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Resumo Saúde Mental

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Introdução à Saúde Mental 
A Reforma Psiquiátrica Brasileira e a Rede de Atenção Psicossocial 
O primeiro hospício do Brasil é o Dom Pedro II no Rio que surgiu no século XIX, visto que a primeira internação 
psiquiátrica ocorreu em 1817. Os hospícios eram locais para depositar pessoas que estavam fora do padrão da 
sociedade e eram uma forma de higienização. Em 1903 os hospícios passam a ser chamados de hospitais psiquiátricos e 
é fundado, em Barbacena – MG, o Polônia, sede do conhecido Holocausto Brasileiro. 
As primeiras internações psiquiátricas aconteciam nas Santas Casas que tinham caráter filantrópico intrínseco. Os 
primeiros hospícios eram, na verdade, anexos das Santas Casas. 
Em 1970, ocorre a crise do modelo hospitalocêntrico vigente em virtude da situação sociopolítica e econômica que o 
país estava vivendo no contexto pós II Grande Guerra Mundial. Com influências do Movimento de Reforma Italiana, o 
Movimento Sanitário e Psiquiatria Comunitária constituem as bases para a Reforma Psiquiátrica que tem como marco o 
ano de 1978. Ocorrem movimentos em prol da saúde e também dos direitos dos pacientes psiquiátricos. 
Em 1978, marco do início da luta efetiva por mudanças no campo as saúde mental, ocorre o 1º Movimento dos 
Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM). O movimento era composto por trabalhadores integrantes do movimento 
sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo 
histórico de internações psiquiátricas. O movimento visava denunciar a violência presente nos manicômios, a 
mercantilização da loucura, a hegemonia de uma rede privada de assistência e, portanto, construir um saber coletivo e 
crítico sobre o conhecimento psiquiátrico da época e o modelo vigente (hospitalocêntrico) que subsidiava os pacientes 
com transtornos mentais. A experiência da Reforma Italiana buscava desinstitucionalizar a psiquiatria e fazer uma crítica 
radical aos manicômios, que foi nitidamente inspiradora, revelando a possibilidade de ruptura dos paradigmas vigentes. 
 
Em 1987 acontece o 2ª MTSM com o lema “Por uma Sociedade sem Manicômios” e a I Conferência Nacional de 
Saúde Mental no Rio de Janeiro. Ocorre também, nessa mesma época, a inauguração do primeiro CAPS em São Paulo. 
Com isso, após o início de um projeto de intervenção num hospital psiquiátrico em Santos, ocorre a construção de uma 
rede de cuidados que visa substituição do hospital psiquiátrico e surgem os Núcleos de Atenção Psicossocial ou NAPS, 
que funcionam 24 horas, e são criadas cooperativas e residências para os egressos do hospital e associações. A 
experiência do município de Santos passa a ser um marco no processo de Reforma Psiquiátrica brasileira. 
Em 1989 o projeto de lei do deputado Paulo Delgado dá entrada no Congresso Nacional, porém não foi homologado. 
O projeto propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos 
manicômios no país. É o início das lutas do movimento da Reforma Psiquiátrica nos campos legislativo e normativo. 
Na década de 90 ocorreu um movimento sociopolítico no âmbito da saúde pública que, do ponto de vista da gestão 
de políticas públicas, consubstancia-se em uma legislação em saúde mental iniciada em 1990, com a Declaração de 
Caracas, aprovada por aclamação pela Conferência Regional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica dentro 
dos Sistemas Locais de Saúde. O Brasil é aderente a essa Declaração, e a ela se articula com um longo e conturbado 
movimento de trabalhadores de saúde mental que resultou na Lei n. 9.867, de 10 de novembro de 1999. 
Em 1992 ocorreu a II Conferência Nacional de Saúde Mental e, através da Portaria 224/92, passam a entrar em vigor 
no país as primeiras normas federais regulamentando a implantação de serviços de atenção diária, fundadas nas 
experiências dos primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dia, e as primeiras normas para fiscalização e classificação dos 
hospitais psiquiátricos. 
