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8 protocolo pericias psiquiátricas

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A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L — V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 43
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RESUMO: O objetivo deste protocolo é auxiliar na concessão de licenças 
e aposentadorias realizadas por avaliações em perícia psiquiátrica 
exclusivamente no âmbito das perícias administrativas. A elaboração deste 
roteiro obedeceu ao critério diagnóstico da CID-10 e baseou-se na experiência 
da autora em 16 anos de efetivo exercício no departamento de Perícias Médicas 
do Estado de São Paulo. 
ABSTRACT: The objective of this protocol is to assist in the concession of 
furloughs and retirements carried out by expert witness exclusively in the scope 
of labor and retirement examination. The elaboration of this script obeyed to 
the diagnostic criterion of the CID-10 and was based on the author’s 16 years 
experience of effective exercise in the Medical Expert Witness department of the 
State of São Paulo.
PALAVRAS-CHAVE: Perícia médica; Perícia administrativa; Benefícios 
previdenciários.
KEYWORDS: Expert witness, labor furloughs, retirement examination.
Hilda C. P. Morana – Doutora pela Universidade de São Paulo.
PSYCHIATRIC GUIDELINE FOR EXPERT 
WITNESS IN LABOR FURLOUGHS AND 
RETIREMENT EXAMINATION
Hilda C. P. Morana
RECEBIDO: 19.07.2005
APROVADO:25.07.2005
COMUNICAÇÃO
00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM43
44 V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 — A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L 
 Os transtornos mentais são a terceira causa de conces-são de benefícios previdenciários ou administrativos, por incapacidade temporária, superados apenas pelos 
acidentes e por causas osteomusculares.1 
Este protocolo tem por objetivo auxiliar na concessão 
de licenças e aposentadorias realizadas por avaliações em 
perícia psiquiátrica exclusivamente no âmbito das perícias 
administrativas. Não são consideradas as patologias de na-
tureza ocupacional ou doenças profissionais, que são objeto 
de estudo da Medicina do Trabalho.
Nos casos em que o sujeito está solicitando benefício por 
queixa psiquiátrica, de uma maneira geral, deve-se: 
– investigar: queixa principal, história da moléstia atual, 
antecedentes psiquiátricos, antecedentes familiares e pes-
soais, exame psíquico atual e exame físico; e
– avaliar: grau de incapacidade laborativa dos transtor-
nos mentais e do comportamento relacionado. 
Para cada transtorno mental é proposto um roteiro com 
as peculiaridades psicopatológicas relevantes para a ava-
liação pericial e recomendações concernentes às condutas 
apropriadas. O trabalho é fruto da experiência da autora, 
que por 16 anos exerceu atividade pericial administrativa no 
departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo. 
As patologias foram relacionadas segundo a Classificação dos 
Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10.2
PERÍCIAS EM ESQUIZOFRENIA, TRANSTORNOS 
ESQUIZOTÍPICO E DELIRANTES (F20 – F29) 
E TRANSTORNOS DO HUMOR (F30 – F39)
Se a queixa se referir a sintomas produtivos como alucina-
ções, automatismos ou concepções delirantes de qualquer 
natureza, o diagnóstico provável é F20 – F29. É condição 
necessária a desorganização do trabalho mental, que pode 
ocorrer por interferência, condensação e transposição do 
pensamento.
Verificar:
– há quanto tempo ocorre o distúrbio;
– qual o tempo de duração do distúrbio;
- quantos surtos psicóticos já ocorreram;
– ocorrência de remissão integral das condições psíquicas;
– duração do surto atual;
– uso de neurolépticos. Quais?
Se o transtorno evoluiu com predominância de alte-
rações do humor, o diagnóstico provável se enquadra em 
F30 – F39.
Se o sujeito está em franco surto (inclui F23; F24 e F25), 
com sintomatologia produtiva, dar a licença por 30 dias, 
sendo provável a necessidade de prorrogá-la até que ocorra 
a remissão do surto (F20.x5). Se o sujeito já se apresentar 
em remissão, verificar se a data da perícia retroage para o 
período em que estava em franco surto. 
Se a freqüência dos surtos for mais do que quatro epi-
sódios por ano, há pelo menos dois anos, encaminhar para 
a aposentadoria (F20.x3).
Aposentadoria nos casos de F20.x0; F20.x1; e F20.x2. 
Se F20.x4: aguardar por dois anos em observação. Se não 
remitir nesse período, encaminhar para a aposentadoria. 
