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QUESTOES COMENTADAS II FASE FGV DIREITO PENAL

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DIREITO PENAL
APOSTILA DE TESTES
WWW.PROVASDAOAB.COM.BR
Instruções:
A presente apostila é composta de questões práticas de Direito Penal extraídas dos 
Exames Unificados aplicados pela Organizadora FGV com suas respectivas respostas. 
Sugerimos que tente respondê-las sem a consulta aos gabaritos, servindo estes 
apenas para conferência e correção. Confira as respostas e revise as questões que por 
ventura você tenha errado, pois esta é uma ótima maneira de aprender e fixar os 
conteúdos estudados.
Bons Estudos e Boa prova!
Equipe ProvasdaOab.com.br
DIREITO PENAL 
QUESTÕES DE SEGUNDA FASE 
EXAME UNIFICADO
CAPÍTULO 1
1
QUESTÃO 1
Maria, jovem extremamente possessiva, comparece ao local em que Jorge, seu 
namorado, exerce o cargo de auxiliar administrativo e abre uma carta lacrada que 
havia sobre a mesa do rapaz. Ao ler o conteúdo, descobre que Jorge se apropriara de R
$ 4.000,00 (quatro mil reais), que recebera da empresa em que trabalhava para 
efetuar um pagamento, mas utilizara tal quantia para comprar uma joia para uma 
moça chamada Júlia. Absolutamente transtornada, Maria entrega a correspondência 
aos patrões de Jorge. Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, 
empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente 
ao caso.
a) Jorge praticou crime? Em caso positivo, qual(is)? (Valor: 0,35)
b) Se o Ministério Público oferecesse denúncia com base exclusivamente na 
correspondência aberta por Maria, o que você, na qualidade de advogado de Jorge, 
alegaria? (Valor: 0,9)
RESPOSTAS
A) Sim. Ao se apropriar da quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) 
que recebera da empresa em que trabalhava para efetuar um pagamento, 
Jorge praticou o crime de apropriação indébita, previsto no art. 168 do 
Código Penal (apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a 
detenção. Pena: reclusão, de 01 a quatro anos, e multa), acrescido da 
causa especial de aumento prevista no art. 168, §1o, inciso III, do mesmo 
diploma legal (A pena é aumentada de 1/3 se o agente recebeu a coisa: (...) 
III – em razão de ofício, emprego ou profissão).
B) O candidato deveria responder que, na hipótese traçada, alegaria 
falta de justa causa para a instauração da ação penal, pois a Denúncia 
IV EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 2
2
oferecida pelo Ministério Público veio lastreada, exclusivamente, em 
prova ilícita, porquanto obtida mediante violação ao sigilo de 
correspondência (art. 5o, XII, da CF). Tanto no plano constitucional (art. 
5o, LVI), quanto no plano legal (art. 157, CPP) a prova ilícita é considerada 
inadmissível, devendo ser expurgada dos autos, após o incidente de 
inutilização (art. 157, §3o, CPP). Assim, a Defesa deveria pleitear a 
rejeição liminar da Denúncia, com base no art. 395, III, do Código de 
Processo Penal (falta de justa causa), uma vez que, excluída a prova 
ilicitamente obtida, inexistiria suporte probatório mínimo a autorizar a 
instauração de ação penal em desfavor de Jorge.
QUESTÃO 2
Caio é denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio 
qualificado por motivo fútil. De acordo com a inicial, em razão de rivalidade 
futebolística, Caio teria esfaqueado Mévio quarenta e três vezes, causando-lhe o óbito. 
Pronunciado na forma da denúncia, Caio recorreu com o objetivo de ser 
impronunciado, vindo o Tribunal de Justiça da localidade a manter a pronúncia, mas 
excluindo a qualificadora, ao argumento de que Mévio seria arruaceiro e, portanto, a 
motivação não poderia ser considerada fútil. No julgamento em plenário, ocasião em 
que Caio confessou a prática do crime, a defesa lê para os jurados a decisão proferida 
pelo Tribunal de Justiça no que se refere à caracterização de Mévio como arruaceiro. 
Respondendo aos quesitos, o Conselho de Sentença absolve Caio.
Sabendo-se que o Ministério Público não recorreu da sentença, responda aos 
itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação 
legal pertinente ao caso.
a) A esposa de Mévio poderia buscar a impugnação da decisão proferida pelo 
Conselho de Sentença? Em caso positivo, de que forma e com base em que 
fundamento? (Valor: 0,65)
b) Caso o Ministério Público tivesse interposto recurso de apelação com 
fundamento exclusivo no artigo 593, III, “d”, do Código de Processo Penal, poderia o 
3
Tribunal de Justiça declarar a nulidade do julgamento por reconhecer a existência de 
nulidade processual? (Valor: 0,6)
RESPOSTAS
 A) Sim, pois de acordo com o art. 598 do Código de Processo 
Penal, “Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz 
singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério 
Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas 
no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente de acusação, 
poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.” 
Dispõe o parágrafo único do referido artigo que “O prazo para 
interposição desse recurso Serpa de 15 (quinze) dias e correrá do dia em 
que terminar o do Ministério Público.” Esclarece-se que o art. 31 do CPP, 
ao que se reporta o texto da norma acima transcrita, elenca o “cônjuge, 
ascendente, descendente e irmão” como habilitados a intentar Queixa-
Crime ou prosseguir na ação. Confirmada a legitimidade da esposa da 
vítima, convém ressaltar que o recurso a ser por ela interposto deveria se 
fundamentar no art. 593, III, “a” e “d”, pois houve nulidade decorrente da 
leitura, em plenário, do acórdão que manteve a decisão de pronúncia e 
excluiu a qualificadora, o que é expressamente vedado pelo art. 478, I, do 
CPP, além do que o veredicto dos jurados (absolvição) divergiu da prova 
dos autos, notadamente da própria confissão de Caio. 
 B) Não. Se o recurso do Ministério Público foi fundamentado 
apenas no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente contrária à 
prova dos autos), não pode o Tribunal declarar, 
de ofício, a nulidade do julgamento com base no art. 593, III, 
“a” (nulidade posterior à pronúncia). É o que se encontra pacificado na 
Súmula 160 do STF: “É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o 
réu, nulidade não argüida no recurso da acusação, ressalvados os casos de 
recurso de ofício.” Desse modo, não havendo menção acerca da referida 
nulidade no recurso interposto pelo Ministério Público, fica o Tribunal 
impedido de reconhecê-la.
4
QUESTÃO 3
Na cidade de Arsenal, no Estado Z, residiam os deputados federais Armênio e 
Justino. Ambos objetivavam matar Frederico, rico empresário que possuía valiosas 
informações contra eles. Frederico morava na cidade de Tirol, no Estado K, mas seus 
familiares viviam em Arsenal. Sabendo que Frederico estava visitando a família, 
Armênio e Justino decidiram colocar em prática o plano de matá-lo. Para tanto, 
seguiram Frederico quando este saía da casa de seus parentes e, utilizando-se do 
veículo em que estavam, bloquearam a passagem de Frederico, de modo que a 
caminhonete deste não mais conseguia transitar. Ato contínuo, Armênio e Justino 
desceram do automóvel. Armênio imobilizou Frederico e Justino desferiu tiros contra 
ele, Frederico. Os algozes deixaram rapidamente o local, razão pela qual não puderam 
perceber que Frederico ainda estava vivo, tendo conseguido salvar-se após socorro 
prestado por um passante. Tudo foi noticiado à polícia, que instaurou o respectivo 
inquérito policial. No curso do inquérito, os mandatos de Armênio e Justino chegaram 
ao fim, e eles não conseguiram se reeleger. O Ministério Público, por sua vez, munido 
dos elementos de informação colhidos na fase inquisitiva, ofereceu denúncia contra 
Armênio e Justino, por tentativa de homicídio, ao Tribunal do Júri da Justiça Federal 
com jurisdição na comarca onde se deram os fatos, já que, à época, os agentes eram 
deputados federais. Recebida a denúncia, as defesasde Armênio e Justino mostraram-
se conflitantes. Já na fase instrutória, Frederico teve seu depoimento requerido. A 
vítima foi ouvida por meio de carta precatória em Tirol. Na respectiva audiência, os 
advogados de Armênio e Justino não compareceram, de modo que juízo deprecado 
nomeou um único advogado para ambos os réus. O juízo deprecante, ao final, emitiu 
decreto condenatório em face de Armênio e Justino. Armênio, descontente com o 
patrono que o representava, destituiu-o e nomeou você como novo advogado.
Com base no cenário acima, indique duas nulidades que podem ser arguidas em 
favor de Armênio. Justifique com base no CPP e na CRFB. (Valor: 1,25)
RESPOSTA
Três nulidades resultam evidentes diante do que fora narrado na 
questão. A primeira delas encontra-se prevista no art. 564, I, CPP e diz 
respeito à incompetência absoluta do Tribunal do Júri da Justiça Federal, 
uma vez que o fato dos réus serem, à época do crime, deputados federais 
não importa na fixação da Justiça Federal como sendo a competente para 
5
o julgamento. A competência da Justiça Federal encontra-se inscrita, de 
maneira taxativa, no art. 109 da CF e não há, no caso narrado, nenhuma 
das hipóteses nele previstas. O Juízo competente para julgar os réus, ex-
deputados federais, seria o Tribunal do Júri da Comarca onde se 
consumou o crime, órgão da Justiça Estadual.
Como consequência dessa primeira nulidade, poder-se-ia alegar 
também que o julgamento não respeitou o princípio do juiz natural (art. 
5o, LIII, da CF), sendo, por isso, absolutamente nulo.
