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A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L — V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 43 PR O TO C O LO D E AV AL IA Ç Õ ES PE R IC IA IS P SI QU IÁ TR IC A S EM P ER ÍC IA A D M IN IS TR AT IV A RESUMO: O objetivo deste protocolo é auxiliar na concessão de licenças e aposentadorias realizadas por avaliações em perícia psiquiátrica exclusivamente no âmbito das perícias administrativas. A elaboração deste roteiro obedeceu ao critério diagnóstico da CID-10 e baseou-se na experiência da autora em 16 anos de efetivo exercício no departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo. ABSTRACT: The objective of this protocol is to assist in the concession of furloughs and retirements carried out by expert witness exclusively in the scope of labor and retirement examination. The elaboration of this script obeyed to the diagnostic criterion of the CID-10 and was based on the author’s 16 years experience of effective exercise in the Medical Expert Witness department of the State of São Paulo. PALAVRAS-CHAVE: Perícia médica; Perícia administrativa; Benefícios previdenciários. KEYWORDS: Expert witness, labor furloughs, retirement examination. Hilda C. P. Morana – Doutora pela Universidade de São Paulo. PSYCHIATRIC GUIDELINE FOR EXPERT WITNESS IN LABOR FURLOUGHS AND RETIREMENT EXAMINATION Hilda C. P. Morana RECEBIDO: 19.07.2005 APROVADO:25.07.2005 COMUNICAÇÃO 00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM43 44 V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 — A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L Os transtornos mentais são a terceira causa de conces-são de benefícios previdenciários ou administrativos, por incapacidade temporária, superados apenas pelos acidentes e por causas osteomusculares.1 Este protocolo tem por objetivo auxiliar na concessão de licenças e aposentadorias realizadas por avaliações em perícia psiquiátrica exclusivamente no âmbito das perícias administrativas. Não são consideradas as patologias de na- tureza ocupacional ou doenças profissionais, que são objeto de estudo da Medicina do Trabalho. Nos casos em que o sujeito está solicitando benefício por queixa psiquiátrica, de uma maneira geral, deve-se: – investigar: queixa principal, história da moléstia atual, antecedentes psiquiátricos, antecedentes familiares e pes- soais, exame psíquico atual e exame físico; e – avaliar: grau de incapacidade laborativa dos transtor- nos mentais e do comportamento relacionado. Para cada transtorno mental é proposto um roteiro com as peculiaridades psicopatológicas relevantes para a ava- liação pericial e recomendações concernentes às condutas apropriadas. O trabalho é fruto da experiência da autora, que por 16 anos exerceu atividade pericial administrativa no departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo. As patologias foram relacionadas segundo a Classificação dos Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10.2 PERÍCIAS EM ESQUIZOFRENIA, TRANSTORNOS ESQUIZOTÍPICO E DELIRANTES (F20 – F29) E TRANSTORNOS DO HUMOR (F30 – F39) Se a queixa se referir a sintomas produtivos como alucina- ções, automatismos ou concepções delirantes de qualquer natureza, o diagnóstico provável é F20 – F29. É condição necessária a desorganização do trabalho mental, que pode ocorrer por interferência, condensação e transposição do pensamento. Verificar: – há quanto tempo ocorre o distúrbio; – qual o tempo de duração do distúrbio; - quantos surtos psicóticos já ocorreram; – ocorrência de remissão integral das condições psíquicas; – duração do surto atual; – uso de neurolépticos. Quais? Se o transtorno evoluiu com predominância de alte- rações do humor, o diagnóstico provável se enquadra em F30 – F39. Se o sujeito está em franco surto (inclui F23; F24 e F25), com sintomatologia produtiva, dar a licença por 30 dias, sendo provável a necessidade de prorrogá-la até que ocorra a remissão do surto (F20.x5). Se o sujeito já se apresentar em remissão, verificar se a data da perícia retroage para o período em que estava em franco surto. Se a freqüência dos surtos for mais do que quatro epi- sódios por ano, há pelo menos dois anos, encaminhar para a aposentadoria (F20.x3). Aposentadoria nos casos de F20.x0; F20.x1; e F20.x2. Se F20.x4: aguardar por dois anos