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https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos Nota da Redação: Olá amigos. Inicialmente, gostaríamos de tranquilizá-los em relação à matéria de Processo Civil. Deixamos o seu estudo por último, pois esta é a matéria de menor exigência na Residência da PGE-RJ, normalmente com questões bem simples e que envolvem conceitos básicos da matéria ou textos de súmulas. Sendo assim, o estudo complementar que vocês fizeram com material próprio, mais os materiais que estamos enviando hoje, já podem ser mais do que suficientes. É claro que podemos ser surpreendidos com uma prova de nível de dificuldade maior, mas salientamos que esta não tem sido a tônica dos últimos concursos, como vocês verão com as questões abaixo. (QUESTÃO 1) Em contestação apresentada pela PGE-RJ, em Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Estadual perante Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital, foi deduzida preliminar de continência em relação à Ação Civil Pública que já tramita perante a Justiça Federal, na qual o Estado do Rio de Janeiro é litisconsorte passivo da União Federal. Pode o juiz acolher a preliminar, remetendo o processo para a Justiça Federal, a fim de que os feitos sejam julgados em conjunto? Questão sobre o tema da reunião de Ações Civis Públicas ajuizadas separadamente na justiça federal e estadual. Inicialmente, convém relembrar os conceitos de conexão e continência no Direito Processual Civil, que são essenciais para a resolução da questão, vez que ambos consistem em fenômenos processuais que permitem a reunião de ações perante um mesmo juízo. De acordo com o art. 103 do CPC, haverá conexão entre duas ações quando forem comuns entre elas o pedido OU a causa de pedir. Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir. A conexão é perfeitamente possível em sede de ações coletivas, com o objetivo de evitar decisões conflitantes e propiciar a economia processual. Nesse sentido, o STJ já assentou a possibilidade de conexão entre Ações Civis Públicas (STJ, 1ª Seção, CC 115.532/MA) e até mesmo entre Ação Civil Pública e Ação Popular. (STJ, 2ª Turma, REsp 208.680/MG), https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos O mesmo vale para a continência, que de acordo com a melhor doutrina, consiste em uma espécie qualificada de conexão, por exigir mais requisitos, mas possuir os mesmos efeitos práticos. Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Havendo conexão ou continência, o CPC determinada que o juiz poderá, de oficio ou a requerimento, ordenar a reunião das ações que foram propostas em separado, para que sejam decididas simultaneamente. Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. A reunião das ações se dará perante o juízo prevento, que no caso de Ação Civil Pública será aquele em primeiro foi proposta a ação. L7347, Art. 2º, Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Perceba que a regra para a determinação do juízo prevento na Ação Civil Pública é DIFERENTE da sistemática trazia pelo CPC para as ações individuais, conforme arts. 106 e 219: Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. Como se nota da redação dos dispositivos legais acima transcritos, nem o despacho inicial (conforme previsto no art. 106, CPC) nem a realização de citação (art. 219, caput, CPC) são o ato processual determinante da prevenção do juízo na Ação Civil Pública, mas sim a mera propositura da ação. Essa importante diferença foi cobrada na recente prova da PGM Niterói (dezembro de 2014): Duas ações civis públicas, com a mesma causa de pedir, foram ajuizadas por membros distintos do Ministério Público Estadual, que atuam em Comarcas diversas. Sendo o caso de reuni-las por conexão, deverá prevalecer, para fins de prevenção, o seguinte juízo: (A) onde se determinou a citação válida em primeiro lugar. (B) onde primeiro se despachou “cite-se”. (C) onde for a Comarca de maior entrância. (D) não haverá conexão e ambas serão julgadas separadamente. (E) onde foi ajuizada a primeira ação civil pública. https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos Mas e quando uma ação correr na justiça estadual e a outra na justiça federal? Durante certo tempo houve dúvida acerca de como proceder na hipótese de ações coletivas conexas em trâmite na Justiça Federal e na Justiça Estadual. Enquanto a 1.