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* Alguns fármacos apresentam uma particularidade em sua estrutura, de fundamental importância para a atividade biológica – a quiralidade. Quiralidade Um ou mais átomos (na maioria das vezes carbono) tem a sua orientação tridimensional bem definida. * FÁRMACOS E QUIRALIDADE A quiralidade não é condição para uma substância ter efeito farmacológico, mas caso tenha é importante saber qual a orientação espacial é responsável pela atividade. A modificação dessa orientação pode levar à diminuição do efeito biológico ou a supressão do mesmo ou até ao aparecimento de um efeito biológico adverso. * FÁRMACOS E QUIRALIDADE Fármacos quirais Métodos químicos Síntese Assimétrica Síntese assimétrica – estratégias e métodos químicos que efetuam o controle tridimensional de um determinado centro quiral. * HISTÓRICO DA QUIRALIDADE Louis Pasteur (1822-1895) Estudo das propriedades ópticas de 2 substâncias isoladas do tártaro (depositado nos barris de vinho). Uma era o ácido tartárico, que era capaz de rodar o plano da luz polarizada para direita. A outra substância (ácido paratartárico ou racêmico), estruturalmente idêntica, não desviava o plano da luz polarizada. Ácido (+)-tartárico * HISTÓRICO DA QUIRALIDADE Ácido paratartárico ou racêmico – cristalizava quando reagia com a amônia – cristais estruturalmente diferentes um do outro. Com lupa e pinça separou os cristais. As duas substâncias tinham as mesmas propriedades físicas (PF, PE, etc.) diferenciando somente na direção do desvio da luz polarizada. Cristais do sal de amônio do ácido (-)-tartárico Cristais do sal de amônio do ácido (+)-tartárico Essas observações estabeleceram as bases para a estereoquímica moderna * HISTÓRICO DA QUIRALIDADE Estereoquímica estuda a geometria espacial das moléculas. Tentando correlacionar o desvio do plano da luz polarizada e o arranjo espacial das moléculas. Pasteur sugeriu que os substituintes ao redor do carbono deveriam ter um arranjo tetraédrico. Van´t Hoff e Le bel (1874) Deram continuidade a idéia do carbono tetraédrico com 4 substituintes diferentes entre todos os arranjos possíveis somente 2 tetraedros seriam diferentes entre si. * HISTÓRICO DA QUIRALIDADE Um tetraedro seria a imagem refletida do outro não superponível. Evidência de duas estruturas espaciais diferentes para a mesma substância. Relacionaram a existência da atividade óptica com a presença de um carbono assimétrico. * Mesma fórmula molecular, mas diferentes sequência das ligações. * ISOMERISMO MOLECULAR Isômeros espaciais (estereoisômeros) Têm fórmulas moleculares iguais e diferentes arranjos dos átomos. Podem ser geométricos ou ópticos. Geométricos (cis-trans) – a presença da dupla ou do ciclo impede a rotação da ligação C=C ou C-C. Não desviam o plano da luz polarizada e possuem propriedades físico-químicas diferentes entre si. (trans) (cis) (cis) (trans) Mesmo substituinte unido aos carbonos da ligação dupla: Diferentes substituintes unidos aos carbonos da ligação dupla: * ESTEREOQUÍMICA EM COMPOSTOS CÍCLICOS Estereoquímica relativa: cis-trans * ISOMERISMO MOLECULAR Configuracionais (ópticos) Compostos assimétricos (quirais) que, apesar de possuírem propriedades físico-químicas semelhantes (como pontos de fusão e ebulição), apresentam efeito fisiológico distinto e desviam diferentemente a luz polarizada. b a c d b a d c e * ATENÇÃO: CONFORMAÇÃO X CONFIGURAÇÃO Configuração arranjo específico dos átomos no espaço. Conformação