Buscar

Matéria de Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS DO DIREITO PENAL
SUMÁRIO – UNIDADE 1
TÍTULO: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS = A CIÊNCIA DO DIREITO PENAL
- INTRODUÇÃO
- CONCEITO
2-1 – DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
2-2 – CONCEITO DE DIREITO PENAL
2-3 – DENOMINAÇÃO
–CARACTERES FUNDAMENTAIS
3-1 – CARÁTER POSITIVO
3-2 – CARÁTER PÚBLICO
3-3 – CARÁTER AUTÔNOMO
3-4 – CARÁTER SANSIONATÓRIO
3-5 – CARÁTER CONSTITUTIVO
3-6 – CARÁTER ORIGINAL
3-7 – CARÁTER VALORATIVO
3-8 – CARÁTER COERCITIVO
– FINALIDADES DO DIREITO PENAL
4-1 – TEORIAS LEGITIMADORAS E TEORIAS DESLEGITIMADORAS
4-2 -TEORIAS ABSOLUTAS
4-3 – TEORIAS RELATIVAS
4-4 – TEORIAS UNIFICADORAS
4-5 – CRÍTICAS AO SISTEMA PENAL
– METODOLOGIA JURÍDICO PENAL
5-1 – O MÉTODO LÓGICO ABSTRATO
5-2 – EXEGÉTICA (NORMA)
5-3 – DOGMÁTICA 
5-4 – HERMENÊUTICA (CONHECIMENTO)
5-5 – CRÍTICA JURÍDICA(REALIDADE)
– HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
6-1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO MUNDO
6-2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL
6-3 – ESCOLAS PENAIS
1 – INTRODUÇÃO
	Toda vez que um grupo de pessoas procura ocupar o mesmo espaço, existe a necessidade de um sistema jurídico político.	
	O Estado é um grupo de pessoas organizadas juridicamente. Sistema jurídico é a estrutura política de qualquer Estado: tem a função de ser o sistema de controle social. É preciso controle para coexistência no mesmo espaço, das pessoas. Qualquer mecanismo de controle social é um sistema jurídico.
	O sistema jurídico se organiza através de vários meios para estabelecer o controle social. O sistema penal é um sub sistema do sistema jurídico. A razão da existência do sistema jurídico é exercer o controle social institucionalizado (que pressupõe poder). Poder público legitimamente exercido: institucionalizado.
	Exemplo: Motorista em alta velocidade atropela pipoqueiro e danifica seu carrinho.
1º. – Infração Administrativa = dirigir em alta velocidade. Infração ao comando normativo: sansão = multa.
2º. – Código Civil = indenização do carrinho de pipoca. Dano material: reparar o dano, lucros cessantes, etc.
3º. – Lesão corporal = ainda que acidental (culposa). Infringiu o comando normativo = respeito à integridade física.
Sansão Punitiva = Sistema Penal.
Comandos Normativos Infringidos:
Sistema Jurídico – Sistema Administrativo e Sistema Civil.
Sistema Penal = Infringiu um preceito penal; Sansão punitiva.
O Sistema Penal é punitivo na medida em que é dotado, e só ele é, de punibilidade. Sistema Penal desenvolve controle social punitivo, ou seja, ele é o Poder punitivo do Estado.
Tem sansão penal que também é pecuniária (multa).
A diferença entre Sistema Jurídico e Sistema Penal é formal, e em dimensão e rigor. As sansões penais são mais graves, as piores. Em períodos de anormalidade institucional, traz a pena de morte (Brasil). Só o sistema penal desenvolve a punibilidade.
O Sistema Penal protege os interesses mais importantes: a vida, o patrimônio. Não é qualquer ofensa que traz punibilidade, ou seja, é considerada penal.
CIÊNCIAS PENAIS
Grupo de disciplinas: dogmáticas e causais (explicativas). Dogmáticas: Direito Penal, Direito Processual Penal e Direito Penitenciário. Estas disciplinas estão envolvidas com o poder punitivo do Estado, onde a punibilidade é abstrata (punibilidade pode ser abstrata ou concreta).
O que especializa o Sistema Penal em relação ao sistema jurídico é o objeto de tutela, que é a proteção dos bens jurídicos mais importantes dos indivíduos, da sociedade, do Estado, ou seja, somente os indispensáveis.
O processo penal declara o ilícito penal e o ilícito civil. O que diferencia o sistema penal é a forma como mantém o controle social.
O bem jurídico é protegido por vários ramos do Direito. Levando em conta a gravidade da conduta do bem jurídico, levaremos em conta a importância da ofensa.
Para determinar o que é objeto do sistema penal:
- Importância do bem jurídico;
- Em relação às condutas mais graves (não é qualquer ofensa).
Exemplo: bem jurídico família: protegido pelo Direito Penal e por outros ramos do Direito.
Direito Penal = punir
Direito Processual = proteger.
2ª. Característica para determinar o objeto do Sistema Penal:
- Instrumento pelo qual (meio pelo qual) ele estabelece o controle social. Sansões mais graves; conseqüências mais intensas, mais rigorosas;
- Caráter social punitivo: no sentido de que, esse caráter punitivo decorre do poder do Estado, que é o Sistema Penal. 
Punibilidade – Poder punitivo – Direito de Punir:
Poder = dever de punir = O Estado tem o poder de impor.
Punibilidade é o poder-dever do Estado de prever, impor e satisfazer sansões penais, ou seja, poder do Estado de punir a pessoa que praticou o delito. E depois de imposta, satisfazer a punição = Soberania do Estado.
A sociedade sofre a punibilidade diariamente; através da coercitividade. Através do temor de sofrer a pena, a punibilidade já está funcionando, ou seja, já está sendo exercido o controle social. 
Somos destinatários deste poder, limitados em nossa liberdade (Leviatã = abre mão de parte de sua liberdade para o Estado): o Estado proíbe algumas condutas e obriga a outras.
Poder Punitivo
É um dever. O Estado é o seu titular absoluto: só o Estado pode realizar esta punição. O Estado avocou (chamou para si) todo o poder de punir o autor dos delitos. O Estado proíbe que nós distribuamos a justiça, ou o “exercício arbitrário da justiça”, ou seja, é proibido fazer justiça com as próprias mãos. Só o Estado promove a punição.
FORMAS DA PUNIBILIDADE
A punibilidade se apresenta de duas formas: abstrata e concreta.
Abstrata é a que surge da atividade de cominação da pena. Cominar é prever em lei a sansão penal. A lei traz determinações abstratas ou a previsão abstrata do crime.
A previsão da pena é abstrata.
A previsão do crime é abstrata.
A lei descreve o crime e prescreve a pena, abstratamente = cominação.
A lei é abstrata: prevê fatos abstratamente. Portanto, a lei prescreve abstratamente a pena (possibilidade de que o juiz, ao aplicar uma pena, adequará à lei). Matar alguém: previsto abstratamente na lei.
Onde tem sansão tem preceito. O Direito ordena.
Quando alguém descumpre a lei e torna concreto o que a lei prevê, a sansão adquire completude.
Sansão vantajosa =premial.
Sansão punitiva = desvantagem para quem descumpre.
A existência do crime e a aplicação de sansão não são automáticas. Existe o processo, a imposição, a declaração de sansão. O Processo Penal não transforma em concreto o que era abstrato, mas declara e aplica a punibilidade.
Aplicação da pena = declaração de punibilidade em concreto = delimitar em concreto a pena.
A transição entre punibilidade abstrata e a punibilidade concreta é o Poder Judiciário, através da aplicação da pena.
A execução da punibilidade é a punibilidade concreta, através da efetivação da pena; tornar realidade a pena; satisfação da pena.
			ABSTRATA= COMINAÇÃO DA PENA (Poder Legislativo)
PUNIBILIDADE			| APLICAÇÃO DA PENA (Poder Judiciário)
			CONCRETA= EXECUÇÃO DA PENA (Poder Executivo)=Satisfação
A lei não aplica pena: quem aplica pena é o Poder Executivo, mediante a fiscalização do Poder Judiciário (poderes harmônicos).
A lei comina a pena (prevê a pena). O juiz aplica pena (impõe). O Executivo executa a pena (satisfaz).
Pena cominada = Direito Penal = tutelar abstratamente a punibilidade.
Aplicação da Pena = Direito Processual Penal = disciplinar toda a atividade estatal.
Execução da Pena = Direito Penitenciário. A Lei brasileira de execuções penais é modelo para o mundo.
Quando a lei não é aplicada, são mudadas para serem aplicadas à realidade.
ESPÉCIES DE INFRAÇÃO PENAL (ILÍCITO PENAL OU ILÍCITO PUNÍVEL)
CRIME = Ilícito penal mais grave;
CONTRAVENÇÃO = Crime anão – o que era contravenção se torna um crime;
DELITO = sinônimo de ilícito punível ou sinônimo de crime.
Tem países em que crime e delito são iguais. Não é o caso do Brasil.
ESPÉCIES DE SANSÃO PENAL 
PENA = Imposta para o delito, crime ou contravenção;
MEDIDA DE SEGURANÇA = Imposta para os loucos,porque eles não cometem crime, delitoou contravenção.
O louco não reúne condições mínimas para responder por um crime, mas ao contrário do menor de idade, quando um louco inimputável pratica um ato descrito como delito, está sujeito a uma sansão penal = Medida de Segurança – não tem propriamente caráter punitivo, mas tratamento curador (Tratamento ambulatorial, Internação em manicômios ou Hospital de Custódia e Tratamento, e não Manicômio Judicial).
O louco pratica um injusto penal: um semi-crime, semi-delito, faltou ser imputável.
Medida de Segurança não é pena.
MENOR DE IDADE =Não pode praticar um crime: pode praticar uma conduta que está prevista como crime – comete um ato infracionário, que será regido pelo Direito da Infância e da Adolescência. Quando comete um ato infracionário equiparado a crime, recebe como sansão, uma medida sócio-educativa (desde a advertência até a internação).
2-2 – CONCEITO DE DIREITO PENAL
É o conjunto de normas jurídicas que disciplinam em abstrato o Poder punitivo, mediante a descrição das infrações penais e a cominação de sansões, além de estabelecer regras para a aplicação em concreto de sansões penais.
TIPOS DE NORMAS
NORMAS INCRIMINADORAS = São as normas propriamente penais, pois descrevem o delito e prescrevem a sansão: diz qual a conduta delituosa.
NORMAS NÃO INCRIMINADORAS = Todas as demais normas penais: não descrevem o crime e não prescrevem a pena. São normas estruturais, disciplinadoras. Existem em função das normas incriminadoras.
O Código Penal na sua Parte Geral (artigos de 1 a 120), trata das normas não incriminadoras; na Parte Especial (artigos de 121 a 360), trata das normas não incriminadoras e incriminadoras. As normas incriminadoras prevém a sansão, além de descreverem o crime. A legalidade das normas é diferente.
O Direito Penal faz referência às sansões penais (preceito secundário das normas incriminadoras. O Direito Criminal exalta a infração penal (preceito, comando normativo).
Sansão Penal = pena e mandato de segurança.
Direito Anglo-saxão = Direito Criminal.
Direito Romano-germânico = Direito Penal.
