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DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

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DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Abordados pelo Capítulo IV do Código Civil de 2002, com o título DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO estão os artigos que nortearão as deformidades que podem florescer no negócio jurídico a partir de falhas relacionadas a manifestação de vontade assim como na sua declaração.
Decorrido no art. 171, II do Código Civil tem-se o seguinte texto: “Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
Por incapacidade relativa do agente;
Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Cinco são os vícios de consentimento: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão. Estes estão relacionados a disparidade entre a manifestação de vontade e o verdadeiro desejo do agente. Vícios sociais são assim nominados pela intenção de prejudicar terceiros. Carlos Roberto Gonçalves, em sua doutrina traz dois modelos de vícios sociais: fraude contra credores e simulação.
ERRO ou IGNORÂNCIA
	De forma resumida pode-se dizer que o erro é a falsa alusão da realidade, e por mais que erro e ignorância tenham distorções em seus significados (a primeira é a falsa representação da realidade, a segunda no entanto é o completo desconhecimento), o Código Civil as equiparou pelo fato de que em ambos o agente estava “cego” ao realizar o negócio jurídico.
	Não é todo erro porém que afeta a validade do negócio jurídico, logo para deixar mais claro suas qualificações se subdividem em duas espécies: erro substancial (essencial) e erro acidental. O primeiro diz respeito a causa determinante, isto é, se o agente soubesse da realidade jamais o negócio jurídico seria consumado, pois não haveria querer na sua manifestação de vontade. Já o segundo, mesmo conhecida a existência de algum desarranjo ainda assim seria realizado, trazendo o CC/02 a retificação manifestação de vontade em caso de erro de cálculo. São anuláveis, segundo a doutrina majoritária, erros de natureza substancial, princípio da cognoscibilidade e real.
	O erro substancial é definido pelo art. 139, trazendo o seguinte enunciado:
 “O erro é substancial quando:
Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
Sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
A partir desse dispositivo tal erro é encontrado em diversas situações:
Erro sobre a natureza do negócio (error in negotio): é quando ocorre discordância quanto à espécie do negócio, isto é, quando o agente aspira pela pratica de um ato e no final acaba praticando outro. Exemplo: pessoa que empresta uma coisa e a outra entende que houve doação.
Erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore): reflete sobre a identidade do objeto. O agente manifesta sua vontade em cima de determinado objeto, porém houve uma falta percepção sobre ele, sendo este diferente do que se esperava. Exemplo: pessoa que adquire 
Erro sobre alguma das qualidades essenciais do objeto principal (error in substantia ou error in qualitate): sucede quando supõe-se que o objeto tenha alguma qualidade que na verdade, subsequentemente se certifica ser inexistente. Exemplo: pessoa que adquire uma obra de arte de preço elevado, por se achar original e é somente uma cópia.
Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de vontade (error in persona): remete aos negócios jurídicos intuitu personae, isto é referente a identidade e qualificação da pessoa, somente pode ser considerado essencial caso não haja forma de averiguar quem é realmente a pessoa ou a coisa que foi endereçada pela manifestação de vontade. Trata-se de erro acidental. Exemplo: a pessoa que deixa uma doação para um suposto filho que na verdade não é.
Erro de direito (error juris): situação na qual o agente tem falso conhecimento, ignorância ou interpretação errada da norma jurídica no fato concreto. Exemplo: pessoa que importa alguma mercadoria que a lei proíbe a importação, tal ato pode ser anulável sem que a lei seja descumprida.
Há que se dizer também de conflitos que alguns termos nos quais as matérias podem ser parecidas, este é o caso do vício redibitório. Este está no tocante ao uso da coisa, é o dever do alienante de fornecer a coisa que possa cumprir sua finalidade ao alienado. O que difere do erro sobre as qualidades essenciais do objeto que relaciona a peculiaridade, a qualidade, a matéria da coisa. Exemplo: uma pessoa compra um celular de marca renomada, mas na verdade era somente uma réplica (segundo caso), porém se era um celular original mas estava com algum defeito que impossibilitaria seu uso este será considerado seu vício redibitório.
	No entanto para um erro se torna anulável não necessita somente ser substancial, mas também baseado no princípio da cognoscibilidade, na qual pode se descrever como “teoria da confiança”, fundamentada na boa-fé objetiva e na eticidade. O Código Civil de 2002, diferente do de 1916, traz intrinsicamente apenas a cognoscibilidade, excluindo a escusabilidade como requisito do erro. Sendo assim somente será anulado o negócio jurídico em que o vício era ou poderia ser conhecido pelo contratante beneficiado.
