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ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA e JUSTIÇA GRATUITA no Processo do Trabalho

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Assistência Judiciária e Justiça Gratuita no Processo do Trabalho 
Diferentemente do processo civil, em que é mais comum o pedido único, no processo do trabalho preponderam ações com pluralidade de pedidos. Sem se prender a estatísticas, é mais corriqueiro demandas trabalhistas serem julgadas parcialmente procedentes do que totalmente procedentes ou improcedentes, no que a diversidade de pedidos contribui significativamente: alguns pedidos são julgados procedentes, outros não, assim sucessivamente. Ocorre que a pluralidade de pedidos reflete numa questão fundamental: sucumbência processual[1], seja quanto a honorários de advogado, seja quanto a custas e demais despesas processuais.
Como se sabe, no processo do trabalho, demandas trabalhistas típicas, a sucumbência está adstrita aos limites da Lei 5.584/70, conforme consagrado por jurisprudência majoritária (Súmulas 219 e 329 do Tribunal Superior do Trabalho), devendo, ainda, ser observado, quanto a custas e demais despesas processuais, o disposto nos artigos 789 a 790-B, da CLT. Exceção no tocante aos honorários advocatícios é a previsão da Instrução Normativa n. 27/2005, arts. 3º e 5º, do Tribunal Superior do Trabalho[2].
Além de não incidir na seara trabalhista o princípio da sucumbência processual típica do processo civil (art. 20, do CPC), inclusive a recíproca (art. 21, CPC), conforme jurisprudência dominante[3] – à exceção do previsto na IN n. 27/05 do TST – de modo que o vencido na demanda não arque com honorários de advogado, o trabalhador só suportará despesas processuais na hipótese de improcedência de todos os pedidos indicados na petição inicial.
Entretanto, em sendo o trabalhador[4] pessoa pobre, na acepção jurídica do termo, firmando declaração nos termos da Lei 7.115/83, gozará dos benefícios da justiça gratuita, sendo, pois, absolvido das custas e demais despesas processuais. 
Há entendimentos no sentido de que gratuidade da justiça só seria devida, mesmo que firmada a declaração de que cogita a Lei 7.115/83[5], se presentes os requisitos do art. 14 da Lei 5.584/70. Todavia, costuma-se confundir assistência judiciária, que é a previsão da Lei 5.584/70, com benefícios da justiça gratuita. Na verdade, são institutos diversos. Tanto que, nos termos do art. 790, § 3º, parte final, da CLT, conceder-se-á, também, o benefício àqueles que, embora não recebam salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal (Lei 5.584/70), declarem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, ou seja, exatamente como previsto nas leis 7.115/83 e 1.060/50.
Outra questão importante a ser delineada, antes de adentrarmos especificamente no cotejamento entre assistência judiciária e benefícios da justiça gratuita: também há entendimentos no sentido de que, no processo do trabalho, benefícios da gratuidade processual restariam prejudicados caso a demanda seja julgada procedente em parte, ainda que presentes os requisitos da Lei 7.115/83 (firmando-se declaração de pobreza nos autos), pois receberia o autor, na execução, algum crédito da respectiva demanda, do qual seriam deduzidas eventuais despesas do processo, inclusive honorários periciais, cuja responsabilidade pelo pagamento, inclusive, é questão muito discutida nos tribunais.
DIFERENÇA ENTRE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA (LEI 5.584/70) E JUSTIÇA GRATUITA (LEIS 1.060/50 E 7.115/83)
A assistência judiciária prevista na Lei 5.584/70 está condicionada à representação do trabalhador por seu sindicato, que, por sua vez, não é condição para concessão da gratuidade da justiça. Em verdade, pode haver concessão da gratuidade ainda que o trabalhador não esteja assistido por seu sindicato. A saber: 
toda representação processual do trabalhador por seu sindicato, desde que presentes também os requisitos do art. 14, § 1º, da Lei 5.584/70, conduzirá à concessão dos benefícios da justiça gratuita.
todo trabalhador que firme declaração de pobreza, ainda que não esteja representado por seu sindicato, terá direito aos benefícios da justiça gratuita.
Por conta do art. 4º da Lei 1.060/50, a simples declaração de pobreza por parte do trabalhador é suficiente para assegurar direito à justiça gratuita, cuja veracidade é presumida na forma da Lei nº 7.115/83. 