Se F21 (transtorno esquizotípico): ver grupo dos trans-
tornos da personalidade. Se F22: se confirmada a não re-
missão dos sintomas produtivos pelo período de dois anos, 
encaminhar para a aposentadoria. Neste distúrbio, o pen-
samento, embora delirante, pode ser rigorosamente organi-
zado a partir de indícios do meio que obedecem à dinâmica 
persecutória e de prejuízo. 
Nos transtornos do humor (F30 e F31), devido ao in-
tervalo lúcido, ou seja, quando o sujeito está em remissão 
(F31.7), verificar se a perícia retroage para o período em que 
o periciando estava em surto.
Em alguns casos de transtornos do humor (F30 e F31), 
o sujeito é capaz de desenvolver algumas atividades e não 
outras. Devido à labilidade do humor, há casos em que o 
sujeito precisa ser aposentado em uma atividade, mas é ca-
paz de se manter trabalhando em outras, o que gera sérias 
controvérsias na perícia. Sempre que puder, encaminhar o 
sujeito que se queixa de não suportar a atividade laborativa 
que exerce para a readaptação de função.
Nos casos de F32 (episódio depressivo), avaliar se o su-
jeito apresenta:
– franca queixa de falta absoluta de disposição para fa-
zer suas coisas (o indivíduo relata que se sente como se 
fosse, p. ex., um carro sem gasolina – ele quer andar, mas 
não consegue);
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A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L — V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 45
– queixa de humor depressivo e falta de motivação. Pe-
riciando refere que tudo lhe parece ruim, apenas consegue 
perceber os aspectos negativos da realidade;
– anedonia. Periciando se queixa de que não vê graça em 
nada da vida. Falta de prazer para qualquer atividade;
– alterações do sono e/ou do apetite e/ou da auto-estima 
devem acompanhar o quadro clínico.
Para o diagnóstico de depressão, seja F32 ou F33, as três 
primeiras condições são necessárias. Conduta: licença de 30 
dias, prorrogáveis desde que o paciente esteja fazendo uso 
regular da medicação. Insistir com o periciando que, se ele 
não tomar a medicação prescrita, a licença será suspensa.
Se F34 (transtornos persistentes do humor), não cabe 
licença médica por se tratar de transtorno persistente (ca-
racteropatia). Nesses casos a condição deveria ter sido ana-
lisada no exame de ingresso e ter sido verificada a condição 
da personalidade em função da atividade a ser executada.
PERÍCIAS PARA PROCESSOS DEMENCIAIS
F00 – F09. Transtornos mentais orgânicos incluindo 
sintomáticos
Verificar há quanto tempo iniciaram-se os sintomas. 
Por se tratar de doenças crônicas ou irreversíveis, a maio-
ria dos casos deve ser encaminhada para a aposentadoria.
Os estágios iniciais do paciente com diagnóstico de de-
mência são normalmente imperceptíveis aos familiares e 
ao próprio periciando. A pessoa apenas se queixa de falta 
de motivação e seu comportamento passa a se tornar pro-
gressivamente mais apático.
Para realizar o diagnóstico, transcrevemos trecho pu-
blicado por Portela Câmara.3 
“Deterioração cognitiva 
Aproximadamente 5% dos adultos maiores de 65 anos 
sofrem de deterioração cognitiva, percentual que sobre 
para cerca de16% quando se tem mais de 85 anos.4 Por 
outro lado, cerca de metade dos idosos em instituições 
asilares sofre de séria deterioração cognitiva. O mini-
exame do estado mental (MMSE – mini-mental state 
examination) é o instrumento mais usado para se avaliar 
o grau de deterioração cognitiva neste contingente hu-
mano.5 Ele também pode ser administrado por um clínico 
treinado e leva apenas cerca de cinco minutos para ser 
completado, sendo muito mais eficiente do que pergun-
tar ao paciente ou à família sobre perda de memória do 
paciente, pois não somente o paciente desconhece seu 
déficit, como também a família compensa o problema 
com amor até que a demência se torne moderadamente 
avançada. A pontuação normal para o MMSE é 27 para 
idosos 65 anos com nível de escolaridade equivalente 
ao 2º ou 3º graus. Pontuação <24 sugere demência, em-
bora também possa ser devido a pouca escolaridade ou 
analfabetismo, desinteresse no exame, ou lesões neuro-
lógicas focais. O MMSE apresentado na Tabela é uma 
adaptação de Folstein et al.6
Deterioração cognitiva
MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL (MMSE)
Orientação: mês, data, ano, estação, dia da semana (1 ponto cada) 5 pontos
Cidade, estado, país, onde está no momento e a localização (1 ponto cada) 5 pontos
Registrar: repetir 3 palavras faladas pelo examinador (bola, gato, menino) 3 pontos
Recordar (após 5 minutos ou final do exame): repetir as mesmas 3 palavras 3 pontos
Atenção/concentração: o paciente faz subtrações em seqüências > 
subtrai 7 de 100 em seqüência (93, 86, 79, 72, 65) ou soletra “marte” de trás para a frente (e-t-r-a-m) 5 pontos
Linguagem: o paciente repete “não se, e, ou porém” 1 ponto
Nomear 2 objetos comuns apresentados pelo examinador (1 ponto cada) 2 pontos
Siga um comando em 3 passos (1 ponto cada) 3 pontos
Escrever uma frase 1 ponto
Leia a frase abaixo e faça o que ela diz: “FECHE OS SEUS OLHOS” 1 ponto
Construção: o paciente copia o desenho abaixo: “DOIS PENTÁGONOS ENTRELAÇADOS” 1 ponto
TOTAL 30 pontos”
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46 V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 — A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L 
Perícias em transtornos neuróticos, relacionados ao 
estresse e somatoformes (F40 – F48)
Verificar:
– início dos sintomas;
– qual foi o desencadeante que fez surgir o sintoma pela 
primeira vez.