Em 1999 surge a lei n. 9.867 que dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais, visando à 
integração social dos cidadãos. As Cooperativas Sociais, constituídas com a finalidade de inserir as pessoas em 
desvantagem no mercado econômico, por meio do trabalho, fundamentam-se no interesse geral da comunidade em 
promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos, principalmente dos desfavorecidos (os deficientes físicos 
e sensoriais; os deficientes psíquicos e mentais, as pessoas dependentes de acompanhamento psiquiátrico permanente, 
e os egressos de hospitais psiquiátricos; os dependentes químicos; os egressos de prisões; etc). 
É importante destacar também a Portaria n. 1.077, de 24 de agosto de 1999, que dispõe sobre a assistência 
farmacêutica na atenção psiquiátrica e assegura medicamentos básicos de saúde mental para usuários de serviços 
ambulatoriais públicos de saúde que disponham de atenção em saúde mental. Representa um aporte efetivo e regular 
de recursos financeiros para que os estados e municípios mantenham um programa de farmácia básica em saúde 
mental. 
Em 6 de abril de 2001, o Governo Federal promulga a Lei n. 10.216 (Lei Paulo Delgado) que dispõe sobre a proteção e 
os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Tem 
como base o projeto original do deputado Paulo Delgado. A lei redireciona o modelo da assistência psiquiátrica, 
regulamenta cuidado especial com a clientela internada por longos anos e prevê a possibilidade de punição para a 
internação voluntária arbitrária ou desnecessária. 
 
No dia 31 de julho de 2003, o Presidente da República assina a Lei n. 10.708 instituindo o auxílio-reabilitação 
psicossocial para pacientes acometidos de transtornos mentais, egressos de internações. Essa lei, conhecida como “Lei 
do Programa de Volta para a Casa”, estabelece um novo patamar na história do processo de reforma psiquiátrica 
brasileira, impulsionando a desinstitucionalização de pacientes com longo tempo de permanência em hospital 
psiquiátrico, pela concessão de auxílio-reabilitação psicossocial e inclusão em programas extrahospitalares de 
atenção em saúde mental. 
Em 2004, ocorre o 1º Congresso Brasileiro do CAPS que visa acabar com o modelo manicomial e estabelecer uma 
rede de atenção psicossocial adequada, cadastrando, por exemplo, os serviços do CAPS nos municípios. 
Em 2010, ocorre a IV Conferência Nacional de Saúde Mental que trabalhou em cima de 3 eixos: 
Políticas Sociais e Políticas de Estado: pactuar caminhos intersetoriais;Consolidar a Rede de Atenção Psicossocial e 
Fortalecer os Movimentos Sociais; Direitos Humanos e Cidadania como desafio ético e intersetorial. 
Em 2011, a portaria 3.088 regulamenta e institui a Rede de Atenção Psicossocial cuja finalidade é a criação, 
ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com 
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Portaria 3.088: 
Art. 2º Constituem-se diretrizes para o funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial: 
I - respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas; 
II - promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde; 
III - combate a estigmas e preconceitos; 
IV - garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a 
lógica interdisciplinar; 
V - atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; 
VI - diversificação das estratégias de cuidado; 
VII - desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e 
ao exercício da cidadania; 
VIII - desenvolvimento de estratégiasde Redução de Danos; 
IX - ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus 
familiares; 
X - organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais 
para garantir a integralidade do cuidado; 
XI - promoção de estratégias de educação permanente; e 
XII - desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do 
uso de crack, álcool e outras drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular. 
 
Art. 3º São objetivos gerais da Rede de Atenção Psicossocial: 
I - ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral; 
II - promover o acesso das pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e 
outras drogas e suas famílias aos pontos de atenção; e 
III - garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território, qualificando o cuidado 
por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências. 
