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Bens: Conceito, Classificação e Importância Jurídica

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Aula: 09
Teoria Geral do Direito Civil
Professora: Ássima Casella
BENS
Conceito:
- “ Bens são coisas materiais, concreta, úteis aos homens, e de expressão econômica, suscetíveis de apreciação, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis”. Carlos Roberto Gonçalves, p. 218.
- “ Bem é a utilidade física ou imaterial, objeto de uma relação jurídica, seja pessoal ou real”. Pablo Stolze, p. 302.
Bens corpóreos e incorpóreos:
- Divisão vinda do Direito Romano, as “coisas corpóreas” (“res corporales”) são os bens materiais, tangíveis, “que podem ser tocados” (“quae tangi possunt”). Bens incorpóreos são os chamados bens imateriais, ou seja, que não podem ser tocados.
Obs.: Para os romanos o critério distintivo entre os bens corpóreos e incorpóreos era a tangibilidade. 
Patrimônio
- O patrimônio é integrado pelos bens corpóreos e incorpóreos da pessoa. Portanto, conforme a doutrina, patrimônio é o complexo de relações jurídicas de uma pessoa que tiver valor econômico. 
- Integra o patrimônio os bens avaliáveis em dinheiro. 
Para Pablo Stolze, face a crescente evolução da tutela jurídica dos direitos da personalidade, em breve a noção de patrimônio poderá ser ampliada.
A doutrina dominante entende que patrimônio abrange o ativo e passivo, constituindo, uma universalidade de direitos.
Art. 91/CC
 Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
*** Patrimônio mínimo:
- A tendência atual é a adoção de uma nova postura em relação ao patrimônio, em virtude do princípio da dignidade da pessoa humana. Pode-se verificar tal tendência na proteção do bem de família, na vedação de doação total do patrimônio, entre outras.
Art. 548/CC
 É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
- Classificação dos bens:
Critério: importância científica. Quando um bem é incluído em determinada categoria, implicará a aplicação de normas próprias e específicas. 
- DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS:
O legislador trabalha os bens individualmente - bens imóveis ou móveis.
* Bens imóveis e imóveis:
- Esta classificação é fundada na natureza do bem. São imóveis os bens que não podem ser transportados de um lugar para o outro, sem alteração de sua substância.
 - Já os bens móveis são os passíveis de deslocamento, podendo ser transportados, seja por força própria ou estranha.
- Denomina-se semoventes os bens enquadrados na noção de móveis e sujeitos a movimento próprio. 
- Já os móveis propriamente ditos, são aqueles que admitem a remoção por força alheia. 
Importância da distinção:
** Alienação de bens imóveis reveste-se de formalidades não exigidas para os imóveis.
- Aquisição de bens imóveis: a aquisição da propriedade imobiliária se opera se no título aquisitivo, seguir-se de registro. Enquanto a aquisição do bem móvel há a dispensa do registro, exigindo a tradição do bem.
Bens imóveis:
Art. 79/CC
São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
- Bens imóveis por sua natureza: é o solo e tudo aquilo que se incorpora ao solo naturalmente. Atinge, também, a sua extensão vertical. 
- Bens por acessão natural: acréscimos naturais, sendo considerados modos de aquisição da propriedade. 
- Bens imóveis por acessão física ou industrial ou artificial: são os bens que se incorporam ao solo artificialmente. É tudo que o homem incorporar permanentemente ao solo. 
 
Atenção:
Art. 81/CC
 Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
Art. 84/CC
Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio”.
- Bens imóveis por determinação legal: bens sobre os quais inicialmente haveria dúvida se são móveis ou imóveis, entretanto, o legislador estabeleceu que são bens imóveis:
Art. 80/ CC.
- Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
* Bens móveis
- Bens móveis por sua natureza
“Art. 82/CC
São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social”.
- Bens móveis por determinação legal
*** Bens sobre os quais ficaríamos na dúvida sobre serem móveis ou não; o Código Civil estabelece que são móveis. 
Art. 83/CC
 Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico; 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
Art. 84/CC
Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio”.
Obs.: Navios e aeronaves são móveis propriamente ditos, no entanto, serão hipotecados.
 
Móveis por antecipação:
- São bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separá-los oportunamente e convertê-los em imóveis. 
* Bens fungíveis e infungíveis:
Art. 85/CC
 São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
*** Os bens fungíveis atendem ao princípio de que o gênero nunca perece (genera nunquam pereunt). 
Obs.: A fungibilidade pode resultar também da vontade das partes. 