Tendo o trabalhador pleiteado benefício processual da gratuidade, nos moldes exigidos pela 7.115/83, atendido restou o requisito necessário à sua concessão, devendo, pois, ser isento do pagamento de custas e demais despesas processuais, nos termos do art. 3º, da Lei nº 1.060/50. A propósito, o art. 1º da Lei 7.115/83 dispõe:
Art. 1º - A declaração destinada a fazer prova de vida, residência, pobreza, dependência econômica, homonímia ou bons antecedentes, quando firmada pelo próprio interesse ou por procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.
Parágrafo único - O dispositivo neste artigo não se aplica para fins de prova em processo penal.
Assim, feita a declaração de pobreza pelo trabalhador, tal que não possa suportar custas e demais despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, deve-se lhe conceder benefícios da justiça gratuita.
Note-se que única exceção, isto é, não aplicação do instituto, é para o processo penal. Portanto, plenamente aplicável ao processo do trabalho. Ademais, a CLT, em seu art. 790-B, § 3º, referenda essa hipótese (grifei):
§ 3o  É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.
A própria CLT, então, diferencia: assistência judiciária, tal que o empregado perceba salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, pelo pode ser representado processualmente por seu sindicato (art. 14 da Lei 5.584/70); e benefícios da justiça gratuita: declara o requerente, sob as penas da lei, que não está em condições de pagar custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família (Lei 1.060/50 c/c Lei 7.115/83).
RESPONSABILIDADE PELAS CUSTAS E EMOLUMENTOS: ARTIGOS 789-B E 790, § 3º DA CLT
A procedência em parte não impede, claro, que o autor da ação tenha eventualmente de arcar com custas e emolumentos. Tanto que o art. 789-B, da CLT, impõe ao requerente, na execução, definitiva ou provisória, responsabilidade por recolher diversos emolumentos. Por isso que a não concessão dos benefícios da justiça gratuita, apenas porque "receberá crédito na demanda" (sempre a posteriori, como cediço), pode, de pronto, lhe ser prejudicial.
O artigo 790, § 3º, da CLT, como dito, faculta ao juiz conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Portanto, o não recolhimento de custas e emolumentos depende exclusivamente do preenchimento desses dois requisitos, aliás, independentes entre si. 
Realmente, a não concessão dos benefícios da justiça gratuita, ainda que preenchidos os requisitos a tanto, apenas porque o resultado da demanda foi julgada procedente em parte, pode gerar ao autor da ação significativo ônus, por exemplo, de ter de arcar com emolumentos relativos à extração de cópias para formular carta de sentença e intentar execução provisória. Se ou autor pleiteou benefícios da justiça gratuita é porque não poder arcar com custas e demais despesas processuais naquele momento (bom lembrar que a declaração de pobreza faz prova juris tantum).
Eventual crédito que o autor tenha a receber na demanda julgada procedenteem parte, não se pode olvidar, só virá[6] a posteriori e, muitas vezes, se faz necessário recolhimento imediato de custas, como é o caso da extração de carta de sentença, por exemplo. Não se justifica, então, condicionar concessão dos benefícios da justiça gratuita à improcedência da ação.
ISENÇÃO PROVISÓRIA DE CUSTAS E EMOLUMENTOS
Pode o autor da ação, julgada procedente em parte, havendo recurso interposto pelas partes, ter interesse na execução provisória do crédito definido em sentença. Conforme já indicado, para extração de cópias se faz necessário o recolhimento de emolumentos, nos termos do art. 790-B, IV, da CLT. Prevalecendo o entendimento de que na procedência em parte das ações não caberia conceder benefícios da gratuidade da justiça, impedido está o autor de iniciar a execução provisória se não puder arcar com respectivos emolumentos, que, dada a enorme quantidade de páginas do processo trabalhista a serem copiadas, não são módicos.
Entendo que mesmo não sendo concedido benefício da justiça gratuita na sentença – que, aliás, pode ser concedido a qualquer tempo, desde que preenchidos requisitos legais – pode-se requerer que os emolumentos previstos no art. 789-B, I, II, III, e IV, da CLT, sejam recolhidos ao final do processo ou no momento do levantamento do crédito do autor, podendo ser deduzido do montante a ser soerguido.
Sérgio Pinto Martins[7], a propósito, diz que, diferentemente do antigo § 5º, do art. 789 da CLT, que exigia prazo de 48 horas para pagamento de emolumentos, na regra atual não foi fixado qualquer prazo, muito menos se exige depósito prévio.