ª Seção do Superior Tribunal de Justiça entendia ser possível a reunião de ações coletivas originariamente em trâmite na Justiça Estadual e na Justiça Federal perante a segunda, aparentemente desprezando as demais regras que determinam a prevenção do juízo, a 2.ª Seção entendia pela inviabilidade de reunião em razão das diferentes competências de Justiça das duas ações coletivas. O primeiro entendimento, pela reunião perante a Justiça Federal, acabou prevalecendo e gerou a Súmula 489, pacificando a discussão. STJ, Súmula 489: Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual. Assim, pode-se dizer que, evidenciada a continência entre a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal em relação a outra ação civil pública ajuizada na Justiça Estadual, impõe-se a reunião dos feitos no Juízo Federal. Dessa forma, no caso em tela, pode sim o juiz acolher a preliminar suscitada pela PGE e remeter o processo para a Justiça Federal, a fim de que os feitos sejam julgados em conjunto. https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos (QUESTÃO 2) Faça a distinção entre os institutos da desistência e da renúncia em matéria de Direito Processual Civil e responda: pode o juiz, antes da sentença, acolher a desistência sem a manifestação de concordância expressa do réu? E a renúncia? No âmbito recursal, a desistência consiste na abdicação expressa do recurso, após sua interposição. Tal instituto encontra-se previsto no art. 501 do CPC: Art. 501: “O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”. Pela literalidade do dispositivo, percebe-se que a desistência do recurso não exige a anuência do recorrido ou dos litisconsortes. Já a renúncia pode ser conceituada como a abdicação expressa do próprio direito de recorrer, antes da interposição de qualquer peça recursal. Assim como a desistência, não depende de concordância do recorrido. Art. 502. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. O CPC admite ainda a chamada “renúncia tácita” ao direito de recorrer. Tal fato ocorre quando a parte pratica um ato incompatível com eventual pretensão recursal (Ex: Tício é condenado a pagar uma dívida e paga conforme determinado na sentença => Tício não poderia depois recorrer, pois houve renúncia tácita). Art. 503. A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderárecorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de um ato incompatível com a vontade de recorrer. Não confundir desistência do recurso com desistência da ação. A desistência da ação é uma conduta da parte que acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do art. 267, VIII: Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: Vlll - quando o autor desistir da ação; Enquanto a desistência do recurso, como visto, não depende da anuência da outra parte, a desistência da ação, quando feita após decorrido o prazo para a resposta, exige o consentimento do réu para a sua plena eficácia. Art. 267, § 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos Exceção: MANDADO DE SEGURANÇA. O STF entendeu, em importantíssimo precedente, que a desistência da ação de mandado de segurança pode ser feita a qualquer tempo, independentemente da anuência da outra parte, e inclusive após a sentença de mérito. “O impetrante pode desistir de mandado de segurança a qualquer tempo, ainda que proferida decisão de mérito a ele favorável, e sem anuência da parte contrária”. (RE 669367/RJ, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Rosa Weber, 2.5.2013. (RE-669367) Os principais argumentos veiculados pela Ministra Relatora Rosa Weber foram: • O mandado de segurança, enquanto ação constitucional, com base em alegado direito líquido e certo frente a ato ilegal ou abusivo de autoridade, não se reveste de lide, em sentido material. • Não se aplica, ao mandado de segurança, a condição disposta na parte final do art. 267, § 4º, do CPC (“§ 4º Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação”). • Mesmo após a sentença de mérito, é possível que o impetrante desista do mandado de segurança sem precisar renunciar ao direito. Logo, não incide o art. 269, V, do CPC. • Se, no caso concreto, for constatada