Verificar se, antes do surgimento dos sintomas, o su-
jeito já apresentava sintomas de ansiedade ou inseguran-
ça emocional. Verificar se foi uma criança ou mesmo um 
adulto jovem inseguro. Uma vez constatado que existe um 
padrão permanente e refratário a tratamentos efetuados, 
caracterizado por ansiedade e insegurança, pesquisar se 
esse sujeito seria capaz de desenvolver outras atividades 
laborativas que não a atual. Caso o sujeito associe a incapa-
cidade laborativa atual com a função que exerce, elaborar 
parecer administrativo sugerindo mudança de atividade. Se 
Abuso de substância e dependência
TRIAGEM
Álcool 1. Com que freqüência você usa bebidas alcoólicas?
 2. Nos dias em que você bebe, quantos “drinks” você toma em média?
Drogas 1. Você usa medicamentos com freqüência para: 
 • Relaxar ou aliviar o estresse? 
 • Acalmar seus nervos? 
 • Controlar sua dor? 
 • Ficar “alto”?
 2. Nos dias em que você usa medicamentos ou drogas por essas razões, que quantidades você 
costuma usar (ex.: número de comprimidos, quantia gasta em dinheiro?)
Bebedor pesado Adultos masculinos: bebe  14x/semana ou  4x/dia, 1x/semana
(critérios do NIAAA) Adultos femininos: bebe  7x/semana ou  3x/dia, 1x/semana
 Adultos idosos  65 anos: bebe  7x/semana ou  2x/dia,  1x/semana
Uso problemático Drogas compradas ilegalmente
de drogas Medicamentos: uso exagerado da receita, uso de outras receitas, compra de medicamentos sem 
prescrição.
Confirmação • Esforços para cortar a bebida ou a droga? 
(critérios do • Perturbado por pessoas que o/a criticam por beber ou usar drogas? 
CAGE-AID) • Sente-se culpado(a) por usar álcool ou drogas? 
 • Bebe logo ao acordar ou usa drogas para firmar seus nervos, livrar-se de uma ressaca, ou aliviar 
sintomas de abstinência?”
PERÍCIAS EM TRANSTORNOS MENTAIS E DE 
COMPORTAMENTO DEVIDO AO USO 
DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (F10 – F19)
Verificar há quanto tempo o sujeito faz uso da substância, 
com que freqüência, tratamentos anteriores, internações e 
conseqüências para as atividades da vida. Se houver algum 
grau de demência devido ao uso da substância, encami-
nhar para a aposentadoria. É necessário avaliar o grau de 
demência de forma indireta por relato de familiares. Ha-
vendo dificuldade para firmar o diagnóstico de demência, 
solicitar relatório do chefe imediato para avaliar o grau de 
comprometimento laborativo. 
Caso não exista processo demencial, verificar se ocorre o 
desejo irresistível ao consumo. Se positivo, fornecer licenças 
quinzenais, solicitando relatório médico de atendimento 
ambulatorial. Caso o indivíduo não aceite se submeter a 
tratamento ambulatorial, suspendê-lo das atividades labo-
rativas por um período de uma semana até que o indivíduo 
regularize o atendimento ambulatorial.
