhecimento alheio aspectos da vida pessoal de cada um.
O direito à honra, na vertente objetiva, guarda relação com a projeção social do respeito que o ser
humano goza em sociedade, tutelando a reputação da pessoa face ao ambiente social.45 Na
perspectiva subjetiva, é determinada pelo respeito e consideração que a pessoa possui por si
própria.46
Neste viés, o direito ao esquecimento assume também a sua posição clássica de direito subjetivo de
impedir a veiculação ou exploração de episódios desabonadores que interessam ser esquecidos,47
em especial o passado judicial criminal,48 como foi o caso do seu reconhecimento no STJ no REsp
1.334.097/RJ.49
Em relação ao viés positivo da privacidade, esta é entendida como o direito de manter o controle
sobre as suas informações,50 denominado autodeterminação informativa. O reconhecimento da
perspectiva positiva da privacidade é uma necessidade derivada da atual sociedade de informação,
caracterizada pelo uso ostensivo de tecnologias na coleta e processamento de dados transformando
a informação em uma nova forma de capitalismo.51
Neste diapasão de novas configurações da privacidade, cujo protagonismo concerne à sociedade de
informação e consequentemente à internet, este direito não está mais ligada ao secretismo e
exclusão de informações pessoais de terceiros. A privacidade no contexto da internet significa o
poder dos indivíduos de decidirem quais as informações serão reveladas, para quem e com qual
objetivo.52
Do direito à autodeterminação informativa derivam alguns princípios que devem ser obedecidos para
a proteção da privacidade. Dentre eles se encontra o princípio da finalidade, visto que o propósito da
coleta de dados deve ser previamente conhecido e as informações devem ser eliminadas ou
tornadas anônimas quando não forem mais necessárias, ou seja, quando tiverem alcançado os seus
objetivos.53 É justamente deste princípio da finalidade que se retira um direito ao esquecimento, pois
o responsável pelo tratamento de dados não pode manter as informações ou deve mantê-las de
forma anônima depois que os fins forem obtidos.54
Todavia, com o avanço ainda maior da tecnologia, em especial com a memória eterna eletrônica e a
eficiência dos motores de busca na internet, atualmente é muito difícil escapar do seu passado
quando tudo na internet é gravado e armazenado de forma permanente.55 Neste diapasão, a
reivindicação atual do direito ao esquecimento é a eliminação automática das informações pessoais
após transcorrido um prazo determinado.56 Seria, assim, um direito de deletar a informação no seu
devido tempo,57 colocando nesta um prazo de validade.58
A efetivação de tais perspectivas do direito ao esquecimento na sociedade de informação, ainda
enfrenta uma série de obstáculos concernentes à sua aplicação prática que precisam ser
esclarecidos como: (a) a possibilidade de apagar informações copiadas por terceiros; (b) contra
quem exercer o direito ao esquecimento; (c) como verificar se a informação foi realmente eliminada;
(d) quando e porque o direito ao esquecimento pode ser invocado; (e) a necessidade de criação de
tecnologias que possibilitem a aplicação prática do esquecimento semelhantes às chamadas
"Privacy Enhancing Tecnologies",59 entre outros que não podem ser aqui desenvolvidos.
Para além do direito de ser esquecido, o mais importante para o transexual é o direito à esquecer.
Ligado à identidade pessoal, o direito ao esquecimento, nesta perspectiva, constitui a possibilidade
da pessoa ser ela mesma, diferente daquilo que ela foi no passado. Isso permite a desconstrução de
uma identidade antes de constituir uma nova e diferente.60
A identidade de uma pessoa "é o conjunto dos elementos que permitem diferenciá-la dos seus
semelhantes".61 Contudo, a identidade pessoal não é algo estanque e imutável, até porque a pessoa
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não é um projeto findo, mas algo sempre em construção.62 Assim, a identidade pessoal muda com a
evolução interior da pessoa, com a sua maturidade, sua formação, suas contradições, incoerências63
e, sobretudo, pelas suas escolhas existenciais tuteladas e promovidas pelo livre desenvolvimento da
personalidade.