A terceira nulidade decorre do fato do depoimento da vítima ter sido 
colhido em audiência na qual fora nomeado apenas um advogado para 
efetuar a defesa de ambos os réus, mesmo havendo defesas conflitantes 
entre eles. Tal modo de proceder por parte do Juízo Deprecado ofende o 
princípio da ampla defesa, de matriz constitucional, e configura a 
nulidade prevista no art. 564, IV, do CPP.
QUESTÃO 4
João e Maria, casados desde 2007, estavam passando por uma intensa crise 
conjugal. João, visando tornar insuportável a vida em comum, começou a praticar atos 
para causar dano emocional a Maria, no intuito de ter uma partilha mais favorável. 
Para tanto, passou a realizar procedimentos de manipulação, de humilhação e de 
ridicularização de sua esposa. Diante disso, Maria procurou as autoridades policiais e 
registrou ocorrência em face dos transtornos causados por seu marido. Passados 
alguns meses, Maria e João chegam a um entendimento e percebem que foram feitos 
um para o outro, como um casal perfeito. Maria decidiu, então, renunciar à 
representação.
Nesse sentido e com base na legislação pátria, responda fundamentadamente:
a) Pode haver renúncia (retratação) à representação durante a fase policial, antes 
de o procedimento ser levado a juízo? (0,65)
b) Pode haver aplicação de pena consistente em prestação pecuniária? (0,6)
6
RESPOSTAS
A) Não. Observe-se que a hipótese narrada na questão envolve 
violência doméstica praticada contra a mulher, nos termos do art. 7o , II, 
da Lei 11.340/2006, que assim dispõe: “São formas de violência doméstica 
e familiar contra a mulher, entre outras: (...) II - a violência psicológica, 
entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e 
diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à 
saúde psicológica e à autodeterminação;”.
De acordo com o art. 16 da Lei 11.340/2006: “Nas ações penais 
públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, 
só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da 
denúncia e ouvido o Ministério Público.” Em sendo assim, não pode haver 
a renúncia (ou a retratação, que tem o mesmo efeito) na instância 
inquisitorial, devendo o procedimento ser levado a Juízo para a 
designação da referida audiência.
B) Não. O art. 17 da Lei 11.340/2006 proíbe expressamente a fixação 
de pena de prestação pecuniária para os delitos que envolvem violência 
doméstica e familiar contra a mulher, vedando, também, a aplicação a 
substituição da pena que importe pagamento isolado de multa.
7
QUESTÃO 1
Antônio, pai de um jovem hipossuficiente preso em flagrante delito, recebe de 
um serventuário do Poder Judiciário Estadual a informação de que Jorge, defensor 
público criminal com atribuição para representar o seu filho, solicitara a quantia de 
dois mil reais para defendê-lo adequadamente. Indignado, Antônio, sem averiguar a 
fundo a informação, mas confiando na palavra do serventuário, escreve um texto 
reproduzindo a acusação e o entrega ao juiz titular da vara criminal em que Jorge 
funciona como defensor público. Ao tomar conhecimento do ocorrido, Jorge 
apresenta uma gravação em vídeo da entrevista que fizera com o filho de Antônio, na 
qual fica evidenciado que jamais solicitara qualquer quantia para defendê-lo, e 
representa criminalmente pelo fato. O Ministério Público oferece denúncia perante o 
Juizado Especial Criminal, atribuindo a Antônio o cometimento do crime de calúnia, 
praticado contra funcionário público em razão de suas funções, nada mencionando 
acerca dos benefícios previstos na Lei 9.099/95. Designada Audiência de Instrução e 
Julgamento, recebida a denúncia, ouvidas as testemunhas, interrogado o réu e 
apresentadas as alegações orais pelo Ministério Público, na qual pugnou pela 
condenação na forma da inicial, o magistrado concede a palavra a Vossa Senhoria para 
apresentar alegações finais orais. Em relação à situação acima, responda aos itens a 
seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso.
a) O Juizado Especial Criminal é competente para apreciar o fato em tela? 
(Valor: 0,30)
b) Antônio faz jus a algum benefício da Lei 9.099/95? Em caso afirmativo, 
qual(is)? (Valor: 0,30)
c) Antônio praticou crime? Em caso afirmativo, qual? Em caso negativo, por que 
razão? (Valor: 0,65)
V EXAME UNIFICADO DA 
ORDEM
CAPÍTULO 3
8
RESPOSTAS
A) Não. Os Juizados Especiais Criminais têm competência para 
processar e julgar as chamadas infrações de menor potencial ofensivo, 
que são aquelas com pena máxima prevista in abstrato de até 02 (dois) 
anos (art. 61 da Lei 9.099/95). A pena máxima para o delito de calúnia 
(dois anos de reclusão) é aumentada em 1/3 (um terço) quando é 
praticado contra é funcionário público em razão de suas funções (art. 141, 
II, do CP), o que leva a pena para um patamar superior aos dois anos 
estabelecidos como limite para a competência dos Juizados.
B) Sim. Caso preencha também os requisitos subjetivos, Antônio fará 
jus à suspensão condicional do processo, prevista no art. 89o da Lei 
9.099/95, pois a infração cuja autoria lhe é atribuída tem pena mínima 
não superior a 01 (um) ano.
C) Não, pois faltou dolo à sua conduta. Observa-se, no caso descrito, 
que Antônio foi imprudente ao levar adiante a notícia da prática de crime 
por parte do Defensor Pública sem ao menos se certificar da procedência 
de tal acusação. Todavia, não existe calúnia culposa e não pode Antônio 
ser punido criminalmente a esse título.
QUESTÃO 2
Joaquina, ao chegar à casa de sua filha, Esmeralda, deparou-se com seu genro, 
Adaílton, mantendo relações sexuais com sua neta, a menor F.M., de 12 anos de idade, 
fato ocorrido no dia 2 de janeiro de 2011. Transtornada com a situação, Joaquina foi à 
delegacia de polícia, onde registrou ocorrência do fato criminoso. Ao término do 
Inquérito Policialinstaurado para apurar os fatos narrados, descobriu-se que Adaílton 
vinha mantendo relações sexuais com a referida menor desde novembro de 2010. 
Apurou-se, ainda, que Esmeralda, mãe de F.M., sabia de toda a situação e, apesar de 
ficar enojada, não comunicava o fato à polícia com receio de perder o marido que 
muito amava. Na condição de advogado(a) consultado(a) por Joaquina, avó da menor, 
responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Adaílton praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,3) b) Esmeralda 
praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,5)
9
c) Considerando que o Inquérito Policial já foi finalizado, deve a avó da menor 
oferecer queixa- crime? (Valor: 0,45)
RESPOSTAS
A) Sim. Adailton praticou o delito de estupro de vulnerável, previsto 
no art. 217-A do Código Penal Brasileiro, que pune com pena de reclusão 
de 08 (oito) a 15 (quinze) anos aquele que mantém conjunção carnal ou 
pratica outro ato libidinoso com menor de quatorze anos de idade.
B) Sim. Esmeralda também praticou o crime de estupro de 
vulnerável, pois, na condição de mãe da vítima, atua como garante (art. 
13, §2o, “a”, do CP) e tem o dever de impedir o resultado, tornando-se 
responsável por ele quando pode agir para evitá-lo e não o faz.
C) Não. De acordo com o art. 225, parágrafo único, do Código Penal 
Brasileiro, a ação é pública incondicionada nos casos em que a vítima é 
menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. Em sendo assim, quem 
deverá propor a Denúncia é o Ministério Público, podendo a avó da vítima 
propor Queixa-Crime subsidiária apenas se, ultrapassado o prazo para a 
Denúncia (15 dias se o réu estiver solto e cinco dias se o réu estiver), o 
Ministério Público se mantiver inerte.
QUESTÃO 3
Jaime, brasileiro, solteiro, nascido em 10/11/1982, praticou, no dia 30/11/2000, 
delito de furto qualificado pelo abuso de confiança (art. 155, parágrafo 4o, II, do CP). 
Devidamente denunciado e processado, Jaime foi condenado à pena de 4 (quatro) 
anos e 2 (dois) meses de reclusão. A sentença transitou definitivamente em julgado no 
dia 15/01/2002, e o término do cumprimento da pena se deu em 20/03/2006. No dia 
24/03/2006, Jaime subtraiu um aparelho de telefone celular que havia sido esquecido 
por Lara em cima do balcão de uma lanchonete. Todavia, sua conduta fora filmada 
pelas câmeras do estabelecimento, o que motivou o oferecimento de denúncia, por 
parte do Ministério Público, pela prática de furto simples (art. 155, caput, do CP). A 
denúncia foi recebida em 14/04/2006, e, em 18/10/2006, Jaime foi condenado à pena 
de 1 (um) ano de reclusão e 10 (dez) dias-multa. Foi fixado o regime inicial aberto para 
o cumprimento da pena privativa de liberdade, com sentença publicada no mesmo 
10
dia. Com base nos dados acima descritos, bem como atento às informações a seguir 
expostas, responda fundamentadamente:
a) Suponha que a acusação tenha se conformado com a sentença, tendo o 
trânsito em julgado para esta ocorrido em 24/10/2006. A defesa, por sua vez, interpôs 
apelação no prazo legal. Todavia, em virtude de sucessivas greves, adiamentos e até 
mesmo perda dos autos, até a data de 20/10/2010, o recurso da defesa não tinha sido 
julgado. Nesse sentido, o que você, como advogado, deve fazer? (Valor: 0,60)
b) A situação seria diferente se ambas as partes tivessem se conformado com o 
decreto condenatório, de modo que o trânsito em julgado definitivo teria ocorrido em 
24/10/2006, mas Jaime, temeroso de ficar mais uma vez preso, tivesse se evadido tão 
logo teve ciência do conteúdo da sentença, somente tendo sido capturado em 
25/10/2010? (Valor: 0,65)
RESPOSTA
A) Na hipótese apresentada, deve-se ingressar com uma petição 
dirigida ao Relator do recurso, suscitando a ocorrência da prescrição da 
pretensão punitiva estatal, na modalidade prescrição intercorrente (art. 