Se o sujeito estiver exercendo atividade que dependa 
do uso de arma de fogo ou em que seja motorista ou ainda 
em que lide com máquinas que podem ocasionar lesões por 
déficit de atenção do usuário, encaminhar o periciando para 
readaptação de função.
Aqui, novamente transcrevemos trecho publicado por Por-
tela Câmara,3 para auxiliar no diagnóstico desta condição:
“Abuso de substância e dependência 
Cerca de um paciente em cada cinco que procuram uma uni-
dade de atenção primária está nessa condição.7,8 Os critérios 
utilizados para elaborar esse questionário foram baseados 
naqueles do NIAAA (National Institute on Alcohol Abuse 
and Alcoholism) e do CAGE-AID (cut down, annoyance, 
guilt, eye-opener – adaptated to include drugs), adaptados 
pelos autores do PHQ.9,10,11,12 As questões confirmatórias, por-
tanto, estão dirigidas tanto para o álcool quanto para drogas, 
e o paciente que responde positivamente a duas ou mais 
dessas questões muito provavelmente tem uma adição. 
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A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L — V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 47
Ansiedade
Triagem 1. Você tem ataques súbitos ou inesperados de ansiedade ou nervosismo?
 2. Você se sente tenso, preocupado ou estressado com freqüência?
Confirmação • Ataque agudo de sintomas autônomos (dor no peito, palpitações, respiração 
 ofegante, tremor, suores, rubores, náuseas) 
 • Presença de ansiedade ou preocupação crônicas (pessimismo)
 • Evitação de lugares ou situações devido a ansiedade ou preocupações
 • Presença de obsessões ou compulsões
DSM-IV TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Transtorno de pânico Espontâneos ou múltiplos ataques de pânico  ansiedade crônica
Pânico com agorafobia Múltiplos ataques de pânico = evitação freqüente  ansiedade crônica 
Ansiedade generalizada Ansiedade crônica ou preocupação  evitação  ataques de pânico
Fobia social Evitação  ansiedade crônica = ataques de pânico (situações sociais)
Transtorno obsessivo-compulsivo Obsessões ± compulsões  ansiedade crônica  ataques de pânico (ansiedade e 
pânico geralmente relacionados a conteúdos obsessivos)”
F43. Reação a estresse grave e transtornos da adaptação
Verificar qual a condição que levou o sujeito a apresentar a 
reação ao estresse. Uma vez identificada a origem do fator 
traumático, verificar se está relacionado a condições da vida 
pessoal ou se está relacionado à função laborativa. Se estiver 
relacionado à função laborativa, verificar a concordânciado 
sujeito em permanecer na mesma função pressupondo-se 
que o fator estressante foi ocasional ou sugerir mudança de 
função considerando fator estressante como permanente.
Se o fator traumático foi gerado em situações não la-
borativas, portanto relacionadas a fatos ocorridos fora do 
F42. Transtorno obsessivo-compulsivo
Esse tipo de transtorno pode ter gravidade variável, desde 
comportamentos compulsivos até idéias obsessivas, que não 
prejudicam a atividade laborativa. Pode ocorrer na forma 
de idéia prevalente, como também constituir transtornos 
passageiros. Dependendo da gravidade dos sintomas, pode 
inviabilizar o exercício da atividade laborativa. Verificar se o 
sujeito está em tratamento e fornecer licenças de 15 a 30 dias 
enquanto o sujeito estiver em tratamento ambulatorial.
o paciente percebe-se incapaz de exercer qualquer função 
laborativa, encaminhá-lo para tratamento ambulatorial e 
fornecer licenças de 30 dias até que se sinta apto a retor-
nar ao trabalho. Se após um ano em licenças periódicas o 
processo neurótico não se resolver, encaminhar para a apo-
sentadoria definitiva. 
F41. Outros transtornos ansiosos
Mais uma vez utilizamos aqui trecho publicado por Portela 
Câmara3 para auxiliar no diagnóstico da questão:
“Ansiedade
De modo semelhante ao que ocorre com pacientes deprimi-
dos, a maioria dos pacientes com alguma forma de transtor-
no de ansiedade procura os serviços de atenção primária, 
especialmente em função dos seus sintomas autônomos.13 
Das várias formas de ansiedade, somente duas delas são 
epidemiologicamente as mais prevalentes na clínica:14 a 
preocupação crônica e os ataques de ansiedade. A triagem 
é feita por perguntas dirigidas aos sintomas mais comuns 
nos transtornos de ansiedade e as questões confirmatórias 
esclarecem o diagnóstico diferencial, especificando os ele-
mentos presentes na queixa do paciente. 