Qualquer ramo do Direito estabelece infrações e ilícitos. O único ramo que cominará em sansão é o Direito Penal.
Punibilidade = condenação. Efeitos secundários da condenação = suspensão de cargo. Quem pode dizer que houve um crime é o juiz criminal.
3 – CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL
3-1 – CARÁTER POSITIVO
A principal fonte de conhecimento da norma é a lei. Quem produz o Direito é o Estado, que é acentuado em razão da legalidade escrita. Mesmo não existindo lei, pode existir norma. Mas no Direito Penal, existe a legalidade escrita: se não existe lei prevendo a Norma Penal, não é Direito Penal. Se não está previsto em lei, é lícito, por mais estranho que pareça.
A norma penal proíbe ou impõe condutas. Sempre restringe a liberdade individual.
A legalidade escrita exige a lei. Só a União pode editar leis penais = só a União pode legislar. Os Estados não podem legislar em Direito Penal.
No Direito Processual Penal e no Direito Penitenciário = os Estados podem legislar.
3-2 – CARÁTER PÚBLICO
Desenvolve relação de subordinação com seus destinatários; proibindo e impondo comportamentos. As normas exprimindo subordinação do Estado x Indivíduo – Soberania Estatal.
3-3 – CARÁTER AUTÔNOMO
Ou Autonomia Normativa, para que seja dotado a:
– Ter objeto próprio – tratar de algo que outro ramo não trata (ofensas mais graves = punibilidade);
– Normas disciplinadoras sistemáticas, que é objeto deste ramo (Penal).
EXPRESSÃO MÁXIMA DA LEI SISTEMATIZADA = CÓDIGO
	Existem 02 Códigos Penais. Por serem codificados, têm autonomia normativa.
	Código Penal Comum = Parte Geral: Lei 7209/1984 e Parte Especial: Decreto lei 3687/1940; Código Penal Militar = Decreto lei 1001/1969.
3-4 – CARÁTER SANCIONATÓRIO
	Em oposição ao caráter constitutivo. Ou é de caráter sancionatório ou é de caráter constitutivo (se for de caráter constitutivo, não pode ser o outro).
	Bem jurídico = criado pelo Direito Penal.
	Caráter sancionatório = não cria (constitui) um bem jurídico, mas tutela o que outro ramo do Direito constituiu, criou ou protegeu.
	Na sua origem, o Direito Penal era puramente sancionatório, porque era um apêndice do Direito Civil (Era o “Digesto” romano)
	Direito Constitutivo = poderia criar bens jurídicos. 
	Exemplo: no Direito Constitutivo, existe o dever da solidariedade humana; é crime a omissão de socorro = nenhum outro ramo do Direito afirma isso (Art. 135 CP).
	O Direito Penal é sancionatório e não constitutivo = não pode proteger algo que não tenha sido protegido por outro ramo do Direito.
	Nada surgirá como bem jurídico no Direito Penal. Nenhum bem será exclusivamente penal. No sistema jurídico há várias redes de proteção. O Direito Penal é o último estágio de proteção, que tenta tutelar algum interesse.
	As outras tutelas extra-penais não foram suficientes. O último rácio de proteção do bem jurídico é o Direito Penal.
	Não consegue inovar: pressupõe conduta de ofensa a alguma coisa.
	O bem jurídico recebe tutela do Direito Penal = não protege qualquer bem: classifica algo de muita importância.
	O Direito Constitucional garante a vida; o Direito Civil protege; o Direito Penal protege efetivamente a garantia da vida (bem jurídico): onde outros ramos do direito falharam, entra o Direito Penal.
	Caráter sancionatório: se vale de sansões específicas. 
	Caráter constitutivo: porque é fragmentário (só protege uma pequena parte).
Caráter sancionatório: porque é residual (protege o que os outros não conseguiram proteger).
3-5 – CARÁTER ORIGINAL
	Onde houver um sistema jurídico, naturalmente haverão bens jurídicos mais relevantes, que reclamarão uma proteção mais importante.
	Havendo sociedade, haverá Direito. Havendo Direito, haverá Direito Penal, para proteger o que é mais importante.
3-6 – CARÁTER VALORATIVO
	Bem é qualquer coisa útil ao ser humano, recebendo proteção pelo Direito. Caracterizamos um bem jurídico pela sua utilidade (dimensão), interesse ou valor.
	Existem formas de determinar qual é a utilidade de um bem.
	Interesse = forma determinada subjetivamente;
	Valor = forma determinada objetivamente.
	Nem sempre interesse e valor são idênticos.
	O Direito Penal dimensiona a utilidade do bem. Para determinar qual a conduta da ofensa, é preciso determinar se haverá outra utilidade , que é prever a sansão.
	Bem jurídico = vida = pena maior.
	Bem jurídico = roubo= pena menor.
	O Direito Penal está sempre exercendo juízos de valor em relação aos interesses que ele tutela.
3-7 – CARÁTER COERCITIVO
	O Direito Penal não dá conselhos, nem estabelece recomendações, mas dá comandos, dá ordens e será cumprido em razão da ameaça de sansões (senso ético de convivência em sociedade).
4 – FINALIDADES DO DIREITO PENAL
	4-1 – TEORIAS LEGITIMADORAS E TEORIAS DESLEGITIMADORAS
	Teorias Legitimadoras: todas que admitem uma finalidade para o Direito Penal. Discutem a finalidade da pena (qual o objetivo a ser perseguido pela sansão penal). Tendo a pena uma finalidade, justifica a sua existência.
	Teorias Deslegitimadoras: Compreendem a pena como um instrumento incapaz de produzir algum efeito positivo. Acham que a pena não tem aptidão para produzir nada de bom. Acreditam que deveria ocorrer a extinção do sistema penal. Deslegitimadoras: abolicionismo penal.
	A intervenção do Sistema Penal é ou não legítima? Tem ou não legitimidade para restringir a liberdade individual? – Pai da criminologia moderna: Alessandro Barata.
4-2- TEORIAS LEGITIMADORAS
4-2-1 - TEORIAS ABSOLUTAS
	Teorias que defendem uma finalidade retributiva para a pena. Acreditam que a pena é necessária (absoluta necessidade da pena). Se foi praticado um crime, terá que existir a pena. Identificadas pelos seus autores:
- Kant = retribuição moral;
- Hegel = retribuição jurídica.
	O fundamento da retribuição é que o indivíduo mude. Pagar o mal do crime, através do mal da pena.
	Para Kant, o fundamento deste mal (crime), em existindo o crime, necessária e obrigatoriamente haverá a pena. Ocrime representa uma ofensa moral a toda a sociedade. O Estado tem obrigação de aplicar e executar a pena. É inconcebível um crime impune, porque o mal que fica impune, representado pelo delito, acompanha toda a sociedade.
	Para Hegel, a pena representa a negação do crime e a reafirmação do Direito, de ordem jurídica. 
O crime, nega o Direito. 
A pena é a síntese da contraposição. 
O Direito é uma afirmação. 
A pena é a reafirmação, ou é a negação da negação. 
O Direito é a tese. 
O crime é a antítese. 
A pena é a síntese. 
A pena é necessária para a reafirmação do Direito que foi negado.
4-2-2 – TEORIAS RELATIVAS
	Teorias que defendem uma finalidade prevencionista da pena (evitar a existência do crime). O crime é sempre antecedente à pena. O fato concreto é a pena, que é a resposta ao delito praticado. O pressuposto da pena não é o crime. Pena é para o crime que pode vir a ser praticado. A pena existe antes do crime.
	As teorias relativas acham que a finalidade da pena é impedir a existência do crime.
	Têm visão utilitarista da pena. Acreditam que a pena existe numa necessidade relativa, no intuito de impedir o crime, para inibir a prática do delito.
	Acredita que o crime é um fato abstrato, futuro.
4-2-2-1 – TEORIAS DE PREVENÇÃO GERAL
Toda prevenção é exercida em face da coletividade. A pena impede que qualquer pessoa pratique o crime. A prevenção é para que o crime não surja como fenômeno social.
4-2-2-1-1 – TEORIAS DE PREVENÇÃO GERAL POSITIVA
4-2-2-1-1-1 - TEORIAS DE PREVENÇÃO GERAL POSITIVA LIMITADORA
A finalidade da pena é esclarecer aos destinatários da pena, quais as condutas são lícitas, quais não são lícitas. O Direito não intervém da vontade, mas de conhecer o limite, a fronteira.
4-2-2-1-1-2 - TEORIAS DE PREVENÇÃO GERAL POSITIVA FUNDAMENTADORA
Concebe a pena como instrumento para estimular a prática do comportamento lícito. É o contrário da Prevenção Geral Negativa.
Todas estas Teorias servem para representar todas as condutas do ser humano; são Teorias que se complementam.
4-2-2-1-2 – TEORIAS DE PREVENÇÃO GERAL NEGATIVA
A finalidade da pena é a intimidação. Representar uma ameaça dirigida a todos, para que, em razão do medo, ninguém pratique o crime. A pena aqui pretende ser um freio que exerce contensão, para não surgir o impulso. Aqui a lei de Talião não seria aplicada. Perde-se a conexão entre o crime e a pena. A idéia de proporcionalidade não tem = só pena de morte.
O QUE INIBE NÃO É O TAMANHO DA PENA = INEFICÁCIA DO ESTADO = COMPROMETE O CARÁTER INTIMIDATÓRIO DA PENA.
TAMANHO DA PENA + INEFICÁCIA DO ESTADO
4-2-2-2 – TEORIAS DE PREVENÇÃO ESPECIAL 
A prevenção especial é a prevenção individualizada. Existe para impedir que uma pessoa especial, certa, cometa um crime. O destinatário é a pessoa que já praticou o delito, para que não volte a praticar o crime. O objetivo é impedir a reincidência. O crime antecede a pena e existe para selecionar a pessoa que sofrerá a pena (finalidade prevencionista); só para selecionar o destinatário. 
O objeto da Teoria da Prevenção Especial é inibir a reincidência (quem já delinqüiu). 
4-2-2-2-1 - TEORIAS DE PREVENÇÃO ESPECIAL POSITIVA 
Na Teoria de Prevenção Especial Positiva, a finalidade da pena é a reinserção social do autor do delito, mediante a construção ou fortalecimento nele de contra motivos criminógenos. Representa a alteração de seus valores éticos, para que sejam robustecidos os meios ou freios de contensão do crime. Aqui há a re-socialização. Alterar a personalidade, para permitir a socialização da pessoa; melhorar a pessoa que delinqüiu para que ela possa viver em sociedade. A característica da pena é ser transitória (reinserção social) = não cabe pena de caráter perpétuo. 
4-2-2-2-2 – TEORIA DE PREVENÇÃO ESPECIAL NEGATIVA
A finalidade da pena é a inocuidade = anulação do delinquente, mediante a retirada de sua capacidade, aptidão ou oportunidade de delinquir. 
	A finalidade da pena é anular o indivíduo, tornando-o inócuo (indefeso) para o delito, através da prisão perpétua ou a pena de morte; castração química.
	As penas geram um intenso sofrimento físico e ou moral (cruel).
4-2-3- TEORIAS UNIFICADORAS OU MISTAS
São mistas, quando pretendem conciliar a finalidade de retribuição com a finalidade de prevenção, ou seja, pretende conciliares, as finalidades das Teorias Absolutas e as finalidades das Teorias Relativas. São as teorias dominantes.
