Buscar

O Meio Ambiente e a Indústria Sucroalcooleira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 
 
 
 
1 
O M IO AMBI T A I DÚSTRIA SUCROALCOOL IRA 
 
Karen Campos Rodrigues
1*
; Anna Cláudia de Brito Campos
1
; Ana Nivia de Souza Pantoja
1
; 
Matheus Batista Leite
1
; Mateus Ferreira Pontes
1
; Antover Panazzolo Sarmento
2
 
 
Resumo – A partir do forte crescimento do setor sucroalcooleiro percebe-se a preocupação com os 
impactos que esta indústria pode provocar, tanto de maneira econômica, social e principalmente 
ambiental. O potencial de produção e o aumento na demanda por etanol fazem da cana-de-açúcar 
uma das mais importantes culturas no cenário atual da agroindústria nacional. Em razão desse 
potencial a cana-de-açúcar é vista como uma importante solução energética para vários setores. O 
grande desafio é equilibrar as etapas da produção do etanol, com os prejuízos que elas podem 
causar ao meio, desde o manejo do cultivo da cana-de-açúcar, transporte, irrigação e uso de 
agrotóxicos e fertilizantes, até etapas diretamente ligadas a usina de sucroalcooleira, da moagem ao 
produto final. Neste cenário, o presente trabalho visa levantar os aspectos dos impactos ambientais, 
abordando as queimadas e a nova tecnologia para solução das mesmas; impactos sociais, mostrando 
a realidade do trabalhador e a possível perca de seu espaço para as grandes máquinas e por fim uma 
visão econômica do setor sucroalcooleiro para os dias atuais, dando ênfase na grande demanda que 
o setor traz para o Brasil, principal produtor e exportador dos produtos oriundos da cana-de-açúcar. 
 
Palavras-chave: Cana-de-açúcar, Impactos Ambientais, Etanol. 
 
 
TH VIRO M T A D TH SUGAR-ALCOHOL I DUSTRY 
 
Abstract – From the growth of sugar-alcohol sector is possible to perceive concern about the 
impacts that this industry can cause, economically, socially and environmentally mainly. The 
potential production and increased demand for ethanol make sugarcane one of the most important 
agricultural crops in the current scenario of the national agribusiness. Due to this potential, the 
sugarcane is seen as an important energy solution for various industries. The challenge is to balance 
the steps of ethanol production, with the damage it can cause to the environment, since the 
management of the cultivation of sugarcane, transport, irrigation and use of pesticides and 
fertilizers, until steps directly linked to sugarcane plant, since grinding to the end product. In this 
scenario, this paper aims to raise the issues of environmental impacts, addressing burned and new 
technology to solution for them, social impacts, showing the reality of the worker and the possible 
loss of their space for large machines and finally an economic vision of sugar-alcohol sector to 
current day, giving emphasis on the great demand that the industry brings to Brazil, the leading 
producer and exporter of products from the sugarcane. 
 
Keywords – Sugarcane, Environmental Impacts, Ethanol. 
 
1Graduandos do curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão. 
2 Professor do curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão 
*Autor correspondente: karencamposrodrigues@hotmail.com 
Wellington
Text Box
ISSN 2318-0153
 
 
I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 
 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
 
Desde o Brasil colônia o nosso país foi marcado por ciclos econômicos como o do pau-brasil, 
açúcar, café, borracha, e nos dias atuais o do etanol. O Brasil vive um bom momento na produção 
de etanol. 
Na década de 70 o governo criou o PROALCOOL que previa a substituição dos derivados de 
petróleo através do incentivo à utilização de carros movidos a etanol. A indústria sucroalcooleira 
teve grande desenvolvimento nesta época. 
Segundo Flores (2010) o PROALCOOL tinha o objetivo de reduzir a dependência de 
importação de petróleo no mercado mundial, gerando um produto que substituísse o petróleo, 
intensificando a produção de álcool anidro e consequentemente fomentar a indústria do açúcar. 
Após este programa, o petróleo voltou a dominar o mercado dos combustíveis, entretanto, nos 
últimos anos o etanol voltou a ter grande importância no mercado mundial dos combustíveis, 
impulsionando a produção de cana-de-açúcar em países como o Brasil. 
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2009 o Brasil 
apresentou uma produção de 689,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produção de etanol 
superior a 25 bilhões de litros. Sendo o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. 
Atualmente o Brasil lidera o ranking mundial na produção de etanol e junto com todos os seus 
benefícios o país tenta encontrar formas de deixar sua produção mais sustentável. Diante de todos 
os problemas, no cenário mundial, com relação à poluição do meio ambiente o etanol surgiu como 
uma válvula de escape para a substituição dos combustíveis fósseis, que além de finitos contribuem 
fortemente para a intensificação do aquecimento global. 
 
