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Aula 2 Modelagem de Sistemas Mecânicos Translacionais Os sistemas mecânicos que serão considerados durante o curso serão sempre constituídos pela interligação de 3 tipos de elementos básicos: massas, molas e amortecedores. Começaremos relembrando, para cada um deles, a equação envolvendo a força exercida sobre ou pelo elemento. I. Elementos Mecânicos Básicos 1) Massas A 2a Lei de Newton diz que a intensidade da resultante de todas as forças (FR) aplicadas sobre uma dada massa é igual à variação da quantidade de movimento, que no nosso caso representa o produto da massa (m) vezes a aceleração (a). Então, lembrando que a aceleração de um corpo é igual à taxa de variação (derivada) da velocidade, e que a velocidade por sua vez é igual à taxa de variação (derivada) da posição do corpo, temos que . 2) Molas Figura 1 - mola e amortecedor Suponha que a mola mostrada à esquerda na Figura 1 esteja em repouso. Quer dizer, ela não está nem comprimida nem esticada. Seja xc o deslocamento (para cima) da extremidade c da mola em relação à posição de equilíbrio, e xd o deslocamento (também para cima) da extremidade d da mola também em relação à posição de equilíbrio. A Lei de Hooke diz que quando a distância entre as extremidades é maior ou menor do que o comprimento de repouso da mola, então esta oferecerá uma força de resistência contrária ao movimento realizado e cuja intensidade é , onde k é a constante elástica da mola. No caso particular em que uma das extremidades da mola está fixa, por exemplo a extremidade d, a força que a mola oferecerá para se opor ao deslocamento da extremidade c é dada simplesmente por . 3) Amortecedor O amortecedor, mostrado à direita na Figura 1, é o único elemento que dissipa energia no sistema. O amortecedor irá oferecer uma força de resistência cuja intensidade é proporcional à diferença entre as velocidades das duas extremidades e e f. Ou seja, , onde b é o coeficiente de atrito viscoso. Na sequência, consideraremos o exemplo de um sistema mecânico bem simples, contendo apenas uma massa. A simples aplicação da 2a Lei de Newton levando-se em conta as expressões das forças da mola e amortecedor indicadas acima nos fornecerá a equação diferencial regendo a dinâmica do sistema em estudo. 1 Exemplo 1 Considere o sistema mecânico representado abaixo. Deseja-se determinar a equação diferencial que relaciona o deslocamento y(t) da massa m com o deslocamento u(t) do carrinho e dos parâmetros (as constantes) do sistema. Solução Aplicando a 2a Lei de Newton à massa m temos: Substituindo as expressões das forças da mola e amortecedor temos , e desenvolvendo, . Colocando no membro à esquerda os termos em y (saída) e à direita os termos em u (entrada), temos finalmente a equação diferencial procurada: . II. Sistemas com Múltiplas Massas Na análise de sistemas compostos por vários massas, a estratégia usada para resolvermos o problema consiste em aplicar a 2a Lei de Newton a cada uma das diferentes massas individualmente. Porém, é preciso levar em conta as interações/acoplamentos entre elas, tendo em mente que cada ação implica uma reação. Esse princípio da ação e reação é enunciado na 3a Lei de Newton: Quando um corpo A aplica uma força sobre um outro corpo B, ele recebe deste uma força de mesma intensidade, mesma direção e de sentido contrário. Vamos tentar entender melhor esses conceitos através dos exemplos abaixo: Exemplo 2 No sistema mecânico abaixo, x1 e x2 são os deslocamentos das massas 1 e 2, respectivamente, e u representa uma força externa aplicada à massa 1. Queremos determinar um modelo matemático para esse sistema. Solução Inicialmente, precisamos fazer uma hipótese com relação a x1 e x2. Suponha que: 1) ambas as massas se deslocam para a direita (sentido positivo do deslocamento), 2) o deslocamento x1 é maior que x2 , 3) a velocidade da massa 1 é maior do que a velocidade da massa 2. 2 As hipóteses acima são feitas apenas para nos permitir montar as equações de equilíbrio de forças. Se a hipótese que fizemos estiver incorreta, o pior que pode acontecer é encontrarmos um sinal negativo no final. O importante é a coerência entre a hipótese e os sinais adotados nas expressões das forças. Massa 1 Com as hipóteses acima, a mola 2 e o amortecedor se opõem ao movimento da massa 1, de modo que . Substituindo as expressões das forças, temos ou ainda Colocando os termos em x1 à esquerda e os outros à direita, temos e finalmente (Eq. 1) Massa 2 Por causa das hipóteses 2 e 3, a mola e o amortecedor realizam uma força que empurra a massa 2 para à direita, enquanto que a mola 3 se opõe tentando empurrar m2 para à esquerda: Substituindo as expressões das forças E finalmente (Eq. 2) Nosso modelo matemático é então constituído das duas equações diferenciais que determinamos: Exemplo 3 Considere o sistema mecânico ilustrado abaixo, que representa a suspensão de um carro. No diagrama, a massa 2 representa o chassi do carro, enquanto que a massa 1 representa a roda. A mola 1 representa o pneu, enquanto que a mola 2 e o amortecedor representam a mola e o 3 amortecedor do sistema de suspensão do carro. No sistema, x e y são os deslocamentos verticais das massas 1 e 2, respectivamente, enquanto que u representa o deslocamento vertical imposto ao pneu pela estrada. Queremos determinar o modelo matemático para esse sistema. Solução Como no exemplo anterior, nossas hipóteses são: 1) ambas as massas se deslocam para cima (sentido positivo do deslocamento) 2) o deslocamento x é maior que y e u. 3) a velocidade da massa 1 é maior do que a velocidade da massa 2. Massa 1 Por causa das hipóteses 2 e 3, a mola 1 tentará puxar m1 para baixo enquanto que a mola 2 e o amortecedor tentarão empurrar m1 para baixo: Substituindo as expressões das forças: ou ainda Reunindo à esquerda os termos em x, e à direita os termos em y e u, temos Finalmente, (Eq. 1) Massa 2 Como m1 se desloca mais para cima e mais rápido que m2, a mola 2 e o amortecedor tendem a empurrar a massa 2 para cima. Assim, Substituindo as expressões para as forças ou ainda . Finalmente, chegamos à equação diferencial (Eq. 2) Nosso modelo matemático é então constituído das duas equações diferenciais que determinamos: 4
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