A afirmação da identidade pessoal do ser humano envolve uma complexa gama de questões
concernentes ao âmbito do ser. Tal complexidade abrange sentimentos, corpo, pertencimento,
consciência, diferença, autonomia, entre outros aspectos que merecem a tutela do sistema jurídico
para que a pessoa se realize plenamente.64
Levando em consideração o direito ao esquecimento sob o prisma da autodeterminação e da
identidade pessoal Antoinette Rouvroy afirma que "(...) uma das condições necessárias para o
desenvolvimento da autonomia individual é, para o indivíduo, a oportunidade de considerar a sua
existência não como uma confirmação ou a repetição de seus próprios traços, mas como a
possibilidade de mudar de rumo, para explorar modos de vida e novas formas de ser, em uma
palavra, para ir aonde não esperamos (...). Isso é o 'direito a uma segunda chance', a oportunidade
de recomeçar do zero (...)".65
Neste sentido, o direito ao esquecimento para o transexual significa, em primeiro lugar, o início de
um novo modo de vida baseado nas suas decisões existenciais. É a oportunidade de esquecer o seu
passado, recomeçar do zero sem a dualidade que antes o atormentava e aproveitar a sua merecida
segunda chance de se integrar socialmente, realizando, assim, o seu projeto existencial. Perspectiva
complementada pelo direito de ser esquecido, ou seja, não ter a sua condição anterior à realização
da cirurgia de redesignação de sexo explorada por terceiros sem o seu consentimento.
Entretanto, não pode se realizar o direito ao esquecimento sem a observação de outras
consequências jurídicas concernentesà readequação civil do transexual, em outras palavras, por
meio da alteração do prenome e do sexo no assento de seu registro civil.
Como bem observa Raul Choeri, o direito ao esquecimento não vai de encontro à verdade pessoal,
pois o direito à identidade tem como objetivo possibilitar que a pessoa se mostre como ela realmente
é, incluindo sua realidade existencial e coexistencial. Assim, os transexuais querem ser reconhecidos
por meio da sua nova identidade sexual com a finalidade de ter esquecida qualquer referência à sua
antiga identidade. O esquecimento sempre foi a reivindicação dos transexuais quando estes
pleiteavam a alteração de seus registros civis visando a modificação do prenome e do sexo.66
3.1 A alteração do sexo e do prenome como requisitos para o esquecimento do passado do
transexual
Apesar do sexo se dividir em biológico, psíquico e civil, no momento de se fazer o registro de um
recém-nascido o seu sexo jurídico é definido apenas pela análise morfológica, ou seja, por meio da
averiguação dos órgãos genitais da criança, afirmando ser esta do sexo masculino ou feminino.67
Levando em consideração que o sexo morfológico nem sempre coincide com o sexo psicológico -
como no caso dos transexuais - e ainda que a identidade de gênero é essencialmente social e
cultural, definida por aspectos comportamentais,68 é de se esperar que apenas o exame morfológico
para a definição do sexo jurídico possa, em determinados casos, ser insuficiente.
O nome, por sua vez, assume um valor emblemático no ordenamento jurídico por possibilitar a
identificação da pessoa na sociedade,69 constituindo o meio e o signo que permite ao sujeito
referir-se às suas qualidades pessoais e acontecimentos da vida humana.70
Parte integrante da identidade pessoal, o nome é a "representação linguística de um ser humano",
tendo como funções designar a pessoa que o esteja usando e ainda distingui-la das demais, haja
vista que cada ser humano representa uma individualidade única e autônoma, demandando também
uma denominação individual.71
O direito ao nome faz parte dos direitos da personalidade por ser um aspecto inerente à pessoa que
este representa. Este sinal verbal é uma das formas de realização da identidade pessoal que, a seu
turno, é o modo de ser moral da pessoa com característica extrapatrimonial, não se sustentando
mais a teoria de que o nome é um direito de propriedade.72
O nome é formado tanto por um prenome quanto por um patronímico. O primeiro é o nome
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individual, enquanto o segundo é o nome de família. O prenome é escolhido pelos pais no momento
de registrar civilmente o recém-nascido, enquanto o patronímico deriva da própria filiação, passando
dos pais para os filhos.73
É importante observar que a escolha do prenome demanda a consideração do sexo da criança, visto
que existem os prenomes utilizados para identificar as pessoas do sexo masculino e outros para
identificar as pessoas do sexo feminino. Assim, se o transexual realiza a cirurgia de redesignação de
sexo o seu prenome e o sexo jurídico não mais correspondem à sua nova identidade.
Neste sentido, não será concretizado o direito ao esquecimento da antiga identidade do transexual
se o nome e o sexo que constam nos registros públicos não permitirem a identificação da sua nova
identidade sexual, assumida após a intervenção médica.
Para resolver este problema, a maioria da doutrina74 e a jurisprudência mais atual,75 têm admitido a
possibilidade de alteração do prenome e do sexo do transexual submetido à cirurgia de
transgenitalização. Os fundamentos constitucionais por trás deste entendimento são a necessidade
de realização da dignidade da pessoa humana, do livre desenvolvimento da personalidade e da
integração social do transexual.
