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Resenha do livro O Físico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA
HISTÓRIA DA MEDICINA
Análise crítico-reflexiva do livro:
O Físico
Noah Gordon
Acadêmica: Carla da Cruz Teixeira
Professor: Luis Augusto P. Bassi
Santa Maria, 28 de novembro de 2013
O Físico é um livro que, segundo o próprio autor Noah Gordon “é uma história na qual apenas dois personagens, Ibn Sina e al-Juzjani realmente existiram.”, e ainda que, “Onde os registros não existem ou são obscuros, não hesitei em fazer uso da ficção; assim, deve ficar claro que se trata de uma obra da imaginação e não um trecho da história.” Dessa forma, a obra é um livro de ficção inspirada em personagens históricos. 
O livro começa retratando a infância de Robert Jeremy Cole, filho do carpinteiro Nathanael e de Agnes Cole. Agnes Cole era filha de um pequeno proprietário rural, que deu estudo a sua filha na esperança de lhe conseguir um bom casamento, o que de fato não ocorreu, já que ela acabou casando com um simples carpinteiro. O fato da mãe de Rob ter estudado fazia dela uma mulher “mal falada”, sendo acusada de bruxaria, e de que sua última gravidez traria um filho do diabo. Essa passagem mostra um pouco da mentalidade de uma sociedade europeia no início do século XI, dominada pela igreja católica, crenças, superstições e maldições. É nesse contexto que Rob tem a primeira experiência de sentir a morte, quando toca a mão de sua mãe, gravemente doente devido a um parto complicado, e sente que ela irá morrer, um fato que se confirma no dia seguinte.
Pouco tempo após a morte de sua mãe, seu pai também morre, afetado por uma pneumonia, decorrente das péssimas condições de trabalho a que era exposto. Nesse trecho da obra parece que o autor retrata como comum a procura de médicos por nobres e de cirurgiões pelos mais pobres (o que talvez não reflita a realidade da época), quando, durante a doença de Nathanael o chefe da corporação de carpinteiros procura pagar um médico para atendê-lo, e recebe críticas ferrenhas de sua esposa que defende que “um cirurgião comum é o bastante para qualquer outra pessoa pobre de Londres”. Intriga o faro de o autor retratar também nesse trecho a presença de escravos trabalhando na Inglaterra do século XI, período esse em que a escravatura estava em grande declínio, e que as relações de trabalho eram predominantemente feudais. Além disso, no início do século XI a influência da medicina oriental ainda não é o suficiente para retirar dos monastérios o centro dos tratamentos em saúde, já que nesse período, a doença era entendida como castigo divino, e deveria, portanto, ser tratada por “homens de Deus”, como padres, bispos, frades, etc. No entanto, ao relatar o tratamento utilizado para o pai de Rob, ele é fiel ao momento histórico, retratando o tratamento mais comum da época, as sangrias. E aqui, outra vez, Rob sente vida de seu pai se apagando como a “chama de uma vela”.
Seus irmãos são adotados por famílias da corporação, e ele é adotado por um barbeiro-cirurgião chamado Henry Croft, também órfão após seus pais serem assassinados por Vikings durante uma invasão. Durante o relato da história de vida do Barber, o autor cita o episódio do dia de São Brice, em que foi ordenado o assassinato de todos os dinamarqueses que viviam na Inglaterra. A isso era atribuído às últimas crises de escassez de alimentos e epidemias que assolaram a Europa no final do século X, a grande perseguição às bruxas e hereges, entre eles os cirurgiões-barbeiros que frequentemente eram acusados de feitiçaria (Farrow, o homem que ensinou Henry foi vítima do Santo ofício).
O Barber ensinou a Rob o seu ofício, sua prática curativa que era, na verdade a mais pura charlatania. Para atrair os clientes, os barbeiros faziam uma demonstração de malabares, mágicas e teatro, tudo para conseguir vender suas receitas milagrosas, suas garrafadas curativas que prometiam curar todos os males. Interessante perceber que nesse sentido, muitos comportamentos ainda se mantêm, e são bastante comuns, ainda hoje, os elixires milagrosos que curam de câncer à LES, da AIDS ao Ebola, com seus preços variando de poucos reais a milhares de dólares.
Quanto Rob já dominava as práticas artísticas, começa a aprender a manipular ferimentos e fazer consultas. É interessante notar que quando o Barber atende seus pacientes, ele relata a causa das doenças como humores da terra, pecaminosos, reforçando novamente o conceito vigente de doença. Durante estas consultas, Rob é acometido novamente pela mesma sensação que previu a morte de seus pais, dessa vez, o medo de ser acusado de feitiçaria ou de ter sido tocado pelo demônio toma conta do jovem. Aqui aparecem também indícios da realização de anamneses, e como o exame físico era feito em mulheres, usando modelos de gesso para apontar o local acometido.