110, §1o, CPP), pois entre a data da publicação da sentença condenatória 
(18/10/2006) e a data estabelecida no enunciado (20/10/2010) já 
passaram mais de quatro anos sem que fosse julgado o recurso da Defesa, 
sendo certo que se a pena estabelecida na sentença foi de um ano, a 
prescrição punitiva estatal consuma-se em quatro anos, conforme fixado 
no art. 109, V, do Código Penal Brasileiro. Outra saída seria ingressar com 
Habeas Corpus, fundado no art. 648, VII, do CPP, objetivando, também, a 
declaração da extinção da punibilidade do réu em virtude da ocorrência 
da prescrição.
B) Sim. Se a condenação tivesse transitado em julgado no dia 
24/10/2006, o Estado teria, em princípio, quatro anos a partir dessa data 
para satisfazer sua pretensão executória (art. 109, V, do CP). Deve-se 
destacar, entretanto, que sendo Jaime reincidente, o prazo da prescrição 
executória é aumentado em 1/3 (um terço), nos termos do art. 112, I, do 
CP. Assim, o Estado teria 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses para 
capturar Jaime e sujeitá-lo ao cumprimento de sua pena. Como a
captura se deu no dia 25/10/2010, antes, portanto, do término do 
prazo de cinco anos e quatro meses, não há que se falar em prescrição.
11
QUESTÃO 4
João e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. 
No dia 19 de janeiro do corrente ano, o casal teve uma séria discussão, e Maria, 
nitidamente enciumada, investiu contra o carro de João, que já não se encontrava em 
bom estado de conservação, com três exercícios de IPVA inadimplentes, a saber: 
2008, 2009 e 2010. Além disso, Maria proferiu diversos insultos contra João no dia de 
sua festa de formatura, perante seu amigo Paulo, afirmando ser ele “covarde”, “corno” 
e “frouxo”. A requerimento de João, os fatos foram registrados perante a Delegacia 
Policial, onde a testemunha foi ouvida. João comparece ao seu escritório e contrata 
seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legais cabíveis. Você, 
como profissional diligente, após verificar não ter passado o prazo decadencial, 
interpõe Queixa-Crime ao juízo competente no dia 18/7/11. O magistrado ao qual foi 
distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando tratar-se de 
clara decadência, confundindo-se com relação à contagem do prazo legal. A decisão foi 
publicada dia 25 de julho de 2011. Com base somente nas informações acima, 
responda:
a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão? (0,30) 
b) Qual é o prazo para a interposição do recurso? (0,30)
c ) A q u e m d e v e s e r e n d e r e ç a d o o r e c u r s o ? ( 0 , 3 0 ) 

 d) Qual é a tese defendida? (0,35)
RESPOSTAS
A) Inicialmente, convém fixar que no caso retratado na questão tem-
se a tipificação dos delitos de dano simples (163, CP) e injúria (140, CP), 
cujas penas máximas, somadas, não ultrapassam o limite de dois anos, o 
que atrai a competência do Juizado Especial Criminal. No rito dos 
Juizados, o recurso cabível da decisão que rejeita a Queixa-Crime é a 
Apelação (art. 82 da Lei 9.099/95).
B) O prazo para interposição da apelação é de 10 (dez) dias (art. 82, 
§1o, da Lei 9.099/95)
C) O recurso deve ser endereçado à Turma Recursal (art. 82 da Lei 
9.099/95)
12
D) Na apelação, deve-se argumentar que o prazo para propositura da 
Queixa-Crime é de 06 (seis) meses a contar do dia em que a vítima soube 
quem era o autor do fato (art. 38, CPP). Tal prazo tem natureza 
decadencial, ou seja, é de direito material e deve ser contado nos moldes 
do art. 10
do Código Penal Brasileiro: incluindo o primeiro dia e excluindo o 
último. A Queixa-Crime proposta por João é tempestiva, porque proposta 
no último dia do prazo (18/07/2011).
13
QUESTÃO 1
Ricardo foi denunciado pela prática do delito descrito no art. 1o da lei n. 
8.137/90, em concurso material com o crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP). 
Isso porque, conforme narrado na inicial acusatória e confessadopelo réu no 
interrogatório, obteve, em determinado estado da federação, licenciamento de seu 
veículo de modo fraudulento, já que indicou endereço falso. Assim agiu porque queria 
pagar menos tributo, haja vista que a alíquota do IPVA seria menor. Ao cabo da 
instrução criminal, Ricardo foi condenado nos exatos termos da denúncia, sendo certo 
que todo o conjunto probatório dos autos era significativo e apontava para a 
responsabilização do réu. No entanto, atento às particularidades do caso concreto, o 
magistrado fixou as penas de ambos os delitos no patamar mínimo previsto nos tipos 
penais, resultando a soma em 03 anos de pena privativa de liberdade. Como 
advogado(a) de Ricardo, você deseja recorrer da sentença. Considerando apenas os 
dados descritos na questão, indique o(s) argumento(s) que melhor atenda(m) aos 
interesses de seu cliente. (Valor: 1,25)
RESPOSTA
Levando em conta, como determinado, apenas os dados 
mencionados no enunciado da questão, o único argumento a ser 
levantado em favor de Ricardo diz respeito à aplicação do princípio da 
consunção (ou da absorção) entre o delito previsto no art. 1o, I, da Lei 
8.137/90 e o crime de falsidade ideológica, previsto no art. 299 do Código 
de Processo Penal.
Os dispositivos legais em questão prevêem o seguinte:
Lei n.o 8.137/90
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades 
fazendárias;
VII EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 4
14
Código Penal
Como se vê, há um caso de conflito aparente de normas penais, pois 
uma mesma conduta (ter declarado endereço falso perante a fiscalização 
tributária com o objetivo de reduzir tributo) é, em tese, punida por dois 
tipos penais diversos.
Todavia, como o Direito Penal repudia o bis in idem (=dupla punição 
pelo mesmo fato), tal conflito pode ser facilmente resolvido com recurso 
ao princípio da consunção ou da absorção, segundo o qual se Constitui 
crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, 
oucontribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes 
condutas:
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração 
que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou 
diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar 
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: 
determinada conduta delituosa é meio necessário ou etapa normal para a 
realização de outro tipo penal, ela é por este absorvido.
Em sendo assim, no caso apresentado, a falsidade ideológica 
constituiu etapa normal da execução do crime contra a ordem tributária 
confessado por Ricardo, razão pela qual no recurso interposto deve-se 
pleitear a reforma da sentença, para que o réu seja incurso apenas nas 
sanções do art. 1o, I, da Lei 8.137/90, mantendo-se a pena mínima fixada 
pelo magistrado de 1o grau.
QUESTÃO 2
Larissa, senhora aposentada de 60 anos, estava na rodoviária de sua cidade 
quando foi abordada por um jovem simpático e bem vestido. O jovem pediu-lhe que 
levasse para a cidade de destino uma caixa de medicamentos para um primo, que 
padecia de grave enfermidade. Inocente, e seguindo seus preceitos religiosos, a Sra. 
Larissa atende ao rapaz: pega a caixa, entra no ônibus e segue viagem. Chegando ao 
local da entrega, a senhora é abordada por policiais que, ao abrirem a caixa de 
remédios, verificam a existência de 250 gramas de cocaína em seu interior. 
15
Atualmente, Larissa está sendo processada pelo crime de tráfico de entorpecente, 
previsto no art. 33 da lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. Considerando a situação 
descrita e empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente, responda: qual a tese defensiva aplicável à Larissa? (Valor: 1,25)
RESPOSTA
A situação exposta no enunciado da questão diz respeito ao instituto 
do erro de tipo essencial, previsto no art. 20 do Código Penal Brasileiro, 
que consiste na falsa representação que o agente tem acerca de um 
elemento essencial do tipo penal incriminador.
Com efeito, no delito de tráfico previsto na Lei 11.343/2006 um dos 
elementos essenciais do tipo penal do art. 33 é justamente “droga” e se o 
agente incide em erro quanto ao fato de estar transportando “droga”, 
imaginando, como no caso, que estaria transportando apenas uma caixa 
de medicamentos, há a exclusão do dolo (vontade consciente e livre de 
praticar a conduta descrita no tipo penal). Nos termos do art. 20 do 
Código Penal Brasileiro:
Como não há a previsão de modalidade culposa para o delito de 
tráfico de drogas, a única conclusão a que se pode chegar é que o fato 
atribuído à Larissa é atípico, em virtude do erro de tipo essencial, a 
excluir o dolo de sua conduta, e da inexistência de punição a título 
culposo para o crime em apreço. crime contra a ordem tributáriaabsorve 
os de falsidade ideológica necessários tipificação daqueles.” (HC 84453/
PB, Rel. Ministro Marco Aurélio, Rel. para acórdão Ministro Sepúlveda 
Pertence, julgado em 17/08/2004), o que evidentemente só se aplica em 
casos semelhantes ao que foi discutido na questão, nos quais a 
potencialidade lesiva da declaração falsa esgota-se no crime contra a 
ordem tributária. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo 
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se 
previsto em lei.
