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INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA OXIGENIOTERAPIA E VENTILAÇÃO MECÂNICA Anotações do orador CASO CLÍNICO 1 Criança de 6 meses, chega ao pronto atendimento com história de febre de 38º C há 3 dias, 1-2 picos por dia, que cede com antitérmico, coriza nasal hialina, tosse rouca (como um latido de cachorro), e presença de sons inspiratórios. Evoluiu com desconforto respiratório com piora progressiva, e hoje se apresenta com cansaço mais acentuado, sendo trazida para atendimento. CASO CLÍNICO 1 Ao exame, a criança encontra-se agitada, com cianose central, retração de fúrcula esternal à inspiração, retração intercostal e estridor inspiratório audível sem estetoscópio. FR 68 ipm, FC 160 bpm, com pulsos periféricos e centrais palpáveis e cheios, TEC 2 seg, TA 90x50 mmHg. SpO2 80%. QUAL O DIAGNÓSTICO? E A CONDUTA? INTRODUÇÃO Causa comum de atendimento nos PSs de todo o mundo Uma das principais causas de PCR em crianças (PH e Hospitalar) 2/3 acontecem no primeiro ano de vida Parada Respiratória X Parada Cardíaca Desfecho após parada respiratória 70% sobrevida Desfecho após parada cardíaca 10% sobrevida QUANTO MAIS CEDO DETECTAR A INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA E INSTITUIR TRATAMENTO, MAIORES AS CHANCES DE SOBREVIDA Definições Incapacidade do sistema respiratório de obter oxigênio (O2) para suprir as necessidades teciduais e de eliminar dióxido de carbono (CO2) proveniente do metabolismo celular. Hipoxemia >> Hipo/Normo/Hipercapnia >> Distúrbios do equilíbrio ácido-base Hipoxemia - PaO2 < 50mmHg (RNs) < 60mmHg (crianças maiores) Hipercapnia - PaCO2 > 45mmHg em qualquer idade Valores medidos em gasometria arterial PARTICULARIDADES PEDIÁTRICAS Tamanho da língua e da mandíbula dos lactentes Respiração predominantemente nasal até o 4º-6º mês de vida Vias aéreas com menor diâmetro, mais curtas e em menor número Porção mais estreita da via aérea logo abaixo das cordas vocais (até 10 anos). Laringe em forma de funil. Disposição anatômica das estruturas supra-glóticas. Fatores que predispõem ao desenvolvimento de IRA em crianças A língua preenche grande parte da cavidade oral. Perda de tônus e deslocamento anterior podem causar obstrução grave de VAS Obstrução nasal pode levar a crises de apneia e desconforto respiratório importante Lei de Poiseuille - uma redução de 50% da luz causa um aumento de 16x na resistência Adolescentes e adultos, larige tem formato cilíndrico. Patologias que acometem região subglótica resultam em aumento importante da resistência Epiglote do lactente é mais longa e flácida que do adulto. Formato de U ou V. Projeta-se sobre a parte posterior da lingua, aumentando resistência. PARTICULARIDADES PEDIÁTRICAS Menor suporte cartilaginoso (árvore traqueobrônquica) >> aumento da complacência >> susceptibilidade ao colapso dinâmico Maior complacência da caixa torácica Formato arredondado do tórax >> desvantagem à mecânica respiratória Movimento diafragmático menor >> limitação da expansibilidade Colapso dinâmico, durante a inspiração, na presença de obstrução de VA Maior complacência devido a consistência gelatinosa dos ossos, menor desenvolvimento de musculatura respiratória >> maior esforço respiratório para gerar volume corrente adequado Caixa torácica arredonda, diâmetro AP igual ao transverso Inserção diafragmática horizontal e elevada (altura da 8ª/9ª vértebra torácica) PARTICULARIDADES PEDIÁTRICAS Maior susceptibilidade à fadiga respiratória Maior susceptibilidade à formação de atelectasias Taxa metabólica mais alta >> maior consumo de O2 (6-8mL/kg/min vs 4ml/kg/min) Musculatura menos desenvolvida + FR elevada = FADIGA Vias de ventilação colateral pouco desenvolvidas (Poros intra-alveolares, canais bronquíolo-alveolares) Capacidade residual funcional menor // menores reservas de O2. FISIOPATOLOGIA Função primária do sistema respiratório - fornecer O2 e remover CO2 do organismo. Respiração pulmonar (troca de gases) e respiração celular (reação de produção de ATP+CO2+H2O) IRA se manifesta quando esse sistema integrado falha em prover oxigenação de maneira adequada (baixa PaO2) ou falha na remoção de CO2 (aumento da PaCO2) CLASSIFICAÇÃO