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Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará Instituto de Geociências e Engenharias Faculdade de Engenharia de Materiais Curso de Engenharia Mecânica Determinação da quantidade de massa de sal dissolvida em água em função do tempo Roberto N. da S. Gonçalves1 Adriano Souza da Costa2 21 de março de 2016 Resumo Com o conhecimento intermediário em cálculo diferencial e integral, neste artigo é feita a aplicação da solução de um problema de misturas determinando seus parâmetros através das equações diferenciais ordinárias lineares. É apresentado a metodologia da modelagem matemática de um fenômeno físico envolvendo mistura dos componentes sal e água, determinando a quantidade de massa dentro de um tanque de misturas envolvendo taxas de variação de entrada e saída de concentração salina. Palavras-chave: modelagem, taxa de variação, mistura, equações diferenciais. 1. INTRODUÇÃO A modelagem matemática é a área que estuda a simulação de sistemas ou fenômenos a fim de prever seu comportamento, sendo empregada principalmente nas áreas da Física, Química, Biologia, Mecânica e em outras diversas áreas da ciência. Uma razão para isso é que os modelos matemáticos e suas soluções levam às equações que relacionam as variáveis com os parâmetros do problema (BOYCE et al, 2010). Isso é válido porque essas equações permitem fazer previsões naturais de como os processos reagem diante de circunstancias e sob os parâmetros de estudo que regem o problema, por isso os princípios, as leis ou relações são expressas em forma de taxa de variação, isto é, por meio de diferenciais. Desta forma, para compreender e investigar problemas que envolvem o movimento de fluídos, corrente elétrica em circuitos, crescimento populacional, entre outros, é necessário ter conhecimento do cálculo diferencial e integral, (BOYCE et al, 2006). Visto que este estudo pode ser aplicável na química, principalmente na determinação da taxa de resfriamento, decaimento radiativo, misturas, etc. A modelagem matemática e a experimentação são importantes por exercer uma vasta influência nas investigações de cunho cientifico, uma vez que podem ser validos para a comparação com os resultados experimentais, (ZILL, 2003). Além disso, os paramentos podem ser variados em diversos intervalos, o que pode minimizar gastos e ampliar a eficiência do procedimento experimental (CARVALHO, 2011). No entanto, para garantir a eficiência dos resultados, é bastante interessante que haja uma comparação de resultados dos modelos matemáticos e experimentais. Por fim, é valido destacar que as equações diferenciais lineares obtidas na modelagem de um problema de misturas podem ser solucionadas de forma manual ou computacional, no entanto, neste trabalho serão resolvidas apenas manualmente. 1.1. Modelagem matemática de uma mistura 1Graduando de Engenharia Mecânica (FEMAT/IGE/Unifesspa). E-mail: robertonsg@unifesspa.edu.br. 2Graduando de Engenharia Mecânica (FEMAT/IGE/Unifesspa). E-mail: adriano321souza@gmail.com. Geralmente as modelagens matemáticas envolvendo fenômenos químicos é originada de uma equação diferencial ordinária de primeira ordem, e não é diferente para problemas de concentração quando se deseja determinar a quantidade de um produto contida em uma mistura. Na grande maioria, e neste caso, envolve-se taxa de variação da quantidade de massa m em função do tempo t. 1.2. Determinação da quantidade de massa em função do tempo Para a determinação da quantidade de massa em função do tempo t como parâmetro, será considerado que os componentes da mistura (água e sal) são homogêneos para facilitar a modelagem. A partir disso, deseja-se também observar a taxa de variação da concentração de sal em um tempo arbitrário. Num instante inicial t = 0, em minutos, um tanque de misturas com capacidade de 80 L, como na Figura 1, contém 25 g de sal dissolvidos em 50 L de água. Também é injetado, por uma tubulação de entrada, a concentração de 4 g de sal por litro de água à uma taxa de 2 litros por minuto. Quando a solução dentro do tanque estiver misturada, esta será drenada para fora do tanque com a mesma taxa de entrada, mantendo constante a quantidade de 50 L dentro do tanque. O objetivo deste trabalho é a determinar a quantidade de massa m de sal dentro do tanque depois de um tempo. Será denotado m(t) como a quantidade de sal, em gramas, dentro do tanque em qualquer tempo arbitrário t em minutos. Figura 1. Ilustração do tanque contendo a solução de salmoura 2. MODELAGEM MATEMÁTICA Para o desenvolvimento da modelagem matemática, são definidas algumas propriedades para o relacionamento das taxas e fluxos. A definição das taxas de entrada e saída da solução corresponde a uma regra da cadeia do fluxo com a concentração dada pela equação abaixo. taxa (g min⁄ ) = fluxo (L min⁄ ) × concentração (g L⁄ ). Supõem-se que o sal dentro do tanque não é criado e nem destruído, então se observa que a quantidade de massa m(t) depende apenas da diferença das taxas de entrada e de saída ambas em função do tempo. Denotando dm(t)/dt como a taxa de variação de sal dentro do tanque, tem-se que: dm(t) dt = taxa de