Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sanidade Avícola Complexo Leucótico Aviário Paulo Henrique da Silva Barbosa Medicina Veterinária – UFRRJ Doença neoplásica, diagnóstico diferencial de Doença de Marek. Pertence ao complexo de doenças imunossupressoras de aves. Retrovírus: Inserem seu material genético dentro do genoma da célula hospedeira para depois fazer a transcrição do RNA mensageiro. Por isso, em algumas situações, podem ativar oncogenes nas células hospedeiras. Daí tem-se esta doença de característica neoplásica em aves. Sinonímia: Leucose linfoide (linfomatose visceral), Leucose Mielóide (Mieloblastose, mielocitomatose), Leucose eritróide (eritroblastose). Conceito: Leucose aviária é um termo genérico, geralmente usado para designar doença neoplásica em aves, causada por infecção por retrovírus indutores de tumores, não havendo especificação do tipo de tumor predominante ou o tipo de vírus envolvido. Perda além do esperado. Se naquela granja a taxa de mortalidade normal é de 2%, se houver introdução do vírus, pode chegar a 4%, 5%, perdas ocasionais até 20% ou mais. Alta mortalidade. A leucose mielóide é causada pelo subgrupo J. Ocasiona problemas como desuniformidade, palidez, alterações no empenamento e elevada mortalidade associada com a doença respiratória. Condenação de carcaças de frangos de corte. Perdas econômicas com a produção e qualidade dos ovos. A clara do ovo ganha um aspecto liquefeito. Etiologia Família: Retroviridae Gênero: Alpharetrovirus Vírus Defectivo – Vírus que não integra todo seu material genético, todos os seus genes. “Falta um pedaço”. Vírus Auxiliar – Vírus completo que auxilia o vírus defectivo na transcrição. O vírus pode ser dividido em 6 subgrupos: A, B, C, D, E, J. (IMPORTANTE) Os subsgrupos A e B causam leucose linfoide e são os mais frequentes no Brasil. A maioria dos casos de leucose linfoide são causados por vírus dos subgrupos A e B. o C e D também causam leucose linfoide porém a frequência desses subgrupos é muito baixa no Brasil. O subgrupo E é um vírus endógeno. O subgrupo J é o que causa a leucose mielóide. A, B, C, D e J – São classificados como vírus exógenos. Baseados no mecanismo de transmissão. E – Vírus endógeno. Epidemiologia – Transmissão Os vírus exógenos podem ser transmitidos de forma horizontal, mas também podem ser transmitidos de forma vertical congênita, ou seja, da galinha para o pintinho. O vírus endógeno é transmitido somente de forma vertical, só que hereditária, ou seja, o pintinho herda o vírus da mãe. O vírus sofre segregação genética como qualquer outro gene do indivíduo. Transmitido de forma vertical mendeliana, de forma que tanto o macho quanto a fêmea podem transmitir, diferente dos vírus exógenos, onde só a fêmea pode transmitir. Isso é importante para ser levado em conta na hora de tomar medidas de controle e prevenção. Se forem exógenos, principalmente nas matrizes. Se forem endógenos, tanto nas matrizes quanto reprodutores. Quando o vírus é transmitido de forma horizontal, a leucose é rara. Raramente uma ave desenvolve tumores quando o vírus é transmitido de forma horizontal. Não devo me preocupar? Deve, pois quanto maior a prevalência do vírus na granja, amior a chance de contaminação dos animais. Quando o vírus é transmitido de forma congênita, a leucose é muito comum. Praticamente só tem leucose quando tem-se transmissão vertical de vírus exógeno. Por que o subgrupo E é importante? Ele não desenvolve tumor, não tenho que me preocupar? Devo sim me preocupar pois ele é um vírus auxiliar e pode completar síntese de partículas virais de outros subgrupos. Os vírus da Leucose Aviária possuem três genes: Gog/pro - Proteína p27 é a mais utilizada nos testes de diagnóstico para leucose aviária. Pol – Codificação da Transcriptse Reversa Env – Proteína mais específica dos subgrupos, permite saber qual o subgrupo responsável. A incidência da infecção é alta porém a da doença é baixa. Nem sempre a ave infectada irá desenvolver a doença. Retrovírus cujos reservatórios são as próprias aves infectadas, a eliminação é pela saliva e pelas fezes, transmissão horizontal pode ser