O art. 138 assegura: “ São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”.
	E o terceiro requisito é quanto o erro ser real, isto é que possa trazer prejuízo concreto ao interessado. Exemplo o comprar um imóvel que lhe aparentava novo, porém na realidade necessitava de muitas reformas, isto causa prejuízo para o agente.
Como forma de manter o manto protetor do Direito nos negócios jurídicos tem-se classificações a mais que possibilita uma maior gama dos fatos abstratos da lei e dos entendimentos. A exemplo temos o erro obstativo ou impróprio que seria a impossibilidade do negócio jurídico de ser realizado por diversões entre as partes, também chamado de erro-obstáculo. Error in negotio e o error in corpore não se disparem pois ambos são espécies de erro substancial, tonando-se anuláveis quando necessário.
O falso motivo apontado pelo O art. 140 fala sobre o “erro sobre os motivos” trazendo na letra da lei o seguinte texto: “ Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.” Logo tal erro só torna razão essencial ou determinante quando expressamente for figurado, não se admitindo a anulação do negócio jurídico quando realizada a manifestação de vontade de forma tácita. 
A transmissão errônea da vontade mencionada pelo art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.” Equipara-se portanto à transmissão defeituosa da vontade. Quando o meio em que é utilizado entre as partes não tenha veracidade o suficiente trazendo transtornos entre o que era esperado do negócio jurídico e o que realmente foi celebrado visando assim a anulação do mesmo. A parte que escolheu o emissor fica responsável pelos prejuízos que tenha causado a outrem por sua negligencia. 
	O convalescimento do erro, citado pelo art. 144 diz, “ O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.” Isto é, dar oportunidade as parte para poder realizar o negócio jurídico de forma eficaz, trazendo consigo o principio da conservação dos atos e negócios jurídicos, não havendo portanto nulidade sem prejuízos.
O interesse negativo interpretado pelo código civil brasileiro como principio a ser averiguado nas suas relações protege a boa-fé, logo seria injusto para a parte que não concorreu para o erro do agente que emitiu a vontade de forma equivocadasofra pela anulação e com o ônus da área processual.
DOLO
	 Dolo é a intenção de enganar o outro no negócio jurídico a fim geralmente de obtenção de vantagens. Pode se tornar anulável ou simplesmente indenizar os prejuízos causados pela parte astuciosa. Dolo civil se difere tanto do dolo criminal (crime pela qual o autor assumiu risco de produzir tal resultado) e também do dolo processual no qual o âmbito aferido é a conduta processual reprovável. 
	O dolo pode ser subdividido em várias espécies, a primeira e mais importante diz respeito ao Dolo principal (dolus causam dans contractui) e o Dolo acidental (dolus incidens), o primeiro faz jus a causa determinante, caso o agente não fosse viciado ele não teria manifestado sua vontade por aquele ponto, sendo assim a possibilidade de anulação do negócio jurídico. O acidental é aquele no qual já iria se realizar pelo interesse do agente, independentemente da malicia da outra parte, sendo assim o que vicia tal ato é as condições estipuladas, podendo ser esse prejuízo reparado sem extinguir o negócio jurídico.
O direito romano trouxe duas classificações importantes para a distinção de duas formas de dolo: Dolus bonus e dolus malus. Dolus bonus é o comumente encontrado no comércio quando o vendedor exagera ao falar de seu produto para o cliente, logo não é constituído de gravidade suficiente para que o negócio jurídico seja viciado, não tornando assim o negócio anulável, pois se espera do cliente/agente que tenha o consentimento de um homem de média inteligência. Porém tal ato citado como exemplo – comércio – caso o cliente se sinta prejudicado poderá fazer uso do Código de Defesa do Consumidor ao qual proíbe propaganda enganosa que pode levar ao entendimento errado do agente. Ao contrário, o Dolus malus é bastante grave, pois havia realmente como finalidade prejudicar o adquirente, viciando o negócio jurídico e causando consequentemente a sua anulação ou a reparação de seus danos e perdas, cabendo ao juiz examinar o caso concreto para diferenciar o dolo considerando tolerável do grave. 
