Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Marco Túlio Peixoto PUC- Escola de Veterinária- Betim TECNOLOGIA E PROCESSAMENTO DE PESCADO INTRODUÇÃO Fatores responsáveis pela rápida decomposição do pescado: pH próximo a neutralidade; elevada atividade de água nos tecidos; teor de nutrientes facilmente utilizáveis pelos MO; teor de fosfolipídeos; Rápida ação enzimática dos tecidos e vísceras. Fatores microbiológicos: Deterioração depende de: Tipo de despesca; Intensidade e condições higiênico-sanitárias do manuseio (lavagem, descamação, evisceração, etc); Estocagem. a carga bacteriana, mais rápida é a deterioração; Bactérias: Superfície corporal; Trato gastrointestinal e respiratório; Principais gêneros: Pseudomonas, Achromobacter, Micrococus, Flavobacterium, Sarcina, Vibrio, Bacillus, Clostridium, Escherichia. Fatores após a captura: Temperaturas das águas; Intensidade de poluição; Estado das víceras. Microflora característica do pescado: Bactérias psicrófilas adquiridas nas operações na obtenção da matéria prima: Pseudomonas, Achromobacter, Acinetobacter e Flavobacterium. Bactérias introduzidas por contaminação externa: Coliforme, Escherichia coli, Estreptococos, e outras Salmonella, Vibrio Clostridium, etc). Manejo de Pré-processamento Off Flavor= presença de sabores ou odores indesejáveis causados por ingredientes dos alimentos, rancidez oxidativa na estocagem ou por absorção de certas substâncias presentes na água de cultivo (Tucker e Martin, 1991). Ocorrência = Cultivos intensivos níveis de arraçoamento acúmulo de nutrientes proliferação actinomicetos e algas cianofíceas (Oscillatoria, Anabaena e Simploca) Responsáveis pela produção Geosmina (GEO) - (1,10-dimetil-9-decalol) Metilisoborneol (MIB) 1-R-exo-1,2,7,7-tetrametil-biciclo-[2,2,1]-heptan-2-ol) Depuração PROCESSO DE DEPURAÇÃO - técnica capaz de eliminar os sabores e odores desagradáveis do peixe realizada em tanques que recebem fluxo contínuo de água limpa. TEMPO DE DEPURAÇÃO: VARIÁVEL (2 a 10 dias) Temperatura da água Teor de gordura muscular – acima 2,5% absorver mais Metilisoborneol (MIB) Intensidade inicial do “off-flavor” Períodos prolongados - perdas de peso DETECÇÃO DA NECESSIDADE DE DEPURAÇÃO Análises sensoriais - degustação prévia peixe Características da musculatura Fatores Fisiológicos: Post mortem: oxigênio energia via rota anaeróbica músculo flácido ácido lático pH muscular (6,2) rigor mortis formação do complexo actomiosina Fatores que interferem no rigor mortis: Fatores pré e pós-despesca; Temperatura ambiente: 20oC a deterioração ocorre em 10 horas; 30oC a deterioração ocorre em 4 horas. Post rigor: Desaminação dos derivados purínicos e adenosina trifosfatoformação de amônia. O pescado apresenta a estrutura muscular frouxa. PRINCIPAIS CAUSAS DA RÁPIDA DECOMPOSIÇÃO DO PESCADO Rápida Morte do Músculo – a fadiga ( ocasionada pelo esforço que o pescado faz na tentativa de livra-se da captura, provoca um consumo considerável das reservas energéticas, esgotando desta forma, as substâncias necessárias para a contração muscular (ATP e Glicogênio). Depois da morte e sem o glicogênio necessário para a resíntese do ATP, cessa a contração muscular e inicia-se o chamado Rigor Mortis. Natureza psicrófila das bactérias – as bactérias que constituem a microbiota natural do pescado, resistem à baixas temperaturas, sendo que sua atividade apenas diminui à temperatura próxima de 0ºC . Presença do Oxido de Trimetilamina (OTMA): esta substância nitrogenada não protéica presente na musculatura dos pescados marinhos, constitui um excelente substrato para as bactérias. Pouco Tecido Conjuntivo: o músculo do pescado possui pouco colágeno, isto facilita a digestão, porém torna o músculo mais vulnerável à invasão e atividade microbiana. Fraca Ligação dos Anéis Protéicos e Grande Quantidade de Água: essas são também características dos componentes do pescado que favorecem