eventual má-fé do impetrante, esta deverá ser combatida mediante os instrumentos próprios previstos na lei processual. O que não se pode é, com base nisso, querer impedir o autor de desistir da ação. Por fim, não confundir também “renúncia ao direito de recorrer” com a “renúncia ao direito em que se funda a ação”. Enquanto a primeira se dá após a sentença de mérito, a segunda ocorre antes, sendo uma causa de extinção do processo COM resolução do mérito. É o que se infere da leitura do art. 269, V: Art. 269. Haverá resolução de mérito: V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos (QUESTÃO 3) Quais os requisitos para a cumulação de ações? De acordo com Fredie Didier e a doutrina majoritária, a cumulação de ações pode ser: b) cumulação objetiva: é a possibilidade de cumulação de pedidos de pedidos na petição inicial a) cumulação subjetiva: é o famoso litisconsórcio Iremos aproveitar a questão para revisar ambos os temas, que certamente podem ser cobrados novamente. (A) Cumulação Objetiva: A cumulação objetiva também é chamada de cumulação de pedidos, tendo em vista que, num mesmo processo, o autor pode propor em relação ao réu duas ou mais “ações”, cabendo ao juiz decidir quanto a elas na mesma sentença. O fundamento da cumulação objetiva é o Princípio da Economicidade, que tem por objetivo evitar que haja um dispêndio econômico e de tempo em relação a uma multiplicidade desnecessária de processos. A cumulação objetiva está disciplinada pelo art. 292 do CPC: Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. § 1 o São requisitos de admissibilidade da cumulação: I - que os pedidos sejam compatíveis entre si; II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. § 2 o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário. Sobre os requisitos da cumulação objetiva, destaque-se inicialmente que é vedada a cumulação de pedidos incompatíveis entre si. Exemplo: autor pede nulidade a declaração de nulidade de cláusula contratual e, conjuntamente, a execução da mesma cláusula. Ademais, é necessário que o juiz seja competente para conhecer de ambos os pedidos cumulados (Exemplo: o juiz de uma vara cível não poderia proferir uma declaração de paternidade, matéria sujeita à competência da vara de família). Quanto a este requisito, no entanto, a doutrina diferencia a hipótese de incompetência absoluta e incompetência relativa. Tratando-se de diferentes competências absolutas, a cumulação é sempre inadmissível, sendo obrigatória a propositura de diferentes demandas. No entanto, em se tratando de competência relativa, seria sim possível a cumulação, até porque, não havendo a apresentação de exceção de incompetência pelo réu, ocorreria o fenômeno da prorrogação, tornando-se o juízo competente para conhecer daquele pedido. Por fim, quanto ao procedimento, importante destacar que quando os pedidos tiverem que seguir ritos diferentes, deve-se optar pelo rito ordinário. Essa regra, no entanto, é inaplicável https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos para os procedimentos especiais, de aplicação obrigatória, para os quais não se permite ao autor preferir o rito ordinário ao rito especial. É o caso, por exemplo, das ações possessórias. A jurisprudência também tem entendido da mesma forma no caso do rito da ação de alimentos, que traz matéria de ordem pública e benéfica ao alimentando, devendo ser preferido em relação ao rito ordinário. Também no mesmo sentido, o STJ entende inadmissível, pela diferença de ritos, a cumulação de pedido de revisão contratual com o de prestação de contas (vide AgRg no REsp 739.700/RS). OBS: A conexão entre os pedidos NÃO é requisito para cumulação objetiva. Mesmo que os pedidos não sejam conexos, ou seja, que não derivem de uma mesma causa de pedir, o CPC admite a cumulação. Em outras palavras, o autor poderá cumular causas de pedir em sua petição inicial, cumulando também pedidos gerados por cada uma delas, desde que preencha os requisitos previstos no art. 292, § 1.