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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito do Consumidor Professor: Murilo Sechiere Aulas: 02 | Data: 23/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO 1. Consumidor 2. Fornecedor 3. Produto 4. Serviço POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO 1. Objetivos 2. Instrumentos 3. Princípios da relação de consumo ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO 1. Consumidor (visto na aula anterior) 2. Fornecedor (art. 3º, “caput” do CDC) É toda pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, pública ou privada, bem como os entes despersonalizados que desenvolva atividade de criação, transformação, montagem, produção, construção, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Para que se considere a atividade de fornecimento é necessário o preenchimento de dois requisitos: a) Habitualidade: Que não se trate de ato único ou eventual (Ex.: Venda particular de veículo). b) Profissionalismo: Que se trate do exercício de uma atividade econômica organizada. É irrelevante o fato de se tratar de entidade sem fins lucrativos, beneficente, ou filantrópica; o que importa é que exerça atividade remunerada no mercado de consumo, para ser considerado fornecedor. O poder público só será considerado fornecedor quando a remuneração dos serviços por ele prestados, direta ou indiretamente, forem remunerados por tarifa ou preço público. Ex.: Transporte público, energia elétrica, água, gás, serviços rodoviários; Não se aplica o CDC quando se trata de serviço público remunerado indiretamente através de tributos (Ex.: Saúde pública, segurança, educação). o Teoria do fornecedor por equiparação ou equiparado O intermediário na relação de consumo que assume a posição de auxilio em relação ao fornecedor e nessa qualidade atua frente ao consumidor; embora entre eles não haja propriamente contrato, há contado que poderia caracterizar a qualidade de fornecedor. Ex.: Entidades que mantem cadastro de consumo; Estipulante em Página 2 de 4 contrato de seguro de vida em grupo (empregador que assegura os empregados); Empresa de cobrança de dívidas; Sites que hospedam empresas de venda online; Canais de mídia e agências de publicidade em relação aos anúncios que são veiculados (sobre canais de mídia e agências de publicidade ainda é uma corrente minoritária). 3. Produto (art. 3º, §1º, CDC) Qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial (tal como aplicativos de celular; jogos de futebol; teatro). A amostra grátis também é considerada como produto para o CDC. Os produtos ainda podem ser: a) Duráveis Aqueles que não se extinguem pelo simples uso. O prazo decadencial para a reclamação de vícios é de 90 dias. b) Não duráveis Aqueles que se extinguem ou vão se extinguindo com o uso (Ex.: Bebidas, alimentos, sabonete). O prazo decadencial para a reclamação de vícios é de 30 dias. 4. Serviço (art. 3º, §2º, CDC) É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração (seja direta ou indireta), inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito ou securitária, salvo as decorrentes das relações de trabalho. Aplica-se o CDC: a) Às instituições financeiras (bancos), Súmula 297 STJ. STJ, 297. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras b) Às instituições de previdência privada e seus participantes, seja a entidade aberta ou fechada (Súmula 321 STJ). STJ, 321. Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes c) Aos planos de saúde (Súmula 469, STJ). STJ, 469. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde. d) Atividade notarial (ainda não há Súmula, mas já é entendimento do STJ). Página 3 de 4 Não se aplica o CDC: a) Nas relações entre condomínio e condômino. Aqui se aplicam as regras do Código Civil. b) Nas locações prediais urbanas (mas se aplica aos contratos de administração imobiliária e também as locações que não sejam de imóveis). c) Nas relações entre advogados e clientes. Por duas razões: 1º) Nesse caso são aplicáveis as regras do Estatuto da OAB e; 2º) Não se trata de atividade oferecida no mercado de consumo (Ex.: o Estatuto da OAB veda a publicidade). d) Clubes associativos. e) Contratos de financiamento estudantil ou crédito educacional. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO 1. Objetivos (art. 4º, “caput”, CDC) A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo. 2. Instrumentos (art. 5º, CDC) Os instrumentos são: Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. 3. Princípios da relação de consumo (mais importante) (incisos do art. 4º do CDC) Princípio do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo – Aspectos da Vulnerabilidade Basta que o consumidor ser vulnerável em um dos aspectos: a) Vulnerabilidade fática ou de fato Decorre da dependência que o consumidor tem dos fornecedores (Ex.: Não é possível fazer um celular em casa). Página 4 de 4 b) Vulnerabilidade técnica É o desconhecimento sobre os métodos ou técnicas de produção (Ex.: Levar o carro para concertar na oficina mecânica). c) Vulnerabilidade jurídica ou cientifica Decorre do desconhecimento, da ignorância do consumidor sobre seus direitos. d) Vulnerabilidade informacional (mais moderno) Decorre da carência por parte do consumidor de todas as informações relativas aos produtos ou serviços. Obs.: Em relação ao consumidor pessoa física não profissional, a vulnerabilidade é presumida de forma absoluta; Em relação ao consumidor profissional e as pessoas jurídicas consumidoras a vulnerabilidade deve ser demonstrada no caso concreto. – Hipervulneráveis Certos grupos de consumidores são considerados como merecedores de maior proteção em razão de sua hipervulnerabilidade, tal como crianças, idosos, doentes e etc.. Vulnerabilidade é sinônimo de hipossuficiência? Vulnerabilidade é presumida, material e que justifica a proteção contratual do consumidor, não se confunde com hipossuficiência que é processual, deve ser demonstrada (não se presume) e que autoriza ao juiz inverter o ônus da prova em favor do consumidor (art. 6º, VIII do CDC). Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; . Hipossuficiência Trata-se de hipossuficiência probatória, ou seja, quando para aquele consumidor a produção daquela prova for impossível ou muito difícil e o juiz perceber que é mais fácil que o fornecedorfaça prova em contrário – O consumidor não tem meios de provar. Ex1: Ação com pedido de indenização contra empresa área por ter sido ofendido na frente de todos os colegas de trabalho – não há hipossuficiência, pois os colegas de trabalho podem realizar a prova (testemunhas). Ex2: Atendimento pelo telefone de prestadoras de sinal de TV acabo – há hipossuficiência, pois o consumidor não grava as suas ligações.
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