Art. 4º São objetivos específicos da Rede de Atenção Psicossocial: 
I - promover cuidados em saúde especialmente para grupos mais vulneráveis (criança, adolescente, jovens, pessoas em 
situação de rua e populações indígenas); 
II - prevenir o consumo e a dependência de crack, álcool e outras drogas; 
III - reduzir danos provocados pelo consumo de crack, álcool e outras drogas; 
IV - promover a reabilitação e a reinserção das pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso 
de crack, álcool e outras drogas na sociedade, por meio do acesso ao trabalho, renda e moradia solidária; 
V - promover mecanismos de formação permanente aos profissionais de saúde; 
VI - desenvolver ações intersetoriais de prevenção e redução de danos em parceria com organizações governamentais e 
da sociedade civil; 
VII - produzir e ofertar informações sobre direitos das pessoas, medidas de prevenção e cuidado e os serviços disponíveis 
na rede; 
VIII - regular e organizar as demandas e os fluxos assistenciais da Rede de Atenção Psicossocial; e 
IX - monitorar e avaliar a qualidade dos serviços por meio de indicadores de efetividade e resolutividade da atenção. 
Art. 5º A Rede de Atenção Psicossocial é constituída pelos seguintes componentes: 
I - atenção básica em saúde, formada pelos seguintes pontos de atenção: 
a) Unidade Básica de Saúde; 
b) equipe de atenção básica para populações específicas: 
1. Equipe de Consultório na Rua; 
2. Equipe de apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório; 
c) Centros de Convivência; 
II - atenção psicossocial especializada, formada pelos seguintes pontos de atenção: 
a) Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes modalidades; 
III - atenção de urgência e emergência, formada pelos seguintes pontos de atenção: 
a) SAMU 192; 
b) Sala de Estabilização; 
c) UPA 24 horas; 
d) portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro; 
e) Unidades Básicas de Saúde, entre outros; 
IV - atenção residencial de caráter transitório, formada pelos seguintes pontos de atenção: 
a) Unidade de Recolhimento; 
b) Serviços de Atenção em Regime Residencial; 
V - atenção hospitalar, formada pelos seguintes pontos de atenção: 
a) enfermaria especializada em Hospital Geral; 
b) serviço Hospitalar de Referência para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com 
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas; 
VI - estratégias de desinstitucionalização, formada pelo seguinte ponto de atenção: 
a) Serviços Residenciais Terapêuticos; e 
VII - reabilitação psicossocial. 
Art. 6º São pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial na atenção básica em saúde os seguintes serviços: 
I - Unidade Básica de Saúde: serviço de saúde constituído por equipe multiprofissional responsável por um conjunto de 
ações de saúde, de âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de 
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de 
desenvolver a atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e 
condicionantes de saúde das coletividades; 
II - Equipes de Atenção Básica para populações em situações específicas: 
a) Equipe de Consultório na Rua: equipe constituída por profissionais que atuam de forma itinerante, ofertando ações e 
cuidados de saúde para a população em situação de rua, considerando suas diferentes necessidades de saúde, sendo 
responsabilidade dessa equipe, no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial, ofertar cuidados em saúde mental, para: 
1. pessoas em situação de rua em geral; 
2. pessoas com transtornos mentais; 
3. usuários de crack, álcool e outras drogas, incluindo ações de redução de danos, em parceria com equipes de 
outros pontos de atenção da rede de saúde, como Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial, Prontos-
Socorros, entre outros; 
b) equipe de apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório: oferece suporte clínico e 
apoio a esses pontos de atenção, coordenando o cuidado e prestando serviços de atenção à saúde de forma longitudinal 
e articulada com os outros pontos de atenção da rede; e 
III - Centro de Convivência: é unidade pública, articulada às Redes de Atenção à Saúde, em especial à Rede de Atenção 
Psicossocial, onde são oferecidos à população em geral espaços de sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na 
cidade. 
§ 1º A Unidade Básica de Saúde, de que trata o inciso I deste artigo, como ponto de atenção da Rede de Atenção 
Psicossocial tem a responsabilidade de desenvolver ações de promoção de saúde mental, prevenção e cuidado dos 
transtornos mentais, ações de redução de danos e cuidado para pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, 
álcool e outras drogas, compartilhadas, sempre que necessário, com os demais pontos da rede. 