orientação temporária devido a rotação em torno da ligação sigma. * SIMETRIA EM COMPOSTOS ORGÂNICOS Quiralidade é um atributo geométrico. Um objeto que não pode ser sobreposto à sua imagem especular é quiral. C* assimétrico ou estereogênico D diferente de 0° * ESTEREOISÔMEROS Enantiômeros estereoisômeros em que um é a imagem especular e não sobreponível, átomo por átomo, do outro: Levorrotatória/levógira – desvia o plano p/ esquerda. sinal (-). Dextrorrotatória/dextrógira – desvia o plano p/ direita. Sinal (+). C H 3 O H H P h H O C H 3 P h H [ a ] D = + 4 2 , 9 2 7 [ a ] D = - 4 2 , 9 2 7 U m a m o l é c u l a s ó p o d e t e r u m e n a n t i ô m e r o C a d a e n a n t i ô m e r o é q u i r a l * DESENHANDO ENANTIÔMEROS Fórmulas em perspectiva A cunha sólida representa a ligação que se projeta para fora do plano do papel. A cunha tracejada representa a ligação que se projeta para trás do plano do papel. As 2 outras ligações estão no plano do papel. 2-bromobutano * DESENHANDO ENANTIÔMEROS b. Projeção de Fischer Linhas horizontais representam as ligações que projetam para fora do plano do papel. Linhas verticais representam as ligações que se estendem para trás do papel. A cadeia de carbono sempre é desenhada verticalmente com o C-1 no topo da cadeia. * ESTEREOISÔMEROS Diastereoisômeros estereoisômeros em que um não é a imagem especular do outro. Formados pela inclusão de um segundo centro assimétrico. CO2H NH2 * NOMENCLATURA DE ESTEREOISÔMEROS Absoluta dá a geometria espacial da molécula. Ex: D,L; R,S; (+)/(-). Relativa dá relação entre átomos ligados a diferentes centros (quirais ou não). Ex: cis-trans, eritro-treo, syn-anti. Configuração Para configuração relativa: * NOMENCLATURA DE ESTEREOISÔMEROS 2° modo: eritro-treo Usada para sistemas acíclicos com 2 centros quirais onde dois dos substituintes são iguais e o terceiro é diferente. Usar projeções de Fischer ou formas em cavalete eclipsadas! * NOMENCLATURA DE ESTEREOISÔMEROS Prioridade: maiores cadeias de carbono ficam no plano. zig-zag ! syn Usar forma em 3 ° modo: syn-anti Mais usada para sistemas acíclicos com 2 ou mais centros quirais. OH e Me em lados diferentes dos C* * NOMENCLATURA DE ESTEREOISÔMEROS Para configuração absoluta: Selecionado arbitrariamente o enantiômero (+)-gliceraldeído como D-gliceraldeído. direita esquerda * NOMENCLATURA DE ESTEREOISÔMEROS 2 o modo: Nomenclatura R,S REGRAS DE PRIORIDADES: Priorizar pelos números atômicos dos substituintes diretamente ligados ao C*. Girar o modelo de tal forma que o grupo com a menor prioridade (ex.F) esteja apontado para longe de nós. * REGRAS DE PRIORIDADES: 2) Quando dois ou mais átomos diretamente ligados ao C* forem iguais, o no atômico do 2° átomo prevalece. * REGRAS DE PRIORIDADES: 3) Pares de elétrons livres têm menor prioridade do que quando estão em ligação. 4) Isótopos mais pesados têm prioridade sobre os mais leves. N M e 3 P r i N M e 2 M e R prioridade NMe 3 NMe 2 i-Pr CH 3 * REGRAS DE PRIORIDADES: 5) Ligações múltiplas são tratadas como se fossem ligações separadas. prioridade C O H C H = C H 2 C C H O C O H C C C H C C C C C O O C H 3 C O O H C O N H 2 C O C H 3 C O H C C H C O 2 M e H 2 N O C C O 2 H M e ( R ) C H O E t C H = C H 2 H ( R ) 1 2 3 1 2 3 * Estereoquímica absoluta: R, S ESTEREOQUÍMICA EM COMPOSTOS CÍCLICOS S S H P h H S R C H O H H 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 3 2 * Propriedades dos estereoisômeros * Macromoléculas e monômeros quirais * Pureza ótica