Insuficiência ventilatória VS Falência da oxigenação INSUFICIÊNCIA VENTILATÓRIA Definida pela retenção de CO2, que é eliminado do corpo por meio das trocas gasosas. Normalmente a quantidade eliminada é igual à quantidade produzida, e diretamente proporcioonal À ventilação alveolar. Ventilação alveolar é a proporção de gás que entra e sai dos alvéolos e segue para as trocas com o sangue que passa pelos pulmões. Definida pela equação 1. FR - frequencia respiratória // VC - Volume Corrente // VD - volume do espaço morto (quantidade de ar que não segue para as trocas pois permanece nas vias aéreas condutoras ou segue para alvéolos não perfundidos) Hipercapnia causada por dois mecanismos: hipoventilação ou aumento do espaço morto. Hipoventilação INSUFICIÊNCIA VENTILATÓRIA Hipoventilação Diminuição da FR Depressão do SNC Diminuição do volume corrente Doenças neuromusculares Distúrbios Metabólicos Aumento da pressão abdominal INSUFICIÊNCIA VENTILATÓRIA Aumento do espaço morto Ventilação maior que perfusão Asma ou bronquiolite Comprometimento do fluxo sanguíneo pulmonar Tromboembolismo pulmonar Ventilação maior que perfusão - hiperinsuflação pulmonar TEP - gera zonas sem perfusão, espaço morto alveolar Aumento da ventilação no espaço morto resulta em aumento do trabalho respiratório, podendo levar a falência respiratória FALÊNCIA NA OXIGENAÇÃO Baixa PaO2 ambiental - grandes altitudes Aumento da barreira - defeito na difusão - falha na troca Desequilíbrio ventilação/perfusão - áreas com boa perfusão, mas fraca ventilação (secreção, estenose, edema, atelectasia) - efeito shunt shunt intra-cardíaco - persistência de FO, cardiopatia cianosante CAUSAS DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA Depressão do centro respiratório Doenças neuromusculares Distúrbios metabólicos Bloqueio neuromuscular por drogas Patologias obstrutivas de vias aéreas Superiores Inferiores Patologias restritivas do parênquima pulmonar Diminuição da complacência pulmonar Patologias abdominais (aumento da pressão intra-abdominal e elevação do diafragma) Diminuição do transporte de CO2 Drogas // Encefalopatia // TCE // Infecções S. guillain-barre // miastenia gravis Hipofosfatemia // hipomagnesemia // hipopotassemia // alcalose metabólica grave Obstrutivas superiores: laringite // epiglotite // corpo estranho Obstrutivas inferiores: asma // bronquiolite // compressão extrínseca Fibrose pulmonar // Cifoescoliose Edema pulmonar // Pneumonia // SDRA // DMH Ascites volumosas // tumores abdominais // hemorragia intra-abdominal // obstrução de TGI Choque QUADRO CLÍNICO Taquipneia Aumento do esforço respiratório (BAN, tiragem, uso de musculatura acessória) Gemidos expiratórios Estridor inspiratório Sibilos e aumento do tempo expiratório Alterações na expansibilidade torácica MV diminuído com estertores creptantes MV abolido Palidez cutânea e cianose Diminuição do nível de consciência e tônus muscular Gemidos - colapso alveolar e de pequenas vias aéreas Estridor - obstrução de VAS Sibilos - patologias obstrutivas de VAI (asma/bronquiolite) e edema pulomnar Expansibilidade - efusões pleurais, pneumotórax, atelectasia, corpo estranho, paralisia diafragmática MV diminuido - pneumonia ou edema pulmonar MV abolido - DP, pneumotórax, atelectasia, obstrução de VAS Cianose - hipoxemia Sinais tardios associados a fadiga, gravidade GASOMETRIA ARTERIAL Avalia eficácia da oxigenação e da ventilação Quantifica acidose respiratória ou metabólica Monitora resposta à terapêutica Fase 1 - efeito da doença, queda da PaO2 Fase 2 - Aumento do volume respiratório >> queda da PaCO2, mantém PaO2 Fase 3 - Apesar do aumento do trabalho, PaO2 diminui progressivamente, e PaCO2 volta a elevar-se, pois o esfoço foi superado Fase 4 - Falência respiratória, aumento da PaCO2, diminuição da PaO2, fadiga muscular. OXIMETRIA DE PULSO Avaliação contínua da saturação arterial Requer fluxo contínuo Impreciso em caso de choque ou má perfusão tecidual Não reflete a saturação total em casos de metahemoglobinemia e carboxihemoglobinemia MONITORIZAÇÃO DO CO2 INALADO Capnógrafo Detectores infravermelhos de absorção Dispositivos qualitativos TRATAMENTO O objetivo principal é restaurar a oxigenação e ventilação