em observação. Se não remitir nesse período, encaminhar para a aposentadoria. Se F21 (transtorno esquizotípico): ver grupo dos trans- tornos da personalidade. Se F22: se confirmada a não re- missão dos sintomas produtivos pelo período de dois anos, encaminhar para a aposentadoria. Neste distúrbio, o pen- samento, embora delirante, pode ser rigorosamente organi- zado a partir de indícios do meio que obedecem à dinâmica persecutória e de prejuízo. Nos transtornos do humor (F30 e F31), devido ao in- tervalo lúcido, ou seja, quando o sujeito está em remissão (F31.7), verificar se a perícia retroage para o período em que o periciando estava em surto. Em alguns casos de transtornos do humor (F30 e F31), o sujeito é capaz de desenvolver algumas atividades e não outras. Devido à labilidade do humor, há casos em que o sujeito precisa ser aposentado em uma atividade, mas é ca- paz de se manter trabalhando em outras, o que gera sérias controvérsias na perícia. Sempre que puder, encaminhar o sujeito que se queixa de não suportar a atividade laborativa que exerce para a readaptação de função. Nos casos de F32 (episódio depressivo), avaliar se o su- jeito apresenta: – franca queixa de falta absoluta de disposição para fa- zer suas coisas (o indivíduo relata que se sente como se fosse, p. ex., um carro sem gasolina – ele quer andar, mas não consegue); 00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM44 A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L — V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 45 – queixa de humor depressivo e falta de motivação. Pe- riciando refere que tudo lhe parece ruim, apenas consegue perceber os aspectos negativos da realidade; – anedonia. Periciando se queixa de que não vê graça em nada da vida. Falta de prazer para qualquer atividade; – alterações do sono e/ou do apetite e/ou da auto-estima devem acompanhar o quadro clínico. Para o diagnóstico de depressão, seja F32 ou F33, as três primeiras condições são necessárias. Conduta: licença de 30 dias, prorrogáveis desde que o paciente esteja fazendo uso regular da medicação. Insistir com o periciando que, se ele não tomar a medicação prescrita, a licença será suspensa. Se F34 (transtornos persistentes do humor), não cabe licença médica por se tratar de transtorno persistente (ca- racteropatia). Nesses casos a condição deveria ter sido ana- lisada no exame de ingresso e ter sido verificada a condição da personalidade em função da atividade a ser executada. PERÍCIAS PARA PROCESSOS DEMENCIAIS F00 – F09. Transtornos mentais orgânicos incluindo sintomáticos Verificar há quanto tempo iniciaram-se os sintomas. Por se tratar de doenças crônicas ou irreversíveis, a maio- ria dos casos deve ser encaminhada para a aposentadoria. Os estágios iniciais do paciente com diagnóstico de de- mência são normalmente imperceptíveis aos familiares e ao próprio periciando. A pessoa apenas se queixa de falta de motivação e seu comportamento passa a se tornar pro- gressivamente mais apático. Para realizar o diagnóstico, transcrevemos trecho pu- blicado por Portela Câmara.3 “Deterioração cognitiva Aproximadamente 5% dos adultos maiores de 65 anos sofrem de deterioração cognitiva, percentual que sobre para cerca de16% quando se tem mais de 85 anos.4 Por outro lado, cerca de metade dos idosos em instituições asilares sofre de séria deterioração cognitiva. O mini- exame do estado mental (MMSE – mini-mental state examination) é o instrumento mais usado para se avaliar o grau de deterioração cognitiva neste contingente hu- mano.5 Ele também pode ser administrado por um clínico treinado e leva apenas cerca de cinco minutos para ser completado, sendo muito mais eficiente do que pergun- tar ao paciente ou à família sobre perda de memória do paciente, pois não somente o paciente desconhece seu déficit, como também a família compensa o problema com amor até que a demência se torne moderadamente avançada. A pontuação normal para o MMSE é 27 para idosos 65 anos com nível de escolaridade equivalente ao 2º ou 3º graus. Pontuação <24 sugere demência, em- bora também possa ser devido a pouca escolaridade ou analfabetismo, desinteresse no exame, ou lesões neuro- lógicas focais. O MMSE apresentado na Tabela é uma adaptação de Folstein et al.6 Deterioração cognitiva MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL (MMSE) Orientação: mês, data, ano, estação, dia da semana (1 ponto cada) 5 pontos Cidade, estado, país, onde está no momento e a localização (1 ponto cada) 5 pontos Registrar: repetir 3 palavras faladas pelo examinador (bola, gato, menino) 3 pontos Recordar (após 5 minutos ou final do exame): repetir as mesmas 3 palavras 3 pontos Atenção/concentração: o paciente faz subtrações em seqüências > subtrai 7 de 100 em seqüência (93, 86, 79, 72, 65) ou soletra “marte” de trás para a frente (e-t-r-a-m) 5 pontos Linguagem: o paciente repete “não se, e, ou porém” 1 ponto Nomear 2 objetos comuns apresentados pelo examinador (1 ponto cada) 2 pontos Siga um comando em 3 passos (1 ponto cada) 3 pontos Escrever uma frase 1 ponto Leia a frase abaixo e faça o que ela diz: “FECHE OS SEUS OLHOS” 1 ponto Construção: o paciente copia o desenho abaixo: “DOIS PENTÁGONOS ENTRELAÇADOS” 1 ponto TOTAL 30 pontos” 00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM45 46 V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 — A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L Perícias em transtornos neuróticos, relacionados ao estresse e somatoformes (F40 – F48) Verificar: – início dos sintomas; – qual foi o desencadeante que fez surgir o sintoma pela primeira vez. Verificar se, antes do surgimento dos sintomas, o su- jeito já apresentava sintomas de ansiedade ou inseguran- ça emocional. Verificar se foi uma criança ou mesmo um adulto jovem inseguro. Uma vez constatado que existe um padrão permanente e refratário a tratamentos efetuados, caracterizado por ansiedade e insegurança, pesquisar se esse sujeito seria capaz de desenvolver outras atividades laborativas que não a atual. Caso o sujeito associe a incapa- cidade laborativa atual com a função que exerce, elaborar parecer administrativo sugerindo mudança de atividade. Se Abuso de substância e dependência TRIAGEM Álcool 1. Com que freqüência você usa bebidas alcoólicas? 2. Nos dias em que você bebe, quantos “drinks” você toma em média? Drogas 1. Você usa medicamentos com freqüência para: • Relaxar ou aliviar o estresse? • Acalmar seus nervos? • Controlar sua dor? • Ficar “alto”? 2. Nos dias em que você usa medicamentos ou drogas por essas razões, que quantidades você costuma usar (ex.: número de comprimidos, quantia gasta em dinheiro?) Bebedor pesado Adultos masculinos: bebe 14x/semana ou 4x/dia, 1x/semana (critérios do NIAAA) Adultos femininos: bebe 7x/semana ou 3x/dia, 1x/semana Adultos idosos 65 anos: bebe 7x/semana ou 2x/dia, 1x/semana Uso problemático Drogas compradas ilegalmente de drogas Medicamentos: uso exagerado da receita, uso de outras receitas, compra de medicamentos sem prescrição. Confirmação • Esforços para cortar a bebida ou a droga? (critérios do • Perturbado por pessoas que o/a criticam por beber ou usar drogas? CAGE-AID) • Sente-se culpado(a) por usar álcool ou drogas? • Bebe logo ao acordar ou usa drogas para firmar seus nervos, livrar-se de uma ressaca, ou aliviar sintomas de abstinência?” PERÍCIAS EM TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO DEVIDO AO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (F10 – F19) Verificar há quanto tempo o sujeito faz uso da substância, com que freqüência, tratamentos anteriores, internações e conseqüências para as atividades da vida. Se houver algum grau de demência devido ao uso da substância, encami- nhar para a aposentadoria. É necessário avaliar o grau de demência de forma indireta por relato de familiares. Ha- vendo dificuldade para firmar o diagnóstico de demência, solicitar relatório do chefe imediato para avaliar o grau de comprometimento laborativo. Caso não exista processo demencial, verificar se ocorre o desejo irresistível ao consumo. Se positivo, fornecer licenças quinzenais, solicitando relatório médico de atendimento ambulatorial. Caso o indivíduo não aceite se submeter a tratamento ambulatorial, suspendê-lo das atividades labo- rativas por um período de uma semana até que o indivíduo regularize o atendimento ambulatorial. Se o sujeito estiver exercendo atividade que dependa do uso de arma de fogo ou em que seja motorista ou ainda em que lide com máquinas que podem ocasionar lesões por déficit de atenção do usuário, encaminhar o periciando para readaptação de função. Aqui, novamente transcrevemos trecho publicado por Por- tela Câmara,3 