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A construção da noção do espaço: as relações espaciais projetivas e euclidianas e a representação espacial Desenvolver as referências teóricas para o ensino das noções espaciais baseadas nas relações projetivas e euclidianas. As relações projetivas e euclidianas Na aula anterior, conhecemos as relações topológicas. Vimos que são as primeiras a se estruturarem nas vivências das crianças, principalmente quando brincam e andam por seu lugar de convívio, observando e aprendendo a partir de sua curiosidade e questionamentos. Nesta aula, daremos continuidade aos estudos das relações espaciais, agora enfocando as relações projetivas e euclidianas. Antes que pareça que as crianças aprendem as relações topológicas antes das projetivas e euclidianas, assunto desta aula, é importante explicar que cada criança tem um modo próprio de aprender. Em se tratando de aprendizagem, não se deve imaginar que as crianças obedecem a estágios rígidos em seu desenvolvimento. As relações espaciais (topológicas, projetivas e euclidianas) vão se desenvolvendo articuladamente, de acordo com as condições de cada criança. Ao mesmo tempo em que uma criança observa a vizinhança de sua rua, poderá reconhecer a posição de objetos em cima e em baixo, por exemplo. Posteriormente saberá que existe o norte e o sul, a direita e a esquerda. Mas o processo vai acontecendo simultaneamente. A condição didática para o ensino das relações espaciais exige que o professor tenha o domínio dos conceitos. As relações espaciais estão presentes no cotidiano das crianças. Toda a exploração do espaço vivido pelos alunos faz parte da base curricular que a escola deverá organizar em seus planos de ensino. Os instrumentos de ensino e aprendizagem podem ser capturados desses espaços. Essa é uma contribuição inestimável da geografia para o processo didático na escola. As relações projetivas O trabalho com as noções espaciais fortalece um importante processo na formação da criança. A descentralização espacial que ocorre na criança quando toma consciência de seu corpo como um objeto a mais no espaço, dá a oportunidade a ela de superar o período egocêntrico. Essa descentralização pode acontecer a partir das novas referências que vai construindo. Toma pontos de referências no espaço para orientar-se, aprende o perto e o longe, observa o nascer e o pôr do sol. As relações projetivas que se desenvolvem quando a criança percebe as orientações que seu corpo permite e que se iniciaram com as relações topológicas, vão avançar a percepção da criança com relação a tamanho, parte, todo, direção. Castrogiovanni (2009) aponta que a criança cria um ponto de vista espacial a partir da hemisferização do próprio corpo. Podemos dizer que as noções fundamentais nas relações projetivas, no contexto do desenvolvimento da criança, dizem respeito a: direita/esquerda; frente/atrás; em cima e em baixo e ao lado de. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, veja o slideshow abaixo. Este slideshow faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. Castrogiovanni (2009, p. 17) aponta que: Entre os 5/8 anos a criança consegue dar posição nos objetos.l Entre 8/11 anos consegue dar a posição a partir do outro colocado a sua frente.l 12 anos – colocando-se no lugar dos objetos distintos, quando solicitado a situá-los entre eles.l A partir dessas proposições, podemos refletir sobre a importância de se ensinar a Geografia desde a Educação Infantil. Vimos que por volta dos 8 anos a criança será capaz de estabelecer as relações Norte/Sul. Essa possibilidade se inicia, entretanto, quando a criança percebe os elementos no espaço, embora de maneira estática, sem estabelecer relação entre eles. As relações euclidianas As relações espaciais euclidianas vão possibilitar a construção das noções de distância, área e equivalência entre as figuras. São essas relações que permitem relacionar "a equivalência entre o real e a representação — desenvolver esse pensamento auxilia no entendimento das noções de escala e proporção e de igualdade matemática", de acordo com Castrogiovanni (2009, p. 19). Possibilitam, também, o trabalho com a escala. Para além de sua condição técnica, é um conceito da cartografia que define a proporção entre o real e o mapa. Quando a criança desenvolve as noções próprias das relações euclidianas, compreende a "longitude do real e a longitude do mapa, o que significa que estabelece uma relação de equivalência (matemática)" Castrogiovanni (2009, p. 19), entre eles, de acordo com Castrogiovanni (2009), a leitura e construção dos mapas simples poderá se iniciar. Relações euclidianas: construindo o mapa. Vimos como a criança foi construindo as noções espaciais desde o estágios sensório-motor e operatório, e como eles resultaram no desenvolvimento das noções relativas as relações topológicas e projetivas. O avanço desse processo vai resultar, para a criança, na compreensão das coordenadas espaciais. Neste momento, dizemos que a criança alcançou a expectativa de aprendizagem que se esperava para uma criança entre os 10 e os 12 anos. Aí começa a conceber o espaço em sua dimensão abstrata, estando em condições de pensar sobre isso, recorrendo a seus sentidos para entender o que observa e agir a partir daí. Será de propor as atividades próprias do espaço euclidiano. Sintetizando os conhecimentos As relações projetivas são as que permitem que a criança perceba que os objetos se localizam uns com relação a outros, coordenando-se entre si. Essa relação constitui o sistema de referência móvel. Para compreender isso, a criança precisa ter a experiência de se colocar na condição de observadora, desenvolvendo seu ponto de vista espacial. Daí a importância das atividades desenvolvidas em campo. A diferença entre as relações espaciais topológicas e as projetivas vem do desenvolvimento do ponto de vista do observador. Nas relações topológicas as crianças observam os objetos no espaço, separadamente, a partir de seu ponto de vista. Já o espaço projetivo se estabelece conforme a criança aprende a relacionar os objetos do espaço entre si, ou seja, um diante e em relação a outro. O processo escolar colabora para que a criança, ao longo de sua formação, organize o sistema operatório de referência projetiva, sendo fundamental a intervenção pedagógica para que ocorra entre os oito e doze anos de idade. A orientação corporal, portanto, favorece o estabelecimento de relações de orientação geográfica a partir dos pontos cardeais Norte/Sul e Leste/Oeste. As relações euclidianas vão se desenvolvendo pela necessidade de se reconhecer e representar as relações que têm como base a noção da distância, o que permite situar os objetos. A partir daí, podemos falar em sistemas fixos de referência, que a criança vai aprender a analisar. As relações topológicas, projetivas e euclidianas se articulam e marcam o desenvolvimento da criança. Compreender as transformações espaciais, as ações que se passam no espaço será mais acessível para a criança. A escola pode proporcionar uma educação que irá recorrer a instrumentos cujo manuseio, com base em projetos instigantes de trabalho, resultará em maior autonomia na vivência do espaço geográfico. Compreender a totalidade do espaço, tanto quanto possível, fortalece a capacidade de refletir sobre o mundo em que vivemos e cuja descoberta é um desafio para crianças. Referências CALLAI, Helena Copetti. Geografia em Sala de Aula: Práticas textualizações no cotidiano. Porto Alegre. Editora Mediação, 7. ed. 2009, p. 83-134. CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos. et al. Geografia em Sala de Aula: Práticas textualizações no cotidiano. 7. ed. Porto Alegre. Mediação, 2009, p. 11-81.
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