	Outra classificação considerável é a disparidade entre Dolo comissivo (positivo) e Dolo omissivo (negativo). O primeiro é a ação dolosa em si, a segunda é o silêncio mal intencionado que vicia a manifestação de vontade da parte interessada, com isso o art. 147 diz: “Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado”. Isto significa que o legislador equiparou tanto a ação em si quando a própria omissão, podendo esta ser anulada.
	O dolo pode envolver uma terceira pessoa e em relação a isso temos a classificação do Dolo a outro contratante e dolo de terceiro. O art. 148 traz em seu texto a seguinte explicação: “Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.” De forma mais clara o que se entende é se o quem foi beneficiado pela malicia do terceiro, tinha conhecimento e não informou outra parte, torna-se cumplice deste, tornando-se anulável quando a parte lesada prova que o beneficiário concordou com o terceiro na astucia. Senão houve esse conhecimento e manteve a boa-fé o lesado poderá reclamar perdas e danos do terceiro que lhe causou prejuízo, já que este provocou um ato ilícito.
	 O dolo também se aplica no âmbito relacionado aos representantes, podendo ser legais ou convencionais. Este não se confunde com um terceiro, pois é a apresentação do representado. Tal assunto é discorrido pelo art.149, com o seguinte texto: “O dolo do representante legal de uma das parte só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve, se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos”. Os representantes legais são aqueles que a lei impõe, isto é, tutor, curador e o pai no exercício do pátrio poder, seus representados não serão atingidos pelas consequências pois estes nem sequer possuíam capacidade para fiscalizar suas condutas de má fé. Os representantes convencionais são aqueles nomeados por uma pessoa para que os represente na esfera civil, se o mandante não fez boa escolha de seu mandatário e este provocou dolo em terceiros, o mandante se responsabilizara pelos danos e por esse será reparado.
	Porém há situações onde as partes agem com dolo concomitantemente, a esse fato se dá o nome de dolo bilateral, neste caso nenhuma das partes podem apelar para anulação ou recorrer para indenização, é o que faz menção o art. 150: “Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alega-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização”. O que difere do dolo unilateral, aquele praticado por uma das partes somente.
	E para finalizar a esfera do dolo, tem-se o dolo de aproveitamento, aquele provocado quando há a necessidade ou inexperiência do contratante, no qual a outra parte tira vantagem da situação para obter lucro exagerado. 
COAÇÃO
A coação é o vício mais maligno e sério entre todos os outros, pois ele surge do temor causado ao agente causando uma manifestação de vontade basicamente forçada na realização do negócio jurídico. Se subdivide em duas partes de espécies: absoluta (vis absoluta) e relativa (vis compulsiva), principal e acidental. Aquele aponta a forma que a coação é realizada, se for com a utilização da força física, impossibilitando qualquer forma de manifestação essa será nomeada de absoluta, enquanto a coação psicológica, que dá uma margem de escolha para que o agente decida correr o risco ou não dá-se o nome de relativa. A primeira não há que se dizer em negócio jurídico, pois esse não cumpriu com o plano da existência no qual adverte a declaração de vontade, portanto ele é nulo. Já o segundo caso ocorreu um vício de consentimento sendo assim tornará o ato anulável.
Seguindo, tem-se a coação principal que é a causa determinante do negócio e a coação acidental na qual o negócio se realizaria da mesma forma, porém em condição em desfavor da vítima. No primeiro caso caberá ação anulatória, já no segundo ressarcimento do prejuízo. 
No art. 151 encontram os requisitos para que valide a situação de coação, seu texto declara o seguinte: “ A coação, para viciar a declaração de vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.” Parágrafo único: “ Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houver coação.” 
Em relação a esse artigo pode-se comentar de forma mais explicativa alguns assuntos que englobam: a causa determinante, a gravidade, a injustiça, o dano atual ou iminente e o prejuízo à pessoa ou a bens da vítima ou de sua família. Em relação a causa determinante, isso denota que o negócio só foi realizado por aquela determinada ameaça ou violência, sem isso não teria sido concretizado o ato. A gravidade é sinalizada de forma com que o temor causado na pessoa pela coação a fez realizar o negócio, segue então o critério concreto, no qual levar-se-á em conta o que se constata no art.152. “No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.” O art. 153. “Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.” Nele depara-se situações onde não se encaixam o ato de coação, quando existe o mero receio de desgostar os pais ou superiores hierárquicos por exemplo e o próprio exercício do direito como exemplo, intimidação da mulher a um homem para que ele pague a pensão alimentícia de seu filho, alegando que entrará na justiça caso ele não cumpra suafunção. Considera-se da mesma forma que a coação deve ser vista de forma ilícita, contrária ao direito e abusiva, dizer respeito a dano atual ou iminente, no caso a vítima não possui tempo e nem saída da situação. E como último requisito ao quem ou ao que se abrange a coação, podendo ser a pessoa ou aos bens, tanto da vítima, como a sua família. Entende-se hoje entretanto que família não é somente o núcleo conservador dado pelo casamento, mas também a união estável, os diversos graus de parentesco, parentes afins, e pessoas ligadas por afinidade.