	TEORIA UNIFICADORA CLASSICA. UMA FINALIDADE PARA A PENA.
4-2-3-1 – TEORIA DIALÉTICA UNIFICADORA
	Atribui para cada forma de expressão de punibilidade, uma finalidade própria, sendo que:
- A pena cominada terá finalidade de prevenção geral. 
- A pena aplicada terá finalidade de retribuição jurídica. 
- A pena executada terá finalidade de prevenção especial.
	De todas as Teorias, é a que se mostra mais coerente. Constata que, ao mesmo momento, a pena tem finalidade retributiva; a pena tem finalidade prevencionista. Prevê uma finalidade específica para cada forma de expressão do poder punitivo.
	Cominação: previsão legal de sansão. Se projeta em todos os indivíduos, à coletividade: todos somos destinatários. A finalidade da cominação é a prevenção geral.
INFORME A CONDUTA = CONTROLE SOCIAL = INTIMIDAÇÃO, DESISTIMULANDO O CRIME.
	Aplicação = Ao promover a aplicação da pena, o juiz visa a uma retribuição jurídica (reprovando o fato). Principalmente em relação à proporcionalidade.
	Execução = A finalidade de prevenção especial. Evitar que quem delinqüiu, torne a delinqüir: impedir a reincidência.PREVENÇÃO ESPECIAL
	Artigo 59 – caput – Reprovação e prevenção. A finalidade da pena do Direito Brasileiro segue a Teoria Dialética Unificadora.
	Artigo 1º. Da Lei 7210 – Finalidade de prevenção especial positiva (a negativa é proibida na nossa Constituição).
	Pena prevista na lei = para intimidar.
	Crime praticado = Aplicação da pena e execução da pena = Retribuição jurídica.
	Aplicação da pena = não pode visar intimidar o restante da sociedade.
	Durante a execução, não pode ser desenvolvido um sistema rigoroso com o fim de intimidar. 
	Cominação = prevenção geral
	Aplicação = retribuição jurídica
	Execução = prevenção especial positiva.
	TEORIAS DESLEGITIMADORAS:
1 – ABOLICIONISTA
2 – MINIMALISMO RADICAL
1 –ABOLICIONISTA
	Foi a primeira teoria deslegitimadora do Sistema Penal. O principal teórico foi o holandês LouckHulsman, no livro “Penas Perdidas”, onde lançou sua teoria.
	Para Hulsman, o Sistema Penal, enquanto expressão de poder, jamais teria legitimidade, porque teria caráter, acima de tudo, opressor. A pena somente teria legitimidade, quantoao produto em consenso, entre o Estado e o autor do delito.
	Faz uma crítica ao Sistema Penal, querendo a extinção dele, a partir da realidade da pena, enquanto sistema de soberania, de opressão do Estado. A pena, para produzir finalidade, deveria ser consensual.
	Propõe a extinção do Sistema Penal, enquanto ente soberano.
	Esta teoria surgiu nos anos 70 e contribuiu para os Sistemas Penais atuais. Hoje, no Brasil, existem penas consensuais.
	Como crítica, é insuperável, mas para a realidade, a Teoria Abolicionista não funciona, uma vez que, a pena executada é para melhorar o indivíduo.
	O Sistema Penal deve ver que não existe uma verdadeira harmonia: o delito é fruto de uma manifestação social. Legitimando o conflito, fruto de uma realidade social completamente distorcida.
Embora hoje ninguém mais defenda esta teoria, como diagnóstico do Sistema Penal ela é válida.
2 – MINIMALISMO RADICAL
	Desenvolvida por um italiano: Alessandro Baratta.
	Esta teoria propõe que o Sistema Penal deve ser progressivamente reduzido, na medida em que, em razão da evolução social, ele vá se tornando cada vez menos necessário.
	Não se deve confundir: Minimalismo Moderado com Minimalismo Radical. A primeira é uma Teoria Legitimadora.
	A Teoria Minimalista Radical pretende a eliminação do Sistema Penal, sendo que a eliminação seria progressiva, na media em que a realidade “melhora”, o Sistema Penal vai sendo reduzido.As duas propostas são inviáveis, no entanto, as críticas comuns a estas teorias são insuperáveis: elas conseguiram o que as teorias legitimadoras não conseguiram.
4-5 – CRÍTICAS AO SISTEMA PENAL
4-5-1 – A primeira crítica funciona na verdade, como pressuposto para qualquer teoria deslegitimadora, que é o caráter formal do conceito de crime:
- Nenhuma conduta, materialmente, representa um delito;
- Somente será considerado crime, o que o Estado determinar;
- Nada é por definição, delituoso;
- O delito existe, porque o Sistema Penal existe.
4-5-2 – Seletividade do Sistema Penal:
	Os Sistemas Penais são organizados tendo como premissa a isonomia formal, ou seja, trata todos da mesma forma, presume que todos são iguais. Mas na verdade, existem profundas desigualdades. O Sistema Penal acaba atingindo somente uma parcela fragilizada da população (a pobre). 
	O Sistema Penal, portanto, seleciona sua “clientela”: atinge os pobres. Não está adequado à realidade das desigualdades sociais.
4-5-3 – Residualidade do Sistema Penal (Caráter Residual):
	Diante da diferença entre a criminalidade real e a criminalidade aparente, o Sistema Penal atinge uma parcela mínima dos delitos efetivamente praticados, sendo, portanto, residual.	
	Criminalidade real = quantidade de crimes praticados
	Criminalidade aparente = quantidade de crimes que chegam ao Sistema Penal.
	A diferença é absurda: 99,99% dos crimes de aborto, sequer chegam ao conhecimento do Poder Público. Também crimes relacionados ao narcotráfico.
	O que justifica esta tutela, se não atinge o mínimo, se não há retribuição penal? Se o Sistema Penal funciona numa parcela residual, para que mantê-lo?
4-5-4 –Inidoneidade Motivadora do Sistema Penal:
	O Sistema Penal funciona em relação aos sintomas do conflito e não atinge as causas do conflito, ou seja, é sintomatológico. Ele deveria ser etiológico, ou seja, combater o verdadeiro motivo: o crime não é o conflito, mas o sintoma de um conflito.
	O Sistema Penal só ataca o sintoma, e não a causa.
4-5-5 – Legitimação Social, decorrente do caráter individualizante do Sistema Penal:
	O Sistema Penal tem como fundamento a idéia de culpabilidade (juízo de reprovação individual). Ao fazer isso, o Sistema Penal trata o crime como se fosse o problema relacionado a uma pessoa individual. Ao retirar da sociedade a responsabilidade, acaba legitimando a realidade social. É como se a realidade fosse perfeita e aquela pessoa que praticou o delito interrompesse aquela “perfeição”.
	Deveria haver uma co-responsabilidade. O crime deveria ser atribuído ao criminoso e à sociedade.
4-5-6 – Teoria do Etiquetamento (Status):
	Segundo esta teoria, os valores emanados do Sistema Penal não coincidem com os valores encontrados nas realidades sociais. Às vezes um fato que o Sistema Penal declara como delituoso, não sofre qualquer repúdio social, fazendo com que as condutas recebam, pela própria experiência social, caráter de ilícito ou lícito.
	Por exemplo, o traficante nos aglomerados não sofre repúdio social. O empresário que cometeu delito tributário, em seu meio, é elogiado.
	Quem pode dizer se alguém praticou um crime é o juiz.
5 – METODOLOGIA JURÍDICO PENAL
É o método utilizado para o estudo do Direito Penal técnico jurídico. O método pode ser decomposto em seus quatro elementos: Exegético. Hermenêutico, dogmático e a crítica. 
O objetivo destes métodos é atingir a norma individualmente. As normas conhecidas levarão aos institutos jurídicos.
Parte da Exegése, se vale da Hermenêutica e chega à Dogmática (tudo feito no plano abstrato).
5 – 1 – EXEGÉTICA: tem como ponto de partida, o estudo da lei.
5 – 2 – HERMENÊUTICA: consiste no conhecimento em geral e na interpretação em particular.
5 – 3 – DOGMÁTICA: estudo dos institutos jurídicos. É a ciência do Direito.
5 – 4 – CRÍTICA: significa a apreciação do Direito vigente, diante da realidade, examinando os seus objetivos sociais e políticos. A melhor doutrina já orienta que se recorra à realidade. É preciso uma ponderação da Dogmática. Tem que haver um tempero ao longo do conhecimento do plano abstrato, em relação à realidade, em relação à conexão dos resultados obtidos, para ver se a ordem vigente está ou não adequada.
UNIDADE 2
TÍTULO: PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
1 – INTRODUÇÃO:CONCEITO E SIGNIFICADO DOS PRINCÍPIOS
2 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
2 – 1 – RESERVA LEGAL
2 – 2 – ANTERIORIDADE DA LEI
2 – 3 – DETERMINAÇÃO TAXATIVA
3 – PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
	3-1 – NECESSIDADE
	3-2 – ADEQUAÇÃO
	3-3 – PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO
	3-4 – INSIGNIFICÂNCIA DO RESULTADO
	3-5 – VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM”
4 – PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE
	4-1 – VEDAÇÃO DE RESULTADO PRESUMIDO 
	4-2 – VEDAÇÃO DE AUTO LESÃO
	4-3 – DIREITO PENAL DO FATO
5 – PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
	5-1 – RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA
	5-2 – RESPONSABILIDADE PENAL INDIVIDUAL
	5-3 – RESPONSABILIDADE PENAL PESSOAL
6 – PRINCÍIPIO DE HUMANIZAÇÃO OU DA DIGNIDADE HUMANA.
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
1 – INTRODUÇÃO: CONCEITO E SIGNIFICADOS:
	Princípios representam regras de equidade. As normas jurídicas podem ser de duas espécies: princípios e regras. Será princípio se tiver as três características coletivamente: caráter abstrato, caráter estrutural e caráter geral. Se faltar uma destas características, será norma e não princípio.
– CARÁTER ABSTRATO:
Ou seja, não tem aplicabilidade direta: não transformam o mundo natural.
– CARÁTER ESTRUTURAL:
Voltadas para o ordenamento jurídico: têm a função de sustentar o ordenamento jurídico; determinam a sua forma; é o esqueleto, que sustenta e dá forma.
– CARÁTER GERAL:
Em relação às regras, os princípios estruturam um conjunto de regras. Haverão sempre dois ou mais regras sustentadas por um mesmo princípio, podendo variar o alcance dessas regras (regras de generalidade). Exemplo o princípio da legalidade, que sustenta regras do Direito Penal.
– Para ser princípio, tem que exercer funções:
- Toda regra em relação à criação do Direito, estará obrigatoriamente amparada por um princípio, não pode contrariar o princípio;
- Sempre, antes da criação da regra, é preciso conhecer ou determinar o princípio que regerá aquela regra;
– Conhecimento do Direito: Pode ocorrer através da interpretação ou através da integração. A interpretação, é extrair a norma jurídica. A integração, é, na ausência da lei, é possível obter a norma, através de um princípio. Na interpretação sistemática, a generalização e abstração da regra é feita através de princípios.