§ 2º O Núcleo de Apoio à Saúde da Família, vinculado à Unidade Básica de Saúde, de que trata o inciso I deste artigo, é 
constituído por profissionais de saúde de diferentes áreas de conhecimento, que atuam de maneira integrada, sendo 
responsável por apoiar as Equipes de Saúde da Família, as Equipes de Atenção Básica para populações específicas e 
equipes da academia da saúde, atuando diretamente no apoio matricial e, quando necessário, no cuidado 
compartilhado junto às equipes da(s) unidade(s) na(s) qual(is) o Núcleo de Apoio à Saúde da Família está vinculado, 
incluindo o suporte ao manejo de situações relacionadas ao sofrimento ou transtorno mental e aos problemas 
relacionados ao uso de crack, álcool e outras drogas. 
§ 3º Quando necessário, a Equipe de Consultório na Rua, de que trata a alínea "a" do inciso II deste artigo, poderá 
utilizar as instalações das Unidades Básicas de Saúde do território. 
§ 4º Os Centros de Convivência, de que trata o inciso III deste artigo, são estratégicos para a inclusão social das pessoas 
com transtornos mentais e pessoas que fazem uso de crack, álcool e outras drogas, por meio da construção de espaços 
de convívio e sustentação das diferenças na comunidade e em variados espaços da cidade. 
Art. 7º O ponto de atenção da Rede de Atenção Psicossocial na atenção psicossocial especializada é o Centro de Atenção 
Psicossocial. 
§ 1º O Centro de Atenção Psicossocial de que trata o caput deste artigo é constituído por equipe multiprofissional que 
atua sob a ótica interdisciplinar e realiza atendimento às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e às 
pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em sua área territorial,em regime de 
tratamento intensivo, semi-intensivo, e não intensivo. 
§ 2º As atividades no Centro de Atenção Psicossocial são realizadas prioritariamente em espaços coletivos (grupos, 
assembleias de usuários, reunião diária de equipe), de forma articulada com os outros pontos de atenção da rede de 
saúde e das demais redes. 
§ 3º O cuidado, no âmbito do Centro de Atenção Psicossocial,é desenvolvido por intermédio de Projeto Terapêutico 
Individual, envolvendo em sua construção a equipe, o usuário e sua família, e a ordenação do cuidado estará sob a 
responsabilidade do Centro de Atenção Psicossocial ou da Atenção Básica, garantindo permanente processo de cogestão 
e acompanhamento longitudinal do caso. 
§ 4º Os Centros de Atenção Psicossocial estão organizados nas seguintes modalidades: 
I - CAPS I: atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e também com necessidades decorrentes do 
uso de crack, álcool e outras drogas de todas as faixas etárias; indicado para Municípios com população acima de vinte 
mil habitantes; 
II - CAPS II: atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, podendo também atender pessoas com 
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, conforme a organização da rede de saúde local, 
indicado para Municípios com população acima de setenta mil habitantes; 
III - CAPS III: atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Proporciona serviços de atenção contínua, 
com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e 
acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPS Ad, indicado para Municípios ou regiões com 
população acima de duzentos mil habitantes; 
IV - CAPS AD: atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando as normativas do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Serviço de saúde mental aberto e de 
caráter comunitário, indicado para Municípios ou regiões com população acima de setenta mil habitantes; 
V - CAPS AD III: atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando as normativas do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, com necessidades de cuidados clínicos contínuos. Serviço com no máximo doze leitos para observação e 
monitoramento, de funcionamento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana; indicado para Municípios ou regiões 
com população acima de duzentos mil habitantes; e 
VI - CAPS I: atende crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e persistentes e os que fazem uso de crack, 
álcool e outras drogas. Serviço aberto e de caráter comunitário indicado para municípios ou regiões com população 
acima de cento e cinquenta mil habitantes. 
Art. 8º São pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial na atenção de urgência e emergência o SAMU 192, Sala 
de Estabilização, UPA 24 horas, as portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, Unidades Básicas de 
Saúde, entre outros 
§ 1º Os pontos de atenção de urgência e emergência são responsáveis, em seu âmbito de atuação, pelo acolhimento, 
classificação de risco e cuidado nas situações de urgência e emergência das pessoas com sofrimento ou transtorno 
mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. 
