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UNIVERSIDADE PAULISTA DISCIPLINA: PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE AULA. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO “Desde o surgimento do homem, (a educação) é prática fundamental da espécie, distinguindo o modo de ser cultural dos homens do modo natural de existir dos demais seres vivos” (Severino, in: Gadotti, 2001) O pensamento pedagógico surge a partir da reflexão sobre a prática da educação, ou seja, a prática educativa é anterior ao pensamento pedagógico, este surge a fim de sistematizar e organizar a prática em função de determinados fins e objetivos. A educação primitiva era prática marcada pelos rituais de iniciação e tinha como base a visão animista: tudo possuía uma alma semelhante à do homem. Neste momento, a educação baseava-se na imitação e na oralidade, limitada ao presente. Era também espontânea, natural e não-intencional. Na comunidade primitiva toda a população tinha direito à educação, em função da vida e para a vida. A escola era a própria aldeia, mas com a divisão do trabalho, surgiram as especialidades. A escola que conhecemos hoje nasceu com a desigualdade econômica e com a hierarquização. Pensamento pedagógico Oriental A doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo que prega pela vida tranqüila e pacífica. Confúcio (551-479 a.C.), sob doutrina taoísta, pregava o ensino dogmático e memorizado. A Educação Chinesa tradicional primava pela reprodução do sistema hierárquico e de obediência. Alguns povos desenvolveram práticas importantes no desenvolvimento da educação, entre eles destacamos: os hindus, marcados pela contemplação e reprodução da cultura das castas; os egípcios, marcados pelo uso inicial de bibliotecas, com os primeiros relatados das casas de instrução, locais onde eram praticados ensinamentos de leitura, escrita, história dos cultos, astronomia, música, medicina; e ainda, os hebreus, lembrados por uma educação rígida e minuciosa com técnicas de repetição, e através do cristianismo seus métodos influenciaram a cultura ocidental. Pensamento pedagógico Ocidental A sociedade grega serviu de berço da cultura, civilização e educação ocidental. Nesta sociedade, a educação do homem integral pautava-se no tripé: ginástica para o corpo, filosofia para a mente, e artes para a moral e os sentimentos. Com o domínio de Roma sobre a Grécia, a filosofia de educação grega também influenciou os romanos. Na educação romana predominou o caráter utilitário e militarista focados na disciplina e justiça. Na escola, os castigos eram severos, os culpados (por erros) açoitados por varas. Todas as regiões conquistadas – o império romano – eram submetidos aos mesmos hábitos. Com a queda do Império Romano e as invasões bárbaras, limita-se a influência greco-romana e impõe-se o crivo ideológico da Igreja Cristã. Destaca-se que Cristo havia sido um grande educador: uso de parábolas, comunicação com os humildes, linguagem popular e erudita. O Império árabe com predomínio islâmico, não queria mutilar a cultura grega em função dos seus interesses, foram eles que a levaram ao ocidente. Pensamento pedagógico Medieval Os estudos medievais compreendiam gramática, dialética e retórica, além de aritmética, geometria, astronomia e música. A educação assim como o pensamento grego e romano era excludente (escravos, mulheres) apenas a elite (nobreza e clero) tinha acesso à educação. Nesse período, temos destaque para a criação das universidades na Idade Média – alguns historiadores afirmam que as universidades medievais eram menos elitistas que as renascentistas. Pensamento pedagógico Renascentista No momento renascentista, há uma revalorização da cultura greco- romana, tornando a educação mais prática, incluindo a educação do corpo e a substituição dos métodos mecânicos por procedimentos mais agradáveis. Em reação à reforma protestante a Igreja Católica criou o índice de livros proibidos e organizou a Inquisição, também criou a Companhia de Jesus com ação dos jesuítas. A educação jesuítica privilegiava os dogmas, a conservação das tradições em uma educação científica e moral em detrimento de uma abordagem humanística. Pensamento pedagógico Moderno Há uma nova forma de produção opondo-se ao modo feudal – o sistema de cooperação. Tudo o que fora ensinado até então era considerado suspeito, de modo que a ciência deve comprovar os conhecimentos empíricos até então tidos como verdade. Há predomínio da razão e do método. Algumas descobertas e seus criadores, neste período, precisam ser ressaltados, como por exemplo, o telescópio (Galileu Galilei); a circulação do sangue (William Harvey); a distinção entre fé e razão (Francis Bacon) e a matemática como a ciência perfeita (René Descartes). Devido à revolução linguística, houve o fim do predomínio do latim. João Amos Comênio afirmava que a educação do homem nunca termina, estamos sempre em formação. Permanecia a dicotomia entre trabalho intelectual e trabalho manual. Ao lado da luta popular pelo acesso à escola tem-se a popularização da educação religiosa: os metodistas com as escolas dominicais e ordens religiosas católicas dedicando-se à educação popular. Pensamento pedagógico Iluminista Jean Jacques Rousseau inaugura uma nova era na educação, pautada no resgate a relação entre educação e política e ressaltando o estado natural do homem – educação que permite o desabrochar da natureza humana. Neste período, não se vislumbra mais a criança como um mini adulto, mas como um ser em formação. Ocorre um movimento de libertação da repressão dos monarcas e do despotismo sobrenatural do clero. Alguns estudiosos do período foram responsáveis por significativos avanços, como Emanuel Kant, o qual supera a contradição de conhecimento