a sua digestibilidade, porém disponibilizam de forma mais fácil e em quantidades adequadas, os nutrientes necessários para a multiplicação e intensa atividade microbiana. Predominância de Gordura Insaturada: os ácidos graxos insaturados do tipo EPA, DHA, possuem importância fundamental no aspecto de saúde, porém esta característica, torna a gordura do pescado mais facilmente sujeita ao processo de auto-oxidação (Ranço). Fatores químicos: Gorduras apresentando fosfolipídeos odor; Rápida ação das enzimas do próprio pescado; acidez em sua carne; Modificações causadas pela decomposição: pH próximos de 7; rancificação de gorduras aldeídos, cetonas, ácidos graxos insaturados e trimetilamina (muddança de coloração para pardo a vermelho); Modificação organolépticas: peixes de água salgada (trimetilamina) Odor (brânquias, cavidade abdominal, pele e músculos); Modificações de aparência; Desidratação (olhos, coloração, brilho); Coloração das vísceras. Modificação de textura Elementos observados Pescado fresco Pescado deteriorado Odor Fresco, algas Pútrido especialmente nas brânquias Rigor mortis Corpo rígido, tecido muscular firme e elástico Tecido muscular mole, permanecendo a impressão dos dedos quando comprimidos Superfície Brilhante, muco regularmente distribuído sobre a pele e transparente Escura, manchas acinzentadas, muco coagulado em grumos, aspecto amarelado ou marrom em putrefação avançada Coluna vertebral Ausência de cor Desenvolvimento de cor avermelhada, vermelho marrom principalmente na parte ventral Parede abdominal Textura firme e elástica sem coloração marcada Textura flácida e cor vermelho marrom Firmeza da carne aos ossos Exige considerável pressão para retirar Carne desprega-se facilmente Brânquias Vermelhas intensas sem muco Cinzas, marrons, amarelas mucosas Olhos Salientes, pupilas negras e córneas transparentes Fundos Operações pós-despesca: Refrigeração; Evisceração (retirada das vísceras, brânquias), lavar com água clorada (50 ppm de cloro) acondicionado em gelo. Transporte: Vivos (em tanques aerados) ou abatidos em gelo. Procedimentos na industria: Lavagem (água hiperclorada); Retirada de escamas; Retirada de cabeça e vísceras; Filetamento; Retirada da pele; Separação de carne (CMS); CONSERVAÇÃO DO PESCADO PELO FRIO Os pescados comercializados na forma in natura: Pescado fresco: mantido no gelo; Pescado resfriado: acondicionado no gelo 0,5 a 2oC; Pescado congelado: à -25oC e mantido à -15oC; Forma de conservação Temperatura OC Vida de prateleira Pescado a temperatura ambiente 25 a 27 24 horas Pescado resfriado -0,5 a -2 12 dias Pescado congelado -10 1 mês Pescado congelado -20 4 meses Pescado congelado -30 8 meses Tipos de congelamento: Super rápido: previne formação de cristais de gelo; Congelamento parcial; Glazeamento. OUTRAS FORMAS DE CONSERVAÇÃO Salga e sacagem de pescado: Índice de frescor; Conteúdo de gordura; Espessura do músculo. Defumação: expor o peixe fresco ou ligeramente salgado à ação do calor e da fumaça: Defumação a frio: 40oC; Defumação a quente: >80oC; Defumação com fumaça líquida: saborizantes naturais solúveis emsalmora. Surimi e polpa de pescado: Surimi – produto de origem no Japão obtido da polpa de pescado. Produtos pasteurizados: Caviar; Produtos fermentados: Patê Filipino; PESCA EXTRATIVA Captura de forma selvagem (caça) Difícil planejamento Dificuldades de obter-se um controle efetivo sobre a qualidade do pescado. AQUICULTURA Controle mais efetivo sobre a qualidade da matéria prima. Facilidades de planejamento PERIGOS NA CADEIA PRODUTIVA (AQUICULTURA) A matéria Prima Localização Qualidade da água Qualidade da Ração Enfermidades e condições de tratamento Falhas nas Boas Práticas de Manejo OCORREM NATURALMENTE NO MEIO AQUÁTICO OU AMBIENTE EM GERAL QUE OCORREM NOS PRODUTOS PESQUEIROS COMO RESULTADO DA CONTAMINAÇÃO DE ORIGEM HUMANA OU ANIMAL Clostridium Botulinun Vibrio pahaemolyticus