º, do CPC. OBS²: Apesar de o caput do art. 292 prever que a cumulação será admitida num único processo “contra o mesmo réu”, o STJ entende que a cumulação de pedidos é admissível mesmo que a demanda seja proposta com formação de litisconsórcio passivo, dirigindo-se diferentes pedidos para cada um dos réus (vide AgRg no REsp 953.731/SP). Quais as espécies de cumulação objetiva? A cumulação objetiva (cumulação de pedidos) pode ser de quatros tipos: 1- Cumulação Simples: Também chamada de cumulação própria. Ocorre quando há pedidos independentes entre si. Nesse caso, é possível que o juiz acolha um pedido e indefira o outro, pois há autonomia entre os pedidos. Exemplo: dano moral e dano material. 2 - Cumulação Sucessiva: Com o acolhimento do primeiro pedido, o outro será analisado. Exemplo: ação de investigação de paternidade cumulada com ação de alimentos. Nesse caso, a decisão acerca do segundo pedido depende da decisão anterior. No entanto, como ambos os pedidos podem ser acolhidos, também é considerada uma cumulação própria. Sobre esta distinção, veja as claras lições de Daniel Assumpção Neves: “A cumulação própria pode ser simples, quando os pedidos forem absolutamente independentes entre si, ou sucessiva, quando a análise do pedido posterior depender da procedência do pedidoque lhe precede. Na cumulação simples o resultado de um pedido não interfere no resultado dos demais, de forma que o resultado de um não condiciona o resultado dos outros. Em razão dessa independência, qualquer resultado é possível, inclusive o acolhimento de todos os pedidos cumulados, como ocorre na cumulação de pedidos de dano moral e material (...). Na cumulação sucessiva há uma relação de prejudicialidade entre os pedidos, de modo que, sendo o pedido anterior rejeitado, o pedido posterior perderá o seu objeto (ou seja, restará prejudicado), não chegando nem ao menos a ser analisado90. Numa demanda de investigação de paternidade cumulada com a condenação em alimentos, sendo rejeitado o pedido de investigação de paternidade, ou seja, declarado que o réu não é o pai do autor, o pedido de alimentos perderá o objeto” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Processo Civil. 2014) 3 - Cumulação Subsidiária (Eventual): É uma cumulação imprópria, pois só na rejeição do primeiro https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos pedido haverá a análise do segundo. O segundo pedido é uma cautela do autor. Exemplo: Pedido de nulidade de cláusula de contrato de fidelidade de empresa telefônica com pedido subsidiário de redução da multa, caso o contrato não seja cumprido. 4- Cumulação Alternativa: Também é uma cumulação imprópria, pois qualquer pedido indicado na inicial, quando cumprido pelo réu, gera a satisfação do autor. A diferença é que aqui não há uma ordem de preferência, como ocorre na cumulação subsidiária. Sobre esta distinção, importante também colacionar as lições de Daniel Assumpção Neves: “Na cumulação subsidiária/eventual, o autor estabelece uma ordem de preferência entre os pedidos, deixando claro na petição inicial que prefere o acolhimento do pedido anterior, e que somente na eventualidade de esse pedido ser rejeitado ficará satisfeito com o acolhimento do pedido posterior. O art. 289 do CPC utiliza a expressão “ordem sucessiva”, mas descreve a cumulação subsidiária/eventual. Um bom exemplo é do autor que pede a rescisão integral do contrato em razão de alegada abusividade, e de forma subsidiária que, em caso de improcedência do pedido principal, lhe seja concedida a revisão de determinada cláusula do contrato para diminuir a taxa de juros. Não era exatamente o que o autor pretendia, mas diante da negação de seu pedido principal terá alguma vantagem (ainda que parcial) resultante do processo. Na cumulação alternativa o autor cumula os pedidos, mas não estabelece uma ordem de preferência entre eles, de maneira que a escolha do pedido a ser acolhido fica a cargo do juiz, dando-se o autor igualmente por satisfeito com o acolhimento de qualquer um deles” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Processo Civil. 