Vejamos como funciona o questionário neste caso. A 
primeira questão caracteriza um indivíduo com ansiedade 
aguda + sintomas autonômicos. Isso define um ataque de 
pânico, em contraste com uma ansiedade situacional, me-
nos intensa. A segunda questão separa indivíduos que são 
cronicamente preocupados daqueles que reagem somente a 
um estresse situacional. Os dois últimos fatores completam 
o diagnóstico diferencial, e foram projetados para detectar 
elementos de transtorno de ansiedade que demandam a 
atenção de um psiquiatra ou de um psicólogo, por exemplo, 
comportamento fóbico (evitativo), obsessões e compulsões, 
condições que não respondem satisfatoriamente aos méto-
dos de tratamento disponíveis numa unidade de atenção 
primária. Finalmente, a confirmação diagnóstica é feita na 
segunda parte. 
00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM47
48 V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 — A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L 
ambiente de trabalho, verificar se o paciente se sente ame-
açado por fatores objetiváveis e se tais fatores demandam 
providências policiais, judiciais ou se é possível afastar o 
fator estressante. Caso não seja possível afastar o fator es-
tressante, verificar se ocorreu perturbação neurótica em 
relação ao trauma sofrido. Neste caso encaminhar para tra-
tamento ambulatorial com licenças periódicas de 15 dias até 
o período de um ano. Caso não seja possível o segurado re-
tornar à normalidade psíquica após um ano de tratamento, 
encaminhar para possível readaptação de função de forma 
que a mudança do ambiente de trabalho e de funções atue 
como terapêutica, fazendo com que ele se “desimpregne” 
do trauma sofrido.
F44. Transtornos dissociativos (conversivos)
Quando a pessoa descreve que apresentou uma cri-
se dissociativa ou conversiva, remete-nos para conflitos 
emocionais intensos e originados em fatores traumáticos 
de primeira infância, provavelmente. Ou seja, são pessoas 
extremamente frágeis emocionalmente. Normalmente apre-
sentam elevada rigidez de conduta, como forma de defesa 
aos aspectos emocionais frágeis. Em geral, são litigantes e 
extremamente críticas em relação a chefes e colegas. Quan-
do implicam com alguma situação laborativa tornam-se 
improdutivas para suas funções. Além disso, são pessoas 
que se estressam facilmente. Em períodos de elevada sin-
tomatologia ansiosa, devem ser afastadas por não mais do 
que 15 dias. Se for possível solicitar aos chefes imediatos que 
descrevam os fatores que desencadeiam crises de ansiedade 
neste paciente e orientá-los a evitarem tais desencadeantes, 
o problema pode ser resolvido e o paciente pode se sentir 
capaz de desenvolver as suas atividades. Se o problema não 
puder ser resolvido com a chefia imediata, tentar a mudança 
de função, intercalando com licenças quinzenais enquanto 
aguarda tempo de serviço para aposentadoria.
F45. Transtornos somatomorfos
Esses pacientes também apresentam graus intensos de con-
flitos emocionais que se traduzem por ansiedade intensa. 
As licenças devem ocorrer por 15 dias, em períodos em 
que os sintomas apresentam-se exacerbados. O segurado 
deve estar em acompanhamento psicoterápico por período 
prolongado, por pelo menos um a dois anos. Não devem ser 
encaminhados para aposentadoria, mesmo que as licenças 
tenham de ser constantemente renovadas.
F48. Outros transtornos neuróticos
F48.0 – Neurastenia
Neste transtorno há a queixa de fadiga constante (senti-
mentos de fraqueza e exaustão física e mental). Sintomas 
concomitantes ocorrem, tais como: alterações do sono, ir-
ritabilidade, desânimo, dores, perda do apetite, ansiedade 
e liberações agressivas. Fornecer licenças sucessivas de 15 
dias. Não cabe aposentadoria por ser condição reversível. Se 
necessário, encaminhar para a readaptação de função.
PERÍCIAS EM SÍNDROMES COMPORTAMENTAIS 
ASSOCIADAS A DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS E A FATORES 
FÍSICOS
F50. Transtornos alimentares
Os transtornos alimentares costumam estar presentes em 
pacientes com quadros de conflitos emocionais graves, ge-
rando sintomas como a anorexia e a bulimia. Predominam, 
entre eles, transtornos neuróticos ou mesmo transtorno 
histriônico da personalidade. Muitos casos exigem interna-
ção psiquiátrica. O atendimento psicoterápico deve ocorrer 
por tempo indeterminado. Nesses casos as licenças devem 
ser quinzenais, freqüentes, mas o paciente não deve ser 
encaminhado para aposentadoria.