A dignidade da pessoa humana, como um dos fundamentos da cláusula geral de tutela da
personalidade, indica que em determinados casos o interesse individual privado pode prevalecer
sobre o interesse público. Assim, a indicação do registro civil da pessoa deve ser compatível com o
sexo da sua aparência, prevalecendo o interesse individual de identidade sexual sobre o princípio da
veracidade e imutabilidade do registro.76
O livre desenvolvimento da personalidade, como forma de tutela das escolhas existenciais da pessoa
humana, não consegue ser realizado plenamente se a pessoa não pode apresentar-se à sociedade
da maneira em que decidiu o seu plano existencial (incluindo a sua identidade pessoal e sexual)
baseado na sua própria concepção de vida boa.77 Ademais, a construção de uma sociedade sem
marginalizados, como previsto nos objetivos do Estado Social Democrático de direito, restaria
insuscetível de concretização sem a readequação civil do transexual.
Importa acrescentar que não são apenas os princípios constitucionais que autorizam a mudança do
prenome do transexual no seu respectivo assento civil. Isso porque a Lei de Registros Públicos (Lei
6.015/1973), por meio de uma interpretação conjugada entre o art. 55, parágrafo único e o art. 58,
permite a alteração do prenome do transexual.78 É evidente que uma pessoa de determinado sexo,
mas que possui prenome designativo de pessoa de sexo diferente é exposta ao ridículo e possui o
direito de mudar o seu nome por este motivo.
Todavia, para a alteração do sexo no registro civil não existe previsão semelhante, razão pela qual é
preciso entender que os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e do livre
desenvolvimento da personalidade possuem força normativa suficiente para autorizar a mudança de
sexo no registro civil do transexual, mesmo sem previsão infraconstitucional específica.79 No direito
estrangeiro, verifica-se na Espanha a promulgação da Lei 3/2007 de 15 de março, a qual autoriza
expressamente a modificação do sexo da pessoa transexual no registro civil, fundamentando-se no
direito ao livre desenvolvimento da personalidade.80
Por óbvio que sobre o ponto de vista dos princípios constitucionais em tela seria impossível a
inscrição de um terceiro sexo no registro civil intitulado "transexual",81 isso porque tal situação
apenas causaria mais discriminação e não alcançaria o objetivo de proporcionar à pessoa o
esquecimento do seu passado.
Ressalte-se que a devida alteração no registro civil não resulta em nenhuma espécie de prejuízo
para terceiros, pois este apenas confirma a verdadeira identidade assumida pela pessoa perante a
sociedade.82 Contudo, como nenhum direito pode ser considerado ilimitado - visando a proteção de
terceiros em casos extremos - é possível que seja averbada apenas no livro cartorário a modificação
do sexo e nome indicando que esta aconteceu por meio de decisão judicial. Todavia, nunca deve
constar esta menção nas certidões emitidas, conforme já decidiu o STJ.83
Em casos mais específicos, como a hipótese de casamento do transexual,84 é preciso deixar sobre a
responsabilidade deste o dever de contar ao futuro cônjuge a sua condição. Não o fazendo, e caso
terceiro se sinta prejudicado de alguma maneira, o cônjuge poderá pedir a anulação do casamento
DIREITO AO ESQUECIMENTO E O LIVRE
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por erro essencial e pleitear indenização por danos extrapatrimoniais.85
4 Conclusão
O direito ao livre desenvolvimento da personalidade, como direito fundamental implícito na dignidade
da pessoa humana, tutela e promove as escolhas existenciais e os projetos de vida de cada ser
humano ao longo da sua formação dinâmica e evolutiva. Baseado na liberdade de autodeterminação,
este direito representa a possibilidade do transexual conformar a sua própria vida, optando ou não
pela cirurgia de redesignação de seu sexo.
A cirurgia de transgenitalização leva em consideração a possibilidade de autonomia corporal ínsita a
cada pessoa humana,86 fruto dos direitos à liberdadee também do direito à saúde numa perspectiva
completa, englobando seu aspecto físico e psíquico.
Entretanto, a cirurgia de redesignação do sexo não resolve todos os problemas em relação à tutela
da integridade física e psíquica do transexual. Para a sua integração social ainda é necessário o
respeito a outros direitos da personalidade que atuam de maneira multifacetada na sua proteção.