Rob então conhece o médico de Tettenhall, Benjamim Merlin, que consegue curar a catarata de um homem diante de seus olhos, e conta que aprendeu essa técnica numa escola de médicos.
Alguns tratamentos bastantes rudimentares são relatados, como curativos com fezes de animais, amputações sem anestesia, uma passagem sobre “bubo” que aqui ainda não é retratado como a peste bubônica, dando até a impressão de se tratar de algum tipo de tumor abdominal.
Ao 19 anos, Robert percebe que deve seguir seu caminho como barbeiro cirurgião sozinho, mas o Barber morre antes da separação, deixando todos seus equipamentos de herança para o jovem barbeiro. Em uma de suas andanças, o jovem reencontra o médico judeu, que o ampara após um parto difícil de uma camponesa. Rob fica abismado quando Henry lhe conta sobre as “cesarianas” que ele realizara, e reencontra o homem operado pelo médico curado da catarata. A partir desse momento, Rob começa a acompanhar os atendimentos de Henry, obstinado a aprender um pouco daquelas técnicas diferentes do que costumava a fazer como barbeiro-cirurgião.
O médico judeu fica intrigado com o interesse de Rob em ser médico, já que ele ganharia menos e trabalharia mais, mas Rob explica sua angustia ao ver tantas pessoas que o procuram e pelas quais ele, com seu conhecimento de barbeiro-cirurgião, não pode ajudar. Essa é uma angustia que leva muitos jovens a escolher o curso de medicina, a vontade de ajudar, amenizar o sofrimento, sentir-se útil. No entanto, quando entramos na universidade e percebemos que ela não possui a infraestrutura que esperávamos, e que não nos dará formação e qualificação adequada para alcançar esse objetivo, ou ainda, quando percebemos que apenas o conhecimento de medicina modifica muito pouco da realidade que adoece as pessoas, nos frustramos.
Determinado, agora Robert começa a procurar meios de ir até o oriente estudar medicina, e então conhece outro médico judeu, Isaac Adolescentoli, que recusa ser seu professor, assim como Henry fizera anteriormente pelo fato de Rob ser cristão.
A primeira parte do livro encerra com Rob lançando-se a aventura de ir para o oriente em busca do maior médico de todos os tempos, Ibn Sina (Avicenna), tendo em mente o objetivo de ser seu aprendiz.
Na segunda parte do livro, Rob se mistura a um grupo de Judeus e tenta aprender sua cultura, religião, língua e costumes, tendo como guia Simom ben ha-Levi. Aqui também são retratados o comércio, os ataques a caravanas, a pirataria e o tráfico de mercadorias. O autor descreve cuidadosamente ritos e tradições judaicas, e nas suas descrições, parece haver um abismo entre o “atraso” da cultura europeia, repleta de superstições e hegemonizada pela Igreja católica, enquanto os judeus são homens cultos, estudados e preocupados com a higiene corporal.
Mesmo quando apaixonado pela jovem Mary Margaret, Rob abre mão de seu casamento com ela e da herança das terras de seu pai para buscar seu objetivo maior, ser aluno de Ibn Sina. Ele deixa a barba crescer, cultiva cuidadosamente um peoth e compra vestes judaicas, cercado pelo medo de ser castigado por Deus por tamanha heresia. Assume então uma nova identidade, Jesseben Benjamin, de Leeds.
Já na terceira parte do livro, Rob finalmente chega à Pérsia. Chegando a escola de medicina, é espancado e preso por se recusar a ir embora quando lhe foi dito que ele não poderia estudar medicina naquela escola por não ter indicação ou familiares médicos. Enquanto era torturado na prisão, soube que o Ala Xá recebia pessoas com seus pedidos, e assim que foi liberto, resolveu ir até ele. Contou o episódio em que Ala-al-Dawla Xá, lhe salvara a vida matando uma pantera que prestes a matar Rob. Pede então que o Xá, seguindo os escritos que dizem “que quem salva uma vida é responsável por ela”, se responsabilize por ele e o ajude a cursar medicina. O Ala Xá, satisfeito pela popularidade de seu feito heroico não só faz com que ele receba os cumprimentos e felicitações de Abu Ali at-Husain ibn Abdullah ibn Sina, de admissão na escola de medicina, como lhe dá moradia, moedas e uma égua.