- Bens infungíveis não são definidos no Código Civil, mas, por uma interpretação às avessas, são aqueles bens que são insubstituíveis. 
- Importância prática: contratos de empréstimo: mútuo e comodato. 
Art. 579/CC
 O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.
Art. 586/CC
 O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
* Bens inconsumíveis e consumíveis
Art. 86/CC
São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação”.
- Bens consumíveis são definidos pelo legislador, poderão ser de duas espécies: de fato ou de direito. 
Consumíveis de fato – extinguem-se pelo uso normal, exaurindo-se em um só ato. 
Consumíveis de direito – bem móvel destinado à alienação. 
- Bens Inconsumíveis: podem ser usados continuadamente, ou seja, permitem sua utilização contínua, sem destruição da substância. 
- Dependendo do destino dado ao bem, este poderá ser consumível ou inconsumível. 
* Bens divisíveis e indivisíveis
A divisibilidade é própria do bem. Diz-se divisível o bem que, “sem modificação da substância ou considerável desvalorização, pode dividir-se em partes homogêneas e distintas”. Já os bens indivisíveis são aqueles que não podem ser partidos sem alteração de sua substância ou sacrifício do seu valor.
Art. 87/CC
Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Art. 88/CC
Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
- Bem indivisível: A indivisibilidade de um bem poderá ser física, legal, convencional ou econômica.
•	 Física, material ou por natureza – quando o bem não puder ser partido materialmente, pois deixará de ser aquilo que era.
•	Legal ou jurídica – trazida pela lei, o bem pode até ser passível de divisão física, mas a lei estabelece que não será divisível. 
•	Convencional – surgiu de uma convenção de um acordo feito entre as partes. 
	
- Bem Divisível − Não havendo nenhum dos impedimentos quanto à indivisibilidade, serão os bens divisíveis. Conforme o disposto no artigo 88/CC, bens divisíveispodem tornar indivisíveis em decorrência legal ou convencional!
* Bens singulares e bens coletivos
Art. 89/CC
São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. 
Coletivos : é o mesmo que universalidades. A universalidade pode ser de fato ou de direito.
**Universalidade de fato – pluralidade de bens singulares que, pertinentes a uma pessoa, tenham destinação unitária.
**Universalidade de direito – complexo de relações jurídicas de uma pessoa dotada de valor econômico. 
Art. 90/CC
Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
Art. 91/CC
Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. 
* DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (comparados):
Art. 92/CC
Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
- Principal: existe sobre si, abstrata e concretamente.
- Acessório: sua existência depende do principal. 
****O acessório segue o principal.
- Classificação dos bens acessórios
- Frutos, produtos, pertenças e benfeitorias.
Art. 95/CC
Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
* Frutos: espécie de bens acessórios, os frutos podem ser definidos como utilidade que a coisa principal produz periodicamente, cuja percepção não diminui sua substância.
Características:
** Periodicidade;
** Inalterabilidade da substância da coisa principal
** Separabilidade desta.
Espécies:
- Quanto à origem:
- Naturais: se renovam e desenvolvem periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza. 
- Industriais: surgem do esforço humano. 
- Civis: são os rendimentos produzidos pela coisa em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário. 
- Quanto ao seu estado:
- Pendentes: enquanto unido à coisa que os produziu. São aqueles que ainda se encontram ligados a coisa principal, não tendo sido, portanto destacados.
- Percebidos ou colhidos: são aqueles já destacados da coisa principal, mas ainda existentes.
- Estantes: são os frutos já destacados, que se encontram armazenados e estocados para a venda.
- Percipiendos: são aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas não foram.
- Consumidos: aqueles que já não existem mais porque foram utilizados.
* Produtos: 
- São as utilidades que a coisa principal produz, cuja a extração e a percepção diminui a sua substância. 
* Pertenças: 
- São bens acessórios destinados a conservar ou facilitar o uso das coisas principais, sem que destas sejam parte integrante. 
Art. 93/CC
São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94/CC
Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Diferentemente dos bens acessórios, as pertenças não seguem, em regra, o destino do bem principal, mas podem seguir por interesse das partes e por determinação legal, ou ainda por força das circunstâncias do caso. Sendo assim, a elas não se aplica o princípio da gravitação jurídica.