ESTUDAR A ESSÊNCIA DE UM RAMO DO DIREITO = ESTUDAR PRINCÍPIOS.
Existem princípios que orientam a tutela penal e existem princípios que tratam da
responsabilidade penal. Tutelar é proteger; tem a função protetiva dos bens jurídicos.
	Os princípios regulam como o Direito Penal irá promover a função de controle social, mediante a proteção de certos valores. 
Princípio da Legalidade: disciplina formalmente o exercício da tutela penal, quanto à forma;
Princípio da Proporcionalidade: disciplina materialmente a tutela penal, quanto aos parâmetros substanciais: material;
Princípio da Lesividade: trata de disciplina material, no sentido negativo.
Responsabilidade Penal: a intervenção na liberdade individual, quando do exercício da proteção, de forma abstrata e de forma concreta.
– PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
É o princípio geral do Direito brasileiro e determina que a norma penal deverá ser
conhecida através da lei.
Diferença entre lei e norma: a Norma tem existência puramente ideal, ou seja, existe no mundo do dever ser. Tem que ser transmitida de alguma forma: posta pelo Estado, impondo. Lei é o instrumento para o conhecimento da norma, no mundo do ser. É o Direito Positivo imposto pelo Estado, no exercício do poder.
A Lei está parada no tempo.
A Norma está sempre mudando. Elege o fato; é a idéia, o dever-ser; o fato + valor. Pode surgir dos costumes (forma de expressão da norma);pode surgir por analogia, pode surgir de um princípio.
No princípio da legalidade, a norma jurídica deverá ser conhecida, através da lei. Deve-se buscar a norma através da lei. A ausência da lei não significa a ausência da norma.
Em termos de legalidade ampla, a lei é a fonte preferencial do Direito, onde normalmente a norma será encontrada.
Faltou a lei = ainda assim pode existir norma (costumes, analogia, princípios).
Legalidade estrita = a lei é uma fonte exclusiva da norma. Não é admissível norma conhecida através de costume, analogia ou princípio. Sempre que aquela norma, restringir de qualquer forma a liberdade humana, será estrita.
Não existe norma jurídica que surja do costume, analogia ou principio = regra especial: art. 5º. Inciso 39 C.R./88 = “o crime só terá existência se for previsto em lei”.
Quem proíbe ou impõe condutas = legalidade estrita = restringe a liberdade individual.
Norma Penal Incriminadora = É uma norma de exceção. Sujeita à legalidade estrita (art. 1º. CP) “Não há crime sem lei anterior que o defina...”. = A lei é fonte exclusiva.
Legalidade ampla = Relacionada com a norma penal não incriminadora, em relação a ela a legalidade é ampla. Exemplo: consentimento do ofendido, legítima defesa.
– RESERVA LEGAL
Legalidade estrita. Fórmula de Feurbach: “Nullun crimen, nulla poena sine lege”.
1º. Aspecto do princípio da legalidade: não teria sentido se o que não está previsto na lei fosse crime.
– ANTERIORIDADE DA LEI
Ou irretroatividade da lei. Para exercer a função de garantia, a lei penal deverá sempre anteceder o fato, em relação ao qual será aplicada. A lei não será posterior à sua aplicação. A lei é feita para ser aplicada no futuro. O que importa é o momento do fato e não o momento da criação da lei. O Estado não pode conferir efeito retroativo. Como uma exceção: é possível, eventualmente a irretroatividade da lei, quando a lei posterior é benéfica, em relação à pessoa que irá sofrer a lei anterior.
Anterioridade: “Nullum crimen, nulla poena sine previa lege”.
– TAXATIVIDADE OU DETERMINAÇÃO TAXATIVA (ASPECTO)
A lei que descreve o crime e prescreve a pena, deve ser clara e precisa, de forma a evitar interpretação duvidosa. A norma penal incriminadora, através de sansões e preceitos, deve possibilitar compreensão inequívoca. A lei narra, dá um modelo do que será considerado infração penal. Sempre começa com um verbo transitivo direito = verbalizando a conduta. Em certos Estados autoritários (U.R.S.S., nazistas), no final do Código Penal “qualquer coisa contrária ao interesse público...!” = não delimitavam o delito.
Não só o delito tem que estar previsto taxativamente = se manifesta também na sansão. Quantidade e qualidade têm que estar fixadas: qual o bem jurídico será objeto da pena, como será a intervenção naquele bem jurídico e de quanto será a intervenção naquele bem: qual, como e quanto este bem sofrerá. Exemplo de bem jurídico: liberdade.
A multa ofende a determinação taxativa, porque não tem uma determinação para cada delito. O art. 49 do CPP parágrafo 1º. E 2º., art. 45 do CP = multa não menor que 01 salário mínimo e não maior que 360 salários mínimos: não determina qual, como e quanto.
Taxatividade: “Nullum crimen, nulla poena sine stricta legem”.
– PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
O princípio da proporcionalidade é encarregado de determinar o conteúdo material da tutela penal. É também chamado de princípio da rasoabilidade. Orienta toda e qualquer tutela jurídica, ao estabelecer a medida em que o Estado pode intervir nas liberdades individuais, de forma adequada e necessária.
	É o princípio da otimização das garantias individuais, ao determinar até que ponto o Estado pode intervir na universalidade dos direitos, ao desenvolver as suas tutelas.
	De um lado, tem-se os direitos individuais; de outro o Estado intervindo nos direitos.
	A idéia de proporcionalidade está ligada somente quando a tutela é necessária e adequada, porque só assim se justifica a intervenção que o Estado promove.
3-1 - NECESSIDADE
	É determinada pela importância do bem jurídico e pela impossibilidade de uma proteção satisfatória por outro ramo do Direito.
	O Estado só intervém, necessariamente, quando protege os bens jurídicos mais relevantes, em relação às condutas de ofensa mais graves.
	A necessidade tem então três características: residual e subsidiária, ou seja, promove uma intervenção mínima, e proporcionalidade em sentido estrito.
- Residualidade da Tutela: só protege os bens jurídicos mais relevantes, em relação às condutas de ofensa mais graves;
- Subsidiariedade da Tutela: Se existe uma proteção satisfatória por outro ramo do Direito, o Sistema Penal não interfere. 
- Proporcionalidade em sentido estrito: o Direito Penal só promove uma intervenção, quando é estritamente necessário.
	Uma mesma conseqüência não pode ter repercursão em dois ramos do Direito. 
3-2 – ADEQUAÇÃO
	Representa uma relação de utilidade entre o Direito Penal e os seus objetivos, na medida em que ele deve ser capaz de promover a inserção social.
	A adequação está relacionada à eficácia do Sistema Penal, diante dos seus objetivos.
	A existência do Sistema Penal só se justifica se ele for potencialmente eficaz.
	O Direito no Brasil hoje exerce:
– Prevenção Geral: cominação;
– Retribuição Jurídica: aplicação;
– Prevenção Especial Positiva: execução.
Só é adequada a pena que for minimamente eficaz.
A finalidade última da proporcionalidade da pena é a prevenção especial positiva, ou seja, promover a inserção social.
	A idéia de proporcionalidade, enquanto necessidade e adequação, manifesta-se também de forma interna no Direito Penal, internamente no sentido horizontal e no sentido vertical no Sistema Penal. Necessidade e adequação entre as diversas tutelas promovidas e entre cada infração penal, bem como a sua respectiva sansão.
	O Sistema Penal funciona na sistematização de tutela penal, do bem menos relevante, em relação ao bem mais relevante. Por exemplo, a ofensa ao patrimônio é menor do que a ofensa ao bem jurídico vida.
	RELAÇÃO DE PROPORCIONALIDADE (ENTRE SANSÃO E DELITO) NO PLANO CONCRETO:
COMINAÇÃO: pena cominada. O legislador deve fixar uma pena proporcional, ou seja, deve fixar uma proporcionalidade abstrata, entre um crime em abstrato e a pena abstratamente prevista, entre um mínimo e um máximo. E isto para que o juiz possa promover adequadamente a pena concreta. A proporcionalidade na cominação é abstrata. CRIME X PENA.
APLICAÇÃO: Aqui a proporcionalidade adquire caráter concreto, ou seja, a pena em concreto para um crime concretamente realizado. A dificuldade reside na subjetividade da pena. A proporcionalidade na aplicação, é o fato concreto e um agente (responsável) por aquele fato. As características individuais são objetivas e subjetivas. Na proporcionalidade subjetiva, há a individualização (princípio da individualização da pena) = Proporcionalidade “stricto sensu”.CRIME (objetivo) X PENA (objetiva) X AGENTE (subjetiva).
EXECUÇÃO: proporcionalidade concreta para a penalidade subjetiva. PENA X AGENTE.
3-3 – VEDAÇÃO “Bis in idem”:
	Representa a impossibilidade de duas ou mais tutelas em relação ao mesmo fato (crime). Para cada infração penal, haverá uma única resposta Estatal, ainda que seja possível a cominação de duas ou mais penas, desde que de espécies diferentes para o mesmo delito. Ou seja, não existe a cominação cumulativa, por exemplo, reclusão e multa. Não poderiam existir duas penas de multa e duas penas de reclusão para o mesmo crime (delito).
3-4 – INSIGNIFICÂNCIA DO RESULTADO
	Mesmo que o fato formalmente tenha adequação com uma definição legal de crime, na hipótese do resultado produzido ser insignificante, não será proporcional o exercício de tutela penal diante daquele fato. Exemplo:furto de uma caixa de fósforo. É preciso ver se é necessário e adequado. Para este crime, seria pena de reclusão de 1 a 4 anos...
	É preciso comparar a tutela ao fato, ver se é proporcional, em relação ao fato ocorrido. É preciso vera relevância do resultado.
– PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE
Enquanto o princípio da proporcionalidade estabelece quando deverá ocorrer a tutela penal, o princípio dalesividade fixa algumas vedações para a tutela penal.
– PROIBIÇÃO DA TUTELA
Ainda que um bem jurídico tenha caráter indisponível, a conduta do seu próprio titular jamais poderia ser considerada infração penal (proibição da tutela, em relação a atos de disponibilidade de interesse próprio, ou seja,em relação da vedação de ato-lesão). Não é lícito destruir a própria vida (art. 146, parágrafo 3º. CP). 
A tentativa de suicídio não é crime. Também não é crime (de constrangimento) impedir a pessoa de cometer suicídio. Só é crime para bens jurídicos de terceiros. Não é crime causar dano jurídico ao bem próprio, exceto no artigo 171, parágrafo 2º, inciso V (não é auto-lesão).
– VEDAÇÃO DE RESULTADO PRESUMIDO
O resultado de infração penal jamais poderá ser presumido de mera realização de conduta. São dois os resultados dos crimes: dano e perigo.
Dano: efetiva lesão ao bem jurídico.
Perigo: é o resultado de uma exposição ao perigo do bem tutelado. Perigo representa a probabilidade de dano ao bem jurídico. Não representa a possibilidade e sim a probabilidade. O evento provável, além de ser possível, caso ocorra, seria normal e esperado. No art. 130 do CP, na transmissão de moléstia, existe a probabilidade de dano, ou seja, o perigo. O resultado, neste caso, é o perigo de transmissão. Se houver a transmissão, haverá o crime de perigo com dolo de dano (se a pessoa doente transmitir consciente do que está fazendo).
