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RELAÇÃO DE CAUSALIDADE - Responsabilidade Civil - Carlos Roberto Gonçalvez, vol IV

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RELAÇÃO DE CAUSALIDADE – RESPONSABILIDADE CIVIL
O Liame de Causalidade
Um dos pressupostos da responsabilidade civil é a existência de um nexo causal entre o fato ilícito e o dano produzido. Sem isso, não se admite a obrigação de indenizar. 
Um dano só produz responsabilidade quando ele tem por causa uma falta cometida ou risco legalmente sancionado. 
É necessário que se torne absolutamente certo que, sem esse fato, o prejuízo não poderia ter lugar.
Havendo concausas, deve-se pesquisar qual delas é verdadeira. As concausas podem ser sucessivas ou simultâneas. Estas há um só dano provocado por mais de uma pessoa, portanto, nesse caso, a responsabilidade é solidária, por força do art. 942, §u. 
A dificuldade se encontra nas concausas sucessivas, em que você deve pesquisar qual delas foi a real causadora do dano. 
CASO: um prédio caia porque um engenheiro foi inábil; o desabamento proporcionou um saque; o saque teve como consequência a perda de uma elevada soma que estava guardada em casa, o que gerou falência do proprietário. O engenheiro responde por essa falência? Para responder essa questão, há 3 teorias: 1 - equivalência das condições, 2- causalidade adequada, 3 – danos diretos e imediatos.
Para essa teoria, toda e qualquer circunstância que haja ocorrido para produzir o dano é causa. A equivalência = suprimida uma delas, o dano não se verificaria. Essa teoria recebe muitas críticas, pois tem soluções esdrúxulas no campo do direito, como supor que o nascimento do engenheiro, no caso acima, seja concausa.
Considera como causadora do dano a condição que, por si só, é apta para produzi-lo. Exemplo: A bate fraco com uma tábua na cabeça de B. Essa ação, por si só, não é capaz de produzir resultado algum. B tem doença que enfraquece os ossos do crânio, por isso, qualquer pancada o levaria à morte. Para a teoria 2, A não é responsável, pois sua ação, por si só, não poderia resultar no resultado morte. Para a teoria 1, nesse caso, A é responsável pela pancada, pois, sua ação foi condição sine qua non para a produção do resultado. 
Meio-termo das anteriores. Entre a conduta e o dano deve haver uma relação de causa e efeito direta e imediata. É indenizável todo o dano que se filia a uma causa, desde que esta seja necessária, por não existir outra que explique o mesmo dano. Cada agente responde somente pelos danos direta e imediatamente relacionados a sua conduta. (adotada pelo código).
Resposta do caso: ao meu ver, de acordo com a teoria da equivalência das condições são responsáveis o engenheiro e o dono da casa, pois ambos tomaram atitudes que foram condição sine qua non à ocorrência dos danos. O engenheiro, portanto, é responsável pelo desabamento e pelo saque/falência, ao passo que o proprietário é responsável pelo saque e falência. Para a teoria 2, o engenheiro é responsável somente pelo desabamento, pois, o desabamento, por si só, é insuficiente para a ocorrência do saque; e ninguém é responsável pelo saque, já que o ato de guardar grande quantia em dinheiro, em casa, é condição, por si só, insuficiente para propiciar um saque. Já à luz da terceira teoria, o engenheiro é responsável pelo desabamento, pois sua conduta é diretamente ligada a esse dano; O proprietário é o único responsável pelo saque, pois, com o desabamento, tem ligação direta e imediata com o saque, pois, sem ela, o saque não teria ocorrido. 
Se alguém sofre acidente automobilístico a caminho do aeroporto para uma viagem de negócios, tem direito de responsabilizar o motorista causador dos danos diretos e imediatos do sinistro, como despesas hospitalares, estragos do veículo e lucro cessantes referente aos dias de serviço, mas não tem direito ao “dano remoto”, referente ao dinheiro que ele poderia ganhar caso fechasse o negócio, tendo em vista a falta de liame direto e imediato. Art. 403. 
Não se pode resolver com critérios gerais e abstratos a questão do nexo de causalidade, mas, havendo dúvida do juiz, este pode se valer da livre convicção.
Não se indenizam esperanças desfeitas, nem danos potenciais, eventuais, supostos ou abstratos. 
Negação do liame de causalidade: a exclusão da responsabilidade
Principais: Estado de necessidade, legítima defesa, culpa da vítima, caso fortuito ou força maior e a cláusula de não indenizar.
Portanto, se um raio provocou incêndio que matou todos os passageiros de um ônibus, considera-se excluída a relação de causalidade, o ato do agente não pode ser tido como causa do evento. 
As concausas preexistentes não eliminam a relação causal. Por exemplo: as condições pessoais de saúde da vítima, embora agrave o resultado, em nada impede a responsabilidade do agente. Como o caso de sujeito hemofílico.
Idêntica é a situação das concausas supervenientes. Ex. se a vítima de um atropelamento não é socorrida a tempo e perde muito sangue, vindo a falecer. Essa situação é irrelevante para a responsabilidade do agente, porque, por si só, não causou o resultado, mas apenas o reforçou. A causa superveniente SÓ TERÁ RELEVÂNCIA QUANDO ROMPER NEXO CAUSAL ANTERIOR, erige-se em causa direta e imediata de novo dano. 
O mesmo ocorre de causa concomitante que, por si só, acarrete o resultado. Não se pode culpar o médico porque a paciente morreu no parto em razão da ruptura de um edema que não guarda relação com o parto e pode ter origem congênita.

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