OBJETIVOS 
 
O objetivo geral deste trabalho foi fazer uma revisão sobre os impactos causados pela 
indústria sucroalcooleira e realizar um estudo de caso de uma empresa produtora de etanol. Os 
objetivos específicos são avaliar possíveis alternativas aos impactos causados e mostrar a aplicação 
do uso do bagaço de cana, subproduto da produção de etanol, na construção civil. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Para escrever o artigo foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o método de cultivo da 
cana-de-açúcar, o processo de produção do etanol, os impactos causados pela indústria 
sucroalcooleira, possíveis alternativas a este impacto e aplicações do bagaço de cana na construção 
civil. Foi realizado também um estudo de caso sobre uma empresa que produz etanol, abordando 
alguns métodos adotados que podem ser considerados sustentáveis. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Nesta parte são discutidos os impactos causados pela indústria sucroalcooleira, e possíveis 
alternativas a estes impactos, entretanto, primeiro é feita uma breve revisão sobre o método de 
cultivo da cana e o processo de produção do etanol. É apresentado também um estudo de caso sobre 
 
 
I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 
 
 
 
3 
uma empresa produtora de etanol, destacando a cogeração de energia adotada pela empresa para 
então abordar sobre possíveis utilizações da cinza do bagaço de cana na construção civil. 
 
Método de cultivo da cana-de-açúcar 
 
“A cana de açúcar (Saccharum officinarum) é uma cultura perene, podendo produzir por 4 a 6 
anos. Relativamente fácil de ser implantada e manejada, com baixo custo, podendo atingir 
rendimentos de massa verde superiores a 120 t ha
-1
 ano
-1.” (TOWSEND, 2000). 
 O melhor clima para o cultivo é o que apresenta duas estações bem definidas, uma quente e 
úmida seguida de outra fria e seca. 
O plantio pode ser realizado de três formas: sistema de ano-e-meio, sistema de ano e plantio 
de inverno. O primeiro consiste na efetuação do plantio nos meses de janeiro e março, nos três 
meses que se seguem a planta germina, sendo que nos cinco meses consecutivos ela sofre uma 
queda no crescimento devido à seca e o inverno, período de abril a agosto, de setembro a abril a 
planta entra em um processo vegetativo, logo após esse período ela amadurece e completa o ciclo. 
No sistema ano, a cana-de-açúcar pode ser plantada no período compreendido entre outubro e 
novembro, entretanto esse modo apresenta algumas desvantagens como a necessidade de maior mão 
de obra e a baixaprodutividade. Já no plantio de inverno, é necessário que haja alguma forma de 
irrigação para possibilitar o desenvolvimento da gema, em alguns casos é utilizada a torta de filtro e 
no estado de Goiás grande parte das usinas utiliza a vinhaça, um subproduto do etanol. 
Nos três primeiro meses de desenvolvimento a cana disputa nutrientes com as plantas 
daninhas. Segundo Junior et al. (2011) o método de controle das plantas daninhas mais utilizado é o 
químico devido à sua praticidade e rendimento da operação. Também há a opção de combate 
biológico de pragas. 
Após o plantio e a maturação da cana-de-açúcar, ocorre a colheita. Esta se inicia, geralmente, 
em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril, sendo prolongada até novembro. A 
mesma pode ser iniciada pela queima da cana (atualmente proibido), processo o qual polui muito o 
meio ambiente, ou com a cana crua, sendo que este modo permite o aproveitamento da palhada 
como cobertura do solo, porém tal pode dificultar a rebrota da cana soca. 
Durante o corte da cana deve-se preocupar em não pisotear os tocos da mesma para não 
dificultar a rebrota e proporcionar uma lavoura uniforme. O transporte deve ser feito em até dois 
dias, evitando assim o início do processo de fermentação. 
 