2014) Na cumulação subsidiária, quando o pedido subsidiário é acolhido, há interesse recursal? SIM, pois há preferência pelo primeiro pedido (o pedido principal). Nesse sentido, o STJ entende que quando é acolhido o subsidiário, há sucumbência recíproca, sendo sim possível recurso para que o autor busque a concessão do pedido principal. Existe cumulação objetiva implícita? De acordo com a melhor doutrina, capitaneada por Araken de Assis, quando há um pedido implícito, ocorre uma cumulação objetiva de pedidos por força de lei (ex vi legis). Em outras palavras, é como se a lei acrescentasse à demanda um novo pedido (como ocorre no caso dos honorários advocatícios). No entanto, ainda que se trate de pedido implícito, não se permite a condenação implícita, devendo o magistrado examiná-lo expressamente em capítulo autônomo da decisão. No caso de honorários advocatícios, por exemplo, se o magistrado não se pronunciar acerca do tema na sentença, cabem embargos de declaração fundados em omissão. Se os embargos de declaração não forem opostos para questionar os honorários, o STJ entende que há PRECLUSÃO sobre o tema, não podendo este ser rediscutido em ação autônoma ou em fase de execução. Súmula nº 453-STJ. Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria. É diferente do que ocorre com os juros moratórios, que também constituem pedido implícito e, mesmo quando omissos na sentença, podem ser cobrados em fase de liquidação. STF Súmula nº 254: Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação. https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos (B) Cumulação SUBJETIVA: Aqui temos o estudo do LITISCONSÓRCIO, sobre o qual será feito uma breve revisão. Litisconsórcio é o fenômeno caracterizado pela presenta de mais de um autor, mais de um réu, ou ambos, na formação da relação processual. Pode ser classificado da seguinte forma: 1) Quanto à posição na relação processual: a) Ativo: mais de um autor b) Passivo: mais de um réu c) Misto: mais de um autor e mais de um réu 2) Quanto ao momento de formação: a) Litisconsórcio originário: É aquele se forma no início do processo. b) Litisconsórcio ulterior: É aquele que se forma depois de instaurado o processo. 3) Quanto à obrigatoriedade: a) Litisconsórcio necessário: É aquele que é obrigatório ser formado na relação processual. Ele deve formar-se por 2 razões: -> Por disposição de lei: a lei cria determinadas hipóteses em que o litisconsórcio deve se formar obrigatoriamente (Ex: art 10 do CPC: precisa da presença do cônjuge no polo passivo de ações que envolvam direito real imobiliário e nas ações possessórias nos casos de composse ou de atos por ambos praticados). -> Pela natureza da relação jurídica discutida no processo: Existem determinadas relações jurídicas que, por sua natureza, exigem a formação do litisconsórcio. Quando, por exemplo, o processo discutir uma relação jurídica única, indivisível (que não admite cisão), todos os sujeitos dessa relação têm que fazer parte do processo. Exemplo: Ação de anulação de casamento proposta pelo MP em face do marido e da mulher. Esse litisconsórcio é necessário, ainda que não haja nenhuma lei exigindo. Isso porque a relação jurídica discutida é o próprio casamento, logo deve haver a citação do marido e da mulher. Se, nesses casos, o autor ajuíza ação apenas em face de um dos réus, e não houver a intervenção do terceiro, a sentença não irá atingir a outra parte que não foi citada, pois ela não fez parte do devido processo legal, e a Constituição veda que alguém seja privado dos seus https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos bens sem o devido processo legal. A sentença não pode produzir efeitos para fora do processo, e por isso exige-se a formação do litisconsórcio necessário. b) Litisconsórcio facultativo: É aquele que PODE ser formado, com o objetivo de proporcionar maior celeridade e economia processual. O litisconsórcio facultativo, ativo ou passivo, pode ocorrer nas hipóteses do artigo 46: Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. O artigo 46, portanto, traz algumas hipóteses de cabimento do litisconsórcio facultativo: - Quando houver comunhão de direitos entre as partes (Ex: 2 oficiais de justiça contra o Estado do RJ pleiteando um mesmo benefício). => litisconsórcio facultativo no polo ativo. - Quando houver comunhão de obrigações entre as partes (Ex: consumidor ajuíza ação contra o fabricante e o revendedor).