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I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 1 O M IO AMBI T A I DÚSTRIA SUCROALCOOL IRA Karen Campos Rodrigues 1* ; Anna Cláudia de Brito Campos 1 ; Ana Nivia de Souza Pantoja 1 ; Matheus Batista Leite 1 ; Mateus Ferreira Pontes 1 ; Antover Panazzolo Sarmento 2 Resumo – A partir do forte crescimento do setor sucroalcooleiro percebe-se a preocupação com os impactos que esta indústria pode provocar, tanto de maneira econômica, social e principalmente ambiental. O potencial de produção e o aumento na demanda por etanol fazem da cana-de-açúcar uma das mais importantes culturas no cenário atual da agroindústria nacional. Em razão desse potencial a cana-de-açúcar é vista como uma importante solução energética para vários setores. O grande desafio é equilibrar as etapas da produção do etanol, com os prejuízos que elas podem causar ao meio, desde o manejo do cultivo da cana-de-açúcar, transporte, irrigação e uso de agrotóxicos e fertilizantes, até etapas diretamente ligadas a usina de sucroalcooleira, da moagem ao produto final. Neste cenário, o presente trabalho visa levantar os aspectos dos impactos ambientais, abordando as queimadas e a nova tecnologia para solução das mesmas; impactos sociais, mostrando a realidade do trabalhador e a possível perca de seu espaço para as grandes máquinas e por fim uma visão econômica do setor sucroalcooleiro para os dias atuais, dando ênfase na grande demanda que o setor traz para o Brasil, principal produtor e exportador dos produtos oriundos da cana-de-açúcar. Palavras-chave: Cana-de-açúcar, Impactos Ambientais, Etanol. TH VIRO M T A D TH SUGAR-ALCOHOL I DUSTRY Abstract – From the growth of sugar-alcohol sector is possible to perceive concern about the impacts that this industry can cause, economically, socially and environmentally mainly. The potential production and increased demand for ethanol make sugarcane one of the most important agricultural crops in the current scenario of the national agribusiness. Due to this potential, the sugarcane is seen as an important energy solution for various industries. The challenge is to balance the steps of ethanol production, with the damage it can cause to the environment, since the management of the cultivation of sugarcane, transport, irrigation and use of pesticides and fertilizers, until steps directly linked to sugarcane plant, since grinding to the end product. In this scenario, this paper aims to raise the issues of environmental impacts, addressing burned and new technology to solution for them, social impacts, showing the reality of the worker and the possible loss of their space for large machines and finally an economic vision of sugar-alcohol sector to current day, giving emphasis on the great demand that the industry brings to Brazil, the leading producer and exporter of products from the sugarcane. Keywords – Sugarcane, Environmental Impacts, Ethanol. 1Graduandos do curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão. 2 Professor do curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão *Autor correspondente: karencamposrodrigues@hotmail.com Wellington Text Box ISSN 2318-0153 I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 2 INTRODUÇÃO Desde o Brasil colônia o nosso país foi marcado por ciclos econômicos como o do pau-brasil, açúcar, café, borracha, e nos dias atuais o do etanol. O Brasil vive um bom momento na produção de etanol. Na década de 70 o governo criou o PROALCOOL que previa a substituição dos derivados de petróleo através do incentivo à utilização de carros movidos a etanol. A indústria sucroalcooleira teve grande desenvolvimento nesta época. Segundo Flores (2010) o PROALCOOL tinha o objetivo de reduzir a dependência de importação de petróleo no mercado mundial, gerando um produto que substituísse o petróleo, intensificando a produção de álcool anidro e consequentemente fomentar a indústria do açúcar. Após este programa, o petróleo voltou a dominar o mercado dos combustíveis, entretanto, nos últimos anos o etanol voltou a ter grande importância no mercado mundial dos combustíveis, impulsionando a produção de cana-de-açúcar em países como o Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2009 o Brasil apresentou uma produção de 689,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produção de etanol superior a 25 bilhões de litros. Sendo o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Atualmente