Como visto, o direito ao esquecimento - um dos direitos da personalidade atuantes na proteção do
transexual - pode ser visto por meio de um duplo aspecto: abarcando tanto um direito à esquecer,
quanto um direito de ser esquecido.
Ligado à identidade pessoal, o direito à esquecer significa dar à pessoa a possibilidade de recomeçar
sua vida, sem ter que se recordar da sua identidade anterior. Isso porque a pessoa humana, como
ser dinâmico e inacabado, está sempre em constante evolução, podendo alterar o seu projeto
existencial e sua identidade pessoal. Modificada a sua identidade sexual o transexual precisa
modificar o seu prenome e sexo no registro civil,87 como forma de omitir informações do seu passado
no intuito de iniciar uma nova vida.
De forma complementar, o direito de ser esquecido, baseado na privacidade, é importante para o
transexual no sentido de estabelecer um direito subjetivo de defesa da sua integridade psíquica.
Esse direito, direcionado a terceiros, consiste na possibilidade de se evitar a exploração da condição
do transexual anterior à cirurgia de redesignação de sexo como forma de proteção da sua dignidade.
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3 Araujo, Luiz Alberto David. A proteção constitucional do transexual. São Paulo: Saraiva, 2000, p.
69-70. Nas palavras do autor: "o direito do transexual pode aparecer sob as mais variadas formas,
conforme a situação em foco. Podemos, portanto, afirmar que o direito dos transexuais se revelará
como multifacetado, na dependência da situação concreta que exija proteção (direito de optar pela
cirurgia, direito de escolher o tratamento hormonal, direito de alterar o seu nome etc.)".
4 "Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo
esforço nacional, pela cooperação internacional de acordo com a organização e recursos de cada
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre
desenvolvimento da sua personalidade."
5 "Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de
sua personalidade é possível."
6 Castro, Luis Martínez Vázquez de. El principio de libre desarrollo de la personalidad en el ámbito
privado. Madrid: Civitas, 2010, p. 20.
7 Almeida, Kellyne Laís Laburú Alencar de. O direito ao livre desenvolvimento da personalidade -
perspectiva do direito português. In: Miranda, Jorge; Rodrigues Jr., Otávio Rodrigues; Fruet, Gustavo
Bonato (orgs.). Direitos da personalidade. São Paulo: Atlas, 2012, p. 78.
8 Castro, Luis Martínez Vázquez de. Op. cit., p. 21.
9 Pinto, Paulo Mota. O direito ao livre desenvolvimento da personalidade. In: Canotilho, José
Joaquim Gomes (coord.). Portugal-Brasil ano 2000. Coimbra: Coimbra Ed., 1999, p. 152.
10 Maria Celina Bodin de Moraes em seu estudo sobre a dignidade da pessoa humana afirma que
um dos substratos do princípio consubstancia-se na autodeterminação. Para a autora, a dignidade
da pessoa humana compreende "(...) quatro postulados: (i) o sujeito moral (ético) reconhece a
existência dos outros como sujeitos iguais a ele, (ii) merecedores do mesmo respeito à integridade
psicofísica de que é titular, (iii) é dotado de vontade livre, de autodeterminação; (iv) é parte do grupo
social, em relação ao qual tem a garantia de não vir a ser marginalizado. São corolários desta
elaboração de princípios jurídicos da igualdade, da integridade física e moral - psicofísica -, da
liberdade e da solidariedade" (Danos à pessoa humana:uma leitura civil-constitucional dos danos
morais. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 85).
11 Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 8. ed.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 98-99. Neste mesmo sentido, baseando-se nos
princípios da dignidade da pessoa humana, da autonomia privada e da liberdade que Fernanda
Cantali constrói o fundamento do direito ao livre desenvolvimento da personalidade. Escreve a
autora: "o direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade não está expressamente
consagrado no ordenamento jurídico brasileiro. Não obstante, na medida em que a Constituição
reconhece a dignidade da pessoa humana, que tem como substrato material o postulado da
liberdade e da autodeterminação pessoal, não há como discordar que daí se pode, ou melhor, se
deve, extrair tal direito, merecendo ser admitido e consagrado como princípio da ordem
constitucional, ainda que implícito" (Direitos da personalidade: disponibilidade relativa, autonomia
privada e dignidade humana. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 220).