para auxiliar no diagnóstico desta condição: “Abuso de substância e dependência Cerca de um paciente em cada cinco que procuram uma uni- dade de atenção primária está nessa condição.7,8 Os critérios utilizados para elaborar esse questionário foram baseados naqueles do NIAAA (National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism) e do CAGE-AID (cut down, annoyance, guilt, eye-opener – adaptated to include drugs), adaptados pelos autores do PHQ.9,10,11,12 As questões confirmatórias, por- tanto, estão dirigidas tanto para o álcool quanto para drogas, e o paciente que responde positivamente a duas ou mais dessas questões muito provavelmente tem uma adição. 00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM46 A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L — V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 47 Ansiedade Triagem 1. Você tem ataques súbitos ou inesperados de ansiedade ou nervosismo? 2. Você se sente tenso, preocupado ou estressado com freqüência? Confirmação • Ataque agudo de sintomas autônomos (dor no peito, palpitações, respiração ofegante, tremor, suores, rubores, náuseas) • Presença de ansiedade ou preocupação crônicas (pessimismo) • Evitação de lugares ou situações devido a ansiedade ou preocupações • Presença de obsessões ou compulsões DSM-IV TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Transtorno de pânico Espontâneos ou múltiplos ataques de pânico ansiedade crônica Pânico com agorafobia Múltiplos ataques de pânico = evitação freqüente ansiedade crônica Ansiedade generalizada Ansiedade crônica ou preocupação evitação ataques de pânico Fobia social Evitação ansiedade crônica = ataques de pânico (situações sociais) Transtorno obsessivo-compulsivo Obsessões ± compulsões ansiedade crônica ataques de pânico (ansiedade e pânico geralmente relacionados a conteúdos obsessivos)” F43. Reação a estresse grave e transtornos da adaptação Verificar qual a condição que levou o sujeito a apresentar a reação ao estresse. Uma vez identificada a origem do fator traumático, verificar se está relacionado a condições da vida pessoal ou se está relacionado à função laborativa. Se estiver relacionado à função laborativa, verificar a concordânciado sujeito em permanecer na mesma função pressupondo-se que o fator estressante foi ocasional ou sugerir mudança de função considerando fator estressante como permanente. Se o fator traumático foi gerado em situações não la- borativas, portanto relacionadas a fatos ocorridos fora do F42. Transtorno obsessivo-compulsivo Esse tipo de transtorno pode ter gravidade variável, desde comportamentos compulsivos até idéias obsessivas, que não prejudicam a atividade laborativa. Pode ocorrer na forma de idéia prevalente, como também constituir transtornos passageiros. Dependendo da gravidade dos sintomas, pode inviabilizar o exercício da atividade laborativa. Verificar se o sujeito está em tratamento e fornecer licenças de 15 a 30 dias enquanto o sujeito estiver em tratamento ambulatorial. o paciente percebe-se incapaz de exercer qualquer função laborativa, encaminhá-lo para tratamento ambulatorial e fornecer licenças de 30 dias até que se sinta apto a retor- nar ao trabalho. Se após um ano em licenças periódicas o processo neurótico não se resolver, encaminhar para a apo- sentadoria definitiva. F41. Outros transtornos ansiosos Mais uma vez utilizamos aqui trecho publicado por Portela Câmara3 para auxiliar no diagnóstico da questão: “Ansiedade De modo semelhante ao que ocorre com pacientes deprimi- dos, a maioria dos pacientes com alguma forma de transtor- no de ansiedade procura os serviços de atenção primária, especialmente em função dos seus sintomas autônomos.13 Das várias formas de ansiedade, somente duas delas são epidemiologicamente as mais prevalentes na clínica:14 a preocupação crônica e os ataques de ansiedade. A triagem é feita por perguntas dirigidas aos sintomas mais comuns nos transtornos de ansiedade e as questões confirmatórias esclarecem o diagnóstico diferencial, especificando os ele- mentos presentes na queixa do paciente. Vejamos como funciona o questionário neste caso. A primeira questão caracteriza um indivíduo com ansiedade aguda + sintomas autonômicos. Isso define um ataque de pânico, em contraste com uma ansiedade situacional, me- nos intensa. A segunda questão separa indivíduos que são cronicamente preocupados daqueles que reagem somente a um estresse situacional. Os dois últimos fatores completam o diagnóstico diferencial, e foram projetados para detectar elementos de transtorno de ansiedade que demandam a atenção de um psiquiatra ou de um psicólogo, por exemplo, comportamento fóbico (evitativo), obsessões e compulsões, condições que não respondem satisfatoriamente aos méto- dos de tratamento disponíveis numa unidade de atenção primária. Finalmente, a confirmação diagnóstica é feita na segunda parte. 