Benfeitorias:
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Benfeitorias: são as obras ou despesas realizadas na coisa com finalidade de conservação, melhoramento ou embelezamento.
** VOLUPTUÁRIA – mero deleite, “volúpia” quer dizer “desejo”. 
** ÚTIL – melhorar o bem, facilitando ou aumentado o uso do bem. 
** NECESSÁRIA – realizada para conservar a coisa. Visa impedir que o bem deteriore ou pereça. 
Lei 8245/91
Das benfeitorias 
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. 
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.
* DOS BENS QUANTO A TITULARIDADE/DOMÍNIO
Art. 98 ao 103/ CC.
- O bem é particular ou é público.
- Bem particular: se define por exclusão, ou seja, são aqueles que não pertencem ao domínio publico, mas sim à iniciativa privada.
Bem Público: poderá ser de uso comum (art. 99, I, CC), uso especial (art. 99, II, CC) ou dominical. Pertencem à União, Estados, DF e aos municípios. 
Bens públicos: 
Categorias:
- Bens de uso comum
- Bens de uso especial
 - Bens dominicais
Art. 98/CC
São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Art. 99/CC
 São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Bens de uso comum:
- São aqueles que podem ser utilizados por qualquer um do povo, sem formalidades. 
Bens de uso especial:
- São aqueles que se destinam à execução dos serviços públicos. 
Características dos bens de uso comum e especial:
** Inalienabilidade
** Imprescritibilidade
** Impenhorabilidade
Afetação e desafetação:
- Conforme Celso Antonio Bandeira de Melo, afetação é a preposição de um bem a um dado destino comum ou especial, assim como a desafetação é sua retirada do referido destino. Os bens dominicais são bens não afetados a qualquer destino público.
Obs.: Alguns bens são naturalmente afetados, como os rios e os mares. Neste caso, não poderão ser desafetados, pois são insuscetíveis de valoração. Neste caso, portanto, a inalienabilidade é absoluta.
Bens dominicais:
- Em relação à estes bens, o Poder Público exerce poderes de proprietário. São também conhecidos como bens do patrimônio disponível. Estes, apesar de integrarem o patrimônio publico, não se encontram afetados para nenhum fim, podendo, ser, ainda, alienados a qualquer tempo.
- Poderão este bens ser alienados, no caso de não estarem afetados por uma finalidade específica, mas não o podem no caso de estarem afetados a uma finalidade especifica.
 - Na alienação dos bens desafetados, será aplicado o regime de direito privado.
Art. 101/CC
Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Art. 100/CC
Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 102/CC
 Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
Art. 103/CC
O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
Bem de família
O bem de família pode ser legal ou voluntário. O bem de família voluntário, constante do artigo 1.711 e seguintes do CC, é aquele que é instituído por ato doproprietário, a fim de assegurar o direito de moradia da família. Veja:
“Artigo 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.”
“Artigo 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.”
- Inovação neste aspecto é a imposição do limite máximo de um terço do patrimônio líquido do proprietário, o que não existia antes do novo CC. Isto é ligado à necessidade de um mínimo existencial, mas sem fraudes.
	Os valores mobiliários, potencialmente abrangidos pelo bem de família, também são inovação, pois se entende que podem, estes, salvaguardar a sobrevida da família e a conservação do bem.
	O bem de família voluntário é inalienável e impenhorável, mas estes gravames diferem dos impostos ao bem de família legal, da Lei 8.009/90. Isto porque o artigo 1.715 do CC traz a seguinte previsão:
“Artigo 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz.”
*** Assim, o bem de família convencional é isento perante as dívidas posteriores a sua constituição, mas não perante as anteriores; o bem de família legal, como se verá, é inatingível, quer por dívidas anteriores, quer por obrigações posteriores.
	O bem de família legal, então, é definido no artigo 1° da Lei 8.009/90:
“Artigo 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.”
*** O bem de família legal é instituído pelo próprio Estado, na forma desta lei. Enquanto o voluntário para se constituir, necessita da celebração de um negócio jurídico específico devidamente registrado. 
	Na verdade, o bem de família é justamente um manifesto em busca da criação de um patrimônio personalíssimo, garantista do mínimo subsistencial, e com isso da dignidade da pessoa humana. Neste critério, do mínimo existencial, até mesmo televisores, computadores, um de cada, são considerados, hoje, impenhoráveis. Assim, tudo que for componente do imóvel, ou do mínimo existencial, se torna impenhorável. 