Processo de produção do etanol 
 
O álcool é uma substância bastante utilizada em diversas atividades humanas, como em meio 
médico, indústria farmacêutica, fabricação de bebidas alcoólicas e como combustíveis. A cana-de-
açúcar inicialmente é extraída (mecanicamente ou manualmente) e levada diretamente para a usina 
onde será limpa e encaminhada para o processo de moagem em que todo o caldo será separado do 
bagaço. O mosto então é peneirado para a retirada de impurezas mais grossas e aquecido a altas 
temperaturas para evitar a contaminação nas etapas seguintes. 
 A fermentação é o processo na qual o mosto purificado será misturado com leveduras, 
responsáveis pela realização da fermentação alcoólica. Esse processo é realizado a altas 
temperaturas e por isso é importante que as dornas de fermentação sejam fechadas para evitar que 
parte do álcool seja disperso com a alta quantidade de CO2 formada. 
 
 
I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 
 
 
 
4 
 Nas colunas de destilação é retirado o máximo de álcool possível do vinho fermentado e 
purificado até chegar à mistura binária álcool-água ideal de 96% de álcool e 4% de água. Tem-se 
assim, o produto final que é o etanol. Durante o processo outros subprodutos são formados como a 
torta de filtro, a vinhaça (usadas como fertilizantes) e o bagaço. 
 
Impactos da produção sucroalcooleira 
 
A vinhaça tem um elevado poder poluente, pois possui alguns ácidos orgânicos e nutrientes, 
pH ácido e elevada temperatura quando sai dos aparelhos de destilação. Antigamente era descartada 
em mananciais hídricos, o que pode causar alteração do ecossistema aquático. 
É comum ver nas áreas de plantação da cana-de-açúcar a devastação das matas ciliares e a 
falta da reserva legal. Segundo a Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012 a reserva legal no Cerrado 
deve ser de 20% da área total da propriedade, com o intuito principal de proteger a biodiversidade, e 
a largura das matas ciliares que devem ser preservadas varia conforme a largura do rio sendo que 
em caso de derrubada destas matas é necessário que seja feito o reflorestamento da área. 
Os defensivos agrícolas são utilizados como ferramenta para a inibição de pragas e até mesmo 
para eliminar insetos, com a precipitação estes produtos chegam ao leito dos rios, provocando a 
contaminação dos mananciais e todo o ecossistema que depende dessa água. 
O modo que as usinas arranjam terras para o cultivo da cana-de-açúcar é através do 
arrendamento, sistema em que a usina “aluga” as terras de um proprietário rural por um período de 
tempo. O problema desse sistema é que geralmente não são tomados cuidados com a conservação 
do solo, e este é devolvido degradado. 
O processo de erosão, que empobrece o solo, faz com que este perca a rigidez, por 
consequência o aparecimento de valas que se expandem não podendo ser contidas, mesmo com a 
implantação das curvas de nível. 
E para que seja feita a colheita, a palha da cana é queimada, processo que libera grande 
quantidade de gás carbônico e muitas cinzas para o ar, que invade as cidades próximas, 
contaminando o ar causando inúmeros problemas aos moradores como a sujeira do pó das cinzas e 
até mesmo doenças de origem respiratória. 
Com relação aos impactos sociais é importante ressaltar que uma das grandes tendências do 
setor é a eliminação do corte da cana por trabalhadores, através de grandes e tecnológicas máquinas. 
Além de ter um maior custo beneficio, ela ainda elimina as queimadas, sendo importante para o 
meio ambiente. O ideal é que isso acontecesse de forma rápida, mas as consequências são enormes 
para os trabalhadores, deixando milhares de famílias desempregadas. 
O avanço das áreas de plantação da cana em locais que antes eram cultivados alimentos 
também deve ser considerado como impacto social, pois reduz a oferta de alimentos na região e 
consequentemente o aumento no preço de tais produtos. 
 
