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CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 1 1 Roteiro Caro aluno, nesta aula estudaremos a depreciação, a amortização e a exaustão. O assunto aqui tratado veio, nos últimos tempos, conquistando um lugar de destaque no que diz respeito a provas de concursos e tanto é assim que, nos últimos anos, foi questão certa em praticamente todas as provas da ESAF. Esse fato, aliado à importância do tema para o correto entendimento da contabilidade, demonstram a relevância do que será aqui tratado. A seguir, encontra-se uma relação dos pontos a serem trabalhados em específico: 1) Depreciação a) Conceito b) Definições necessárias ao cálculo da depreciação i) Valor de aquisição ou produção ii) Vida útil (1) Regra geral (2) Vida útil de bens usados iii) Valor residual iv) Valor depreciável v) Taxa de depreciação vi) Encargo de depreciação do período vii) Depreciação acumulada viii) Valor contábil c) O encargo de depreciação – despesa x custo d) Características importantes da depreciação i) Quem registra a depreciação ii) Início do cômputo do encargo iii) Limite do valor da depreciação iv) Depreciação de bens na fase pré-operacional e) Bens ativados – sujeitos à depreciação x registro direto em despesa i) Bens de pequeno valor – registro direto como despesa ii) Gastos com reparos conservação ou substituição. f) Bens sujeitos e não sujeitos à depreciação CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 2 i) Bens sujeitos à depreciação. ii) Bens não sujeitos à depreciação (1) Terrenos (2) Prédios e construções não alugados nem utilizados (3) Bens que aumentam de valor com o tempo (4) Bens objeto de exaustão iii) Benfeitorias em propriedades de terceiros g) Taxas de depreciação - gerais x especiais i) Determinação da vida útil de um bem ii) Taxas especiais de depreciação (1) Depreciação acelerada contábil (2) Depreciação acelerada incentivada h) Métodos de cálculo da taxa de depreciação i) Linear ii) Da soma dos dígitos (1) Método da soma dos dígitos – Decrescente (2) Método da soma dos dígitos – Crescente iii) Unidades produzidas iv) Horas de trabalho 2) Amortização a) Conceito b) Taxa c) Direitos de uso amortizáveis e não amortizáveis 3) Exaustão a) Conceito b) O que não deve ser objeto de exaustão c) Exaustão de recursos minerais i) Método da exaustão em função do prazo de concessão ii) Método da exaustão em função da possança da mina. d) Exaustão de recursos florestais CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 3 2 Introdução Em geral, os bens e direitos de natureza permanente, cuja vida útil (no caso de bens) ou prazo para exercício (no caso de direitos) seja superior a um ano, reduzem seu valor patrimonial à medida que o tempo (de utilização do bem ou de exercício do direito) passa. Assim, esses elementos patrimoniais sujeitam-se à depreciação, amortização ou exaustão, conforme o caso. Resumidamente: (1) a depreciação é a perda do valor de um bem por uso desgaste ou obsolescência (envelhecimento); (2) a amortização é a perda de valor de um elemento patrimonial que tenha prazo fixo para utilização e (3) a exaustão é a perda de valor de um elemento patrimonial porque sua regular utilização implica sua progressiva destruição. Para não esquecer: (1) depreciação – envelhecimento; (2) amortização – passagem de um tempo finito e fixo e (3) exaustão – destruição parcial, decorrente de uso regular. O lançamento contábil padrão, para o registro da perda com depreciação, amortização ou exaustão (conforme já estudado quando da apresentação dos lançamentos contábeis) deverá ser realizado a débito de conta de resultado (despesa com encargos de depreciação, amortização ou exaustão) e a crédito de conta retificadora do ativo (depreciação, amortização ou exaustão acumulada), conforme exemplo a seguir: D = Encargos de depreciação, amortização ou exaustão C = a Depreciação, amortização ou exaustão acumulada X A seguir, estudaremos cada um desses três conceitos (depreciação, amortização e exaustão), em separado, de forma específica e detalhada. 3 Depreciação 3.1 Conceito A depreciação pode ser conceituada como a diminuição do valor dos Bens Corpóreos que integram o ativo permanente, em decorrência de desgaste ou perda de utilidade pelo uso, ação da natureza ou obsolescência. Didaticamente, repetimos que se pode entender a depreciação como a perda do valor de um bem por “envelhecimento”. O conceito de depreciação é aplicável a itens tangíveis do ativo permanente. Tangíveis são os elementos patrimoniais que têm um corpo físico, como móveis, máquinas, veículos, benfeitorias em propriedades arrendadas, direitos sobre recursos naturais etc. Ao contrário, intangíveis são os elementos patrimoniais cujo valor não CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 4 reside em qualquer propriedade física, mas nos direitos de propriedade imaterial que são conferidos a seus possuidores, como patentes, direitos autorais, marcas, etc. 3.2 Definições necessárias ao cálculo da depreciação Neste item, veremos a definição de alguns termos cujo conhecimento é necessário para o cálculo da depreciação e, conseqüentemente, para a resolução de questões. 3.2.1 Valor de aquisição ou produção O valor de aquisição, ou produção, do bem do ativo permanente é o valor por ele pago (como decorrência da aplicação do princípio fundamental de contabilidade do Registro pelo Valor Original). Assim, integram esse valor todos os gastos realizados, necessários para que os bens possam ser utilizados nas atividades a que se destinam e ocorridos até esse momento. Importante! Parte do valor pago pode ser objeto de devolução e, assim, não consiste em um efetivo gasto – necessário – para que o referido bem possa ser utilizado. Ora, se alguém devolve o valor pago, não há falar em efetivo gasto. Esse é o caso dos tributos recuperáveis na aquisição do bem: ICMS, PIS/Pasep e Cofins. Esses tributos compõem o valor pago pelo bem adquirido, ou seja, estão embutidos no valor do preço pago, mas são recuperáveis e, assim, não compõem o valor original. Em suma, o valor de aquisição é o valor a ser pago, deduzido dos tributos recuperáveis. O ICMS incidente na operação de aquisição de bens para o imobilizado é recuperável, com base na Lei complementar n° 87, de 1996, art. 20: Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior1, é assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação. ... 1 O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado”. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 5 § 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo, relativamente aos créditos decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo permanente, deverá ser observado: I – a apropriação seráfeita à razão de um quarenta e oito avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento; ... Quanto à Cofins, a Lei n° 10.833, de 2003, estabelece que a aquisição de bens para o ativo permanente de empresa que tributa o Imposto de Renda pela sistemática do Lucro Real, dá direito a crédito da contribuição à alíquota de 7,6% sobre o valor da aquisição, conforme art. 3o: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o2 a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: ... VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII - edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; ... § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: ... III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; Quanto ao PIS/Pasep, a Lei n° 10.637, de 2002, também estabelece que a aquisição de bens para o ativo permanente de empresa que tributa o Imposto de Renda pela sistemática do Lucro Real, dá direito a crédito da contribuição à alíquota de 1,65% sobre o valor da aquisição, conforme art. 3o: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o3 a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: ... 2 O referido art. 2o trata do valor devido pela empresa a título de Cofins. 3 O referido art. 2o trata do valor devido pela empresa a título de PIS/Pasep. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 6 VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. VII - edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mão-de-obra, tenha sido suportado pela locatária; ... § 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: ... III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; Esse conceito não é intuitivo e demanda uma explicação didática, conforme a seguir: (1) considere o valor pago por um equipamento (ex: R$ 10.000,00), esse valor seria – em tese – o custo de aquisição do equipamento; (2) ocorre que o Governador (o Governo do Estado) devolve à empresa uma parte deste valor pago – a título de ICMS, na forma de créditos utilizáveis para quitação deste imposto – (ex: 17% - R$ 1.700,00), assim, dos R$ 10.000,00 pagos, R$ 1.700,00 não foram pagos efetivamente para adquirir o equipamento, mas sim para adquirir o direito de crédito de ICMS, a ser exigido do Governador, portanto, esse valor não integra o custo do equipamento; (3) ocorre, também, que o Presidente (a União) devolve à empresa uma parte deste valor pago – a título de Cofins, na forma de créditos utilizáveis para quitação deste tributo – (7,6% - R$ 760,00), assim, dos R$ 10.000,00 pagos, R$ 760,00 não foram pagos efetivamente para adquirir o equipamento, mas sim para adquirir o direito de crédito de Cofins a ser exigido do Presidente e, portanto, esse valor também não integra o custo do equipamento; (4) ocorre, ainda, que o Presidente devolve à empresa uma parte deste valor pago – a título de PIS/Pasep, na forma de créditos utilizáveis para quitação deste tributo – (1,65% - R$ 165,00), assim, dos R$ 10.000,00 pagos, R$ 165,00 não foram pagos efetivamente para adquirir o equipamento, mas sim para adquirir o direito de crédito de PIS/Pasep a ser exigido do Presidente e, portanto, esse valor também não integra o custo do equipamento; (5) assim, o custo do equipamento será de R$ 7.375,00, conforme memória de cálculo abaixo. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 7 Valor pago 10.000,00 (-) Crédito de ICMS (1.700,00) 17% (-) Crédito de Cofins (760,00) 7,60% (-) Crédito de PIS/Pasep (165,00) 1,65% (=) Custo de aquisição 7.375,00 Memória de cálculo do custo de aquisição do equipamento Considerando uma empresa que tenha apenas os R$ 10.000,00 em caixa, podemos visualizar o fluxo de valores entre elementos patrimoniais decorrente da aquisição do equipamento, conforme figura abaixo: Caixa 10.000,00 (10.000,00) - ICMS a recuperar 1.700,00 Cofins a recuperar 760,00 PIS/Pasep a recuperar 165,00 Equipamento 7.375,00 Ativo Passivo Patrimônio Líquido Para o fato antes apresentado, o lançamento contábil é o seguinte D = Diversos C = a Caixa ####### D = ICMS a recuperar 1.700,00 D = Cofins a recuperar 760,00 D = PIS/Pasep a recuperar 165,00 D = Equipamento 7.375,00 3.2.2 Vida útil 3.2.2.1 Regra geral O conceito de vida útil é facilmente apresentável como a quantidade de períodos prevista para utilização de determinado bem do ativo permanente. Frise-se que é a quantidade de períodos prevista para utilização do bem, mas não é a quantidade permitida de períodos para sua utilização. Assim, podem existir bens sendo utilizados após o final de sua vida útil. Esse é o caso, por exemplo, de um Monza 88 (que eu possuo). Sua vida útil prevista era de apenas 5 (cinco) anos, mas ele está sendo utilizado a quase 20 (vinte) anos. Isso quer dizer que, nos primeiros 5 anos, ele perdeu seu valor patrimonial por uso, desgaste ou obsolescência, e que, após o final do quinto ano, ele continuou sendo utilizado sem perder mais valor. Esse efeito é decorrente de dois motivos: (1) a partir do CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 8 sexto ano ele não perde mais valor porque já perdeu o que tinha que perder e, assim, não há falar em despesa de depreciação e (2) em compensação, há mais despesa com manutenção. No exemplo antes apresentado, relativo à máquina cujo valor de aquisição foi calculado em R$ 7.375,00, consideraremos – para fins de ilustração – uma vida útil de 10 anos. 3.2.2.2 Vida útil de bens usados A depreciação de bens adquiridos usados (de segunda mão) deverá ser realizada considerando, como vida útil do bem, o maior dos prazos a seguir: - metade da vida útil que seria admitida para aquele bem, se adquirido novo; - o restante da vida útil daquele bem, considerado o tempo decorrido desde o início de sua utilização, pelo primeiro proprietário. Essa regra decorre de disposição expressa do Decreto 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda), em seu art. 311, a seguir: Art. 311. A taxa anual de depreciação de bens adquiridos usados será fixada tendo em vista o maior dos seguintes prazos: I - metade da vida útil admissível para o bem adquirido novo; II - restante da vida útil, considerada esta em relação à primeira instalação para utilização do bem. Para ilustrar o conceito acima, encontra-se proposto o seguinte exemplo. Seja um equipamento cuja vida útil normal é de 10 anos. Considere a compra desse equipamento usado, após seu uso por quatro anos (pelo primeiro proprietário – vendedor do equipamento). Nesse caso, a depreciação será realizada considerando-se, como vida útil, o valor a seguir apurado: Vida útilinicialmente prevista para o bem 10 anos Tempo de utilização desde sua instalação inicial 4 anos metade da vida útil que seria admitida para aquele bem, se adquirido novo 5 anos o restante da vida útil daquele bem, considerado o tempo decorrido desde o início de sua utilização, pelo primeiro proprietário 6 anos Vida útil do bem usado 6 anos CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 9 3.2.3 Valor residual O valor residual é um conceito teórico – quase sempre exigido em concurso – mas que na prática quase nunca é utilizado. Ocorre que, mesmo pouco utilizado, esse conceito deve ser cuidadosamente estudado. Quanto à importância desse conceito, cabe a seguinte observação. Muitos alunos com formação contábil reclamaram, nos últimos anos, de questões que pediam esse conceito e que os induziram a erro. Essa dificuldade (vivenciada justamente por quem conhece a matéria) vem a comprovar – uma vez mais – que a preparação para concursos é uma atividade de estudo e que – nessa caminhada – é muito mais relevante uma preparação específica do que a formação acadêmica. Do ponto de vista puramente patrimonial, o valor residual é um conceito teórico perfeitamente lógico: trata-se do valor patrimonial remanescente do bem, deduzida toda a depreciação realizada durante sua vida útil. Em outras palavras, é o valor que sobra após toda a perda por uso, desgaste ou obsolescência. Ora, tomando-se como exemplo meu (alquebrado) Monza 88, esse conceito é visível: (1) ele já perdeu tudo o que tinha a perder por uso, desgaste ou obsolescência, mas (2) ele ainda vale alguma coisa (tudo bem, quase nada, mas alguma coisa ele ainda vale...). Do ponto de vista prático, a legislação tributária permite que se presuma um valor residual igual a zero. Assim, para fins de simplicidade (e de economia tributária4), a virtual totalidade das empresas utiliza o valor residual zero para os bens de seu ativo permanente. Seguindo o exemplo da máquina de valor de aquisição R$ 7.375,00 e vida útil de 10 anos, propomos – para visualização e contextualização dos conceitos aqui apresentados – um valor residual de R$ 1.375,00. 3.2.4 Valor depreciável O valor depreciável, sobre o qual incidem os encargos de depreciação, é resultante da diferença entre o valor de aquisição e o valor residual. Cumpre referir que o valor depreciável será idêntico ao valor de aquisição sempre que o valor residual for zero. 4 A utilização do valor residual igual a zero resulta em uma postergação – legalmente permitida – do Imposto de Renda, com relação à situação idêntica em que se utiliza qualquer outro valor. Esse assunto, apesar de fascinante, não será abordado neste curso por se tratar de matéria estranha ao escopo inicialmente para ele previsto. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 10 No nosso exemplo ilustrativo temos: (1) uma máquina de valor de aquisição R$ 7.375,00 e (2) um valor residual apresentado de R$ 1.375,00. Portanto, o valor depreciável é de R$ 6.000,00, conforme memória de cálculo abaixo: � R$ 7.375,00 (-) R$ 1.375,00 (=) R$ 6.000,00 3.2.5 Taxa de depreciação A taxa de depreciação é um percentual, que deverá ser aplicado sobre o valor depreciável a cada período, para fins de apuração do valor do encargo de depreciação do referido período. De uma maneira simplista, poder-se-ia pensar que a taxa de depreciação seria sempre calculável pela divisão: [1 (/) número de períodos da vida útil do bem]. Exemplificando, se um bem tem vida útil de 5 (cinco) anos, sua taxa de depreciação seria de [1 (/) 5] (=) 20% ao ano. Efetivamente, esse é o método geralmente utilizado, mas trata-se de uma simplificação da realidade, na qual se parte do pressuposto de que os bens envelhecem (perdem valor por uso, desgaste ou obsolescência) de forma linear no tempo. Isso não corresponde à realidade; pois os bens (assim como nós) envelhecem de forma irregular no tempo (geralmente perdem muito de seu valor no início de sua vida útil e pouco no final). Assim, veremos que há várias formas de calcular a taxa de depreciação, entretanto, a mais utilizada é a depreciação linear. Uma observação importante! Como o total da depreciação não pode ultrapassar o valor patrimonial – depreciável – do bem, temos (por decorrência) que o somatório das taxas de depreciação de todos os períodos da vida útil do bem deve ser SEMPRE 100%. Em nosso exemplo ilustrativo, temos uma máquina de valor depreciável calculado em R$ 6.000,00. Foi, também, proposto que sua vida útil seria de dez anos. Considerando-se uma depreciação linear, temos que a taxa de depreciação (para todos os períodos) fosse constante e no valor de 10% � [ 1 (/) 10 ] (=) 10%. 