o Brasil lidera o ranking mundial na produção de etanol e junto com todos os seus benefícios o país tenta encontrar formas de deixar sua produção mais sustentável. Diante de todos os problemas, no cenário mundial, com relação à poluição do meio ambiente o etanol surgiu como uma válvula de escape para a substituição dos combustíveis fósseis, que além de finitos contribuem fortemente para a intensificação do aquecimento global. OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho foi fazer uma revisão sobre os impactos causados pela indústria sucroalcooleira e realizar um estudo de caso de uma empresa produtora de etanol. Os objetivos específicos são avaliar possíveis alternativas aos impactos causados e mostrar a aplicação do uso do bagaço de cana, subproduto da produção de etanol, na construção civil. MATERIAIS E MÉTODOS Para escrever o artigo foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o método de cultivo da cana-de-açúcar, o processo de produção do etanol, os impactos causados pela indústria sucroalcooleira, possíveis alternativas a este impacto e aplicações do bagaço de cana na construção civil. Foi realizado também um estudo de caso sobre uma empresa que produz etanol, abordando alguns métodos adotados que podem ser considerados sustentáveis. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta parte são discutidos os impactos causados pela indústria sucroalcooleira, e possíveis alternativas a estes impactos, entretanto, primeiro é feita uma breve revisão sobre o método de cultivo da cana e o processo de produção do etanol. É apresentado também um estudo de caso sobre I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 3 uma empresa produtora de etanol, destacando a cogeração de energia adotada pela empresa para então abordar sobre possíveis utilizações da cinza do bagaço de cana na construção civil. Método de cultivo da cana-de-açúcar “A cana de açúcar (Saccharum officinarum) é uma cultura perene, podendo produzir por 4 a 6 anos. Relativamente fácil de ser implantada e manejada, com baixo custo, podendo atingir rendimentos de massa verde superiores a 120 t ha -1 ano -1.” (TOWSEND, 2000). O melhor clima para o cultivo é o que apresenta duas estações bem definidas, uma quente e úmida seguida de outra fria e seca. O plantio pode ser realizado de três formas: sistema de ano-e-meio, sistema de ano e plantio de inverno. O primeiro consiste na efetuação do plantio nos meses de janeiro e março, nos três meses que se seguem a planta germina, sendo que nos cinco meses consecutivos ela sofre uma queda no crescimento devido à seca e o inverno, período de abril a agosto, de setembro a abril a planta entra em um processo vegetativo, logo após esse período ela amadurece e completa o ciclo. No sistema ano, a cana-de-açúcar pode ser plantada no período compreendido entre outubro e novembro, entretanto esse modo apresenta algumas desvantagens como a necessidade de maior mão de obra e a baixaprodutividade. Já no plantio de inverno, é necessário que haja alguma forma de irrigação para possibilitar o desenvolvimento da gema, em alguns casos é utilizada a torta de filtro e no estado de Goiás grande parte das usinas utiliza a vinhaça, um subproduto do etanol. Nos três primeiro meses de desenvolvimento a cana disputa nutrientes com as plantas daninhas. Segundo Junior et al. (2011) o método de controle das plantas daninhas mais utilizado é o químico devido à sua praticidade e rendimento da operação. Também há a opção de combate biológico de pragas. Após o plantio e a maturação da cana-de-açúcar, ocorre a colheita. Esta se inicia, geralmente, em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril, sendo prolongada até novembro. A mesma pode ser iniciada pela queima da cana (atualmente proibido), processo o qual polui muito o meio ambiente, ou com a cana crua, sendo que este modo permite o aproveitamento da palhada como cobertura do solo, porém tal pode dificultar a rebrota da cana soca. Durante o corte da cana deve-se preocupar em não pisotear os tocos da mesma para não dificultar a rebrota e proporcionar uma lavoura uniforme. O transporte deve ser feito em até dois dias, evitando assim o início do processo de fermentação. Processo de produção do etanol O álcool é uma substância bastante utilizada em diversas atividades humanas, como em meio médico, indústria farmacêutica, fabricação de bebidas alcoólicas e como combustíveis. A cana-de- açúcar inicialmente é extraída (mecanicamente