	Porém, a presunção do resultado de perigo, da prática da conduta, é vedada.
	É exigido por lei, ter um resultado demonstrado. A probabilidade de dano terá que ser demonstrado. Para saber se o perigo foi realmente realizado, tem-se que demonstrar o seu resultado.
– DIREITO PENAL DE FATO
É exigido que as tutelas penais se baseiem exclusivamente em fatos produzidos por condutas humanas, não sendo admissível a tutela penal relacionada com a qualidade da pessoa.
	É o Direito Penal do Fato. O direito penal moderno não admite ter como objeto de tutela, qualidades da pessoa, mas sim fatos decorrentes da conduta da pessoa, ou seja, condutas que gerem fatos.
	Na evolução do direito penal, a lei definia a pessoa pelo que ela representava. A escola positiva italiana tinha como marco teórico, a antropometria criminal, que pretendia através de medições geométricas, provar que as inclinações para o crime estavam relacionadas com características do corpo.
	Criminologia é uma ciência não dogmática que estuda as causas do crime. São elas: biologia criminal, psicologia criminal e sociologia criminal.
	Estas escolas positivistas acreditavam no determinismo criminal, ou seja, é possível perceber se alguém está fadado a cometer um crime e então, não tinha sentido esperar a pessoa praticar o crime. O Sistema Penal serviria apenas para anular as tendências criminosas.
	Existia o criminoso com tendência criminosa irresistível, que estaria condenado a ser eliminado. Já o criminoso com inclinação resistível, estava condenado ao tratamento. Para estas escolas, o fenótipo definiria as inclinações.
– PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
O princípio da culpabilidade se refere a um fato provocado por uma conduta. O termo tem dois significados: enquanto princípio e enquanto elemento da estrutura analítica do crime. Ou seja, funciona como princípio e como elemento da estrutura analítica do crime. Será considerado crime, um fato que tenha qualidade ilícita.
Culpabilidade é um dos princípios mais importantes do crime. A responsabilidade penal será sempre subjetiva e não objetiva. 
A responsabilidade penal sempre dependerá do dolo ou culpa do agente, pois ninguém será responsabilizado criminalmente se o resultado não tiver sido produzido por um ato de vontade, ou no mínimo pelo descumprimento de um dever de cuidar.
O agente quando pratica uma conduta, tem que praticar a ação querendo produzir o resultado. Existem dois tipos de dolo: dolo eventual e dolo direto. O dolo enquanto vontade é o dolo direto. 
Dolo direto: é o dolo enquanto vontade.
Dolo eventual: é o dolo enquanto a aceitação, ou seja, o agente pratica a ação aceitando, admitindo a produção do resultado. Dolo por aceitação significa simplesmente assumir o resultado, ou assumir o risco da produção do resultado.
RESULTADO PRODUZIDO ATRAVÉS DA CULPA:
	Na culpa não existe vontade, nem uma aceitação do resultado. Na culpa haverá a imprevisão de um resultado previsível, pelo descumprimento de um dever de cuidar, ou seja, quando praticar uma conduta perigosa.
	Culpa representa a infração ao dever de cuidar ou o descumprimento de um dever, o de cuidar.
	Para ser crime, tem que ter dolo ou culpa. Se não tiver nenhum dos dois, o fato não poderá ser considerado infração penal e o seu agente não poderá ser responsabilizado por aquele fato. Não só responsabilidade penal, mas jurídica em geral, que pode ser responsabilidade objetiva ou responsabilidade subjetiva.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA:
Independe de dolo ou culpa. Simplesmente pelo fato da pessoa ter praticado o crime, já é suficiente para responsabilizá-lo. Nem se discute se a pessoa, quando praticou a conduta, queria, aceitava ou poderia ter previsto o resultado: isso é indiferente na responsabilidade objetiva.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA:
	Tem sempre que ter um vínculo subjetivo ligando a conduta praticada pelo agente ao resultado. Ainda que este vínculo se caracterize pela infração do dever de cuidar. Nexo causal entre a morte e o disparo. Para ser crime, tem que ter a responsabilidade subjetiva.
RESPONSABILIDADE PENAL
	Depende do dolo ou da culpa. Além da responsabilidade objetiva e subjetiva, tem que ser constatado que:
– Se o agente queria produzir aquele resultado;
– Se o agente, ao realizar o disparo, estava aceitando atingir a vítima para produzir a sua morte (dolo eventual);
– Se o agente praticou uma conduta perigosa ao realizar o disparo, sem ter cumprido o dever de cuidar e com isso, deu causa.
CULPA: Na culpa não pode ter a vontade e nem a aceitação do resultado, mas tem que ter o descumprimento do dever de cuidar. Na culpa existe a vontade de praticar a conduta, mas não em relação ao resultado. Exemplo: Treino de tiro ao alvo num lugar todo fechado, e alguém inocentemente fica exatamente atrás do alvo onde se está sendo praticado o tiro, e este alguém morre. Perguntas: 
– Quem estava praticando tiro ao alvo é responsável pela morte, objetivamente? – Sim. Nem mesmo infringiu qualquer desejo de cuidar ou praticar. Na culpa existe o risco. Na culpa existe a vontade de praticar a conduta, mas não tem vontade de produzir o resultado e nem há uma aceitação do resultado. Quem estava praticando tiro ao alvo não praticou uma conduta perigosa que causou a morte. Não há dolo nem há culpa.
– Quem estava praticando tiro ao alvo é responsável pela morte, subjetivamente? – Não.
Entretanto, é preciso verificar como se posicionou o agente, quanto ao resultado produzido.
Quem dirige embriagado, acha que pode praticar a conduta.
 CRIME: Os crimes são, em regra, dolosos (art. 18 CP). Todo crime é doloso, podendo ser culposo, se houver a expressa disposição legal. Quando o crime for punível na forma culposa, terá previsão em lei. Homicídio tem previsão em lei; já o furto não (não tem forma culposa, por que quem furtou tinha a vontade de fazê-lo). E aqui entra no princípio da legalidade: se há ou não ausência de expressa disposição legal. 
NEM DOLO, NEM CULPA = REPÚDIO NO DIREITO PENAL.
A finalidade da pena é responsabilizar quem praticou a conduta. Na pessoalidade da pena, a regra não pode contrariar um princípio.
RESPONSABILIDADE PENAL:
Sempre será determinada em caráter individual, não existe responsabilidade coletiva. Por exemplo, várias pessoas que praticam o mesmo crime, cada uma delas será responsabilizada individualmente, podendo, inclusive, terem penas diferentes. Sempre será determinada em concreto, de formaindividual, a pena. A responsabilidade penal é: subjetiva, pessoal e individual.
Somente bens jurídicos do autor da atuação podem servir de objeto para a sanção penal, de acordo com o inciso 45 do artigo 5º. da CR. Existem duas exceções. A primeira é a obrigação de reparação do dano, pois é uma obrigação civil. A segunda é o autor do crime: seus herdeiros receberão os bens. Mas seus herdeiros não receberão os bens que são ilícitos.
PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA:
No princípio da dignidade humana não são admitidas penas que tenham por objetivo causar sofrimento físico ou moral. 
A pena sempre acarreta sofrimento, mas pelo princípio da humanização, elas não podem causar sofrimentos ao corpo e à honra.
As penas cruéis, que tenham o objetivo de causar sofrimento físico ou moral, são proibidas. Para o Direito Penal, a honra e o corpo não podem ser objeto da pena.
PUNIBILIDADE: ABSTRATA E CONCRETA
ABSTRATA: COMINAÇÃO DA PENA = COMINAR É PREVER EM LEI A SANSÃO. A PREVISÃO É ABSTRATA, O CRIME É ABSTRATO. A LEI É ABSTRATA: PREVÊ FATOS ANTENCIPADAMENTE.
CONCRETA: APLICAÇÃO DA PENA; EXECUÇÃO DA PENA.
NORMAS INCRIMINADORAS: DESCREVEM O DELITO E PRESCREVEM A SANSÃO: DIZ QUAL A CONDUTA DELITUOSA.
NORMAS NÃO INCRIMINADORAS: NORMAS ESTRUTURAIS, DISCIPLINADORAS.
CARÁTER POSITIVO: FONTE DE CONHECIMENTO DA NORMA É A LEI.
CARÁTER PÚBLICO: RELAÇÃO DE SUBORDINAÇÃO COM SEUS DESTINATÁRIOS.
CARÁTER AUTÔNOMO: TEM OBJETO PRÓPRIO = TRATA DE ALGO QUE OUTRO RAMO DO DIREITO NÃO TRATA = OFENSAS MAIS GRAVES.
CARÁTER SANCIONATÓRIO: SE VALE DE SANSÕES ESPECÍFICAS. OPOSIÇÃO AO CARÁTER CONSTITUTIVO = TUTELA O QUE OUTRO RAMO DO DIREITO CONSTITUIU, CRIOU OU PROTEGEU. 
CARÁTER ORIGINAL: HAVENDO SOCIEDADE, HAVERÁ DIREITO = DIREITO PENAL.
CARÁTER VALORATIVO: JUÍZO DE VALOR EM RELAÇÃO AOS BENS POR ELE TUTELADOS.
CARÁTER COERCITIVO: NÃO DÁ CONSELHOS, NEM ESTABELECE RECOMENDAÇÕES, MAS DÁ COMANDOS, DÁ ORDENS E SERÁ CUMPRIDO EM RAZÃO DA AMEAÇA DE SANSÕES.
TEORIAS LEGITIMADORAS: ADMITEM UMA FINALIDADE AO DIREITO PENAL.
TEORIAS ABSOLUTAS: DEFENDEM UMA FINALIDADE RETRIBUTIVA = ABSOLUTA NECESSIDADE DA PENA. O FUNDAMENTO DA RETRIBUIÇÃO É QUE O INDIVÍDUO MUDE = PAGAR O MAL DO CRIME ATRAVÉS DO MAL DA PENA.
KANT = RETRIBUIÇÃO MORAL = O CRIME REPRESENTA UMA OFENSA MORAL A TODA A SOCIEDADE. O ESTADO TEM OBRIGAÇÃO DE APLICAR E EXECUTAR A PENA.
HEGEL = RETRIBUIÇÃO JURÍDICA. A PENA REPRESENTA A NEGAÇÃO DO CRIME E A REAFIRMAÇÃO DO DIREITO. O CRIME NEGA O DIREITO.
TEORIAS RELATIVAS: DEFENDEM UMA FINALIDADE PREVENCIONISTA. ACHAM QUE A FINALIDADE DA PENA É IMPEDIR A EXISTÊNCIA DO CRIME.
TEORIAS DE PREVENÇÃO GERAL: FINALIDADE DA PENA É A DE EVITAR QUE AS PESSOAS COMETAM CRIMES.
TEORIA DE PREVENÇÃO GERAL POSITIVA LIMITADORA: ESCLARECER AOS DESTINATÁRIOS DA PENA, QUAIS AS CONDUTAS SÃO LÍCITAS E QUAIS NÃO SÃO. O DIREITO NÃO INTERVÉM DA VONTADE, MAS DE CONHECER O LIMITE, A FRONTEIRA.