§ 2º Os pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial na atenção de urgência e emergência deverão se articular 
com os 
Centros de Atenção Psicossocial, os quais realizam o acolhimento e o cuidado das pessoas em fase aguda do transtorno 
mental, seja ele decorrente ou não do uso de crack, álcool e outras drogas, devendo nas situações que necessitem de 
internação ou de serviços residenciais de caráter transitório, articular e coordenar o cuidado. 
Art. 9º São pontos de atenção na Rede de Atenção Psicossocial na atenção residencial de caráter transitório os seguintes 
serviços: 
I - Unidade de Acolhimento: oferece cuidados contínuos de saúde, com funcionamento de vinte e quatro horas, em 
ambiente residencial, para pessoas com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de ambos os 
sexos, que apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e demandem acompanhamento terapêutico e 
protetivo de caráter transitório cujo tempo de permanência é de até seis meses; e 
II - Serviços de Atenção em Regime Residencial, entre os quais Comunidades Terapêuticas: serviço de saúde destinado a 
oferecer cuidados contínuos de saúde, de caráter residencial transitório por até nove meses para adultos com 
necessidades clínicas estáveis decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas 
Há, hoje, no Brasil, mais de 1.000 Centros de Atenção Psicossocial – CAPS regulamentados, em sua estrutura e 
funcionamento, pela Portaria do Ministério da Saúde n. 336, de 19 de fevereiro de 2002. 
Em resumo, o que se observa é que o período de 1990 a 2003 concentra a máxima intensidade política e normativa 
do que se chama a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Um ano antes, em 1989, iniciara-se a experiência decisiva em Santos, 
sob a liderança de David Capistrano Filho. Também no final desse mesmo ano deu entrada no Congresso Nacional o 
projeto de lei que resultou, 12 anos depois, na lei brasileira de reforma psiquiátrica. 
Em outras palavras, a Reforma formula, cria condições e institui novas práticas terapêuticas visando a inclusão do 
usuário em saúde mental na sociedade e na cultura. 
Além disso, sabe-se, também, que o ensino universitário brasileiro ainda não se adaptou a essa política pública 
havendo uma defasagem entre formação universitária e os requisitos advindos da prática. Finalmente, o sistema 
universitário tende a oferecer um ensino geral e abstrato que é rico de conteúdo, mas que ignora, em grande parte, as 
especificidades da Reforma Psiquiátrica e o trabalho que, nesse âmbito, vem sendo realizado. 
 Saúde mental na atenção básica: prática da equipe de saúde da família 
A Estratégia Saúde da Família (ESF), tomada enquanto diretriz para reorganização da Atenção Básica no contexto do 
Sistema Único de Saúde – SUS, tornou-se fundamental para a atenção das pessoas portadoras de transtornos mentais e 
seus familiares; com base no trabalho organizado segundo o modelo da atenção básica e por meio ações comunitárias 
que favorecem a inclusão social destas no território onde vivem e trabalham. 
Em diferentes regiões do país, experiências exitosas vão demonstrando a potência transformadora das práticas dos 
trabalhadores da atenção básica, mediante a inclusão da saúde mental na atenção básica por meio do matriciamento, 
como por exemplo, das equipes de apoio ao Programa Saúde da Família – NASF. 
Assim, dentre as ações realizadas pelos trabalhadores, a visita domiciliária se destacou entre as mais realizadas por 
gerar discussões e questionamentos na equipe sobre qual seria a melhor forma de trabalhar, abordar e cuidar destas 
pessoas e suas famílias. A visita domiciliar, sobretudo, possibilita conhecer a realidade do portador de transtorno mental 
e sua família, favorecendo a compreensão dos aspectos psico-afetivo-sociais e biológicos, promovendo vínculos entre 
usuários, familiares e trabalhadores. 
À equipe de saúde da família cabe reconhecer que o núcleo familiar também precisa de apoio por parte do serviço e 
que a família tem o papel fundamental para o bom desenvolvimento do cuidado ao usuário. 