F51. Transtornos não-orgânicos do sono
Nesses transtornos a vigília está, de alguma forma, com-
prometida, perturbando a atenção do sujeito à função la-
borativa. Se a função que o sujeito exerce fornecer, devido 
ao déficit de atenção, risco para si ou para a própria função, 
propor readaptação. Se houver necessidade de licenças, elas 
devem ser apenas de alguns dias.
F52. Disfunção sexual não causada por transtorno ou 
doença orgânica
Não é motivo de licença médica
F53. Transtornos mentais e de comportamento associados 
ao puerpério, não classificados em outros locais
Nesses casos verificar a gravidade dos sintomas. A licença, 
se necessária, não deve exceder o prazo máximo de 30 dias 
contados após o término da licença-gestante.
F54. Fatores psicológicos e de comportamento associados 
a doenças ou transtornos classificados em outra parte
Este item inclui fatores psicológicos que afetam condições 
físicas. Nessa categoria se incluem comportamentos de su-
jeitos portadores de doenças que necessitam disciplina e 
responsabilidade para com o uso adequado de medicações e 
de dietas, por exemplo, diabetes, hipertensão arterial, úlcera 
gástrica, colite ulcerativa e outros. São indivíduos que não 
cumprem adequadamente as orientações médicas, preju-
dicando a evolução da doença classificada em outro item 
do código de doenças.
F55. Abuso de substâncias que não produzem dependência
Não cabe licença médica, na maioria dos casos.
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PERÍCIAS EM TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE (TP)
F60 – F69. Transtornos da personalidade e de 
comportamentos adultos (TP)
Introdução
O diagnóstico dos TPs é ainda de difícil identificação pelos clínicos. Poucos especialistas se interessam pelo estudo específico dos TPs por serem do eixo 
II15 e entenderem que patologias desse eixo, por serem per-
manentes e refratárias a tratamento, não compensam ser 
tratadas. Contudo, são as condições que mais demandam 
atenção em perícias. Além disso, esse diagnóstico somente 
é lembrado quando a evolução do transtorno mental é in-
satisfatória. O mais importante na questão dos TPs é saber 
distingui-los das outras condições mentais anormais. Os 
TPs necessitam de avaliação semiológica, por meio da di-
nâmica dos processos psíquicos, sendo que a categorização 
descritiva dos mesmos não é suficiente para o diagnóstico 
diferencial dos diferentes tipos de TP. Por exemplo, é mui-
to freqüente que o psiquiatra confunda o estado afetivo 
da esquizotipia, que se caracteriza por expressão afetiva 
deficiente, com a indiferença e insensibilidade afetiva dos 
transtornos anti-sociais.
Definição dos TPS
Os TPs não são doenças, em sentido estrito, mas anomalias 
do desenvolvimento psicológico, que envolvem a desarmonia 
da afetividade, da excitabilidade, da integração deficitária 
dos impulsos, das atitudes e das condutas, manifestando-se 
no relacionamento interpessoal. Dessa forma, impedem a 
integração social adequada de modo contínuo e persistente. 
Schneider considerava que as personalidades psicopáticas 
seriam deficiências dos processos afetivo e volitivo, assim 
como os oligofrênicos seriam deficientes quanto à inteli-
gência.16
Classificação
O interesse no estudo da personalidade e de seus trans-
tornos foi acentuadamente renovado nos EUA a partir de 
1980, com a publicação da terceira edição do DSM.17 Nele, 
os TPs foram dispostos de maneira independente em re-
lação aos demais diagnósticos em psiquiatria, por meio da 
divisão dos transtornos psiquiátricos em eixo I e eixo II. O 
eixo I abrangeu transtornos caracterizados por fenômenos 
psíquicos patológicos em atividade, caracterizado por desvios 
do funcionamento psíquico anterior do sujeito, e o eixo II 
abrangeu os transtornos da personalidade e as oligofrenias, 
caracterizadas por condições persistentes, determinantes 
de inadequada adaptação ao meio, ao longo de todo o de-
senvolvimento.
Prevalência
Por se tratar de condições permanentes, as taxas de in-
cidência e prevalência se equivalem na questão dos TPs. 
A incidência global de TP na população geral varia entre 
10% e 15%, sendo que cada tipo de TP contribui com 0,5% a 
3%. Entre os americanos adultos, 38 milhões apresentam 
pelo menos um tipo de TP, o que corresponde a 14,79% da 
população (IC 95%, 14,08%-15,50%). 