inato (Kant) x conhecimento pela experiência (Locke). Para Kant o homem é o que a educação faz dele através da disciplina, didática, formação moral e da cultura. Fichte e Hegel pautam-se no idealismo subjetivo, negando as implicações externas. Manteve-se nesse período a diferenciação de educação popular(para trabalhar) x para classe dirigente (para governar). Pensamento pedagógico Positivista Corresponde a concepção burguesa de educação. Destaque para Augusto Comte que se pautava no pensamento positivista. O positivismo nasce como filosofia e segue como ideologia. A contribuição positivista na educação refere- se ao valor dado à ciência. Pensamento pedagógico socialista Surge do movimento popular pela democratização do ensino. Há uma forte crítica à divisão de ensino clássico e profissional, apontava o trabalho como um princípio antropológico e educativo. Para Karl Marx, mentor importante deste movimento pedagógico, a transformação educativa deveria ocorrer paralelamente à revolução social. MOVIMENTOS DA PEDAGOGIA CONTEMPORÂNEA Escola Nova A teoria da Escola Nova determinava que a educação fosse instigadora da mudança social e, ao mesmo tempo, se transformasse porque a sociedade estava em mudança. Destaque para Montessori (foco nas experiências sensoriais) e Piaget (foco no desenvolvimento da inteligência na criança). Embora esse movimento “escolanovista" não tenha relação direta com o tecnicismo pedagógico, teve grande preocupação com os meios e técnicas educacionais. Pensamento Pedagógico Crítico Na segunda metade do século XX surgem críticas à educação e afirmam o quanto a educação reproduz a sociedade. Algumas teorias que abordam o sistema de ensino como função ideológica: ◦ Escola enquanto aparelho ideológico do Estado (Althusser) ◦ Escola enquanto violência simbólica (Bourdieu e Passeron)Pensamento Pedagógico Brasileiro O Pensamento pedagógico busca pela autonomia nacional desde a Escola Nova – até então era pura reprodução do pensamento religioso medieval. Em 1924 destacamos a criação da Associação Brasileira de Educação, e logo depois, em 1938, temos a criação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos. Apesar dos católicos e liberais representarem grupos diferentes, eles eram facções de grupos dominantes na Sociedade, o que fortalecia o movimento. Com o pensamento pedagógico progressista é que coloca-se o papel da educação na transformação social. Pensamento Pedagógico Brasileiro Destaque para Paulo Freire – um dos maiores educadores do século XX sua idéia central é pautada na concepção dialética: “Educador e educando aprendem juntos em uma relação dinâmica na qual a prática, orientada pela teoria, reorienta essa teoria, tornando-se um processo de constante aperfeiçoamento”. Para Freire, através da educação é possível alcançar a autonomia intelectual do cidadão para intervir sobre a realidade – educação como ato político. Educadores e teóricos da educação progressista defendem a formação do cidadão crítico e participante das mudanças sociais. Alguns defendem mais a autonomia da escola, outros defendem a maior intervenção do estado. O pensamento pedagógico brasileiro é rico e está em movimento, não é possível reduzi-lo a esquemas. Perspectiva atual: discussão sobre a educação pós-moderna e multicultural. Hoje vivemos um momento de grande avanço tecnológico, na produção econômica dos bens naturais; nas relações políticas da vida social; e na construção cultural. Esta nova condição exige um redimensionamento de todas as práticas mediadoras de sua realidade histórica, quais sejam, o trabalho, a sociabilidade e a cultura simbólica. A educação hoje é objeto priorizado de estudos científicos com vistas à definição de políticas estratégicas para o desenvolvimento integral das sociedades. Ela é entendida como mediação básica da vida social de todas as comunidades humanas. Vivemos um momento de reavaliação e reconstrução. É preciso pensar em todas as vertentes relacionadas à educação. Está ocorrendo um redimensionamento de seu papel, em face das exigências postas pela significação da condição humana, fundada na iminente dignidade dos seres humanos como pessoas. Todo este contexto ressalta a importância e a urgência de se manter um diálogo entre ciência, política, filosofia e educação. A educação não poderá mais ser vista como processo mecânico de desenvolvimento de potencialidades. Ela será necessariamente um processo de construção, ou seja, uma prática mediante a qual os homens estão se construindo ao longo do tempo. “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo de busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria” Paulo Freire EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO DO CONTEÚDO 1. Em que se baseava a educação primitiva? Havia manuscritos naquela época? 2. Qual a grande herança do movimento pedagógico oriental? 3. Na pedagogia ocidental, temos duas importantes sociedades que são responsáveis por sua construção: grega e romana. Destaque o que ambas têm em comum e o que as diferenciam. 4. Na pedagogia medieval há acesso a educação para todas as pessoas? Como os movimentos pedagógicos posteriores se posicionaram frente à democratização do ensino? 5. No pensamento iluminista temos a busca pela junção entre educação e política. Contextualize esse movimento histórico e como ele pôde se relacionar a essa nova estratégia. 6. Caracterize o pensamento pedagógico brasileiro. 7. Quais são as novas tendências da educação contemporânea? 8. Paulo Freire foi um importante estudioso cujas ideias nortearam diversos momentos no Brasil. Uma de suas propostas se baseia na troca de saberes: “Educador e educando aprendem juntos em uma relação dinâmica”. Explique a frase acima.
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