Quando relacionado a coação a terceiros, dois artigos fazem alusão desse assunto, art. 154 e 155, com os respectivos textos – art.154. “Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.” Art. 155. “ Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro sem que a parte que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.” 
No art. 154 tem-se a anulação do negócio pois este foi viciado, quando ocorre o conhecimento da parte que se beneficiou, tornando-se cumplice. *********
Em caso de negócio jurídico unilateral, há só de se falar em anulação, já que não existem “partes”, mas somente o agente e o terceiro que afetou a manifestação de vontade. 
ESTADO DE PERIGO
	É o estado no qual a pessoa se sente pressionada pela necessidade de salvar seu próprio indivíduo ou pessoa de sua família de um dano grave, consequentemente conhecido pelo mal feitor, de modo que assume um compromisso excessivamente oneroso. O Código Civil no art.156 e no seu parágrafo único apontam: “Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.” P.U: “Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.” Exemplo: mão que promete a casa para quem lhe venha salvar a filha.
	Como o atual código contempla a boa-fé e probidade e traz nos arts. 421 e 422 a respeito da função social do contrato, conclui-se a anulabilidade do negócio jurídico quando celebrado em razão de estado de perigo. (art. 421. “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.” – art.422. “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”). 
	A matéria contemplada pelo estado de perigo pode se confundir com outros institutos jurídicos, por terem similaridade, a lesão, o estado de necessidade e a coação, podem haver semelhança, porém há pontos chaves que os diferem. Tais disparidades podem ser encontradas no Anexo deste Trabalho.
	Como os demais vícios até agora apresentados, o estado de perigo também é constituído de elementos que o valida como vício – elementos estruturais. A própria situação de necessidade, dano atual e grave, não dando margem a escolhas, pelo falo das consequências temidas decorrerem inevitavelmente e claro sobre a gravidade do dano que poderia ser causado. Necessita também de um nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano, este portanto precisa ser causa ou motivo determinante para que afete a manifestação de vontade, o perigo entretanto não precisa ser concreto, a pessoa que se sente no risco pode somente supor sua existência e que isso faça transgredir o negócio tornando-se desvantajoso.
	Sobre a materialidade do dano, este pode ser físico ou moral, contra a integridade física do agente, à sua honra e à sua liberdade, sendo os objetos portanto o próprio agente assim como outros personagens dispostos no código. 
	Como o código atual louva boa-fé e probidade, o negócio jurídico somente será anulável caso a outra parte tivesse conhecimento da situação e a partir dessa agiu de forma maldosa para obtenção de vantagens. Caso a parte não tenha agido de forma maldosa, e agiu conforme o que a lei contempla, este negócio não será anulável, cabendo então a redução de excesso previsto na proposta onerosa. E como consequência essa redução somente se dá pelo fato de o negócio haver um desequilíbrio contratual exorbitante, caso seja razoável será considerado normal e válido.
LESÃO
	A lesão passa a ser novamente parte do ordenamento jurídico com o Código Civil de 2002, sendo caracterizado como vício de consentimento e abordado no art.157 mensurando:
“Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
Parágrafo primeiro: Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. 
Parágrafo segundo: Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.”
De forma sucinta é o prejuízo resultado da assimetria entre as prestações de um contrato no momento de sua celebração, na situação de necessidade ou inexperiência de uma das partes. Assim como o estado de perigo a lesão também se assemelha a outros vícios, comentários estão no anexo deste trabalho. Mas o que diferencia de forma explicita dos outros é que seu desequilíbrio contratual nasce na fase de formação do negócio e da onerosidade excessiva. 