Sintomatologia
Os TPs se traduzem por atritos relevantes no relaciona-
mento interpessoal, que ocorrem por atitudes e condutas 
desarmônicas relacionadas com a excitabilidade e com o 
controle dos impulsos. Essas alterações ocorrem devido à 
desarmonia da organização e da integração da vida afetivo-
emocional. 
A seguir, apresentamos resumo dos sintomas predomi-
nantes em cada um dos tipos de TP segundo a CID-10:
F60.0. Transtorno paranóide: predomina a desconfiança e 
o sentimento de estar sempre sendo prejudicado pelos 
outros.
F60.1. Transtorno esquizóide: predomina o desapego, ocorre 
desinteresse no contato social.
F60.2. Transtorno anti-social: prevalece a crueldade for-
tuita.
F60.3. Transtorno de instabilidade emocional. 
F60.30. Tipo impulsivo: prevalece o comportamento turbu-
lento ou a tendência explosiva da personalidade.
F60.31. Tipo limítrofe: prevalece a imaturidade, a impul-
sividade e a fragilidade emocional com tendência a 
sentir-se rejeitado. 
F60.4. Transtorno histriônico: prevalece o egocentrismo, a 
baixa tolerância a frustrações e a necessidade de fazer com 
que todos dirijam a sua atenção para o próprio paciente. 
Esse transtorno pode apresentar tendência à bipolaridade 
do humor, diferenciando-se das formas de transtornos 
afetivos puros. Na realidade, ocorre nesse transtorno 
uma elevada psicoplasticidade, podendo o quadro clí-
nico apresentar-se ora como excessiva manifestação de 
sintomas somáticos e psíquicos, ora com intensa carência 
de iniciativa. Nos casos graves pode ocorrer sintoma de 
mitomania (p. ex., a formação fantasiosa de um perso-
nagem ou mesmo a patomimese).
F60.5. Transtorno anancástico: prevalece a preocupação com 
detalhes, a rigidez e a mesquinhez.
F60.6. Transtorno ansioso: prevalece a sensibilidade excessiva 
a críticas, tendência a retraimento social com caracte-
rísticas de insegurança e desconfiança.
F60.7. Transtorno dependente: prevalece a astenia do com-
portamento, carência de determinação e iniciativa e 
instabilidade de propósitos.
321.2. Personalidade esquizotípica: prevalece a excentri-
cidade.15
301.81. Personalidade narcisista: Prevalece a necessidade 
de admiração e fantasias de grandiosidade.15
Os TPs se caracterizam de forma predominante por 
insensibilidade aos outros e indiferença afetiva, prevale-
cendo os aspectos da individualidade sobre os da sociabili-
dade. Os pacientes carecem de sentimentos sociais nobres. 
Enfatizamos que o TP é um defeito permanente do caráter, 
embora toda personalidade se encontre comprometida por 
repercussão. 
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A história de vida dos TPs se inicia com provável trans-
torno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Sabe-
se que 5% das crianças em idade escolar sofrem de TDAH. 
Entre os TDAH, 14% sofrem também de transtorno de 
conduta e 40% de transtorno de oposição desafiante na in-
fância, totalizando 54% de prováveis sujeitos a evoluírem 
para transtorno da personalidade quando adultos.
Diagnóstico
O diagnóstico de TP só pode ser realizado por meio da 
história de vida, em busca do padrão anormal de conduta 
e da semiologia psiquiátrica. Ainda não se tem instrumen-
to confiável para o diagnóstico de TP. A confiabilidade do 
diagnóstico de TP é baixa, sendo o índice Kappa de 0,51. 
A investigação deve seguir o modelo dimensional e até o 
momento os instrumentos de auto-aplicação mostraram-se 
falhos na identificação desses transtornos. Como o sujeito 
vive para a sua individualidade, prevalece a necessidade 
de satisfação imediata dos desejos, não havendo, portanto, 
uma continuidade de propósitos, o que dificulta conseguir 
uma boa história da sua vida. Os sujeitos costumam relatar 
a história de vida de forma fragmentária e caótica.
O diagnóstico diferencial entre transtorno neurótico e 
transtorno da personalidade é de difícil precisão. O médico 
perito deve avaliar o grau de “aversão ao risco”. Nos transtor-
nos neuróticos predomina a aversão ao risco. Esses sujeitos 
têm receio de tudo o que possa lhe causar algum prejuízo, 
exercendo rituais de comportamentos para afastar possíveis 
danos. Tanto os transtornos neuróticos como os transtornos 
da personalidade apresentam comportamento de rigidez. Os 
sujeitos com transtornos neuróticos apresentam, normal-
mente, a seguinte queixa: “Doutor, não sei o que acontece 
comigo, mas não consigo controlar”. Já nos TPs, o sujeito 
jamais vai atribuir a si mesmo a causa de seus transtornos. 