12 Direitos de personalidade e sua tutela. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2005, p. 143.
13 O direito ao livre desenvolvimento da personalidade - perspectiva do direito português. In:
Miranda, Jorge; Rodrigues Jr., Otávio Rodrigues; Fruet, Gustavo Bonato (orgs.). Direitos da
personalidade. São Paulo: Atlas, 2012, p. 79. No mesmo sentido Paulo Mota Pinto explica que: "A
afirmação da liberdade de desenvolvimento da personalidade humana e o imperativo de promoção
das condições possibilitadoras desse livre desenvolvimento constituem já corolários do
reconhecimento da dignidade da pessoa humana como valor no qual se baseia o Estado" (Op. cit., p.
152).
DIREITO AO ESQUECIMENTO E O LIVRE
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA PESSOA
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14 "Art. 5.º (...).
§ 2.º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte."
15 Brasil. STF. ADPF 132/RJ. rel. Min. Ayres Britto. DJe 14.10. 2011.
16 Menezes, Joyceane Bezerra de; Oliveira, Cecília Barroso de. O direito à orientação sexual como
decorrência do direito ao livre desenvolvimento da personalidade. Novos Estudos Jurídicos, vol. 14,
n. 2, p. 122-123. maio-ago. 2009.
17 Àlvarez, Rogelio Barba. Cambio de sexo y sistema jurídico. Letras Jurídicas, n. 2, p. 1-16. abr.
2006, p. 2; Abreu, Laura Dutra de. Transexualismo: um olhar sobre a cirurgia de redesignação de
sexo e seus reflexos jurídicos. In: Campos, Diogo Leite de. Estudos sobre o direito das pessoas.
Coimbra: Almedina, 2007, p. 124.
18 Scheibe, Elisa. Direitos de personalidade e transexualidade:a promoção da dignidade da pessoa
humana em uma perspectiva plural. Dissertação de Mestrado, Área de Ciências Jurídicas,
Universidade Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2008, p. 17.
19 Toledo, Luiza Helena Lellis Andrade de Sá Sodero. Transexualismo e direitos da personalidade.
Revista USCS 14/83.
20 Alves, Alessandra da Luz. A ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental e
alteração de prenome e sexo no registro civil do transexual. Dissertação de Mestrado, Área de
concentração em direito constitucional e direitos fundamentais, Universidade Paranaense,
Umuarama, 2009, p. 15.
21 Scheibe, Elisa. Op. cit., p. 23-24.
22 Idem, p. 25.
23 Sobre o termo:"mudança de sexo", Lívia Rocha explica que: "os defensores da intervenção
cirúrgica para os casos de transexualismo são contrários à terminologia 'mudança' haja vista indicar
algo novo e completamente alheio à realidade do transexual. Desta forma, os termos redesignação
ou adequação apresentam como mais acertados uma vez que busca igualar o sexo físico com o
sexo psíquico do transexual operado, ou seja, não ser-lhe-á apresentado algo novo, mas sim haverá
uma busca por equiparação ou similitude o sexo indicado pelo seu verdadeiro EU e o sexo biológico
que lhe será renovado, a fim de que finde o conflito existente entre seu corpo e sua mente" (
Transexualismo e aspectos jurídicos. Dissertação de Mestrado, Direito do Estado, PUC-SP, São
Paulo, 2010, p. 102).
24 Sá, Maria de Fátima Freire de. Da redesignação do estado sexual. In: ______. Oliveira, Bruno
Torquato de. Bioética, biodireito e o Código Civil de 2002. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 206.
25 Alves, Alessandra da Luz. Op. cit., p. 50-53.
26 Santos, Maria Ignez Franco. A identidade pessoa e a cirurgia de redesignação de sexo. In:
Campos, Diogo Leite de. Estudos sobre o direito das pessoas. Coimbra: Almedina, 2007, p. 170.
27 Teixeira, Ana Carolina Brochado. Saúde, corpo e autonomia privada. Rio de Janeiro: Renovar,
2010, p. 22-23.
28 Idem, p. 70-71.
29 Idem, p. 71.
30 Conforme Diego Machado: "a liberdade ampliada para a seara existencial sustenta uma
DIREITO AO ESQUECIMENTO E O LIVRE
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA PESSOA
TRANSEXUAL
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autonomia privada alargada também ao âmbito das situações jurídicas subjetivas existenciais. O livre
desenvolvimento da personalidade mediante o exercício da autonomia privada passa pelo conceito
de consentimento, entretanto não mais simplesmente aquele de cunho patrimonial ou obrigacional,
mas sim consentimento(s) que maior proximidade tem com o 'ser', o corpo da pessoa, seja o físico,
seja o de seus dados pessoais ('eletrônico')" (Machado, Diego Carvalho. Autonomia privada,
consentimento e corpo humano: para a construção da própria esfera privada na era tecnológica.