16
QUESTÃO 3
Há muito tempo Maria encontra-se deprimida, nutrindo desejos de acabar com a 
própria vida. João, sabedor dessa condição, e querendo a morte de Maria, resolve 
instigá-la a se matar. Pondo seu plano em prática, João visita Maria todos os dias e, 
quando ela toca no assunto que não tem mais razão para viver, que deseja se matar, 
pois a vida não faz mais sentido, João a estimula e a encoraja a pular pela janela. Um 
dia, logo após ser instigada por João, Maria salta pela janela de seu apartamento e, 
por pura sorte, sofre apenas alguns arranhões, não sofrendo qualquer ferimento grave.
Considerando apenas os fatos apresentados, responda, de forma justificada, aos 
seguintes questionamentos:
A ) J o ã o c o m e t e u a l g u m c r i m e ? ( V a l o r : 0 , 6 5 )

B) Caso Maria viesse a sofrer lesões corporais de natureza grave em decorrência da 
queda, a condição
jurídica de João seria alterada? (Valor: 0,60)
RESPOSTA
A) João não cometeu crime algum, pois o tipo previsto no art. 122 do 
Código Penal prevê a aplicação de pena apenas quando o suicídio se 
consuma ou quando do fato resulta lesão corporal grave. Confira-se:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe 
auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou 
reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão 
corporal de natureza grave
Assim, conforme explica GRECO (Código Penal Comentado, 2008, p. 
399):
Se, entretanto, ainda que induzida, instigada ou auxiliada 
materialmente pelo agente, a vítima, tentando contra a própria vida, não 
conseguir produzir qualquer dano à sua saúde ou integridade física, ou 
sendo as lesões corporais de natureza leve, aquele não poderá ser 
responsabilizado pela infração penal em estudo.
B) Sim. Conforme demonstrado no item “a”, havendo lesões 
corporais de natureza grave, o art. 122 do Código Penal Brasileiro prevê 
17
pena de reclusão de 01 (um) a 03 (três) anos para quem, como João, 
instiga outra pessoa a praticar suicídio.
QUESTÃO 4
Maurício, jovem de classe alta, rebelde e sem escrúpulos, começa a namorar 
Joana, menina de boa família, de classe menos favorecida e moradora de área de risco 
em uma das maiores comunidades do Brasil. No dia do aniversário de 18 anos de 
Joana, Maurício resolve convidá-la para jantar num dos restaurantes mais caros da 
cidade e, posteriormente, leva-a para conhecer a suíte presidencial de um hotel 
considerado um dos mais luxuosos do mundo, ondepassa a noite com ela. Na manhã 
seguinte, Maurício e
Joana resolvem permanecer por mais dois dias. Ao final da estada, Mauricio 
contabiliza os gastos daqueles dias de prodigalidade, apurando o total de R$ 
18.000,00 (dezoito mil reais). Todos os pagamentos foram realizados em espécie, haja 
vista que, na noite anterior, Maurício havia trocado com sua mãe um cheque de R
$20.000,00 (vinte mil reais) por dinheiro em espécie, cheque que Maurício sabia, de 
antemão, não possuir fundos. Considerando apenas os fatos descritos, responda, de 
forma justificada, os questionamentos a seguir.
A) Maurício e Joana cometeram algum crime? Em caso positivo, tipifique as 
condutas atribuídas a cada um dos personagens, desenvolvendo a tese de defesa. 
(Valor: 0,70)
B) Caso Maurício tivesse invadido a casa de sua mãe com uma pistola de 
brinquedo e a ameaçado, a fim de conseguir a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil 
reais), sua situação jurídica seria diferente? (Valor: 0,55)
RESPOSTAS
a) Maurício praticou o crime de estelionato, previsto no art. 171, 
caput, do Código Penal Brasileiro, pois, utilizando-se de ardil, induziu sua 
mãe a erro e assim obteve para si vantagem indevida. Ocorre que, apesar 
de ter praticado um fato típico, ilícito e culpável, Maurício não poderá ser 
18
punido por ele, em virtude da existência da escusa absolutória (ou 
imunidade penal absoluta) prevista no art. 181, II, do Código Penal 
Brasileiro, que assim dispõe:
I - (...);
Já Maria não praticou crime algum, pois sequer houve conduta de 
sua parte. Observe-se que a troca do cheque sabidamente sem fundos foi 
feita exclusivamente por Maurício, sem qualquer interveniência ou 
participação de Maria, a qual não teve qualquer envolvimento com a 
prática delitiva.
b) Caso Maurício agido conforme descrito na letra “b” do enunciado 
(invadisse a casa de sua mãe armado com pistola de brinquedo e a 
ameaçado, a fim de obter a quantia de R$ 20.000,00), sua situação 
jurídica seria completamente diferente, pois não se estaria mais no 
contexto do delito de crime patrimonial praticado sem violência ou grave 
ameaça (como é o estelionato), mas sim diante de um crime de roubo, 
previsto no art. 157, caput. E relativamente ao roubo o art. 183 do Código 
Penal dispõe:
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes 
previstos neste
título, em prejuízo
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou 
ilegítimo, seja
 
civil ou natural.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja 
emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
Como se vê, o fato do agente ser filho da vítima não interfere na 
punição relativa ao delito de roubo, pois o legislador prevê que a escusa 
absolutória prevista no art. 181 não se aplica à referida infração.
19
QUESTÃO 1
Em determinada ação fiscal procedida pela Receita Federal, ficou constatado que 
Lucile não fez constar quaisquer rendimentos nas declarações apresentadas pela sua 
empresa nos anos de 2009, 2010 e 2011, omitindo operações em documentos e livros 
exigidos pela lei fiscal. Iniciado processo administrativo de lançamento, mas antes de 
seu término, o Ministério Público entendeu por bem oferecer denúncia contra Lucile 
pela prática do delito descrito no art. 1o, inciso II da Lei n. 8.137/90, combinado com 
o art. 71 do Código Penal. A inicial acusatória foi recebida e a defesa intimada a 
apresentar resposta à acusação.
Atento(a) ao caso apresentado, bem como à orientação dominante do STF sobre 
o tema, responda, fundamentadamente, o que pode ser alegado em favor de Lucile. 
(Valor: 1,25)
RESPOSTA
No caso apresentado, poderia ser alegada em favor de Lucile, em sede 
de resposta escrita à acusação (art. 396-A do CPP), a atipicidade do fato 
descrito na Denúncia, pois, conforme sedimentado na Súmula Vinculante 
n.o 24 do Supremo Tribunal Federal, “Não se tipifica crime material 
contra a ordem tributária, previsto no art. 1o, incisos I a IV, da Lei 
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.”
Conforme mencionado no enunciado, o procedimento administrativo 
de lançamento não havia sido ainda finalizado quando o Ministério 
Público resolveu propor a Denúncia, e como somente ao final do referido 
procedimento é que o crédito tributário estará definitivamente 
constituído, reputa-se juridicamente inadmissível propor a ação penal 
antes disso, porque ausente a própria conformação típica do delito, 
VIII EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 5
20
inexistindo o elemento “tributo” mencionado no art. 1o, II, da Lei 
8.137/90.
Diante disso, dever-se-ia pleitear a absolvição sumária, fundada no 
art. 397, III, do Código de Processo Penal, o qual prevê que o juiz deverá 
absolver o réu, após a resposta escrita à acusação, quando constatar que o 
fato evidentemente não constitui infração penal.
QUESTÃO 2
Abel e Felipe observavam diariamente um restaurante com a finalidade de 
cometer um crime. Sabendo que poderiam obter alguma vantagem sobre os clientes 
que o frequentavam, Abel e Felipe, sem qualquer combinação prévia, conseguiram, 
cada um, uniformes semelhantes aos utilizados pelos manobristas de tal restaurante. 
No início da tarde, aproveitando a oportunidade em que não havia nenhum 
funcionário no local, a dupla, vestindo os uniformes de manobristas,
permaneceu à espera de suas vítimas, mas agindo de modo separado. Tércio, o 
primeiro cliente, ao chegar ao restaurante, iludido por Abel, entrega de forma 
voluntária a chave de seu carro. Abel, ao invés de conduzir o veículo para o 
estacionamento, evade-se do local. Narcísio, o segundo cliente, chega ao restaurante e 
não entrega a chave de seu carro, mas Felipe a subtrai sem que ele o percebesse. 
Felipe também se evade do local.
Empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso, responda às questões a seguir.
A) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Abel ao praticar tal conduta? 
(responda motivando sua imputação) (Valor: 0,65)
RESPOSTA: Abel deve ser penalmente responsabilizado pelo crime 
de estelionato, figura típica prevista no art. 171 do Código Penal 
Brasileiro. Com efeito, Abel, utilizando-se de artifício fraudulento (fez-se 
passar por manobrista do restaurante), induziu a vítima Tércio a erro, 
fazendo com ela lhe entregasse, voluntariamente, a chave do veículo, e 
com isso Abel obteve vantagem ilícita em detrimento de Tércio.
Observe-se que a chave foi entregue voluntariamente pela vítima a 
Abel, e não subtraída por este, o que é decisivo para distinguir o 
21
estelionato do furto qualificado pela fraude, pois nesse último crime o 
agente utiliza-se de meio fraudulento para subtrair, sem a participação da 
vítima, a res furtiva.
B) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Felipe ao praticar tal conduta? 
(responda motivando sua imputação) (Valor: 0,60)
RESPOSTA: Felipe deve ser penalmente responsabilizado pelo crime 
de furto simples, previsto no art. 155, caput, do Código Penal Brasileiro, 
pois subtraiu (sacou, tomou) da vítima Narcísio a chave do automóvel, 
sem que a vítima percebesse, e assim conseguiu levar consigo o veículo.