A quarta parte do livro retrata a vivencia de Rob como estudante na madrassa, e uma passagem curiosa é a que se refere à origem da denominação da afecção ocular conhecida ainda hoje como catarata, que acreditavam ser “uma cegueira causada por um derramamento de humor corrupto”. Rob se destaca em algumas atividades, como sangrias, reduções de fraturas, curativos, tudo que ele já estava mais que acostumado a realizar como cirurgião barbeiro. Há também a descrição das aulas de anatomias que usavam animais, e a proibição de qualquer mutilação no corpo de pessoas mortas. Ao atender alguns pacientes da ala de tumores, Rob anuncia a morte de um homem, que se confirma no dia seguinte e chama a atenção de Ibn Sina, que lhe encoraja a se dedicar mais aos estudos e transpor os obstáculos de sua pouca formação filosófica. Rob passa a fazer atendimentos inclusive na cadeia, onde atende torturados por delitos pequenos, semelhantes à situação de quando ele fora preso, e tendo que presenciar as mais horrendas torturas e assassinatos. Isso me remete aos casos em que os próprios policiais que espancaram e torturaram pessoas, são os mesmo que levam suas vítimas ao hospitais para serem atendidos pelos médicos. Rob, nesse contexto, guardava ódio pela justiça muçulmana e pelo tribunal de Qandrasseh. Aqui são citadas algumas coisas que estudamos durante as aulas, como os textos de Galeno e sua grande influência na medicina medieval.
Alguns questionamentos permeiam a cabeça de Rob, com relação à proibição da manipulação e estudo de corpos humanos, mas livre aceitação da mutilação de presos e condenados.
Rob cria laços de amizade com seus colegas Karim e Mirdin, que se reforça quando eles são enviados para tratar a peste em uma situação calamitosa. A descrição dos corpos amontoados e da sensação de desespero das pessoas é retratado de maneira cinematográfica, sendo impossível não remeter a trechos de filmes que retratam a peste na idade média. Há uma descrição dos sinais e sintomas da doença, assim como sua possível causa, na qual os bubos eram inspirados pelo demônio. Rob começa a observar que os ratos e outros animais também era afetados pelos bubos, e faz dissecações nesses animais para tentar entender melhor a doença mortal.
Ibn Sina tem Rob como seu aluno favorito, e Rob começa a frequentar constantemente a casa do mentor, envolvendo-se com sua segunda esposa. É então que Rob reencontra Mary ao atender seu pai que está gravemente doente, e acaba falecendo. Mary pede a Rob que volte com ela, mas tomado pelo seu senso de responsabilidade não aceita, abdicando novamente de sua felicidade ao lado de Mary para exercer a medicina, fato que também se assemelha muito a realidade atual de profissionais médicos, no qual as famílias sofrem com a escolha profissional na área médica. Não querendo perder totalmente Mary, eles se casam secretamente com a promessa de se reencontrarem em breve. Ocorre então a famosa corrida da Pérsia, ganha por Karim, um dos amigos de Rob, e ele é então premiado com um Calaat (moradia, cavalo e dinheiro) se tornando o Hakim (médico) do Xá.
A quinta parte do livro começa com a desconfiança dos amigos de Rob com relação a sua origem judaica, causadas em grande parte pela presença de Mary. Descobrem então que ele não é judeu, e se afastam dele. Quando volta a se falar, Rob e Mirdin também se tornam Hakins. Rob ainda traz em mente a ideia fixa de fazer dissecações em cadáveres humanos, mas é desencorajado por seus amigos. Noah Gordon também retrata aqui a proibição de desenhos de corpos humanos.
O Xá e Karim chama Rob e Mirdin para se aventurarem como 4 amigos nas conquistas da Índia e dos elefantes para que Ala-Xá unificasse a Pérsia sobre seu comando. Aqui são retratadas algumas das leis sobre os cuidados com os mortos, colocando a proibição de um cadáver ficar uma noite sequer sem ser enterrado, e da necessidade de não se retirar parte alguma do corpo antes de enterras (provavelmente eles ficariam abismados se conhecessem os laboratórios atuais de anatomia nos cursos de medicina) Mirdin acaba morrendo na batalha, assassinado pelo indiano. Rob é tomado de revolta ao ver que o Ala Xá pouca importância deu a morte de seu amigo, e esta comemorando sua batalha.
Rob é convidado a ser assistente de Ibn Sina, ficando lisonjeado com tamanha confiança do mestre. Mary entende que a vida de seu marido deve continuar sendo ali. Mary, então, dá a luz ao primeiro filho de Rob, sendo o menino circuncidado como um verdadeiro judeu. Ala Xá decide recompensar Rob com um novo Calaat, certamente com segunda intenções, que se mostram quando o Xá convoca Mary até o seu palácio sob a pena de morte de Rob, sendo então obrigada a fazer sexo com Ala Xá. Pouco tempo depois, Mary se descobre novamente grávida, desta vez do Xá, sem que Rob desconfie de nada.