Revista Trimestral de Direito Civil 37/52).
31 Szaniawski, Elimar. Limites e possibilidades do direito de redesignação do estado sexual. São
Paulo: Ed. RT, 1998, p. 71.
32 Meireles, Rose Melo Vencelau. Autonomia privada e dignidade humana. Rio de Janeiro: Renovar,
2009, p. 106. Muito embora a cirurgia de transgenitalização não seja um simples ato de disposição
do próprio corpo, pois esta intervenção médica visa também a preservação da saúde da pessoa
(Borges, Roxana Cardoso Brasileiro. Direitos de personalidade e autonomia privada. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007, p. 192).
33 Cantali, Fernanda Borghetti. Op. cit., p. 223.
34 Meireles, Rose Melo Vencelau. Op. cit., p. 57.
35 Da estrutura à função: novos estudos de teoria geral do direito. Barueri: Manole, 2007, p. 2.
36 Idem, p. 13.
37 Scheibe, Elisa. Op. cit., p. 18.
38 Santos, Maria Ignez Franco. Op. cit., p. 164. Assim, "a cirurgia de mudança de sexo não pode ser
tida como mutilatória ou destrutiva, mas de índole corretiva, garantidora do livre desenvolvimento da
personalidade do ser humano, possuindo o condão de adequar o sexo morfológico ao sexo psíquico
do indivíduo" (Sá, Maria de Fátima Freire de. Op. cit., p. 208).
39 Atualmente disciplinada pela Res. 1.955/2010 do Conselho Federal de Medicina.
40 Scheibe, Elisa. Op. cit., p. 37-43.
41 Araujo, Luiz Alberto David. Op. cit., p. 140.
42 Koops, Bert-Jaap. Op. cit., p. 231-232; Rouvroy, Antoinette. Réinventer l'art d'oublier et de se faire
oublier dans la société de l'information? Versão aumentada do capítulo publicado sobre o mesmo
título. In: Lacour, Stéphanie. La sécurité de l'individu numérisé. Réflexions prospectives et
internationales. Paris: L'Harmattan, 2008, p. 25.
43 Choeri, Raul Cleber da Silva. O direito à identidade na perspectiva civil-constitucional. Rio de
Janeiro: Renovar, 2010, p. 263.
44 De Cupis, Adriano. Os direitos da personalidade. São Paulo: Quorum, 2008, p. 139.
45 Almeida, Luiz Antônio Freitas de. Violação do direito à honra no mundo virtual: a
(ir)responsabilidade civil dos prestadores de serviço da internet por fato de terceiros. In: Miranda,
Jorge; Rodrigues Jr., Otávio Luiz; Fruet, Gustavo Bonato (orgs.). Direitos da personalidade. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 247.
46 Vasconcelos, Pedro Pais de. Direito de personalidade. Coimbra: Almedina, 2006, p. 76; Vera,
Miguel Ángel Encabo. Derechos de la personalidad. Madrid: Marcial Pons, 2012, p. 92.
47 Silva, Edson Ferreira da. Op. cit., p. 76. Muito embora sobre a perspectiva da primeira pessoa o
direito ao esquecimento também represente a possibilidade de um novo começo para o condenado
criminalmente, haja vista que os dois primas não são excludentes.
DIREITO AO ESQUECIMENTO E O LIVRE
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA PESSOA
TRANSEXUAL
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48 Veja-se também o enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil: "A tutela da dignidade da pessoa
humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento.
Justificativa: Os danos provocados pelas novas tecnologias de informação vêm-se acumulando nos
dias atuais. O direito ao esquecimento tem sua origem histórica no campo das condenações
criminais. Surge como parcela importante do direito do ex-detento à ressocialização. Não atribui a
ninguém o direito de apagar fatos ou reescrever a própria história, mas apenas assegura a
possibilidade de discutir o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o modo e a
finalidade com que são lembrados."
49 "Recurso especial. Direito civil-constitucional. Liberdade de imprensa vs. direitos da
personalidade. Litígio de solução transversal. Competência do STJ. Documentário exibido em rede
nacional. (...).
2. Nos presentes autos, o cerne da controvérsia passa pela ausência de contemporaneidade da
notícia de fatos passados, que reabriu antigas feridas já superadas pelo autor e reacendeu a
desconfiança da sociedade quanto à sua índole. O autor busca a proclamação do seu direito ao
esquecimento, um direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a
fatos desabonadores, de natureza criminal, nos quais se envolveu, mas que, posteriormente, fora
inocentado." (BRASIL. STJ. REsp 1.334.097/RJ. rel. Min. Luis Felipe Salomão. DJe 10.09.2013).