Alternativas aos impactos da produção sucroalcooleira 
 
Uma alternativa para a introdução de máquinas no processo de produção da cana é a 
especialização dos trabalhadores para que os mesmos possam operar os equipamentos. Entretanto, é 
sabido que nem todos os trabalhadores são beneficiados com tal especialização. 
A vinhaça e a torta de filtro, subprodutos do processo de produção do etanol, são utilizadas na 
fertirrigação tanto para aumentar a umidade do solo quanto para fornecer nutrientes necessários ao 
 
 
I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 
 
 
 
5 
plantio. Segundo Giachini e Ferraz (2009) os benefícios da fertirrigação com vinhaça são: 
favorecimento do desenvolvimento de microrganismos que atuam nas reações químicas do solo, 
aumento da produtividade em solos pobres e em regiões mais secas, causando grande economia de 
fertilizantes (N, P, K) e elevação do pH do solo após a aplicação. Esta alternativa é eficaz para 
diminuir a retirada de água dos corpos hídricos próximos às lavouras. 
Com a intenção de preservar o solo podem ser adotas algumas práticas agrícolas de 
conservação do solo como: curvas de nível, manutenção da palhada oriunda da colheita mecanizada 
e rotação de culturas. A redução do uso de defensivos agrícolas pode ser feita com a utilização de 
manejo integrado de pragas e controle cultural. 
Quanto à poluição ambiental, a utilização da colheita mecanizada além de diminuir a emissão 
de dióxido de carbono na atmosfera, evitando a liberação de fuligem nos locais próximos, permite a 
utilização da palhada para a cobertura do solo. 
 
Estudo de caso da empresa Jalles Machado 
 
 A Jalles Machado é uma empresa que produz etanol, açúcar, açúcar orgânico, levedura e 
produtos saneantes, está situada no município de Goianésia, estado de Goiás. Pode ser considerada 
referência no que diz respeito à sustentabilidade, tanto em práticas agrícolas, quanto em projetos 
ambientais e sociais. 
A colheita mecanizada tem sido um mecanismo de fundamental importância para a extração 
da cana-de-açúcar. Isso acontece porque dispensa o uso do corte manual que conta com a queimada 
da cana poluindo em grande quantidade a atmosfera com emissão de CO2. 
Esta empresa faz o uso desse tipo de extração da cana e foi inserindo essa prática 
gradativamente para evitar o desemprego total de seus funcionários. A colheita mecanizada ganha 
vantagem, pois permite que a palha permaneça no solo garantindoassim uma maior quantidade de 
matéria orgânica no local. Além disso, contribui para o aumento da capacidade de retenção de água 
e reduz a erosão. 
A cogeração de energia consiste na produção de dois tipos de energia simultaneamente, sendo 
que a forma mais comum é a associação entre energia térmica e elétrica. O bagaço é um dos 
subprodutos da cana e pode ser utilizado para a geração de energia, a sua queima aquece a caldeira 
e transforma a água em vapor que movimenta as turbinas, obtendo energia mecânica e 
posteriormente, energia elétrica. Segundo Prado (2007) o aproveitamento energético da biomassa da 
cana-de-açúcar pode ser repartido em energias nas formas térmica, mecânica e elétrica. 
A produção do etanol pode ser considerada mais limpa do que a dos combustíveis fósseis, 
entretanto, apenas o fato de produzir etanol não permite que uma usina sucroalcooleira participe do 
comércio de créditos de carbono, sendo necessário um fator adicional. A cogeração de energia 
preenche essa necessidade, pois reduz a emissão de dióxido de carbono quando comparada ao 
processo de obtenção de energia das usinas termelétricas. 
Por sua vez, a venda de excedentes de energia elétrica cogerados no setor 
sucroalcooleiro é um nicho de mercado passível de gerar créditos de carbono, pois 
a mesma ao despachar energia ao sistema elétrico interligado estará reduzindo o 
despacho de usinas térmicas que utilizam combustíveis fósseis, reduzindo a 
emissão de gases do efeito estufa (DANTAS, 2008). 
A Jalles Machado utiliza o sistema de cogeração de energia, a partir do bagaço da cana, o que 
associado ao processo de produção do etanol permite a comercialização dos créditos de carbono. A 
 
 
I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 
 
 
 
6 
certificação é feita pelo Bureau Veritas Quality International, que garante a certificação de normas 
como a ISO 9001 e ISO 14001. Os créditos são comercializados com o governo holandês, sendo 
que de 2001 até 2012 foi gerada uma redução de emissões de 220 mil toneladas de CO2. 
A Tabela 1 apresenta os dados sobre a cogeração de energia na Jalles Machado, onde é 
possível notar que a empresa consegue comercializar a energia excedente. 
 