Vibrio cholerae V. Vulnificus V. Mimicus Aeromonas spp Pleseiomonas shigelloides Listeria monocytogenes. Salmonella e. Coli Shigella Staphylococcus. GRUPO I GRUPO II BPF Práticas de higiene recomendadas para o manuseio de alimentos visando a obtenção de produtos seguros BPF(Boas Práticas de Fabricação) •PRÉ-REQUISITOS FUNDAMENTAIS 1. PROJETO DE PRÉDIOS E INSTALAÇÕES 2. PROCEDIMENTOS PADRÕES DE HIGIENE OPERACIONAL - PPHO/SSOP 3. CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS 4. PROGRAMA DE RECOLHIMENTO (“RECALL”) 5. RECLAMAÇÕES DE CONSUMIDORES E/OU IMPORTADORES 6. PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO OBJETIVOS - Prevenir a ocorrência de contaminação cruzada - Evitar atrasos e/ou paradas desnecessárias - Facilitar os procedimentos de limpeza, sanificação e manutenção apropriadas LOCALIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO Os estabelecimentos devem estar longe de: Áreas poluídas e de atividades industriais que ameacem contaminar o alimento; Áreas sujeitas a enchentes, a menos que tenham sido adotadas medidas de salvaguarda; Áreas propensas a infestações por pragas onde não seja possível a retirada completa de dejetos. Manutenção de vias de trânsito, jardins e áreas de estacionamento Drenagem adequada de áreas que possam contribuir para a contaminação dos alimentos Sistemas de tratamento de águas residuais e eliminação adequada destas MANUTENÇÃO PROJETO E “LAYOUT” OPERACIONAL - evitar contaminação cruzada - fluxo ordenado do processo LOCAL E INSTALAÇÕES Limpeza, sanifização e manutenção adequadas para evitar contaminação do alimento. Material de construção Desenho sanitário Resistência Manutenção e limpeza Monitoramento EQUIPAMENTO 1.Potabilidade da água e do gelo 2.Higiene das superfícies de contato com o produto 3.Prevenção de contaminação cruzada 4.Higiene pessoal 5.Proteção contra contaminação/adulteração do produto 6.Identificação/estocagem de produtos tóxicos 7.Saúde dos colaboradores 8.Controle integrado de pragas OS PROCEDIMENTOS PADRÕES DE HIGIENE OPERACIONAL-PPHO DEVEM CONTROLAR A: Quantidade e qualidade da água Condições físico-químicas e microbiológicas Monitoramento (ex. Cloração da água) Ações corretivas (ex. Parada na recepção de peixes/nova lavagem da matéria-prima) Verificação (ex.: auditoria interna) Registros (ex. formulários para controle de cloração) Fonte de abastecimento Problemas de falta d’água Inspeção visual nos reservatórios Vedação e controle das tampas das caixas e reservatórios Identificação das tubulações, conexões Planta (tubulações, pontos de coleta) OUTROS ASPECTOS A SEREM CONTROLADOS • Monitoramento (ex. Inspeção visual diária realizada pelo supervisor) • Ações corretivas (ex. Nova limpeza e sanificação) • Procedimentos de verificação (ex. Resultados de “swab- tests”) • Procedimentos de registros (ex. Resultados microbiológicos do produto final) Estabelecer e implementar os procedimentos de higiene e sanificação • As necessidades de temperatura • Verificar, “in loco”’, as condições higiênicas das superfícies (inspeção visual) OUTROS ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS • Monitoramento ( ex. Eficácia da lavagem da matéria prima) • Ações corretivas (ex. Parada no processamento e nova lavagem da matéria prima) • Procedimentos de verificação (ex. Coleta de amostras da matéria prima antes e após a lavagem) • Registros (ex. Resultados de análises microbiológicas do produto final) CONSIDERAR, DENTRE OUTROS, OS SEGUINTES ASPECTOS: •Monitoramento (higiene corporal dos funcionários, uniformes, atitudes higiênicas, etc.) •Ações corretivas (ex.: retirada de operários com uniformes sujos) •Procedimentos de verificação (ex.: auditoria interna verifica o controle sobre a lavagem dos uniformes) • Registros (ex.: documentos sobre treinamento em boas práticas de higiene) Proteção do alimento, dos materiais de embalagem e das superfícies contra contaminação