=> litisconsórcio no polo passivo. Nesses 2 casos, as partes estão formulando o mesmo pedido. - Quando os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito, ou seja, quando houver a mesma causa de pedir. (Ex: 2 pessoas pleiteiam reparação por danos materiais contra um motorista que causou um acidente a elas; os pedidos, que provavelmente serão diferentes, derivam do mesmo fato, que é o acidente). - Quando houver afinidade de questões por um ponto comum: a causa de pedir não é igual, mas semelhante. É a hipótese mais fraca de interrelação, pois enquanto nas outras há o mesmo pedido ou a mesma causa de pedir, aqui há uma mera afinidade de questões. O que é litisconsórcio multitudinário? É a hipótese do art. 46, parágrafo único, quando há um elevado número de litigantes que compromete a rápida solução do litígio ou prejudica a defesa: CPC, Art. 46, Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão. Essa limitação do litisconsórcio multitudinário só vale para litisconsórcio facultativo! Não vale para o necessário, pois nesse caso todos deverão ser obrigatoriamente citados ou intimados. O juiz irá limitar esse litisconsórcio facultativo desmembrando o processo em tantos quantos forem necessários. A lei não menciona um número máximo de autores; tudo depende da análise do juiz no caso concreto. Exemplo: ação proposta por 100 autores em face de um mesmo réu, em virtude do desabamento em um estádio de futebol => 100 torcedores X clube de futebol -> o clube terá 15 dias pra contestar cada uma das 100 ações, o que prejudicaria a defesa. https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos Além do mais, se cada autor pode arrolar até 10 testemunhas, pode haver 1000 testemunhas pra serem ouvidas, prejudicando a rápida solução do litígio. Assim, nesse caso, possível o desmembramento do litisconsórcio multitudinário. 4) Quanto aos efeitos da decisão para os litisconsortes: Nesse ponto, o litisconsórcio pode ser classificado em: a) Litisconsórcio unitário: a decisão no processo DEVE ser a mesma para todos os litisconsortes, b) Litisconsórcio simples: a decisão PODE ser diferente para cada um dos litisconsortes. Para que se identifique se o litisconsórcio é simples ou unitário deverão ser analisadas quantas relações jurídicas estão sendo decididas naquela demanda. Se houver mais de uma relação jurídica, indubitavelmente o litisconsórcio será simples. A questão se torna mais complexa se houver somente uma relação jurídica, pois nesse caso o litisconsórcio poderá ser simples ou unitário, dependendo da divisibilidade ou não da relação jurídica: se for a relação jurídica indivisível será caso de litisconsórcio unitário; por outro lado, se a relação jurídica for divisível, teremos um litisconsórcio simples. Pense no exemplo da ação de anulação de casamento proposta pelo MP. Temos uma única relação jurídica, de caráter indivisível. Logo, o litisconsórcio deve ser unitário, pois não se pode anular o casamento pra um cônjuge e não anular para o outro. Quanto ao caso dos devedores solidários, o litisconsórcio pode ser simples ou unitário, a depender da divisibilidade da obrigação. Se a obrigação for indivisível (Ex: entrega de um touro reprodutor), o litisconsórcio será unitário. No entanto, se tivermos uma obrigação indivisível, é possível que o litisconsórcio seja simples, inclusive com decisões diferentes para cada um dos devedores. Nesse sentido, veja as claras lições de Fredie Didier: "Não basta que a discussão conjunta restrinja-se a uma relação jurídica. É preciso que esta relação jurídica seja indivisível. Elucidativo, para perceber este aspecto, é o exame do litisconsórcio quando a relação jurídica afirmada for uma obrigação solidária. Nestes casos,havendo litisconsórcio, está-se diante de uma discussão conjunta de uma única relação jurídica. Sucede que a obrigação solidária pode ser divisível ou indivisível. A obrigação solidária de pagamento de quantia é divisível; a de entrega de um cavalo, indivisível. Assim, nem sempre a solidariedade implicará unitariedade. Mas pode haver unitariedade se se discutir em juízo obrigações solidárias – quando forem indivisíveis. Ora, se os litisconsortes discutem uma relação jurídica indivisível (ares in iudicium deducta), não há como a decisão sobre ela (decisão de mérito) ser diferente para esses litisconsortes. Não obstante sejam vários, formem uma pluralidade, os litisconsortes serão tratados como se fossem um único sujeito; serão tratados como unidade.
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