00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM47 48 V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 — A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L ambiente de trabalho, verificar se o paciente se sente ame- açado por fatores objetiváveis e se tais fatores demandam providências policiais, judiciais ou se é possível afastar o fator estressante. Caso não seja possível afastar o fator es- tressante, verificar se ocorreu perturbação neurótica em relação ao trauma sofrido. Neste caso encaminhar para tra- tamento ambulatorial com licenças periódicas de 15 dias até o período de um ano. Caso não seja possível o segurado re- tornar à normalidade psíquica após um ano de tratamento, encaminhar para possível readaptação de função de forma que a mudança do ambiente de trabalho e de funções atue como terapêutica, fazendo com que ele se “desimpregne” do trauma sofrido. F44. Transtornos dissociativos (conversivos) Quando a pessoa descreve que apresentou uma cri- se dissociativa ou conversiva, remete-nos para conflitos emocionais intensos e originados em fatores traumáticos de primeira infância, provavelmente. Ou seja, são pessoas extremamente frágeis emocionalmente. Normalmente apre- sentam elevada rigidez de conduta, como forma de defesa aos aspectos emocionais frágeis. Em geral, são litigantes e extremamente críticas em relação a chefes e colegas. Quan- do implicam com alguma situação laborativa tornam-se improdutivas para suas funções. Além disso, são pessoas que se estressam facilmente. Em períodos de elevada sin- tomatologia ansiosa, devem ser afastadas por não mais do que 15 dias. Se for possível solicitar aos chefes imediatos que descrevam os fatores que desencadeiam crises de ansiedade neste paciente e orientá-los a evitarem tais desencadeantes, o problema pode ser resolvido e o paciente pode se sentir capaz de desenvolver as suas atividades. Se o problema não puder ser resolvido com a chefia imediata, tentar a mudança de função, intercalando com licenças quinzenais enquanto aguarda tempo de serviço para aposentadoria. F45. Transtornos somatomorfos Esses pacientes também apresentam graus intensos de con- flitos emocionais que se traduzem por ansiedade intensa. As licenças devem ocorrer por 15 dias, em períodos em que os sintomas apresentam-se exacerbados. O segurado deve estar em acompanhamento psicoterápico por período prolongado, por pelo menos um a dois anos. Não devem ser encaminhados para aposentadoria, mesmo que as licenças tenham de ser constantemente renovadas. F48. Outros transtornos neuróticos F48.0 – Neurastenia Neste transtorno há a queixa de fadiga constante (senti- mentos de fraqueza e exaustão física e mental). Sintomas concomitantes ocorrem, tais como: alterações do sono, ir- ritabilidade, desânimo, dores, perda do apetite, ansiedade e liberações agressivas. Fornecer licenças sucessivas de 15 dias. Não cabe aposentadoria por ser condição reversível. Se necessário, encaminhar para a readaptação de função. PERÍCIAS EM SÍNDROMES COMPORTAMENTAIS ASSOCIADAS A DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS E A FATORES FÍSICOS F50. Transtornos alimentares Os transtornos alimentares costumam estar presentes em pacientes com quadros de conflitos emocionais graves, ge- rando sintomas como a anorexia e a bulimia. Predominam, entre eles, transtornos neuróticos ou mesmo transtorno histriônico da personalidade. Muitos casos exigem interna- ção psiquiátrica. O atendimento psicoterápico deve ocorrer por tempo indeterminado. Nesses casos as licenças devem ser quinzenais, freqüentes, mas o paciente não deve ser encaminhado para aposentadoria. F51. Transtornos não-orgânicos do sono Nesses transtornos a vigília está, de alguma forma, com- prometida, perturbando a atenção do sujeito à função la- borativa. Se