- O artigo 2° desta lei traz algumas ressalvas:
“Artigo 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo.”
*** Novamente, o que se vê é a primazia apenas do mínimo existencial. 
	Vale, para estabelecer uma conexão, transcrever os artigos pertinentes à impenhorabilidade genérica, do CPC:
“Artigo 649. São absolutamente impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem.
§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia.
§ 3o Vetado.”
Artigo 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia.
Parágrafo único. Vetado.” 
O artigo 4° da Lei 8.009/90 traz previsão que merece comentários:
“Artigo 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga.
§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese.
§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do artigo 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.”
Decisões do STJ garantem aplicação ampla à impenhorabilidade do bem de família 
Ter casa própria é uma conquista protegida por lei. Há pouco mais de duas décadas, a definição do chamado bem de família vem sendo examinada pelo Judiciário a partir da Lei n. 8.009/1990, que passou a resguardar o imóvel residencial próprio da entidade familiar nos processos de penhora. A ideia é proteger a família, visando defender o ambiente material em que vivem seus membros. 
Nessa linha, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem firmado jurisprudência que pacifica o entendimento sobre situações não previstas expressamente na lei, mas que são constantes na vida dos brasileiros. Imóvel habitado por irmão do dono ou por pessoa separada, único imóvel alugado, penhorabilidade dos móveis dentro do imóvel impenhorável... Seja qual for a hipótese, o Tribunal da Cidadania aplica a lei tendo em vista os fins sociais a que ela se destina. 
Sob esse enfoque, a lei do bem de família visa a preservar o devedor do constrangimento do despejo que o relegue ao desabrigo. O entendimento levou o STJ a garantir o benefício da impenhorabilidade legal a pequenos empreendimentos nitidamente familiares, cujos sócios são integrantes da família e, muitas vezes, o local de funcionamento confunde-se com a própria moradia. Foi o que decidiu, em 2005, a Primeira Turma do STJ. 
Pequena empresa 
Um credortentava a penhora de um imóvel em que funcionava uma pequena empresa, mas no qual também residia o proprietário (o devedor) e sua família (REsp 621399). “A lei deve ser aplicada tendo em vista os fins sociais a que ela se destina”, ponderou em seu voto o então ministro do STJ Luiz Fux, atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF). 
O ministro observou que o uso da sede da empresa como moradia da família ficou comprovado, o que exigia do Judiciário uma posição “humanizada”. Para o ministro, expropriar aquele imóvel significaria o mesmo que alienar o bem de família. 
“A impenhorabilidade da Lei n. 8.009/90, ainda que tenha como destinatárias as pessoas físicas, merece ser aplicada a certas pessoas jurídicas, às firmas individuais, às pequenas empresas com conotação familiar, por exemplo, por haver identidade de patrimônios”, concluiu o ministro. 
Já no caso de um imóvel misto, cujo andar inferior era ocupado por estabelecimento comercial e garagem, enquanto a família morava no andar de cima, a Terceira Turma permitiu o desmembramento do sobrado ao julgar em 2009 o REsp 968.907, do Rio Grande do Sul. Com isso, a parte inferior foi penhorada para satisfação do credor. 
“A jurisprudência desta Corte admite o desmembramento do imóvel, desde que tal providência não acarrete a descaracterização daquele e que não haja prejuízo para a área residencial”, declarou a ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso. 
Irmão e mãe
Diz o artigo primeiro da Lei n. 8.009/90: “O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.” 
Na maioria dos casos, a proteção legal recai sobre o imóvel onde o devedor mora com sua família. Mas há situações em que o STJ já entendeu que a proteção deve subsistir mesmo que o devedor, proprietário do imóvel, não resida no local. Em 2009, no julgamento do REsp 1.095.611, a Primeira Turma considerou impenhorável a casa onde moravam a mãe e o irmão de uma pessoa que estava sofrendo ação de execução. 
“O fato de o executado não morar na residência que fora objeto da penhora não tem o condão de afastar a impenhorabilidade do imóvel”, disse na época o ministro Francisco Falcão, lembrando que a propriedade pode até mesmo estar alugada a terceiros, desde que a renda sirva para cobrir o aluguel de outra ou para manter a família. 
