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CÁLCULO IV SÉRIES DE FOURIER Maj Reinaldo Teixeira DELFINO Séries de Fourier • Considere a série com a forma: 𝑎0 2 + 𝑎𝑚. 𝑐𝑜𝑠 𝑚𝜋𝑥 𝐿 + 𝑏𝑚. 𝑠𝑒𝑛 𝑚𝜋𝑥 𝐿 ∞ 𝑚=1 • Nos pontos em que esta série é convergente, ela define uma função f cujo valor, em cada ponto, é a soma da série para esse valor de f. Neste caso, a série é denominada série de Fourier da função f. • Desejamos determinar que funções podem ser representadas como a soma de uma série de Fourier, e calcular os coeficientes da série. Para tanto, alguns conceitos devem ser revistos. 1) Periodicidade das funções seno e cosseno: diz-se que uma função f é periódica, com período T > 0, se o domínio de f contiver x + T sempre que x estiver nele contido, e se f(x + T) = f(x) para qualquer valor de x no domínio. – Demonstra-se facilmente que, se f e g são duas funções periódicas com período T, então o seu produto f.g e quaisquer combinações lineares destas também são periódicas com período T. – Observe que as funções 𝑠𝑒𝑛 𝑚𝜋𝑥 𝐿 e 𝑐𝑜𝑠 𝑚𝜋𝑥 𝐿 são periódicas, com período 𝑇 = 2𝐿 𝑚 . 2) Ortogonalidade das funções seno e cosseno: diz-se que duas funções u(x) e v(x) são ortogonais em 𝛼 ≤ 𝑥 ≤ 𝛽 quando o seu produto interno é nulo, isto é: 𝑢, 𝑣 = 𝑢 𝑥 . 𝑣 𝑥 𝑑𝑥 𝛽 𝛼 = 0 – Diz-se ainda que um conjunto de funções é mutuamente ortogonal se qualquer par de funções deste é ortogonal. – Observe que as funções 𝑠𝑒𝑛 𝑚𝜋𝑥 𝐿 e co𝑠 𝑚𝜋𝑥 𝐿 , m = 1,2,... constituem um conjunto de funções mutuamente ortogonais no intervalo [-L, L]. 3) Funções pares e funções ímpares: uma função f é par se o seu domínio contiver o ponto –x sempre que contiver o ponto x, e se f(–x) = f(x) ∀ x no domínio de f. Analogamente, uma função é ímpar se o seu domínio contiver o ponto – x sempre que contiver o ponto x, e se f(–x) = –f(x) ∀ x no domínio de f. – Funções pares são simétricas em relação ao eixo y, enquanto que funções ímpares são simétricas em relação à origem. • EXERCÍCIO: Demonstre que: – a soma/diferença e o produto/quociente de duas funções pares é uma função par; – a soma/diferença de duas funções ímpares é ímpar, e o produto/quociente de duas funções ímpares é par; – a soma/diferença de uma função ímpar e uma par não-nulas não é nem par nem ímpar, enquanto que o produto/quociente destas funções é ímpar; – Se f é par, então 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 𝐿 −𝐿 = 2 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 𝐿 0 ; – Se f é ímpar, então 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 𝐿 −𝐿 = 0. Fórmulas de Euler-Fourier • Suponha que uma dada série de Fourier seja convergente, e seja f(x) a sua soma, isto é: 𝑓 𝑥 = 𝑎0 2 + 𝑎𝑚. 𝑐𝑜𝑠 𝑚𝜋𝑥 𝐿 + 𝑏𝑚. 𝑠𝑒𝑛 𝑚𝜋𝑥 𝐿 ∞ 𝑚=1 (1) • A fim de determinar os coeficientes am e bm, multipliquemos a equação acima por 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 , onde n é um inteiro positivo fixo. Sabendo que séries de Fourier podem ser integradas termo a termo, integremos a equação de – L a L, obtendo-se: 𝑓 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝐿 −𝐿 𝑑𝑥 = 𝑎0 2 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿 −𝐿 + + 𝑎𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝑐𝑜𝑠 𝑚𝜋𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿 −𝐿 + 𝑏𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝑠𝑒𝑛 𝑚𝜋𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿 −𝐿 ∞ 𝑚=1 • Como n é fixo e m varre o domínio dos inteiros positivos, e lembrando das relações de ortogonalidade, constata-se que o único termo não-nulo do segundo membro da equação acima será aquele em que m = n no primeiro somatório. Logo: 𝑓 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿 −𝐿 = 𝐿. 𝑎𝑛 , n = 1, 2, 3, ... • O termo a0 pode ser calculado integrando-se a equação (1) de – L a L. Se escrevermos o termo constante da equação (1) como a0/2, e não como a0, obtemos a mesma expressão de an. • Os coeficientes bn podem ser obtidos multiplicando-se a equação (1) por 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜋𝑥 𝐿 e integrando-se termo a termo de – L a L. Logo, an e bn podem ser obtidos pelas expressões: 𝑎𝑛 = 1 𝐿 𝑓 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿 −𝐿 , n = 0, 1, 2, 3, ... 