adequadas. TRATAMENTO INICIAL Permeabilização de vias aéreas Oxigenioterapia Ventilação assistida PERMEABILIZAÇÃO DE VIAS AÉREAS POSICIONAMENTO alinhar eixos oral, traqueal e faringeo nesse momento, pode ser realizada aspiração de VAS, para limpeza e permeabilidade ABERTURA DE VIAS AÉREAS Figura 1 - Inclinação da cabeça e elevação do queixo Figura 2 - elevação da mandíbula CÂNULA DE GUEDEL (OROFARÍNGEA) Pode ser usada em pacientes inconscientes Alivia a obstrução causada pela língua CÂNULA NASOFARÍNGEA Pode ser usada em crianças conscientes, com reflexo de tosse intacto tubo traqueal pode ser improvsado atenção para tamanho adequado - comprida pode causar bradicardia e estímulo vagal OXIGENAÇÃO E VENTILAÇÃO DISPOSITIVOS DE FORNECIMENTO DE O2 Baixo fluxo Máscara simples de oxigênio Cânula ou cateter nasal Alto fluxo Tenda facial Capacete ou capuz de O2 (hood) Tenda de O2 Máscara com reinalação parcial Máscara não reinalante Máscara de Venturi MÁSCARA SIMPLES DE O2 Fluxos de O2 de 6-10l/min fornecem 35-60% de oxigênio CÂNULA OU CATETER NASAL TENDA FACIAL CAPACETE OU CAPUZ DE O2 (HOOD) TENDA DE OXIGÊNIO MÁSCARA NÃO REINALANTE MÁSCARA DE VENTURI VENTILAÇÃO ASSISTIDA Ventilação com bolsa-máscara Máscara laríngea Intubação traqueal VENTILAÇÃO COM BOLSA-MÁSCARA MÁSCARA LARÍNGEA INTUBAÇÃO TRAQUEAL - INDICAÇÕES Controle inadequado da ventilação pelo SNC Presença de obstrução funcional ou anatômica graves de vias aéreas Perda dos reflexos de proteção das vias aéreas Trabalho respiratório excessivo levando à fadiga e insuficiência respiratória Necessidade de alto pico de pressão inspiratória para manter as trocas gasosas Necessidade de proteção das vias aéreas TUBO TRAQUEAL TAMANHO DO TUBO TRAQUEAL Diâmetro interno (sem cuff) = (idade em anos/4) + 4 Diâmetro interno (com cuff) = (idade em anos/4) + 3,5 TAMANHO DO TUBO TRAQUEAL PROFUNDIDADE DE INSERÇÃO Regra 1 - 3x o diâmetro interno (ex: tubo 5,0 = inserido 15cm) Regra 2 (RNs) - 6 + peso da criança LARINGOSCÓPIO TÉCNICA DE INTUBAÇÃO - DIFICULDADES Posição posterior da laringe Dificuldade de controlar posição da língua Epiglote mais longa, flexível estreita e angulada Facilidade de entrada do tubo no esôfago TÉCNICA DE INTUBAÇÃO CONFIRMAÇÃO DE INTUBAÇÃO Observação da expansão torácica Ausculta do MV nos campos pulmonares, axilas e ápice bilaterais Ausculta da região epigástrica Detecção de CO2 exalado CAUSAS DE PIORA AGUDA DO PCTE INTUBADO DOPE Deslocamento do tubo (extubação ou intubação seletiva) Obstrução por secreção, sangue, corpo estranho ou torção Pneumotórax Equipamento falho (desconexão do O2, escape de ar do ventilador, etc) VOLTANDO AO NOSSO CASO, QUAL A CONDUTA? CASO CLÍNICO 1 - CONDUTA INICIAL Permeabilizar vias aéreas Ofertar O2 CASO CLÍNICO 1 - REAVALIAÇÃO Criança sem cianose, SpO2 94%, mantendo estridor com retração de fúrcula, FC 120 bpm, TA 90x50 mm Hg, TEC 2s. Quando a criança se agita, SpO2 cai para 89% CASO CLÍNICO 2 Criança de 5 anos, apresenta tosse há uma semana, inicialmente seca, que se tornou produtiva há 3 dias, acompanhada de febre alta de difícil controle com antitérmicos, além de perda do apetite e queda do estado geral, que vêm piorando progressivamente. Hoje a mãe notou que criança estava com muita dificuldade para respirar e a trouxe para atendimento. CASO CLÍNICO 2 - EXAME FÍSICO Ao exame, a criança se encontra inconsciente, com cianose generalizada e dispneia importante, com respiração tipo “gasping”, FR 8 ipm, FC 150 bpm, TA 110x60 mm Hg, pulsos periféricos e centrais cheios, TEC 2 segundos. A ausculta pulmonar revela diminuição do MV à direita, com estertores crepitantes na base. SpO2 70%. QUAL É O DIAGNÓSTICO? E A CONDUTA? CASO CLÍNICO 2 - CONDUTA Posicionar cabeça com colocação de coxim Aspirar VAS Iniciar VPP com bolsa-máscara (12-20 movimentos/minuto) CASO CLÍNICO 2 - REAVALIAÇÃO Boa expansibilidade torácica, SpO2 95%, mas entregue à ventilação manual. CASO CLÍNICO 2 - SEGUIMENTO Realizada Intubação traqueal com cânula número 5 (Idade/4 + 4 ~ 5), fixada em 15 (3x diâmetro interno da cânula = 15) Mantém SpO2 97%, FC 120 bpm, TEC 2s. Alguns minutos após ser colocada em VM, SpO2 cai para 70%, subitamente. DOPE
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