Estará sempre a culpar alguém ou alguma coisa por seu 
infortúnio. “Doutor, não fosse o meu chefe, ou vizinho, ou 
condições tais e quais, eu estaria muito bem”.
Não se recomenda o diagnósticode TP até a idade de 
responsabilidade legal (16 ou 17 anos), preferindo-se o diag-
nóstico de transtorno de conduta.
A licença médica, no caso dos TPs, deve ser avaliada em 
função do prejuízo que o sujeito causa para o ambiente de 
trabalho. Por se tratar de condição permanente e refratá-
ria ao tratamento, se o sujeito estiver causando problemas 
no relacionamento com colegas de trabalho, com a chefia 
ou mesmo com a continuidade no exercício da sua função, 
deverá ser encaminhado para a aposentadoria. Os TPs são 
as únicas condições em que se considera o prejuízo ao meio 
e não ao próprio indivíduo.
Como são condições pouco diagnosticadas, devido à de-
sinformação que se tem a respeito dessas condições, a perí-
cia é problemática. Vários casos de processos já ocorreram 
contra peritos por conta da não-evidência do transtorno. Os 
processos ocorrem porque aparentemente os sujeitos não 
parecem doentes e, dessa forma, autoridades pensam que o 
trabalho pericial foi fraudulento. Mas a experiência mostra 
que, no caso dos TPs, por se tratar de caracteropatias, devido 
ao transtorno que causam para o ambiente de trabalho, de-
pois de sucessivas licenças a aposentadoria é o único recurso 
possível, apesar de tal medida desagradar chefias. 
F62. Alterações duradouras da personalidade não atribuíveis 
a lesão ou doença cerebral — Nesses casos deve-se avaliar 
se o sujeito está em tratamento ambulatorial, pois os 
sintomas são passíveis de remissão.
F63. Transtornos de hábitos e impulsos — No caso de F63.0 
– Jogo patológico –, a literatura aponta para caracterís-
ticas obsessivas da personalidade, contudo, na experi-
ência da autora, a condição de base é o transtorno da 
personalidade.
A vida do sujeito se desorganiza devido a dívidas adqui-
ridas com o vício. As licenças devem ser de, no máximo, 
dez dias, evitando-se a renovação.
Nos casos de F63.1 e F63.2, não cabe licença médica, uma 
vez que se trata de comportamento episódico, já tendo ocor-
rido, e a licença médica em nada auxiliaria o periciando.
Para os diagnósticos F63.3, F63.8 e F63.9, da mesma 
forma que os anteriores, não cabe licença médica, embora 
seja necessário que o periciando procure tratamento es-
pecializado.
Diagnósticos de F64, F65 e F66 tratam de condições 
específicas ao relacionamento sexual, não sendo cabível 
licença médica.
F68. Outros transtornos de personalidade e de comportamen-
to em adultos — Para F68.0, o periciando deve estar em 
atendimento ambulatorial e as licenças devem ser de 15 
dias, prorrogáveis até no máximo 90 dias.
Para F68.1, uma vez verificado o transtorno factício, as 
licenças devem ser suspensas. 
F70 – F79. Retardo mental
Apenas quando houver comprometimento do comporta-
mento a análise psiquiátrica deverá definir o prejuízo da 
capacidade laborativa. Se assim ocorrer, as licenças deverão 
ser breves apenas para a crise momentânea ou o periciando 
deverá ser encaminhado para a readaptação de função mais 
adequada para sua capacidade. 
F80 – F89. Transtornos do desenvolvimento psicológico 
Nesse item o diagnóstico deveria ter sido avaliado no exame 
de ingresso. Se algum dos itens relacionados nesse grupo 
diagnóstico for considerado, o sujeito deverá ser encami-
nhado para readaptação de função.
F90 – F98. Transtornos emocionais e de comportamento 
com início habitualmente ocorrendo na infância ou 
adolescência
O mesmo que o item F80 – F89. Se alguma dessas condi-
ções permanecer na vida adulta, por se tratar de condições 
permanentes, o sujeito deve ser encaminhado para readap-
tação de função. 
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Endereço para correspondência
 
Dra. Hilda C. P. Morana
Rua Marquês de Paranaguá, 36, ap. 62
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