a função que o sujeito exerce fornecer, devido ao déficit de atenção, risco para si ou para a própria função, propor readaptação. Se houver necessidade de licenças, elas devem ser apenas de alguns dias. F52. Disfunção sexual não causada por transtorno ou doença orgânica Não é motivo de licença médica F53. Transtornos mentais e de comportamento associados ao puerpério, não classificados em outros locais Nesses casos verificar a gravidade dos sintomas. A licença, se necessária, não deve exceder o prazo máximo de 30 dias contados após o término da licença-gestante. F54. Fatores psicológicos e de comportamento associados a doenças ou transtornos classificados em outra parte Este item inclui fatores psicológicos que afetam condições físicas. Nessa categoria se incluem comportamentos de su- jeitos portadores de doenças que necessitam disciplina e responsabilidade para com o uso adequado de medicações e de dietas, por exemplo, diabetes, hipertensão arterial, úlcera gástrica, colite ulcerativa e outros. São indivíduos que não cumprem adequadamente as orientações médicas, preju- dicando a evolução da doença classificada em outro item do código de doenças. F55. Abuso de substâncias que não produzem dependência Não cabe licença médica, na maioria dos casos. 00311_Revista.0810/6/05, 3:49 PM48 A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L — V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 49 PERÍCIAS EM TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE (TP) F60 – F69. Transtornos da personalidade e de comportamentos adultos (TP) Introdução O diagnóstico dos TPs é ainda de difícil identificação pelos clínicos. Poucos especialistas se interessam pelo estudo específico dos TPs por serem do eixo II15 e entenderem que patologias desse eixo, por serem per- manentes e refratárias a tratamento, não compensam ser tratadas. Contudo, são as condições que mais demandam atenção em perícias. Além disso, esse diagnóstico somente é lembrado quando a evolução do transtorno mental é in- satisfatória. O mais importante na questão dos TPs é saber distingui-los das outras condições mentais anormais. Os TPs necessitam de avaliação semiológica, por meio da di- nâmica dos processos psíquicos, sendo que a categorização descritiva dos mesmos não é suficiente para o diagnóstico diferencial dos diferentes tipos de TP. Por exemplo, é mui- to freqüente que o psiquiatra confunda o estado afetivo da esquizotipia, que se caracteriza por expressão afetiva deficiente, com a indiferença e insensibilidade afetiva dos transtornos anti-sociais. Definição dos TPS Os TPs não são doenças, em sentido estrito, mas anomalias do desenvolvimento psicológico, que envolvem a desarmonia da afetividade, da excitabilidade, da integração deficitária dos impulsos, das atitudes e das condutas, manifestando-se no relacionamento interpessoal. Dessa forma, impedem a integração social adequada de modo contínuo e persistente. Schneider considerava que as personalidades psicopáticas seriam deficiências dos processos afetivo e volitivo, assim como os oligofrênicos seriam deficientes quanto à inteli- gência.16 Classificação O interesse no estudo da personalidade e de seus trans- tornos foi acentuadamente renovado nos EUA a partir de 1980, com a publicação da terceira edição do DSM.17 Nele, os TPs foram dispostos de maneira independente em re- lação aos demais diagnósticos em psiquiatria, por meio da divisão dos transtornos psiquiátricos em eixo I e eixo II. O eixo I abrangeu transtornos caracterizados por fenômenos psíquicos patológicos em atividade, caracterizado por desvios do funcionamento psíquico anterior do sujeito, e o eixo II abrangeu os transtornos da personalidade e as oligofrenias, caracterizadas por condições persistentes, determinantes de inadequada adaptação ao meio, ao longo de todo o de- senvolvimento. Prevalência Por se tratar de condições permanentes, as taxas de in- cidência e prevalência se equivalem na questão dos TPs. A incidência global de TP na população geral varia entre 10% e 15%, sendo que cada tipo de TP contribui com 0,5% a 3%. Entre os americanos adultos, 38 milhões apresentam pelo menos um tipo de TP, o que corresponde a 14,79% da população (IC 95%, 14,08%-15,50%). Sintomatologia Os TPs se traduzem por atritos relevantes no relaciona- mento interpessoal, que ocorrem por