Tabela 1 – Dados sobre a cogeração de energia na Jalles Machado 
Tipo Potência (MW) 
Potência instalada 40 
Produção total 40 
Exportação 28 
Consumo indústria 10 
Consumo agrícola 2 
Consumo administração 0,1 
Fonte: JALLES MACHADO (2013). 
 
 
Utilização do bagaço da cana-de-açúcar na construção civil 
 
Na produção do etanol o bagaço, subproduto da produção de etanol, pode ser queimado para 
aquecer a caldeira ou para cogeração de energia. Após a queima, as cinzas do bagaço podem ser 
aproveitadas na construção civil na composição de cimento, argamassas ou como substituta do 
cimento na mistura para obtenção do concreto. 
Dentro da construção civil, a reutilização de resíduos sólidos pode ajudar a reduzir os custos e 
prejuízos ambientais relativos ao tratamento e, ou, disposição final desses resíduos, e também na 
redução dos impactos ambientais decorrentes da extração de matéria-prima diretamente do 
ambiente (LUCAS e BENATTI, 2008). 
A cinza proveniente do bagaço de cana possui valores acima de 60% de sílica em sua 
composição, o que permite a sua utilização como pozolana na composição do cimento ou como 
substituta parcial do cimento no concreto leve. Segundo Zardo et al. (2004), pozolanas são 
materiais silicosos ou silico-aluminosos, que por si só possuem pouco ou nenhuma atividade 
aglomerante hidráulica, entretanto quando preparados adequadamente, exibem a propriedade de 
reagirem em meio aquoso e a temperatura ambiente com o hidróxido de cálcio, proporcionando a 
formação de novos compostos, com propriedades aglomerantes e, portanto insolúveis em água. 
As cinzas possuem alta atividade pozolânica devido ao alto teor de sílica, pequeno tamanho 
das partículas, ao fato de o material não conservar grande parte de suas características após a 
queima e a grande superfície de contato. 
Paula et al.(2008) estudou o potencial da cinza do bagaço da cana-de-açúcar como material de 
substituição parcial de cimento Portland, chegando às seguintes conclusões: argamassas com 
maiores teores de cinza foram mais porosas e apresentaram maior absorção de água, os resultados 
dos ensaios à compressão indicaram a viabilidade de substituição de até 20% de cimento pelas 
cinzas sem prejuízo de resistência e que a obtenção de cinzas com maiores teores de sílica reativa 
pode permitir maiores teores de substituição ou melhoria nas propriedades físicas e mecânica das 
argamassas. 
 
 
I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 
 
 
 
7 
Já Kawabata (2008) estudou a aplicação da cinza do bagaço de cana na produção de 
compósitos fibrosos e concreto leve para a construção rural, chegando à conclusão que as cinzas do 
bagaço de cana-de-açúcar apresentaram desempenho satisfatório na substituição do cimento 
Portland, mas inferior às cinzas de casca de arroz. Foi observado também que a suas adições no 
concreto funcionam apenas como material inerte e que o nível de substituição ideal foi o de até 
15%. 
Tais pesquisas ajudam a fundamentar a ideia da utilização das cinzas do bagaço da cana-de-
açúcar na construção civil, entretanto, é necessário se atentar para os seguintes fatores: o teor de 
sílica das cinzas e a porcentagem de substituição adotada, tudo isso visando a melhor qualidade das 
misturas que serão preparadas. 
 
CONCLUSÕES 
 
É inegável que o Brasil possui grande potencial para a produção de etanol. O crescimento das 
áreas de plantação de cana-de-açúcar para indústria tem avançado muito. Devido a grande euforia 
na produção de etanol o Brasil também pode sofrer sérias consequências com o racionamento de 
produção de alimentos. 
Sobre o cultivo da cana-de-açúcar, há algum tempo eram usadas queimadas para que 
houvesse a colheita, assim, o gás carbônico economizado na queima do álcool já era, em parte, 
recompensado pela grande queima de matéria orgânica. Atualmente a colheita está sendo 
mecanizada, assim, o processo de produção do etanol torna-se mais sustentável. 
Apesar de vários impasses o Brasil está se esforçando para dinamizar a produção, no processo 
de produção do etanol, o bagaço da cana, resíduo esse que não havia função, atualmente pode ser 
usado na própria indústria sendo queimado para o aquecimento das caldeiras, bem como para a 
geração de energia elétrica. 
Os problemas sociais são um pouco mais complexos, no processo de colheita são contratados 
trabalhadores temporários por salários baixíssimos e péssimas condições de trabalho, mas com a 
mecanização o desemprego aumenta-se muito. Assim, o processo de produção do etanol não é 
totalmente sustentável, mas é possível se esforçar para preservar tanto o meio ambiente quanto as 
pessoas ligadas à produção. 
As cinzas do bagaço de cana devido à sua composição podem ser mais bem aproveitadas na 
construção civil do que como fertilizante agrícola. A utilização destas cinzas na composição do 
cimento, argamassas ou em substituição ao cimento na composição do concreto é interessante sob o 
ponto de vista da engenharia civil, pois reduz a extração de matérias-primas do meio ambiente, 
atividade que pode causar grandes impactos ambientais. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Lei nº12.651, de 25 de maio de 2012 – Novo Código Florestal. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm> Acesso em: 14 de 
mar de 2013. 
 