RESPONSABILIDADE PELOS HONORÁRIOS PERICIAIS
A questão envolvendo sucumbência pericial é complexa e demandaria texto exclusivo. De qualquer maneira, diante dos limites do presente artigo, cabe sucinta abordagem. Prevê o art. 790-B, da CLT (grifei):
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária de justiça gratuita.
E também o art. 6º, da Instrução Normativa n. 27/05, do TST: 
Os honorários periciais serão suportados pela parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária da justiça gratuita.
Dessa forma, sendo o autor da ação, geralmente o empregado, beneficiário da justiça gratuita, não arcará com honorários periciais, ainda que sucumbente na perícia (apurado no laudo, por exemplo, que o autor não laborou em condição insalubre). 
Não entanto, encontra-se também no cotidiano forense entendimentos no sentido de que, mesmo concedendo-se ao autor benefícios da justiça gratuita, se sucumbente na perícia, deve arcar com honorários do perito. Esse tipo de posicionamento é encontrado, até com certa frequência, em demandas julgadas procedentes em parte, pelos mesmos argumentos acima indicados. Parece-me insustentável, máxima vênia. Primeiro, porque a lei, no tocante, não excepcionou, não sendo o tipo de resultado da demanda que determinará pagamento, ou não, de honorários periciais. É tão-somente a sucumbência que o impõe, a não ser que à parte seja concedido o benefício em questão.
Por outro lado, o instituto da gratuidade da justiça perde sentido se não abranger todas as situações. De  fato, não  é razoável que, no mesmo processo, conceda-se o benefício, mas, por exceção não açambarque honorários periciais. Ademais, no processo do trabalho executa-se, como regra geral, verba de natureza alimentar, sendo ilegal deduzi-la para pagar despesas processuais – e os honorários periciais o são –, se o autor atende aos requisitos da Lei 7115/83. O TST assim já decidiu:
HONORÁRIOS PERICIAIS. JUSTIÇA GRATUITA 1. O benefício da justiça gratuita alcança também os honorários periciais. Porém, para fazer jus a tal benefício é imprescindível que a parte declare expressamente a sua hipossuficiência. 2. Recurso de revista de que não se conhece. (39602 39602/2002-900-02-00.0, Relator: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 24/03/2004, 1ª Turma,, Data de Publicação: DJ 23/04/2004.)
Provada a hipossuficiência do trabalhador conforme declaração anexa aos autos, não há de se falar em arcar com honorários periciais. Porém, insista-se, essa questão ainda não é pacífica nos tribunais.
Em virtude de grande divergência jurisprudencial sobre esse tema e visando também ao atendimento de necessidades dos profissionais que realizam perícia nos processos judiciais, que, evidentemente, precisam receber por seu trabalho, adotou a Justiça do Trabalho interessante sistema em que, por força de concessão da justiça gratuita à parte sucumbente, o perito recebe honorários diretamente do Tribunal Regional do Trabalho, numa espécie de convênio, ou seja, é custeado pela União até o teto de, em média, dois salários mínimos. Praticamente, todos os tribunais regionais já o adotaram. 
[1] Em razão do princípio da sucumbência impõe-se à parte vencida em processo judicial a obrigação de pagar ao respectivo vencedor todos os gastos decorrentes da atividade processual.
[2] Conforme a referida Instrução Normativa, nas lides que não decorram da relação de emprego, os honorários advocatícios são devidos pela mera sucumbência, aplicando-se, inclusive, a sucumbência recíproca.
[3] Em que pese o disposto nos artigos 389 e 404 do Código Civil, conforme estudamos em textos anteriores.
[4] Lembrando que o empregador também pode figurar no polo ativo da demanda, embora isso não ocorra com muita frequência.  Para a jurisprudência majoritária, contudo, o empregador não faz jus aos benefícios da gratuidade da justiça.             .
[5] Que deve ser interpretada em conjunto com a Lei 10.060/50.
[6] Se vier, porque, como se sabe, é comum o empregado obter vitória na demanda mas não conseguir receber seu crédito, no processo de execução, seja porque a empresa fechou as portas e não está mais em atividade, seja porque sócios devedores não têm patrimônio para quitar seu débito.
[7] Comentários à CLT, 10ª ed., São Paulo : Atlas, 2006, p. 820.

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