Vale pontuar que, diferentemente de Abel, Felipe não contou com a 
colaboração da vítima. Ao contrário, pegou a chave sem que ela ao menos 
percebesse. Por outro lado, convém frisar que em nenhum momento a 
questão menciona que Felipe se utilizou da circunstância de estar vestido 
de manobrista para conseguir subtrair a chave, o que, caso ocorresse, 
justificaria a incidência da qualificadora do art. 155, §4o, II, do CP. 
Tampouco se menciona ter ele agido com especial destreza, até porque a 
maneira como a chave foi subtraída sequer está descrita, de modo que 
não há outra tipificação a cogitar senão a do art. 155, caput, do CP.
QUESTÃO 3João e José foram denunciados pela prática da conduta descrita no art. 316 do 
CP (concussão). Durante a instrução, percebeu-se que os fatos narrados na denúncia 
não corresponderiam àquilo que efetivamente teria ocorrido, razão pela qual, ao cabo 
da instrução criminal e após a respectiva apresentação de memoriais pelas partes, 
apurou-se que a conduta típica adequada seria aquela descrita no art. 317 do CP 
(corrupção passiva). O magistrado, então, fez remessa dos autos ao Ministério Público 
para fins de aditamento da denúncia, com a nova capitulação dos fatos.
Nesse sentido, atento(a) ao caso narrado e considerando apenas as informações 
contidas no texto, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.
22
A) Estamos diante de hipótese de mutatio libelli ou de emendatio libelli? Qual 
dispositivo legal deve ser aplicado? (Valor: 0,50)
RESPOSTA: A hipótese trazida na questão é de mutatio libelli, pois 
envolve mudança dos fatos em que se fundou a acusação, devendo ser 
aplicado o art. 384 do Código de Processo Penal, que trata da matéria e 
dispõe que o juiz deverá abrir vista ao Ministério Público para fins de 
aditamento.
Como é cediço, na mutatio surgem fatos novos durante a instrução 
que ensejam uma alteração na narrativa feita na Denúncia. Por exemplo: 
na Denúncia, descrevia-se inicialmente que os réus exigiram vantagem 
ilícita da vítima em razão da função que ocupavam, o que configuraria o 
crime de concussão (art. 316, CP), mas após a produção de provas em 
Juízo verificou-se que o fato “exigir” (=constranger a) não existiu, tendo 
havido apenas uma solicitação de vantagem ilícita. Diante desse novo 
dado, há uma alteração na base fática da acusação. Trata-se, portanto, de 
mutatio. Quando os fatos não se alteram e há apenas uma correção da 
tipificação feita na Inicial Acusatória é que se tem hipótese de emendatio 
libelli.
B) Por que o próprio juiz, na sentença, não poderia dar a nova capitulação e, com 
base nela, condenar os réus? (Valor: 0,50)
RESPOSTA: Porque o réu se defende dos fatos narrados na Denúncia, de modo 
que condená-lo por um fato diferente daquilo que nela está descrito 
equivale a ferir o princípio da correlação entre a acusação e a sentença, o 
que vulnera o devido processo legal, com os consectários do contraditório 
e da ampla defesa, e as bases do sistema acusatório, em especial o 
princípio da inércia da jurisdição. Em outras palavras, não condiz com as 
garantias processuais previstas na Constituição Federal atribuir-se ao juiz 
a faculdade de fazer as vezes de acusador e condenar o réu por um fato 
diferente daquele do qual ele se defendeu. Por isso é que, ao invés de agir 
assim, deve o magistrado abrir vista ao MP, o qual “deverá aditar a 
denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta 
houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-
se a termo o aditamento, quando feito oralmente.” (art. 384 do CPP).
23
C) É possível que o Tribunal de Justiça de determinado estado da federação, ao 
analisar recurso de apelação, proceda à mutatio libelli? (Valor: 0,25)
RESPOSTA: Não, tendo em vista que conforme entendimento 
sumulado do Supremo Tribunal Federal (Súmula n.o 453), A razão de ser 
da súmula em questão é que, caso fosse possível a mutatio libelli em 2a 
instância, não haveria espaço suficiente para dar vazão ao contraditório, 
ou seja, para discutir e provas os novos fatos trazidos pela acusação, 
repercutindo, eventual julgamento sem o devido debate feito no 1o grau, 
em supressão de instância.
QUESTÃO 4
João foi denunciado pela prática do delito previsto no art. 299 caput e parágrafo 
único do Código Penal. A inicial acusatória foi recebida em 30/10/2000 e o processo 
teve seu curso normal. A sentença penal, publicada em 29/07/2005, condenou o réu à 
pena de 01 (um) ano, 11 (onze) meses e 10 (dez) dias de reclusão, em regime 
semiaberto, mais pagamento de 16 (dezesseis) dias-multa. Irresignada, somente a 
defesa interpôs apelação. Todavia, o Egrégio Tribunal de Justiça negou provimento ao 
apelo, ao argumento de que não haveria que se falar em extinção da punibilidade pela 
prescrição, haja vista o fato de que o réu era reincidente, circunstância devidamente 
comprovada mediante certidão cartorária juntada aos autos.
Nesse sentido, considerando apenas os dados narrados no enunciado, responda 
aos itens a seguir.
A) Está extinta a punibilidade do réu pela prescrição? Em caso positivo, indique 
a espécie; em caso negativo, indique o motivo. (Valor: 0,75)
RESPOSTA: Sim. Na situação trazida à discussão, ocorreu a chamada 
prescrição retroativa (art. 110, §1o, do CP), que é uma modalidade de 
prescrição da pretensão punitiva.
24
O fato é que, pelo que se extrai do enunciado, temos uma sentença 
com trânsito em julgado apenas para a acusação, já que somente a Defesa 
recorreu. Em tais casos, a prescrição passa a ser regulada pela pena 
aplicada na sentença condenatória, uma vez que não há mais 
possibilidade de aumento dessa pena, em virtude da proibição da 
reformatio in pejus em sede de recurso exclusivo da Defesa.
Como a pena estabelecida foi superior a um ano e inferior a dois, o 
prazo prescricional passa a ser de quatro anos, nos termos do art. 109, V, 
do CP. Ocorre que, entre a data da publicação da sentença e a data do 
recebimento da Denúncia (marco interruptivo anterior) já se passaram 
mais de quatro anos, restando consumada a prescrição. Não se aplicam à 
segunda instância o Art. 384 e parágrafo único do Código de Processo 
Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, 
emvirtude de circunstância elementar não contida, explícita ou 
implicitamente, na denúncia ou queixa.”
b) O disposto no art. 110 caput do CP é aplicável ao caso narrado? (Valor: 0,50)
RESPOSTA: Não, pois o disposto no art. 110, caput, do CP somente é 
aplicável para os casos em que envolvem a prescrição da pretensão 
executória, a qual apenas tem lugar quando já houve o trânsito em 
julgado da condenação. Como no caso houve recurso da defesa, a 
condenação não havia ainda se tornada definitiva, o que impede a 
aplicação da regra segundo a qual, no caso de reincidência, o prazo da 
prescrição executória seria acrescido de 1/3 (um terço).
25
QUESTÃO 1
Raimundo, já de posse de veículo automotor furtado de concessionária, percebe 
que não tem onde guardá-lo antes de vendê-lo para a pessoa que o encomendara. 
Assim, resolve ligar para um grande amigo seu, Henrique, e após contar toda sua 
empreitada, pede-lhe que ceda a garagem de sua casa para que possa guardar o 
veículo, ao menos por aquela noite. Como Henrique aceita ajudá-lo, Raimundo 
estaciona o carro na casa do amigo. Ao raiar do dia, Raimundo parte com o veículo, 
que seria levado para o comprador.
Considerando as informações contidas no texto responda, justificadamente, aos 
itens a seguir.
A) Raimundo e Henrique agiram em concurso de agentes? (Valor: 0,75)
RESPOSTA: Não. Para que se configurasse o concurso de agentes no furto 
praticado por Raimundo seria preciso que houvesse um liame subjetivo a ligar os 
agentes (Raimundo e Henrique) e um auxílio prestado antes ou concomitantemente à 
prática do furto. No caso concreto, Henrique somente interferiu após a consumação 
do furto, depois de já realizada a subtração, não tendo havido, portanto, concurso de 
pessoas.
B) Qual o delito praticado por Henrique? (Valor: 0,50)
RESPOSTA: Henrique praticou o crime de favorecimento real, 
previsto no capítulo dos Crimes Contra a Administração da Justiça, mais 
especificamente no art. 349 do Código Penal. De acordo com o tipo penal 
mencionado, incorre em favorecimento real todo aquele que “Prestar a 
criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio 
destinado a tornar seguro o proveito do crime.” Há, como se vê, o perfeito 
enquadramento da conduta de Henrique ao crimeem questão, pois ele 
ajudou Raimundo, já depois de realizado o furto, a guardar o veículo e 
IX EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 6
26
assim garantir que Raimundo, no dia seguinte, pudesse levá-lo a um 
comprador, para assim tornar segura a vantagem, o proveito do crime.
 
QUESTÃO 2
Wilson, extremamente embriagado, discute com seu amigo Junior na calçada de 
um bar já vazio pelo avançado da hora. A discussão torna-se acalorada e, com intenção 
de matar, Wilson desfere quinze facadas em Junior, todas na altura do abdômen. 
Todavia, ao ver o amigo gritando de dor e esvaindo-se em sangue, Wilson, 
desesperado, pega um taxi para levar Junior ao hospital. Lá chegando, o socorro é 
eficiente e Junior consegue recuperar-se das graves lesões sofridas. Analise o caso 
narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, 
aos itens a seguir.