𝑏𝑛 = 1 𝐿 𝑓 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿 −𝐿 , n = 1, 2, 3, ... • As equações acima são denominadas fórmulas de Euler-Fourier. Se a série da equação (1) for convergente para f(x), então os coeficientes são dados por estas fórmulas. • Observe, porém, que podemos construir uma série de Fourier a partir de uma função f qualquer, caso as integrais existam. Este procedimento é indicado pela notação ~ : 𝑓 𝑥 ~ 𝑎0 2 + 𝑎𝑛. 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 + 𝑏𝑛. 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜋𝑥 𝐿 ∞ 𝑛=1 • Ex.: Seção 10.2, Exemplo 1. Teorema de Fourier • Há casos em que a série de Fourier correspondente a uma função f pode não convergir para f(x), e casos em que a série diverge. A fim de garantir a convergência da série para a função a partir da qual foram calculados seus coeficientes, é necessário impor algumas condições adicionais à função. Estas condições estão discriminadas no chamado Teorema de Fourier. • TEOREMA: sejam f e f’ funções contínuas por partes no intervalo [- L, L]. Suponha ainda que f seja definida fora do intervalo [- L, L] de modo a ser periódica com período 2L. Então f tem uma série de Fourier da forma da equação (1), cujos coeficientes são dados pelas fórmulas de Euler-Fourier. Esta série converge para f(x) em todos os pontos onde f é contínua, e para [f(x+) + f(x-)]/2 em todos os pontos onde f é descontínua. • As condições dadas pelo Teorema de Fourier para a convergência de uma série de Fourier são suficientes, mas não necessárias. Observe que uma série de Fourier pode convergir para uma função que não seja derivável, ou nem mesmo contínua, embora cada termo da série seja contínuo e infinitamente derivável. • Ex.: Seção 10.3, Exemplo 1. Séries de Senos e de Cossenos • Sejam f e f’ funções contínuas por partes em [-L, L], sendo f uma função periódica par com período 2L. Logo, 𝑓 𝑥 . 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 é par, e 𝑓 𝑥 . 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜋𝑥 𝐿 é ímpar. Das propriedades de funções pares e ímpares, conclui-se que 𝑎𝑛 = 2 𝐿 𝑓 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿 0 e bn = 0. • Assim, a série de Fourier de qualquer função par é constituída apenas pelas funções em cosseno e pelo termo constante; séries desta forma são chamadas séries de Fourier de Cossenos. • Analogamente, se f e f’ são funções contínuas por partes em [-L, L], e se f é uma função periódica ímpar de período 2L, então an = 0 e 𝑏𝑛 = 2 𝐿 𝑓 𝑥 . 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜋𝑥 𝐿 𝑑𝑥 𝐿 0 . • A série de Fourier de qualquer função ímpar é constituída somente pelas funções em seno; estas séries são chamadas séries de Fourier de senos. • Ao resolver E.D.P., muitas vezes é conveniente expandir em série de Fourier uma função definida no intervalo [0,L]. Esta expansão pode ser feita a partir de uma extensão periódica par, resultando em uma série de cossenos, ou de uma extensão periódica ímpar, resultando em uma série de senos. • Ex.: Seção 10.4, Exemplo 1. • OBS.: Se f é uma função contínua de período 2L, e se f’ é contínua por partes, então a série de Fourier de f converge uniformemente para f em todo intervalo do eixo dos x. • Diferenciação de Séries de Fourier: seja f uma função contínua de período 2L e seja f’ uma função contínua por partes em [-L, L]. Então a série de Fourier de f’ pode ser obtida derivando-se a série de f termo a termo, e a série derivada converge pontualmentepara f’(x) se f”(x) existe. Em um ponto onde f”(x) não existe, mas no qual f’ tenha derivadas à esquerda e à direita, a diferenciação ainda é válida, e a série derivada converge para a média dos valores f’(x+) e f’(x-). • Integração das Séries de Fourier: seja f uma função contínua por partes no intervalo (- 𝜋, 𝜋). Então, quer a série correspondente a f: 𝑓 𝑥 ~ 𝑎0 2 + 𝑎𝑛. 𝑐𝑜𝑠 𝑛𝜋𝑥 𝐿 + 𝑏𝑛. 𝑠𝑒𝑛 𝑛𝜋𝑥 𝐿 ∞ 𝑛=1 convirja, quer não, a seguinte igualdade é válida: 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 𝑥 −𝜋 = 𝑎 2 𝑥 + 𝜋 + 1 𝑛 𝑎𝑛. 𝑠𝑒𝑛𝑛𝑥 − 𝑏𝑛 𝑐𝑜𝑠𝑛𝑥 − 𝑐𝑜𝑠𝑛𝜋 ∞ 𝑛=1 quando −𝜋 ≤ x ≤ 𝜋. • Exercício 1: demonstre a igualdade anterior. Sugestão: use a função 𝐹 𝑥 = 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 𝑥 −𝜋 − − 𝑎0 2 𝑥 e escreva a série de Fourier para 𝐹(𝑥). • Exercício 2: calcule 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 . Sugestão: 𝐹 𝑥 = 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 𝑥 0 − 𝑎0 2 𝑥. Resposta: 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = 𝑎 2 𝑏 − 𝑎 + 1 𝑛 𝑎𝑛 𝑠𝑒𝑛𝑛𝑏 − 𝑠𝑒𝑛𝑛𝑎 − 𝑏𝑛 𝑐𝑜𝑠𝑛𝑏 − 𝑐𝑜𝑠𝑛𝑎 ∞ 𝑛=1
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