3.2.6 Encargo de depreciação do período O encargo de depreciação de período é o resultado da multiplicação do valor depreciável pela taxa de depreciação do respectivo período. Em nosso exemplo ilustrativo, o valor do encargo de depreciação de cada período seria calculado da seguinte forma: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 11 Valor depreciável 6.000,00 (*) taxa de depreciação 10% (=) encargo de depreciação do período 600,00 3.2.7 Depreciação acumulada A depreciação acumulada (registrada em conta retificadora do ativo, conforme já visto neste curso quando do estudo dos lançamentos contábeis) é o somatório dos encargos de depreciação dos vários períodos em que o bem foi utilizado. É interessante notar que, no caso de consideração de depreciação linear (em que a taxa de depreciação é constante no tempo e, conseqüentemente, os encargos também) a depreciação acumulada é numericamente calculada como sendo o valor do encargo multiplicado pelo número de períodos. Em nosso exemplo, contextualizando os conceitos até aqui apresentados, temos uma máquina cujos encargos de depreciação alcançam a cifra de R$ 600,00 por período. Considerando que essa máquina está sendo utilizada por três anos, conseguimos calcular o valor da depreciação acumulada em R$ 1.800,00, conforme memória de cálculo abaixo. Encargos de depreciação 600,00 (*) quantidade de períodos de utilização do bem 3 (=) depreciação acumulada 1.800,00 3.2.8 Valor contábil O valor contábil é calculado pela diferença entre o valor de aquisição e da depreciação acumulada � valor contábil (=) valor de aquisição (-) depreciação acumulada. Repare que, ao final da vida útil do bem, o valor contábil (valor de aquisição, deduzida a depreciação acumulada) é idêntico ao valor residual. Importante! O valor contábil não é a diferença entre o valor depreciável e a depreciação acumulada – esse é um erro recorrente de bons alunos. Em nosso exemplo ilustrativo, o valor contábil da máquina ao final do terceiro ano de utilização é de 5.575,00, conforme tabela a seguir: Valor de aquisição 7.375,00 (-) depreciação acumulada (1.800,00) (=) valor contábil do bem 5.575,00 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 12 3.3 O encargo de depreciação – despesa x custo O encargo de depreciação (que, via de regra, é considerado despesa) poderá ser computado como custo ou despesa operacional, conforme o caso. Exemplificando, a depreciação de um computador utilizado pelo setor de contabilidade de uma empresa, que não está diretamente ligado à atividade de fabricação de produtos para a venda, deve ser considerada como despesa operacional, e assim registrada, mediante o lançamento seguinte: D = Encargos de depreciação - despesa operacional C = a Depreciação acumulada X A figuraa seguir ilustra o lançamento acima apresentado: Bem do imobilizado (-) deprec. Acum. 0 ==> (X) Despesa operacional X Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido Ao contrário, a depreciação de um bem que está diretamente utilizado na fabricação de produtos para a venda integra o “esforço patrimonial” necessário à obtenção do produto que irá ser, posteriormente, vendido. Assim, a depreciação deste bem integra o “custo de produção” e se agrega ao valor contábil do produto em elaboração e, posteriormente, ao valor do produto acabado. Somente com a venda do produto é que o valor da depreciação antes ocorrida (juntamente com os demais custos de produção do item vendido) irá ser registrado como custo do produto vendido5. A figura a seguir ilustra o conceito antes apresentado: 5 Os conceitos superficialmente tratados neste parágrafo são objeto de um ramo específico da Contabilidade, denominado “Contabilidade de Custos”, especificamente no que diz respeito ao item “Custeio por Absorção”. A Contabilidade de Custos será objeto de estudo em separado, em um curso específico. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 13 Estoque de produtos 0 ==> (X) Bem do imobilizado (-) deprec. Acum. 0 ==> (X) Custo do produto vendido X (1) Depreciação (2) Venda do produto - registro do custo Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido 1 2 Os lançamentos típicos são: (1) pela depreciação D = Estoque de produtos C = a Depreciação acumulada X (2) pelo registro do custo do produto vendido D = Custo do produto vendido C = a Estoue de produtos X A depreciação dos demais bens do Ativo Permanente (registrados no subgrupo investimentos – ex. imóveis para aluguel) deve ser, sempre, registrada como despesa operacional, pois, por definição não está diretamente utilizada no esforço de fabricação de produtos. 3.4 Exemplo Portanto, resumindo, o lançamento característico da depreciação é: D = despesa (ou custo) de Depreciação C = a depreciação acumulada Lembrando: a) a conta devedora é de resultado e representa o encargo econômico suportado pela entidade6; e 6 Exceto no caso de bem utilizado no processo industrial, cuja depreciação é inicialmente registrada a débito de conta de ativo (produto em elaboração) e, posteriormente, quando de sua venda, é registrada a débito de conta de resultado (custo dos produtos vendidos). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 14 b) a conta credora retifica o bem do ativo sujeito a depreciação. Integra o Balanço Patrimonial, sendo demonstrada juntamente com a conta do bem que ela retifica, em subtração a seu saldo. O exemplo a seguir ilustra o que foi acima colocado. Suponha que uma empresa comercial EMP possua a máquina MAQ, cujo custo de aquisição tenha sido de R$ 40.000,00. Considere que essa máquina tenha uma previsão de utilização de 10 anos e assim, a cada ano, ela perda 10% de seu valor por uso, desgaste ou obsolescência. Em outras palavras, esta máquina está sujeita a uma depreciação de 10% ao ano7. Considere, ainda, que essa máquina já tenha três anos de uso e que a empresa proprietária deva contabilizar o encargo de depreciação correspondente ao quarto ano de utilização do bem. A partir desses dados, vamos calcular: (a) o encargo de depreciação do período e (b) o valor da depreciação acumulada – após o registro do encargo. - Memória de cálculo: Valor original ######## depreciação por ano 10% encargo de depreciação por ano (4.000,00) depreciação acumulada antes do registro do encargo ######## 3 anos valor do encargo do quarto ano (4.000,00) depreciação acumulada após o registro do encargo ######## - Situação inicial: 7 Os conceitos de vida útil e taxa de depreciação – aqui intuitivamente colocados – serão apresentados de forma técnica e rigorosa em seguida. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 15 Máquina 40.000,00 (-) deprec. Acum. (12.000,00) Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido - Fluxo de valores patrimoniais: Máquina 40.000,00 (-) deprec. Acum. (12.000,00) (4.000,00) (16.000,00) Despesa operacional 4.000,00 Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido - Lançamentos: D = despesa (ou custo) de Depreciação C = a depreciação acumulada 4.000,00 - Situação final: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 16 Máquina 40.000,00 (-) deprec. Acum. (16.000,00) Despesa operacional 4.000,00 Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido 3.5 Características importantes da depreciação 3.5.1 Quem registra a depreciação Atenção! A depreciação será deduzida pela empresa que suporta o encargo econômico do desgaste ou obsolescência, e essa será – via de regra – a proprietária do bem a ser depreciado. Assim, caso uma empresa – LOCADORA – seja proprietária de uma edificação que está sendo utilizada por outra – LOCATÁRIA – (por conta de um contrato de aluguel), quem registrará encargos de depreciação será a LOCADORA e não a LOCATÁRIA8. Entretanto, pode ocorrer um caso especial em que a perda do valor do bem (por uso desgaste ou obsolescência) é suportada pela empresa que apenas usa o bem, sem ser proprietária. Essa é a situação que ocorre, por exemplo, quando o locatário se encontra contratualmente obrigado a devolver um bem novo idêntico ao final da locação. 3.5.2 Início do cômputo do encargo Importante: o encargo de depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir. Em outras palavras, não importa a data de aquisição do bem, mas a data de colocação do bem em funcionamento. A explicação para essa condição, do ponto de vista patrimonial, é que: (1) se o bem não está sendo utilizado, não há esforço patrimonial no afã de auferir lucros; (2) portanto, não cabe 8 A locatária deverá registrar, mensalmente, despesas com aluguéis – conforme já estudado neste curso. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 17 registrar despesas com depreciação9. A legislação do Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999) tem disposição específica nesse mesmo sentido, em seu art. 309, a seguir: Art. 309. A quota de depreciação registrável na escrituração como custo ou despesa operacional será determinada mediante a aplicação da taxa anual de depreciação sobre o custo de aquisição dos bens depreciáveis (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 1º). § 1º A quota anual de depreciação será ajustada proporcionalmente no caso de período de apuração com prazo de duração inferior a doze meses, e de bem acrescido ao ativo, ou dele baixado, no curso do período de apuração. § 2º A depreciação poderá ser apropriada em quotas mensais, dispensado o ajuste da taxa para os bens postos em funcionamento ou baixados no curso do mês. Assim, de forma prática, a depreciação será registrada a partir do mês em que o bem for posto em funcionamento, independentemente do dia do mês. Exemplificando, caso um bem de valor R$ 120.000,00 e com vida útil de 10 anos, tenha sido comprado no dia 05 de janeiro, mas posto em funcionamento no dia 28 de fevereiro, não se deve registrar qualquer depreciação para o mês de janeiro, mas deve ser registrada depreciação para o mêsde fevereiro (como se o bem tivesse sido utilizado todo o mês, mesmo tendo sido efetivamente utilizado um único dia). A despesa de depreciação de fevereiro será de � 120.000,00 (*) 10% (/) 12 (=) 1.000,00. 3.5.3 Limite do valor da depreciação Mais uma questão relevante! O valor do bem, deduzido da respectiva depreciação acumulada nunca poderá resultar em um número negativo. Isso é uma decorrência do próprio conceito de depreciação (perda do valor de um bem, por uso, desgaste ou obsolescência); ora, um bem nunca pode perder mais do que a totalidade de seu valor patrimonial. 3.5.4 Depreciação de bens na fase pré-operacional Finalmente. Os encargos de depreciação dos bens do ativo imobilizado que tenham ocorrido durante a fase pré-operacional serão escriturados no ativo diferido para posterior amortização. 9 Cabe, entretanto, o registro de eventual perda – no caso desse bem se tornar impróprio para o uso e for descontinuado pela empresa. Cumpre referir que não é prevista a constituição de provisão para ajuste a valor de mercado de bens do imobilizado (porque o objetivo é que esse tipo de bem seja usado e não vendido). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 18 3.6 Bens ativados – sujeitos à depreciação x registro direto em despesa Não se pode esquecer que – para figurar no ativo permanente – o bem deve ter uma previsão de duração que permita entendê-lo como permanente. 3.6.1 Bens de pequeno valor – registro direto como despesa A Lei das S/A não estabelece um critério objetivo para diferenciar um bem do ativo permanente de um mero material de consumo (que deve figurar no ativo circulante). Ocorre que a legislação do imposto de renda tem dispositivo neste sentido. Trata-se do art. 301 do Decreto 3.000, de 1999, que determina que o custo de aquisição do ativo permanente não poderá ser deduzido diretamente como despesa, salvo se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a R$ 326,61 ou prazo sua vida útil não ultrapasse um ano, conforme a seguir: Art. 301. O custo de aquisição de bens do ativo permanente não poderá ser deduzido como despesa operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a trezentos e vinte e seis reais e sessenta e um centavos, ou prazo de vida útil que não ultrapasse um ano (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 15, Lei nº 8.218, de 1991, artigo 20, Lei nº 8.383, de 1991, artigo 3º, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, artigo 30). § 1º Nas aquisições de bens, cujo valor unitário esteja dentro do limite a que se refere este artigo, a exceção contida no mesmo não contempla a hipótese onde a atividade exercida exija utilização de um conjunto desses bens. ... Pelo dispositivo acima, para que um elemento patrimonial seja registrado no permanente (e, conseqüentemente, depreciado), é necessário que – cumulativamente – atenda aos requisitos de: (1) valor de aquisição igual ou superior a 326,61 e (2) vida útil igual ou superior a um ano. Assim, caso determinado elemento patrimonial não preencha esses dois requisitos, não necessita estar no ativo permanente, para ulterior depreciação. Ou seja, nesse caso, os valores poderão ser debitados diretamente a resultado do exercício, como custo ou despesa operacional. Trata-se de um critério aceitável para fins contábeis, pois consiste na aplicação da convenção da materialidade. Nesse sentido, não vale a pena registrar no patrimônio a entrada de um bem de pequeno valor, que nem sequer estará no patrimônio quando do próximo balanço; CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 19 assim registra-se diretamente uma despesa, no valor pago por esse bem. As figuras abaixo ilustram o conceito antes apresentado. a) aquisição de um bem de valor inferior a R$ 326,61e vida útil inferior a um ano, com posterior utilização (teoricamente registrando a entrada do ativo e sua posterior saída do patrimônio). Caixa 1.000,00 obrigações - (100,00) 900,00 Capital social 1.000,00 Bem 100,00 (100,00) - Despesa 100,00 (1) aquisição do bem (2) utilização do bem Ativo Passivo --------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1 2 b) aplicação da convenção da materialidade, considerando esse bem, diretamente, como despesa. Caixa 1.000,00 obrigações - (100,00) 900,00 Capital social 1.000,00 Despesa 100,00 (1) aquisição do elemento patrimonial e imediata consideração de seu valor como despesa - pela aplicação da convenção da materialidade Ativo Passivo --------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1 3.6.2 Gastos com reparos conservação ou substituição. Os gastos com serviços que tenham por objetivo manter um bem em estado de funcionamento, por não agregar nada de novo ao patrimônio (além do bem que já existe), devem ser registrados diretamente como CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 20 despesas. Esse é o caso dos serviços de limpeza, manutenção e conservação. Há outros gastos que, em princípio, podem parecer similares, mas que têm objetivo distinto; são eles: o reparo e a reforma. Eles têm por objetivo a possibilidade de uso do bem por mais algum tempo. Ora, se foi agregada vida útil a um bem, patrimonialmente, surgiu algo que não havia (o direito de usar algo por um tempo adicional). Assim, esses gastos devem ser ativados e, conseqüentemente, serão depreciados de acordo com a nova vida útil do bem resultante do processo de reparo ou reforma. Nesse sentido, a legislação do Imposto de Renda determina que: Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantê-los em condições eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 48). § 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 48, parágrafo único). § 2º Os gastos incorridos com reparos, conservação ou substituição de partes e peças de bens do ativo imobilizado, de que resulte aumento da vida útil superior a um ano, deverão ser incorporados ao valor do bem, para fins de depreciação do novo valor contábil, no novo prazo de vida útil previsto para o bem recuperado, ou, alternativamente, a pessoa jurídica poderá: I - aplicar o percentual de depreciação correspondente à parte não depreciada do bem sobre os custos de substituição das partes ou peças; II - apurar a diferença entre o total dos custos de substituição e o valor determinado no inciso anterior; III - escriturar o valor apurado no inciso I a débito das contas de resultado; IV - escriturar o valor apurado no inciso II a débito da conta do ativo imobilizado que registra o bem, o qual terá seu novo valor contábil depreciado no novo prazo de vida útil previsto. § 3º Somente serão permitidas despesas com reparos e conservação de bens móveis e imóveis se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços (Lei nº 9.249, de 1995, artigo 13, inciso III). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 21 Assim, os gastos dessa natureza, incorridos, que impliquem aumento de vida útil (superiora um ano), devem ser incorporados ao valor do bem, para fins de depreciação do novo valor, pelo novo prazo. Para ilustrar o conceito acima, propomos o exemplo a seguir: Seja uma máquina adquirida por R$ 40.000,00, vida útil inicial de 10 anos e com depreciação acumulada de R$ 16.000,00 (portanto, referente a quatro anos), conforme figura abaixo. Caixa 30.000,00 Máquina 40.000,00 (-) deprec. Acum. (16.000,00) Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido Nessa situação, o tempo de vida útil remanescente é de 6 (seis) anos: Vida útil total inicial 10 anos (-) prazo de utilização já incorrido (4) anos (=) Vida útil remanescente 6 anos Considere uma reforma em que ocorre a substituição de algumas peças, no valor total de R$ 30.000,00, e que esse procedimento tenha acarretado um aumento da vida útil da máquina de 3 (três) anos. Nessa situação, deve ser baixada a depreciação acumulada da máquina e, em seguida, adicionado o valor da reforma ao ativo; conforme lançamentos a seguir: D = Depreciação acumulada C = a Máquina 16.000,00 D = Máquina C = a Caixa 30.000,00 A configuração patrimonial imediatamente após os lançamentos acima encontra-se representada na figura abaixo: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 22 Caixa - Máquina 54.000,00 (-) deprec. Acum. - Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido Agora, a máquina passou a ter um valor contábil de 54.000,00 e uma vida útil de 9 anos. Portanto, a partir do próximo exercício, a máquina passará a sofrer depreciação no valor de R$ 6.000,00 � R$ 54.000,00 (/) 9 anos (=) R$ 6.000,00. A idéia básica do procedimento acima é a de que a reforma transformou o antigo bem em algo novo (tudo recomeça do zero, com novo valor e nova vida útil). A legislação do Imposto de Renda prevê uma segunda alternativa para a situação, conforme procedimento a seguir detalhado: a) levantar o percentual referente à parte não depreciada do bem, em relação a seu valor original; b) aplicar o percentual da letra (a) ao valor total de custos do reparo; c) apurar a diferença entre o valor total de custos do reparo e o valor calculado na letra (b); d) registrar o valor apurado na letra (b) como depesa; e) registrar o valor apurado na letra (c) como aumento do valor do ativo; f) passar a registrar depreciação sobre o novo valor contábil do ativo, pela nova vida útil. Para ilustrar o conceito acima, propomos sua aplicação ao mesmo exemplo anteriormente apresentado. Seja uma máquina adquirida por R$ 40.000,00, vida útil inicial de 10 anos e com depreciação acumulada de R$ 16.000,00 (portanto, referente a quatro anos), conforme figura abaixo. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 23 Caixa 30.000,00 Máquina 40.000,00 (-) deprec. Acum. (16.000,00) Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido Nessa situação, o tempo de vida útil remanescente é de 6 (seis) anos: Vida útil total inicial 10 anos (-) prazo de utilização já incorrido (4) anos (=) Vida útil remanescente 6 anos Considere uma reforma em que ocorre a substituição de algumas peças, no valor total de R$ 30.000,00, e que esse procedimento tenha acarretado um aumento da vida útil da máquina de 3 (três) anos. Assim, deve ser realizado o seguinte procedimento: (a) Levantar o percentual referente à parte não depreciada do bem, em relação a seu valor original: Máquina - valor original 40.000,00 (-) deprec. Acum. (16.000,00) (=) parte não depreciada 24.000,00 parte não depreciada 24.000,00 (/) máquina - valor original 40.000,00 (=) Relação percentual 60% Relação percentual Dados (b) Aplicar o percentual da letra (a) ao valor total de custos do reparo: Total dos custos do reparo 30.000,00 (*) percentual não depreciado do bem 60% (=) parcela dos custos do reparo que não agregou vida útil ao bem 18.000,00 (c) apurar a diferença entre o valor total de custos do reparo e o valor calculado na letra (b): Total dos custos do reparo 30.000,00 (-) parcela dos custos do reparo que não agregou vida útil ao bem (18.000,00) (=) parcela dos custos do reparo que recuperou parte da vida útil do bem 12.000,00 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 24 (d) registrar o valor apurado na letra (b) como depesa: D = Despesas com reparo C = a Caixa 18.000,00 (e) registrar o valor apurado na letra (c) como aumento do valor do ativo; D = Máquina C = a Caixa 12.000,00 (f) passar a registrar depreciação sobre o novo valor contábil do ativo, pela nova vida útil. D = Depreciação acumulada C = a Máquina 16.000,00 A configuração patrimonial imediatamente após os lançamentos acima encontra-se na figura abaixo: Caixa - Máquina 36.000,00 (-) deprec. Acum. - Despesas com reparo 18.000,00 Despesas Receitas Ativo Passivo Patrimônio Líquido Agora, a máquina passou a ter um valor contábil de 36.000,00 e uma vida útil de 9 anos. Portanto, a partir do próximo exercício, a máquina passará a sofrer depreciação no valor de R$ 4.000,00 � R$ 36.000,00 (/) 9 anos (=) R$ 4.000,00. A idéia básica do procedimento acima é o de que a reforma/reparo operou dois efeitos distintos: (1) a parte do custo que incidiu sobre a parcela ainda não depreciada do bem serviu apenas para mantê-lo em funcionamento (sem agregar mais vida útil) e, portanto, foi considerada como despesa; (2) a parte do custo que incidiu sobre a parcela já depreciada serviu para recuperar – em parte – sua vida útil antes perdida (por uso, desgaste ou obsolescência) e, portanto, agregou-se ao ativo aumentando seu valor. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 25 3.7 Bens sujeitos e não sujeitos à depreciação 3.7.1 Bens sujeitos à depreciação. Podem ser objeto de depreciação todos os bens físicos submetidos ao desgaste pelo uso, por causas naturais ou obsolescência normal. Cuidado! Quando do início de meus estudos de Contabilidade (há muito tempo, estou ficando velho) li, em resumos ou apostilas, a afirmação – simplista – de que florestas estariam sempre sujeitas à exaustão10. Mas isso não é verdadeiro; pois, conforme será visto adiante, florestas geralmente estão sujeitas à exaustão. Há, porém, projetos florestais que são destinados à exploração dos respectivos frutos11, esse é o caso das culturas perenes, como café e árvores frutíferas. Ora, a retirada de frutos de uma floresta não a destrói parcialmente, portanto não há falar em exaustão. Ocorre, porém, que esses tipos de cultura ficam velhas (ou seja, perdem seu valor por uso, desgaste ou obsolescência) e, portanto estão sujeitas à depreciação proporcionalmente ao período de sua vida útil. 3.7.2 Bens não sujeitos à depreciação Há, também, bens corpóreos de natureza permanente que não estão sujeitos à depreciação e, em relação aos quais, não é admitido registro de quota de depreciação. A seguir, apresentaremos cada um deles. 3.7.2.1 Terrenos Terrenos, não estão sujeitos à depreciação, salvo em relação aos melhoramentos e construções. Isso decorre do fato de que a terra nua não perde seu valor porque é usada. No caso de um terreno que não estiver contabilmente segregado do valor da edificação que, eventualmente, possa sobre ele existir; deverá ser feita a separação dos dois valores (relativo ao terreno e à edificação), a fim de que se possa computarquota de depreciação somente sobre as edificações (construções e benfeitorias). Essa segregação contábil deverá ser baseada em laudo de avaliação do bem. 10 Com efeito, florestas, via de regra, estão sujeitas à exaustão. 11 Por fruto, entende-se o bem acessório que se desprende do bem principal sem destruí-lo. O Direito reconhece a existência de frutos naturais (frutas – por exemplo), frutos industriais (produtos, que podem ser retirados de uma indústria sem destruí-la) e frutos civis (juros, em relação ao capital e aluguéis, em relação a bens imóveis). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 26 3.7.2.2 Prédios e construções não alugados nem utilizados Prédios e construções não alugados nem utilizados por seus proprietário na produção de seus rendimentos, ou imóveis destinados à venda, também não estão sujeitos à depreciação. Isso decorre do conceito de que os bens somente são depreciados a partir do momento em que são postos em funcionamento (já visto). 3.7.2.3 Bens que aumentam de valor com o tempo Bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras de arte ou antiguidades também não devem ser objeto de depreciação. Essa é uma decorrência, do próprio conceito de depreciação, pois, não há perda de valor do bem com o passar do tempo (ainda que eles sejam usados). 3.7.2.4 Bens objeto de exaustão Por exclusão, bens em relação aos quais seja registrada quota de exaustão, conforme será estudado adiante, também não serão depreciados. 3.7.3 Benfeitorias em propriedades de terceiros As benfeitorias em propriedades de terceiros podem – ou não – ser objeto de registro no ativo permanente. Pode ocorrer que uma empresa locatária realize construção em terreno locado, ou seja, terreno de propriedade alheia. De pronto, cabe diferenciar o caso em que essa construção é restituível do caso em que não haja previsão (legal ou contratual) de restituição. Caso os gastos com as benfeitorias sejam passíveis de restituição, não entra no patrimônio da empresa locatária qualquer bem ou direito de natureza permanente. Portanto, o registro é simples: (1) a saída do dinheiro e (2) a entrada do direito à restituição do dinheiro saído (no ativo circulante ou no realizável a longo prazo – de acordo com a previsão de restituição), conforme lançamento a seguir. D = Direito de restituição (AC ou ARLP) C = a Caixa X Por outro lado, caso os gastos com as benfeitorias não sejam passíveis de restituição, com o valor gasto, a empresa locatária adquire um direito: o direito de se utilizar da benfeitoria (1) pelo prazo do contrato de locação ou (2) pelo tempo previsto de duração da benfeitoria realizada – sua vida útil. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 27 Ora, no caso de um contrato de locação por prazo indeterminado, a benfeitoria será utilizada pela empresa locatária enquanto a referida benfeitoria tiver serventia (enquanto não envelhecer). Nesse caso, cabe a depreciação dessa benfeitoria. A seguir, apresentamos os lançamentos relativos ao caso acima apresentado: (1) realização de benfeitoria em terreno alheio, sem direito à restituição D = Benfeitoria em terreno alheio (AP - imobilizado) C = a Caixa X (2) depreciação da benfeitoria, pela sua utilização D = Encargos de depreciação C = a Depreciação Acumulada y Uma observação importante sobre o assunto. Se o contrato de locação for por prazo determinado, cabe amortização (conforme será visto adiante). 3.8 Taxas de depreciação – gerais x especiais Já foi visto que a taxa de depreciação é o percentual, que deverá ser aplicado sobre o valor depreciável a cada período, para fins de apuração do valor do respectivo encargo de depreciação. Para determinação desse percentual, é necessário conhecer dois elementos: (1) a vida útil do bem e (2) o critério de cálculo da taxa. 3.8.1 Determinação da vida útil de um bem A lei atribui à Secretaria da Receita Federal a competência para publicar periodicamente o prazo de vida útil usual para cada bem utilizado em condições normais, conforme art. 310 do Decreto 3.000, de 1999, abaixo: Art. 310. A taxa anual de depreciação será fixada em função do prazo durante o qual se possa esperar utilização econômica do bem pelo contribuinte, na produção de seus rendimentos (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 2º). § 1º A Secretaria da Receita Federal publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível, em condições normais ou médias, para cada espécie de bem, ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a quota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova dessa adequação, quando adotar taxa diferente (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 3º). § 2º No caso de dúvida, o contribuinte ou a autoridade lançadora do imposto poderá pedir perícia do Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra entidade oficial de CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 28 pesquisa científica ou tecnológica, prevalecendo os prazos de vida útil recomendados por essas instituições, enquanto os mesmos não forem alterados por decisão administrativa superior ou por sentença judicial, baseadas, igualmente, em laudo técnico idôneo (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 4º). § 3º Quando o registro do imobilizado for feito por conjunto de instalação ou equipamentos, sem especificação suficiente para permitir aplicar as diferentes taxas de depreciação de acordo com a natureza do bem, e o contribuinte não tiver elementos para justificar as taxas médias adotadas para o conjunto, será obrigado a utilizar as taxas aplicáveis aos bens de maior vida útil que integrem o conjunto (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 12). Entretanto, a Secretaria da Receita Federal fixou apenas o prazo de alguns ativos, deixando que a jurisprudência administrativa definisse as demais situações. A leitura acima permite concluir que há uma presunção de que: (1) os bens têm vida útil conforme definido pela Secretaria da Receita Federal em ato próprio e (2) esses bens são depreciados de forma linear. Cumpre referir que há uma possibilidade da empresa não utilizar os valores presumidos pelo fisco, bastando para isso que prove – com laudo de perícia do Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra entidade oficial de pesquisa científica ou tecnológica. A seguir, para fins ilustração, apresentamos os exemplos mais utilizados de taxas anuais de depreciação e correspondente vida útil de bens: a) 4% para edifícios e benfeitorias (25 anos); b) 10% para móveis e utensílios (10 anos); c) 10% para máquinas e equipamentos (10 anos); d) 20% para veículos de passageiro e carga (5 anos); e) 20% para computadores e periféricos (5 anos); f) 25% para motociclos, tratores e caminhões fora de estrada (4 anos). OBS: conforme já foi visto, no ano em que os bens forem postos em operação, deve-se ajustar a taxa anual proporcionalmente ao número de meses de efetiva utilização desses bens (independente da quantidade de dias no mês). 3.8.2 Taxas especiais de depreciação O desgaste provocado pelo uso intensivo ou anormal dos bens poderá determinar a adoção de taxas especiais de depreciação. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 29 Existem dois tipos de depreciação acelerada: a contábil e a incentivada. Ambos os conceitos são decorrentes da legislação do imposto de renda e serão vistos a seguir. 3.8.2.1 Depreciação acelerada contábil A depreciação acelerada contábil, apesar do nome, está prevista noDecreto 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda), mas é contábil porque é registrada na própria escrituração da empresa e se aplica ao caso de utilização de bens por mais de um turno, conforme disposto no art. 312 abaixo: Depreciação Acelerada Contábil Art. 312. Em relação aos bens móveis, poderão ser adotados, em função do número de horas diárias de operação, os seguintes coeficientes de depreciação acelerada (Lei nº 3.470, de 1958, artigo 69): I - um turno de oito horas............................1,0; II - dois turnos de oito horas.......................1,5; III - três turnos de oito horas.......................2,0. Parágrafo único. O encargo de que trata este artigo será registrado na escrituração comercial. Pelo que está apresentado acima, verifica-se que a depreciação acelerada contábil é aplicada exclusivamente aos bens móveis e é registrada na escrituração contábil da empresa. Os coeficientes de aceleração utilizados são: - para um turno de 8 horas – 1,0 - para dois turnos de 8 horas – 1,5 - para três turnos de 8 horas – 2,0 Exemplo: Suponha que uma máquina sujeita a depreciação de 10% aa esteja sendo operada em dois turnos de 8 horas. Como o coeficiente de aceleração aplicável nesse caso é de 1,5, ter-se-á como taxa anual de depreciação o percentual de 15% � 10% (x) 1,5 (=) 15%. 3.8.2.2 Depreciação acelerada incentivada A depreciação acelerada incentivada não é controlada na contabilidade, demandando um controle específico em um livro fiscal – o Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). O fundamento da depreciação acelerada incentivada é o incentivo à implantação, renovação ou CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 30 modernização de instalações e equipamentos (independentemente da quantidade de turnos de seu uso). Assim, na contabilidade será registrado um encargo normal (de acordo com a vida útil prevista para o bem). Paralelamente a esse registro contábil normal, há um ajuste controlado em livro extra-contábil para aumentar ou reduzir o valor do tributo a cada um dos períodos da vida útil do bem (com o objetivo que o tributo seja calculado como se a vida útil do bem fosse menor). A depreciação acelerada incentivada está prevista nos arts. 313 e 262 do Decreto 3.000, de 1999, a seguir reproduzidos: Art. 313. Com o fim de incentivar a implantação, renovação ou modernização de instalações e equipamentos, poderão ser adotados coeficientes de depreciação acelerada, a vigorar durante prazo certo para determinadas indústrias ou atividades (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 5º). § 1º A quota de depreciação acelerada, correspondente ao benefício, constituirá exclusão do lucro líquido, devendo ser escriturada no LALUR (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 8º, inciso I, alínea "c", e § 2º). § 2º O total da depreciação acumulada, incluindo a normal e a acelerada, não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 6º). § 3º A partir do período de apuração em que for atingido o limite de que trata o parágrafo anterior, o valor da depreciação normal, registrado na escrituração comercial, deverá ser adicionado ao lucro líquido para efeito de determinar o lucro real. ... Art. 262. No LALUR, a pessoa jurídica deverá (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 8º, inciso I): ... III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de apuração subseqüentes, do lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada incentivada, da exaustão mineral, com base na receita bruta, bem como dos demais valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem da escrituração comercial; Para ilustrar o conceito