A) É cabível responsabilizar Wilson por tentativa de homicídio? (Valor: 0,65)
RESPOSTA: Não. Muito embora Wilson tenha agido com a intenção 
de matar Junior, após desferir as facadas Wilson arrependeu-se e 
conseguiu, com o socorro médico que providenciado, evitar a morte de 
Júnior. Incide, no caso, o instituto do arrependimento eficaz, previsto no 
art. 15 do Código Penal Brasileiro (“Art. 15 - O agente que, 
voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o 
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados). Todavia, 
convém registrar que Wilson responde pelos atos já praticados, no caso, 
as lesões corporais.
B) Caso Junior, mesmo tendo sido socorrido, não se recuperasse das lesões e 
viesse a falecer no dia seguinte aos fatos, qual seria a responsabilidade jurídico-penal 
de Wilson? (Valor: 0,60)
RESPOSTA: Caso o socorro providenciado não evitasse a morte de 
Júnior, não teria havido a eficácia do arrependimento e assim Wilson 
27
responderia pelo crime de homicídio doloso consumado, nos termos do 
art. 121 do Código Penal.
QUESTÃO 3
Mário está sendo processado por tentativa de homicídio uma vez que injetou 
substância venenosa em Luciano, com o objetivo de matá-lo. No curso do processo, 
uma amostra da referida substância foi recolhida para análise e enviada ao Instituto 
de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de armazenamento e 
acondicionamento, a substância não fora hábil para produzir os
 
efeitos a que estava destinada. Mesmo assim, arguindo que o magistrado não 
estava adstrito ao laudo, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Mário nos 
exatos termos da denúncia.
Com base apenas nos fatos apresentados, responda justificadamente.
A) O magistrado deveria pronunciar Mário, impronunciá-lo ou absolvê-lo 
sumariamente? (Valor: 0,65)
RESPOSTA: O magistrado deveria absolver sumariamente Mário, 
com base no art. 415, III, do CPP. No caso, conforme comprovado pela 
prova pericial, Mário utilizou-se de meio absolutamente inidôneo para 
causar a morte de Luciano, ocorrendo na espécie crime impossível (art. 
17, CP), a retirar a própria tipicidade da conduta de Mário.
B) Caso Mário fosse pronunciado, qual seria o recurso cabível, o prazo de 
interposição e a quem deveria ser endereçado? (Valor: 0,60)
RESPOSTA: O recurso cabível em face da pronúncia do réu é o 
Recurso em Sentido Estrito (RESE), conforme previsão expressa do art. 
581, IV, do CPP. O RESE deve ser interposto no prazo de cinco dias (art. 
586 do CPP). A peça de interposição do RESE é endereçada ao Juízo a quo,
28
que inclusive poderá se retratar da sua decisão, mas as razões são 
endereçadas ao Tribunal que irá julgar o recurso.
QUESTÃO 4
Laura, empresária do ramo de festas e eventos, foi denunciada diretamente no 
Tribunal de Justiça do Estado “X”, pela prática do delito descrito no Art. 333 do CP 
(corrupção ativa). Na mesma inicial acusatória, o Procurador Geral de Justiça 
imputou a Lucas, Promotor de Justiça estadual, a prática da conduta descrita no Art. 
317 do CP (corrupção passiva). A defesa de Laura, então, impetrou habeas corpus ao 
argumento de que estariam sendo violados os princípios do juiz natural, do devido 
processo legal, do contraditório e da ampla defesa; arguiu, ainda, que estaria 
ocorrendo supressão de instância, o que não se poderia permitir.
Nesse sentido, considerando apenas os dados fornecidos, responda, 
fundamentadamente, aos itens a seguir.
A) Os argumentos da defesa de Laura procedem? (Valor: 0,75)
RESPOSTA: Não. A existência de conexão entre o crime praticado por 
réu com foro por prerrogativa de função e crime praticado por corréu que 
não desfruta da mesma prerrogativa implica a reunião de processos 
perante o Juízo de maior graduação, nos termos do art. 78, III, do Código 
de Processo Penal. Segundo o Supremo Tribunal Federal (Súmula 704), 
essa reunião de processos não ofende a garantia do juiz natural, já que 
não ocorrente, na espécie, qualquer tipo de juízo ou tribunal de exceção. 
Ademais, não se vislumbra qualquer violação aos princípios do 
contraditório, ampla defesa e devido processo legal, pois a acusada 
poderá se defender normalmente perante o Tribunal de Justiça, por 
ocasião da tramitação do processo. Convém inclusive recordar que o fato 
de Laura ser processada originariamente perante a 2a instância não lhe 
retira completamente o direito ao recurso, pois pode ter acesso aos 
29
recursos especiais, caso configurada alguma das hipóteses previstas em 
lei.
B) Laura possui direito ao duplo grau de jurisdição? (Valor: 0,50)
RESPOSTA: Neste caso, não. Como Laura será julgada 
originariamente pelo 2o grau, ela não poderá se utilizar de recursos 
ordinários, em especial a apelação, para rever o julgamento realizado. 
Entretanto, ainda lhe restará, como ressaltado no item anterior, o acesso 
às instâncias superiores por meio dos recursos especiais, desde que 
presentes as hipóteses de cabimento, ou pela via do Habeas Corpus, caso 
configurada coação ilegal que não necessite de dilação probatória para ser 
comprovada.
30
QUESTÃO 1:
José da Silva foi preso em flagrante pela polícia militar quando transportava em 
seu carro grande quantidade de drogas. Levado pelos policiais à delegacia de polícia 
mais próxima, José telefonou para seu advogado, o qual requereu ao delegado que 
aguardasse sua chegada para lavrar o flagrante. Enquanto esperavam o advogado, o 
delegado de polícia conversou informalmente com José, o qual confessou que 
pertencia a um grupo que se dedicava ao tráfico de drogas e declinou o nome de outras 
cinco pessoas que participavam desse grupo. Essa conversa foi gravada pelo delegado 
de polícia.
Após a chegada do advogado à delegacia, a autoridade policial permitiu que José 
da Silva se entrevistasse particularmente com seu advogado e, só então, procedeu à 
lavratura do auto de prisão em flagrante, ocasião em que José foi informado de seu 
direito de permanecer calado e foi formalmente interrogado pela autoridade policial. 
Durante o interrogatório formal, assistido pelo advogado, José da Silva optou por 
permanecer calado, afirmando que só se manifestaria em juízo.
Com base na gravação contendo a confissão e delação de José, o Delegado de 
Polícia, em um único ato, determina que um de seus policiais atue como agente 
infiltrado e requer, ainda, outras medidas cautelares investigativas para obter provas 
em face dos demais membros do grupo criminoso: 1. quebra de sigilo de dados 
telefônicos, autorizada pelo juiz competente; 2. busca e apreensão, deferida pelo juiz 
competente, a qual logrou apreender grande quantidade de drogas e armas; 3. prisão 
preventiva dos cinco comparsas de José da Silva, que estavam de posse das drogas e 
armas. Todas as provas coligidas na investigação corroboraram as informações 
fornecidas por José em seu depoimento.
QUESTÕES DE SEGUNDA 
FASE EXAME UNIFICADO 
2010.2
CAPÍTULO7
31
Relatado o inquérito policial, o promotor de justiça denunciou todos os 
envolvidos por associação para o tráfico de drogas (art. 35, Lei 11.343/2006), tráfico 
ilícito de entorpecentes (art. 33, Lei 11.343/2006) e quadrilha armada (art. 288, 
parágrafo único).
Considerando tal narrativa, excluindo eventual pedido de aplicação do instituto 
da delação premiada, indique quais as teses defensivas, no plano do direito material e 
processual, que podem ser arguidas a parti r do enunciado acima, pela defesa de José. 
Indique os dispositivos legais aplicáveis aos argumentos apresentados.
COMENTÁRIOS:
No plano do direito processual, as teses defensivas a serem 
levantadas eram: a) a ilicitude da gravação feita pelo Delegado de Polícia, 
que contamina as demais provas
obtidas (provas ilícitas por derivação); b) a impossibilidade de 
infiltração de agente policial sem autorização judicial e sem a oitiva 
prévia do Ministério Público, o que igualmente faz com que as provas 
obtidas a partir de tal infiltração sejam consideradas ilícitas.
O examinando deveria mencionar, na fundamentação de sua 
resposta, o art. 5o, LXIII, da Constituição Federal, que assegura ao preso 
o direito “ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e do advogado”. No 
interrogatório do preso perante a Autoridade Policial devem ser 
observadas as normas aplicáveis ao interrogatório judicial, conforme 
prescreve o art. 6o, V, do Código de Processo Penal, de modo que não há 
qualquer espaço para “informalidade” no momento da prática do referido 
ato. Assim, todo e qualquer diálogo mantido entre o preso e a Autoridade 
Policial deve ser precedido do esclarecimento acerca do direito 
constitucional ao silêncio, sob pena de ilicitude de toda e qualquer prova 
obtida com infringência ao aludido direito fundamental.
A outra tese defensiva em matéria processual diz respeito à ilicitude 
da infiltração de agente policial em grupo criminoso, sem autorização 
judicial e sem a prévia oitiva do Ministério Público, em clara afronta ao 
que prescreve o art. 53, I, da Lei Lei 11.343/2006 (Art. 53. Em qualquer 
fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são 
permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e 
ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: I 
32
- a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, 
constituída pelos órgãos especializados pertinentes).