Também é necessário uma significativa taxa ou grau de correspondência, isto é, a desproporção presente nas prestações contratuais seja grande, de forma a surtir então o vício. Dividida entre duas espécies, encontra-se a usurária ou real, quando além da necessidade ou inexperiência do lesionado seja acompanhado de dolo de aproveitamento da outra parte, forma exigida por lei. A segunda denominada de lesão, lesão especial ou lesão enorme, quando ao invés de ocorrer o dolo de aproveitamento ocorre a má-fé ou ilicitude da parte beneficiada. 
Os elementos que integram a lesão, são dois: o objetivo e o subjetivo. O elemento objetivo diz respeito a desproporção das prestações, prestações nas quais podem ser vinculadas a uma taxação prevista em lei para indicar quantitativamente se houve lesão ou não, também por avaliação do juiz no caso concreto. Como citado anteriormente, o diferencial da lesão é o momento em que ela é verificada, desde a sua formação, portanto o momento para ser avaliada é justamente na celebração do negócio.
O elemento subjetivo advem da discrepância entre as partes, pelo fato de uma das partes agir por necessidade ou inexperiência. Inexperiência essa relacionada a falta de conhecimento relativos à natureza do negócio celebrado. 
Como todo vício de consentimento, a lesão causa a anulabilidade do contrato, ressalvando a possibilidade, pelo princípio da conservação dos contratos, a conservação caso tiver suplemento suficiente ou se a parte beneficiada concordar com a redução do proveito. 
FRAUDE CONTRA CREDORES
	Considerada vício social, a fraude contra credores advém de vontade manifestada de desejo malicioso a fim de prejudicar um terceiro, ou seja, os credores. São atos que tentem a diminuir ou onerar o patrimônio, com intenção de reduzir ou eliminar as garantias de pagamentos de suas dívidas, sendo praticado por devedor insolvente ou que provocou tal situação para se chegar a insolvência. 
	Seus elementos são constituídos por forma subjetiva e forma objetiva. A forma subjetiva é analisada quando o credor conseguir provar a má-fé do terceiro adquirente, também chamado de conluio fraudulento ou de consilium fraudis, somente assim poderá invalidar a alienação. No art.159 entretanto cita: “Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.” Isto significa que o código civil presume a má-fé, porém pode ser que o adquirente não esteja acumpliciadocom o alienante para praticar o vício, basta-se provar a ciência da sua situação de insolvência. Em relação a insolvência, esta pode se demonstrar por diversos atos, como exemplo a existência de títulos de credito protestados, caso não seja notória, pode o adquirente ter razoes para visualiza-la, como exemplo a compra de um bem por preço vil. O elemento objetivo (eventos damni) também pode ser escrito como prejuízo decorrente da insolvência. 
	 São passiveis de fraude as seguintes hipóteses trazidas pela lei: atos de transmissão gratuita de bens ou remissão de divida, atos de transmissão onerosa, pagamento antecipado de divida, concessão fraudulenta de garantias. 
	O art.158 prescreve – “Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de divida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido a insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.” Logo, o conluio fraudulento (consilium fraudis), não precisa ser provado pelos credores pois a lei presume já a vontade de se praticar a fraude. A remissão de dividas resulta também na anulabilidade. Os créditos que o devedor tem a receber de terceiros faz parte de seu patrimônio, caso ele perdoe a divida isso reduz proporcionalmente seu patrimônio, logo prejudicando a possibilidade do credor em cobrar sua divida, por isso tem-se o interesse em invalidar a liberalidade do devedor. 
	O Art.159 traz em seu texto – “Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.” Preconiza portanto o conhecimento da situação de insolvência pelo terceiro adquirente (consilium fraudis), sendo anulado todos contratos onerosos, mesmo quando houve contraprestação, tanto pelo conhecimento real, quanto pelo presumido. Lembrando que não existe conluio provando-se da ciência dessa situação pelo adquirente. A boa-fé fará o negocio valido, ignorando a insolvência do alienante. 
	O art.162 menciona – “O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da divida ainda não vencida, ficara obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que já recebeu.” Primeiro caracteriza-se o que é o credor quirografário, este é aquele que seu credito é dependente de um documento ou titulo, sua única garantia é o patrimônio geral do devedor; o credor quirografário se distingue do credor privilegiado pois esse possui garantia especial. A lei preconiza a igualdade, em que todos os credores possam receber de forma proporcional. Caso a divida estiver vencida, o devedor terá mais que obrigação de pagar, sendo considerada válida e norma. Mas se o devedor paga antecipadamente o credor no qual ainda não venceu a sua divida, presume intuito fraudulento, levando o devedor a repor o proveito e reinstaurar o concurso de credores. Portanto o credor privilegiado continuara com sua carantia especial sendo o titular.