entrada − taxa de saída. (1) Reescrevendo em termos de notação de derivadas 𝑑m 𝑑t = 𝑑V 𝑑t 𝑑m 𝑑Ventrada − 𝑑V 𝑑t 𝑑m 𝑑Vsaída (2) 𝑑V 𝑑t 𝑑m 𝑑Ventrada = 2 L min⁄ ∙ 4 g L⁄ = 8 g min⁄ (3) 𝑑V 𝑑t 𝑑m 𝑑Vsaída = 2 L min ∙ m(t) 50 L = 𝑚(𝑡) 25 g min⁄ (4) dm dt = 8 − m(t) 25 . (5) Rearranjando a Eq. (5) em formato de uma equação diferencial de variáveis separáveis e integrando ambos os lados, ∫ 1 𝑚 − 200 𝑑𝑚 = − 1 25 ∫ 𝑑𝑡 (6) Tem-se 𝑙𝑛|m − 200| = − t 25 + C1. (7) Aplicando a propriedade de exponencial na Eq. (7), 𝑒ln|𝑚−200| = e− t 25+C1 . (8) Rearranjando a Eq. (8), m = 200 + e− t 25eC1 , (9) Substituindo eC1 = C, tem-se a Eq. (10) a representação solução geral do problema. m(t) = C𝑒− t 25 + 200, (10) No problema, a condição inicial dada era de que no início da contagem o tanque possuía 25 g de sal. Obteve-se então a solução particular da modelagem adotando-se t = 0 e m(0) = 25 para se obter C = –175. Logo, a Eq. (11), m(t) = 200−175𝑒− t 25, (11) É dada como a solução particular do problema. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com as equações Eq. (10) e Eq. (11) obtidas, é possível obter a plotagem de gráficos que representem as famílias de soluções com os valores de C arbitrários e a solução particular estimada através da condição inicial. O gráfico (1) apresenta cinco curvas que representam um campo vetorial do comportamento da solução quando os valores da constante C fossem determinados. No gráfico (2), se é mostrada a função obtida da solução particular, dada pela Eq. (11), no qual mostra o comportamento da solução. Gráfico 1. Família de soluções da massa versus tempo. Plotagem gerada no software Scilab. Gráfico 2. Solução particular da massa versus tempo. Plotagem gerada no software Scilab. Para efeitos de análise e discussão do modelo, observa-se que o gráfico (1), mostra cinco linhas de soluções do problema, independentemente da condição inicial, ou seja, a quantidade de sal inicial dentro do tanque no início da contagem, a solução tenderá sempre para 200 g de sal. Isto pode ser “provado” aplicando-se limites na função da solução particular dada na Eq. (11). As Eq. (12) e Eq. (13) apresentam os resultados dos limites. lim 𝑡→∞ [200−175𝑒− 𝑡 25] = 200, t ≥ 0 (12) lim 𝑡→0 [200−175𝑒− t 25] = 25, t ≥ 0 (13) Isto é, com o resultado da Eq.(12) igual a 200, que é gramas, independente da quantidade inicial da massa de sal dentro do tanque, a quantidade máxima de sal com o tempo tendendo ao infinito sempre será de 200 gramas. Na Eq. (13), com o resultado 25, também em gramas, se prova que no tempo inicial t = 0, a massa é de 25 g, como dada na condição inicial. Portanto, é provado que a Eq. (11) está correta. No gráfico (2), onde há somente uma linha, que é a da solução particular, mostra que no tempo inicial t = 0, a quantidade de sal m(t) dentro é igual a 25 gramas e a quantidade de massa máxima de sal dentro do tanque tenderá também a 200 gramas, dentro dos 50 litros de água. Isto também significa que a concentração máxima será de 40 gramas de sal por litro. Intuitivamente, isto também significa que quando a mistura alcançar a concentração de 40 g/L, a mistura estará solidificada, desprezando o fenômeno de que na realidade, depois de determinado tempo, não haverá mais taxa de saída pelo encanamento de drenagem devido a solução estar praticamente sólida. 4. CONCLUSÃO Tendo em vista o modelo matemático descrito anteriormente, constata-se que os problemas que envolvem taxa de variação podem ser analisados por meio da experimentação teórica para que se possa ter todos os parâmetros necessários. Isso deve ser feito de maneira criteriosa para que se possa obter resultados práticos eficazes e, além disso, evitar perda de material ou até mesmo levar a uma serie de repetição do experimento. Neste problema, obteve-se a equação geral e uma solução particular do caso estudado, sendo que utilizou-se o tempo inicial para comprovar que dentro do recipiente havia 200 g de sal. A solução particular mostrada no gráfico 2, mostra que há um crescimento exponencial a partir da quantidade inicial sal presente no tanque no tempo inicial. Visto isso, provou-se que a modelagem matemática é de suma importância em problemáticas da química. Ademais, este procedimento não deve ser utilizado como uma única fonte para determinar parâmetros do problema, pois na própria construção das formulações são desprezados muitos outros fatores que podem interferir nos dados, tais como, condições climáticas, acidez da água, dentre outros, desta forma, é importante ter todos os parâmetros obtidos na modelagem devem ser parecidos com os dados experimentais. Por fim, como planejado, todos os resultado e parâmetros foram obtidos manualmente, exceto a solução gráfica. 5. REFERÊNCIAS [1] BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C. Equações Diferenciais Elementares: problemas de valores de contorno. 9.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. [2] CULLEN, M. R.; ZILL, D. G. Equações Diferenciais, 3 ed., Pearson Makron Books, São Paulo, 2011. [3] ZILL, D. G. Equações Diferenciais com aplicações em modelagem, 3 ed., Thomson Learning, São Paulo, 2003.
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