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DAS NORMAS GERAIS DA TUTELA DE TRABALHO PROF. ANA CLÁUDIA MARTINS JurisEduc Assessoria & Consultoria Jurídica A CLT estabelece normas que são destinadas à tutela (proteção) do trabalhador. Estas normas dividem-se : a) em normas sobre documentação da vida do trabalhador (anotação do contrato e demais ocorrências na Carteira de Trabalho), b) à jornada de trabalho (diurna e noturna), c) aos períodos de descanso e intervalos, d) às férias e e) às normas gerais de segurança, medicina e higiene do Trabalho. 1 - DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL - CTPS A CTPS é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário. 1.2 - Do Valor das Anotações na CTPS A CTPS deverá ser devolvida ao empregado, após as anotações pertinentes, no prazo de quarenta e oito horas. As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, bem como a estimativa da gorjeta. As anotações na CTPS deverão ser feitas nas seguintes hipóteses (além daquele efetuada no ato da admissão do empregado): a) na data-base B) no caso de rescisão contratual c) necessidade de comprovação perante a Previdência Social. A falta de qualquer anotação obrigatória na CTPS sujeita a empresa a imposição de multa pelo Ministério do Trabalho. “...é vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social”. Também nos casos de acidente do trabalho ou constatação de doença do trabalho será obrigatória a anotação na CTPS. 1.3 – Do Registro do Contrato de Trabalho na CTPS De acordo com o art. 41 da CLT, em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. A anotação incorreta ou que não corresponda à verdade dos fatos, feita na CTPS, será considerada crime de falsidade, com as penalidades previstas no art. 299 do Código Penal. 2 - Da Duração do Trabalho A CLT estabelece diversas normas sobre a duração do trabalho que significa o mesmo que jornada de trabalho. Tais disposições também integram o conjunto de normas gerais de tutela do trabalho. Objetivo: a proteção da vida, da segurança, da integridade física e da higiene do trabalhador. A regra geral é que a duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, Horários de ida e retorno ao trabalho significa o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte. Isso em regra não é computado na jornada de trabalho. Todavia,tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução. É a chamada hora in itinere A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho. Sobre a hora extra incidirá um adicional mínimo de 50% sobre o salário da hora normal. São as horas extras. 2.1 – Regime de Compensação de Jornada A lei 9601/98 instituiu o chamado banco de horas, com o intuito de diminuir os custos das empresas com o pagamento de horas extras. A lei estabeleceu vários requisitos para a implantação do banco de horas. Se houver rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, terá o trabalhador o direito ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. 2.2 - Dos Períodos de Descanso A CLT também impõe limites que as empresas devem observar mas que não estão inseridos na jornada normal de trabalho. Trata-se dos períodos reservados ao descanso do empregado, seja entre o final de uma jornada, num dia, e o início de outra, no outro dia, seja dentro da mesma jornada de trabalho. Assim, entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11(onze) horas consecutivas para descanso. É assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. 2.3 – Intervalos para Repouso e Alimentação Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. 2.4 – Do Trabalho Noturno A legislação impõe uma compensação financeira pelo trabalho realizado no horário noturno e também uma redução da hora noturna em relação à hora normal diurna. Assim temos que: - O trabalho noturno enseja remuneração superior à do diurno com um acréscimo de 20% sobre a hora diurna. - A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. Trabalho noturno, no caso do trabalho urbano, é aquele executado entre as 22(vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte. 3-Férias Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração. O empregado adquire o direito a férias após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. Se o salário for pago em comissões, gorjetas ou tarefas, será considerada a média dos últimos doze meses. O empregado tem direito a converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. Referências SÉRGIO PINTO MARTINS, Comentários à CLT, editora ATLAS, 3ª edição. SEBASTIÃO GERALDO DE OLIVEIRA, Proteção Jurídica da Saúde do Trabalhador, editora LTR, 2ª edição. AMAURI MASCARO DO NASCIMENTO, Curso de Direito do Trabalho, editora LTR, 5ª edição. MARIA FERNANDA V.F. BUSTO CHIARIONI, Resumo Jurídico de Direito do Trabalho, editora Quartier Latin, 3ª edição.
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