Karim, amigo de Rob tinha um caso com a segunda esposa de Ibn Sina, Despina, e são surpreendidos por soldados que os levam presos, e fora então condenados morte, apesar das súplicas do próprio Ibn Sina e de Rob. Rob é tomado de ódio contra as injustiças sofridas por seus amigos e pela falta de respeito e caráter do Ala Xá. Ibn Sina cai em tristeza profunda após a morte de sua esposa e não atende mais pacientes, ficando Rob responsável por eles.
Contrariando as leis islâmicas, Rob começa a fazer dissecações em corpos humanos para estudar anatomia, e consegue investigar em 6 pacientes diferentes o que era conhecido como doença perfurante abdominal, determinando sinais, sintomas e evolução. Desenhava suas descobertas, ossos, músculos, tendões, e começou a ver em vários corpos alterações que acusavam a causa da morte, e apesar do medo de ser descoberto, ele não conseguia parar de fazer as dissecações, impressionado com o quanto aprendera.
Em meio a isso ocorre a guerra entre persas e afegãos, em meio a guerra, Ibn Sina morre de câncer de intestino. Quando os afegãos cercam a cidade, Rob ouve que se os persas não entregaram Ala Xá, saquearão a cidade e matarão todos. Rob, dando vazão a todo o ódio que sentia pelo Xá devido a morte de seus amigos, decidiu que ele mesmo entregaria o corpo sem vida do Xá ao afegão para poupar a população da cidade. Quando chega ao quarto do Xá, este o convida para jogar xadrez. Rob ganha o jogo, e Ala Xá percebe as intenções de Rob, dizendo que mesmo que ele morra, a cidade será saqueada, e que a única solução é ele próprio enfrentar Masud. O Xá acerta uma flecha no peito de Masud, mas em resposta é alvo de uma saraivada de flechas, sendo posteriormente arrastado pelos afegão. Rob sente uma tristeza enorme invadi-lo, e sente que está se despedindo de seu último amigo, apesar de tudo que o Xá cometera. É interessante notar que aqui, como em diversos momentos da história, os homens tendem a glorificar seus líderes, por mais tiranos que sejam, pela ideologia implantada do direito ao poder que os chefes possuem. Até hoje, os homens morrem em guerras que não são suas fazendo parte de uma disputa de poder entre a elite dominante, sendo apenas joguetes na mão dos chefes de estado.
A sexta parte encerra quando Rob e Mary resolvem fugir da cidade.Na sétima parte do livro, Rob e Mary voltam para a cidade natal de Rob, e ele busca reencontrar a sua família. Quando começa a atender, é surpreendido pela pressão para cobrar um preço semelhante ao que os demais médicos ingleses cobravam, o que lhe causou certo estranhamento, já que na Pérsia os médicos não cobravam pelas consultas. Aqui se demonstra que já naquela época, o corporativismo médico existia, excluindo todos aqueles que não aceitassem seguir as regras impostas pelo grupo mais antigo. Aqui Rob também precisa enfrentar seus conflitos internos entre a medicina oriental e ocidental. Os médicos ocidentais, já naquela época tratavam a medicina como negócio, onde os ganhos financeiros estavam acima do benefício causado ao paciente. 
Rob fez alguns atendimentos de escravos e começou a frequentar o Liceu, sendo mal recebido pelos médicos de lá. Após alguns atendimentos gratuitos, começou a ter também clientes pagos e seu nome começou a ficar conhecido. isso chamou atenção da Igreja, e Rob foi preso, denunciado por ter defendido um judeu do espancamento por dois marinheiros. Um mercado-aventureiro, dono de um dos escravos atendidos por Rob, chamado Bostok foi testemunhar e contou conhecer Rob, quando ele morava na Pérsia e se chamava Jesse ben Benjamin. Para se livrar das acusações, Rob precisaria de 12 homens honestos que comprovassem sua história, mas não conseguindo, resolveu fugir para a Escócia, reencontrando sua mulher que havia voltado para a terra natal anteriormente com seus filhos.
Na Escócia, Rob consegue ter um espaço para fazer seus atendimentos, e leva seus filhos para aprender o ofício, lhes ensinando a cuidar dos doentes. Percebe então que seu filho de 7 anos tem o mesmo dom que ele, de sentir a vitalidade das pessoas. O livro termina com Rob e sua esposa envelhecendo e seus filhos crescendo, e Rob nunca abandonaria seu ofício de curar, a preocupação pelos doentes e a vontade de ajudar.
O livro é muito bom, tem uma dinâmica rápida, descrições que nos possibilita visualizar um pouco de um mundo distante e estranho para a nossa cultura, a cultura oriental, Islâmica e Judaica, tão diferente da cultura ocidental, hegemonizada pela Igreja católica, e que, ainda hoje, demostra muitos resquícios de seus preconceitos, dogmas, crenças e superstições.

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