	O art.163 expoe as seguinte diretriz – “Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dividas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.” A situação de posição privilegiada é situada pela constituição de garantia, assim prejudicando os demais credores, essa desigualdade é evitada pelo cunho fraudulento que traz esse procedimento do devedor. Sendo todos portanto colocados a um mesmo patamar, de credor quirografário. 
	A ação que anula o negócio jurídico por fraude contra credores leva o nome de ação revocatória ou ação pauliana. Esta possui natureza desconstitutiva, quando julgada procedente gera a anulabilidade fazendo que o bem volte ao patrimônio do devedor. O negocio feito com o determinado credor sera ineficaz, mas continuara valido entre os contratantes – executado-alienante e o terceiro adquirente. A legitimidade ativa da ação pode ser dada pelas seguintes pessoas: credores quirografários, pois a única garantia é o patrimônio geral do devedor, e os credores que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta, quem se tornou credor após o deterioramento do patrimônio não pode reclamar. E a legitimidade passiva da ação pauliana deverá ser intentada pelas seguintes partes: devedor insolvente, o adquirente e os terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. Observa-se que quando o credor não informar o devedor ou o adquirente, por meio de oficio o juiz ordenará a integração da lide, pois é nulo o processo no qual o litisconsorte necessário não foi enunciado.
	Há uma hipótese que evita a anulação do negocio quando se exclui a presunção de má-fé, o adquirente faz o deposito do preço ao valor de mercado da coisa evitando que haja fraude, validando a boa-fé do adquirente já que não acarretaria benefícios em detrimento dos credores. Logo não haverá fraude, pois não diminuirá o patrimônio. 
SIMULAÇÃO
	Tem-se como simulação o ato de declarar a vontade de forma enganosa, falsificando assim a aparência em relação a realidade, a fim de prejudicar terceiros ou fraudar a lei. Como não há a presença de uma manifestação de vontade viciada, não há que se dizer em vicio de consentimento, mas sim acarretando-se em um vício social.
	Algumas características que definem esse vício é que em regra, esse negócio jurídico a ser realizado é bilateral, contando com o combinado de duas partes com a finalidade de prejudicar uma terceira, mas pode-se encontrar também formas unilaterais, nas quais o declarante e a pessoa que sofrerá as consequências haja a presença de ajuste simulatório. A vítima é uma pessoa estranha às duas partes compactuadas a simular. É portanto a realidade maquiada com o intuito de prejudicar terceiros e fraudar a lei. 
	Como espécies, é abordada em primeiro a simulação absoluta, na qual as partes fingem que houve um negócio jurídico de fato, porém foi mera fantasia – o que foi querido foi justamente a não produção de resultado. Subsequente tem-se a relativa, para que se tenha o verdadeiro propósito, as partes realizam um negócio jurídico para que se mascare a verdadeira intenção. Logo é constituído de dois negócios: o simulado, no qual se destina a enganar e o dissimulado, o que fica ocultado, mas é o querido. Há doutrinas que também trazem uma terceira espécie, simulação ad personam, existência de interposição de pessoa, o vulgo laranja.
	No atual código civil, seja absoluta ou relativa, a simulação acarreta a nulidade do negócio jurídico. No art.167. enuncia: “ É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se valido for na substância e na forma”. E como já citado anteriormente, o novo código preza a boa-fé e probidade logo no parágrafo segundo continua “Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contratantes do negócio jurídico simulado”. Como ocasiona a nulidade, esta deve ser decretada de ofício pelo juiz quando comprovada, o dispositivo – art.168 e seu paragrafo único declaram: “As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo ministério publico, quando lhe couber intervir; As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negocio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitindo supri-las, ainda que a requerimento das partes.”.
Os paragrafo primeiro do art.167 apontam as hipóteses legais de simulação: “ Hávera simulação dos negócios jurídicos quando: 
I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; 
II – contiverem declaração, confissão, condição, ou clausula não verdadeira;
III – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.”
Respectivamente profere sobre o laranja (interposição de pessoa), ocultação da verdade e falsidade de data.

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