causada por: • Lubrificantes • Praguicidas • Agentes de limpeza • Desinfetantes • Condensação • Fragmentos de metais, etc. monitorar utilizar produtos com a aprovação da autoridade responsável armazenar corretamente utilizar corretamente permitir o acesso somente ao pessoal autorizado/capacitado A equipe deverá, de forma prática: Monitoramento: Do estado de saúde de qualquer pessoa, que entra em contato com a matéria prima, produto, material de embalagem, etc., que apresente ou aparente ter: enfermidade contagiosa lesão aberta (incluindo inflamações) qualquer tipo de fonte de infecção tosse constante gripe, etc. •Pela própria indústria •Através empresas especializadas (atividades terceirizadas) As medidas de controle poderão ser implementadas: 1. Realizar uma análise de perigos 2. Determinar os Pontos Críticos de Controle 3. Estabelecer limites críticos 4. Estabelecer um sistema de monitorização 5. Estabelecer ações corretivas 6. Estabelecer procedimentos de verificação 7. Estabelecer documentação Os Princípios do APPCC Classificação Peixe Parafuso Sangria Classificação Descamadeira Filetar Maquiagem Retirada do Couro Embandejamento Lavagem Corte Eviscerar ou Postejar Congelamento Filé Fresco Embalagem Polpa Carcaça Fabrica de Farinha e Biodiesel Visceras Ossos Cabeça e Rabo Couro Postejamento Glaseamento Glaseamento Embalagem Evisceração Embalagem Filé Congelado Dispersão Embandejamento Congelamento Glaseamento Embalagem 40 Produtos Intervalos GLAZE Filé 28% a 32% 10% a 15% Apara 3,5% a 4,5% 0 Couro 6,5% a 7,5% 0 Carcaça 54% a 58% 0 Cabeça 27% a 30% 0 Tilapia S/V 83% a 86% 0 Tilapia HG 63% a 65% 15% a 20% Tilapia Inteira 93% a 95% 15% a 20% Tilápia Posta 50% a 52,5% 15% a 20% Polpa 2% a 4% 0 Cabeça da Posta 11,5% a 13,5% 0 Produtos Tilápia Filé de Tilápia Fresco Filé de Tilápia Congelado Filé de Tilápia Especial Filé de Tilápia com Pele Lombo de Tilápia Congelado Tilápia Inteira Fresca Tilápia Inteira Congelada Tilápia s/c s/v Congelada(HG) Tilápia em Posta Congelado Polpa de Tilápia Congelada Filé de Tilápia Fresco Características: • Formato Padrão •Ausência de Pele •Ausência de Espinhas •Classificações: 100/120, 120/150e 150/200 •Cx de Isopor de 5kg ou 10lbs •Destino: Exportação Filé de Tilápia Congelado Características: Formato Padrão Ausência de Pele Ausência de Espinhas Classificações: 80/100,100/120, 120/150 e 150/200 Cx de Papelão 10kg ou 20kg Destino: Exportação e Mercado Interno Filé de Tilápia Especial (Temperado) Congelado Características: Formato Padrão Ausência de Pele Ausência de Espinhas Temperado c/sal e Pimenta do Reino Classificações: 120/150 Cx de Papelão: 20kg Destino: Mercado Interno Filé de Tilápia Congelado c/pele Características: Formato Padrão Presença de Pele Ausência de Espinhas Classificações: 150/200 Cx de Papelão: 20kg Destino: Mercado Interno Lombo de Tilápia Características: Formato Padrão Ausência de Pele Ausência de Espinhas Cx de Papelão: 8Kg Destino: Mercado Interno Tilápia Inteiro Fresco Características: Ausência de Escamas Ausência de Cortes Classificações: 700/900 Cx de Isopor de 13kg Destino: Exportação Tilápia Inteiro Congelado Características: Ausência de Escamas Ausência de Cortes Classificações: 400/800 e 800up Cx de Papelão de 20kg Destino: Exportação e Mercado Interno Tilápia espalmada Características: Ausência de Escamas Ausência das nadadeiras dorsais Presença de costelas Tilápia s/c s/v Congelado(HG) Características: Ausência de Escamas Ausência de Visceras Ausência de Nadadeiras Classificações: 150/300 Cx de Papelão de 20kg Destino: Mercado Interno Tilápia em Posta Congelado Características: Ausência de Escamas Ausência de Visceras Cortes Padrão Classificações: M & G Cx de Papelão de 20kg Destino: Mercado Interno Polpa de Tilápia Congelado Características: Ausência de Espinhas Bloco de 2kg Classificações: M & G Cx de Papelão de 16kg Destino: Mercado Interno 53
Compartilhar