ou manualmente) e levada diretamente para a usina onde será limpa e encaminhada para o processo de moagem em que todo o caldo será separado do bagaço. O mosto então é peneirado para a retirada de impurezas mais grossas e aquecido a altas temperaturas para evitar a contaminação nas etapas seguintes. A fermentação é o processo na qual o mosto purificado será misturado com leveduras, responsáveis pela realização da fermentação alcoólica. Esse processo é realizado a altas temperaturas e por isso é importante que as dornas de fermentação sejam fechadas para evitar que parte do álcool seja disperso com a alta quantidade de CO2 formada. I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 4 Nas colunas de destilação é retirado o máximo de álcool possível do vinho fermentado e purificado até chegar à mistura binária álcool-água ideal de 96% de álcool e 4% de água. Tem-se assim, o produto final que é o etanol. Durante o processo outros subprodutos são formados como a torta de filtro, a vinhaça (usadas como fertilizantes) e o bagaço. Impactos da produção sucroalcooleira A vinhaça tem um elevado poder poluente, pois possui alguns ácidos orgânicos e nutrientes, pH ácido e elevada temperatura quando sai dos aparelhos de destilação. Antigamente era descartada em mananciais hídricos, o que pode causar alteração do ecossistema aquático. É comum ver nas áreas de plantação da cana-de-açúcar a devastação das matas ciliares e a falta da reserva legal. Segundo a Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012 a reserva legal no Cerrado deve ser de 20% da área total da propriedade, com o intuito principal de proteger a biodiversidade, e a largura das matas ciliares que devem ser preservadas varia conforme a largura do rio sendo que em caso de derrubada destas matas é necessário que seja feito o reflorestamento da área. Os defensivos agrícolas são utilizados como ferramenta para a inibição de pragas e até mesmo para eliminar insetos, com a precipitação estes produtos chegam ao leito dos rios, provocando a contaminação dos mananciais e todo o ecossistema que depende dessa água. O modo que as usinas arranjam terras para o cultivo da cana-de-açúcar é através do arrendamento, sistema em que a usina “aluga” as terras de um proprietário rural por um período de tempo. O problema desse sistema é que geralmente não são tomados cuidados com a conservação do solo, e este é devolvido degradado. O processo de erosão, que empobrece o solo, faz com que este perca a rigidez, por consequência o aparecimento de valas que se expandem não podendo ser contidas, mesmo com a implantação das curvas de nível. E para que seja feita a colheita, a palha da cana é queimada, processo que libera grande quantidade de gás carbônico e muitas cinzas para o ar, que invade as cidades próximas, contaminando o ar causando inúmeros problemas aos moradores como a sujeira do pó das cinzas e até mesmo doenças de origem respiratória. Com relação aos impactos sociais é importante ressaltar que uma das grandes tendências do setor é a eliminação do corte da cana por trabalhadores, através de grandes e tecnológicas máquinas. Além de ter um maior custo beneficio, ela ainda elimina as queimadas, sendo importante para o meio ambiente. O ideal é que isso acontecesse de forma rápida, mas as consequências são enormes para os trabalhadores, deixando milhares de famílias desempregadas. O avanço das áreas de plantação da cana em locais que antes eram cultivados alimentos também deve ser considerado como impacto social, pois reduz a oferta de alimentos na região e consequentemente o aumento no preço de tais produtos. Alternativas aos impactos da produção sucroalcooleira Uma alternativa para a introdução de máquinas no processo de produção da cana é a especialização dos trabalhadores para que os mesmos possam operar os equipamentos. Entretanto, é sabido que nem todos os trabalhadores são beneficiados com tal especialização. A vinhaça e a torta de filtro, subprodutos do processo de produção do etanol, são utilizadas na fertirrigação tanto para aumentar a umidade do solo quanto para fornecer nutrientes necessários ao I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 5 plantio. Segundo Giachini e Ferraz (2009) os benefícios da fertirrigação com vinhaça são: favorecimento do desenvolvimento de microrganismos que atuam nas reações químicas do solo, aumento da produtividade em solos pobres e em regiões mais secas, causando grande economia de fertilizantes (N, P, K) e elevação do pH do solo após a aplicação. Esta alternativa é eficaz para diminuir a retirada de água dos corpos hídricos próximos às lavouras. Com a intenção de preservar o solo podem ser adotas algumas práticas agrícolas de conservação do solo como: curvas de nível, manutenção da palhada oriunda da colheita mecanizada e rotação de culturas. A redução do uso de defensivos agrícolas pode ser feita com a utilização de manejo integrado de pragas e controle cultural. Quanto à poluição ambiental, a utilização da colheita mecanizada além de diminuir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, evitando a liberação de fuligem nos locais próximos, permite a utilização da palhada para a cobertura do solo. Estudo de caso da empresa Jalles Machado A Jalles Machado é uma empresa que produz etanol, açúcar, açúcar orgânico, levedura e produtos saneantes, está situada no município de Goianésia, estado de Goiás. Pode ser considerada referência no que diz respeito à sustentabilidade, tanto em práticas agrícolas, quanto em projetos ambientais e sociais. A colheita mecanizada tem sido um mecanismo de fundamental importância para a extração da cana-de-açúcar. Isso acontece porque dispensa o uso do corte manual que conta com a queimada da cana poluindo em grande quantidade a atmosfera com emissão de CO2. Esta empresa faz o uso desse tipo de extração da cana e foi inserindo essa prática gradativamente para evitar o desemprego total de seus funcionários. A colheita mecanizada ganha vantagem, pois permite que a palha permaneça no solo garantindoassim uma maior quantidade de matéria orgânica no local. Além disso, contribui para o aumento da capacidade de retenção de água e reduz a erosão. A cogeração de energia consiste na produção de dois tipos de energia simultaneamente, sendo que a forma mais comum é a associação entre energia térmica e elétrica. O bagaço é um dos subprodutos da cana e pode ser utilizado para a geração de energia, a sua queima aquece a caldeira e transforma a água em vapor que movimenta as turbinas, obtendo energia mecânica e posteriormente, energia elétrica. Segundo Prado (2007) o aproveitamento energético da biomassa da cana-de-açúcar pode ser repartido em energias nas formas térmica, mecânica e elétrica. A produção do etanol pode ser considerada mais limpa do que a dos combustíveis fósseis, entretanto, apenas o fato de produzir etanol não permite que uma usina sucroalcooleira participe do comércio de créditos de carbono, sendo necessário um fator adicional. A cogeração de energia preenche essa necessidade, pois reduz a emissão de dióxido de carbono quando comparada ao processo de obtenção de energia das usinas termelétricas. Por sua vez, a venda de excedentes de energia elétrica cogerados no setor sucroalcooleiro é um nicho de mercado passível de gerar créditos de carbono, pois a mesma ao despachar energia ao sistema elétrico interligado estará reduzindo o despacho de usinas térmicas que utilizam combustíveis fósseis, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa (DANTAS, 2008). A Jalles Machado utiliza o sistema de cogeração de energia, a partir do bagaço da cana, o que associado ao processo de produção do etanol permite a comercialização dos créditos de carbono. A I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 6 certificação é feita pelo Bureau Veritas Quality International, que garante a certificação de normas como a ISO 9001 e ISO 14001. Os créditos são comercializados com o governo holandês, sendo que de 2001 até 2012 foi gerada uma redução de emissões de 220 mil toneladas de CO2. A Tabela 1 apresenta os dados sobre a cogeração de energia na Jalles Machado, onde é possível notar que a empresa consegue comercializar a energia excedente. Tabela 1 – Dados sobre a cogeração de energia na Jalles Machado Tipo Potência (MW) Potência instalada 40 Produção total 40 Exportação 28 Consumo indústria 10 Consumo agrícola 2 Consumo administração 0,1 Fonte: JALLES MACHADO (2013). Utilização do bagaço da cana-de-açúcar na construção civil Na produção do etanol o bagaço, subproduto da produção de etanol, pode ser queimado para aquecer a caldeira ou para cogeração de energia. Após a queima, as cinzas do bagaço podem ser aproveitadas na construção civil na composição de cimento, argamassas ou como substituta do cimento na mistura para obtenção do concreto. Dentro da construção civil, a reutilização de resíduos sólidos pode ajudar a reduzir os custos e prejuízos