TEORIA DE PREVENÇÃO GERAL POSITIVA FUNDAMENTADORA: A PENA É UM INSTRUMENTO PARA ESTIMULAR A PRÁTICA DO COMPORTAMENTO LÍCITO.
TEORIA DE PREVENÇÃO GERAL NEGATIVA: FINALIDADE DA PENA É A INTIMIDAÇÃO. A PENA SERIA UM FREIO DE CONTENSÃO, PARA NÃO SURGIR O IMPULSO.
TEORIAS DE PREVENÇÃO ESPECIAL: FINALIDADE DA PENA É IMPEDIR A REINCIDÊNCIA.
TEORIA DE PREVENÇÃO ESPECIAL POSITIVA: FINALIDADE DA PENA É A REINCERSÃO SOCIAL. A CARACTERÍSTICA DA PENA É SER TRANSITÓRIA.
TEORIA DA PREVENÇÃO ESPECIAL NEGATIVA: FINALIDADE DA PENA É A INOCUIDADE = ANULAÇÃO DO DELINQÜENTE.
TEORIAS UNIFICADORAS OU MISTAS: PRETENDEM CONCILIAR A FINALIDADE DE RETRIBUIÇÃO COM A FINALIDADE DE PREVENÇÃO.
TEORIA DIALÉTICA UNIFICADORA: ATRIBUI PARA CADA FORMA DE EXPRESSÃO DE PUNIBILIDADE, UMA FINALIDADE PRÓPRIA = PENA COMINADA: PREVENÇÃO GERAL; PENA APLICADA: RETRIBUIÇÃO JURÍDICA; PENA EXECUTADA: PREVENÇÃO ESPECIAL.
TEORIAS DESLEGITIMADORAS:
ABOLICIONISTA: PROPÕE A EXTINÇÃO DO SISTEMA PENAL, ENQUANTO ENTE SOBERANO.
MINIMALISMO RADICAL: SISTEMA PENAL DEVE SER PROGRESSIVAMENTE REDUZIDO, E VÁ SE TORNANDO CADA VEZ MENOS NECESSÁRIO.
CRÍTICAS AO SISTEMA PENAL: 
1 – CARÁTER FORMAL DO CONCEITO DE CRIME: SOMENTE SERÁ CONSIDERADO CRIME, O QUE O ESTADO DETERMINAR;
2 – SELETIVIDADE DO SISTEMA PENAL: O SISTEMA PENAL ATINGE SOMENTE UMA PARCELA FRAGILIZADA DA POPULAÇÃO; SELECIONA SEUS DESTINATÁRIOS.
3 –RESIDUALIDADE DO SISTEMA PENAL (CARÁTER RESIDUAL):ATINGE UMA PARCELA MÍNIMA DOS DELITOS EFETIVAMENTE PRATICADOS.
4 –INIDONEIDADE MOTIVADORA: NÃO ATINGE AS CAUSAD DO CONFLITO, É SINTOMATOLÓGICO.
5 –LEGITIMAÇÃO SOCIAL: SISTEMA PENAL TRATA O CRIME COMO SE FOSSE O PROBLEMA RELACIONADO A UMA PESSOA INDIVIDUAL. RETIRA DA SOCIEDADE A RESPONSABILIDADE E ACABA LEGITIMANDO A REALIDADE SOCIAL. É COMO SE A REALIDADE FOSSE PERFEITA E AQUELA PESSOA QUE PRATICOU O CRIME INTERROMPESSE AQUELA PERFEIÇÃO.
6 –TEORIA DO ETIQUETAMENTO: VALORES EMANADOS DO SISTEMA PENAL NÃO COINCIDEM COM OS VALORES ENCONTRADOS NAS REALIDADES SOCIAIS.
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL: SERÁ PRINCÍPIO SE TIVER AS TRÊS CARACTERÍSTICAS COLETIVAMENTE: CARÁTER ABSTRATO (NÃO TEM APLICABILIDADE DIRETA); CARÁTER ESTRUTURAL (TÊM A FUNÇÃO DE SUSTENTAR O ORDENAMENTO JURÍDICO, É O ESQUELETO QUE SUSTENTA E DÁ FORMA); CARÁTER GERAL (ESTRUTURAM UM CONJUNTO DE REGRAS).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: DIREITO POSITIVO IMPOSTO PELO ESTADO, NO EXERCÍCIO DO PODER. DETERMINA QUE A NORMA PENAL DEVERÁ SER CONHECIDA ATRAVÉS DA LEI. NORMA: EXISTÊNCIA IDEAL: MUNDO DO DEVER SER. LEI: INSTRUMENTO PARA O CONHECIMENTO DA NORMA, NO MUNDO DO SER. A LEI ESTÁ PARADA NO TEMPO. A NORMA ESTÁ SEMPRE MUDANDO.
LEGALIDADE ESTRITA: RELACIONADA COM A NORMA PENAL INCRIMINADORA.
LEGALIDADE AMPLA: RELACIONADA COM A NORMA PENAL NÃO INCRIMINADORA.
RESERVA LEGAL: É A LEGALIDADE ESTRITA. Nullun crimen, nulla poena sine lege. ASPECTO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: NÃO TERIA SENTIDO SE O QUE NÃO ESTÁ PREVISTO NA LEI FOSSE CRIME.
ANTERIORIDADE DA LEI: IRRETROATIVIDADE DA LEI. A LEI NÃO SERÁ POSTERIOR À SUA APLICAÇÃO. Nullun crimen, nulla poena sine previa lege.
TAXATIVIDADE OU DETERMINAÇÃO: A LEI QUE DESCREVE O CRIME DEVE SER CLARA E PRECISA, DE FORMA A EVITAR INTERPRETAÇÃO DUVIDOSA. A MULTA OFENDE A DETERMINAÇÃO TAXATIVA, PORQUE NÃO TEM UMA DETERMINAÇÃO PARA CADA DELITO. Nullun crimen, nulla poena sine stricta legem.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: ENCARREGADO DE DETERMINAR O CONTEÚDO MATERIAL DA TUTELA PENAL. PRINCÍPIO DA RASOALIDADE. ESTABELECE A MEDIDA EM QUE O ESTADO PODE INTERVIR NAS LIBERDDES INDIVIDUAIS, DE FORMA NECESSÁRIA E ADEQUADA.
NECESSIDADE: O ESTADO SÓ INTERVÉM QUANDO PROTEGE BENS JURÍDICOS MAIS RELEVANTES, EM RELAÇÃO ÀS CONDUTAS MAIS GRAVES. TEM TRÊS CARACTERÍSTICAS: RESIDUALIDADE DA TUTELA: SÓ PROTEGE OS BENS JURÍDICOS MAIS RELEVANTES, EM RELAÇÃO ÀS CONDUTAS DE OFENSA MAIS GRAVES; SUBSIDIARIEDADE DA TUTELA: SE EXISTE UMA PROTEÇÃO POR OUTRO RAMO DO DIREITO, O PENAL NÃO INTERFERE; PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: SÓ PROMOVE UMA INTERVENÇÃO QUANDO É ESTRITAMENTE NECESSÁRIO.
ADEQUAÇÃO: O SISTEMA PENAL DEVE SER CAPAZ DE PROMOVER A INSERÇÃO SOCIAL. SUA EXISTÊNCIA SÓ SE JUSTIFICA SE ELE FOR POTENCIALMENTE EFICAZ.
VEDAÇÃO “Bis in idem”: IMPOSSIBILIDADE DE DUAS OU MAIS TUTELAS EM RELAÇÃO AO MESMO CRIME.
INSIGNIFICÂNCIA DO RESULTADO: NA HIPÓTESE DO RESULTADO PRODUZIDO SER INSIGNIFICANTE, NÃO SERÁ PROPORCIONAL O EXERCÍCIO DE TUTELA PENAL DIANTE DAQUELE FATO. É PRECISO VER A RELEVÂNCIA DO RESULTADO.
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE: FIXA ALGUMAS VEDAÇÕES PARA A TUTELA PENAL.
PROIBIÇÃO DA TUTELA: EM RELAÇÃO A ATOS DE DISPONIBILIDADE DE INTERESSE PRÓRPIO, EM RELAÇÃO DA VEDAÇÃO DE AUTO-LESÃO. NÃO É CRIME CAUSAR DANO JURÍDICO AO BEM PRÓPRIO.
VEDAÇÃO DE RESULTADO PRESUMIDO: O RESULTDO JAMAIS PODERÁ SER PRESUMIDO DE MERA REALIZAÇÃO DE CONDUTA. RESULTADOS DO CRIME: DANO E PERIGO. DANO: EFETIVA LESÃO AO BEM JURÍDICO; PERIGO: REPRESENTA A PROBABILIDADE DE DANO AO BEM JURÍDICO. É EXIGIDO POR LEI TER UM RESULTADO DEMONSTRADO.
DIREITO PENAL DE FATO: É EXIGIDO QUE AS TUTELAS PENAIS SE BASEIEM EM FATOS PRODUZIDOS POR CONDUTAS HUMANS, NÃO PODENDO SER RELACIONADA COMA QUALIDADE DA PESSOA.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: SE REFERE A UM FATO RELACIONADO POR UMA CONDUTA. A RESPONSABILIDADE PENAL SERÁ SEMPRE SUBJETIVA E NÃO OBJETIVA.
DOLO: QUANDO O AGENTE PRATICA A AÇÃO QUERENDO PRODUZI O RESULTADO.
DOLO DIRETO: DOLO ENQUANTO VONTADE.
DOLO EVENTUAL: DOLO ENQUANTO ACEITAÇÃO, ADMITINDO A PRODUÇÃO DO RESULTADO. ASSUMIR O RESULTADO, ASSUMIR O RISCO DA PRODUÇÃO DO RESULTADO.
CULPA: NÃO EXISTE VONTADE NEM ACEITAÇÃO DO RESULTADO. NA CULPA HAVERÁ A IMPREVISÃO DE UM RESULTADO PREVISÍVEL, PELO DESCUMPRIMENTO DE UM DEVER DE CUIDAR.
PARA SER CRIME TEM QUE TER DOLO OU CULPA: SE NÃO TIVER NENHEM DOS DOIS, O FATO NÃO PODERÁ SER CONSIDERADO INFRAÇÃO PENAL.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA: INDEPENDE DE DOLO OU CULPA. NÃO SE DISCUTE SE A PESSOA QUERIA, ACEITAVA OU PODERIA TER PREVISTO O RESULTADO.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: TEM SEMPRE QUE TER UM VÍNCULO SUBJETIVO LIGANDO A CONDUTA PRATICADA PELO AGENTE AO RESULTADO. PARA SER CRIME, TEM QUE TER A RESPONSABILIDADE SUBJETIVA.
RESPONSABILIDADE PENAL: SEMPRE SERÁ DETERMINADA EM CARÁTER INDIVIDUAL, NÃO EXISTE RESPONSABILIDADE COLETIVA: É SUBJETIVA, PESSOAL E INDIVIDUAL.
PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA: NÃO SÃO ADMITIDAS PENAS QUE TENHAM POR OBJETIVO CAUSAR SOFRIMENTO FÍSICO OU MORAL.