atitudes e condutas desarmônicas relacionadas com a excitabilidade e com o controle dos impulsos. Essas alterações ocorrem devido à desarmonia da organização e da integração da vida afetivo- emocional. A seguir, apresentamos resumo dos sintomas predomi- nantes em cada um dos tipos de TP segundo a CID-10: F60.0. Transtorno paranóide: predomina a desconfiança e o sentimento de estar sempre sendo prejudicado pelos outros. F60.1. Transtorno esquizóide: predomina o desapego, ocorre desinteresse no contato social. F60.2. Transtorno anti-social: prevalece a crueldade for- tuita. F60.3. Transtorno de instabilidade emocional. F60.30. Tipo impulsivo: prevalece o comportamento turbu- lento ou a tendência explosiva da personalidade. F60.31. Tipo limítrofe: prevalece a imaturidade, a impul- sividade e a fragilidade emocional com tendência a sentir-se rejeitado. F60.4. Transtorno histriônico: prevalece o egocentrismo, a baixa tolerância a frustrações e a necessidade de fazer com que todos dirijam a sua atenção para o próprio paciente. Esse transtorno pode apresentar tendência à bipolaridade do humor, diferenciando-se das formas de transtornos afetivos puros. Na realidade, ocorre nesse transtorno uma elevada psicoplasticidade, podendo o quadro clí- nico apresentar-se ora como excessiva manifestação de sintomas somáticos e psíquicos, ora com intensa carência de iniciativa. Nos casos graves pode ocorrer sintoma de mitomania (p. ex., a formação fantasiosa de um perso- nagem ou mesmo a patomimese). F60.5. Transtorno anancástico: prevalece a preocupação com detalhes, a rigidez e a mesquinhez. F60.6. Transtorno ansioso: prevalece a sensibilidade excessiva a críticas, tendência a retraimento social com caracte- rísticas de insegurança e desconfiança. F60.7. Transtorno dependente: prevalece a astenia do com- portamento, carência de determinação e iniciativa e instabilidade de propósitos. 321.2. Personalidade esquizotípica: prevalece a excentri- cidade.15 301.81. Personalidade narcisista: Prevalece a necessidade de admiração e fantasias de grandiosidade.15 Os TPs se caracterizam de forma predominante por insensibilidade aos outros e indiferença afetiva, prevale- cendo os aspectos da individualidade sobre os da sociabili- dade. Os pacientes carecem de sentimentos sociais nobres. Enfatizamos que o TP é um defeito permanente do caráter, embora toda personalidade se encontre comprometida por repercussão. 00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM49 50 V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 — A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L A história de vida dos TPs se inicia com provável trans- torno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Sabe- se que 5% das crianças em idade escolar sofrem de TDAH. Entre os TDAH, 14% sofrem também de transtorno de conduta e 40% de transtorno de oposição desafiante na in- fância, totalizando 54% de prováveis sujeitos a evoluírem para transtorno da personalidade quando adultos. Diagnóstico O diagnóstico de TP só pode ser realizado por meio da história de vida, em busca do padrão anormal de conduta e da semiologia psiquiátrica. Ainda não se tem instrumen- to confiável para o diagnóstico de TP. A confiabilidade do diagnóstico de TP é baixa, sendo o índice Kappa de 0,51. A investigação deve seguir o modelo dimensional e até o momento os instrumentos de auto-aplicação mostraram-se falhos na identificação desses transtornos. Como o sujeito vive para a sua individualidade, prevalece a necessidade de satisfação imediata dos desejos, não havendo, portanto, uma continuidade de propósitos, o que dificulta conseguir uma boa história da sua vida. Os sujeitos costumam relatar a história de vida de forma fragmentária e caótica. O diagnóstico diferencial entre transtorno neurótico e transtorno da personalidade é de difícil precisão. O médico perito deve avaliar o grau de “aversão ao risco”. Nos transtor- nos neuróticos predomina a aversão ao risco. Esses sujeitos têm receio de tudo o que possa lhe causar algum prejuízo, exercendo rituais de comportamentos para afastar possíveis danos. Tanto os transtornos neuróticos como os transtornos da personalidade apresentam comportamento de rigidez. Os sujeitos com transtornos neuróticos apresentam, normal- mente, a seguinte queixa: “Doutor, não sei o que acontece comigo, mas não