Em complementação a esses aspectos processuais, caberia ao 
examinando mencionar que o art. 5o, LVI, da Constituição Federal, 
considera inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meio ilícito 
(mandamento que é repetido no art. 157 do Código de Processo Penal) e 
que, para dar efetividade a este comando constitucional, a doutrina e a 
jurisprudência incluem no rol de provas inadmissíveis não só as 
diretamente ilícitas (como a confissão do preso obtida sem o 
esclarecimento sobre o seu direito ao silêncio e a infiltração de agente de 
polícia sem autorização judicial e prévia oitiva do Ministério Público), 
mas também aquelas que são obtidas a partir das provas ilícitas (as 
chamadas “ilícitas por derivação”), como, no caso, a quebra de sigilo de 
dados telefônicos, a busca e apreensão e todas as demais provas obtidas a 
partir da confissão de José. A inserção das provas derivadas das provas 
ilícitas no rol de “provas inadmissíveis”, inclusive, já encontra previsão 
legal no art. 157, §1o, do Código de Processo Penal, que dispõe: “São 
também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as 
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das 
primeiras (Incluído pela Lei no 11.690, de 2008.).
A consequência procedimental da ilicitude da confissão de José e da 
infiltração de agente de polícia e da ilicitude por derivação das demais 
provas obtidas é o desentranhamento de tais elementos probatórios dos 
autos do processo, mediante decisão fundamentada do Juiz, com 
posterior inutilização, quando já preclusa a decisão acerca do 
desentranhamento (art. 157, caput, c/c §3o, CPP).
Já no plano do direito material, a tese defensiva a ser exposta pelo 
examinando dizia respeito à impossibilidade de acusação simultânea de 
formação de quadrilha (art. 288, CPP) e associação para o tráfico (art. 35 
da Lei 11.343/2006). É que ambos os delitos possuem um núcleo básico 
comum (estabilidade na comunhão de ações e desígnios para a prática de 
crimes), de maneira que acusar uma pessoa da prática simultânea de 
formação de quadrilha e associação para o tráfico configuraria bis in 
idem. Apenas a título de informação, note-se que a diferença entre 
formação de quadrilha e associação para o tráfico é que este último delito 
33
contém um elemento especializante, que é a associação para a prática dos 
crimes previstos no art. 33, caput, §1, e art. 34 da Lei n.o 11.343, ao passo 
que a formação de quadrilha diz respeito à união para a prática de 
quaisquer outros crimes.
QUESTÃO 2
Caio, funcionário público, ao fiscalizar determinado estabelecimento comercial 
exige vantagem indevida.
A q u a l d e l i t o c o r r e s p o n d e o f a t o n a r r a d o : 

I. se a vantagem exigida servir para que Caio deixe de cobrar tributo devido;
II. se a vantagem, advinda de cobrança de tributo que Caio sabia não ser devida, 
for desviada para proveito de Caio?
COMENTÁRIOS:
A questão exigia do examinando o conhecimento dos tipos penais 
inseridos no Capítulo de Crimes praticados por funcionário público 
contra a Administração em geral e também dos tipos penais previstos na 
Lei 8.137/90, que trata exclusivamente dos crimes contra a ordem 
tributária.
Em princípio, a conduta de funcionário público que, em razão de sua 
função, exige vantagem indevida, configura o delito de concussão, 
previsto no art. 316 do Código Penal Brasileiro. Todavia, para responder 
corretamente à pergunta “I”, o examinando deveria atentar para um 
elemento especial contido no enunciado (exigir vantagem
para “deixar de cobrar tributo devido”). Para tal conduta, existe 
norma especial que a criminaliza, qual seja, a norma do art. 3o, II, da Lei 
8.137/90, que assim dispõe: “exigir, solicitar ou receber, para si ou para 
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de 
iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar 
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou 
contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) 
a 8 (oito) anos, e multa.”
Agora, na hipótese descrita no item II, ou seja, quando o funcionário 
desvia em proveito próprio a vantagem advinda da cobrança de tributos, 
34
sua conduta se enquadra no tipo penal previsto no art. 316, §2o, do Código 
Penal Brasileiro (§ 2o - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de 
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
pena: reclusão, de dois a doze anos, e multa).
QUESTÃO 3
Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, 
acertando-o na região toráxica. José vem a falecer, entretanto, não em razão do 
disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia ingerido dose letal de 
veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução 
processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do previsto no artigo 121, 
caput, do Código Penal.
Na condição de Advogado de Pedro:
I. indique o recurso cabível;
II. o prazo de interposição;
III. a argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido. 
Indique, ainda, para todas as respostas, os respectivos dispositivos legais.
COMENTÁRIOS:
I - O recurso cabível contra a decisão de pronúncia éo recurso em 
sentido estrito (RESE), conforme previsto no art. 581, IV, do Código de 
Processo Penal. Para responder corretamente a esta questão, deveria o 
examinando ter em mente que a decisão que pronuncia o réu põe término 
à primeira fase do procedimento do júri, mas não encerra todo o 
processo, de modo que, em tese, o recurso cabível seria o recurso em 
sentido estrito (RESE), que é o meio processual adequado para impugnar 
decisões interlocutórias em matéria processual penal. Todavia, como é 
sabido que o recurso em sentido estrito somente pode ser utilizado nas 
hipóteses elencadas no art. 581 do
Código de Processo Penal (salvo um ou outro caso em que se admite 
interpretação extensiva), deveria ele, de posse da legislação, conferir se a 
35
decisão de pronúncia está ou não elencada no rol do mencionado artigo, 
confirmando, assim, o cabimento do RESE.
II – O prazo para interposição do Recurso em Sentido Estrito (RESE) 
é de cinco dias, de acordo com o art. 586 do Código de Processo Penal, 
contados da intimação do réu e de seu defensor (na verdade, da que 
ocorrer por último).
III – O enunciado da questão trata de assunto relativo às concausas, 
que se insere dentro da temática maior do nexo causal e das relações de 
causalidade.
Rogério Greco explica que causa é tudo aquilo que interfere na 
produção do resultado e que as causas podem ser absoluta ou 
relativamente independentes (Curso de Direito Penal. Parte geral. 
Niterói: Impetus, 2010, p. 213).
As causas absolutamente independentes são aquelas que produziram 
o resultado criminoso e que teriam acontecido mesmo se não houvesse 
qualquer conduta por parte do agente. Elas subdividem-se em 
preexistentes (aconteceram antes da conduta do agente), concomitantes 
(aconteceram simultaneamente à conduta do agente) e supervenientes 
(aconteceram depois da conduta do agente).
Já as causas relativamente independentes são aquelas que se somam 
à conduta do agente para poder produzir o resultado criminoso. Também 
podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes.
Para saber se uma causa é absoluta ou relativamente independente, 
deve-se fazer a seguinte pergunta: o resultado criminoso teria ocorrido 
mesmo se não houvesse a conduta do agente? Se a resposta for positiva, 
trata-de se causa absolutamente independente; se a resposta for negativa, 
ter-se-á uma causa relativamente independente.
Como se vê, o ponto chave da questão está em perceber que não foi o 
disparo causado pelo réu que causou a morte de José, mas sim a dose letal 
de veneno que o próprio José havia ingerido antes mesmo do disparo ter 
sido efetuado. Ou seja, mesmo que não tivesse havido o disparo, a morte 
teria ocorrido, pois sua causa foi absolutamente independente da conduta 
do réu.
Fixada esta premissa, caberia ao examinando aduzir, como tese de 
defesa, a desclassificação para o delito de tentativa de homicídio, eis que o 
36
réu não pode responder pelo resultado a que não deu causa, mas apenas 
pelo seu dolo.
QUESTÃO 4
Aurélio, tentando defender-se da agressão a faca perpetrada por Berilo, saca de 
seu revólver e efetua um disparo contra o agressor. Entretanto, o disparo efetuado por 
Aurélio ao invés de acertar Berilo, atinge Cornélio, que se encontrava muito próximo 
de Berilo. Em consequência do tiro, Cornélio vem a falecer. Aurélio é acusado de 
homicídio.
Na qualidade de advogado de Aurélio indique a tese de defesa que melhor se 
adequa ao fato. Justifique sua resposta.
COMENTÁRIOS:
O enunciado da questão traz uma clara hipótese de erro na execução, 
que diz respeito àquela situação em que o agente, querendo atingir 
determinada pessoa, erra na execução e acaba atingindo pessoa diversa 
da pretendida.
De acordo com o art. 73 do Código Penal, “Quando, por acidente ou 
erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa 
que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse 
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3o do art. 
20 deste Código.”
A remissão ao art. 20, §3o do Código Penal Brasileiro é essencial ao 
deslinde da questão. Segundo referido artigo, “O erro quanto à pessoa 
contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, 
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa 
contra quem o agente queria praticar o crime” (sem grifo no original).
Com base nos dispositivos legais acima transcritos, a tese defensiva a 
ser exposta pelo candidato era a da legítima defesa, uma vez que Aurélio 
efetuou o disparo para defender-se de agressão perpetrada por Berilo e o 
fato dele ter errado na execução e atingido terceiro não desnatura a 
37
legítima defesa, pois deve-se levar em consideração as condições da 
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime (no caso, Berilo, que 
era um injusto agressor), e não da vítima real.
QUESTÃO 5
Lucas, processado em liberdade, foi condenado na 1a instância à pena de 05 
(cinco) anos em regime integralmente fechado, pelo crime de tráfico de drogas, 
cometido em setembro de 2006. Interpôs Recurso de Apelação o qual foi parcialmente 
provido. O Tribunal alterou apenas o dispositivo da sentença que fixava o regime em
integralmente fechado para inicialmente fechado. Após o trânsito em julgado, 
Lucas deu inicio ao cumprimento de pena em 10 de fevereiro de 2009. O juízo da 
execução, em 10 de outubro de 2010, negou a progressão de regime sob o fundamento 
de que Lucas ainda não havia cumprido 2/5 da pena, em que pese os demais 
requisitos tenham sido preenchidos.
Diante dos fatos e da decisão acima exposta, sendo que sua intimação, na 
condição de Advogado de Lucas, ocorreu em 11.10.2010:
I . i n d i q u e o r e c u r s o c a b í v e l .