Ocorre que o imóvel de propriedade do devedor não comportava toda a família e por isso ele morava em uma casa ao lado, que não lhe pertencia. Segundo o relator, o irmão e a mãe não podem ser excluídos à primeira vista do conceito de entidade familiar, e o fato de morarem uns ao lado dos outros demonstrava “a convivência e a interação existente entre eles”. 
Família de um só 
O conceito de família é um dos pontos que mais exigiram exercício de interpretação do Judiciário. A pessoa sozinha, por exemplo, pode ser considerada uma família para efeito da proteção da Lei 8.009/90? “O conceito de entidade familiar agasalha, segundo a aplicação da interpretação teleológica, a pessoa que é separada e vive sozinha”, respondeu em 1999 o ministro Gilson Dipp, ao julgar na Quinta Turma o REsp 205.170. 
"A preservação da entidade familiar se mantém, ainda que o cônjuge separado judicialmente venha a residir sozinho. No caso de separação, a entidade familiar, para efeitos de impenhorabilidade de bem, não se extingue, ao revés, surge uma duplicidade da entidade, composta pelos ex-cônjuges”, acrescentou o ministro Luiz Fux em 2007, no julgamento do REsp 859.937, na Primeira Turma – caso de um devedor de ICMS que estava sendo executado pela Fazenda Pública de São Paulo. 
O devedor já havia sido beneficiado com a proteção da lei sobre o imóvel em que morava com a mulher, quando foi determinada a penhora de um outro imóvel do casal. Posteriormente, eles se separaram, ficando o primeiro imóvel para a mulher e o segundo (penhorado) para o ex-marido, que nele passou a residir. Como não houve prova de má-fé na atitude do casal, a penhora acabou desconstituída. 
No julgamento de um caso parecido (Resp. 121.797), em 2000, na Quarta Turma, o ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira (hoje aposentado) deixara claro que “a circunstância de já ter sido beneficiado o devedor, com a exclusão da penhora sobre bem que acabou por ficar no patrimônio do ex-cônjuge, não lhe retira o direito de invocar a proteção legal quando um novo lar é constituído”. 
O STJ definiu também que o fato de o imóvel ser um bem de família tem demonstração juris tantum, ou seja, goza de presunção relativa. Por isso, cabe ao credor apresentar provas de que o imóvel não preenche os requisitos para ficar sob a proteção da lei.
Móveis e equipamentos 
Uma das questões mais controvertidas na interpretação da Lei n. 8.009/90 diz respeito aos móveis e equipamentos domésticos. Segundo a lei, a impenhorabilidade compreende também “todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados”, exceto “os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos”. 
“Penso que não se pode dar ao dispositivo interpretação estreita e gramatical, sob pena de estar o Judiciário indo além do que foi concebido pelo legislador”, afirmou a ministra Eliana Calmon em 2008, ao relatar na Segunda Turma o REsp 1.066.463. Inovando na jurisprudência da Corte, os ministros declararam penhoráveis naquele caso aparelhos de ar-condicionado, lava-louças, som, freezer e um bar em mogno, bens que a relatora considerou “úteis, mas não indispensáveis à família". 
“Entendo que os equipamentos indispensáveis à normal sobrevivência da família são impenhoráveis. Mas não é em detrimento do credor que a família continuará a usufruir de conforto e utilidade só encontrados em famílias brasileiras de boa renda, o que, em termos percentuais, é uma minoria no país”, acrescentou a ministra. 
No entanto, uma série de outros julgamentos adotou interpretação mais favorável ao devedor e sua família. Em 2004, no REsp 691.729, a Segunda Turma acompanhou o voto do ministro Franciulli Netto para negar a penhora de máquina de lavar louça, forno de microondas, freezer, microcomputador e impressora. 
“Os mencionados bens, consoante jurisprudência consolidada desta Corte Superior de Justiça, são impenhoráveis, uma vez que, apesar de não serem indispensáveis à moradia, são usualmente mantidos em um lar, não sendo considerados objetos de luxo ou adornos suntuosos" – disse o relator. 
E o videocassete? 
Ainda que usuais, uma segunda televisão ou um segundo computador não estão garantidos. Num caso de execução fiscal julgado na Primeira Turma em 2004 (REsp 533.388), o relator, ministro Teori Albino Zavascki, disse que “os bens que guarnecem a residência são impenhoráveis, excetuando-se aqueles encontrados em duplicidade, por não se tratar de utensílios necessários à manutenção básica da unidade familiar”. 