Portanto, as ações de saúde mental na saúde da família devem fundamentar-se nos princípios do SUS e da Reforma 
Psiquiátrica. O princípio da Reforma Psiquiátrica é a desinstitucionalização e pressupõe a manutenção do doente mental 
em seu território, ou seja, no seu cotidiano, evitando a internação e, se esta for necessária, que seja de curta duração e 
preferencialmente em emergênciapsiquiátrica, possibilitando assim a preservação dos seus vínculos com seus 
familiares e suas redes sociais. 
Os novos conhecimentos adquiridos pelo PSF propõem ações de saúde mental na atenção básica, que determinam 
modificações no paradigma da assistência psiquiátrica, determinando a desconstrução do histórico distanciamento 
entre as práticas psiquiátricas excludentes e a atenção primária à saúde, que podem acontecer através da internação do 
doente mental em seu domicilio. 
O acolhimento e o vinculo na atenção básica são eixos norteadores na assistência. Principalmente se desenvolvido ao 
doente mental, estes proporcionam aos doentes um atendimento humanizado em saúde. 
Em relação à categoria encaminhamento dos doentes mentais, identificamos nos artigos selecionados que os 
profissionais do PSF realizam os mais variados locais, assim como tipos de encaminhamentos, e são eles: consultas com 
o médico clínico para o atendimento de queixas físicas, aquisição de receitas para adquirir psicotrópicos e também 
encaminhamento para consultas especializadas para centro de convivência; para o CAP; para ambulatório, entre outros. 
Procurando amenizar esta demanda de portadores de transtornos mentais na Atenção Básica, o Ministério da Saúde, 
através da portaria 154/2008, recomenda a contratação um profissional da área de saúde mental para cada NASF. A 
articulação entre os serviços de saúde mental e a Atenção Básica deve ter como princípios a noção de território, a 
organização de uma rede de saúde mental, intersetorialidade, multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, 
desinstitucionalização, promoção da cidadania dos usuários e construção de uma autonomia possível ao usuário e 
familiares. 
Além das ações de cunho coletivo, a UBS mantém as consultas individuais para os usuários; neste caso, para os que 
apresentam sofrimento mental e demandam intervenção individual, como proposto pelo Ministério da Saúde através 
de intervenções terapeuti cas individualizadas, respeitando a realidade local e a inserção social. 
Patologias frequentes e atendimento na atenção primária 
Os trabalhadores de Saúde da Atenção Básica (AB) sabem por experiência própria que são muitas as pessoas que 
bucam ajuda profissional por causa de sofrimento mental, geralmente com queixas de tristeza e/ou ansiedade. Também 
é frequente que os profissionais da AB identifiquem nos usuários tristeza e/ou ansiedade importantes, ainda que não 
haja queixa explícita nesse sentido. 
A primeira são os problemas relacionados ao uso do álcool, que são frequentes na população brasileira, atingindo 
cerca de um em cada dez adultos. A segunda são os chamados transtornos mentais graves e persistentes, que incluem a 
esquizofrenia e as psicoses afetivas (transtorno bipolar do humor). Esses são bem menos frequentes, cerca de dois em 
cada 100 adultos, mas trazem grande impacto na saúde global das pessoa. As síndromes mais frequentes na AB são a 
depressiva, ansiosa e de somatização (as chamadas queixas físicas sem explicação médica). 
Quem trabalha ou estuda o sofrimento mental na AB sabe que tristeza, desânimo, perda do prazer de viver, 
irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade e medo (às vezes na forma de crises) são queixas comuns dos 
usuários. Com frequência, quem se queixa de uma delas, também se queixa de muitas das outras. Ou seja, são queixas 
que costumam estar associadas. Por outro lado, muitos desses mesmos usuários que relatam os fenômenos acima, 
também apresentam queixas como mudança no sono e apetite (por vezes para mais, por vezes para menos), dores 
(frequentemente crônicas e difusas), cansaço, palpitações, tontura ou mesmo alterações gástricas e intestinais.

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