50 Rodotà, Stefano. A vida na sociedade de vigilância: a privacidade hoje. Rio de Janeiro: Renovar,
2008, p. 109.
51 Vieira, Tatiana Malta. O direito à privacidade na sociedade da informação:efetividade desse direito
fundamental diante dos avanços da tecnologia da informação. Dissertação de Mestrado em Direito,
Faculdade de Direito, UnB, Brasília, 2007, p. 156-157.
52 Terwangne, Cécile de. Privacidad en internet y el derecho a ser olvidado/derecho al olvido.
Revista de Internet, Derecho y Política, n. 13, p. 54-55. feb. 2012.
53 Rodotà, Stefano. Op. cit., p. 59.
54 Terwangne, Cécile de. Op. cit., p. 58.
55 Rosen, Jeffrey. The right to be forgotten. Stanford Law Review, vol. 64, n. 88, p. 88-92. feb. 2012.
56 Terwangne, Cécile de. Op. cit., p. 60-61.
57 Koops, Bert-Jaap. Op. cit., p. 236.
58 Weber, Rolf H. The right to be forgotten: more than a pandora´s box? Journal of Intellectual
Property, Information Technology and Electronic Commerce Law, vol. 2, p. 126-127. july. 2011.
59 Idem; Koops, Bert-Jaap. Op. cit., p. 229-256; Terwangne, Cécile de. Op. cit., p. 60-61; Rosen,
Jeffrey. Op. cit., p. 88-92
60 Andrade, Norberto Nuno Gomes de. El olvido: el derecho a ser diferente... de uno mismo. Uma
reconsideración del derecho a ser olvidado. Revista de Internet, Derecho y Política, n. 13, p. 71. feb.
2012. Para o autor isso facilita a capacidade do ser humano de reinventar-se, de ter uma segunda
oportunidade e de apresentar uma nova identidade ao mundo.
61 Cordeiro, António Menezes. Tratado de direito civil português:parte geral.Coimbra: Almedina,
2004, t. III, p. 327. Nas palavras de Adriano de Cupis: "o indivíduo, como unidade da vida social e
jurídica, tem necessidade de afirmar a própria individualidade, distinguindo-se dos outros indivíduos,
e, por consequência, ser reconhecido por que é na realidade. O bem que satisfaz esta necessidade é
o da identidade, o qual consiste, precisamente, no distinguir-se das outras pessoas nas relações
sociais" (Op. cit., p. 179).
62 Stancioli, Brunello. Renúncia ao exercício de direitos da personalidade: ou como alguém se torna
DIREITO AO ESQUECIMENTO E O LIVRE
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA PESSOA
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o que quiser. Belo Horizonte: Del Rey, 2010, p. 124-125.
63 Alpa, Guido. Instituzioni di diritto privato. 2. ed. Torino: Utet, 1997, p. 323.
64 Choeri, Raul Cleber da Silva. Op. cit., p. 307.
65 Op. cit., p. 6. Tradução livre. No original: "(...) l'une des conditions nécessaires à l'épanouissement
de l'autonomie individuelle est, pour l'individu, la possibilité d'envisager son existence non pas
comme la confirmation ou la répétition de ses propres traces, mais comme la possibilité de changer
de route, d'explorer des modes de vie et façons d'être nouveaux, en un mot, d'aller là où on ne
l'attend pas (...). C'est bien ce 'droit à une seconde chance', la possibilité de recommencer à zeró
(...)".
66 Choeri, Raul Cleber da Silva. Op. cit., p. 263.
67 Rocha, Lívia Cristina. Op. cit., p. 129. Para Menezes Cordeiro: "o ser humano é uma espécie
sexuada. Os indivíduos de cada um dos sexos distinguem-se, fácil e imediatamente, pelo aspecto
geral, pela postura e por cada um dos gestos" (Op. cit., p. 335).
68 Lima, Suzana Borges Viegas de. A readequação civil como condição essencial para a realização
da dignidade do transexual: alteração do prenome e do sexo no registro civil. In: Frazão, Ana;
Tepedino, Gustavo (coords.). O Superior Tribunal de Justiça e a reconstrução do direito privado. São
Paulo: Ed. RT, 2011, p. 726.
69 Perlingieri, Pietro; Lonardo, Loris. Situazioni giuridiche. In: ______. Manuale di diritto civile. 4. ed.
Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane, 2003, 157.