Da mesma forma, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito declarou em 2001, quando atuava na Terceira Turma do STJ, que “não está sob a cobertura da Lei n. 8.009/90 um segundo equipamento, seja aparelho de televisão, seja videocassete” (REsp 326.991). 
Em 1998, no julgamento do REsp 162.998, na Quarta Turma, o ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira entendeu ser ilegal a penhora sobre aparelho de TV, jogo de sofá, freezer, máquina de lavar roupa e lavadora de louça – bens que, “embora dispensáveis, fazem parte da vida do homem médio”. 
Mas o videocassete ficou de fora da proteção, pois, conforme precedentes lembrados pelo ministro, destinava-se a “satisfazer o gosto refinado de quem quer escolher o tempo, o título e a hora para satisfação de sua preferência cinematográfica” – um privilégio que deveria ser reservado apenas a quem paga suas contas em dia. 
Com o passar dos anos, a jurisprudência evoluiu.A ministra Denise Arruda, que em 2005 integrava a Primeira Turma, considerou, ao julgar o REsp 488.820: “Os eletrodomésticos que, a despeito de não serem indispensáveis, são usualmente mantidos em um imóvel residencial, não podem ser considerados de luxo ou suntuosos para fins de penhora.” A decisão foi aplicada num caso que envolvia forno elétrico, ar-condicionado, freezer, microondas e até videocassete. 
Garagem de fora 
Na tarefa diária de definir como os dispositivos legais devem ser interpretados diante de cada situação real trazida a julgamento, os ministros do STJ estabeleceram limites à proteção do bem de família, sempre buscando a interpretação mais coerente com o objetivo social da lei – o que também inclui o direito do credor. 
Vaga em garagem de prédio, por exemplo, não goza de proteção automática. Em 2006, na Corte Especial (EREsp 595.099), o ministro Felix Fischer deixou consignado que "o boxe de estacionamento, identificado como unidade autônoma em relação à residência do devedor, tendo, inclusive, matrícula própria no registro de imóveis, não se enquadra na hipótese prevista no artigo primeiro da Lei n. 8.009/90, sendo, portanto, penhorável”. 
O STJ também admitiu, em vários julgamentos desde 1997, a penhora sobre a unidade residencial no caso de execução de cotas de condomínio relativas ao próprio imóvel, aplicando por analogia o artigo terceiro, inciso IV, da lei, que excetua da proteção a “cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar”. 
Se a jurisprudência do STJ considera que uma casa alugada a terceiros também deve ser protegida quando a renda é usada na subsistência familiar, por outro lado o Tribunal deixou claro que o fato de ser propriedade única não garante a impenhorabilidade ao imóvel. 
"Pode ser objeto de penhora o único bem imóvel do devedor não destinado à sua residência e nem locado com a finalidade de complementar a renda familiar”, esclareceu o ministro Aldir Passarinho Junior, recentemente aposentado, ao relatar o REsp 1.035.248 (Quarta Turma, 2009). 
Proveito da família 
No ano passado, a Terceira Turma acompanhou a posição da ministra Nancy Andrighi no REsp 1.005.546 e permitiu a penhora do apartamento pertencente a um casal de São Paulo, que estava desocupado. Não adiantou alegar que o imóvel passava por reformas, pois essa situação sequer ficou comprovada no processo. 
“A jurisprudência do STJ a respeito do tema se firmou considerando a necessidade de utilização do imóvel em proveito da família, como, por exemplo, a locação para garantir a subsistência da entidade familiar”, disse a relatora. 
Também está na jurisprudência a ideia de que o imóvel dado em garantia de empréstimo só poderá ser penhorado se a operação financeira tiver sido feita em favor da própria família. No AG 1.067.040, julgado pela Terceira Turma em 2008, Nancy Andrighi citou vários precedentes da Corte demonstrando que o instituto do bem de família existe para proteger a entidade familiar e não o direito de propriedade, razão pela qual nem os donos do imóvel podem renunciar a essa proteção – a questão é de ordem pública. 
Num desses precedentes, de 2001 (REsp 302.186, Quarta Turma), o ministro Aldir Passarinho Junior registrou: “Ainda que dado em garantia de empréstimo concedido a pessoa jurídica, é impenhorável o imóvel de sócio se ele constitui bem de família, porquanto a regra protetiva, de ordem pública, aliada à personalidade jurídica própria da empresa, não admite presumir que o mútuo tenha sido concedido em benefício da pessoa física.”

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