tanto direta quanto indireta (veículos de transmissão – água, ração, cama). As vias de transmissão são, dos vírus exógenos, horizontal e vertical congênita, enquanto o vírus endógeno, forma vertical e hereditária. A porta de entrada é sempre o trato respiratório. Os hospedeiros suscetíveis são as próprias galinhas. A transmissão genética pode aumentar a suscetibilidade das galinhas para infecção por VLA e tumores podem resultar de infecções por VLA, ao nascimento, mas não às 4 semanas de idade ou mais velhos. A chance de apresentar tumores é maior quando o animal é co infectado, tanto de forma endógena quanto exógena. Classes Sorológicas/Virológicas 1 – Sem viremia e sem Anticorpos (V-A-): Ave livre, nunca teve contato com o vírus. 2 – Com viremia e Com Anticorpos: (V+A+): Ave que adquiriu a infecção de forma horizontal porque ela desenvolveu anticorpo e ainda tem viremia que é transiente, vai ter vírus circulante e depois vai conseguir eliminá-lo. 3 – Sem Viremia e Com Anticorpos: (V-A+): Já apresentou viremia e a ave adquiriu o anticorpo de forma horizontal. 4 – Com Viremia e Sem Anticorpos: (V+A-): Ave infectada por via vertical. Essa ave reconhece o vírus como próprio dela, tendo uma imuno tolerância aos vírus que foram transmitidos de forma vertical, por isso não desenvolve anticorpos contra esse vírus. Nesse caso, a chance da ave desenvolver tumor é maior pois não tem resposta imunológica contra o vírus. Nesse caso, usaria-se um teste sorológico para identificar anticorpo e diagnosticar a doença? Não. Usaria-se um teste para identificar antígeno: Elisa direta. Animal que vai disseminar o vírus em abundância no ambiente. Aspectos Clínicos Leucose Linfóide – Doença que aparece depois da maturidade sexual. Período de incubação de 14 a 30 semanas. Pode-se confundir leucose linfoide com Marek? Não. Pois Marek afeta aves jovens. Sinais inespecíficos: Crista pálida, murcha, cianótica, inapetência, etc. Leucose Mielóide – Período de incubação muito variável, mas, normalmente em torno de 5 semanas. Aves mais jovens e, portanto, pode ser confundida com Marek. Marek infecta linfócitos e Leucose Mielóide mielócitos. Diferencia-se na histopatologia. Sinais inespecíficos, essa leucose ocorre com muita frequência em ossos, podendo ter deformidades ósseas, desenvolvendo problemas locomotores. Necrópsia – Lesões Macroscópicas Leucose Linfóide : A maioria dos tumores localizam-se: Bolsa de Fabrício, fígado, baço. Ocasionalmente pode-se observar neoplasia em rins, gônadas, etc. Leucose Mielóide: Comum tumores em fígado e baço e muito comum em esterno. Também presente nos ovários. Pode-se observar hipertrofia dos lobos hepáticos devido à infiltração celular. Histopatologia Onde diferencia-se os tumores, com infiltrados de células diferenciadas. Características morfológicas de células tumorais. Núcleos grandes, nucléolos evidentes, etc. Diagnóstico Clínico, inicialmente, com diagnósticos de sinais de doenças imunossupressoras. O diagnóstico final será feito através de necropsia seguido de análise laboratorial. As técnicas sorológicas são mais usadas como ferramentas de monitoramento do que de diagnóstico. Prevenção e Controle Como controlar esse vírus? Só consigo controlar essa doença se eliminar a transmissão vertical na população. Deve-se fazer sorologias nas matrizes e eliminar as positivas. Podem existir resultados falso negativos? Podem. Para eliminar a chance de ter falsos negativos deve-se acompanhar. Aquelas aves que deram negativas deve-se examinar o ovo (pintinho). Se o pintinho der positivo, sacrifica-se também a matriz daquele pintinho. Vou usar anticorpo para detectar o vírus do pintinho? Não. Qual ferramenta devo usar? Pesquisa de antígeno e molecular,pois deve-se pegar as aves que tem o vírus integrado ao seu genoma. A biosseguridade é muito importante, fator importante para o desenvolvimento da avicultura. Vacinação contra outras doenças imunossupressoras como Marek, reovírus, anemia infecciosa das galinhas. Controle da qualidade dos alimentos (matéria prima). Se usar milho que tem micotoxina, essa micotoxina é imunossupressora. Redução de estresse.
Compartilhar