consigo controlar”. Já nos TPs, o sujeito jamais vai atribuir a si mesmo a causa de seus transtornos. Estará sempre a culpar alguém ou alguma coisa por seu infortúnio. “Doutor, não fosse o meu chefe, ou vizinho, ou condições tais e quais, eu estaria muito bem”. Não se recomenda o diagnósticode TP até a idade de responsabilidade legal (16 ou 17 anos), preferindo-se o diag- nóstico de transtorno de conduta. A licença médica, no caso dos TPs, deve ser avaliada em função do prejuízo que o sujeito causa para o ambiente de trabalho. Por se tratar de condição permanente e refratá- ria ao tratamento, se o sujeito estiver causando problemas no relacionamento com colegas de trabalho, com a chefia ou mesmo com a continuidade no exercício da sua função, deverá ser encaminhado para a aposentadoria. Os TPs são as únicas condições em que se considera o prejuízo ao meio e não ao próprio indivíduo. Como são condições pouco diagnosticadas, devido à de- sinformação que se tem a respeito dessas condições, a perí- cia é problemática. Vários casos de processos já ocorreram contra peritos por conta da não-evidência do transtorno. Os processos ocorrem porque aparentemente os sujeitos não parecem doentes e, dessa forma, autoridades pensam que o trabalho pericial foi fraudulento. Mas a experiência mostra que, no caso dos TPs, por se tratar de caracteropatias, devido ao transtorno que causam para o ambiente de trabalho, de- pois de sucessivas licenças a aposentadoria é o único recurso possível, apesar de tal medida desagradar chefias. F62. Alterações duradouras da personalidade não atribuíveis a lesão ou doença cerebral — Nesses casos deve-se avaliar se o sujeito está em tratamento ambulatorial, pois os sintomas são passíveis de remissão. F63. Transtornos de hábitos e impulsos — No caso de F63.0 – Jogo patológico –, a literatura aponta para caracterís- ticas obsessivas da personalidade, contudo, na experi- ência da autora, a condição de base é o transtorno da personalidade. A vida do sujeito se desorganiza devido a dívidas adqui- ridas com o vício. As licenças devem ser de, no máximo, dez dias, evitando-se a renovação. Nos casos de F63.1 e F63.2, não cabe licença médica, uma vez que se trata de comportamento episódico, já tendo ocor- rido, e a licença médica em nada auxiliaria o periciando. Para os diagnósticos F63.3, F63.8 e F63.9, da mesma forma que os anteriores, não cabe licença médica, embora seja necessário que o periciando procure tratamento es- pecializado. Diagnósticos de F64, F65 e F66 tratam de condições específicas ao relacionamento sexual, não sendo cabível licença médica. F68. Outros transtornos de personalidade e de comportamen- to em adultos — Para F68.0, o periciando deve estar em atendimento ambulatorial e as licenças devem ser de 15 dias, prorrogáveis até no máximo 90 dias. Para F68.1, uma vez verificado o transtorno factício, as licenças devem ser suspensas. F70 – F79. Retardo mental Apenas quando houver comprometimento do comporta- mento a análise psiquiátrica deverá definir o prejuízo da capacidade laborativa. Se assim ocorrer, as licenças deverão ser breves apenas para a crise momentânea ou o periciando deverá ser encaminhado para a readaptação de função mais adequada para sua capacidade. F80 – F89. Transtornos do desenvolvimento psicológico Nesse item o diagnóstico deveria ter sido avaliado no exame de ingresso. Se algum dos itens relacionados nesse grupo diagnóstico for considerado, o sujeito deverá ser encami- nhado para readaptação de função. F90 – F98. Transtornos emocionais e de comportamento com início habitualmente ocorrendo na infância ou adolescência O mesmo que o item F80 – F89. Se alguma dessas condi- ções permanecer na vida adulta, por se tratar de condições permanentes, o sujeito deve ser encaminhado para readap- tação de função. 00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM50 A R Q U I V O S B R A S I L E I R O S D E P S I Q U I AT R I A , N E U R O LO G I A E M E D I C I N A L E G A L — V O L 9 9 N º 0 3 ; J U L / A G O / S E T 2 0 0 5 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 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Endereço para correspondência Dra. Hilda C. P. Morana Rua Marquês de Paranaguá, 36, ap. 62 Consolação 01303-050 São Paulo, SP, Brasil E-mail: hildacpm@uol.com.br 00311_Revista.08 10/6/05, 3:49 PM51