II. apresente a argumentação adequada, indicando os respectivos dispositivos legais.
COMENTÁRIOS:
I – O recurso cabível das decisões tomadas pelo Juiz em sede de 
execução da pena é sempre o agravo em execução, conforme previsto no 
art. 197 da Lei 7.210/84.
II – A Lei 8.072/90, que trata da temática dos crimes hediondos e a 
ele equiparados, como é o caso do tráfico de drogas, previa, em sua 
redação original, que a pena dos condenados por tais delitos deveria ser 
cumprida em regime integralmente fechado (art. 2o, I, da Lei 8.072/90). 
Todavia, no julgamento do HC 82.959/SP, o Supremo Tribunal Federal 
declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade de tal dispositivo, por 
entendê-lo em descompasso com o direito fundamental à individualização 
da pena.
38
Com a declaração de inconstitucionalidade do art. 2o, I, da Lei 
8.072/90, passou-se a entender que os condenados por crimes hediondos, 
na falta de norma válida que tratasse especificamente de sua situação, 
deveriam se submeter às regras gerais de progressão de regime, que 
fixam em 1/6 a fração para que se efetive a progressão.
Em 28/03/2007, entrou em vigor a Lei 11.464/2007, que fixou novas 
frações para a progressão de regime nos crimes hediondos: 2/5 para não 
reincidentes e 3/5 para reincidentes.
Todavia, é de se observar que a Lei 11.464/2007 é prejudicial aos 
réus, tendo em vista que aumentou a fração da progressão. E, como se 
sabe, em matéria penal as leis só podem retroagir se for em benefício do 
réu, e não em seu prejuízo.
Por essa razão, deveria o examinando argumentar que o juiz se 
equivocou ao aplicar o disposto na Lei 11.464/2007 ao réu, pois o crime 
foi praticado em 2006, portanto em momento anterior à vigência da nova 
lei, que é mais gravosa e não pode retroagir.
Deveria o juiz, como explicado, aplicar o fração geral de 1/6 para o 
cálculo da progressão e assim conceder o benefício pleiteado pela Defesa.
39
QUESTÃO 1 
José da Silva foi preso em flagrante pela polícia militar quando transportava em seu 
carro grande quantidade de drogas. Levado pelos policiais à delegacia de políciamais 
próxima, José telefonou para seu advogado, o qual requereu ao delegado que 
aguardasse sua chegada para lavrar o flagrante. Enquanto esperavam o advogado, o 
delegado de polícia conversou informalmente com José, o qual confessou que 
pertencia a um grupo que se dedicava ao tráfico de drogas e declinou o nome de outras 
cinco pessoas que participavam desse grupo. Essa conversa foi gravada pelo delegado 
de polícia.
Após a chegada do advogado à delegacia, a autoridade policial permitiu que José 
da Silva se entrevistasse particularmente com seu advogado e, só então, procedeu à 
lavratura do auto de prisão em flagrante, ocasião em que José foi informado de seu 
direito de permanecer calado e foi formalmente interrogado pela autoridade policial. 
Durante o interrogatório formal, assistido pelo advogado, José da Silva optou por 
permanecer calado, afirmando que só se manifestaria em juízo.
Com base na gravação contendo a confissão e delação de José, o Delegado de 
Polícia, em um único ato, determina que um de seus policiais atue como agente 
infiltrado e requer, ainda, outras medidas cautelares investigativas para obter provas 
em face dos demais membros do grupo criminoso: 1. quebra de sigilo de dados 
telefônicos, autorizada pelo juiz competente; 2. busca e apreensão, deferida pelo juiz 
competente, a qual logrou apreender grande quantidade de drogas e armas; 3. prisão 
preventiva dos cinco comparsas de José da Silva, que estavam de posse das drogas e 
armas. Todas as provas coligidas na investigação corroboraram as informações 
fornecidas por José em seu depoimento.
QUESTÕES DE SEGUNDA 
FASE EXAME UNIFICADO 
2010.3
CAPÍTULO 8
40
Relatado o inquérito policial, o promotor de justiça denunciou todos os 
envolvidos por associação para o tráfico de drogas (art. 35, Lei 11.343/2006), tráfico 
ilícito de entorpecentes (art. 33, Lei 11.343/2006) e quadrilha armada (art. 288, 
parágrafo único).
Considerando tal narrativa, excluindo eventual pedido de aplicação do instituto 
da delação premiada, indique quais as teses defensivas, no plano do direito material e 
processual, que podem ser arguidas a parti r do enunciado acima, pela defesa de José. 
Indique os dispositivos legais aplicáveis aos argumentos apresentados.
Comentários:
No plano do direito processual, as teses defensivas a serem 
levantadas eram: a) a ilicitude da gravação feita pelo Delegado de Polícia, 
que contamina as demais provas obtidas (provas ilícitas por derivação); 
b) a impossibilidade de infiltração de agente policial sem autorização 
judicial e sem a oitiva prévia do Ministério Público, o que igualmente faz 
com que as provas obtidas a partir de tal infiltração sejam consideradas 
ilícitas.
O examinando deveria mencionar, na fundamentação de sua 
resposta, o art. 5o, LXIII, da Constituição Federal, que assegura ao preso 
o direito “ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e do advogado”. No 
interrogatório do preso perante a Autoridade Policial devem ser 
observadas as
normas aplicáveis ao interrogatório judicial, conforme prescreve o 
art. 6o, V, do Código de Processo Penal, de modo que não há qualquer 
espaço para “informalidade” no momento da prática do referido ato. 
Assim, todo e qualquer diálogo mantido entre o preso e a Autoridade 
Policial deve ser precedido do esclarecimento acerca do direito 
constitucional ao silêncio, sob pena de ilicitude de toda e qualquer prova 
obtida com infringência ao aludido direito fundamental.
A outra tese defensiva em matéria processual diz respeito à ilicitude 
da infiltração de agente policial em grupo criminoso, sem autorização 
judicial e sem a prévia oitiva do Ministério Público, em clara afronta ao 
que prescreve o art. 53, I, da Lei Lei 11.343/2006 (Art. 53. Em qualquer 
fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são 
permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e 
41
ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: I 
- a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, 
constituída pelos órgãos especializados pertinentes).
.
Em complementação a esses aspectos processuais, caberia ao 
examinando mencionar que o art. 5o, LVI, da Constituição Federal, 
considera inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meio ilícito 
(mandamento que é repetido no art. 157 do Código de Processo Penal) e 
que, para dar efetividade a este comando constitucional, a doutrina e a 
jurisprudência incluem no rol de provas inadmissíveis não só as 
diretamente ilícitas (como a confissão do preso obtida sem o 
esclarecimento sobre o seu direito ao silêncio e a infiltração de agente de 
polícia sem autorização judicial e prévia oitiva do Ministério Público), 
mas também aquelas que são obtidas a partir das provas ilícitas (as 
chamadas “ilícitas por derivação”), como, no caso, a quebra de sigilo de 
dados telefônicos, a busca e apreensão e todas as demais provas obtidas a 
partir da confissão de José. A inserção das provas derivadas das provas 
ilícitas no rol de “provas inadmissíveis”, inclusive, já encontra previsão 
legal no art. 157, §1o, do Código de Processo Penal, que dispõe: “São 
também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as 
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das 
primeiras. (Incluído pela Lei no 11.690, de 2008.)
A consequência procedimental da ilicitude da confissão de José e da 
infiltração de agente de polícia e da ilicitude por derivação das demais 
provas obtidas é o desentranhamento de tais elementos probatórios dos 
autos do processo, mediante decisão fundamentada do Juiz, com 
posterior inutilização, quando já preclusa a decisão acerca do 
desentranhamento (art. 157, caput, c/c §3o, CPP).
Já no plano do direito material, a tese defensiva a ser exposta pelo 
examinando dizia respeito à impossibilidade de acusação simultânea de 
formação de quadrilha (art. 288, CPP) e associação para o tráfico (art. 35 
da Lei 11.343/2006). É que ambos os delitos possuem um núcleo básico 
comum (estabilidade na comunhão de ações e desígnios para a prática de 
crimes), de maneira que acusar uma pessoa da prática simultânea de 
formação de quadrilha e associação para o tráfico configuraria bis in 
42
idem. Apenas a título de informação, note-se que a diferença entre 
formação de quadrilha e associação para o tráfico é que este último delito 
contém um elemento especializante, que é a associação para a prática dos 
crimes previstos no art. 33, caput, §1, e art. 34 da Lei n.o 11.343, ao passo 
que a formação de quadrilha diz respeito à união para a prática de 
quaisquer outros crimes.
QUESTÃO 2 
Caio, funcionário público, ao fiscalizar determinado estabelecimento comercial 
e x i g e v a n t a g e m i n d e v i d a . 

A qual delito corresponde o fato narrado:
I. se a vantagem exigida servir para que Caio deixe de cobrar tributo devido;

II. se a vantagem, advinda de cobrança de tributo que Caio sabia não ser devida, for 
desviada para proveito de Caio?
Comentários:
A questão exigia do examinando o conhecimento dos tipos penais 
inseridos no Capítulo de Crimes praticados por funcionário público 
contra a Administração em geral e também dos tipos penais previstos na 
Lei 8.137/90, que trata exclusivamente dos crimes contra a ordem 
tributária.
Em princípio, a conduta de funcionário público que, em razão de sua 
função, exige vantagem indevida, configura o delito de concussão, 
previsto no art. 316 do Código Penal Brasileiro. Todavia, para responder 
corretamente à pergunta “I”, o examinando deveria atentar para um 
elemento especial contido no enunciado (exigir vantagem para “deixar de 
cobrar tributo devido”). Para tal conduta, existe norma especial

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