UNIDADE III
TÍTULO: CONHECIMENTO DO DIREITO PENAL
– Noções Introdutórias: Classificação das Leis Penais
– Fontes do Direito Penal
2-1- Fontes Materiais
2-2- Fontes Formais
– Interpretação da Lei Penal
3-1- Conceito
3-2- Elementos de Interpretação
3-3- Sujeitos
3-4- Resultado da Interpretação
– Integração do Direito Penal
4-1- Conceito
4-2- Integração Analógica
4-3- Integração pelos costumes
4-4- Integração pelos princípios
Hermenêutica Jurídica Penal
Norma Penal = Preceito Jurídico = comando estabelecido pelo Direito, mediante a ameaça de sansão. Elemento que constitui o ordenamento jurídico e que tem existência puramente ideal. Existe somente no mundo do dever ser. O Direito é um conjunto de normas e não um conjunto de leis.
Toda lei incriminadora é lei ordinária. Toda lei não incriminadora não é necessariamente uma lei ordinária.
A Lei Penal = é a manifestação por escrito da norma jurídica. Representa apenas uma forma de expressão da norma.
Diferença entre a Norma Incriminadora e a Norma Não Incriminadora
	A diferença está no conteúdo. Enquanto a Norma Incriminadora define o delito e descreve a sansão, as normas Não Incriminadoras normatizam todas as outras regras. A Norma Incriminadora é a verdadeira norma penal, constituída do preceito primário que é a definição legal da infração penal e também de um preceito secundário, que é a previsão legal de sansão. Ela é constituída de delito e pena. Descreve abstratamente a conduta e comina pena para aquela conduta.
	Já as Normas Não Incriminadoras, prescrevem as demais normas penais. É um conceito residual, por exclusão.
	
Tipo Penal = Representa o preceito primário da norma incriminadora. Significa a definição legal de crime (conduta delituosa), como infração penal
A norma incriminadora só pode existir se houver previsão legal.
LEI PENAL
	A Lei Penal comporta classificações, em razão de seu conteúdo e em razão da sua vigência.
	Em razão de seu conteúdo, a lei penal pode ser completa e incompleta.
	Não é texto legal quando fala lei, mas o termo lei penal é empregado como dispositivo legal. Pode se referir a um artigo, a um dispositivo e não da lei na íntegra. A lei penal pode ser completa ou incompleta, conforme contém ou não inteiramente a norma penal.
	A lei penal é completa quando por si só declara a norma, o dispositivo legal.
	A lei penal é incompleta quando não contém o dispositivo legal inteiramente, ou seja, depende, para expressar a norma, do auxílio de outra lei penal. A maior parte das leis penais são incompletas (não todas).
	A lei penal incompleta é normalmente chamada de Lei Penal em Branco. Por exemplo, o art. 312 do CP, no caput, define o crime por peculato. O significado deste crime é atribuído por outro dispositivo legal, o art. 327, que define o que é funcionário público.
	Para compreender inteiramente e atingir a norma do art. 312, é preciso o auxílio do art. 327, porque a norma não está inteiramente contida no art. 312.
	Outro exemplo são as disposições penais em relação a drogas. A lei 11.343/2007 (Lei Ordinária, também chamada Lei Penal em Branco), que é a lei anti drogas, em seu artigo 33, define o crime de narcotráficos. Não diz quais substâncias são consideradas drogas. A Portaria do Ministério da Saúde é que lista as substâncias.
	A complementação exigida pela Lei Penal em Branco pode vir de uma Lei em Sentido Formal (aquela que se submete ao Processo Legislativo) ou pode vir de uma Lei em Sentido Material (Portaria, Ato Administrativo, etc).
	A Lei Penal em Branco, quando complementada por uma Lei em Sentido Formal (Lei Ordinária), é chamada de Lei Penal em Branco em Sentido Amplo.
	A Lei Penal em Branco, quando complementada por qualquer outro dispositivo legal, que não seja Lei Ordinária, ou seja, Lei em Sentido Material, é chamada de Lei Penal em Branco em Sentido Estrito.
VIGÊNCIA DAS LEIS PENAIS
	Em relação à vigência, as leis penais são classificadas em: Lei Penal de Vigência Determinada e Lei penal de Vigência Indeterminada.
	As Leis Penais de Vigência Indeterminada, permanecem em vigor até serem revogadas por outra lei. Estão condicionadas à edição de outra lei que a revogue.
	As Leis Penais de Vigência Determinada são leis auto-revogáveis. Trazem uma cláusula de auto-revogação. Podem ser, Leis Penais Temporárias e Leis Penais Excepcionais. Existem diferentes formas de auto-revogação. 
	As Leis Penais Temporárias trazem prazo de vigência, estabelecem uma data para sua auto-revogação.
	As Leis Penais Excepcionais são aquelas cuja vigência está condicionada a um determinado fato. Enquanto durar o fato, a lei estará em vigor. Por exemplo, a pena de morte em estado de guerra. 
Somente se justificam diante de uma situação grave e imprevisível, que exijam tratamento penal mais rigoroso, situações de dimensões nacionais graves, que exijam um rigor maior do Sistema Penal.
Tanto as Leis Penais Temporárias quanto as Leis Penais Excepcionais sempre fornecem tratamento penal mais grave, e nestes casos, não há retroatividade de lei benéfica.
Estas leis, quando revogadas, provocam a repristinação da lei anterior. Para garantir a eficácia da Lei Temporária, não é possível aplicar a lei anterior (art. 3º. CP).
Todas as leis que defendem crimes eleitorais são relacionadas a um fato e a um prazo, são leis episódicas. Não é grave e nem imprevisível, pelo contrário, é previsível e é normal. Nestes casos, são aplicadas a retroatividade das leis.
2 – FONTES DO DIREITO PENAL
2-1 – FONTES MATERIAIS
São fontes de produção, de criação da norma penal. Quando a norma penal surge, é uma idéia e tem que se expressar de alguma forma. Se dividem em Fonte Mediata e Fonte Imediata.
A norma representa simplesmente a valoração de um fato, ou seja, é a expressão de um fato social juridicamente valorado. Estes fatos adquirem relevância na própria realidade social. A norma em caráter primeiro surge da realidade fenomênico-social, ou seja, da própria realidade social. Estas são as Fontes Mediatas.
Para que seja dotado de coercitividade não basta ter valor social. Representa o exercício do poder de legislar do povo. Poder este exercido através de representantes, com função de identificar na realidade social os fatos relevantes; e converter o valor social em um valor jurídico, dimensionado.
A Fonte Mediata é a realidade social. A Fonte Imediata é o Congresso Nacional.
As duas fontes funcionam, ou devem funcionar, em conjunto: sociedade e Congresso Nacional. Às vezes a Fonte de Produção Mediata cria a norma, sem a intervenção do Congresso Nacional, pelos costumes. 
2-2 – FONTES FORMAIS
São fontes de conhecimento da norma jurídica, de mera expressão da norma jurídica, que se manifesta e seexpressa na fonte formal. 
As Fontes Formais ou fontes de conhecimento se dividem em Fontes Vinculantes e Fontes Subsidiárias.
As Fontes Vinculantes são formas de expressão da norma, e o meio que é a principal forma de expressão é a lei. A fonte de conhecimento vinculante é a lei. A norma expressa através da lei é obrigatória.
As Fontes Subsidiárias são fontes auxiliares, que estão ao lado da lei, e contribuem para o conhecimento da norma e, eventualmente, substituem a lei. Elas têm duas funções: auxiliar a norma através da lei e suprir a ausência da lei declarando por si só a norma (substituir).
As Fontes Subsidiárias estão descritas no art. 4º. da LICC e são três: analogia, costumes e princípios gerais de direito. 
3 – HERMENÊUTICA JURÍDICA, APLICADA AO DIREITO PENAL
Hermenêutica é uma das ciências do conhecimento das manifestações humanas. Qualquer manifestação do espírito humano traz um significado.
Surgiu dos estudos bíblicos, entre os séculos V e VI, como uma forma de encontrar a mensagem divina através das escrituras.
É utilizada na literatura, e como ciência auxiliar do Direito.
Hermenêutica jurídica é a ciência do conhecimento e da aplicação do Direito.
Conhecimento e aplicação são atividades inseparáveis. Para conhecer é preciso
Idealizar a aplicação. Para aplicar é necessária a realidade produzida pela norma.
	A hermenêutica ocorre através da interpretação ou da integração.
	Integração é o conhecimento da norma através de sua fonte normal de expressão, por meio da fonte vinculante do conhecimento, que é a lei. É retirar da lei a norma.
	Integração é o conhecimento da norma através das fontes subsidiárias, quando da ausência da lei (analogia, sistema, princípios do direito). A ausência da lei não significa ausência de norma. Uma das fontes subsidiárias irá substituir a lei.
	Interpretação: é o conhecimento através da fonte vinculante de manifestação da norma. Interpretar é extrair a norma da lei; é a compreensão da norma da lei. Interpretação é a forma utilizada quase sempre, na maioria das hipóteses: é a previsão legal da lei. Pode ser realizada de diversas formas, através de elementos, que representam métodos pelos quais a norma pode ser obtida da lei, do texto legal. A interpretação quase sempre envolverá dois ou mais métodos de interpretação.
Hermenêutica Jurídica é a ciência do conhecimento e da aplicação do Direito. E conhecimento e aplicação são atividades inseparáveis. Para conhecer é preciso idealizar a aplicação. Para aplicar é preciso conhecer a realidade produzida pela norma.
3 - O conhecimento ocorre através da interpretação ou da integração, que são as formas de conhecimento da norma.
3-1 – INTERPRETAÇÃO
Interpretar é extrair a norma da lei; é a compreensão da norma da lei. A forma utilizada, quase sempre, na maioria das hipótese é pela previsão legal da lei.
É o conhecimento da norma através de sua forma normal de expressão. Por meio de fonte vinculante do conhecimento, ou seja, conhecer a norma através da lei.
Pode ser realizada por diversas formas, através de elementos de interpretação, que representam os métodos pelos quais a norma pode ser obtida da lei, do texto legal. Quase sempre a interpretação envolverá dois ou mais métodos.
3-1 – 1 - ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO:
	1º Elemento:Interpretação Literal = Consiste na interpretação através do significado técnico-jurídico das palavras empregadas no texto legal. Este método é sempre utilizado. A lei é a manifestação por escrito da norma e a simples leitura traz o significado das palavras, ou seja, a interpretação literal. Não é o significado vulgar das palavras, mas o significado técnico que Direito Penal confere às palavras utilizadas. Pode ser Interpretação Literal Lexicográfica, pelo significado de palavras isoladas; ou Interpretação Literal Gramatical, pelo significado de um conjunto palavras. 
	2º Elemento: Interpretação Analógica = Não confundir interpretação analógica com integração analógica (analogia). Enquanto a Interpretação Analógica é permitida para qualquer norma penal, incriminadora e não incriminadora, a Integração Analógica só é permitida para normas penais não incriminadoras. Interpretação Analógica é a interpretação através de semelhança entre dois dispositivos legais, onde um dispositivo apresentará uma regra geral e o outro dispositivo apresentará uma hipótese (exemplo) daquela regra. O significado da regra geral será obtido pela semelhança com o exemplo. Não é utilizada para qualquer dispositivo legal. A técnica representará a lei com uma cláusula geral, contendo uma hipótese causuística. A regra geral é interpretada pelo exemplo dado pela lei. A própria lei estabelecerá a semelhança. Semelhança significa a identidade na essência, acompanhada de uma característica diferenciadora não essencial, que diferencia dois objetos. Semelhança não se confunde com igualdade. AB é semelhante a AC.