DANTAS, G. A. O impacto dos Créditos de Carbono na Rentabilidade da Co-geração 
Sucroalcooleira Brasileira.Dissertação de Mestrado. ISEG/ Universidade Técnica de Lisboa, 
2008. 
 
 
 
I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 
 
 
 
8 
FLORES, N. Política governamental de energia substitutiva -– cana-de-açúcar. Do Pró-Álcool 
ao etanol -– 1970-2009 -– um estudo de caso: Região Noroeste do Rio Grande do Sul. 
Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, 2010. 
 
GIACHINI, C. F.; FERRAZ, M. V. Benefícios da utilização de vinhaça em terras de plantio de 
cana-de-açúcar – revisão de literatura. Revista Cienftífica Eletrônica de Agronomia. Garças, ano 
VII, n.15, 2009. Disponível em < http://revista.inf.br/agro15/revisao/REVLIT01.pdf >. Acesso em 
17 de fevereiro de 2013. 
 
JALLES MACHADO. Disponível em < http://www.jallesmachado.com.br/portugues/> Acesso em 
14 de fevereiro de 2013 >. Acesso em 14 de fevereiro de 2013. 
 
JUNIOR, A. R. G.; TORREZAN, M. A.; SANTOS, S. R. dos. Manejo de Plantas Daninhas na 
Cultura da Cana de açúcar. Universidade de São Paulo, 2011. Disponível em < 
http://www.lpv.esalq.usp.br/lpv672/aula%204/8%20-%20Revisao%20Grupo%202%20-
%20cana%20de%20acucar.pdf> Acesso em 13 de fevereiro de 2013. 
 
KAWABATA, C. Y. Aproveitamento das cinzas da queima de resíduos agroindustriais na 
produção de compósitos fibrosos e concreto leve para a construção rural. Tese de Doutorado. 
Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2008 
 
LUCAS, D.; BENATTI, C. T. Utilização de resíduos industriais para a produção de artefatos 
cimentícios e argilosos empregados na construção civil. Revista em Agronegócios e Meio 
Ambiente. v.1, n.3, p.405-418, 2008. 
 
MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Anuário Estatístico da Agroenergia 
2010. Brasília, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/ACS, 2010. 223p. 
 
PAULA, M. O. de; TINÔCO, I. de F. F.; RODRIGUES, C. de S.; SILVA , E. N. da; SOUZA, C. 
de F. Potencial da utilização da cinza do bagaço da cana-de-açúcar como material de substituição 
parcial de cimento Portland. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola Ambiental. v.13, n.3, 
p.353-357, Campina Grande, 2009. 
 
PRADO, T. G. F. Externalidades do ciclo produtivo da cana-de-açúcar com ênfase na 
produção de energia elétrica. Dissertação (Mestrado – Programa Interunidades de Pós-Graduação 
em Energia) – POLI/FEA/IEE/IF, Universidade de São Paulo, 2007 
 
TOWNSEND, C. R. Recomendações técnicas para o cultivo da cana-de-açúcar forrageira em 
Rondônia. Embrapa. Rondônia, n.21, nov./00, p.1-5. 
 
ZARDO, A. M.; BEZERRA, E. M.; MARTELLO, L. S.; JUNIOR, H. S. Utilização da cinza de 
bagaço de cana-de-açúcar como “filler” em compostos de fibrocimento. Anais... I Conferência 
Latino-Americana da Construção Sustentável. X Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente 
Construído. São Paulo, 2004.

Outros materiais