Podemos determinar se uma amostra é constituída de um único enantiômero (substância enantiomericamente pura), ou se é uma mistura de enantiômeros (racemato ou excesso enantiomérico) através da medida de sua rotação específica [α] . D * Cálculo do excesso enantiomérico Uma amostra de 2-metil-1-butanol apresenta rotação específica igual a + 1,151°. a) Qual enantiômero está em excesso, R ou S? b) Qual é a porcentagem de excesso enantiomérico da amostra? a) b) e.e. = rotação específica observada x 100 rotação específica do enantiômero puro e.e.= 1,151 x 100 = 20% 5,75 Isto significa que 20% dessa amostra consiste no excesso de R e 80% na mistura racêmica (40% de R e 40% de S). Importante: o total de R na mistura é de 60%. * QUIRALIDADE E ATIVIDADE BIOLÓGICA Fármacos quirais apresentam ao menos um carbono assimétrico. A supressão da quiralidade pode levar ao desaparecimento do efeito biológico. A inversão da orientação do C* pode levar à modificação do efeito biológico. Importância de saber qual a configuração absoluta do estereoisômero que apresenta atividade farmacológica (eutômero). * QUIRALIDADE E ATIVIDADE BIOLÓGICA Substâncias com centros assimétricos dotadas de atividade biológica e aroma/sabor. * QUIRALIDADE E ATIVIDADE BIOLÓGICA A talidomida era administrada nos anos 60, na forma de racemato, para o tratamento de enjôo em mulheres grávidas. * COMO EXPLICAR ESSES FATOS? Fármaco receptores resposta biológica ou enzimas Receptores e enzimas estruturas quirais de elevado grau de organização. Assim, o fármaco para interagir com elas deve ter um arranjo espacial muito bem definido coincidindo com a estrutura com a qual vai interagir. * COMO EXPLICAR ESSES FATOS? noradrenalina * COMO EXPLICAR ESSES FATOS? Enantiômero R Enantiômero S Sítio de ligação do receptor biológico * FÁRMACOS QUIRAIS A administração de uma mistura racêmica pode levar a três situações: O distômero não apresenta nenhum efeito adverso. O distômero apresenta um efeito adverso. Ambos os isômeros apresentam valor terapêutico independente. * FÁRMACOS QUIRAIS Os enantiômeros R (distômeros) são inativos e não apresentam efeito adverso. * FÁRMACOS QUIRAIS O distômero exibe algum efeito adverso. * FÁRMACOS QUIRAIS Ambos os enantiômeros apresentam efeito terapêutico independente. * FÁRMACOS QUIRAIS COMERCIALIZADOS NA FORMA ENANTIOMERICAMENTE PURA: UMA TENDÊNCIA DE MERCADO Com o avanço da química farmacêutica, estabeleceu-se a concepção da relação entre quiralidade e atividade biológica. O uso de uma mistura racêmica para novos medicamentos só é permitido pelos órgãos regulamentadores se todos os ensaios clínicos e toxicológicos forem realizados com cada enantiômero isoladamente, e comparados com aqueles envolvendo a mistura racêmica. Herança da talidomida * FÁRMACOS QUIRAIS COMERCIALIZADOS NA FORMA ENANTIOMERICAMENTE PURA: UMA TENDÊNCIA DE MERCADO Para as indústrias farmacêuticas, a expiração da patente de um fármaco comercializado como racemato pode ser contornada com o desenvolvimento de nova tecnologia, e comercialização deste mesmo fármaco em forma enantiomericamente pura nova patente. Para os pacientes, fármacos enantiomericamente puros seriam mais “saudáveis”. Em muitos casos a metade da dose utilizada com a mistura racêmica produziria o efeito terapêutico desejado. Importante! Muitos fármacos quirais sofrem epimerização in vitro a administração da forma enantiomericamente pura passa a ser desnecessária.
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