	Exemplo 1: Artigo 121 CP, inciso I = A regra geral é o motivo torpe, através de meio insidioso, meio cruel, meio que gera perigo comum. Os exemplos são: veneno (meio insidioso), fogo (meio cruel), asfixia (meio cruel), tortura (meio cruel), explosivos (meio que gera perigo comum). A técnica restringe o alcance da regra geral. A semelhança é recíproca: da regra para o exemplo e do exemplo para a regra.
	Exemplo 1: Artigo 121 CP, inciso IV = A regra geral é: recurso que dificulte a impossibilidade de defesa da vítima. Os exemplos são: traição, emboscada, dissimulação. A essência é: surpresa causada à vítima.
	Exemplo 1: Artigo 121 CP, inciso V = Não tem regra geral. Não é interpretado através deste método. Execução, ocultação, impunidade ou vantagem.
3º. Elemento: Interpretação Histórica = Consiste na interpretação a partir da evolução da lei no tempo. Enquanto a norma jurídica está em constante evolução, a lei permanece parada. Tal situação somente é possível em razão da elasticidade da lei, que comporta de forma limitada, uma alteração da norma.
Em determinado momento, no entanto, a norma estará tão modificada, obrigando o legislador a alterar a lei para que ela mantenha sua eficácia.
A Interpretação Histórica, portanto, considerará a evolução da lei no tempo.
Lei = forma de expressão da norma.
A Lei quando é editada é a representação fiel da norma. A partir da edição da lei, a norma sofre alteração.
A Interpretação Histórica não é interpretação comparativa.
Exemplo: No artigo 345 do CP, o termo co-autoria era empregado em 1940, quando da edição da lei, pelo significado que ele tinha na época, ou seja, o termo co-autoria significava concurso de pessoas. 
Atualmente, concurso de pessoas significa: duas ou mais pessoas conjugando esforços para praticar o crime.
Atualmente é possível o concurso de pessoas através da autoria, sendo que há distinção entre o autor e aquele que participou. O autor seria aquele que praticou a conduta essencial. O participante é aquele que concorre para o crime através de uma conduta acessória (partífice).
Hoje, co-autoria significa: dois ou mais autores, mas em 1940, significava concurso de pessoas.
Nesse caso, a interpretação literal não é possível. Em 1940, ambos seriam autores. Hoje, no concurso de pessoas há uma distinção entre autor e partífice, enão são todos considerados autores.
4º. Elemento: Interpretação Sociológica = Os costumes no Direito Penal exercem diversas funções. Além de representar de certo modo a fonte mediata de produção da norma e ser fonte subsidiária de conhecimento, os costumes funcionam como elemento de interpretação.
Alguns elementos do tipo penal exigem para sua compreensão, o exercício de um juízo de valor através dos costumes. Tais elementos denominados elementos normativos do tipo de apreciação social, não trazem em sua norma um valor a priori, exigindo do intérprete que ele atribua o valor social vigente, naquele momento histórico para a apreensão da norma.
Norma representa um fato devidamente valorado. O valor no primeiro momento é o valor social, que depois é convertido em valor jurídico.
A Lei traz o fato edeixa em aberto o valor, para o momento em que vai interpretar, e a atividade do intérprete é criar a norma.
Existem alguns elementos de apreciação social, como por exemplo, os termos:
Mulher honesta = (1940 a 2002);
Ato obsceno.
A compreensão dos termos mulher honesta e ato obsceno, dependem de uma valoração social, ou seja, o que a sociedade naquele momento considera.
Há o risco do intérprete se valer de valores pessoais e não de valores sociais.
A variação de costumes é de lugar para lugar. Por exemplo, ato obsceno em BH é diferente no Rio, e na Bahia.
5º. Elemento: Interpretação Teleológica = Também chamada de Interpretação Finalista Valorativa. Para compreender alguns dispositivos legais, o intérprete deverá idealizar a aplicação da suposta norma e verificar se a realidade produzida é a mais adequada.
Tal atividade de crítica jurídica aplicada na interpretação da lei significa o elemento teleológico de interpretação.
A Interpretação Finalista Valorativa procura, dessa forma, atingir a “menslegem”, ou seja, a intenção da lei.
O Método mais antigo de Interpretação é a Escola da Exegése (Literal + Teleológica).
Antes, era perseguida a intenção do legislador = qual norma ele pretendeu incluir naquela lei.
Hoje, a lei se desprende dos valores históricos dos quais foram criados. Hoje não é mais a intenção do legislador, mas a intenção da norma.
6º. Elemento: Interpretação Sistemática = Também pode ser definida como: Interpretação através do contexto normativo.
A norma jurídica não tem existência autônoma, representando um elemento do sistema normativo.
Para tanto, a norma deverá estar em perfeita harmonia no conjunto de normas, tendo uma função própria, não entrando em contradição com as demais normas.
Interpretação Sistemática é a interpretação de uma norma, em relação ao conjunto de normas.
Um Sistema não é a adição de vários elementos, mas a harmonização, a conjugação de vários elementos. Ou seja, para existir um Sistema, existem dois requisitos: O primeiro é que cada elemento tem a sua função e o segundo é que entre os elementos exista uma perfeita harmonia – Não pode existir antinomia entre os elementos.
É a verificação da norma, a partir do seu contexto, no conjunto de normas.
Exemplo: art. 349 com o artigo 29 = adequação do termo co-autoria.
7º. Elemento: Interpretação Comparativa= Alguns institutos jurídicos utilizados no Direito brasileiro, tem origem em ordenamentos jurídicos estrangeiros.
Uma forma de tentar compreendê-los é examinando o instituto correspondente em outros sistemas jurídicos.
A Interpretação Comparativa representa assim, uma interpretação através de uma micro-comparação.
Por exemplo, no final do século XIX, o sursi(suspensão condicional da pena) foi adotado no Direito francês, que também foi adotado no Direito brasileiro.
3-2 – SUJEITOS DE INTERPRETAÇÃO
A interpretação da lei penal, em relação ao sujeito pode ser classificada como: Interpretação Judicial, 
Interpretação Autêntica, 
Interpretação Administrativa e 
Interpretação Doutrinária.
Nas três primeiras classificações: Judicial, Autêntica e Administrativa, ocorrerá no exercício do poder, sendo a Interpretação Autêntica, sempre vinculante, em relação aos demais sujeitos de interpretação.
A Interpretação Judicial, em determinados casos terá caráter vinculante, muito embora, por gerar aplicação, não poderia ser vinculante.
Toda interpretação que não for realizada no exercício de poder, por exclusão, será classificada por Interpretação Doutrinária.
A Interpretação Judicial, Autêntica e Administrativa, são classificações subjetivas de interpretação, ou seja, é o agente público compreendendo a lei.
A Interpretação Autêntica é a edição da lei interpretante, lei que esclarece qual é a norma contida em outra lei. A função não é criar nada de novo, mas declarar a norma contida em outro dispositivo. Tem caráter vinculante: os outros sujeitos de interpretação devem acompanhar a Interpretação Judicial.
A Interpretação Judicial e a Interpretação Administrativa, geram aplicação, quer dizer, o juiz interpreta a lei para depois aplicar a norma: são interpretações em concreto, por essa razão, elas jamais poderiam ser vinculantes.
A Interpretação Judicial eventualmente é vinculante, através das Súmulas Vinculantes, que é interpretação judicial pacificada. A Emenda 45 atribui caráter vinculante a algumas súmulas do STF.
Vinculante = que é obrigada a cumprir.
A Interpretação Doutrinária tem caráter residual: não é do exercício do poder,não gera aplicação, é livre. Por exemplo, o autor quando está escrevendo um livro.
Doutrina em Jurisprudência não é fonte de Direito, mas é fonte de interpretação.
3-3 – RESULTADO DA INTERPRETAÇÃO
 O resultado da interpretação poderá ser classificado como: declaratório,extensivo ou restritivo. 
A classificação do resultado da interpretação terá como parâmetro uma interpretação puramente literal. Comparado à literalidade da lei, com a norma efetivamente obtida, havendo coincidência, o resultado será declaratório.
Se a norma tiver um alcance ou significado mais amplo do que a sua literalidade, o resultado será extensivo.
Ocorrendo o contrário, o resultado será restritivo.
Em Direito Penal, a classificação do resultado da interpretação tem por objetivo, verificar se a atividade de conhecimento está correta, pois normas incriminadoras não podem ter interpretação extensiva.
Dependendo da norma, será possível ou não interpretação. A Norma Incriminadora será declaratória ou restritiva.
Para classificar o resultado da interpretação, é preciso comparar a literalidade da lei e a norma.
Só posso afirmar algo se tenho um parâmetro, e o parâmetro é a literalidade da lei. Significa uma interpretação exclusivamente literal.
As normas são obtidas, através da otimização de dois ou mais métodos de interpretação.
Se a literalidade da lei coincidir com a norma, a norma é declaratória.
Se a literalidade da lei tiver um alcance maior do que a norma, a norma é restritiva, porque a norma será menor do que a lei.
Se a literalidade da lei tiver um alcance menor do que a norma, o resultado é extensivo, porque tem mais norma do que aparenta ter, tem um alcance maior = são as Normas Não Incriminadoras.
Art. 121 – inciso IV parágrafo II. O recurso que dificulta ou torne impossível a defesa da vítima. O resultado da interpretação = aparentemente há a dificuldade e impossibilidade, porque é muito ampla.
4- INTEGRAÇÃO NO DIREITO PENAL
4-1 – CONCEITO
É o conhecimento da norma penal não incriminadora, na ausência de previsão legal, através da analogia, dos princípios ou dos costumes.
A atividade de conhecimento principal é a interpretação, que tem início através da lei.
 A fonte de produção imediata, que prevê uma norma para o fato, fazendo a edição da lei. A lei é submetida a um dos elementos de interpretação e por meio dele, será obtida a norma, e a norma obtida, será aplicada.
O conhecimento através da interpretação produz a norma, dependendo do sujeito de interpretação (a interpretação doutrinária não gera aplicação).
Integração é uma forma alternativa de conhecimento, que somente poderá ocorrer na ausência da lei.
A constatação da ausência de uma lei acontece quando se tem necessidade de algo, ou seja, diante de uma necessidade de aplicação.
Então, o ponto de partida é a necessidade de aplicação em uma realidade, em um fato real que reclama tutela pelo Direito Penal = necessidade de norma.
Diante da necessidade da aplicação, o aplicador busca uma norma para aquela realidade (se há lei que prevê). Se o legislador não previu norma para aquela realidade, se é constatada a ausência de lei, então é preciso verificar o conteúdo da norma. Se a norma é incriminadora, a atividade termina por ali. Se a norma é não incriminadora, e a legalidade é ampla, ausência de lei não significa ausência de norma, em razão da completude do ordenamento jurídico, do caráter sistemático da lei que é pleno.
O Direito fornece norma para todas as realidades possíveis. O conjunto de leis não.

Outros materiais