de depreciação acelerada incentivada, apresentamos o exemplo a seguir. Seja uma empresa que tenha bens no valor de R$ 1.000,00, cuja depreciação normal seja de 10% ao ano (R$ 100,00). Considere, ainda, que esta empresa esteja autorizada, pela legislação tributária, a considerar (para fins fiscais) uma taxa duas vezes maior, representando CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 31 um valor de R$ 200,00 (R$ 100,00 reconhecidos contabilmente e R$ 100,00 em ajustes fiscais). A tabela a seguir demonstra os valores de depreciação: (1) contabilmente registrados e (2) considerados para fins fiscais. Ano encargo de depreciação IR relativo ao encargo (15%) depreciação permitida exclusão adição IR relativo à depreciação permitida 1 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00 2 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00 3 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00 4 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00 5 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00 6 100,00 15,00 - - 100,00 - 7 100,00 15,00 - - 100,00 - 8 100,00 15,00 - - 100,00 - 9 100,00 15,00 - - 100,00 - 10 100,00 15,00 - - 100,00 - Somatório 150,00 150,00 Registros contábeis da depreciação Ajustes fiscais Repare que, na situação acima demonstrada: (1) o registro de encargos de depreciação é realizado exatamente da mesma maneira que seria feito no caso de depreciação normal; (2) o total do IRPJ relativo aos encargos de depreciação é o mesmo; mas (3) a diferença é sua distribuição no tempo. O efeito é que o IRPJ é recolhido como se o tempo de depreciação do bem fosse de cinco anos. 3.9 Métodos de cálculo da taxa de depreciação Até aqui, foram apresentados exemplos em que a depreciação era sempre realizada de forma linear. Com efeito, esse é o método mais utilizado pelas empresas e, inclusive, presumido pela Secretaria da Receita Federal (no caso de inexistência de laudo em contrário). Ocorre que, do ponto de vista teórico, existem outros métodos, conforme veremos neste item. 3.9.1 Linear O método linear é o método padrão, portanto, já foi visto e apresentado nos exemplos até aqui propostos. Ele parte do pressuposto de que a depreciação ocorre de maneira constante no tempo e portanto: a) a taxa de depreciação é igual ao percentual calculado através da divisão [1(/)vida útil]; b) encargo de depreciação do período = valor depreciável (*) taxa. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 32 Resumidamente: encargo de depreciação do período (=) (custo do bem – valor residual estimado) / (período de vida útil em anos). Exemplo: - custo (valor de aquisição) do bem R$ 500.000,00; - valor residual do bem R$ 100.000,00; - vida útil do bem 5 anos. Depreciação anual: (R$ 500.000,00 – R$ 100.000,00) / 5 = R$ 80.000,00. 3.9.2 Da soma dos dígitos O método da soma dos dígitos é um modelo em que a taxa de depreciação dos diversos períodos da vida útil de um bem varia. Trata-se de um modelo interessante, do ponto de vista patrimonial, pois, é normal que um bem venha a perder uma grande parte de seu valor no início de sua vida útil e apenas uma pequena parte no seu final (basta pensarem um veículo: no primeiro ano de vida ele sofre grande “desvalorização” e, no final de sua vida útil, a “desvalorização” pode ser desprezível). Por outro lado, pode ocorrer (ainda que de forma menos freqüente) a situação inversa; na qual um bem venha a perder uma pequena parcela de seu valor no início de sua vida útil e uma maior parcela ao final. Isso ocorreria, por exemplo, quando um equipamento fosse utilizado na fabricação de um produto que estivesse sendo introduzido no mercado e que, no início de sua vida útil, é pouco utilizado (porque o produto ainda não estaria sendo produzido em larga escala) e, à medida que o mercado aceitasse o produto, a produção aumentaria (aumentando, conseqüentemente, a utilização do bem e também sua depreciação). O método da soma dos dígitos alcança as duas situações acima apresentadas e, como aquelas são situações inversas, esse método (da soma dos dígitos) se divide, em: - Método da soma dos dígitos – DECRESCENTE; e - Método da soma dos dígitos – CRESCENTE. 3.9.2.1 Método da soma dos dígitos – Decrescente O método da soma dos dígitos – Decrescente – é utilizado para representar o comportamento de perda de valor patrimonial de bens (por uso, desgaste ou obsolescência – depreciação) no tempo, quando a perda é maior no início da vida útil do bem e menor a seu final. Portanto as taxas de depreciação (calculadas segundo esse método) são decrescentes. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 33 Saliente-se que esse é o caso comum (os bens, em geral, perdem mais valor patrimonial por uso no início de sua vida útil); portanto, quando – em questões de prova – o método da soma dos dígitos for referido sem qualificação (Decrescente ou Crescente), tente sempre iniciar a resolução com a aplicação do método da soma dos dígitos decrescente. Para aplicação deste método, a taxa de depreciação de cada período é calculada na forma de uma fração � [Numerador (/) Denominador], cujos valores são apurados conforme a seguir: a) O denominador é constante em todos os períodos da vida útil do bem e tem o valor da soma dos algarismos que compõem o número de períodos da vida útil desse bem; b) O valor do numerador varia, conforme o período: - Para o primeiro período: o número de períodos de vida útil do bem. - Para o segundo período: o número de períodos de vida útil do bem menos 1. - Para o terceiro período: o número de períodos de vida útil do bem menos 2, - E, assim por diante, até que o numerador relativo ao último período da vida útil do bem depreciado seja igual a 1 . Calculada a taxa, o valor do encardo de depreciação do respectivo período é o valor depreciável do bem, multiplicado pela fração obtida (com o numerador e denominador calculados conforme acima). Para ilustrar o conceito, apresentamos o exemplo a seguir. Seja um bem que apresente: (1) valor depreciável (custo) de R$ 50.000,00; (2) vida útil de 5 (cinco) anos e (3) depreciação baseada no método da soma dos dígitos decrescente. A partir desses dados, calcularemos o encargo de depreciação (e a depreciação acumulada) em cada um dos anos da vida útil do bem. Denominador: 1+2+3+4+5 = 15 Numeradores: 5; 4; 3; 2 e 1 (para cada um dos cinco anos da vida útil do bem) Os valores relativos à taxa de depreciação, ao encargo e à depreciação acumulada, de cada um dos cinco anos da vida útil do bem, estão apresentados na tabela a seguir: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 34 (a) (b) (c) = (a) / (b) (d) (e) = (d) * (c) (f) Período numerador denominador fração custo do bem valor da depreciação Depreciação Acumulada 1o ano 5 15 33,33% 50.000,00 16.666,67 16.666,67 2o ano 4 15 26,67% 50.000,00 13.333,33 30.000,00 3o ano 3 15 20,00% 50.000,00 10.000,00 40.000,00 4o ano 2 15 13,33% 50.000,00 6.666,67 46.666,67 5o ano 1 15 6,67% 50.000,00 3.333,33 50.000,00 total 50.000,00 3.9.2.2 . Método da soma dos dígitos – Crescente O método da soma dos dígitos – Decrescente – é utilizado para representar o comportamento de perda de valor patrimonial de bens (por uso, desgaste ou obsolescência – depreciação) no tempo, quando a perda é menor no início da vida útil do bem e maior a seu final. Portanto as taxas de depreciação (calculadas segundo esse método) são crescentes. Saliente-se que esse não é o caso comum (os bens, em geral, perdem mais valor patrimonial por uso no início de sua vida útil); entretanto, foi esse o método já pedido em provas da ESAF. Para aplicação deste método, a taxa de depreciação de cada período é calculada na forma de uma fração � [Numerador (/) Denominador], cujos valores são apurados conforme a seguir: a) O denominador é constante em todos os períodos da vida útil do bem e tem o valor da soma dos algarismos que compõem o número de períodos da vida útil desse bem; b) O valor do numerador varia, conforme o período: - Para o primeiro período: 1. - Para o segundo período: 2. - Para o terceiro período: 3. - E, assim por diante, até que o numerador relativo ao último período da vida útil do bem depreciado seja igual à quantidade de períodos de sua vida útil. Calculada a taxa, o valor do encargo de depreciação do respectivo período é o valor depreciável do bem, multiplicado pela fração obtida (com o numerador e denominador calculados conforme acima). Para ilustrar o conceito, apresentamos o exemplo a seguir. Seja um bem que apresente: (1) valor depreciável (custo) de R$ 50.000,00; (2) vida útil de 5 (cinco) anos e (3) depreciação baseada no método da soma dos dígitos crescente. A partir desses dados, calcularemos o encargo de depreciação (e a depreciação acumulada) em cada um dos anos da vida útil do bem. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 35 Denominador: 1+2+3+4+5 = 15 Numeradores: 1; 2; 3; 4 e 5 (para cada um dos cinco anos da vida útil do bem) Os valores relativos à taxa de depreciação, ao encargo e à depreciação acumulada, de cada um dos cinco anos da vida útil do bem, estão apresentados na tabela a seguir: (a) (b) (c) = (a) / (b) (d) (e) = (d) * (c) (f) Período numerador denominador fração custo do bem valor da depreciação Depreciação Acumulada 1o ano 1 15 6,67% 50.000,00 3.333,33 3.333,33 2o ano 2 15 13,33% 50.000,00 6.666,67 10.000,00 3o ano 3 15 20,00% 50.000,00 10.000,00 20.000,00 4o ano 4 15 26,67% 50.000,00 13.333,33 33.333,33 5o ano 5 15 33,33% 50.000,00 16.666,67 50.000,00 total 50.000,00 3.9.3 Unidades produzidas O método das unidades produzidas é utilizado para refletir o comportamento da depreciação de bens em que a utilização é variável ao longo de sua vida útil – e dependente da produção realizada a partir da utilização desse bem. Portanto, nesse método, de antemão, não se pode saber se o bem irá perder valor de forma constante, crescente ou decrescente. Com efeito, a perda de valor do bem se dará conforme o volume de produção do período (em relação à produção total, prevista a partir da utilização desse bem). A taxa de depreciação de cada período é calculada através de uma fração (Numerador (/) Denominador), onde: - O numerador é igual ao número de unidades produzidas no período; e - O denominador é igual ao número estimado de unidades a serem produzidas durante toda a vida útil do bem. Calculada a taxa, o valor do encargo de depreciação do respectivo períodoé o valor depreciável do bem, multiplicado pela fração obtida (com o numerador e denominador calculados conforme acima). 3.9.4 Horas de trabalho O método das horas de trabalho é utilizado para refletir o comportamento da depreciação de bens em que a utilização é variável ao longo de sua vida útil. Portanto, nesse método, de antemão, não se pode saber se o bem irá perder valor de forma constante, crescente ou decrescente. Com efeito, a perda de valor do bem se dará conforme a quantidade de horas de utilização do bem no período (em relação ao total de horas previstas de utilização desse bem, prevista). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 36 A taxa de depreciação de cada período é calculada através de uma fração (Numerador (/) Denominador), onde: - O numerador é igual ao número de horas de utilização do bem no período; e - O denominador é igual ao número estimado de horas de utilização do bem, durante toda sua vida útil. Calculada a taxa, o valor do encargo de depreciação do respectivo período é o valor depreciável do bem, multiplicado pela fração obtida (com o numerador e denominador calculados conforme acima). 4 Amortização 4.1 Conceito A amortização é a perda do valor de um elemento patrimonial do ativo permanente, pelo fato de sua utilização ter prazo fixo (legal ou contratual) para ser realizada. A lei das S/A define amortização nesse sentido, conforme art. 183, § 2o, a seguir: Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: ... § 2º A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente nas contas de: ... b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; ... Há livros que dão uma conotação administrativa ao conceito de amortização, apresentando-a como a “recuperação econômica de um capital aplicado”. Apesar do palavreado rebuscado, a idéia que está por trás desta maneira de encarar a amortização é simples: à medida que se utiliza um bem ou se exerce um direito, ele perde seu valor; mas é justamente essa utilização que permite que a empresa aufira receitas (e, conseqüentemente lucro). Assim, as duas faces do mesmo conceito aparecem: (1) de um lado há, perda do valor de um elemento patrimonial, por conta de sua utilização e (2) por outro dado, há receitas auferidas com essa utilização e, assim, a “recuperação econômica de um capital aplicado” (a receita correspondente ao gasto inicialmente realizado na aquisição do elemento patrimonial). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 37 De qualquer maneira, de forma rápida e direta, a amortização é a perda do valor patrimonial de um elemento cuja utilização deverá ser feita em um prazo finito. A amortização é aplicada aos seguintes elementos patrimoniais: 1 – despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de um exercício social (Ativo diferido). Exemplos: despesas pré- operacionais, despesas com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. 2 – direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada ou bens cuja utilização tenha prazo legal ou contratual limitado e desde que em nenhuma hipótese caiba indenização, como: a) bens intangíveis ou direitos de uso como, por exemplo: patentes de invenção, fórmulas e processos de fabricação; b) investimento em bens que, nos termos da lei ou contrato que regula a concessão de serviço público, devem reverter ao poder concedente, ao final do prazo de concessão; c) direitos autorais, licenças, autorizações para exploração de determinada atividade econômica, concessões para exploração de serviços públicos, bem como o custo de aquisição, prorrogação ou modificação de contratos de qualquer natureza, inclusive de exploração de fundos de comércio; d) custo das construções e benfeitorias em bens locados, arrendados ou cedidos por terceiros (quando o contrato é por tempo determinado). e) O valor dos direitos contratuais de exploração de florestas Como pode ser observado, da leitura acima, o conceito de amortização é aplicável a elementos patrimoniais que apresentam duas características básica e cumulativas: (1) prazo de duração limitado; (2) inexistência de indenização.12 Importante! A amortização é aplicável, basicamente, a elementos patrimoniais intangíveis, porém há também casos em que ela é aplicada sobre bens tangíveis. O exemplo é a amortização do gastos com benfeitorias realizadas em imóveis de terceiros ou em bens necessários à execução de um contrato de concessão de serviço público. Em ambos 12 De uma maneira didática e bem humorada, eu tenho o costume de apresentar o conceito de amortização através da metáfora do “namoro de verão”. Conforme todos sabemos (da experiência de nossa adolescência), esse namoro tem data para acabar (o início das aulas – quando voltamos da praia para nossas respectivas cidades). Todo o valor investido na aquisição do “namoro de verão” deverá ser amortizado nos três meses de viagem e, ao final, não valerá mais nada (além de boas recordações). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 38 esses casos, houve gasto na aquisição de elementos tangíveis (edificações), mas, do ponto de vista patrimonial, a empresa que realizou esse gasto, adquiriu um mero direito de utilizar-se da edificação por um tempo limitado (o tempo do contrato de locação ou da concessão). Apenas relembrando, as benfeitorias em bens de terceiros somente se sujeitam a amortização caso sejam atendidas as seguintes condições cumulativas, já colocadas acima: (1) contrato de locação, arrendamento ou cessão celebrado por prazo determinado; e (2) inexistência de direito à indenização das benfeitorias edificadas por ocasião do término do prazo contratual estabelecido. Na hipótese de o contrato ser celebrado por prazo indeterminado, caberá computarem-se encargos de depreciação (conforme já explicado) e não de amortização. Caso o contrato preveja direito de indenização das benfeitorias edificadas, não há que se falar em cômputo de encargos, por inexistir, na hipótese, o pressuposto econômico correspondente. Essa situação também já foi exaustivamente estudada no item que tratou da depreciação de benfeitorias em imóveis de terceiros (acima). 4.2 Taxa A taxa de amortização – representando o percentual de perda de valor do elemento patrimonial amortizado – será constante. Essa é uma decorrência do fato de que a amortização representa a perda de valor de um elemento patrimonial cuja utilização deverá ser realizada em um prazo finito. Ora, o tempo passa de forma linear (pelo menos para nossa realidade – teorias de ficção científica ou de física avançada à parte) e, assim, a amortização será sempre linear. A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista o número de anos restantes de existência do direito ou o número de exercícios sociais em que deverão ser usufruídos os benefícios das despesas registradas no ativo diferido. A amortização dos componentes do ativo diferido está sujeita a dois prazos: - um mínimo de cinco anos – estabelecido no artigo 327, parágrafo único do regulamento do imposto de renda; Art. 327. A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista: I - o número de anos restantes de existência do direito (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 58, § 1º); II - o número de períodos de apuração em
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