70 Galgano, Francesco. Diritto civile e commerciale:volume primo. 2. ed. Padova: Cedam, 1993, p.
158.
71 Cordeiro, António Menezes. Op. cit., p. 155. Em especial Adriano de Cupis explica que: "O
ordenamento jurídico toma em consideração a função identificadora do nome, e confere a este uma
tutela particular; e tanto é assim que o direito à identidade pessoal se configura, essencialmente,
como direito ao nome. (...) a função identificadora das pessoas é exercida, principalmente, através
do nome" (Op. cit., p. 182).
72 De Cupis, Adriano. Op. cit., p. 184.
73 Perlingieri, Pietro; Lonardo, Loris. Op. cit., p. 158; Borges, Roxana Cardoso Brasileiro. Op. cit., p.
221-222.
74 Sá, Maria de Fátima Freire de. Op. cit., p. 211; Rocha, Lívia Cristina. Op. cit., p. 133; Szaniawski,
Elimar. Limites e possibilidades... cit., p. 248 e ss.; Araujo, Luiz Alberto David. Op. cit., p. 133 e ss.;
Diniz, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 265 e ss.; Lima,
Suzana Borges Viegas de. Op. cit.
75 Brasil. STJ. REsp 737.993/MG. rel. Min. João Otávio de Noronha. DJe 18.12.2009.
76 Moraes, Maria Celina Bodin de. Op. cit., p. 125.
77 Como bem observa Luis de Castro, na Espanha o livre desenvolvimento da personalidade é
fundamento para a mudança do sexo e do nome próprio no registro civil (Op. cit., p. 224).
78 Abreu, Laura Dutra de. Op. cit., p. 135; Brasil. STJ. REsp 737.993/MG. rel. Min. João Otávio de
Noronha. DJe 18.12.2009; Schreiber, Anderson. Direitos da personalidade. São Paulo: Atlas, 2011,
p. 200. Este último afirmando que: "Quanto à alteração do nome, não pode haver dúvida: a hipótese
insere-se, a toda evidência, no âmbito de aplicação do art. 55, parágrafo único, da Lei de Registros
Públicos (Lei 6.015/1973), que autoriza a alteração do nome que expõe o sujeito ao ridículo. Assim,
não há seque a necessidade de recorrer aos princípios constitucionais, extraindo-se claramente da
legislação infraconstitucional a possibilidade de alteração do nome que submeta a pessoa a
DIREITO AO ESQUECIMENTO E O LIVRE
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA PESSOA
TRANSEXUAL
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constrangimento, por se mostrar incompatível com o sexo anatômico".
79 Nas palavras de Anderson Schreiber: "A função do registro civil é dar segurança à vida em
sociedade. Um registro civil que atribua a uma pessoa um sexo que ela não ostenta na vida social é
um registro 'falso', 'errado', que exige retificação. Tal qual o nome, o sexo deve ser visto não como
um estado registral imutável ou como uma verdade superior ao seu titular, mas como um espaço
essencial de realização da pessoa humana" (Idem, p. 202).
80 Castro, Luis Martínez Vásquez de. Op. cit., p. 224. No Brasil existem apenas projetos de lei que
visam conceder expressamente o direito à alteração do sexo no registro civil da pessoa que fizer a
cirurgia de transexualismo. O mais antigo destes é o PL 70/1995 e mais recentemente foram
iniciados o PL 1.281/2011 e o PL 4.241/2012.
81 Sá, Maria de Fátima Freire de. Op. cit., p. 211.
82 Rocha, Lívia Cristina. Op. cit., p. 147.
83 Brasil. STJ, REsp 737.993/MG, rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 18.12.2009.
84 Que com o reconhecimento do casamento e união estável homoafetiva pode ocorrer com ambos
os sexos, encerrando a discussão sobre a possibilidade de casamento do transexual com pessoa
que fosse do mesmo sexo deste antes da cirurgia de transgenitalização.
85 Rocha, Lívia Cristina. Op. cit., p. 145.
86 Sousa, Rabindranath V. A. Capelo. O direito geral de personalidade. Coimbra: Coimbra Ed., 1995,
p. 225. Nas palavras do autor: "(...) parece inegável reconhecer certo poder de autodeterminação
corporal, ao chamado transexual, não apenas na sua orientação sexual, mas também na sua
configuração sexo-corporal".
87 Na Itália, a identidade sexual é fundamento para a alteração do nome e sexo no registro civil
(Perlingieri, Pietro; Lonardo, Loris. Op. cit., p. 160).
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DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA PESSOA
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