ambientais relativos ao tratamento e, ou, disposição final desses resíduos, e também na redução dos impactos ambientais decorrentes da extração de matéria-prima diretamente do ambiente (LUCAS e BENATTI, 2008). A cinza proveniente do bagaço de cana possui valores acima de 60% de sílica em sua composição, o que permite a sua utilização como pozolana na composição do cimento ou como substituta parcial do cimento no concreto leve. Segundo Zardo et al. (2004), pozolanas são materiais silicosos ou silico-aluminosos, que por si só possuem pouco ou nenhuma atividade aglomerante hidráulica, entretanto quando preparados adequadamente, exibem a propriedade de reagirem em meio aquoso e a temperatura ambiente com o hidróxido de cálcio, proporcionando a formação de novos compostos, com propriedades aglomerantes e, portanto insolúveis em água. As cinzas possuem alta atividade pozolânica devido ao alto teor de sílica, pequeno tamanho das partículas, ao fato de o material não conservar grande parte de suas características após a queima e a grande superfície de contato. Paula et al.(2008) estudou o potencial da cinza do bagaço da cana-de-açúcar como material de substituição parcial de cimento Portland, chegando às seguintes conclusões: argamassas com maiores teores de cinza foram mais porosas e apresentaram maior absorção de água, os resultados dos ensaios à compressão indicaram a viabilidade de substituição de até 20% de cimento pelas cinzas sem prejuízo de resistência e que a obtenção de cinzas com maiores teores de sílica reativa pode permitir maiores teores de substituição ou melhoria nas propriedades físicas e mecânica das argamassas. I ENPEEX – Encontro de Pesquisa, Estágio e Extensão de Engenharia Civil 7 Já Kawabata (2008) estudou a aplicação da cinza do bagaço de cana na produção de compósitos fibrosos e concreto leve para a construção rural, chegando à conclusão que as cinzas do bagaço de cana-de-açúcar apresentaram desempenho satisfatório na substituição do cimento Portland, mas inferior às cinzas de casca de arroz. Foi observado também que a suas adições no concreto funcionam apenas como material inerte e que o nível de substituição ideal foi o de até 15%. Tais pesquisas ajudam a fundamentar a ideia da utilização das cinzas do bagaço da cana-de- açúcar na construção civil, entretanto, é necessário se atentar para os seguintes fatores: o teor de sílica das cinzas e a porcentagem de substituição adotada, tudo isso visando a melhor qualidade das misturas que serão preparadas. CONCLUSÕES É inegável que o Brasil possui grande potencial para a produção de etanol. O crescimento das áreas de plantação de cana-de-açúcar para indústria tem avançado muito. Devido a grande euforia na produção de etanol o Brasil também pode sofrer sérias consequências com o racionamento de produção de alimentos. Sobre o cultivo da cana-de-açúcar, há algum tempo eram usadas queimadas para que houvesse a colheita, assim, o gás carbônico economizado na queima do álcool já era, em parte, recompensado pela grande queima de matéria orgânica. Atualmente a colheita está sendo mecanizada, assim, o processo de produção do etanol torna-se mais sustentável. Apesar de vários impasses o Brasil está se esforçando para dinamizar a produção, no processo de produção do etanol, o bagaço da cana, resíduo esse que não havia função, atualmente pode ser usado na própria indústria sendo queimado para o aquecimento das caldeiras, bem como para a geração de energia elétrica. Os problemas sociais são um pouco mais complexos, no processo de colheita são contratados trabalhadores temporários por salários baixíssimos e péssimas condições de trabalho, mas com a mecanização o desemprego aumenta-se muito. Assim, o processo de produção do etanol não é totalmente sustentável, mas é possível se esforçar para preservar tanto o meio ambiente quanto as pessoas ligadas à produção. As cinzas do bagaço de cana devido à sua composição podem ser mais bem aproveitadas na construção civil do que como fertilizante agrícola. A utilização destas cinzas na composição do cimento, argamassas ou em substituição ao cimento na composição do concreto é interessante sob o ponto de vista da engenharia civil, pois reduz a extração de matérias-primas do meio ambiente, atividade que pode causar grandes impactos ambientais. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº12.651, de 25 de maio de 2012 – Novo Código Florestal. 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